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LIÇÃO Nº 5 – DEUS ABOMINA A SOBERBA

lição 05

Deus resiste aos soberbos.

CONFIRA ABAIXO, ÁUDIO LEITURA BÍBLICA LIÇÃO 05

INTRODUÇÃO

 – Na sequência do estudo sobre o livro do profeta Daniel, estudaremos hoje o seu capítulo quatro.

– No capítulo quatro de Daniel, é-nos mostrado que Deus resiste aos soberbos.

I – NABUCODONOSOR TEM MAIS UM SONHO

– Na sequência do estudo do livro do profeta Daniel, hoje analisaremos o seu capítulo cinco, que é um relato do próprio rei Nabucodonosor, que é transcrito por Daniel, como uma demonstração do senhorio de Deus sobre todas as coisas.

– Por primeiro, não se surpreende que este capítulo, como, aliás, o livro de Daniel a partir de Dn.2:4, esteja escrito em aramaico, que era a língua corrente e oficial em Babilônia, língua que passou a ser adotada pelos judeus a partir do cativeiro da Babilônia e que era falada nos dias de Cristo Jesus. Por ser um documento escrito por Nabucodonosor, era natural que o texto estivesse em aramaico.

– Sendo um relato do rei a respeito da experiência que teve com o Senhor, tem-se, também, de pronto, a certeza de que o rei mandou escrever o texto e entregá-lo ao próprio Daniel, para que ficasse registrado o que passara e, assim, pelos séculos, os homens conhecessem o senhorio de Deus e a necessidade de que todos os homens reconhecessem a Sua soberania.

– Trata-se de uma mensagem que o rei quis deixar registrada para todos os povos, nações e línguas que estavam sob o seu domínio, para que todos reconhecessem a soberania divina. O rei, finalmente, após a experiência que tivera, queria deixar claro para o reino de Babilônia e os reinos que lhe seguiriam (pois Deus lhe revelara o futuro da humanidade, como vimos no capítulo dois) que Deus, o único e verdadeiro Deus, o Deus a quem Daniel servia, tinha o mais absoluto controle de todas as coisas.

– Este capítulo representa mais um estágio na vida espiritual de Nabucodonosor, a sua verdadeira conversão, sendo esta passagem uma real demonstração do amor que Deus tem para com todos os homens, a ponto de ter tratado com o rei de Babilônia, um exímio representante do sistema gentílico, um típico representante do sistema rebelde contra Deus, com um cuidado todo especial até que ele reconhecesse a soberania divina e Lhe devotasse a verdadeira adoração, o verdadeiro culto.

– Se Nabucodonosor, que era o máximo representante da rebeldia contra Deus, foi alvo do amor de Deus, que foi busca-lo para que alcançasse a salvação, isto em plena vigência da lei da Moisés, podemos estar certos de que o Senhor está pronto a salvar tantos quantos se arrependam de seus pecados e resolvam entregar suas vidas a Cristo Jesus.

– Outro ponto que, de imediato, percebemos neste relato do rei Nabucodonosor é que a experiência que o rei teve com Deus e que o levou à conversão o impediu de guarda-la para si, mas foi transmitida para todos os seus súditos. Uma pessoa verdadeiramente convertida não consegue se conter, mas quer levar esta experiência para todos os outros, pois o amor recebido da parte de Deus o impulsiona a levar esta mensagem para o próximo, pois este amor se apresenta como um amor ao próximo.

– Se Nabucodonosor, na sede do próprio sistema de rebeldia contra Deus, dentro de uma mentalidade idolátrica, não se conteve e procurou mostrar a todos os seus súditos o único e verdadeiro Deus, por que devemos nós nos calar depois de alcançarmos a salvação em Cristo Jesus? Não há, mesmo, qualquer justificativa para a inércia que muitos, lamentavelmente, apresentam, na atualidade, negando-se a pregar o Evangelho a todo o mundo, como nos mandou o Senhor Jesus.

– Nabucodonosor quis revelar a todos os povos, línguas e nações, “fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tinha feito para com ele” (Dn.4:2). Temos este mesmo sentimento?

Temos feito conhecidos os sinais e maravilhas que Deus têm feito para conosco? Quão importante, amados irmãos, é que testemunhemos o quanto Deus nos têm feito nesta nossa jornada para o céu, nesta nossa peregrinação terrena!

– Nos dias em que vivemos, temos notado o cada vez menor tempo que nossos cultos têm dado para que os salvos testemunhem o que o Senhor nos tem feito, havendo mesmo aqueles que têm substituído este momento por breves relatos escritos de agradecimentos, Tal prática, porém, não se coaduna com o que nos ensina a Palavra de Deus, que nos recomenda a que sejamos agradecidos  (Cl.3:15), pois jamais podemos nos esquecer dos benefícios que Ele nos tem feito (Sl.103:2).

– Nabucodonosor, antes mesmo de contar a sua experiência, faz questão de já deixar claro a todos os seus súditos, que os sinais de Deus são grandes e as Suas maravilhas, poderosas, bem como que Seu reino era um reino sempiterno e o Seu domínio, de geração em geração (Dn.4:3).

