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LIÇÃO Nº 4 – ESTEJA ALERTA E VIGILANTE, JESUS VOLTARÁ

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O principal objetivo da revelação e do estudo da doutrina das últimas coisas aos servos do Senhor é a criação e manutenção de vigilância, para que a vinda de Jesus não nos surpreenda.

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INTRODUÇÃO

– Ao iniciarmos o estudo da doutrina das últimas coisas, no início deste trimestre, enfatizamos que Deus tem um propósito para revelar ao homem o futuro, que nada tem a ver com mero exercício de curiosidade.

– Deus tem o máximo interesse que nós saibamos o que irá ocorrer no final dos tempos para que sejamos vigilantes, ou seja, tenhamos todo o cuidado necessário para não permitir que o nosso adversário nos engane e que venhamos a perder a oportunidade de viver eternamente com o Senhor.

I – O QUE SIGNIFICA VIGIAR

– Um dos principais, senão o principal objetivo da revelação de Deus ao homem a respeito do futuro, das coisas que brevemente hão de acontecer, é o de criar condições para que o homem que Lhe serve seja vigilante e, assim, não venha a perder a oportunidade de viver eternamente com o seu Senhor.

– Esta não é uma especulação teológica, mas o retrato puro e simples do que se vê nas Escrituras.

Quando proferiu o Seu sermão escatológico, Jesus o concluiu com severas advertências a respeito da vigilância (Mc.13:32-37), demonstrando, assim, que Seu objetivo em revelar tudo o que havia revelado aos discípulos outro não era senão o de despertar neles o cuidado e a vigilância.

“E as coisas que vos digo digo-as a todos: vigiai.” (Mc.13:37), são as palavras de Jesus. Mas o que é vigiar?

– Se formos ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, perceberemos que a palavra “vigiar” tem diversos significados, mas todos eles devem ser enfrentados para que entendamos o que o Senhor Jesus tem a dizer a respeito do tema, pois as Escrituras devem ser conhecidas em cada detalhe.

Neste dicionário, há seis principais acepções de “vigiar”, a saber:

1-  observar com atenção; estar atento a

2-  observar secreta ou ocultamente; espreitar, espionar

3-  cuidar com atenção, olhar por; velar

4-  fazer fiscalização de; controlar, verificar

5-  permanecer atento, alerta ou desperto

6-  ficar de sentinela, de guarda, de atalaia

Vigiar significa, em primeiro lugar, observar com atenção, estar atento a. Quem vigia é quem observa com atenção, que está atento.

O Senhor revelou-nos o que irá acontecer para que os crentes sejam observadores de tudo o que está acontecendo à sua volta, a fim de que, com olhos espirituais, identifiquem e detectem nos acontecimentos do dia-a-dia a iminência, a proximidade da volta de Jesus.

É por isso que não podemos concordar com aqueles que defendem que os crentes devem viver separados dos demais homens, da comunidade, completamente alienados a respeito do que acontece à sua volta.

O crente deve ser uma pessoa bem informada, que tenha conhecimento do que se passa na sua vizinhança, no seu local de trabalho, na sua escola, no seu bairro, na sua cidade, no seu Estado, no seu país e no mundo.

O crente deve ser pessoa que tenha conhecimento de tudo que está acontecendo, porque, só assim, poderá cumprir a ordem de Jesus, que é a de vigiar, ou seja, estar atento às coisas que estão acontecendo.

Jesus, mesmo, jamais foi uma pessoa alienada, estava bem informado a respeito dos fatos e deles se aproveitava para pregar o Evangelho (cfr. Lc.13:1-5).

– A informação, por si só, entretanto, não é suficiente. Informar-se do que está ocorrendo no mundo é uma condição necessária, mas não suficiente.

Além de se informar de tudo o que se passa, o crente deve, também, ter discernimento espiritual, ou seja, saber interpretar, à luz da Palavra de Deus, sob a orientação do Espírito Santo, o significado de tudo quanto está a ocorrer. O salvo é um homem espiritual e, sendo assim, tudo discerne sem ser discernido por pessoa alguma (I Co.2:15).

– Tal discernimento somente advém de um relacionamento íntimo com o Senhor, de uma vida de santificação, de uma maior aproximação ao Senhor Jesus, de um maior distanciamento do pecado, o que, como vimos na lição anterior, é efeito da esperança infundida no salvo pelo Espírito Santo (I Jo.3:2,3).

