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LIÇÃO Nº 5 – A PIA DE BRONZE – LUGAR DE PURIFICAÇÃO

A pia de bronze revela a necessidade da santificação na vida espiritual.

 INTRODUÇÃO

 – Na continuidade do estudo do tabernáculo, analisaremos a pia de bronze.

 – A pia de bronze revela a necessidade da santificação na vida espiritual.

 I – A PIA DE BRONZE

– Na continuidade do estudo sobre o tabernáculo, nesta caminhada do exterior para o interior deste santuário, vamos hoje analisar a pia de cobre ou pia de bronze, a outra peça que ficava no pátio do tabernáculo.

 

– Por primeiro, devemos observar se a pia é de “cobre” ou de “bronze”, já que as traduções da Bíblia variam neste particular.

A palavra encontrada em Ex.30:18 é “nhošeth” (ְנחֶשת), que, por sua vez, é palavra derivada de “nhušath” (ְנחוָשת), que segundo a Bíblia de Estudo Palavras-Chave significa “cobre, bronze, aço”.

Tem-se, portanto, que a palavra pode tanto ser traduzida por cobre ou por bronze.

 – O bronze é uma liga metálica formada por cobre e estanho, que pode também conter outros elementos como zinco, alumínio, antimônio, níquel, fósforo, chumbo e, como tal liga aumenta a resistência mecânica do cobre e a sua dureza sem alterar a ductibilidade,

daí porque se entender que fosse mais plausível que os objetos fossem de bronze e não de cobre, ainda que, saibamos, houve um período em que primeiro foi utilizado o cobre e só depois o bronze na confecção de objetos metálicos e o período da fabricação destas peças esteja bem na transição entre estes períodos.  

– As duas peças do pátio eram revestidas de cobre (ou bronze), pois ambas tipificam a justiça divina, a necessidade de se enfrentar a problemática do pecado, de se reparar a desobediência e a transgressão da humanidade em relação a Deus, que criou uma situação de inimizade entre Deus e os homens, que trouxe divisão entre Deus e a coroa da criação terrena (Is.59:2).

 – Já vimos, na lição anterior, que o altar de sacrifício é um tipo da cruz de Cristo, o altar onde Jesus pagou o preço dos nossos pecados, fez-Se pecado por nós, para que n’Ele fôssemos feitos justiça de Deus (II Co.5:21).

Ali, os pecados dos israelitas eram cobertos pelo sangue das vítimas e a ira de Deus aplacada.

Na verdade, não só os pecados dos israelitas, mas os de todo o mundo, já que o sacrifício contínuo (Nm.28:1-8) trazia a cobertura de todos os pecados até que o Cordeiro de Deus os tirasse do mundo (Jo.1:29).

 – Mas, em seguida ao altar de sacrifícios, como pode muito bem ser visto na capa da revista deste trimestre, havia uma pia de cobre (ou bronze), cuja descrição se encontra em Ex.30:17-21.  

– O Senhor mandou que se fizesse uma pia de cobre com sua base de cobre para lavar e ela ficaria entre o altar de sacrifícios e a tenda da congregação, ou seja, a parte coberta do tabernáculo e ela deveria ter água.

Nela, Arão e seus filhos lavariam as mãos e os pés, antes de entrarem na tenda da congregação ou quando se chegassem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor.  

– Note-se que a pia era de cobre (ou bronze) e, portanto, como já vimos, trata-se de uma peça vinculada, ainda, à justiça divina, à problemática do pecado. Mas, em vez do fogo do altar, aqui temos a água como elemento purificador.  

– Se o fogo do altar de sacrifícios transformava os materiais que nele eram postos, promovendo a queima do que era impuro e fazendo com que se formasse uma fumaça que subia à presença de Deus, tornando o que era cru em algo assado e,

nos casos de alguns sacrifícios, que poderia ser, inclusive, consumido pelos sacerdotes, na pia, temos a água que lavava, purificava as mãos e os pés dos sacerdotes, permitindo que eles se aproximassem seja do altar de sacrifícios, seja do lugar santo, dentro da tenda da congregação.

 – Água e fogo são elementos que representam purificação no texto sagrado. O fogo traz uma purificação a partir da destruição ou separação de elementos de impureza, a chamada “escória”, quando se fala de metais (Ez.22:18,19; Pv.25:4; I Co.4:13).