– A experiência que Nabucodonosor tinha tido com Deus fê-lo compreender que grande era Deus e não, o homem, mesmo o rei de Babilônia. Esta mesma experiência fê-lo reconhecer que só Deus era poderoso e maravilhoso e que somente o Seu reino duraria para sempre, sendo todo o poderio político que o rei de Babilônia havia obtido algo passageiro e que só existia mediante a permissão divina.

– Como seria importante termos este mesmo entendimento que angariou Nabucodonosor! Devemos ter a convicção de que Deus é grande, que está acima de nós e que devemos, por isso mesmo, obedecer-Lhe e fazer- Lhe a vontade.

 Devemos ter a compreensão de que o Senhor tem controle absoluto sobre todas as coisas e que, por isso mesmo, nada pode ocorrer sem a Sua permissão e vontade. Ah, que bom seria, que nós tivéssemos isto em mente e que tivéssemos como alvo realizar a vontade do Senhor, tê-l’O como Senhor de nossas vidas. Tem misericórdia de nós, Senhor!

– Nabucodonosor, ademais, faz questão de dizer que o domínio do Senhor dura de geração em geração, que o reino de Deus é sempiterno, reconhecendo, assim, finalmente, aquilo que lhe fora revelado por Deus no sonho da estátua, ou seja, que Babilônia não duraria para sempre e que o único reino que não seria destruído seria aquele que seria instaurado, no futuro, pelo próprio Deus.

– Jesus ensinou-nos a orar pedindo que viesse o reino de Deus (Mt.6:10; Lc.11:2), reino a ser instalado primeiramente em nós, mas que se espraiará por todo o mundo, quando o Senhor Jesus instalar o Seu reino milenial.

Nabucodonosor, a “cabeça de ouro” da estátua que representa o sistema gentílico (Dn.2:38) testifica que só o reino de Deus durará para sempre e, por isso, não podemos nos iludir com os poderes mundanos, com toda a demonstração de poder desta vida terrena, pois tudo isto passará e só quem fizer a vontade do Senhor permanecerá para sempre (I Jo.2:17).

– Esta é a tentação que, por vezes, vem até nós, que nós nos iludamos com este mundo e seu suposto poderio. Foi exatamente isto que fez o diabo na terceira tentação que apresentou ao Senhor Jesus no deserto, quando mostrou todos os reinos deste mundo e a sua glória querendo, com a promessa de dar-lhes ao Senhor, obter d’Ele adoração para si (Mt.4:8,9).

O Senhor, porém, mostrou que somente se devia adorar a Deus, precisamente porque o Seu reino é sempiterno e que durará de geração em geração. Temos tido esta mesma reação, amados irmãos?

– Antes mesmo de relatar a sua experiência, Nabucodonosor glorificou o Senhor, reconheceu a Sua grandeza e a Sua soberania. Dava mostra de que havia se convertido, pois, quando nos convertemos ao Senhor, temos como objetivo, como finalidade em nossa vida terrena, independentemente de nossa posição na sociedade, dar glória a Deus, que não significa apenas expressar palavras, mas, com nossas atitudes, anunciarmos aos homens que somos espelhos da glória de Deus (Mt.5:16; II Co.3:8).

– Nossa missão na vida sobre a face da Terra é a de levarmos os homens a glorificar o nome do Senhor. Temos de glorificar a Deus aqui na Terra, assim como fez o Senhor Jesus em Seu ministério terreno (Jo.17:4), glorificação que se fez pela obra que produziu em Sua peregrinação terrena.

Somos imitadores de Cristo (I Co.11:1) e, por isso, devemos seguir-Lhe as pisadas (I Pe.2:21), também tudo fazendo para glorificar o Senhor. Nabucodonosor havia aprendido esta lição e, em vez de buscar a glória de si mesmo, como havia feito durante toda a sua vida, agora dava glória a Deus.

– Após ter glorificado o Senhor, Nabucodonosor começa a narrar a sua experiência, dizendo que estava sossegado em sua casa e florescente em seu palácio quando teve um sonho que o espantou (Dn.4:4,5).

– Uma vez mais, o Senhor fala a Nabucodonosor através de um sonho, que era o meio pelo qual o rei de Babilônia poderia ser persuadido por Deus para que se convertesse. Assim, o Senhor havia se manifestado a Nabucodonosor quando do sonho da estátua, experiência, entretanto, que não o havia convertido, tanto que, como vimos na lição anterior, se mantivera idólatra, a ponto de ter mandado construir a imagem de ouro que pretendia que todos adorassem, como prova da supremacia de Babilônia.

Depois deste sonho, o Senhor havia mostrado o Seu poder ao livrar os amigos de Daniel da fornalha de fogo ardente, mas isto não o havia ainda demovido de seu orgulho e soberba.

– Agora, mais uma vez, o Senhor dava um sonho ao rei Nabucodonosor, quando este se encontrava sossegado e “senhor de si”, numa situação de absoluto domínio sobre tudo que o cercava. É interessante vermos que o Senhor tanto deu um sonho ao rei babilônio quando este se encontrava preocupado com o futuro (Dn.2:29), quando também quando estava ele sossegado, sem quaisquer preocupações (Dn.4:4). Deus quer nos falar em qualquer circunstância de nossas vidas.

