Sem categoria

LIÇÃO Nº 4 – JESUS É SUPERIOR A JOSUÉ – O MEIO DE ENTRAR NO REPOUSO DE DEUS

Jesus é maior que Josué, pois confere o real e verdadeiro descanso ao ser humano.

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo da Carta aos Hebreus, analisaremos hoje o capítulo 4.

– Jesus é maior que Josué, pois confere o real e verdadeiro descanso ao ser humano.


Para acessar os slides referente a esta aula click aqui


 

I – A INDIGNAÇÃO DIVINA QUE IMPEDIU A GERAÇÃO DO ÊXODO DE ENTRAR NO REPOUSO

– Na sequência do estudo da Carta aos Hebreus, analisaremos o capítulo 4, que é uma continuidade do raciocínio do escritor a respeito da superioridade de Cristo em relação a Moisés.

– Após ter mostrado que Moisés era um servo fiel em toda a casa mas que Cristo foi o edificador da própria casa, tendo, ademais, proporcionado que nós mesmos nos tornássemos casa de Deus, por conta da Sua obra salvífica, o que Moisés não pôde realizar,

o escritor aos hebreus fala da necessidade que temos de conservar a confiança e a glória da esperança até o fim para que não tenhamos o mesmo triste fim da geração do êxodo que, apesar de ter sido liberta do Egito, não entrou na Terra Prometida.

– O escritor aos hebreus é claríssimo ao dizer que aquela geração fracassou e não alcançou o objetivo divino, que era a sua entrada na Terra Prometida, a “terra que mana leite e mel” (Ex.3:8,17), porque foi desobediente, tendo endurecido os seus corações e, como retribuição por este comportamento, acabaram caindo na ira divina, ira esta que fez com que o Senhor jurasse que não entraria no Seu repouso (Hb.3:10,11).

– Estas palavras do escritor aos hebreus trazem-nos preciosas lições não só a respeito do relacionamento entre Deus e o homem mas também de como operam a graça, o amor, a misericórdia e a justiça divinos.

– Por primeiro, observamos que o Senhor toma a iniciativa de abençoar o homem, de dar-lhe condições para que atinja os propósitos divinos a ele estabelecidos, propósitos que sempre são para bem (Jr.29:11).

– Por isso, desde o momento em que ouviu o clamor dos israelitas que sofriam sob a opressão do Egito (Ex.3:7,8), o Senhor começou a agir para livrar Israel e levá-lo para a terra de Canaã, cumprindo, assim, a promessa que fizera a Abraão e dando bem mais do que o povo estava a pedir, que era tão somente a libertação da escravidão.

– A partir do momento que Moisés chega ao Egito e faz sinais para o povo, Deus começa a realizar as Suas obras, mostrando o Seu poder e o Seu cuidado para com Israel.

Assim, ao mandar as dez pragas sobre os egípcios, revelou ser o único Deus e, mais do que isto, que Israel, como povo Seu, não sofria qualquer dos juízos lançados.

– Já liberto, Israel continua a gozar da boa vontade divina, que continuou a cuidar do Seu povo, pois, diariamente, dava alimentação, por meio do maná e água, através da rocha, bem como protegia os israelitas do sol causticante do deserto com a nuvem que, à noite, se transformava em coluna de fogo, para proteger Israel do intenso frio.

– Como se isto fosse pouco, o Senhor, através da nuvem e da coluna de fogo, dava a orientação do caminho a ser trilhado pelo povo, tendo, no monte Sinai, feito um pacto com o povo, tornando-o Sua propriedade peculiar dentre todos os povos e lhe entregando a lei.

– No entanto, ao mesmo tempo em que Deus mostrava toda a Sua boa vontade para com Israel, os israelitas reagiam com incredulidade e desobediência. No caminho entre o Egito e o monte Sinai, o Senhor fez sete provas de fé para o povo e, em todas elas, os israelitas foram reprovados.

– Assim que Israel partiu do Egito, onde fora tirado com mão forte, o povo começou a ser provado pelo Senhor e, nas duas primeiras oportunidades, não obteve aprovação.

Com efeito, quando houve a aproximação do exército dos egípcios, os israelitas, em vez de clamarem a Deus, começaram a murmurar e a dizer que preferiam a morte à vida, a escravidão à liberdade (Ex.14:10-12).

– Em seguida, após terem atravessado o mar, a primeira reação dos israelitas foi a de ir até a praia, para se certificarem que os egípcios haviam sido mesmo destruídos, como dissera Moisés, demonstrando aqui, uma vez mais, sua incredulidade, pois tiveram de ver “com os próprios olhos que a terra havia de comer” os corpos dos egípcios (Ex.14:30).

Só, então, creram em Deus e em Moisés (Ex.14:31). Por isso, o salmista afirma que os israelitas foram rebeldes no Mar Vermelho (Sl.106:7).

