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LIÇÃO Nº 4 – PROMESSA E OBEDIÊNCIA

INTRODUÇÃO

-Nem todas as promessas de Deus dependem da obediência do homem.

-A relação entre Deus e os homens é assimétrica.

I – O SENHORIO DIVINO

-Na sequência do estudo das promessas de Deus, hoje analisaremos a relação que há entre a promessa divina e a obediência do homem.

– As Escrituras demonstram que o mundo foi criado pelo próprio Deus. Esta é a primeira afirmativa bíblica: “No princípio criou Deus os céus e a terra”(Gn.1:1).

Assim fazendo, as Escrituras deixam bem claro que todo o universo pertence a Deus, já que foi Deus quem o criou.

-Tendo criado o mundo, portanto, Deus tem, por direito de criação, o senhorio, o domínio sobre todo o universo (Sl.24:1). Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive dos seres criados, o que inclui o homem.

-Este senhorio é reforçado, também, pelo fato de que Deus sustenta todas as coisas criadas (Hb1:3), não as abandonando, de modo que, diante disto, Ele Se mantém como sendo o senhor de todas as coisas, pois o abandono faria com que perdesse tal domínio.

-Mas há, ainda, uma terceira razão para que Deus seja o Senhor de todos os homens, que é a redenção operada por Cristo Jesus na cruz do Calvário. Morrendo na cruz em nosso lugar, com o preço de Seu sangue, Cristo comprou toda a humanidade (I Co.6:20; I Pe.2:17,20; Ap.5:9,10).

-Nesta aquisição, o Senhor Jesus adquiriu todos os homens e, assim, definirá o destino de cada qual conforme a resposta dada à Sua obra salvífica (II Tm.4:1; I Pe.4:5).

-Tendo em vista que Deus é o Senhor, a consequência lógica inevitável é que somos Seus servos e, bem por isso, estabelece-se uma relação assimétrica entre nós e Deus, ou seja, somos servos do Senhor e, por isso mesmo, temos obrigações a cumprir, temos de Lhe ser obedientes.

-Não é por acaso, portanto, que a primeira manifestação dada por Deus ao homem registrada nas Escrituras é uma ordem – “E ordenou o Senhor ao homem dizendo” (Gn.2:16).

-Esta realidade foi bem explanada pelo Senhor Jesus no Seu ensino registrado em Lc.17:7-10, em que nos ensina que o servo não é convidado para se chegar e se assentar à mesa depois que volta do campo, mas, antes,

lhe é mandado cumprir o seu serviço diante do senhor, até que ele se satisfaça e, ao final e ao cabo, o senhor não lhe parabeniza porque fez o que lhe foi mandado, pois é o seu dever cumprir as ordens recebidas, ainda concluindo Cristo que o servo não é louvado por ter cumprido o que lhe foi mandado.

-Esta é a situação do servo, a de subalternidade em relação ao senhor, devendo, pois, cumprir todas as ordens que lhe sejam dadas, não esperando qualquer louvor ou recompensa por ter feito tão somente o que se lhe mandou.

-O relacionamento entre o senhor e o servo, portanto, é assimétrica, ou seja, não é uma relação de igual para igual, mas, sim, uma relação de alguém que manda e que estabelece as regras e o que deve ser feito, como também quando e como, e o servo, que deve tão somente cumprir o que lhe foi mandado.

-Em se tratando do ser humano, Deus quis dar ao homem um lugar de proeminência entre a criatura terrena, fazendo-Lhe mordomo, ou seja, o servo principal, com poder de administração sobre o restante da criação do planeta (Gn.2:26,28).

-Diante desta decisão divina, o Senhor estabeleceu um relacionamento especial com a humanidade, onde o homem serviria a Deus voluntariamente, ou seja, recebeu o homem o livre-arbítrio, a faculdade de escolha, a fim de que obedecesse, ou não, ao Senhor.

-Ao dar ao homem o livre-arbítrio, o Senhor tornou possível a desobediência e fez com que a obediência fosse algo que surgisse da vontade do homem, não uma consequência inevitável do senhorio divino que, frise-se, em nada se alterou com a concessão do livre-arbítrio.