– O sonho que Nabucodonosor teve o deixou muito espantado, tendo levado o seu sossego embora. As imaginações da sua cama e as visões da sua cabeça o turbaram. Seu sossego e tranquilidade desapareceram com um simples sonho, a nos mostrar quão frágil é a “paz do mundo”.

Não é por outro motivo que o Senhor Jesus nos promete uma outra paz, uma paz duradoura, que não depende de circunstâncias, que é a paz verdadeira, que nos dá tranquilidade espiritual, não uma ilusão que se desvanece com um simples sonho, como a que tinha o rei de Babilônia (Jo.14:27).

– Perturbado diante do sonho, Nabucodonosor convocou todos os magos, astrólogos, encantadores, caldeus e adivinhadores para que fizessem saber a interpretação do sonho, sonho este que, desta vez, não havia escapado do rei como acontecera com o sonho da estátua (Dn.4:6-8).

– Apesar de ocupar uma importante posição no reino, Daniel não foi chamado desta vez. Era ele o governador da província da Babilônia (Dn.2:48) e, portanto, estava envolvido com a administração daquela província, não fazia parte do grupo dos “sábios”, daqueles que viviam única e exclusivamente de interpretar sonhos e de cuidar dos assuntos religiosos de Babilônia.

– O Senhor mostra aqui ao rei Nabucodonosor, uma vez mais, a completa insuficiência da religião babilônia, o seu caráter ilusório. Se, no sonho da estátua, impedira a própria revelação do sonho, a fim de mostrar a onisciência divina, agora o Senhor até deixa que o sonho fosse contado pelo rei, mas, mesmo assim, os “sábios” da Babilônia foram incapazes de interpretá-lo. Nem mesmo puderam contar mentiras ao rei, porque Deus mostra aqui a Sua onisciência.

– O objetivo de Deus era revelar-se ao rei Nabucodonosor, como é o objetivo que Deus apresenta a toda a humanidade, tanto que nos deixou a Sua Palavra que, não por acaso, é o livro mais lido e mais distribuído em todo o planeta. Deus quer Se revelar a todas as criaturas, para que elas fiquem inescusáveis, i.e., sem qualquer desculpa (Rm.1:19,20). O Senhor quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4) e, por isso, Se revela a todos.

– Primeiro, mostrou a Sua onisciência ao revelar o sonho da estátua. Agora, mesmo tendo mantido na memória do rei o sonho que tivera, demonstra, mais uma vez, a Sua onisciência, retendo para Si a própria interpretação do sonho, para que o rei soubesse que nem mesmo interpretar sonhos sabiam os magos, astrólogos, adivinhadores e encantadores de seu reino, visto que não serviam ao único e verdadeiro Deus, mas eram apenas portadores de palavras mentirosas e perversas (Dn.2:9).

– Como todos os sábios de Babilônia foram incapazes de interpretar o sonho, Nabucodonosor, então, mandou chamar o governador da província de Babilônia, Daniel. É aqui interessante verificar que Nabucodonosor prefere chamá-lo pelo seu nome hebraico, para só depois chama-lo de Beltessazar, que era o nome pelo qual era chamado na corte babilônia (“segundo o nome do meu deus”, como afirma o rei – Dn.4:8).

Nabucodonosor, ao pôr o nome hebraico de Daniel como o nome de seu funcionário, está a reconhecer não só a soberania divina como também o próprio caráter daquele homem, que se mantivera fiel ao seu Deus.

– Será que, a exemplo de Daniel, diante de Nabucodonosor, temos sido reconhecidos como servos de Deus nos ambientes em que vivemos? Será que, apesar de todas as pressões e tentativas do mundo de nos fazer conformar a ele (pois este era o sentido da mudança de nome de Daniel na corte babilônia), conseguimos manter a nossa identidade de servos do Senhor? Pensemos nisto!

– Nabucodonosor, além de chamar Daniel pelo seu nome hebraico, reconhece que Daniel era um homem “no qual há o espírito dos deuses santos” (Dn.4:8). Nabucodonosor, ainda que utilizando expressões típicas de sua cultura, está a testificar que Daniel tinha o Espírito Santo, o que sabemos que era a realidade por ser ele um profeta, a única pessoa que, naquele tempo da lei, poderia ter o Espírito Santo, ainda que não como habitante, como ocorre conosco na dispensação da graça, mas, que vinha visitá-lo quando havia necessidade de se transmitir alguma mensagem da parte de Deus para o povo.

– Assim como Daniel, precisamos nos mostrar ao mundo como sendo homens que sejam habitação do Espírito Santo, algo que nem Daniel era. Somos templo do Espírito Santo (I Co.6:19) e precisamos ter um comportamento diante dos homens que faça com que eles reconheçam que somos diferentes, que temos algo que nos distingue dos demais. Temos tido uma tal conduta? Podemos ser reconhecidos pelos que nos cercam como receptáculos da Divindade? Pensemos nisto!  