– Mas não foi apenas na passagem do mar Vermelho que houve esta rebeldia por parte do povo, mas, como afirma o próprio Senhor, até a eloquente demonstração de incredulidade no episódio dos espias, por dez vezes os israelitas demonstraram estar tentando a Deus (Nm.14:22).

– O Sábio Talmúdico Rabi Judá enumera as dez vezes em que o povo de Israel não obedeceu à voz do Senhor, tentou-O, como está escrito em Nm.14:22, sendo duas delas as que acabamos de enunciar. Diz ele:

“…Com dez tentações nossos antepassados tentaram o Santíssimo, bendito seja Ele:

duas no mar,

duas por causa de água,

duas por causa do maná,

duas por causa das codornizes,

uma em conexão com o bezerro de ouro e uma no deserto de Parã.

‘Duas no mar’:

uma na descida e outra na subida.

‘Na descida’, como está escrito: ‘Não havia sepulcros no Egito (para nos tirares de lá, para que morramos neste deserto? [Ex.14:11].

‘Na subida’, o que está de acordo com o que ensinou Rabi Huna, pois ele disse: os israelitas desta geração estão entre aqueles que têm pouca fé; como Rabbah ben Mari se expressou, dizendo: Está escrito: mas eles foram rebeldes no mar, mesmo no Mar Vermelho, ainda que Ele os tenha salvado por amor do Seu nome[Sl.106:7].

Ele ensina que Israel foi rebelde naquela hora em que disse: já que passamos para este outro lado do mar, então os egípcios devem também tê-lo feito.

O Santíssimo, bendito seja Ele, disse, então, ao príncipe do mar: lance os egípcios para fora do mar, em terra seca! Ele respondeu:

Soberano do Universo, há algum escravo que tenha recebido um presente do seu senhor e depois o devolva a ele? O Senhor disse a ele:

Eu lhe darei um [mais tarde] uma vez e meia mais do que eles. O príncipe disse ao Senhor: há algum escravo que possa clamar contra o seu senhor? O Senhor disse:

O riacho de Quisom será a garantia. Imediatamente, ele lançou os egípcios na terra seca, pois está escrito: e Israel viu os egípcios mortos na praia [Ex.14:30]…” (Tratado Aruchin 15a. Disponível em: http://halakhah.com/pdf/kodoshim/Arachin.pdf Acesso em 10 dez. 2013) (tradução nossa de texto em inglês).

– Como reação à bondade, amor, misericórdia e graça de Deus, os israelitas responderam com incredulidade e desobediência e a reação divina não poderia ser outra senão a Sua indignação, pois Deus é justiça e não pode tolerar tamanha ingratidão e falta de fé e confiança no Senhor.

– Deus é bom (Mt.19:17; Mc.10:18; Lc.18:19) e tudo quanto faz é bom (Gn.1:31). No entanto, Deus também é justiça (Gn.18:25; Jr.23:6) e, portanto, não pode deixar impune a prática do pecado, máxime quando ela é decorrente da demonstração eloquente do poder e da boa vontade divinos.

Assim, a ira de Deus é uma reação à impenitência do homem, é uma justa reação à desobediência, soberba e incredulidade humanas.

– Por isso, quando da décima falta cometida pelo povo, o Senhor ter reagido com a indignação e o juramento de que eles não entrariam no repouso, ou seja, não entrariam na Terra Prometida, que era o objetivo pelo qual o próprio Deus havia tirado aquela geração do Egito.

– O escritor aos hebreus lembra os destinatários da sua carta que, após ter contemplado, por quarenta anos, as obras divinas, aquela geração não entrou no repouso prometido porque tinha tentado, provado a Deus, errando em seu coração e não conhecendo os caminhos do Senhor.

– Por isso mesmo, não poderiam os crentes que pensavam em retornar às práticas judaicas cometer o mesmo erro, passando a ter um coração mau e infiel, apartando-se, assim, do Deus vivo (Hb.3:12).

– Assim como fizera com a geração do êxodo, Deus estava a mostrar àqueles crentes judeus que era um Deus vivo, pois, em seguida à pregação do Evangelho, havia mostrado, com sinais e maravilhas, o Seu poder, que confirmava a Sua Palavra (Mc.16:20).

– Não só no ministério público de Nosso Senhor, mas na continuidade da vida dos apóstolos, sinais e maravilhas demonstravam a veracidade do Evangelho e a necessidade de crermos nele (At.2:22,43; 4:30; 5:12; 6:8; 8:6,13; 14:3; 15:12; Rm.15:19; Hb.2:4).

– Como, então, poderiam tais crentes achar que conseguiriam chegar ao repouso pretendido pelo Senhor, que não era a terra de Canaã, onde, aliás, eles já habitavam, mas às mansões celestiais, para onde Cristo havia prometido levá-los (Jo.14:1-3), se, a exemplo dos seus ancestrais, deixassem de crer em Jesus e passassem a errar em seus corações e a não conhecer os caminhos do Senhor?