-A palavra “obediência” bem de “obedecer”, cujo significado, segundo o Dicionários Michaelis, é o de “submeter-se à vontade de outra pessoa; estar sob o comando ou autoridade de alguém;

agir de acordo com o estabelecido e regulamentar, cumprir, observar; não resistir (a um sentimento, a um chamado); ceder a; estar ou ficar sujeito a uma força ou influência”.

-A palavra tem origem em “oboediscere” ou “oboedire”, palavra latina cujo significado é o de “escutar com atenção”.

-A palavra hebraica mais utilizada para “obedecer” é “šama’” (שכןצ) cujo significado é de “…ouvir com inteligência (muitas vezes, com implicação de atenção, obediência etc. (…) Verbo que significa ouvir, obedecer, ser considerado, fazer ouvir, proclamar, soar alto.

O verbo basicamente significa ouvir, e em contexto expressa várias conotações ao lado dessa acepção…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, verbete 8085, p.1978). A esta palavra corresponde o aramaico “š’ma’, que também é encontrada nas Escrituras.

-A Concordância Bíblica Exaustiva Joshua também aponta a palavra hebraica “y ͤ qāhāh” (יקחח), cujo significado é “obediência”.

-Em o Novo Testamento, a palavra grega “peithō” (πειθω), cujo significado é “… convencer (por argumentos verdadeiros ou falsos); por analogia pacificar ou conciliar (por outros meios justos) (…) persuadir, particularmente comover ou influenciar por palavras gentis ou motivos…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Novo Testamento, verbete 3982, p.2347).

-A palavra antônima desta é “apeitheō” (απειθεω), cujo significado é “descrer (de forma voluntária e perversa):—não crer, desobedecer, não obedecer, desacreditar” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Novo Testamento, verbete 544, p.2078).

-Uma composição dá origem a outra palavra utilizada nas Escrituras gregas, “peitarcheō” (πειθαρχεω), cujo significado é “ser persuadido por um governante, submeter-se à autoridade…” (Bíblia de Estudo Palavras- Chave. Dicionário do Novo Testamento, verbete 3980, p.2347).

-Outra palavra utilizada é “hupakouō” (υπακούω), cujo significado é “… ouvir (como subordinado), i.e., ouvir atentamente, e, portanto prestar atenção ou estar em conformidade com uma ordem ou autoridade:— dar ouvidos, ser obediente, obedecer…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Novo Testamento, verbete 5219, p.2436).

-Quase que uma variante desta palavra é “hupekoos” (υπηκοός), que significa “…ouvir atentamente, (i.e.), (consequentemente) submissivo:- obediente” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Novo Testamento, verbete 5255, p.2439).

-Como se pode perceber, as palavras utilizadas na Bíblia Sagrada mostram que “obedecer” é “dar ouvidos”, “fazer a vontade de outrem”, dar crédito ao que lhe é falado, de tal modo que se cumpre o que se disse, faz-se consoante a ordem recebida.

-Bem por isso, é dito que o Senhor Jesus teve de “aprender a obediência” (Hb.5:8), pois como Deus era quem ordenava, quem dava as ordens e, tendo Se humanizado, teve de aprender a obedecer, a fazer a vontade d’Aquele que O enviou, o que, para Cristo, era a Sua comida (Jo.4:34).

-A obediência, pois, é o comportamento que Deus espera do homem, pois é o reconhecimento voluntário do senhorio por parte do ser humano, que admite que deve se submeter a quem é maior do que ele. Por isso, aliás, disse Cristo Jesus que o Pai era maior do que Ele (Jo.14:28).

-Na Sua condição humana, o Senhor Jesus disse que o Pai era maior do que Ele e, por isso, Ele tinha de obedecer-Lhe, a nos demonstrar claramente qual é a relação que existe entre Deus e cada ser humano.

II– A NATUREZA DOS PACTOS E/OU ALIANÇAS ENTRE DEUS E O HOMEM

-Insistimos neste ponto porque, ante a vontade divina de sempre estabelecer um relacionamento com o ser humano, fez o Senhor, ao longo da história da humanidade, vários pactos e/ou alianças com a humanidade.

-Como ensina Thomas Ice: “…o significado central de aliança é um laço ou relacionamento entre duas partes na forma de um contrato.

Em nosso mundo moderno, um contrato é a coisa mais próxima que seja semelhante a uma aliança bíblica.

Nas alianças bíblicas entre Deus e a humanidade, o Senhor, soberanamente, impõe os termos desses arranjos de acordo com Sua própria vontade e prazer.