– Vigiar significa, em segundo lugar, observar secreta ou ocultamente, espreitar, espionar. O crente deve ser alguém que tenha discernimento, que possa ver além da superficialidade, que investiga o lado espiritual dos acontecimentos.

O crente tem a mente de Cristo (I Co.2:9-16), ou seja, tem acesso à profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus (Rm.11:33) e, portanto, estando em comunhão com o Senhor, deve saber interpretar os acontecimentos sempre pelo ponto-de-vista espiritual.

O crente, também, tem de ter o discernimento para identificar as astutas ciladas do diabo. Para isto, devemos fazer como Esdras que, no caminho para Jerusalém, orou e jejuou para sentir a mão de Deus sobre si e sobre o povo que com ele estava e, somente assim, pôde chegar ao seu destino, apesar das astutas ciladas do inimigo ao longo do caminho (Ed.8:21-31).

– Tal discernimento exige o conhecimento das Escrituras e do poder de Deus, o que nos faz evitar erros (Mt.22:29) e, também, impede que sejamos enganados pelas mentiras da mídia que, como tudo no mundo, está no maligno (I Jo.5:19).

– Vigiar significa, em terceiro lugar, cuidar com atenção, olhar por, velar. O crente deve cuidar da sua vida espiritual, da sua comunhão com Deus, da sua salvação. A salvação é algo que tem de ser preservado, conservado, como nos ensina a Bíblia Sagrada, pois somente aquele que perseverar até o fim será salvo (Mt.24:13).

Por várias vezes, a Palavra de Deus nos aconselha a conservarmos uma vida de comunhão com Deus, uma vida de santidade e de obediência aos mandamentos do Senhor:

a) em Hb.3:6, é dito que somente aqueles que conservam firmes a confiança e a glória da esperança até o fim podem dizer que são a casa de Deus, que são templo do Espírito Santo, ou seja, que pertencem ao corpo de Cristo e, por isso, serão arrebatados;

b) em I Ts.5:23, é dito que o crente tem de manter conservado irrepreensível todo o seu ser (espírito, alma e corpo) para a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a mostrar, portanto, que a conservação de nosso ser debaixo da potente mão de Deus é indispensável para que sejamos arrebatados;

c) em Jd.1, os crentes são chamados de queridos em Deus Pai e conservados por Jesus Cristo, a indicar que somente aquele que se mantém em comunhão com o Senhor Jesus, que se submete a Seu senhorio, como vara ligada na videira, será arrebatado no dia da vinda do Senhor e, por isso, o mesmo Judas aconselha o povo de Deus a se conservar no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna (Jd.21).

Precisamos estar atentos às coisas espirituais, não podemos nos distrair com as coisas desta vida, pois foi isto que fizeram os seres humanos nos dias de Noé e farão aqueles que não serão arrebatados, como nos diz o Senhor Jesus em Mt.24:37-39.

– O Senhor Jesus é bem claro ao mostrar que, nos dias de Noé, as pessoas estavam tão envolvidas com as coisas desta vida (“comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento”), que não deram qualquer atenção à pregação de Noé, pregação que durou pelo menos cem anos (Cf. II Pe.2:5) e que havia sido precedida pela profecia de Enoque (Jd.14).

Totalmente envolvidas com as coisas desta vida e com o pecado, pois até suas imaginações eram más continuamente (Gn.6:5), simplesmente não perceberam o início do dilúvio e acabaram sendo tragados pelo juízo divino. Que isto não aconteça conosco, amados irmãos!

– Vigiar, em quarto lugar, significa fazer fiscalização de, controlar, verificar. O crente vigilante é aquele que vive conferindo a santidade, não a santidade dos outros, pois o crente não deve julgar o semelhante, pois esta é uma tarefa exclusiva do Senhor, o único juiz (Tg.4:11,12).

O crente deve conferir a sua própria condição espiritual, deve examinar-se constantemente e observar se está sendo fiel ao Senhor, ou não. O autoexame é uma necessidade para o cristão, bem como um anúncio da vinda de Jesus, como vemos, claramente, do ensino de Paulo sobre a ceia do Senhor (I Co.11:26,28).