II – NABUCODONOSOR CONTA O SONHO A DANIEL E RECEBE SUA INTERPRETAÇÃO  

– Diante da incapacidade dos sábios da Babilônia, Nabucodonosor recorre a Daniel, certamente se lembrando da experiência do sonho da estátua. Daniel é chamado de “príncipe dos magos” e, por ser alguém em que habitava “o espírito dos deuses santos” e que, por isso, “nenhum segredo era difícil”, era-lhe pedido que interpretasse o sonho (Dn.4:9).

– Nabucodonosor conta, então, o sonho a Daniel. Diz que vira uma árvore no meio da terra, cuja altura chegava até ao céu e era vista até aos confins da terra, cuja folhagem era formosa e o fruto, abundante, havendo nela sustento para todos. A árvore era tal que, debaixo dela, os animais do campo achavam sombra e as aves do céu faziam morada nos seus ramos e toda a carne se mantinha dela.

– Entretanto, de repente, um vigia, um santo descia do céu, clamando fortemente e dizendo que a árvore deveria ser derrubada e seus ramos, cortados, suas folhas, sacudidas e o seu fruto, espalhado, afugentando-se os animais debaixo dela e as aves dos seus ramos, devendo, porém ser deixado o tronco com suas raízes, com cadeias de ferro e de bronze na erva do campo, sendo molhado do orvalho do céu e tendo sua porção com os animais na grama da terra, tendo mudado o seu coração, que passaria de ser coração de homem para ser coração de animal, passando sobre ele sete tempos.

Esta era a sentença, o decreto dos vigiadores e a ordem por mandado dos santos, a fim de que conhecessem os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer e até aos mais baixos constitui sobre eles (Dn.4:11-17).

– Após o contar o sonho, Nabucodonosor manda que Daniel o interpretasse. Como prova de que o Senhor sabe todas as coisas, Daniel soube de imediato qual era o sentido daquele sonho, tanto que o próprio rei confirma, em seu relato, que Daniel ficou atônito por quase uma hora, com seus pensamentos, turbados, uma vez que o Senhor fê-lo saber o significado de tudo aquilo que Nabucodonosor havia sonhado e que seria terrível para aquele monarca.

– Nabucodonosor percebeu, quase uma hora depois, que Daniel sabia a interpretação, mas que ela lhe seria desfavorável. Daniel conhecia o temperamento do rei e, certamente, temeu que, ao dar a terrível interpretação do sonho, ao mostrar que o significado do sonho seria altamente desfavorável ao monarca, poderia, inclusive, ter a sua vida em risco.

Daniel era uma pessoa que tinha habilidade para viver no palácio do rei (Dn.1:4) e, diante daquela dura mensagem divina, não a pronunciou logo, buscando do Senhor um modo sábio de relatar aquilo para o homem.

– Este silêncio de quase uma hora por parte de Daniel não é uma demonstração de covardia por parte do servo de Deus, mas, sim, mais uma demonstração de sua sabedoria. Não basta sabermos o que dizer àqueles que precisam ser alcançados por Deus, mas temos de saber como dizer e o momento certo de o fazer. Como diz Salomão: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv.15:1) e ainda, “como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv.25:11).

– Daniel sabia que Deus estava anunciando um juízo contra Nabucodonosor, mas que o propósito do Senhor não era destruir o rei de Babilônia, mas a sua conversão. Por isso, não tinha, neste silêncio de quase uma hora, entendido como devia falar tudo aquilo para o monarca, a fim de não lhe suscitar ira mas permitir uma situação em que pudesse o rei, atendendo ao aviso divino, deixar de sofrer aquele juízo e alcançar a misericórdia divina.

– Temos tido esta preocupação que teve Daniel para com Nabucodonosor? Ter comedimento no falar para que a mensagem do Evangelho seja uma mensagem de vida, uma oportunidade de salvação do que uma mensagem que afaste ainda mais as pessoas de Deus?

– Observemos que não estamos aqui a defender o que muitos têm feito em nossos dias, de pregar um “evangelho light”, um “evangelho genérico”, agradável aos ouvidos dos homens, que não fala a verdade, a necessidade que temos de crer em Jesus Cristo para termos a vida eterna, que o importante é sermos uma nova criatura. Daniel não estava querendo esconder a verdade da interpretação do sonho, mas, sim, divulga-la de modo que o rei pudesse entender a necessidade que tinha de reconhecer a soberania divina.

Daniel não tinha medo de falar a verdade da interpretação, mas queria transmiti-la de modo que o rei não se afastasse ainda mais do Senhor.

– Nabucodonosor percebeu a dificuldade de Daniel e mandou que ele dissesse a interpretação do sonho sem medo. Diante desta ordem real, que demonstrava o interesse do rei em saber a interpretação do sonho e até uma desconfiança de que este lhe era contrário, Daniel resolveu contar o que lhe havia sido revelado, mas não antes sem desejar que o sonho fosse contra os que tinham ódio ao rei e a interpretação, para seus inimigos (Dn.4:19).