Pense no seguinte: o Deus que não pode mentir escolhe se comprometer legalmente com as promessas que Ele fez para a humanidade.…” (Alianças entre Deus e a humanidade. Extraído da Revista Chamada da Meia Noite jul 2012. Disponível em: https://www.chamada.com.br/perguntas_respostas/aliancas_biblicas.html Acesso em 27 ago. 2024).

-Nota-se, de pronto, que não se trata de uma relação de “igual para igual”, mas, sim, de uma imposição divina de termos que pode, ou não, ser aceito pelo homem.

É o que hoje os juristas denominam de “contrato de adesão”, em que a parte mais fraca só exerce a sua vontade para aceitar, ou não, as condições previamente estabelecidas pela parte mais forte.

-Por isso, não têm sentido algum falsos ensinamentos que hoje circulam entre os que cristãos se dizem ser em que se diz que “Deus é obrigado a fazer isto ou aquilo”, porque “Ele prometeu” e de que podemos “exigir” isto ou aquilo do Senhor.

-Este pensamento equivocado sobre “aliança”, pois dizem estes falsos ensinadores que estas atitudes são possíveis aos homens porque há uma “aliança”, um “compromisso” da parte de Deus, que cria “direitos” para os homens.

-A “aliança” ou “pacto” não é algo que resulta de uma discussão e consenso entre o homem e Deus, mas, sim, uma manifestação da soberania divina que, pelo amor que Deus tem ao homem, abre oportunidades ao homem para que venha a conviver com o Senhor para sempre, dentro do propósito divino salvador da humanidade (I Tm.2:3,4).

-Deus é fiel, Ele cumpre o que promete e, portanto, não podemos, de modo algum, pôr em dúvida o que foi dito pelo Senhor e “exigir” d’Ele o cumprimento de algo, uma vez que somente se tem a possibilidade de exigência quando há um descumprimento.

-No direito, aliás, quando uma parte não cumpre o que prometeu, a outra pode exigir este cumprimento, recorrendo, inclusive, à intervenção do Estado que, por meio do Judiciário, força o cumprimento da obrigação descumprida.

-Deus jamais deixa de cumprir o que prometeu, porque Ele é fiel, ou seja, honra os compromissos assumidos, não podendo, aliás, negar-Se a Si mesmo, o que seria um eventual descumprimento (II Tm.2:13).

-Deste modo, impossível “exigir” cumprimento de algo a Deus, já que Ele jamais descumpre o que prometeu.

-O que, por vezes, ocorre é que somos tentados a pôr as promessas de Deus no âmbito temporal, esquecendo- nos que, se, entre nós, a promessa é algo futuro, para o Senhor há sempre um eterno presente, pois, de eternidade a eternidade, Ele é Deus (Sl.90:2).

-Desta maneira, por vezes, o homem, na sua presunção, entende que “Deus está a tardar” e, por isso, é tentado a “cobrar uma promessa”, a “exigir isto ou aquilo”.

Inobstante, trata-se de uma conduta de quem ainda não entendeu que é servo e que o devemos fazer, ao recebermos uma promessa divina, é tão somente, ao vê-las de longe, ou seja, não no momento em que elas se nos tornam conhecidas, crer nelas e abraçá-las, como, aliás, fizeram os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó e, bem por isso, estarão assentados na mesa da ceia das bodas na cidade celestial a desejavam ir (Hb.11:13-16; Lc.13:28,29).

-A posição do homem, portanto, diante de uma promessa divina, é “vê-la de longe”, ou seja, ter conhecimento dela, sabendo que ela ainda não se realizou para ele, homem, mas já é uma realidade ante a eternidade divina e crer nela, o que representará não questioná-la nem cobrá-la, porque andamos por fé e não por vista (II Co.5:7), e a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem (Hb.11:1).

-Quando “cobramos” ou “exigimos” uma promessa de Deus, portanto, a uma, estamos a imputar a Deus descumprimento, o que é um rotundo absurdo; a duas, estamos a duvidar de Deus e, sem fé, é impossível agradar a Deus (Hb.11:6) e, quando fazemos algo que não é de fé, pecamos (Rm.14:23).