Já a água promove a purificação pela remoção das impurezas, sem que se tenha uma destruição evidente, há tal somnte a separação daquilo que é impuro, trazendo a limpeza.

 – A pia deveria ser construída para lavar (Ex.30:18), daí porque o título da nossa lição dizer que a pia era um “lugar de purificação”. 

 – Este papel da água como fonte de purificação não se apresenta apenas na pia de cobre. O Senhor mandou que todos os que ficassem cerimonialmente impuros fossem purificados não só com um banho com água como também lhes fosse aspergida a chamada “água da separação”, sem a qual ninguém retornaria à condição de pureza (Nm.19).

Assim, a água representava um elemento importante para a purificação não só dos sacerdotes mas de todo o povo.  

– Esta purificação da água e do fogo são tipos da própria santificação proporcionada por Jesus Cristo em todo aquele que O reconhece como Senhor e Salvador de suas vidas.

No Seu diálogo com Nicodemos, Cristo deixou bem claro que é preciso nascer da água e do Espírito para entrar no reino de Deus (Jo.3:5).  

– Para se ter um relacionamento com o Senhor, era preciso que os pecados fossem cobertos, o que se dava mediante os sacrifícios oferecidos no altar de cobre, onde o fogo jamais deixava de arder (Lv.6:12,13).

Este fogo tipifica o Espírito Santo, porquanto a Bíblia diz que Deus é um fogo consumidor (Hb.12:29), o Espírito que nos separa da escória, da nossa natureza pecaminosa, que destrói o domínio do pecado sobre nós e o Espírito que purifica, que santifica, que nos aproxima de Deus, que nos faz fazer a vontade do Senhor (II Ts.2:13; I Pe.1:2).

 – Mas, além do fogo, também presente estava a água, água que representa tanto a ação do Espírito Santo como a ação da Palavra de Deus. Entendem alguns, e com razão, que a água mais representa a Palavra de Deus que o próprio Espírito,

já que o Senhor Jesus disse que somos limpos pela Palavra (Jo.15:3), Palavra que é primordial elemento de santificação (Jo.17:17), ainda que saibamos que é o Espírito que nos faz lembrar da Palavra (Jo.14:26).

– O apóstolo Paulo diz que o Senhor Jesus purifica a Igreja mediante a lavagem da água, pela Palavra, confirmando, assim, que esta lavagem da água na pia de cobre tipifica a purificação da Palavra de Deus na vida do salvo (Ef.5:26),

ainda que o mesmo apóstolo, agora escrevendo a Tito, também chame de lavagem a ação regeneradora e renovadora do Espírito Santo (Tt.3:5), que é o que o item 6 do nosso Cremos denomina de “poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus” que,

ao lado da graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, torna o homem aceito no reino dos céus.

OBS: Cremos “6. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus para tornar o homem aceito no Reino dos Céus (Jo.3:3-8; Ef.2:8,9).”  

– Não sabemos as dimensões da pia de cobre. Ao contrário de outras peças, não houve a indicação de seu tamanho.

O pastor Abraão de Almeida vê nesta “omissão” uma lição, “in verbis”:

“…Não sabemos quais as dimensões dessa peça, assim como também não conhecemos todo o extraordinário poder purificador da Palavra de Deus:

‘Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.

E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas’ (Hb.4:12-13).…” (O tabernáculo e a igreja, p.24).  

– A pia ficava entre o altar e a tenda da congregação, e isto é muito significativo. O primeiro passo para a salvação, para o restabelecimento do relacionamento entre Deus e o homem é o arrependimento dos pecados e o subsequente perdão,

que se faz mediante a fé em Cristo Jesus e a justificação, pela qual a justiça de Cristo é imputada a cada pecador arrependido, a purificação pelo sangue de Cristo.

– A partir do instante em que somos purificados pelo sangue de Jesus e passamos a ter direito de entrar na cidade santa pelas portas (Ap.22:14), ou seja, cessa a separação, a divisão que existia entre nós e o Senhor, “mudamos de lado”, ou seja,

passamos a estar “do lado do Senhor”, porque não temos mais pecados, somos separados do pecado, nossos pés são postos sobre a rocha (Sl.40:2), passamos a “ser de Deus” (I Jo.5:19) e, por isso, somos santificados em Cristo Jesus, chamados doravante de “santos “ (I Co.1:2).  