 Daniel já prepara o espírito do rei para a terrível interpretação e demonstra, também, a benignidade não só dele mas do próprio Deus para com o monarca.

– Precisamos ter esta mesma atitude de Daniel. No anúncio do Evangelho, sempre apresentar a benignidade divina, a boa vontade que Deus tem para com a humanidade, o que foi explicitamente revelado pela vinda de Jesus ao mundo para morrer em nosso lugar.

Não devemos anunciar o Evangelho dentro de uma perspectiva de julgamento e de reprovação, mas, sim, como demonstração do amor de Deus para com o homem. Não devemos deixar de dizer que o homem é pecador e deve se arrepender, mas devemos, antes, indicar aos homens que Deus quer salvá-los.

– Daniel, então, diz que aquela árvore grande de frondosa que o rei havia visto em seu sonho era o próprio monarca, que havia crescido e chegado até o ceu e cujo domínio era até a extremidade da terra. Já o vigia, o santo que descia do céu era o próprio Deus Altíssimo, que exarara o decreto segundo o qual Nabucodonosor seria tirado dentre os homens e passaria a ter morada com os animais do campo, devendo ser molhado do orvalho do céu, durante sete tempos, até que ele conhecesse que o Altíssimo tinha domínio sobre o reino dos homens e dá a quem quer (Dn.4:22-25).

– Além disso, o fato de ser mantido o tronco e as raízes da árvore, isto era sinal de que o rei seria restaurado, com o retorno do reino para Nabucodonosor, depois que ele tivesse conhecido que o céu reina (Dn.4:26).

– Deus, com aquele sonho, dizia claramente a Nabucodonosor que iria castigá-lo por causa do seu orgulho, por causa da sua soberba. Nabucodonosor, controlando o mundo de então, achava-se superior a todos os demais homens, achava-se como responsável pelo domínio que tinha sobre o mundo de então, não reconhecia a soberania de Deus sobre todas as coisas.

– Este é o grande mal do homem que vive no pecado, pois a sua natureza pecaminosa o leva inevitavelmente a crer na mentira satânica de que é igual a Deus, de que pode viver independentemente de Deus (Gn.3:5) e, assim, repete o mesmo erro do inimigo de nossas almas, que desejou ser maior do que Deus (Is.14:13,14).

– A soberba é um pecado gravíssimo, considerado por muitos como a raiz de todos os pecados, pois se trata de uma atitude em que atentamos contra a soberania divina, quando nos voltamos contra o próprio Ser Supremo, desprezando a Sua glória e majestade.

 OBS: “…A soberba é o pior de todos os pecados. É o que levou os anjos maus a se rebelarem contra Deus, e levou Adão e Eva à desobediência e ao pecado original. Alguém disse que o orgulho é tão enraizado em nós, por causa do pecado original, que ‘só morre meia hora depois do dono’.(…)

 A soberba consiste na pessoa sentir-se como se fosse a “fonte” dos seus próprios bens materiais e espirituais. Acha-se cheia de si mesma, e se esquece de que tudo vem de Deus e é dom do alto, como disse São Tiago: “Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes” (Tg 1,17).

O soberbo se esquece que é uma simples criatura, que saiu do nada pelo amor e chamado de Deus, e que, portanto, Dele depende em tudo. Como disse Santa Catarina de Sena, ele “rouba a glória de Deus”, pois quer para si as homenagens e os aplausos que pertencem só a Deus…” (AQUINO, Felipe de. Soberba. Disponível em: http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2012/06/04/a-soberba-2/ Acesso em 01 set. 2014).

– Daniel, porém, não se limitou a trazer a mensagem de juízo para o rei, mas, demonstrando amar o rei e desejar o seu bem, mesmo sentimento que Deus tinha para com Nabucodonosor, atreveu-se a dar um conselho ao monarca, recomendando-o a que se desfizesse de seus pecados pela justiça e as iniquidades usando de misericórdia com os pobres se se prolongasse a sua tranquilidade (Dn.4:27).

– Para escaparmos do juízo divino não existe outra maneira senão de se nos arrependermos de nossos pecados e de passarmos a fazer o bem. Daniel, conhecedor como ninguém do cotidiano do palácio real e dos atos do rei Nabucodonosor, foi claríssimo a indicar a ele o que deveria fazer. Deveria se arrepender dos seus pecados e usar de misericórdia com os pobres. Sem arrependimento, não pode haver perdão dos pecados.

– O conselho de Daniel veio acompanhado de uma demonstração de misericórdia do próprio Deus. Ao término de seu conselho, o profeta disse a expressão “se se prolongar a tranquilidade do rei”, ou seja, Daniel anuncia claramente ao rei que Deus, apesar de já ter anunciado o juízo, daria um tempo de tranquilidade, a fim de permitir ao rei que se arrependesse de seus pecados e usasse de misericórdia para com os pobres. Este tempo, diz-nos o próprio rei, foi de um ano, exatos doze meses (Dn.4:29).