-Notemos, pois, como estes falsos ensinos, notadamente provenientes dos adeptos da teologia da confissão positiva, são verdadeiras armadilhas satânicas para que venhamos a pecar e a viver na prática do pecado, o que nos conduzirá à perdição eterna. Que Deus nos guarde!

-Outra atitude a ser evitada é a de ‘auxiliar” Deus no cumprimento das promessas. Por vezes, somos também tentados a tentar “colaborar” com Deus para que uma promessa se cumpra.

Foi o que fizeram Abrão e Sarai quando, após já estarem a 12 anos aguardando o cumprimento da promessa de um filho feita por Deus, resolveram recorrer ao que se costuma chamar de “solução Agar”, ou seja, a partir de uso de um costume existente, suscitar descendência a Abrão por meio da serva.

-Sabemos todos que, desta atitude, nasceu Ismael, pai dos árabes, que gera todo este conflito milenar entre os dois povos e que se constitui num dos maiores fatores de instabilidade da vida sobre a face da Terra no que se refere às relações internacionais.

-Aqui se tem, também, a exemplo da outra situação, uma nítida demonstração de imputação de descumprimento a Deus, como também de falta de fé em Deus e, bem por isso, o resultado de tal atitude, além de não ter representado coisa alguma em relação à promessa divina, pois Isaque, o filho da promessa, veio no tempo certo através da união entre Abraão e Sara, 13 anos depois desta tentativa humana de auxílio a Deus, só trouxe consequências nefastas ao longo dos séculos.

-Esta tentativa de “auxílio a Deus” é um indevido atrevimento, uma vera demonstração de arrogância, uma imputação de fraqueza ao Senhor. Jesus disse que sem Ele nada podemos fazer (Jo.15:5 “in fine”), mas jamais disse que não pode fazer algo sem nós.

-Verdade é que, por vezes, o Senhor exige de nós alguma atitude que é indispensável para que a Sua promessa se realize, mas isto não porque não possa fazer sem a nossa ação, mas precisamente porque quer que ajamos e demonstremos, nesta nossa atividade, a fé que temos n’Ele.

-À frente do Mar Vermelho, o Senhor mandou a Moisés que dissesse ao povo que marchasse e o povo de Israel entrou pelo meio do mar em seco e, diante desta atitude de fé, puderam chegar ao outro lado. Deus abriu o mar, mas eles tiveram de crer, entrando no mar em seco (Ex.14:21,22).

-Todos aqueles com mais de 20 anos de idade que atravessaram o Mar Vermelho porque tinham fé em Deus, por terem perdido esta fé, não puderam entrar na terra de Canaã, com exceção de Josué e Calebe (Hb.3:17- 19).

-Mas não basta apenas vê-las de longe e crer nelas, mas é necessário que as abracemos, como fizeram os patriarcas.

A palavra grega aqui é “aspadzomai” (άσπάζομαι), cujo significado é “…envolver nos braços, i.e., (por implicação) saudar, (figurado) acolher…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Novo Testamento, verbete 782, p.2099).

-“Abraçar” a promessa é acolhê-la, ou seja, viver desde já como se ela já se tivesse realizado, conduzindo- se de tal maneira que se está na expectativa da sua ocorrência. Os patriarcas, por terem abraçado as promessas, viveram como peregrinos na terra, não se prenderam às coisas desta vida, desejando a pátria celestial.

-Quem já vive na perspectiva do cumprimento da promessa, não tem porque questionar, cobrar ou exigir coisa alguma, pois a promessa já é uma realidade em sua vida.

-Neste abraço da promessa, pode até ocorrer que, na certeza de seu cumprimento, o homem venha a fazer pedidos baseados em tais promessas, o que é perfeitamente legítimo. Não se trata de cobrar a promessa, mas de pedir ao Senhor que, ante o cumprimento da promessa, venha a realizar isto ou aquilo.

-Foi o que fez Daniel que, ao verificar que se completavam os setenta anos da profecia de Jeremias a respeito do cativeiro, começou a clamar ao Senhor para que perdoasse os pecados do povo de Israel e os redimisse, a fim de que pudessem retornar à terra de Canaã (Dn.9:1-19).

-O profeta, tendo plena convicção de que o povo retornaria a Canaã, pois assim Deus havia prometido, começa a pedir pelo perdão dos pecados do povo, pois entendia que não haveria como o povo retornar a Canaã sem tal perdão.