– A santificação, vê-se, pois, é uma etapa subsequente do processo da salvação, que decorre, inicialmente, do perdão dos nossos pecados e da justificação pela fé. É a “santificação posicional”, ou seja, a mudança de posição nossa em relação a Deus.

A pia somente poderia ficar depois do altar de sacrifícios e antes da tenda da congregação, onde estava o “lugar santo”, pois não há possibilidade alguma de termos comunhão com o Senhor se, antes, não nos arrependermos de nossos pecados e obtivermos o perdão divino pela sua prática, sendo lavados no sangue de Cristo.  

– A pia era utilizada única e exclusivamente pelos sacerdotes. Somente Arão e seus filhos é que deveriam se lavar nesta pia.

A purificação pela água pelos demais israelitas era feita mediante a água da separação, que era aspergida pelos sacerdotes sobre eles, mas jamais tinham eles acesso à pia de cobre.

 – Eis, também, um outro motivo pelo qual a pia ficava entre o altar e a tenda da congregação.

Todo e qualquer israelita tinha acesso ao pátio do tabernáculo, mas até onde estava o altar de sacrifícios.

O israelita nem sequer subia ao altar, quem o fazia era exclusivamente o sacerdote. Por isso até o israelita impunha suas mãos sobre a cabeça do animal, confessando sua culpa, antes de entregar o animal ao sacerdote que, este sim, subia até o altar para matar o animal e oferecer o sacrifício.

 – A pia era acessível apenas aos sacerdotes. A santificação é algo peculiar aos salvos. Somente aqueles que creem em Jesus, que são lavados pelo Seu sangue, libertam-se do pecado e, por conseguinte, são feitos reis e sacerdotes para Deus e Pai (Ap.1:5,6).

 – Só os salvos são santificados em Cristo Jesus, são separados do pecado e passam, então, a ter comunhão com o Senhor.

Só os salvos são postos na posição de santidade e, a partir de então, devem manter-se nesta posição até alcançarem o estágio final do processo, que é a glorificação (Rm.8:29,30).

II – LIÇÕES TIPOLÓGICAS DA PIA DE COBRE  

– Muitos veem na pia de cobre uma figura do batismo em águas. Esta associação é quase que intuitiva, já que se trata da única peça do tabernáculo que contém água.

E, de certa maneira, esta associação é elucidativa para desfazer alguns conceitos equivocados a respeito do batismo.  

– Como dissemos, a pia de cobre era acessível apenas aos sacerdotes, demonstrando que a santificação é algo que decorre do perdão dos pecados, é uma etapa subsequente do processo da salvação.

Se assim é, vemos que, se formos associar a pia ao batismo, fica bem claro que o batismo em águas não salva, mas é uma atitude que deve ser tomada por quem já foi salvo.

 – A Declaração de Fé das Assembleias de Deus bem elucida a questão:

“Cremos, professamos e ensinamos que o batismo em águas é uma ordenança de Cristo para a Sua Igreja, dada por ordem específica do Senhor Jesus:

‘Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai,, e do Filho e do Espírito Santo’ (Mt.28:19).

Reconhecemos esse ato  como o testemunho público da experiência anterior, o novo nascimento, mediante a qual o crente participa espiritualmente da morte e da ressurreição de Cristo:

‘Sepultados com Ele no batismo, n’Ele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dos mortos’ (Cl.2:12)…” (cap.XII, p.127) (destaques originais).

 – O batismo em águas não salva, mas é uma ação realizada por quem é salvo. Neste ponto, portanto, a pia de cobre lembra o batismo, pois ela era utilizada apenas pelos sacerdotes, indicando, assim, que só os salvos podem legitimamente se batizar em águas.

 – Eis a lição de Gunnar Vingren a respeito:

“…A bacia com água ficava em frente da tenda e, na água, Arão e seus filhos limpavam seus pés e suas mãos antes de adentrarem o santuário para que não morressem. Já o batismo é a maneira pela qual o cristão ingressa na Igreja de Deus. Aquele que crê e recebe o batismo será salvo.

Após o batismo, seremos sepultados com Deus, e assim como Cristo ressuscitou dos mortos, passaremos a caminhar em uma nova vida.

