LIÇÃO Nº 4 – OS HEBREUS VÃO PARA O EGITO
Caro professor, teremos a alegria de ver, mais uma vez, como o Senhor trabalhou para preservar uma nação. As personagens desta história enfrentaram obstáculos desde o início para ver a sua descendência progredir.
Abraão teve apenas um filho com Sara; Isaque teve dois, mas apenas Jacó daria prosseguimento à nação. Jacó, por sua vez, foi agraciado com doze filhos e uma filha.
Abraão e Isaque demonstraram preferência por um dos filhos e Jacó fez o mesmo. Seu filho eleito foi José, o décimo-primeiro, cujo nome aparece mais de duzentas vezes no Antigo Testamento e significa “acrescentar”, “aumentar”, “tornar a fazer”.
Para alguns, José era o filho mimado que tinha todos os privilégios, apenas por ter nascido de Raquel, o grande amor da vida de Jacó (agora Israel). No entanto, havia outros aspectos para se avaliar:
Estas são as gerações de Jacó. Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com seus irmãos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia más notícias deles a seu pai.
E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores. Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente. (Gn 37. 2-4)
Como podemos verificar, no texto acima, José tinha um relacionamento com os irmãos que foi se complicando, porque não era mais “confiável”, haja vista que ele reportava (ao pai) o que os irmãos faziam.
A convivência foi se tornando cada vez mais difícil, porque Israel confiava apenas em José e via nele o sucessor, tendo em vista que o considerava mais responsável que os outros.
Ora, todos nós sabemos que o filho primogênito é o herdeiro da túnica colorida. A vestimenta diferenciada o destaca dos demais, dando-lhe a posição de preeminência sobre os outros.
Entretanto, o pai concedeu esta posição a José. Imaginemos o sentimento de Rubem associado ao ódio que os outros já alimentavam. A situação ficou deveras complicada.
Quando José revelou os sonhos que tratavam do posicionamento do sol, lua e estrelas (José era o Sol) que se prostravam; dos molhos de trigo que se prostravam diante do seu, apenas motivou ainda mais o sentimento de ódio e inveja deles.
No contexto dos fatos, tudo ficaria um pouco confuso. Após o cumprimento, entendemos que a vontade divina estava em curso. Somente o salvo, crente em Deus, é capaz de compreender que Ele permite que o seu servo seja jogado no poço e destituído até de suas vestes para, no futuro, fazê-lo governador.
Do poço para as mãos do mercador; do mercador para a casa do capitão da guarda; da casa do capitão da guarda para a prisão (mais um poço); da prisão para o palácio; do palácio para o ofício de governador.
Sim, ele merecia a túnica listrada que seu pai lhe dera. Israel via com os olhos da fé, enxergava longe, o pai sabia que Deus faria de José um líder, um grande homem; os irmãos, no entanto, só enxergavam o presente, estavam presos pelo que é material, não tinham a fé no Deus de José e de Israel.
Estavam envaidecidos por ser filho de um grande patriarca, mas não demonstravam fé, nem compromisso com o Deus de Israel. Se o tivessem, não fariam tal maldade com o irmão. O Senhor tem os seus escolhidos.
No Egito, José demonstrou a sua fé inabalável no Senhor, o seu caráter ilibado ficou mais evidente. Não tinha a companhia do pai e irmãos; no entanto, demonstrou mais firmeza e compromisso com a verdade.
O Senhor manifestou o seu poder na vida deste moço, concedendo-lhe graça e conhecimento para exercer o seu ofício, colocar seus talentos em prática. Tudo o que fazia, prosperava e tinha plena aprovação.
Uma pessoa deste caráter sempre atrai olhares. Mais uma vez, José é destituído de suas vestes e lançado no poço da prisão. Inocente que era, aprendeu a esperar no Senhor. Deus estava formando seu caráter, concedendo-lhe paciência, pois um futuro governador deve cultivá-la no seu ofício.
Durante os anos da prisão, demonstrou o seu excelente caráter e ficou no aguardo de uma oportunidade, da parte de Deus, para dali sair. A oportunidade veio quando o copeiro e o padeiro foram presos.
Ao interpretar o sonho de ambos, solicitar ao copeiro que se lembrasse dele diante do Faraó. Muito tempo depois, esta oportunidade veio e José interpretou dois sonhos do Faraó. O monarca, admirado, com tanta sabedoria exclamou:
E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o espírito de Deus?
Depois disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu serei maior que tu. (Gn 41.2-5)
O nome do Senhor foi glorificado no Egito, dentre todos os deuses daquela terra idólatra. Os deuses egípcios não puderam salvar o povo da fome que viria, mas o Deus de José concedeu-lhe sabedoria para apontar uma saída naqueles dias difíceis.
Toda a narrativa se orienta em seu decurso pela aliança da graça e como Deus tratou os fiéis desde o período do Éden. Mas o auge, o centro do livramento da nação é o refúgio da terra de Gósen no Egito.
Como Salvador do seu povo, José é comparável a Cristo:
José tipificou Cristo de muitas maneiras: resistindo ao mal, sendo traído pelos irmãos, e amado pelo pai, sofrendo pelos pecados de outros, tomando uma esposa gentia quando estava no exílio, e finalmente tornando-se soberano do mundo depois de redimir os seus irmãos (Atos 7:9-13). Ellisen (1994, p.24)
Quando nos referimos a José, fazemos alusão a alguém próspero, que contribui para o bem-estar de outros. Bentho & Plácido (2019, p.85) afirmam:
No Antigo Testamento, a palavra hebraica para prosperidade é tsâlêach . O vocábulo significa “ter sucesso”, “dar bom resultado”, “experimentar abundância” e “fecundidade”. […]
A prosperidade exemplificada na vida de José. No Antigo Testamento, o termo é usado para referir-se ao sucesso que Deus deu a José no Egito (Gn 39. 2,3,33).
Se tomarmos a vida de José como exemplo, poucos diriam que a trajetória do menino sonhador foi de sucesso: odiado pelos irmãos, vendido aos ismaelitas, escravo e encarcerado no Egito. Quem afirmaria que José foi um homem próspero? A Bíblia.
No conceito da Teologia da Prosperidade e Triunfalista, José sempre foi bem-sucedido no final da carreira. Mas, anteriormente, ele não era abençoado por Deus?
Era. Mas apenas os que compreendem o que de fato é a verdadeira prosperidade são capazes de compreender o sucesso em meio ao ódio, castigos e prisões (Gn 45.5, 7-9).
O plano dos irmãos de José era matá-lo, porém Deus interveio conservando-lhe a vida (Gn 37.20-22). Os mercadores israelitas poderiam vendê-lo para qualquer tribo ou povo, mas por que o Egito? […]
Porque era na casa de Potifar que ele enfrentaria a mais dura prova até ser levado ao governo do Egito. Deus estava em todas as circunstâncias guiando os passos de José (Sl 37.23). A prosperidade na vida de José não é medida pelo grau de privilégios que ele desfrutou até ser governador, mas em cumprir a vontade de Deus em todas as circunstâncias e vicissitudes.
A história de Gênesis começa com a criação do Universo e do homem e termina com a morte de José, o último dos patriarcas de Israel.
REFERÊNCIAS:
BENTHO, Esdras Costa & PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 1993.
Profª. Amélia Lemos Oliveira
Vídeo: https://youtu.be/iDVjTQIHAbE