O crente vigilante esforça-se para, a cada momento, se autoexaminar e se manter com as vestes limpas para que possa adentrar ao banquete nupcial das bodas do Cordeiro (cfr. Mt.22:11-14).

A vigilância é, pois, um controle de qualidade da nossa santidade, uma verificação ininterrupta de nossa comunhão com o Senhor.

Evidentemente que o crente vigilante não se considera alguém perfeito e imune ao pecado, mas alguém que precisa diuturnamente da ajuda do Espírito Santo para se manter santo e, para tanto, recorre aos meios de santificação deixados pelo Senhor para que possamos nos manter separados do pecado:

a Palavra de Deus (Jo.17:17);

a oração (I Tm.4:4,5), reforçada com o jejum (Mt.9:14,15);

o temor do Senhor (II Co.7:1) e a

participação digna na ceia do Senhor (I Co.11:23-34).

– Exemplo da necessidade desta vigilância vemos na passagem da volta do povo judeu para Jerusalém nos dias de Esdras.

O escriba hábil na lei do Senhor mandou que os maiorais dos sacerdotes, por serem consagrados do Senhor, deveriam vigiar e guardar todos os tesouros que haviam oferecido ao Senhor o rei da Pérsia e seus conselheiros, bem como seus príncipes, como os próprios israelitas (Ed.8:24-29).

– Assim como aqueles homens escolhidos por Esdras, nós, também, somos sacerdotes do Senhor (Ap.1:6), temos de ter consciência de que fomos consagrados ao Senhor e, por isso, temos de guardar, com muito cuidado, os tesouros que o Senhor nos tem dado, as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef.1:3), bênçãos que devemos oferecer a Ele, pondo-os em exercício para o bem do povo de Deus e de toda a humanidade.

Devemos lembrar que, embora sejamos vasos de barro, recebemos um tesouro excelente, que deve ser devidamente guardado (II Co.4:7).

– Vigiar, em quinto lugar, significa permanecer atento, alerta ou desperto. A vigilância não é, portanto, uma atitude episódica, um momento de reflexão ou de atenção transitório, periódico, como na semana da ceia do Senhor ou quando vamos ao culto ou a alguma reunião religiosa, mas uma atitude de vida, um modo de viver, um comportamento contínuo que deve ser uma constante até a vinda do Senhor.

Temos uma figura elucidativa deste tipo de comportamento entre aqueles que foram selecionados por Deus para estarem ao lado de Gideão.

Os trezentos homens escolhidos para compor este exército vitorioso eram homens que, ao tomarem água, se comportavam como cães, pois permaneciam atentos, olhando tudo a sua volta, por isso foram achados dignos de pertencer ao exército que venceu os inimigos do povo de Deus.

É este tipo de gente que o Senhor tem, também, escolhido para tomar parte em Seu exército: pessoas que permanecem atentas em todos os momentos.

– A vigilância é o oposto do sono e, portanto, não podemos estar espiritualmente num estado de sono ou de torpor. As Escrituras são claras ao indicar que há a possibilidade de o salvo estar espiritualmente dormindo, como vemos em passagens como Rm.13:11, I Co.11:30 e Ef.5:14.

– Em Rm.13:11, o apóstolo Paulo, após ter mencionado como deve se conduzir o salvo em Cristo Jesus, afirma que o crente deve conhecer o tempo em que está a viver e observar que a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé e, por isso, deve despertar do sono, rejeitando as obras das trevas e se vestindo das armas da luz.

– Para escaparmos do sono espiritual, torna-se necessário que tenhamos uma vida de santificação, que a cada instante nos distanciemos do pecado e nos aproximemos de Deus, pois os sinais da vinda de Cristo mostram claramente que estamos na iminência do arrebatamento da Igreja. Precisamos conhecer os sinais dos tempos (Mt.16:3).

– Em I Co.11:30, o apóstolo Paulo fala de crentes fracos, doentes e que dormem, ou seja, pessoas que estão negligenciando a sua fé e pondo em risco a sua salvação. E qual o motivo disto? Diz o apóstolo que isto se devia a uma participação indigna na ceia do Senhor, ou seja, um comportamento negligente quanto à santificação, quanto à comunhão com o Senhor.

Quem não vigia, quem não permanece atento ao seu relacionamento com o Senhor, permite que se tenha o surgimento de um sono espiritual, de um estado de torpor que o faz perder, dia após dia, a comunhão com o Senhor.