 OBS: “…Acreditamos que, se o monarca tivesse tido um verdadeiro arrependimento de todos os seus pecados, a sentença teria sido mudada (ver Jr.3:5-10). Mas isso não era fácil para aquele coração de pedra. Ninguém muda seu coração apenas por querer ou desejar mudar, mas, sim, pela ajuda do Espírito Santo atuando misteriosamente em cada vida (Jo.16:8).…” (SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo, p.78).

– É precisamente o que temos visto ocorrer ao longo da história da humanidade e, mais propriamente, no tempo em que vivemos, a dispensação da graça, que é o tempo que Deus dá aos homens para que se arrependam de seus pecados e creiam em Cristo Jesus como seu Senhor e Salvador. É a infinita misericórdia de Deus, que é tardio em irar-Se (Na.1:3). Como nosso Deus é longânimo e quão ingratos têm sido muitos que têm desprezado este tempo que Deus lhes dá para que se arrependam de suas faltas.

III – O JUÍZO DIVINO É APLICADO SOBRE O REI NABUCODONOSOR  

– Nabucodonosor, porém, não atentou para o conselho de Daniel e não aproveitou este “ano aceitável” que Deus lhe deu para que escapasse do juízo divino e, por isso, como relata o próprio rei de Babilônia, “todas estas coisas vieram sobre o rei Nabucodonosor” (Dn.4:28).

– É lamentável, mas esta mesma dureza de cerviz que ocorreu na vida de Nabucodonosor se repete em milhões e milhões de vidas todos os dias. Muitos são devidamente advertidos pelo Senhor, mensageiros de Deus são levantados para trazer o Evangelho, mas as pessoas desperdiçam o “ano aceitável do Senhor” (Is.61:2; Lc.4:19), estando, pois, submissos ao juízo divino, que sobrevém com a morte (Hb.9:27) ou com o arrebatamento da Igreja (Ap.3:10).

– A situação em nossos dias, porém, é bem mais grave que a do rei Nabucodonosor, visto que, na própria mensagem de juízo dada ao rei da Babilônia, havia a promessa de uma restauração após “sete tempos”, mas, em relação aos que vivem neste nosso tempo da graça de Deus, não há qualquer promessa de restauração: “quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc.16:16).

Tomemos cuidado, pois aqui não há, como no sonho do rei, a manutenção de tronco e raízes da árvore, mas, sim, um juízo sem misericórdia (Tg.2:13), “ a queima da palha com fogo que nunca se apagará” (Mt.3:42).

– Nabucodonosor não aproveitou o tempo que Deus lhe deu para se arrepender e usar de misericórdia para com os pobres e, por isso, sofreu o juízo. Ao cabo de doze meses da mensagem recebida da parte de Deus pelo profeta Daniel, o rei exarou toda a sua soberba ao afirmar, enquanto passeava sobre o palácio real de Babilônia (quem sabe contemplando os seus jardins suspensos, uma das maravilhas do mundo antigo…): “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder e para glória da minha magnificência?” (Dn.4:30).

– Notemos a manifestação da soberba nesta afirmação do rei. Aqui vemos o egoísmo, a egolatria: a Babilônia que EU edifiquei, com a força do MEU poder e para glória da MINHA magnificência. Como o “eu” estava prevalecente na vida e na mente do rei Nabucodonosor! Como o “eu” está, também, prevalecente na vida e mentalidade dos homens de nossos dias, dias em que as Escrituras Sagradas afirmam que predominaria o egoísmo e, por conseguinte, o individualismo (II Tm.3:1-4).

– Jamais podemos pensar que somos os responsáveis pelo nosso sucesso, pela nossa situação favorável, pelas nossas vitórias, pelo nosso bem-estar. Devemos sempre nos lembrar do que nos ensinou o Senhor Jesus: “sem Mim, nada podeis fazer” (Jo.15:5 “in fine”).

– Tudo quanto ocorre ou acontece no mundo é resultado direto da vontade de Deus, seja a vontade operativa, quando é o próprio Deus quem realiza o que está a acontecer, seja a vontade permissiva, quando Deus não impede aquilo que se faz por parte de um ser dotado de vontade própria, como é o caso do ser humano. Nada, porém, fica à revelia da vontade e do controle do Senhor.

– Embora se trate de um versículo do Alcorão que é equivocadamente mencionado como passagem da Bíblia, tem-se uma verdade quando se diz que “nem uma folha da árvore cai sem a permissão de Deus”. OBS: Eis a passagem do Alcorão que traz esta afirmação: “Ele possui as chaves do incognoscível, coisa que ninguém, além d”Ele, possui; Ele sabe o que há na terra e no mar; e não cai uma folha (da árvore) sem que Ele disso tenha ciência; não há um só grão, no seio da terra, ou nada verde, ou seco, que não esteja registrado no livro lúcido” (6:59).

– É extremamente perigoso deixarmos que o “ego” prevaleça em nossas vidas. Isto é atentar contra a soberania divina e, portanto, trata-se de manifestação de soberba, que será sempre duramente castigada pelo Senhor, que não dá a Sua glória a qualquer outro ser (Is.42:8). Não é por outro motivo que o Senhor Jesus afirma ter, enquanto esteve na Terra, glorificado o nome do Pai (Jo.17:4). Temos imitado a Cristo?