Não é propriamente o batismo que salva, mas, batizados, temos a consciência de um dever cumprido perante o Senhor.

Então, batizemo-nos, todos, em nome do Senhor. Além disso, Cristo disse que seriamos chamados para o batismo quando nos tornássemos discípulos.

O batismo nas águas constitui, portanto, uma pré-condição para entrarmos em uma igreja, da mesma forma que o lavar dos pés e das mãos com a água da bacia era uma pré-condição para o sacerdote entrar na tenda do Testemunho.…” (O tabernáculo e suas lições, pp.66-7).

 – Os sacerdotes iam à pia para se lavar. A santificação é uma atitude contínua pela qual nós somos limpos.

Assim como nosso corpo precisa periodicamente se lavar, a fim de remover as impurezas e impedir que seja acometido de doenças, por meio do banho, também nosso homem interior precisa periodicamente ser lavado, ser purificado,

e isto se dá por intermédio da chamada “santificação progressiva”, esta continuada  aproximação a Deus e consequente e concomitante distanciamento do pecado.  

– O salmista Asafe já afirmava que para ele bom era aproximar-se de Deus (Sl.73:28) e Tiago, o irmão do Senhor, diz que, ao nos chegarmos a Deus, Ele Se chegará a nós, mas, que, para isto, torna-se necessário limpar as mãos e ter os corações purificados (Tg.4:8).

 – Toda vez que os sacerdotes fossem oferecer sacrifícios ou fossem entrar na tenda da congregação, deveriam lavar as mãos e os pés na pia, a fim de que não fossem dignos de morte.

Não há como exercermos o múnus sacerdotal recebido de Cristo se não estivermos limpos, se não nos lavarmos.

– Não é possível que dois andem juntos se não estiverem de acordo (Am.3:3) e se quisermos andar com o Senhor, segui-l’O e, deste modo, chegarmos aos céus onde Ele já está, é indispensável que vivamos em santidade, separados do pecado e, para tanto,

mister se faz que estejamos sempre nos lavando, sempre nos limpando não só com a Palavra de Deus, mas com todos os meios de santificação que o Senhor nos deixou à disposição.

 – Esta lavagem das mãos e dos pés que os sacerdotes tinham de fazer sempre que fossem ministrar no altar de sacrifícios ou entrar na tenda da congregação demonstra a necessidade que temos de estar em santidade todas as vezes que formos adorar ao Senhor,

seja em nosso culto racional, que é sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm.12:1), seja em nosso viver neste mundo, pois o nosso viver é Cristo (Fp.1:21)

e é este viver como sendo Cristo que é simbolizado pela entrada na tenda da congregação, já que lá as atividades sacerdotais eram a iluminação e manutenção do candelabro, a colocação e alimentação com os pães da proposição e a queima de incenso no altar de ouro,

que representam Cristo como a luz do mundo e o Espírito Santo como sendo o guia e condutor de nossas vidas; Cristo, como o pão da vida, o alimento indispensável para nossa sobrevivência e a oração como o oxigênio da alma, a respiração do nosso homem interior.

 – Os sacerdotes apenas lavavam as mãos e os pés (e, neste sentido, a pia não pode representar o batismo em águas, portanto).

As mãos e os pés são os membros do nosso corpo, aqueles que nos fazem tocar e pegar o que está a nossa volta, como também que nos fazem firmar os passos e nos deslocar de um lugar para outro.

 – As mãos tipificam as nossas ações, as nossas obras, as nossas atitudes. A lavagem das mãos dos sacerdotes é a tipificação de que o salvo, para ser realmente sacerdote de Cristo, deve ter boas obras, pois elas foram preparadas para que andássemos nelas (Ef.2:10).

 – A pia é posta depois do altar de sacrifícios, porque, primeiro, precisamos nos arrepender de nossos pecados, entrar em comunhão com o Senhor, mediante o perdão e justificação pela fé e, então, passamos a ter “novidade de vida” (Rm.6:4) e,

tendo morrido para o mundo e, agora, vivendo para Deus, não mais praticamos as “obras mortas” (Hb.6:1; 9:14), mas, sim, obras feitas por quem está vivo para Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm.6:11), utilizando agora o nosso corpo como instrumento de justiça (Rm.6:13), para servirmos à justiça para a santificação (Rm.6:19).