– Lembramos aqui, aliás, de uma terrível doença existente na África, a chamada “doença do sono”, que é provocada por um parasita de apenas uma célula, o Trypanosoma brucei (espécie próxima do Trypanosomo cruzi, que causa a doença de Chagas) que, uma vez introduzido no sangue da vítima, começa a trazer inúmeros problemas de saúde, que, se não tratados a tempo, levarão o doente à morte.

Tudo começa com uma simples picada de uma mosca que é vetor da transmissão e começa a trazer complicações, notadamente no sangue do doente, que acabam por levar ao enfraquecimento, motivado pela anemia, à indolência, à falta de ânimo, daí o nome de “doença do sono”.

– De igual modo, se dermos lugar ao diabo em nossas vidas, se permitirmos que o pecado se introduza em nossa maneira de viver, acabaremos fracos, doentes e acabaremos por sucumbir espiritualmente. Por isso, a Bíblia é claríssima ao dizer que não devemos dar lugar ao maligno (Ef.4:27), bem como que está o diabo pronto a tragar todos os que se descuidarem (I Pe.5:8).

– Não podemos nos descuidar. Mesmo um instante de sono espiritual, uma “pescadinha”, como diz o vulgo, é suficiente para trazer grande prejuízo para o crente, como salienta o Senhor Jesus na parábola do joio e do trigo, quando mostrou que o joio pôde ser introduzido no campo precisamente porque os homens dormiram e isto foi o suficiente para que o inimigo semeasse o joio no campo (Mt.13:25).

– Em Ef.5:14, o apóstolo Paulo também está a falar sobre a conduta que deve ter o salvo em Cristo Jesus na sua vida sobre a face da Terra e, mais uma vez, diz que o salvo não pode dormir, ou seja, não pode viver imprudentemente, desperdiçando o tempo com as coisas desta vida e deixando de observar a vontade do Senhor.

– A vigilância é um modo de vida, uma maneira de viver e, isto, uma vez mais, tem a ver com a santidade, pois, como diz o apóstolo Pedro, esta maneira de viver foi o resultado do resgate que tivemos por obra do sangue de Cristo Jesus, um novo “modus vivendi” que é diferente daquele que recebemos de nossos pais (I Pe.1:18,19), que é herança da natureza pecaminosa em que fomos gerados (Sl.51:5).

– Vigiar, em sexto lugar, significa ficar de sentinela, ficar de guarda, ficar de atalaia. O crente vigilante é um crente que não só se precavém do mal e das astutas ciladas do diabo, como também anuncia a todos quantos estão à sua volta do perigo que estão a correr, que dá notícia da realidade, da verdadeira situação em que o mundo se encontra.

Um cristão sincero e verdadeiro jamais se cala diante do momento delicado e importante que estamos vivendo, pois é consciente de que o servo de Deus, que é feito conhecedor do cumprimento das profecias bíblicas e da proximidade da vinda do Senhor bem assim de que estamos no final da dispensação da graça, não será tomado por inocente se se calar (cfr. Ez.33:1-11).

Por isso, o Senhor tem levantado, no meio da Sua Igreja, desde o século XIX, homens e mulheres que, com intrepidez e eloquência, têm sacudido o mundo com a mensagem que ficou um tanto quanto abafada ao longo da história da Igreja: Jesus breve virá!

– Assim como Enoque e Noé, nos dias imediatamente anteriores ao dilúvio, devemos também, por andarmos com Deus, sermos justos e retos e acharmos graça aos olhos do Senhor, não podemos nos calar e devemos anunciar, com palavras e obras, que o Senhor Jesus está voltando, que os sinais por Ele anunciados estão se cumprindo e que é tempo de se arrepender dos pecados e passar a servir ao Senhor, para se livrar da ira futura.

– No entanto, é com tristeza que temos visto desaparecer dos nossos púlpitos a mensagem da volta de Cristo, apesar de ter sido este um dos pontos da mensagem que era constante e incansavelmente pregada pelos missionários pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil: “Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e brevemente voltará”.

– Vigiar, em sétimo lugar, segundo o mesmo Dicionário Houaiss, do latim vigìlo,as,ávi,átum,áre ‘velar, vigiar, estar alerta, não dormir’. O crente vigilante, portanto, é aquele que não dorme. Dormir, como vemos na parábola das dez virgens, tem o significado de ter distraída a atenção para as coisas desta vida, descuidar da presença de Deus nas nossas vidas.