No entanto, o Senhor manda o anjo Gabriel para explicar a Daniel que o povo, sim, retornaria ao cativeiro, mas que ainda haveria setenta semanas de anos até a redenção de Israel.

-A resposta divina ao profeta mostra, claramente, que Deus está sempre sob o controle da situação e que nós em parte conhecemos e em parte profetizamos (I Co.13:9) e que jamais poderemos ter a perfeita noção do que Deus está a fazer (Jo.13:7).

III– PROMESSA E OBEDIÊNCIA

-Quando entendemos a natureza do relacionamento entre Deus e os homens, assim como dos pactos e/ou alianças firmados, bem compreendemos que não há uma vinculação sempre entre a promessa divina e a obediência humana.

-Há promessas divinas que são incondicionais, ou seja, são compromissos que Deus assume diante do homem, dentro de Sua soberania, que se cumprem independentemente de o homem obedecer, ou não, a Deus.

-Não nos esqueçamos que, ao criar o homem com o livre-arbítrio, o Senhor tornou possível a desobediência e, como tem o propósito salvador de todos os homens, Deus não pune, via de regra, a desobediência sem que antes dê a real oportunidade do arrependimento.

-Assim, casos há em que a promessa divina se realiza independentemente de o home ser obediente ao Senhor.

-A promessa dada por Deus a Noé após o dilúvio é um exemplo disto. Ao receber a adoração de Noé depois que havia saído do arca, o Senhor fez uma promessa de que nunca mais mandaria um dilúvio sobre a Terra e que se sucederiam as estações do ano até o final da existência da Terra (Gn.8:21,22).

-Esta promessa dada por Deus tem sido cumprida ao longo da história. Nunca mais houve um dilúvio sobre a Terra e, desde então, as estações do ano têm se alternado indefinidamente, com “mudanças climáticas” (novo nome cunhado para o suposto “aquecimento global”, que se revelou uma fraude) que, ao contrário do que dizem alguns, sempre existiram e ocorrem independentemente das ações humanas.

-Assim há de ocorrer independentemente de os homens obedecerem, ou não, ao Senhor. Aliás, o próprio Jesus disse que Deus faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos (Mt.5:45), precisamente por causa da promessa dada após o término do dilúvio.

-O arco, aliás, que, vez por outra, aparece na atmosfera é o sinal a lembrar o homem de que Deus prometeu nunca mais destruir a terra com dilúvio e que as estações do ano se seguirão indefinidamente, para que o homem saiba que Deus é fiel (Gn.9:11-17).

-Para o cumprimento desta promessa, pois, não se exige coisa alguma do homem, estando o Senhor a cumprir tal promessa independentemente de o homem ser, ou não, obediente.

-Promessas incondicionais não necessitam da obediência humana para que se cumpram.

-As promessas dadas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó também eram desta natureza. Deus disse que faria deles uma grande nação, que abençoaria os que os abençoassem e amaldiçoaria os que os amaldiçoassem, que eles seriam uma bênção e que nele serão benditas todas as famílias da Terra e se daria à sua semente a terra de Canaã (Gn.12:1-3,7).

-Apesar dos pecados cometidos pelos patriarcas bem como pelos seus descendentes, Israel se tornou uma grande nação, até hoje quem abençoa Israel é abençoado e quem o amaldiçoa é amaldiçoado, o povo judeu tem sido uma bênção para a humanidade, todas as famílias são benditas em Cristo, a “semente de Abraão” (Mt.1:1; Gl.3:16) e, apesar da incredulidade dos que tinham mais de vinte anos quando saíram do Egito, a terra de Canaã foi dada a Israel por Deus.

-A desobediência dos patriarcas que, posteriormente, se arrependeram e se mantiveram fiéis, como a incredulidade da geração do êxodo que se tornou irreversível e os fez morrer no deserto, não foram obstáculos para que as promessas divinas se cumprissem e continuem a se cumprir até os dias de hoje.

-O Senhor prometeu a Israel que ele seria Sua propriedade peculiar dentre os povos, Seu povo santo e reino sacerdotal (Ex.19:5,6).