– Nabucodonosor não aproveitou este tempo que Deus lhe deu e se considerou o único e exclusivo responsável pelo esplendor de Babilônia, pela constituição do seu império e, por causa disso, foi duramente punido pelo Senhor. As palavras ainda estavam na boca do monarca, quando uma voz do céu afirmou: “A Ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino e serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, far-te-ão comer erva como os bois e se passarão sete tempos sobre ti até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer” (Dn.4:31,32).

– Quem é soberbo recebe esta voz do céu, que o condena e o faz sentir toda a sua miséria, toda a sua insignificância diante de Deus, pois somos menos do que nada diante do Senhor (Is.40:15; 41:24). Quem, no entanto, se humilha, toma a sua correta posição, vive para glorificar o nome do Senhor, este recebe outro tipo de voz que vem do céu, precisamente a voz que, por duas vezes, ecoou em relação ao Senhor Jesus: “Este é o Meu filho amado em quem me comprazo” (Mt.3:17; 17:5). A voz do céu se agrada quando temos por objetivo glorificar o nome do Senhor (Jo.12:28).

– Temos aqui uma das poucas vezes em que as Escrituras Sagradas anunciam a “voz do céu” (em hebraico, “Bat Kol”, literalmente a “Filha da voz”), que “…era o instrumento através do qual Deus proclamava a Sua vontade e intenção, Seus julgamentos e promessas, Seus avisos e ordens, a indivíduos escolhidos, até mesmo a comunidades e, por vezes, a todo o povo de Israel…” (AUSUBEL, Natahn. Bat Kol. In: A JUDAICA, v.5, p.68).

– O próprio Deus interveio diretamente, como estava já anunciado no sonho que havia sido interpretado por Daniel, para dar cabo à soberba de Nabucodonosor, para que Ele entendesse o que o profeta já sabia desde o tempo de aluno, quando recebeu a revelação do sonho da estátua e sua correspondente interpretação, ou seja, que Ele “…muda os tempos e as horas, Ele remove os reis e estabelece os reis…” (Dn.2:21).

– Deus não mudou e continua a remover e estabelecer reis, continua a mudar os tempos e as horas. Muitos acham que Deus não interfere, que deixa simplesmente, de modo fatal, como que num destino, ser cumprido o que está revelado nas Escrituras Sagradas. Não resta dúvida alguma que Deus vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12), mas isto não significa que venha a atender uma situação peculiar e particular de um indivíduo, de uma comunidade e até de uma nação, porque Ele é soberano e pode agir, como agiu em relação ao rei Nabucodonosor. Acaso, não foi o que ocorre em Nínive nos tempos do profeta Jonas?

–  “…O texto em foco mostra como o julgamento veio a Nabucodonosor conforme fora predito e ele foi expulso do meio dos homens, aparentemente afetado da enfermidade conhecida como licantropia. A doença aqui referida está atestada em tempos pré-científicos, não sendo mais hoje mencionada por esse nome. O doutor Montagu G. Barker, psiquiatra clínico, descreve o que segue: ‘No que tange à doença de Nabucodonosor, as características são de um bem agudo ataque de insanidade; a sua aparência dava ideia de que ele era de fato um animal.

 Porém, quanto à sua recuperação, podia ser imediata. Em outras pessoas, porém, não acontece assim’. Continua ainda esse médico: ‘A pessoa que se recuperava da citada doença, o fazia imediatamente. Seu discernimento e bom senso, como aconteceu com Nabucodonosor, voltava imediatamente’. A autoridade acima citada informa que já teve, em sua clínica, dois pacientes com sintomas aparentes da mesma enfermidade e que eles imitavam cães, lobos etc.…” (SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo, p.87).

– “…Em psiquiatria, é um distúrbio onde o indivíduo pensa ser ou ter sido transformado em qualquer animal. O termo provém do grego lykánthropos (λυκάνθρωπος): λύκος, lýkos (“lobo”) + άνθρωπος, ánthrōpos (“homem”).(…) No distúrbio psiquiátrico da licantropia, acredita-se que exista um transtorno do senso de identidade própria segundo a definição de Scharfetter.

É encontrado principalmente em transtornos afetivos e esquizofrenia, mas pode ser encontrado em outras psicopatias. Psicodinamicamente, pode ser interpretado como uma tentativa de exprimir emoções suprimidas, especialmente de ordem agressiva ou sexual, através da figura do animal, que pode ser muito variado (lobo, cachorro, morcego, cavalo, sapo, abelha etc.). A psicoterapia e/ou o uso de medicação neuroléptica podem se mostrar efetivos.…” (Licantropia. In: WIKIPEDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Licantropia Acesso em 01 set. 2014).

– O grande rei Nabucodonosor, “dono do mundo” de então, por determinação divina, transforma-se em um verdadeiro animal irracional, que passa a comer erva, como se fosse um animal ruminante qualquer. Que impacto não sobreveio sobre o reino de Babilônia diante daquela situação. Que situação vexatória para quem se dizia ser o máximo, ser o responsável por todo o esplendor daquele império!