As virgens loucas não tinham azeite em suas lâmpadas, ou seja, tiveram desviada a sua atenção para as coisas desta vida e se descuidaram de ter o Espírito Santo em seu interior, o que acontece quando nós O entristecemos (Ef.4:30). Não dormir é, portanto, não deixar faltar o azeite, o que acontece quando fazemos a vontade do Senhor, quando seguimos a Sua direção, quando nos inclinamos para as coisas do espírito (Rm.8:5-9).

– Lembramo-nos aqui da salutar recomendação do pregador: “Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec.9:8). É absolutamente necessário que sempre estejamos a viver em santidade, mantendo nossas vestes espirituais brancas, bem como que estejamos debaixo da mão do Senhor, de modo a que o azeite, que é o Espírito Santo, possa nos envolver totalmente.

– Somente os que mantêm as vestes brancas podem andar com o Senhor, têm esta dignidade (Ap.3:4) e somente o farão se forem vigilantes. Foi o que disse Cristo Jesus ao anjo da igreja em Pérgamo (Ap.3:3).

– Somente quem tem o óleo sobre a cabeça é integralmente envolvido pelo Espírito Santo, de sorte que o óleo desce da cabeça até a orla do vestido e, deste modo, pode ter comunhão com os irmãos e receber a bênção e a vida para sempre (Sl.133).

– A distração espiritual nada mais é, portanto, que o envolvimento com as coisas desta vida, o que a Bíblia denomina de “embriaguez”. A pessoa embriagada perde a noção do que está à sua volta, envolvido que está pelos efeitos da substância que a deixou naquela situação.

– Por isso, a vigilância é associada, nas Escrituras, à sobriedade, ou seja, ao estado contrário à embriaguez (I Pe.4:7; 5:8), que o apóstolo Paulo diz ser o estado em que nos enchemos do Espírito (Ef.5:18).

Se buscarmos o conhecimento das Escrituras e do poder de Deus (Cf. Mt.22:29; Mc.12:24), teremos a plenitude do Espírito Santo em nossas vidas e não nos deixaremos envolver pelas coisas deste mundo, não permitindo que a “embriaguez espiritual” tome conta de nós e nos faça perder a vigilância.

– Não foi, aliás, por outro motivo que o apóstolo Paulo advertiu os crentes de Corinto para que vigiassem justamente e não pecassem, porque alguns não tinham ainda conhecimento de Deus (I Co.15:34), ou seja, estavam a negligenciar a intimidade com o Senhor, o que se faz através de um acurado estudo e meditação nas Escrituras e de uma vida de oração em que se busca receber as bênçãos espirituais, tais como o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais. Esta é a justa vigilância, que, lamentavelmente, tem faltado na vida de muitos que cristãos se dizem ser.

– Esta busca do conhecimento de Deus é incessante, não tem limite, já que seu limite seria alcançar a estatura completa de Cristo (Ef.4:13), alcance que não é só individual mas de todos os crentes.

Por isso, o mesmo apóstolo Paulo diz que devemos, nesta vigilância, esta\r sempre firmes na fé, portarmo-nos varonilmente e sempre nos fortalecendo, numa atitude que somente findará quando da glorificação, quando do arrebatamento da Igreja (I Co.16:13).

– Visto o que é vigiar, é importante observarmos que a vigilância tem dois aspectos adicionais importantíssimos que não podemos negligenciar.

– O primeiro deles é que a vigilância, embora seja uma atitude exigível de cada servo de Deus, depende da ajuda do Senhor e, por isso mesmo, é resultado da esperança, como vimos na lição anterior, é a confiança no auxílio divino.

– Para vigiar, o crente necessita da ajuda do Senhor, da cooperação divina, pois, “se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl.127:1).

Para vigiar, precisamos nos voltar ao Senhor e clamar pela Sua ajuda, pela Sua orientação. Eis porque os meios de santificação são absolutamente indispensáveis para que possamos ter uma vida de vigilância. A vigilância é tarefa nossa, mas devemos sempre lembrar que somos, em tudo, dependentes do Senhor.

– O segundo deles é que a vigilância está associada a uma vida de oração, inclusive a oração intercessória, como vemos em Ef.6:18.