 – A fé produz boas obras (Tg.2:14-26) e estas boas obras têm de estar presentes se, realmente, somos servos de Deus, somo servos da justiça (Rm.6:18).

Através das nossas boas obras, que é o fruto de justiça (Fp.1:11), somos reconhecidos como filhos de Deus (Mt.5:16; 7:16-20).

 – Quando os sacerdotes iam ministrar no altar de sacrifícios, antes tinham de lavar as mãos na pia de cobre, pois Deus não aceita o sacrifício de quem não testifica, com as suas ações, a sua filiação a Deus, o seu pertencimento ao corpo de Cristo.

Deus atentou para Caim e rejeitou o seu sacrifício, porque ele era do maligno e suas obras, consequentemente, más (I Jo.3:12).  

– Eis a razão pela qual, quando vamos congregar, devemos, antes do início da celebração, termos um momento de oração para pedirmos perdão pelos nossos pecados, para sermos lavados pela água, a fim de que nossa ministração seja aceita pelo Senhor.

É com pesar que temos visto cada vez mais as pessoas negligenciarem este aspecto inafastável do culto coletivo e o resultado é a rejeição e o afastamento de Deus de um cada vez maior número de reuniões que, como nos dias de Isaías, são abomináveis ao Senhor (Is.1:11-20).

 – Mas, além das mãos, os sacerdotes também tinham de lavar os pés. Os pés falam de firmeza de passos e de deslocamento.

O salmista fala que, após o Senhor ter posto os nossos pés sobre a rocha, firmou os nossos passos (Sl.40:2).

 – A palavra hebraica aqui em foco é “kûn” (כון), “…verbo que significa instituir, firmar, estabelecer, preparar.

A ação primária deste verbo é fazer ficar em pé, em posição ereta e por isso a palavra também pode significar firme ou constante.

Ela denota a ação de colocar no lugar ou erigir um objeto (Is.40:20; Mq.4:1); estabelecer uma dinastia real (II Sm.7:13; I Cr.17:12)…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 3559, pp.1702-3).

 – Com o perdão dos pecados e a nossa justificação, advém, conforme já visto, a santificação posicional, somos postos “do lado de Deus” e somos libertos do poder do pecado,

não mais estamos escravizados por ele, não estamos mais subjugados, estamos agora “de pé”, podemos agora começar a andar, a seguir a Jesus, a entrar pelo caminho apertado que conduz à vida (Mt.7:14).

– Mas devemos, daqui por diante, andar segundo o Espírito (Rm.8:1-9), calçando os nossos pés na preparação do Evangelho da paz (Ef.6:15).

“Firmar” os passos significa “pôr o molde” dos passos, dizer por onde e como devemos andar e, quando seguimos a orientação do Espírito Santo, o caminho, que é o próprio Senhor Jesus, não temos como deixar de chegar aos céus.

Devemos sempre ouvir a voz do Espírito Santo a nos dizer: “E os teus ouvidos ouvirão a palavra que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Is.30:21).

 – Esta ideia da vida cristã como um caminho era bem presente na igreja dos tempos apostólicos, tanto que os cristãos eram conhecidos como “O Caminho” (At.19:19,23; 22:4; 24:14,22),

o que permaneceu pelo menos durante o século II, como nos dá a obra conhecida como “Didaquê”, que se inicia dizendo que há dois “caminhos”, o caminho da vida e o caminho da morte.

Precisamos perseguir o caminho e, por isso, nossos pés precisam ser sempre lavados pela Palavra de Deus, devemos viver conforme as Escrituras.

OBS: “Há dois caminhos, um de vida e um de morte, mas uma grande diferença entre os dois caminhos.…” (Didaquê, cap.1).

 – Devemos andar na luz, como o Senhor Jesus na luz está (I Jo.1:7), pois assim fazendo, não nos perderemos na caminhada, pois estaremos a seguir a Palavra de Deus, que é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl.119:105),

o que nos fará a ter comunhão com os demais membros do corpo de Cristo e mantermos a purificação que nos tornou sacerdotes e reis pelo sangue de Cristo.  

– A lavagem na pia de cobre era uma condição para que os sacerdotes não morressem (Ex.30:20), ou seja, a santificação é uma exigência para que o salvo não perca a sua salvação, não perca a vida eterna.   