-Sabemos que, quarenta dias após o povo ter recebido a lei no Sinai, o povo israelita descumpriu os dois primeiros mandamentos pronunciados pelo Senhor, ao fazerem e adorarem o bezerro de ouro, tendo outro deus além do Senhor e fazendo imagem de escultura, tendo apenas a tribo de Levi se postado como sendo do Senhor (Ex.32), o que a tornou a tribo sacerdotal e, mesmo assim, somente sendo sacerdotes os filhos de Arão, sendo os demais levitas apenas auxiliares no serviço do culto (Nm.18).

-Passou a ser um reino, tendo a Deus como rei (Dt.33:5), ainda que, neste reino, somente uma tribo fosse sacerdotal. Mas, alguns séculos depois, o povo não quis mais que Deus fosse seu rei (I Sm.8:7).

-Também sabemos que o povo, ao entrar em Canaã, não exterminou todos os habitantes primitivos, razão por que o Senhor os deixou permanecer para que servissem de laço para Israel (Jz.2:1-6), o que foi um fator que sempre comprometeu a santidade de Israel (Jz.2:10-23), a ponto de o Senhor lhes ter tirado da própria terra (II Rs.17:6-23; II Cr.36:14-20).

-Retornando a Canaã apenas parte do povo, ainda que sempre sob jugo estrangeiro (Ne.9:36,37), mesmo assim, se mantiveram rebeldes ao Senhor, inclusive rejeitando o Messias quando Ele veio (Jo.1:11), endurecendo o seu coração e resistindo ao Espírito Santo (Rm.11:8-11; At.7:51), o que os levou a, uma vez mais, perderem a terra de Canaã, de onde foram expulsos pelos romanos.

-Vemos, pois, que, em toda a sua existência, Israel, por causa de sua desobediência, nunca foi o povo santo e reino sacerdotal. No entanto, esta promessa se cumprirá quando houver a redenção do remanescente de Israel.

-A promessa de Israel ser reino sacerdotal e povo santo independe da obediência dos israelitas, tanto que, apesar de toda a desobediência, que chegou até a rejeição do Messias, Deus sempre tem preservado Israel ao longo dos séculos.

-Embora Israel não tenha querido ser povo santo, Deus tem preservado a identidade judaica e impedido sua assimilação por qualquer outra nação.

-Embora Israel não tenha querido ser reino sacerdotal, Deus tem governado o destino dos israelitas, não permitindo que fossem destruídos pelos seus inimigos, por mais terríveis e poderosos que tenham sido ao longo dos séculos, como tem mantido, também, preservada e identificável a tribo sacerdotal.

-Deus prometeu salvar o remanescente de Israel (Is.10:21-23; Rm.9:27,28) e, independentemente da obediência dos israelitas, tem preservado os israelitas para que eles possam exercer a faculdade de reconhecer a Cristo como o Salvador e alcançar a salvação.

-Situações há, entretanto, em que a promessa divina é condicional e, portanto, somente quando se implementa a condição ela se realiza, ela se cumpre. Aqui, sim, a obediência é necessária.

-A promessa de permanência de Israel na terra de Canaã era uma promessa condicional. O povo recebeu Canaã., como vimos, independentemente de sua obediência, mas nela só permaneceria se permanecesse fiel. Foi o que ficou estabelecido no chamado “pacto palestiniano”, firmado nos montes Ebal e Gerizim (Dt.27; Js.8:30-35).

-Não tendo permanecido fiéis ao Senhor, os israelitas foram retirados de Canaã, primeiro as dez tribos do norte, que andaram nos pecados de Jeroboão, o primeiro monarca daquele reino e, depois, as duas tribos do sul, com Levi, como deixou o Senhor bem claro, por intermédio dos profetas, ainda nos dias de Josias, um rei fiel a Deus (II Cr.34:22-28) ou já no reinado do ímpio Jeoaquim (Jr.15:1-9).

-A desobediência lhes fez, pois, perder a terra de Canaã, tendo retornado para ocupar apenas uma parte e, mesmo assim, sob jugo estrangeiro e voltando a perdê-la depois que rejeitaram o Messias.

-Somente começaram a retornar, exatamente porque é esta mais uma promessa divina, qual seja, a da repatriação e restauração de Israel, primeiramente como país e, depois, como povo de Deus, como, aliás, previsto na própria promessa oriunda do “pacto palestiniano” (Dt.30:3-10).

-Aliás, Deus prometeu que o país ressurgiria num só dia, o que ocorreu precisamente no dia 14 de maio de 1948 (Is.66:8) e isto se deu com o povo judeu ainda sob o “profundo sono”, sobre um Israel sem vida espiritual, ossos que se ajuntaram num rebuliço (Ez.37:7).