A vigilância deve sempre ser acompanhada da oração, oração que seja perseverante e que, inclusive, envolva a intercessão em favor dos santos. A vigilância não é individualista, mas também deve ser uma atitude que leve em conta o próximo, ainda que seja por intermédio da intercessão.

– O Senhor Jesus, quando do episódio do Getsêmane, deixa-nos isto bem claro, ao afirmar que, por não terem se mantido em oração, Seus discípulos mais próximos, em especial Pedro, haviam negligenciado na vigilância (Mt.26:40; Mc.14:37; Lc.22:46).

A oração é indispensável para que mantenhamos uma vida de vigilância. Como diz o refrão de conhecido hino de autoria de Fanny Jane Crosby (1820-1915): “Vigiar é ordem santa, vigiar em oração. Breve Cristo voltará, para os céus nos levará”.

– Pedro, que foi pessoalmente repreendido pelo Senhor Jesus quanto a esta falta de vigilância no Getsêmane, demonstra ter aprendido esta lição, pois, em sua primeira epístola, recomenda a todos os crentes que vigiassem em oração (I Pe.4:7).

II – O QUE SIGNIFICA NÃO VIGIAR

– Apesar da exortação do próprio Senhor ser no sentido de o crente ter de vigiar durante todo o tempo, tem sido uma constante, na história da Igreja, movimentos que têm posto em segundo plano, quando não em último plano, a promessa da vinda de Jesus.

Seja por meio da retirada total do tema do discurso eclesiástico, seja através de decepções com as falsas profecias de designação de datas para o tão aguardado retorno, muitos crentes têm negligenciado e deixado de esperar Jesus.

Uma vida cristã sem esta esperança é uma vida sem alento, sem perspectiva da eternidade, uma vida que passa a ser perigosamente envolvida com as coisas deste mundo e que tem grande probabilidade de ser sufocada por estas mesmas coisas, como ocorreu com a semente que brotou entre os espinhos (Mt.13:22).

– Esta atitude de pouco caso, de negligência, de pouca atenção à volta do Senhor, entretanto, é exatamente o estado de espírito que caracterizará o mundo no tempo do arrebatamento, pois assim foi predito nas Escrituras.

Jesus disse que as pessoas estariam despercebidas assim como a geração do dilúvio e a geração de Sodoma e Gomorra estavam completamente indiferentes ao tempo da iminente destruição de que foram vítimas (Mt.24:37-39; Lc.17:28-30).

– A atitude que Jesus espera de cada crente com relação à Sua vinda não é outra senão a vigilância. “E as coisas que vos digo digo-as a todos: Vigiai” (Mc.13:37).

Estar vigilante é estar atento, é estar prestando atenção a todos os acontecimentos, a tudo que ocorrem à sua volta, buscando ver nisto os sinais da proximidade da vinda de Jesus.

Muitos crentes têm entendido a mensagem da vigilância de um ponto-de-vista meramente intelectual, ou seja, procurar discernir nos fatos históricos, nas notícias do dia-a-dia, demonstrações da iminência do retorno de Cristo. Não censuramos este comportamento.

Devemos ler um jornal, uma revista, ouvir ou assistir a um noticiário com discernimento espiritual, observando em que cada fato é o cumprimento de uma das profecias bíblicas a respeito da volta do Senhor.

Entretanto, não devemos apenas nos ater a isto, que nos poderá levar a um intelectualismo estéril e até aos mesmos erros de previsão supramencionados, mas devemos ter uma atitude de fé e de esperança no nosso caminhar com Cristo.

Quando temos a convicção de que Cristo pode voltar a qualquer momento, que os sinais de Sua vinda estão se cumprindo a todo instante, passamos a ser muito mais cuidadosos com nossa vida espiritual, temos um ânimo renovado para vivermos em santificação e para estarmos preparados para ouvir a última trombeta.

Como as virgens prudentes da parábola, podemos voltar nosso alvo a cultivarmos a presença do Espírito Santo em nossas vidas e, com azeite suficiente, podermos até tosquenejar, mas jamais deixar de perder de vista a promessa do retorno do Senhor.

– Quando Jesus nos fala de negligência, de pessoas que ficarão indiferentes à iminência da volta de Cristo, não está, como parece, se referindo aos incrédulos, aos ímpios, àqueles que não O conhecem como Senhor e Salvador, àqueles que não crêem em Seu nome.