– O escritor aos hebreus deixou bem claro que, sem a santificação, ninguém verá o Senhor (Hb.12:14), ou seja, não há como termos uma eternidade com Deus se não nos santificarmos, se não nos mantivermos na posição de santidade em que fomos postos quando recebemos a Cristo como Senhor e Salvador das nossas vidas.  

– A importância da santificação é tanta que o Senhor Jesus, em Sua oração sacerdotal, especificamente pediu para que o Pai santificasse os Seus discípulos (Jo.17:17), pedido que é feito depois de apontar que eles não eram do mundo assim como Ele não o era.  

– O Senhor Jesus lembrou que Se santificava a Ele mesmo para que nós pudéssemos ser santificados na verdade (Jo.17:19), ou seja, o Senhor Jesus, que não tinha pecado, gerado por obra e graça do Espírito Santo, perseverava em Sua santidade para nos dar o exemplo, a fim de que pudéssemos seguir as Suas pisadas (I Pe.2:21).  

– Jesus deixou-nos o exemplo, para que, por Sua imitação, alcancemos a nossa santificação, pois, tendo sido santificados n’Ele (I Co.1:2), permaneceremos santos também n’Ele.  

– Luiz Mattos afirma que o cobre ou bronze do que foi feita a pia veio dos espelhos das mulheres, o que é razoável imaginar, pois os espelhos, naquela época, eram normalmente feitos de cobre ou bronze, notadamente no Egito, de onde vieram os israelitas, sendo certo que as mulheres doaram diversas peças que utilizavam para fins cosméticos (Ex.35:22).

OBS: “…O material dessa bacia foi obtido do bronze dos espelhos das mulheres, e continuou a exercer o papel “de espelho” refletindo, através da água nela contida, a imagem daquele que se espelhasse na superfície da água nela contida.…” (A tipologia bíblica do tabernáculo, p.33).

– Esta própria constituição da pia de cobre, que, ademais, era sempre cheia de água, faz com que a pia fosse um lugar onde havia certamente reflexo daquele que se lavava na pia, seja na própria pia, seja na superfície de água.  

– Isto nos faz lembrar do que está escrito em Tg.2:20-25, que nos alerta para a necessidade de sermos cumpridores e não somente ouvintes da Palavra de Deus.

Ao ouvirmos a Palavra, devemos recebê-la com mansidão e, quando ela é enxertada em nós, implantada em nós, passa a fazer parte do nosso ser, ela pode salvar a nossa alma e, assim, não seremos como aquele varão que contempla ao espelho o seu rosto natural, porque se contempla a si mesmo e se vai, esquecendo de como era.  

– Devemos meditar na Palavra de Deus de dia e de noite e observá-la, de modo que não andemos segundo o conselho dos ímpios, não nos detenhamos no caminho dos pecadores nem nos assentemos na roda dos escarnecedores (Sl.1:1,2).  

– Somente se escondermos a Palavra do Senhor em nossos corações teremos condição de não pecarmos contra Ele (Sl.119:11).

Somente quem guarda a Palavra, torna-se morada de Deus em Espírito (Jo.14::17,23; Ef.2:22) e não passará pela Grande Tribulação, desfrutando do arrebatamento da Igreja (Ap.3:10).  

– Quando da consagração de Arão e seus filhos, eles foram lavados com água e, então, devidamente vestidos de suas vestes sacerdotais (Lv.8:6,7), a confirmar que nossa condição de reis e sacerdotes é consequência da lavagem da água pela Palavra, é uma etapa subsequente do processo da salvação.  

– A propósito, assim como o altar de sacrifícios estava associado à festa da Páscoa, que lembrava o derramamento do sangue que trouxe libertação ao povo de Israel no Egito, podemos dizer que a pia de cobre está associada à “festa dos pães asmos”,

que se iniciava depois da Páscoa, quando os israelitas ficavam sete dias sem poder comer pão com fermento nem ter fermento em casa (Ex.12:15-20; 13:6-7; 23:15; 34:18; Lv.23:6).

Esta festa falava da santidade subsequente à salvação, pois os asmos simbolizam a verdade e sinceridade da vida cristã (I Co.5:7,8).  