– Esta mesma advertência é feita a cada um de nós, que estamos, a exemplo daqueles crentes judeus, sofrendo duras provas e perseguições neste “princípio das dores”, nestes instantes imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, mas que não podemos desfalecer nem errar em nossos corações nem tampouco deixar de conhecer os caminhos do Senhor.

– Apesar de todas as aflições, que são próprias a quem está neste mundo (Jo.16:33), temos de confiar no Senhor e saber que Ele não muda (Ml.3:6) e, da mesma forma que cuidou de Israel no deserto, também cuidará de nós.

Com efeito, jamais sofreremos tentação que esteja além das nossas forças de resistência (I Co.10:13) e o que se espera de nós é que sejamos resilientes, ou seja, ter a a capacidade de lidar com seus próprios problemas, vencer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação, mantendo-se fiel ao Senhor, não perdendo o foco de marchar em direção ao céu.

– Para tanto, devemos, como diz o apóstolo Paulo (I Co.10:5,6), observar onde erraram os israelitas que tombaram no deserto, evitando, assim, ter o mesmo triste fim que tiveram eles por causa da sua incredulidade, sabendo que melhor é o fim do que o começo das coisas (Ec.7:8).

– O primeiro erro dos israelitas que fracassaram foi a idolatria (I Co.10:7). Muitos, diante da demora de Moisés no monte, resolveram escolher um outro deus e, em nome dele, comer, beber e folgar.

– Nos dias de hoje, não tem sido diferente. Muitos, diante da “demora divina”, da impaciência e da confusão entre o “tempo de Deus” e o “tempo do homem”, resolvem escolher outros deuses, dos quais o principal é o próprio “eu”, passando a ter comunhão com o mundo e a se envolver nas coisas desta vida, buscando nelas ter satisfação e prazer.

– Os crentes judeus destinatários da carta aos hebreus estavam correndo este risco. Diante de tanta perseguição e sofrimento, estavam querendo “ficar de bem com o mundo”, aqui representado pelos judeus que haviam rejeitado Jesus, querendo capitular diante dos principais dos sacerdotes e da elite judaica, a fim de terem “dias melhores”, “alegria e contentamento” em meio à sociedade da época.

– O segundo erro dos israelitas que fracassaram foi a prostituição (I Co.10:8), entendida esta não apenas como uma imoralidade sexual, mas algo muito mais profundo, que é a própria profanação do corpo, que é templo do Espírito Santo, o abandono da santidade, da separação do pecado, o verdadeiro “adultério espiritual”.

– Os crentes judeus estavam pensando em deixar Cristo Jesus e retornar à lei, um desprezo do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, uma total desconsideração do amor de Deus que havia se materializado na própria entrega do Senhor Jesus à morte por nós.

 Assim agindo, estavam a repetir os erros das dez tribos do norte que, a exemplo da mulher de Oseias, haviam trocado o marido amoroso e gentil por amantes inescrupulosos e que não tinham qualquer sentimento afetivo (Os.3:1).

– O terceiro erro foi a tentação a Deus, a provocação ao Senhor (I Co.10:9), que já é um estágio avançado de desvio espiritual, quando há uma iniciativa de ofensa à Divindade, um desafio, uma explícita demonstração de incredulidade nas promessas e no próprio ser divino.

– Quando, após a obtenção da salvação em Cristo Jesus, os crentes judeus pensavam em retornar à lei, numa total desconsideração da obra realizada pelo Senhor e que era confirmada por sinais, prodígios e maravilhas, como não ver nesta atitude um gesto de desafio a Cristo, como se o Senhor fosse incapaz de fazê-los passar por todas as aflições que estavam a sofrer?

– Talvez, tais crentes judeus estivessem ainda abalados pelo episódio da morte de Tiago , o irmão do Senhor, pastor da Igreja em Jerusalém, e outros cristãos que, em 62, haviam sido mortos por ordem do sumo sacerdote Anano e, como eles não escaparam da morte, como poderiam eles achar que escapariam?

No entanto, ao quererem deixar o Evangelho por medo da morte física, estavam como que desrespeitando não só o próprio Cristo, mas também o testemunho fiel daqueles que se faziam mártires por amor ao Senhor e isto não é desconsiderado pelo escritor aos hebreus na sua exortação.

OBS: Assim narra Flávio Josefo a morte de Tiago e outros cristãos:“…Anano, um dos que nós falamos agora, era homem ouado e empreendedor, da seita dos saduceus, que, como dissemos, são os mais severos de todos os judeus e os mais rigorosos nos julgamentos.

Ele aproveitou o tempo da morte de Festo [governador romano da Judeia, observação nossa] e que Albino [o novo governador, observação nossa] ainda não tinha chegado para reunir um conselho, diante do qual fez comparecer Tiago, irmão de Jesus, chamado Cristo, e alguns outros; acusou-os de terem desobedecido às leis e os condenou ao apedrejamento.