Quando verificamos a parábola das dez virgens, percebemos que as dez estavam num mesmo ambiente físico, tendo todas elas tomado a deliberação de ir ao encontro do esposo (Mt.25:1). Trata-se, portanto, de uma figura de crentes, ou seja, pessoas que, uma vez na vida, creram na Palavra de Deus e passaram a seguir a Cristo.

Entretanto, ao longo da caminhada, algumas destas pessoas passaram a se descuidar, deixaram de crer, com suas ações, com seu modo de viver, na iminência da volta do esposo. Quando achamos que Jesus não vem logo, que demorará, tomamos o caminho da infidelidade (cfr. Mt.24:48-51).

– As virgens chamadas néscias ou loucas demonstram toda a sua insensatez porque negligenciaram, porque não mais se abasteceram de azeite, ou seja, passaram a desanimar, a não mais pôr como prioridade de suas vidas a comunhão com Deus, o reino de Deus e a sua justiça.

Deixaram-se levar pelas coisas desta vida, pelas riquezas, pela prosperidade material, pela posição social (e aqui está incluída a luta por uma posição na igreja local, que é também um grupo social), pela fama e o azeite passou a ser insuficiente para que continuasse a brilhar como luz do mundo.

Na correria pela busca das coisas perecíveis, das coisas passageiras, cansaram-se e passaram a necessitar de um repouso.

– São estas as pessoas que não mais se preocupam em refletir a glória de Deus (Mt.5:16; II Co.3:18), mas que se contentam em brilhar em lugar de Cristo. São estas as pessoas que se deixaram entorpecer pelo mundo e por toda a sua glória e que adormecem de forma perigosa para a sua eternidade (I Co.11:30).

Estes, quando perceberem, terão perdido a oportunidade de se salvarem, porque não haverá tempo para arrependimento, pois a vinda do Senhor será rapidíssima, como um abrir e fechar de olhos (I Co.15:52), algo que a ciência diz que dura sétimos décimos de segundo, ou seja, menos de um segundo.

Estes são os negligentes, que se avolumam aos milhares, aos milhões nos nossos dias dentro dos templos evangélicos. São os crentes figurados em Laodiceia, que perderam a visão espiritual, que se deixaram levar pelas atrações deste mundo e que serão vomitados pelo Senhor naquele dia que tanto menosprezaram.

– Neste ponto, aliás, devemos observar algumas ciladas que o adversário tem posto diante dos crentes para fazê-los negligenciar no aguardo da vinda de Jesus, ciladas estas surgidas por causa do próprio estudo da doutrina das últimas coisas, a saber:

a) uma sensação de que haverá uma segunda oportunidade – Muitos têm se deixado iludir com a mensagem da “segunda oportunidade”.

Ao descobrirem que haverá salvação na Grande Tribulação, passam a imaginar que, se estiverem descuidados no dia da vinda de Jesus, ao perceberem que Jesus arrebatou a Igreja, logo saberão que, dentro de sete anos, Jesus voltará triunfante nas nuvens e, assim, se reconciliarão com o Senhor no exato momento da conscientização, não deixarão que o sinal da besta lhes seja posto e, assim, alcançarão a salvação.

– Ledo engano satânico este! Esta percepção da vinda de Jesus e o arrependimento decorrente desta constatação não são obras que possam ser realizadas única e exclusivamente pelo homem, mas, sim, é resultado da ação do Espírito Santo na vida do homem e, neste momento da história, terá findado a dispensação da graça e o Espírito Santo não mais agirá como age atualmente.

Não haverá espaço para esta lembrança e arrependimento. Desta forma, não é tão automática assim esta suposta reconciliação.

– Como já dizia o profeta Jeremias: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com cavalos? Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, que farás na enchente do Jordão? (Jr.12:5).

Se alguém, com a ação plena da graça de Deus, não conseguiu ser fiel, será que o será quando as coisas ficarem bem mais difíceis? Parece irrazoável.

– Ademais, o ambiente espiritual estará extremamente mais hostil que o atual e não cremos que alguém que não conseguiu ser firme com o Senhor num ambiente de graça, possa tão facilmente aceitar servir a Deus quando tudo lhe for contrário.