-Assim, se a permanência da terra dependeu da obediência, o mesmo não ocorreu com o retorno, seja do cativeiro da Babilônia, também chamada “primeira diáspora” (pois o próprio Deus afirmou a Daniel que o povo ainda não estaria remido após os setenta anos de cativeiro – Dn.9:24), seja da chamada “segunda diáspora”, iniciada após a destruição do templo e de Jerusalém no ano 70 e concluída com a expulsão total dos judeus de Canaã no ano 130.

-Outra promessa que está vinculada à obediência é a promessa da salvação. Quem crer em Jesus e for batizado, será salvo; quem não crer, está condenado. Não há outro meio de salvação senão Jesus Cristo, o único que pode salvar (At.4:12).

-Deus estabeleceu, no mesmo dia da queda, não só a salvação, mas o meio pelo qual ela seria alcançada, ao dizer que “a semente da mulher”, cujo calcanhar seria ferido, estabeleceria a inimizade determinada por Deus a existir entre a humanidade e o maligno (Gn.3:15).

-Deus quer salvar o homem e ninguém pode impedir que as pessoas sejam salvas por Jesus Cristo. O diabo, seus anjos, o mundo e a carne não podem impedir que alguém que creia no Senhor Jesus alcance a salvação, obtenha a vida eterna.

-Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo, é o exemplo eloquente desta realidade, pois, embora o inimigo tenha conseguido matar o servo de Deus, não pôde impedir que fosse recebido pelo próprio Senhor Jesus nos céus (At.7:54-60).

-Invocar o nome do Senhor Jesus é a condição para ser salvo (Rm.10:13) e esta invocação é um ato que vem de baixo para cima, é um chamado a quem é superior.

Portanto, não há como considerar que o Senhor, que quer que todos os homens se salvem, venha a predestinar incondicionalmente uns para salvação e outros, para perdição.

-A promessa da salvação é condicional, depende da fé em Cristo Jesus e esta fé é possível a todos os homens, pois Deus quer que todos os homens se salvem, embora saiba que nem todos serão salvos.

-Assim como aqueles que creram em Deus saíram do Egito e chegaram a Canaã, também os que creram em Cristo, saindo do mundo e passando a fazer parte da Igreja, chegarão à Canaã celestial.

-De igual modo, os que, embora tenham saído do mundo, ao longo da caminhada para o céu, deixarem de crer, ficarão com os seus corpos mortos no deserto, não entrarão no céu, porque não perseveraram até o fim.

-É evidente que Deus, que é onisciente, sabe previamente quem perseverará, mas isto, em absoluto, significa dizer que o Senhor tenha, numa promessa condicional, excluído previamente as pessoas da real oportunidade de implementarem esta condição, pois isto seria ser contraditório e enganador, o que, evidentemente, nunca pode ocorrer com o Senhor.

-Ele é fiel, não pode negar-Se a Si mesmo e, portanto, ao criar uma condição, querendo que todos os homens se salvem, jamais poderia privar qualquer ser humano desta possibilidade de invocar o nome de Jesus.

-Outra promessa condicional que depende da obediência é a promessa do revestimento do poder ou batismo com o Espírito Santo. Jesus mandou que os discípulos ficassem em Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder (Lc.24:49).

-Jesus, pouco antes de subir aos céus, com a Igreja então existente toda reunida, com mais de quinhentos irmãos (I Co.15:6), renovou a promessa, dizendo que seriam batizados com o Espírito Santo não muito depois daqueles dias (At.1:5).

-Entretanto, era necessário que perseverassem em oração e súplicas até o momento do derramamento do Espírito Santo (At.1:14).

Por isso mesmo, de mais de quinhentos irmãos que tiveram conhecimento da promessa, só quase cento e vinte foram revestidos de poder (At.1:15). E por que isto? Porque a condição do recebimento do revestimento de poder é a perseverança em oração e súplicas.

-Quem persevera em oração e súplicas alcança a promessa do revestimento de poder, pois a promessa diz respeito a todos os salvos (At.2:39).

-Ante estes exemplos, vemos, pois, a inexistência de vinculação entre promessas de Deus e obediência.

 Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/10948-licao-4-promessa-e-obediencia-i

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