Esse ato desagradou muito a todos os habitantes de Jerusalém, que eram piedosos e tinham verdadeiro amor pela observância de nossas leis…” (JOSEFO, Flávio. Antiguidades Judaicas XX,8, 856. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.2, p.203).

– O quarto erro cometido pelos israelitas que fracassaram foi a murmuração (I Co.10:10), que nada mais é que a exteriorização oral da incredulidade já apresentada no coração.

Assim como a salvação vem pela crença no coração e pela confissão pela boca, de igual modo o desvio espiritual se manifesta na incredulidade do coração e na murmuração pela boca.

– Não é por outro motivo que os poetas sacros Eufrosine Katsberg e Emílio Conde, no hino 302 da Harpa Cristã nos trazem uma sábia recomendação:

“No mundo murmura-se tanto, entre os que cristãos dizem ser; em vez de louvores, há pranto; fraqueza em lugar de poder. Murmuram assim no deserto, em Mara, Israel murmurou.

Oh! Não veeem que Deus está perto, jamais Seu auxílio negou. Em vez de murmurares, cantaum hino de louvor a Deus.

 Jesus quer te dar vida santa, qual noiva levar-te p’ra os céus” (primeira estrofe e refrão).

– Certamente, os crentes judeus destinatários da carta estavam a murmurar, tanto que o escritor aos hebreus, seja ele quem for, tomou conhecimento de tal murmuração e, com base nisso, resolveu escrever esta carta, a fim de que não houvesse a apostasia da fé por parte daqueles servos de Deus.

– Foram os que pecaram que geraram a indignação divina e, como consequência, tiveram seus corpos caídos no deserto (Hb.3:17) e, certamente, se aqueles crentes judeus repetissem as atitudes daqueles, igualmente pereceriam, não entrando no repouso de Deus, que não mais a Canaã terrena, mas, sim, a Canaã celestial.

II – A SUPERIORIDADE DO REPOUSO ETERNO E A NECESSIDADE DE SUA BUSCA

– Depois de ter aludido a respeito do exemplo dos que fracassaram na entrada da Terra Prometida, o escritor aos hebreus passa a dizer da necessidade que tinham os crentes judeus de temer seguir o mesmo destino, o que significaria o abandono da promessa de entrar no repouso de Deus, ficando para trás, como ficaram aqueles que tiveram seus corpos tombados no deserto (Hb.4:1).

– “…O autor conclui que havia razão para temer-se que os judeus a quem escrevia viessem a privar-se da bênção que lhes era oferecida.…” (CALVINO, João. Hebreus. Trad. de Válter Graciano Martins, p.95).

Era preciso, como diz Tomás de Aquino, que aqueles crentes demonstrassem desejo de entrar no repouso e tal desejo teria de se dar mediante um temor, que não é medo, mas, sim, o reconhecimento da soberania divina e da necessidade de termos reverência e respeito para com as coisas de Deus.

OBS: “…o apóstolo agora envolve, baseando-se nela [a autoridade das palavras do salmista, observação nossa], seu argumento: primeiro desperta o desejo de entrar no referido descanso e exorta a se apressar para entrar.

Quanto ao primeiro, isso nos surpreende com um temor sagrado e mostra que devemos ter cuidado com isso…” (AQUINO, Tomás de. Comentário da Epístola aos Hebreus. Trad. de J.L.M. n.15. Cit. Hb.4:1-13. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 14 nov. 2017) (tradução Google adaptada por nós de texto em espanhol).

– O temor do Senhor não só é o princípio da sabedoria (Sl.111:10) e da ciência (Pv.1:7), como também é o meio pelo qual aperfeiçoamos a nossa santificação (II Co.7:1), pois temer ao Senhor nada mais é que aborrecer o mal, a soberba, a arrogância, o mau caminho, e a boca perversa (Pv.8:13).

O temor do Senhor nos permite evitar o cometimento dos erros da geração do êxodo e, assim, não só iniciarmos a jornada de fé, mas chegarmos até o final dela, conseguindo, assim, o repouso de Deus, o cumprimento dos objetivos divinos para a nossa vida.

– O que se tem faltado, em nossos dias, é precisamente este “temor do Senhor”.

Lamentavelmente, muitos têm deixado de lado a reverência, o respeito para com o sagrado e o caminho desta gente será inevitavelmente a queda espiritual, a perda da salvação. Tomemos cuidado, amados irmãos!

– A falta de temor levaria os destinatários da carta a “ficar para trás”. “…Ficar para trás, aqui, é o equivalente de ‘não olhar para trás’. O ‘olhar para trás’ lembra a mulher de Ló, que desfrutava de todos os privilégios e direitos possíveis da felicidade humana.

(…) Contudo, ela ‘olhou para trás’ quando seu corpo já estava fora de perigo, conforme pensou, mas seu coração continuava preso em Sodoma. Por isso, mesmo tendo escapado à destruição de Sodoma, sendo conduzida pela misericórdia de Deus, ela desobedeceu à ordem divina e teve um triste fim.