Cuidado, não entre nesta armadilha de Satanás! Deixe de pecar e volte para Jesus agora, enquanto é dia, pois a noite vem, quando ninguém mais poderá trabalhar.

b) uma sensação de que se podem controlar os eventos escatológicos – Outros, diante dos sinais apresentados pelas Escrituras para a volta de Jesus, entendem que, como ainda falta a pregação do Evangelho a todas as gentes, ainda há espaço para um período de prazeres e de pecados.

É só se manter informado a respeito da evolução da evangelização, dos fatos relativos a Israel e às nações, para que não seja surpreendido com o arrebatamento da Igreja.

– Não foi à toa que muitos, logo após os atentados terroristas nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, retornaram rapidamente a suas antigas igrejas locais e resolveram se reconciliar com o Senhor naquele país. No entanto, temos aqui um outro engano da parte do adversário.

Não há como sabermos quando os sinais do arrebatamento se cumprirão. Todos serão apanhados de surpresa, como nos ensina o próprio Jesus, e, quem estiver preparado, subirá. A única forma para termos a garantia do arrebatamento, é seguir os passos bíblicos para tanto, ou seja, a vigilância e a conservação da comunhão com o Senhor.

Quem age desta maneira comete o mesmo erro daqueles que designaram datas para o retorno do Senhor.

c) um aprendizado distorcido da escatologia – Muitos, também, ao se enveredar no estudo da doutrina das últimas coisas, acabam querendo saber mais do que foi revelado, são envolvidos pela curiosidade e iniciam uma série de especulações que lhes leva a uma distorção da doutrina bíblica.

Não raramente confundem os ensinamentos bíblicos com uma profusão de teorias, doutrinas e ensinos esotéricos e ocultistas, cuja origem é o próprio adversário, criando uma série de pensamentos e concepções que se infiltram no meio da igreja e cujo único propósito é fazer o povo desacreditar na mensagem da vinda do Senhor.

– Por ocasião da passagem do ano 2000, não foram poucos os crentes, em todo o mundo, que viam nisto um prenúncio da volta do Senhor, chegando mesmo a ensinar que, nas Escrituras, estava escrito que “ao mil chegarás, mas ao dois mil não passarás”, como se isto existisse na Bíblia, quando sabemos que se tratava de mais uma das “profecias” de Nostradamus (1503-1566), um astrólogo e ocultista francês que viveu no século XVI e cujos escritos, obtidos mediante exercícios de magia negra e de adivinhação, enveredaram pelo caminho de predições a respeito do fim do mundo e que, inadvertidamente, têm sido misturados com passagens bíblicas.

– Assim, muitos passam a se guiar por estas falsas profecias e, diante da não ocorrência dos fatos ali preditos, começam a entender que Jesus demorará a vir ou que nem mesmo virá.

Igual resultado temos visto na disseminação da corrente midi-tribulacionista no estudo da escatologia, que, diante da afirmação de que a Igreja passará metade da Grande Tribulação, tem servido de impulso e incentivo a muitos para negligenciarem na fé, já que, antes que Jesus venha, surgirá o Anticristo e, enquanto não surgir o homem do pecado, não há iminência da volta do Senhor.

Sabemos que este não é o objetivo de muitos que defendem esta corrente de pensamento, mas, infelizmente, tem sido este um efeito de tal ensino. Cuidado, porém, pois não é isto que ensinam as Escrituras!

– Estamos realmente esperando Jesus? Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se tudo fazemos e planejamos em nossas vidas sem levar em conta o iminente retorno do Senhor?

Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não procuramos manter uma vida devocional diária, com oração e meditação na Palavra de Deus ? Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não sentimos a urgência de evangelizar as pessoas e trazê-las para o caminho da salvação?

Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não pregamos sobre a Sua volta e, ao em vez disto, preferimos discutir pontos difíceis das Escrituras ou falar sobre prosperidade material?

Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não buscamos ter uma vida espiritual plena, revestidos de poder, através do batismo com o Espírito Santo, e sendo usado por Deus com os dons espirituais?

Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não nos preocupamos em demonstrar o amor de Deus por intermédio de ações concretas, pois o amor divino não é um amor de palavra, mas de gestos efetivos ? Será, mesmo, que estamos esperando Jesus devidamente preparados, como as virgens prudentes?

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Site: portalebd.org.br

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