– Como dizia o saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012), era necessário que o rei Nabucodonosor tivesse seu corpo molhado pelo orvalho do céu para que reconhecesse que Deus é o Senhor, que Ele é o soberano e que nada pode ser feito sem Ele.

Só o orvalho do céu tem o poder de retirar toda a dureza de cerviz, todo o ego e fazer com que nos tornemos verdadeiros e genuínos servos do Senhor. Este orvalho do céu é símbolo do Espírito Santo, sem o qual jamais serem convencidos do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8).

– Por isso mesmo, todos quantos deliberadamente rejeitam o Espírito Santo depois de terem sido por Eles molhados do orvalho do céu, não alcançam mais perdão para as suas ofensas, praticando aquilo que se denomina de “pecado contra o Espírito Santo” ou “blasfêmia contra o Espírito Santo”, o único pecado que vai além dos limites da redenção, pois, como bem afirma o Catecismo da Igreja Romana, “…A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna” (§ 1864 CIC).

– Foram “sete tempos” em que Nabucodonosor ficou neste estado de animal irracional, ou seja, sete anos, período que é verdadeira figura do período do juízo divino que virá sobre o mundo e sobre Israel por terem rejeitado a Cristo Jesus. Decorrido este período, Nabucodonosor, também milagrosamente, foi restituído à sua lucidez, tendo retornado o seu entendimento, quando “levantou os seus olhos ao céu” (Dn.4:33).

– Nabucodonosor ficara prostrado durante aqueles sete anos, comendo a erva do campo, sem sequer olhar para o céu. Mas, passados os sete anos, pôde levantar seus olhos ao céu, reconhecer que havia algo que se encontra acima dele, que não era o “dono do mundo”, o “único e exclusivo responsável pelo esplendor de Babilônia” e, diante deste simples gesto de reconhecimento da soberania divina, recobrou o seu entendimento e pôde, então, bendizer o Altíssimo, louvá-l’O e glorifica-l’O, reconhecendo que só o Senhor é eterno, Seu domínio é sempiterno e Seu reino de geração em geração (Dn.4:34).

– Nesta sua declaração de reconhecimento da soberania divina, Nabucodonosor ecoa algumas verdades doutrinárias, como bem explicou o príncipe dos pregadores britânicos Charles Haddon Spurgeon em seu sermão “O rei indomável” (Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols16-18/chs949.pdf Acesso em 01 set. 2014), a saber, a doutrina da autoexistência de Deus – “bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei aO que vive para todo o sempre”. Como diz Spurgeon (1834-1892), Nabucodonosor declara algo que que se encontra em várias passagens bíblicas como Ap.4:9,10 e Jo.5:26.

– Nabucodonosor havia se convertido. Tornara-se um servo do Deus Altíssimo, um servo, não um suposto senhor; alguém submisso, não um rebelde; alguém que sabia que estava embaixo, não alguém que se supunha acima do próprio Deus. Como resultado desta humilhação, foi exaltado e retornou à condição de “rei de reis”, à condição de monarca da potência mundial de então. Quem se humilha é exaltado (Lc.14:11).

– Nabucodonosor chegou à conclusão de que “todos os moradores são reputados em nada” e que ninguém pode sequer perguntar a Deus o que Ele faz, já que o Senhor opera, segundo a Sua vontade, com o exército do céu e os moradores da terra. Nabucodonosor agora sabia que havia um Deus no céu e que tem Ele todo o controle sobre os céus e a terra (Dn.4:35).

OBS: “…Nabucodonosor fala da grandeza de Deus e da sua capacidade de fazer com que os homens orgulhosos se humilhem (Jeremias 27:4-6) e também reconhece a permanênciado reino de Deus (Salmo 145:13).…” (HARKRIDES, Robert. Trad. de Arthur Nogueira Campos, p.18. Disponível em: http://www.estudosdabiblia.net/daniel05.pdf Acesso em 01 set. 2014).

– Nabucodonosor retornou ao trono de Babilônia e a sua glória foi até aumentada (Dn.4:36), mas agora se tinha um rei totalmente diferente, um rei que, apesar de toda a sua glória, reconhecia que acima dele havia um Deus Todo-Poderoso, a quem ele deveria louvar, exaltar e glorificar, porque todas as Suas obras são verdade e os Seus caminhos, juízo, e pode humilhar os que andam na soberba (Dn.4:37).

– Nabucodonosor havia se convertido, porque havia se arrependido de seus pecados, confessado e deixado a prática pecaminosa e, por isso mesmo, alcançou misericórdia diante de Deus. Que exemplo este rei nos dá! Será que nos arrependemos dos nossos pecados? Será que os confessamos e os deixamos para viver segundo a vontade do Senhor? Não há outro meio de alcançarmos a graça e a misericórdia do Senhor. Que o exemplo de Nabucodonosor esteja sempre diante de nós para que não venhamos a padecer o juízo de Deus. Amém!  

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco  

Site: http://www.portalebd.org.br/files/4T2014_L5_caramuru.pdf

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