(…) Em Lucas 17.32, o Senhor Jesus Cristo lembra aos seus ouvintes este episódio, advertindo-os: ‘Lembrai- vos da mulher de Ló’. E aqui no texto em foco, o escritor sagrado da Epístola aos Hebreus começa a observar nestes cristãos alguns sintomas de desânimo e apego às coisas desta vida.

Por esta razão alguns deixaram de prosseguir, pararam de ir “correndo com paciência” em direção ao alvo maior: o arrebatamento dos salvos, quando a redenção de nosso corpo será consumada (Rm 8.23).…” (SILVA, Severino Pedro da. Hebreus: as coisas grandes e novas que Deus preparou para você, pp.65-6).

– Sem temor do Senhor, teremos, assim, o mesmo triste fim da mulher de Ló e perderemos a salvação, apesar de já termos, uma vez, sido resgatados das consequências da ira divina, como ocorrera com aquela senhora.

Já livre de Sodoma, ela acabou por se envolver novamente com as coisas do mundo e perdeu a oportunidade do livramento que lhe fora dada. Este é o grande risco de nos envolvermos, como a geração do êxodo, nestas mesmas circunstâncias e termos, então, o mesmo fim.

– E, como afirma Tomás de Aquino: “…Mas temer o quê? “que, por terem desconsiderado a promessa, há um entre nós que é excluído da entrada para o repouso de Deus”, uma vez que a dita felicidade consiste em entrar nele (…); porque, como diz Crisóstomo, os homens condenados têm maior dor porque foram excluídos da visão de Deus do que por causa dos outros tormentos que sofrem.

E ele diz: “seja julgado”, isto é, por juízo divino: “aparta-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno”. (Mt. 25); ou de acordo com as opiniões humanas. “Pois bem sabeis isto, que nenhum fornicário, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus” (Ef. 5:5).

É, portanto, temer que nenhum de vocês seja excluído, uma vez que foi feita a promessa de entrar:

“E o meu povo descansará numa bela casa de paz e em tabernáculos de segurança e no repouso da opulência”. (Is. 32:1,8); “De agora em diante o Espírito diz que eles devem descansar de seus trabalhos” (Apocalipse 14:13).

 É, portanto, temer que, por nossa culpa, por ter desprezado a promessa, que fizemos ao lado, deixando fé, esperança e caridade, através das quais podemos entrar, de fato não entramos nesse repouso; o que acontece por causa do pecado mortal.…” (ibid.)

– O escritor aos hebreus, aliás, deixa bem claro que, a exemplo da geração do êxodo, aqueles crentes tinham ouvido a pregação do Evangelho e, por meio dela, crido em Jesus, já que a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17).

 No entanto, se tal audiência não fosse misturada com a fé, ou seja, se não houvesse continuidade na confiança em Deus ao longo da caminhada rumo ao céu, de nada teria adiantado a conversão ocorrida, o que, aliás, serve para que, uma vez mais, se demonstre a falsidade da afirmação de que “uma vez salvo, salvo para sempre” (Hb.4:2).

– Os israelitas, embora tivessem crido e até adorado a Deus assim que Moisés retornou ao Egito (Ex.4:31) bem como tivessem crido na palavra e celebrado a Páscoa do modo determinado por Deus, o que significou a sua libertação, a partir do momento em que Faraó passou a persegui-los, deixaram de crer, como já dissemos supra, chegando a, por dez vezes, tentar a Deus, de sorte que de nada lhes aproveitou a crença inicial.

– Da mesma maneira, de nada adianta crermos em Jesus e termos o perdão de nossos pecados se, a partir do início de nossa jornada com Deus e em direção aos céus, não mais crermos na Palavra de Deus e passarmos a duvidar das promessas divinas e a desobedecer o que o Senhor nos mandar fazer. De proveito algum será a crença inicial e, assim como os israelitas da geração do êxodo, haveremos de fracassar.

– A situação, na verdade, é ainda mais grave que a dos israelitas da geração do êxodo, porquanto a eles era prometida a entrada na terra de Canaã, enquanto que, para nós, a promessa diz respeito a algo muito mais excelente, que é a Nova Jerusalém, que são as mansões celestiais.

– “…Essa promessa de descanso espiritual nos foi deixada pelo nosso Senhor Jesus Cristo no seu testamento final, como um legado precioso.

Nossa tarefa é nos empenharmos em sermos os herdeiros, para que reivindiquemos esse descanso e essa liberdade do domínio do pecado, de Satanás, e da carne, pelos quais a alma dos homens é mantida em servidão e privada de seu verdadeiro descanso, e para que também sejamos libertos do jugo da lei e de todos os seus penosos serviços e cerimónias, e possamos desfrutar da paz com Deus em suas ordenanças e providências, e em nossa própria consciência, e assim tenhamos a perspectiva do perfeito e eterno descanso no céu.…” (HENRY, Matthew. Comentário completo: Novo Testamento – Atos a Apocalipse. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p.770).