– Uma vez lavados, os sacerdotes foram devidamente vestidos, as vestes de salvação (Is.61:10), que eram de linho fino (Ex.28:39-443), simbolizando a justiça dos santos (Ap.19:8), vestes brancas e somente quem tiver tais vestes poderão andar com o Senhor (Ap.3:4).  

– Mas, além da santificação, a pia de cobre também nos mostra que a adoração a Deus deve dar a devida honra ao Senhor.

Os sacerdotes lavavam cuidadosamente seus pés e mãos antes de ministrarem, num instante em que certamente refletiam sobre a seriedade e gravidade da função que estavam a exercer.

– Quando comparecemos diante do Senhor, devemos lembrar que compareceremos diante d’Aquele que é incessantemente aclamado, junto ao Seu trono de glória, como três vezes Santo pelos serafins (Is.6:1-3) e o texto sagrado, algumas vezes, faz-nos lembrar que quando estamos diante d’Ele, estamos diante da “beleza da Sua santidade” (I Cr.16:29; Sl.29:2; 96:9).

– Quando se fala em honra, normalmente se associa isto a autoridades, diante do mandamento de honrar pai e mãe (Ex.20:12; Dt.5:16).

No entanto, também há passagens bíblicas que dizem que o Senhor é digno de honra, como, por exemplo, I Cr.29:11.  

– A palavra hebraica aqui em foco é “tiph’ārāh” (תפ ָאָרה), “…substantivo feminino que significa beleza, glória.(…).

A confecção de vestes sacerdotais e outras vestimentas trouxe glória a Arão e seus filhos, concedendo-lhes dignidade e honra (Ex.28:2,40)…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 8597, p.2009).

– Nota-se, portanto, que a pureza advinda da lavagem da Palavra confere ao sacerdote dignidade, permite-lhe que como que “encarne”, “compartilhe” da glória divina, de modo que seu gesto de lavagem era uma clara demonstração do reconhecimento da dignidade divina, da soberania divina e de que se trata do Senhor da glória, de quem devemos ter o máximo cuidado quando a Ele nos apresentamos.  

– Não estar devidamente lavado quando nos apresentamos diante do Senhor é, portanto, um gesto de menosprezo, para não dizer de desprezo, da dignidade divina, um descaso que afronta a própria soberania de Deus e que pode trazer consequências drásticas para aquele que não Lhe dá a devida honra.

– Vemos o exemplo do rei Uzias que, por não ter dado exemplo de honra ao Senhor, querendo oferecer incenso quando isto lhe era vedado pela lei, acabou ficando leproso, perdendo completamente a sua posição real e de participante do povo, já que teve de viver “fora do arraial” (II Cr.26:16-21).  

– Quantos não têm se portado desta mesma maneira em nossos dias, “indignando-se” com as prescrições divinas e querendo fazer uma adoração sem santidade e sem obediência, ao seu bel-prazer?

Tomemos cuidado, amados irmãos, pois os que assim se portam estão sendo excluídos da comunhão dos santos, do corpo de Cristo, ainda que permaneçam fisicamente em nosso meio.  

– O Senhor também questionou a falta de honra na defeituosa adoração promovida pelos sacerdotes nos dias de Malaquias (Ml.1:6).

E o que o Senhor considerou a falta de honra? Precisamente a falta de santidade, pois estavam os sacerdotes a  oferecer pão imundo e animais defeituosos (Ml.1:7,8).

Em virtude disto, Deus simplesmente não estava a aceitar tais sacrifícios (Ml.1:10) e a amaldiçoá-los, até o ponto de dizer que iria tírá-los, ou seja, destruí-los (Ml.2:1-3).

 – Também aqueles que não derem a devida honra ao Senhor perderão a condição de sacerdotes de Cristo e acabarão se perdendo. Que Deus nos guarde!

 – A lavagem da água era uma atitude, não era um discurso. Isto nos mostra que Deus quer ser honrado não com palavras, mas, sim, com atitudes, com algo que provenha do coração. Por isso, o Senhor abomina os que querem honrá-l’O apenas com palavras (Is.29:13).

 – Viver em santidade, a cada nos separarmos do pecado e nos aproximarmos de Deus, eis a grande lição que a pia de cobre nos dá para a vida cristã.

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/3934-licao-5-a-pia-de-bronze-lugar-de-purificacao-i

Video 02: https://youtu.be/nNNUtU7nkB0

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