– Neste ponto, o escritor aos hebreus mostra que Jesus é superior a Josué, porquanto o segundo líder de Israel havia chefiado o povo na conquista da terra de Canaã, mas esta terra, embora fosse a Terra Prometida, a terra da qual manava leite e mel, não era, em absoluto, a terra definitiva, visto que, se fosse ela a terra permanente, não se falaria, séculos depois, por intermédio de Davi, de um “novo repouso”.

– Muito provavelmente os crentes judeus destinatários da epístola estavam vivendo o clima imediatamente anterior da primeira guerra judaico-romana e havia, certamente, uma ânsia pela libertação do jugo romano.

Não faltavam aqueles que defendiam a rebelião contra os romanos para que Israel pudesse gozar, na sua terra, de liberdade e independência.

Os crentes judeus estavam tentados a retornar ao judaísmo para fazer coro a estes que desejavam restabelecer a liberdade política e a desfrutar da Terra Prometida.

– No entanto, o escritor aos hebreus lembra-os de que não se tratava de ter a terra de Canaã como o repouso prometido por Deus, mas, bem ao contrário, o que se tinha de buscar era o verdadeiro repouso, o genuíno e autêntico descanso, que não era a possa tranquila e livre do território de Canaã, mas, sim, a posse das mansões celestiais, a conquista da cidade permanente, da pátria celestial. Era isto que havia sido prometido aos patriarcas e ao povo de Israel (Hb.11:10,14-16).

– O repouso que Deus quer dar ao Seu povo não é nem o dia sétimo, o sábado, nem tampouco a posse tranquila de Canaã, mas, sim, um “outro dia”, chamado “hoje”, onde se poderia descansar verdadeiramente e tal descanso outro não é senão o próprio Jesus Cristo.

Não foi à toa que Nosso Senhor chamou as pessoas a Si, pois somente n’Ele teriam o descanso das suas almas (Mt.11:28,29).

– “…Ao afirmar de forma tão positiva a verdade contida nele, com base na experiência própria e na de outros.

 “Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso (v. 3). Entramos numa abençoada união com Cristo, e em uma comunhão com Deus por meio de Cristo; nessa condição de fato desfrutamos de muitas experiências agradáveis de perdão de pecados, paz na consciência, alegria no Espírito Santo, aumento na graça e nas garantias da glória, descansando da servidão do pecado, e repousando em Deus até que estejamos preparados para descansar com Ele no céu”.…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.771).

– “…Deus descansou de Suas obras. Desse fato ele [o autor da carta, observação nossa] infere que o genuíno descanso dos fiéis, o qual dura por toda a eternidade, consiste em descansarem como Deus fez.

A mais sublime bem-aventurança humana é estar o homem unido a Deus, assim esse deve ser também seu propósito último, ao qual todos os seus planos e ações devem ser dirigidos.…” (CALVINO, João. op.cit., p.99).

– “…O dr. Geo Goodman salienta que este repouso aqui mencionado trata-se do ‘repouso da fé’. Ele comenta este repouso da seguinte maneira: “A palavra ‘descanso’, neste trecho, é aplicada a três coisas:

  1. a) Ao descanso do sábado, instituído na criação (vv. 3,4), quando Deus acabara toda a sua obra;
  2. b) Ao descanso da Terra Prometida (v. 5). Este mandamento foi violado 70 vezes nos 490 anos de monarquia e Deus determinou os 70 anos de cativeiro sobre a nação hebreia, para ‘… que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram’ (2 Cr 36.21);
  3. c) Ao descanso que Davi previu: o descanso do Evangelho, que se encontra somente em Cristo (vv. 7-9). Três descansos são aqui ensinados: Que o sábado é figura (Cl 2.16,17), um tipo de descanso do coração que se acha em Cristo (Mt 11.29); que o descanso na Terra Prometida era também típico, pois se Josué tivesse dado o descanso final que Deus propusera,

 Davi não teria falado de outro descanso, o descanso que tanto os vivos como os mortos encontram em Cristo — o primeiro, sendo o descanso da alma, o segundo, o descanso das obras (Ap 14.13)”.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., pp.69-70).

– Nesta passagem, o escritor aos hebreus ensina-nos a respeito do significado do sábado como dia de descanso e como ele era apenas uma figura do verdadeiro descanso, que é Cristo Jesus.

Jesus é o nosso sábado e, portanto, não estamos submetidos a este mandamento, que é meramente cerimonial e voltado exclusivamente a Israel, uma vez que o verdadeiro repouso é Jesus e, a partir do momento que cremos n’Ele, o nosso “dia de guarda” é “hoje”, pois é hoje que devemos ouvir a voz do Senhor, é “hoje” que devemos adorá-l’), é’”hoje” que devemos buscá-l’O, é “hoje que devemos estar preparados para com Ele nos encontrarmos.

OBS: “… “Porque, se Josué lhes tivesse dado aquele descanso …” Prova de que alguns faltam para entrar, porque, se Josué tivesse dado aquele descanso aos filhos de Israel,

ele nunca falaria depois da Escritura de outro dia, isto é, nenhum outro descanso foi reservado para nós, nem depois desse dia o profeta Davi falou de outro. Do que se inferiu que este descanso era um símbolo de descanso espiritual.…” (AQUINO, Tomás. ibid.).

– Um outro ponto nos mostra, com clareza, que o repouso pretendido para os salvos em Cristo Jesus não é a posse tranquila de uma Terra Prometida, como pensavam os destinatários da carta aos hebreus.

A Canaã terrena não foi, propriamente, um lugar de tranquilidade e paz, mas, sim, um lugar de lutas.

Ao atravessarem o Jordão, os israelitas tiveram de lutar, e muito, para conquistar a Terra e, depois de aproximadamente cinco anos de guerras e batalhas, sob o comando de Josué, ainda faltou muita coisa que conquistar (Js.13:1).

OBS: “…quando Josué — que é uma figura de Cristo — introduziu o povo na Terra Prometida, a nação começou a desfrutar um tipo de descanso, ainda que terreno.

Mas o escritor sagrado nos mostra aqui que este era apenas uma figura daquele descanso que Deus deseja dar ao seu povo, o qual é encontrado em Cristo por meio da vida eterna.

Em Apocalipse 6.9-11, João nos confirma isso dizendo: “… vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.

E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?

E a cada um foram dadas uma comprida veste branca e foi-lhes dito que repousassem ainda por um pouco de tempo…” Evidentemente, qualquer repouso dedicado ao cristão, no sentido religioso, seja ele na vida ou na morte, somente será encontrado em Cristo.

Ele é “o Senhor do sábado” — portanto, é “o Senhor do repouso…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.72).

– Josué (embora tivesse o mesmo nome de Jesus, cujo significado era “Salvador”), não só não trouxe descanso para o povo, pois os liderou em guerras e batalhas, o que é tudo menos um ambiente de repouso, como não chegou a concluir a própria conquista da terra,

o que somente se deu, séculos mais tarde, através de outro exímio guerreiro, o rei Davi, pois as Escrituras dizem que Salomão reinou precisamente sobre todo este território, que conquistado foi por seu pai Davi (I Rs.4:21).

– É sintomático, aliás, que tenha sido precisamente Davi, como mostra o escritor aos hebreus, que, apesar de ter dominado toda a extensão de terra prometida a Abraão, tenha sido quem disse que não se deveriam endurecer os corações para que não se perdesse o repouso, a indicar, portanto, que o repouso não era a terra de Canaã, mas, sim, a cidade celestial (Sl.95:8; Hb.4:7).

– O profeta Miqueias também deixa claro que o nosso descanso não é aqui, nesta terra, precisamente porque aqui só há corrupção, a corrupção que destrói grandemente (Mq.2:10).

Jamais podemos depositar nossas esperanças nas coisas deste mundo, mas, sim, buscar angariar tesouros nos céus (Mt.6:19-21). Seremos os mais miseráveis de todos os homens se esperarmos em Cristo apenas para as coisas desta vida (I Co.15:19).

– Acalentados pelas promessas e esperanças dos judeus que estavam se rebelando contra os romanos de que teriam felicidade e bem-estar com uma libertação política do Império de César, os crentes hebreus titubeavam em continuar servindo a Cristo e permanecer sendo objeto de perseguição tanto de judeus quanto de romanos.

Não seria mais tranquilo optar por lutar pela independência de Israel e, assim, desfrutar da “Terra Prometida”, das promessas terrenas que, afinal de contas, tinham sido feitas pelo próprio Deus?

– O autor da epístola deixa bem claro que tais promessas, embora provenientes de Deus, não eram terminais nem permanentes.

Pelo contrário, o próprio Davi, o primeiro a conquistar a Terra plenamente, havia indicado que havia um novo repouso, este, sim, a ser buscado e almejado e este descanso outro não era senão o Senhor Jesus.

Os desobedientes jamais teriam este repouso e, se os crentes hebreus se unissem àqueles que haviam rejeitado o Cristo, teriam o mesmo triste fim da geração do êxodo.

– Aliás, a história mostra que o que disse o autor aos hebreus era a mais pura realidade: veio a guerra e, no ano 70, os romanos destruíram o templo bem como a cidade de Jerusalém.

Em 135, quando os judeus novamente se rebelam contra Roma, acabam sendo expulsos de Canaã, no início da segunda diáspora, que somente começa a findar em 1948, quando é proclamado o Estado de Israel. Definitivamente, não era mesmo este o “descanso” almejado pelos crentes judeus.

– Em nossos dias, não tem sido diferente. Aí estão as teologias da confissão positiva, da prosperidade, da libertação e algumas vertentes da teologia da missão integral a levar muitos sedizentes cristãos a buscar um “descanso terreno”, a defender um “Paraíso na Terra”, como se a mensagem de Cristo fosse a de ausência de dificuldades e aflições neste mundo, opulência material ou de implantação do reino de Deus única e exclusivamente por meio de uma prévia libertação política e social.

– Não é atrás destes “falsos descansos” que estamos, mas, sim, do verdadeiro repouso, que outro não é senão o de desfrutar da comunhão eterna com Nosso Senhor e Salvador nas mansões celestiais, na glória eterna, nos novos céus e nova terra, onde habita a justiça (Jo.14:1-3; Fp.3:20,21; II Pe.3:13). É este o repouso que resta para o povo de Deus (Hb.4:9).

 

– “…O supremo bem humano, portanto, se acha simplesmente na união com Deus. Nós o alcançamos quando levamos em conta a conformidade com sua semelhança.

O apóstolo diz mais que essa conformação acontece se descansamos de nossas obras. Daqui se segue que o homem é abençoado ao negar-se a si próprio.

Que outra coisa significa esse cessar de nossas obras senão a mortificação da carne, quando o homem renuncia a si próprio a fim de viver em e para Deus?

Pois quando falamos de uma vida piedosa e santa, referimo-nos à pessoa que, estando de certa forma morta para si, sempre se abstém de suas próprias obras para dar lugar à ação de Deus. Deve-se admitir que uma vida só seja propriamente formada quando, e somente quando, se submete a Deus.

Entretanto, em virtude de nossa natural impiedade, isso nunca se concretiza até que desistamos de nossas próprias obras. Digo mais, tal é a oposição entre o domínio de Deus e nossa disposição, que ele não age em nós enquanto não repousarmos.

Visto que a perfeição desse descanso jamais se atinge nesta vida, devemos labutar sempre por ela. E assim os crentes entram nesse descanso, mas sob a condição de que, correndo, possam incessantemente seguir adiante…” (CALVINO, João. op.cit., pp.101-2).

– Entretanto, este repouso somente será alcançado por aqueles que não forem desobedientes.

A entrada no repouso eterno segue a mesma condição da entrada no repouso terreno, ou seja, a obediência.

Não foi por outro motivo, aliás, que o apóstolo Pedro disse que purificamos nossas almas na obediência à verdade (I Pe.1:22) e que o próprio escritor aos hebreus dirá que sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb.12:14)..

– A vitória de Cristo, que é o nosso exemplo (I Pe.2:21), deu-se porque Ele foi obediente até a morte (Fp.2:8), sendo certo que nosso Deus, que é imutável, sempre requereu de Seu povo a obediência (Dt.10:12), de modo que não podemos achar, em hipótese alguma, que deixando de obedecer ao Senhor alcançaremos o descanso que nos está prometido.

– Obedecer, como disse Calvino, é unir-se a Cristo, tornar-se um com Ele, que, aliás, é o objetivo da obra salvífica de Jesus (Jo.17:21).

Tal obediência deve levar a esta unidade e é por este motivo que, neste ponto, o escritor aos hebreus salienta que somente seremos obedientes se todo o nosso ser estiver sob o domínio do Senhor, espírito, alma e corpo,

pois a Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (Hb.4:12).

– Temos de estar totalmente impregnados da Palavra de Deus, Palavra que deve ser ouvida misturada com a fé (Hb.4:2), pois temos de ter a nítida consciência de que teremos de prestar contas diante de Deus de todos os nossos atos, pensamentos e desejos (Hb.4:13).

– Assim como os israelitas eram obrigados a extirpar os habitantes primitivos de Canaã da terra (Dt.7:1-6), também devemos destruir o nosso “eu”, mortificar a nossa carne, crucificando-a com Cristo com suas paixões e concupiscências (Gl.5:24), para que a Palavra possa nos dominar completamente e, não mais vivendo, mas Cristo vivendo em nós (Gl.2:20),

 tenhamos condição de não sermos objeto de condenação divina, prestando contas para o Senhor tão somente para recepção de galardão (Ap.22:12), o que somente ocorrerá aos que forem fiéis e obedientes.

– Não há como se obedecer ao Senhor senão pelo poder atuante da Palavra de Deus. Não é à toa, aliás, que, no item 6 do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus (CGADB), conste que cremos “na necessidade absoluta do novo nascimento pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus para tornar o homem aceito no Reino dos Céus”.

A Palavra de Deus atua para que nos mantenhamos em comunhão com o Senhor e cheguemos até a glorificação.

– Temos sido obedientes ao Senhor? Mantemos e desenvolvemos a nossa fé? Temos nos desprendido das coisas desta vida?

Estamos atentando para o triste exemplo da geração do êxodo? Pensemos nisto, porque, lamentavelmente, muitos têm apostatado da fé precisamente porque não estão a observar estas coisas.

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/1633-licao-4-jesus-e-superior-a-josue-o-meio-de-entrar-no-repouso-de-deus-i

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Iesus Kyrios

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading