LIÇÃO Nº 5 – DONS DE ELOCUÇÃO
Os dons de elocução manifestam a onipresença de Deus no meio do Seu povo.
INTRODUÇÃO
– Na conclusão do primeiro bloco deste trimestre, que estuda os dons espirituais, falaremos a respeito dos dons de elocução.
– Os dons de elocução manifestam a onipresença de Deus no meio do Seu povo.
I – DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS
– Na conclusão do primeiro bloco deste trimestre, que estuda os dons espirituais, falaremos hoje dos últimos três dons da relação apresentada pelo apóstolo Paulo em I Co.12:8-11, os chamados dons de elocução.
– Os dons de elocução ou de fala (também chamados “dons de eloquência”) são em número de três, cuja finalidade é realizar a comunicação entre Deus e o Seu povo, mostrando assim que Deus está presente no meio do Seu povo e que é um Deus vivo, que ainda fala aos Seus filhos.
Por meio destes dons, sentimos o descanso do Senhor, pois a Sua presença nos faz descansar (Ex.33:14).
– O primeiro deles é o dom de variedade de línguas ou dom de línguas, que é o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que falem em línguas estranhas, de forma sobrenatural, para o fim de edificação própria de quem fala. É o dom mais disseminado no meio do povo de Deus, até porque é, também, aquele que é mais buscado.
– O dom de variedade de línguas ou de falar em línguas estranhas, dom este que, depois de ser elencado por Paulo na mencionada relação minudente de I Co.12, foi alvo de um estudo específico por parte do apóstolo em I Co.14, tendo em vista que este dom estava sendo mal utilizado pela igreja de Corinto, numa demonstração, aliás, como bem assinala R.N. Champlin que,
“…é bem possível que, naqueles primeiros anos da igreja cristã, a posse de tais dons era mais um lugar comum do que uma raridade (como é hoje em dia, observação nossa), e, portanto, que não demonstrasse necessariamente qualquer evidência de espiritualidade superior, ou mesmo de qualquer busca espiritual mais intensa.…”(Dons espirituais. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2, p.217-8).
– É interessante observar, por primeiro, que o fenômeno linguístico sempre esteve relacionado na Bíblia Sagrada ao homem e a seu contato com Deus.
Para demonstrar ao homem a sua supremacia sobre as demais criaturas terrenas, Deus fez com que Adão desse nome aos demais seres sexuados (Gn.2:19,20), sendo esta uma evidência de que a língua, conquanto criada por Deus, era um sinal distintivo do homem, era um fator de demonstração da natureza diferenciada do homem e, por conseguinte, da relação que deveria existir entre Deus e o homem.
Mas, também, logo se demonstrou que o adversário, conquanto não fosse homem, mas enquanto ser celestial, também tinha o poder da comunicação e, ao permitir o homem que se abrisse um diálogo com ele, sobreveio o fracasso espiritual (Gn.3:1-6).
– Ainda, na sequência da história da humanidade, para impedir que toda a humanidade se corrompesse numa rebelião generalizada, Deus confundiu as línguas em Babel, criando, de modo sobrenatural, as línguas existentes sobre a face da Terra(Gn.11:7-9),
línguas estas que, conforme têm comprovado os lingüistas ao longo dos últimos dois séculos, continuaram se proliferando a partir de então. Vemos, assim, uma vez mais que Deus atuou sobre o fenômeno linguístico, demonstrando, deste modo, Seu domínio sobre este importante instrumento usado pelo homem.
OBS: O Corão, livro sagrado dos muçulmanos, é explícito ao afirmar que a variedade de idiomas é um dos sinais divinos para a humanidade: “…E entre os Seus sinais está a criação dos céus e da terra, as variedades dos vossos idiomas e das vossas cores. Em verdade, nisto há sinais para os que discernem.…” (30:22)
– Em outro episódio, também, Deus comprovou que, além das línguas naturais, faladas pelos homens, que são criação Sua, também havia línguas que não eram discerníveis pelos homens, que não eram apreendidas por eles.
Na corte do então dono do mundo, o rei de Babilônia, Belsazar, uma mão escreveu palavras incompreensíveis na parede do palácio, palavras que só foram entendidas pelo homem de Deus, no qual estava o Espírito de Deus (Dn.5:14).
– No dia de Pentecostes seguinte à morte e ressurreição de Jesus, uma vez mais, Deus demonstrou Seu domínio sobre o fenômeno linguístico e, de modo não casual, evidenciou a reabertura do plano divino da salvação aos gentios, na medida em que colocou como sinal do batismo com o Espírito Santo o falar em línguas estranhas.
Esta fala feita pelos discípulos neste dia era um falar sobrenatural. Do mesmo modo que as pessoas passaram a falar em uma outra língua em Babel sem que a tivesse aprendido, do mesmo modo que Daniel interpretou a escritura da parede do palácio sem que tivesse estudado a referida língua, também os discípulos começaram a falar em línguas que nunca antes haviam aprendido.
Foi uma operação sobrenatural e é isto que significa falar em línguas estranhas na Bíblia Sagrada, seja como sinal do batismo com o Espírito Santo, seja como dom espiritual.
– É importante, em primeiro lugar, deixar claro que, se, hoje, no Brasil, ainda é uma raridade o poliglotismo, este é um fenômeno comum em grande parte das nações e o era na Palestina do tempo de Jesus e dos apóstolos.
Pelo menos dois idiomas eram falados por uma pessoa de mediana posição social na Palestina: o aramaico, que era o idioma próprio dos judeus daquele tempo e o grego, que era a língua falada por todos os povos orientais do Império Romano, o idioma do comércio e da cultura e que permitia, inclusive, a comunicação com os povos vizinhos e os estrangeiros que viviam entre eles (que não eram poucos).
Assim, não podemos achar que o falar em línguas estranhas tenha sido uma simples manifestação de poliglotismo, pois isto não representaria nada fantástico ou extraordinário para aquele povo naquela época.
– O que deixou o povo atônito foi o fato de saberem que as pessoas estavam falando em outras línguas e eles as ouviam falar em seus idiomas nativos, ou seja, nas línguas que estes judeus falavam em seus locais de nascimento, não no grego, então uma língua universal (como hoje é o inglês), tendo-lhes sido dito que se tratava de pessoas simples, vindas da Galileia e que, portanto, não tinham como aprender os idiomas que eles os ouviam falar (At.2:7,8).
– Esta sobrenaturalidade no falar também está presente no dom espiritual de variedade de línguas. O apóstolo Paulo, ao dissertar sobre este dom, afirmou que quem fala em língua estranha, não fala aos homens, fala a Deus e que ninguém o entende (I Co.14:2),
nem mesmo o próprio falante, pois é uma operação que não se faz mediante o uso do entendimento humano, da razão, mas algo que se realiza numa ligação direta entre o espírito humano e o Espírito de Deus (I Co.14:14-19).
– Falar em línguas estranhas, portanto, não é algo que seja feito pela nossa razão, pelo nosso entendimento, mas uma operação do Espírito Santo, pelo qual falamos em outras línguas, que não aprendemos a falar, mas que nos é concedida pelo Espírito Santo.
Por isso, não podemos, em absoluto, concordar com certas condutas de pessoas que dizem falar em línguas estranhas porque repetem expressões que ouvem alguns crentes falarem, ou que ensinam que as pessoas, para falar em línguas estranhas, devam, antes, “imitar” as falas que costumam ouvir em reuniões na igreja local.
Isto é falsificação seja do dom espiritual, seja do sinal do batismo com o Espírito Santo e deve ser evitado por tantos quantos seguem a sã doutrina.
– Não há, portanto, diferença na forma da operação do Espírito Santo no falar em línguas estranhas, seja como sinal do batismo com o Espírito Santo, seja como dom espiritual de variedade de línguas:
em ambos os casos, os homens e mulheres começam a falar noutras línguas, línguas estas que são faladas de modo sobrenatural, sem mediação do intelecto humano, por graça do Espírito Santo.
– Como afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus:
“…A essência das línguas como evidência inicial do batismo no Espírito Santo é a mesma da do dom de variedade de línguas. A diferença entre dom e sinal está na função.
A variedade de línguas é manifestada na oração particular para edificar o crente individualmente [I Co.14:4]…” (DFAD XX.5, p.175).
– O pastor e teólogo Jormicezar Fernandes da Rocha, de Ouro Preto do Oeste/RO, bem sintetiza as formas de atuação das línguas estranhas. Diz ele: “…quanto à forma, o falar em línguas pode ser:
a) evidências ou experiência inicial do batismo, podendo falar todos ao mesmo tempo, At,.2:4. Não se interpreta. Todo crente batizado com o Espírito Santo é estimulado a buscar o dom de variedade de línguas e, bem assim, os demais dons.
b) o falar em mistério com Deus para edificação própria, podem falar todos ao mesmo tempo, I Co.14:2,4. Não se interpreta. É típico dos cultos de oração.
c) o falar em línguas como em outro idioma, à semelhança do que ocorreu no dia de Pentecostes, At.2:5-12.
Nesse caso é um sinal para o descrente ou uma mensagem para um crente que fala outro idioma. Não necessita de intérprete porque já é falada no respectivo idioma, a menos que Deus queira fazer isso através da interpretação.
d) Uma mensagem à igreja. Nesse caso necessita de interpretação que pode ser pela própria pessoa que fala ou através de outra que Deus usará com o dom da interpretação, e só pode falar 2 ou 3 por vez, I Co.14:23,27,28.
e) Uma mensagem a descrentes (idiomas) I Co.14:22-25. Se não falar no idioma da pessoa precisa da interpretação.
De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos.…” (A excelência do ministério cristão: valorizando o que é excelente. EBOADERON 2013, p.59).
– Estas línguas podem ser tanto línguas humanas, quanto línguas dos anjos. Como já vimos supra, Deus, no Antigo Testamento, já evidenciara a existência tanto de línguas humanas, surgidas na torre de Babel, criadas pelo próprio Deus originalmente e que se diversificaram ao longo dos séculos de modo humano, como de línguas sobrenaturais, como se verificou no episódio da escritura lançada na parede do palácio de Belsazar.
– Em o Novo Testamento, a Bíblia não é clara se os discípulos falavam nas línguas dos judeus da diáspora que compunham a multidão que ouviu o sermão de Pedro no dia de Pentecostes, ou se se tratava de línguas sobrenaturais, isto porque o texto bíblico afirma que a multidão os ouvia falar em suas línguas nativas, não que os discípulos estivessem falando tais línguas (At.2:6-8).
É importante que isto se diga, porque muitos, ao lerem este relato da primeira experiência pentecostal, argumentam que as manifestações de línguas estranhas dos nossos dias não seriam autênticas, porque os idiomas falados não corresponderiam a quaisquer línguas conhecidas, como teria ocorrido no dia de Pentecostes.
– Que podem ser faladas línguas dos anjos, temos, também, como evidência bíblica, o que nos diz o apóstolo Paulo quando fala sobre o dom de línguas em I Coríntios, pois é claro ao dizer que são faladas línguas dos homens e línguas dos anjos (I Co.13:1), bem como admitiu que há línguas que ninguém entende (I Co.14:2).
Portanto, seja como sinal do batismo com o Espírito Santo, seja como dom espiritual de variedades de línguas, as línguas estranhas faladas pelos crentes são tanto humanas como angelicais.
II – DIFERENÇAS ENTRE LÍNGUAS COMO SINAL E COMO DOM ESPIRITUAL
– Se, na sobrenaturalidade, as línguas estranhas seja como sinal, seja como dom espiritual, são iguais e idênticas, são, entretanto, distintas em todos os demais pontos que possamos observar, sendo, portanto, realidades e fenômenos espirituais distintos, diferentes, que não podem ser confundidos pelos que conhecem a Palavra de Deus.
– As línguas estranhas são o único sinal bíblico do batismo com o Espírito Santo. Nas cinco passagens bíblicas em que é dito que alguém foi batizado com o Espírito Santo, de forma explícita (em três ocasiões) ou implícita (em duas ocasiões),
é dito que os crentes falaram em línguas estranhas e que, por isso, a igreja pôde entender que tais pessoas foram revestidas de poder. Sendo assim, vemos que todos os crentes batizados com o Espírito Santo falam em línguas estranhas quando recebem esta bênção espiritual.
Quem recebe o batismo com o Espírito Santo, fala em língua estranha no momento em que está recebendo o revestimento de poder, sem qualquer exceção.
– Assim, a língua estranha enquanto sinal do batismo com o Espírito Santo é algo que está presente na vida de cada crente batizado com o Espírito Santo.
A língua estranha como sinal do batismo é algo universal, portanto. Se alguém foi batizado com o Espírito Santo, falou em língua estranha pelo menos no instante em que recebeu esta bênção.
Deste modo, só existe um meio biblicamente aceitável para dizer se alguém foi batizado com o Espírito Santo: ter sido visto falar em língua estranha.
– Já a língua estranha como dom espiritual tem uma outra abrangência. Como dom espiritual, diz a Bíblia, é repartida particularmente pelo Espírito Santo a quem Ele quer, ou seja, não é uma bênção que seja distribuída a todos os crentes batizados com o Espírito Santo, mas tão somente a quem o Espírito Santo quer.
O próprio apóstolo Paulo afirmou, em I Coríntios 12:2, que havia aqueles que falavam em língua estranha, prova de que não eram todos os que falavam em língua estranha.
– O dom de línguas, portanto, não é para todos, mas para alguns, ainda que seja, historicamente, o mais disseminado dos dons espirituais, o que se compreende tanto pelo fato de que se trata de um instrumento de edificação individual, quanto pela circunstância de ser o dom mais buscado pelos crentes, a ponto de Paulo ter tido necessidade de pedir aos coríntios que buscassem mais os dons de profecia e o de interpretação das línguas.
– Se todos os batizados com o Espírito Santo falam em língua estranha quando recebem o revestimento de poder, mas nem todos têm o dom de línguas, então há um grupo de crentes que, apesar de serem batizados com o Espírito Santo, não possuem o dom de línguas e, por conseguinte, apesar de terem falado em língua estranha no instante do batismo, não mais falarão dali por diante.
A existência deste grupo deve ser aqui realçada pois, inadvertida e erroneamente, há muitos que acham que, se alguém foi batizado com o Espírito Santo e deixou de falar em língua estranha, precisa ser renovado, não está bem espiritualmente, pecou ou fez algo que não era da vontade de Deus.
Nem sempre podemos assim considerar, pois nem sempre quem é batizado com o Espírito Santo, recebe o dom de línguas.
– As línguas estranhas como sinal do batismo com o Espírito Santo se tratam de um falar sobrenatural em que se enaltecem as grandezas de Deus (At.2:11).
As pessoas, portanto, no instante em que recebem o batismo com o Espírito Santo, começam a falar com Deus, a exaltá-l’O, a louvá-l’O, a glorificá-l’O de uma forma evidente e que pode ser notada e contemplada por todos os homens.
O batismo com o Espírito Santo é uma demonstração do poder de Deus, é uma exuberante oportunidade em que o Espírito Santo usa um servo de Deus para magnificar o nome do Senhor e levar o mundo a conhecer as grandezas de Deus, por intermédio da sobrenaturalidade.
– Enquanto sinal, portanto, as línguas estranhas têm como objetivo, mesmo, impactar os infiéis, dar mostra do poder de Deus a tantos quantos ouvirem e contemplarem o fenômeno e, portanto, não há conduta, não há regra que possa disciplinar a sua ocorrência.
Disto a Bíblia nos dá conta porque não há duas ocorrências que sejam idênticas no recebimento do batismo com o Espírito Santo.
– As cinco narrativas bíblicas têm peculiaridades, numa prova de que não há um método, não há um ritual, uma forma específica para o revestimento de poder e, consequentemente, do falar em línguas estranhas, algo que sempre ocorre quando alguém é batizado com o Espírito Santo.
Por isso, não devemos nos escandalizar nem estranhar testemunhos de pessoas que foram batizadas com o Espírito Santo enquanto trabalhavam, faziam tarefas domésticas, como já ouvimos em nossos anos de fé.
– Já o dom de línguas não segue o mesmo regime normativo. Sendo um dom espiritual, tem como finalidade a edificação espiritual, não é uma simples transmissão do poder divino por si só, mas, como dom espiritual, é algo que tem um objetivo de edificação, de construção espiritual do povo de Deus. O dom de línguas tem, assim, um fim diverso do sinal do batismo com o Espírito Santo.
– Este fim, diz-nos Paulo, é, em primeiro lugar, a edificação individual do falante (I Co.14:4); em segundo, permitir que a mensagem que serve de edificação individual do falante possa ser interpretada e seja conhecida por toda a igreja que, assim, poderá compartilhar desta edificação do falante (I Co.14:5).
– Diante desta finalidade, o dom de línguas deve ser exercido conforme algumas regras, regras estas que estão na Bíblia Sagrada. Se o objetivo do dom de línguas é a edificação individual do falante, as línguas não devem ser faladas para que todos ouçam, mas devem fazer parte da devoção individual da pessoa.
É um falar de espírito humano ao Espírito de Deus, que edifica o espírito do falante, que permite uma comunicação direta com o Senhor, comunicação esta que é uma troca de segredos entre Deus e o homem, uma demonstração da maior intimidade que pode haver entre Deus e o homem.
– Por isso, é algo que deve estar no nosso instante diário a sós com Deus, naquele momento em que estaremos em secreto com o Senhor (Mt.6:6).
Era nesta situação de intimidade que Paulo falava mais línguas do que todos os coríntios (I Co.14:18) e que ensinou não ser possível que o governo eclesiástico proíba que um crente fale em línguas (I Co.14:39), pois se trata de uma manifestação adequada à devoção individual, sobre a qual ninguém tem domínio na igreja local.
– Se a edificação é individual do falante, nas reuniões da igreja local, não podem, portanto, os crentes querer ficar falando em línguas estranhas, para serem ouvidos pelos demais, pois o dom de línguas não tem qualquer papel coletivo, a menos que se esteja diante do segundo fim do dom de línguas, qual seja, o de ser o início de um processo que culminará com a interpretação da mensagem, para que toda a igreja possa compartilhar da edificação do falante.
Segundo, pois, o ensino do texto sagrado, a pessoa que tem o dom de línguas somente poderá falar em línguas de forma a ser ouvido pelos demais, numa reunião, numa devoção coletiva (seja familiar, seja na igreja local), se a mensagem for para ser interpretada, por ele mesmo (se também tiver o dom de interpretação) ou por outrem (I Co.14:27).
– Se começar a falar em línguas na reunião e perceber que não há quem a interprete, deverá ficar calado na igreja, contendo-se, apenas falando em línguas em instantes em que a liturgia permite a manifestação individual de cada um (momentos de louvor, de oração ou similares) (I Co.14:28).
– Sabemos que não tem sido esta a forma pela qual os crentes pentecostais têm se comportado, notadamente nós, das Assembleias de Deus no Brasil, mas é para isto que estamos frequentando a Escola Bíblica Dominical,
para conhecermos e prosseguirmos em conhecer ao Senhor, adequando-nos cada vez mais aos princípios e ensinamentos da Palavra de Deus, pois não somos perfeitos, somos seres humanos, mas, como salvos, devemos nos aperfeiçoar até atingir a condição de varões perfeitos, a medida da estatura completa de Cristo (Ef.4:13).
– Muitos têm confundido barulho com fervor espiritual, esquecendo-se que, nas Escrituras, o barulho que chama a atenção da multidão é o da língua estranha enquanto sinal do batismo com o Espírito Santo (I Co.14:22), não enquanto dom espiritual.
– A inobservância desta regra bíblica somente trará escândalo e prejuízo à causa do Evangelho (I Co.14:23).
Será que as pessoas que têm causado barulho intenso nas reuniões da igreja local, que perturbam a reunião, que impedem que as pessoas ouçam a mensagem, em especial as que não são crentes, costumam passar horas em oração, nas madrugadas, falando em línguas com o Senhor?
Será que são pessoas que têm efetiva intimidade com Deus ou querem apenas aparecer, nas reuniões, tomando para si uma atenção que deveria estar voltada apenas para o Senhor? Será que têm sido demonstrações do poder de Deus ou instrumentos do adversário para atrapalhar a operação divina em nossas reuniões?
OBS: “…Precisamos encarar com suspeita aquelas congregações locais que dependem de elevada dose de levante emotivo nos cultos, a fim de ‘ fazer baixar’ o poder.
É fato bem conhecido que no frenesi da emotividade, as pessoas com freqüência entram nos estágios iniciais de um transe; e, nessa condição, ficam sujeitas à influência de certos ‘espíritos’ e não apenas do Espírito Santo. Além disso, sem que tenha consciência do fato, uma pessoa pode ‘ auto-hipnotizar-se’.
É, então, neste estado, despertando poderes psíquicos naturais, que se confundem as manifestações do Espírito com as manifestações do espírito humano.
Nesse estado, várias ‘ imitações’ podem evidenciar-se. Os êxtases não são errados por si mesmos, porquanto Pedro e Paulo experimentaram transes, e então receberam visões. Isso é típico das experiências místicas; e algumas vezes é até um fenômeno necessário(…).
A mesma coisa sucede hoje em dia no espiritismo e entre os místico em todo o mundo. Com base nesses fatos, pode-se perceber facilmente que o contato com o sobrenatural, com profecias verdadeiras, com o falar em línguas, com as curas, com todas as manifestações dessa natureza, através das experiências místicas, não precisam ser originadas por uma única fonte, necessariamente boa e justa.
Assim sendo as coisas, devemos ser cautelosos em nossa aquilatação das ‘ realidades’ e da ‘ falsidade’ de manifestações que vemos e ouvimos.
A regra de Cristo estipula que podemos conhecê-los pelos frutos(…). Isso não significa, contudo, que não devamos buscar os dons espirituais, mas significa que devemos buscá-los somente através do ‘ desenvolvimento’ espiritual, e não como desejo de obter acesso à espiritualidade mediante algum atalho fácil.
Pode-se dizer, com toda a confiança, que aquele que tem o preparo espiritual prévio, que anela em sua busca espiritual, que tem a vida moral que o aponta como um crente digno, pode buscar e obter os dons espirituais.…” (CHAMPLIN, R.N.. Dons espirituais. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2, p.218).
– Quem recebe o dom de línguas, recebe, juntamente com o dom espiritual, uma responsabilidade: orar para que possa interpretar as línguas que fala ou que Deus levante alguém que as possa interpretar durante as reuniões.
Este é um dever de quem recebe este dom, conforme nos ensinou o apóstolo Paulo (I Co.14:13). Se um crente recebe o dom de línguas, recebe, também, o dever de orar para que as línguas sejam interpretadas e, se não o faz, i.e., se não ora neste sentido, estará se portando como o servo que enterrou o talento do seu Senhor (cfr.Mt.25:25).
– Quando recebemos do Espírito Santo o dom de línguas, temos, portanto, a obrigação de orar para que o Senhor interprete a língua que está sendo falada, a fim de que todo o povo de Deus, na igreja local, possa compartilhar da edificação.
Enquanto isto não ocorrer, é imperioso que o falante de língua estranha mantenha-se calado na igreja, apenas falando em língua, como dissemos, nos instantes de devoção individual na reunião.
– Por tudo que temos dito até aqui, em especial no item anterior, não é surpresa para qualquer dos amados irmãos que têm lido este comentário, que a conclusão a que chegamos é a de que o dom de variedade de línguas é um dom espiritual que deve ser submetido ao julgamento dos demais crentes, ao julgamento da igreja local.
– Quase todos os crentes sabem que o dom de profecia deve ser julgado pela comunidade, pois, como afirmam as Escrituras, o espírito do profeta está sujeito ao profeta (I Co.14:32).
A profecia é dada pelo Espírito Santo ao crente detentor deste dom espiritual e o espírito do profeta entrega a mensagem à igreja, mas, antes desta entrega da mensagem divina, esta mensagem passa pelo intelecto do profeta, de modo que poderá ele, se o quiser, deturpar a mensagem, pois Deus não retira o livre-arbítrio do homem, pois é um ser moral, verdadeiro e de caráter e que não muda nem n’Ele há sombra de variação (Tg.1:17).
Tendo feito o homem com liberdade (Gn.2:16,17), nunca a suprimirá. Tanto assim é que a Bíblia dá-nos um exemplo, ainda no Antigo Testamento, de um profeta sincero e fiel a Deus que, num momento de deslize, resolveu profetizar por conta própria.
Imediatamente após este gesto de iniciativa própria, Natã teve de comparecer diante do rei Davi e se retratar, por determinação do Senhor (II Sm.7:1-17).
– Com relação ao dom de variedade de línguas, entretanto, como não há uma explícita determinação bíblica, bem como diante da sua disseminação no meio do povo de Deus que crê no evangelho completo e na atualidade da experiência pentecostal, há um comportamento um tanto quanto diferente e um entendimento de que o exercício deste dom está imune a qualquer julgamento da coletividade ou dos demais crentes.
Há uma quase que veneração do dom de línguas, considerado como uma manifestação direta do Espírito Santo, que não tem intermediação do entendimento humano e que, portanto, está acima de qualquer suspeita.
– Contudo, não é este o ensinamento bíblico. O dom de variedade de línguas é considerado inferior ao dom de profecia (I Co.14:1-5), uma vez que, enquanto este visa a edificação de toda uma comunidade, aquele apenas se refere à edificação individual, sendo, pois, menos abrangente e de menor utilidade, que é o critério que Paulo diz que deve ser sempre buscado no exercício dos dons espirituais, que existem não para enaltecimento dos seus detentores, mas para o aprimoramento espiritual da Igreja e facilitação de suas tarefas neste mundo (I Co.12:7).
– Quando o dom de variedade de línguas é acompanhado de interpretação, então é equiparado ao dom de profecia (I Co.14:5,15).
Se assim é, pois, quando houver interpretação, a mensagem deve ser julgada tanto quanto uma profecia, pois tem o mesmo valor que uma profecia.
Deste modo, também se determina o julgamento de uma mensagem em língua estranha que seja interpretada, pois, de igual forma, o espírito do intérprete está sujeito ao intérprete.
– E se não houver interpretação? Ora, se não houver interpretação, o falante deve ficar calado na igreja. Se não o fizer, deve ser julgado, sim, pela comunidade, para que se saiba porque está falando em língua estranha em momento em que as Escrituras mandam calar-se.
Está falando porque também está interpretando a mensagem? Está falando porque outrem está interpretando? Está falando porque não foi corretamente ensinado? Está falando porque está sendo batizado com o Espírito Santo? Está falando porque quer aparecer diante da comunidade? Está falando porque não quer deixar que a Palavra de Deus seja pregada? Está falando porque é um instrumento das trevas?
Este julgamento não é incredulidade, blasfêmia ou seja lá o que se quiser achar, mas simples aplicação da Bíblia Sagrada.
Precisamos fazer um culto racional, um culto com entendimento ao Senhor. Tais meninices e, muitas vezes mesmo, perturbações malignas, em nossas reuniões, são um desserviço, ou seja, são obstáculos a que possamos oferecer a Deus um sacrifício santo e agradável a Ele.
Tenhamos discernimento espiritual e sejamos zelosos para que apenas o Espírito Santo atue em nossa devoção ao Senhor.
III – O DOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS
– O dom de interpretação de línguas é o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que interpretem as línguas estranhas faladas por eles ou por outros, para o fim de que a mensagem edifique também a igreja e não apenas quem está falando em línguas.
– É, por isso, que o apóstolo Paulo aconselha que quem tem o dom de variedade de línguas busque o dom de interpretação (I Co.14:13), pois, assim fazendo, a sua edificação individual se tornará coletiva, além do que seu entendimento também será enriquecido com a sua edificação espiritual.
Partir-se-á de uma operação íntima, da qual nosso intelecto não participa, para uma operação que trará fruto para a igreja e para a própria alma do que fala em língua estranha: “…na oração pública, a edificação é geral; nesse caso, há necessidade do dom de interpretação de línguas [I Co.14:5].” (DFAD XX.5, p.175).
– Entretanto, é com pesar que verificamos que este dom é um dos que menos se apresenta na igreja na atualidade, o que causa grande prejuízo espiritual. Se hoje muitos se surpreendem com o fato de grupos idólatras estar falando em línguas estranhas e se existe muita mistificação e falsificação do dom de línguas nas nossas próprias igrejas locais, na atualidade, isto se deve, em grande parte,
a esta negligência na busca do dom de interpretação de línguas, pois se o dom de interpretação estivesse tão ativo quanto o dom de variedade de línguas, identificaríamos as falsificações e as imitações demoníacas não causariam tanto abalo na fé de muitos como têm causado.
Não nos esqueçamos de que o apóstolo Paulo disse que a associação do dom de variedade de línguas com o de interpretação proporciona o mesmo efeito do dom de profecia (I Co.14:5) e que um dos principais efeitos da profecia é evitar a corrupção do povo de Deus (Pv.29:18a).
– Assim como o dom de variedade de línguas, temos que o dom de interpretação das línguas é uma tradução sobrenatural daquilo que é falado, uma tradução que não decorre do conhecimento que alguém tenha da língua que é falada pelo crente, mas uma tradução que se faz independentemente do intelecto, por operação direta do Espírito Santo.
– O dom de interpretação de línguas, como vimos, faz com que o falar em línguas estranhas torne uma edificação individual em edificação coletiva.
O dom de interpretação de línguas associado ao dom de variedade de línguas tem o mesmo valor do dom de profecia, que o apóstolo Paulo afirma ter o mais sublime dos dons de elocução, o melhor deles, que traz diretamente edificação, consolação e exortação da Igreja (I Co.14:1-4).
– Neste ponto, o apóstolo rememora o ensino do proverbista de que a profecia é absolutamente necessária para evitar a corrupção do povo de Deus (Pv.29:18).
Não havendo este contato direto de Deus com o Seu povo, o povo, certamente, haveria de se corromper, de fracassar no seu intuito de servir ao Senhor. O dom de interpretação de línguas, portanto, permite que a edificação pessoal de cada crente sirva para o progresso e crescimento espirituais de toda a igreja.
– Verificamos, portanto, que o dom de interpretação de línguas é um instrumento dado por Deus à igreja para que o esforço devocional de um membro sirva para toda a igreja, para todos os membros que com ele participam de uma porção do corpo de Cristo, da chamada igreja local.
– O dom de interpretação de línguas, portanto, é uma demonstração do amor fraternal, da entrega de um crescimento e edificação espirituais de um indivíduo para todos os irmãos que com ele congregam, daí a sua importância e sublimidade, pois é verdadeiro exercício altruísta.
– Será que, por isso, temos tanta raridade deste dom e da busca deste dom em nossos dias? Será que este não é um sinal de que o povo de Deus não tem se conscientizado de que os dons espirituais são para servir, para atender ao outro e não se constitui em instrumento de imposição de uma suposta superioridade espiritual? Pensemos nisto!
– O dom de interpretação de línguas deve, também, ser objeto de julgamento, pois, associado ao dom de variedade de línguas, tem o mesmo valor da profecia e, portanto, a ele estão prescritas as mesmas normas e condutas ensinadas pelo apóstolo Paulo em I Co.14.
– O intérprete das línguas estranhas, se for pessoa distinta do que fala as línguas estranhas, não pode “atropelar” o que fala as línguas estranhas, devendo dar o entendimento do que é falado após as línguas estranhas tenham sido faladas. Normalmente, nesta sincronia vemos se a manifestação do dom de interpretação é, ou não, genuína e legítima.
IV – O DOM DE PROFECIA
– O dom de profecia é o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para trazer mensagens de Deus aos crentes com a finalidade de edificar, exortar e consolar a igreja.
– A profecia é uma demonstração de que Deus está conosco a todo instante e que compartilha de nossos sentimentos, fazendo questão de lhos manifestar para que, sentindo a Sua compaixão, ajamos de acordo com a Sua vontade.
– A profecia, também, é uma forma de os incrédulos perceberem a presença de Deus e, ante esta percepção, terem o devido temor, que poderá lhes levar à conversão (I Co.14:22-25).
Além do mais, como já dissemos supra, a profecia é necessária para impedir a corrupção do povo de Deus.
Apresenta-se, assim, como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao céu.
– Por todos estes fatores, o apóstolo Paulo considera este dom como um dos mais importantes, senão o mais importante (I Co.14:1), já que exerce ele, ao lado do dom ministerial de profeta, um papel profilático para evitar a corrupção do povo de Deus (Pv.29:18) e guardar-se da corrupção do mundo é um dos dois aspectos da religião pura e imaculada, ou seja, de nossa relação com o Senhor (Tg.1:27).
– O dom espiritual de profecia é esporádico, manifestado quando há necessidade de se exortar, consolar ou edificar a Igreja, quando o Espírito Santo quer falar diretamente ao povo, sem a intermediação das Escrituras.
Temos, via de regra, mensagens em que há o anúncio de algo que serve de edificação, exortação e consolação à Igreja, a fim de demonstrar que Deus está no controle da situação e que se encontra ao nosso lado, a fim de que não nos desesperemos nem desanimemos de servir ao Senhor.
– Este caráter esporádico do dom espiritual de profecia faz-nos ver que não podemos esperar do “profeta” ou “profetisa” que sempre esteja a “revelar mensagens do Senhor”, como muitos equivocadamente procedem em nossos dias.
A mensagem vem quando o Espírito Santo quer e entender necessário (I Co.12:7,11), não para satisfazer curiosidades, mas para promover a edificação, exortação e consolação da Igreja (I Co.14:3,5).
– A profecia, enquanto dom espiritual, é uma maneira de o Espírito Santo Se comunicar com a Igreja, de anunciar o necessário para nosso ensino e para nosso guiar em toda a verdade (Jo.16:13).
Através desse dom espiritual, o Espírito faz-nos saber o que há de vir, não para que tenhamos acesso ao futuro, mas para que saibamos que Deus está no controle de todas as coisas, como fez com Ágabo na revelação seja da fome no tempo de Cláudio César, seja na prisão de Paulo em Jerusalém.
– Como é uma ação do Espírito Santo, que tem como missão glorificar o Filho e nos fazer lembrar o que Ele nos disse (Jo.14:26), temos aqui também uma atividade que jamais pode contrariar as Escrituras nem sequer acrescer o que revelou na Bíblia Sagrada.
– O dom espiritual da profecia, sendo uma manifestação do Espírito, jamais pode contrariar a própria natureza da missão do Espírito Santo entre nós, que é o de glorificação do Filho e direção dos crentes em toda a verdade, que é a Palavra de Deus.
Profecia alguma pode contrariar o que diz a Bíblia Sagrada, nem querer ter o condão de acrescer coisa alguma ao que se acham nas Escrituras.
– Por isso, a Igreja não pode se guiar por profecias ou mensagens proféticas, mas, sim, tem de se guiar pela verdade. As profecias, quando surgirem, somente virão para consolar, exortar e edificar o povo, confirmando a Palavra, a revelação divina na pessoa de Cristo Jesus.
– Por isso, as profecias têm de ser julgadas pela Igreja (I Co.14:29), julgamento outro que não é senão o que foi mandado pelo Senhor Jesus, qual seja, o julgamento segundo a reta justiça, o julgamento segundo a Palavra de Deus (Jo.7:24).
– Sem a profecia, o povo se corrompe. Paulo admoestou os crentes a que buscassem o dom de profecia, dada a sua importância para que se mantenha a vitalidade e a saúde espiritual da Igreja (I Co.14:1,39).
– Não se pode, pois, impedir a ação do Espírito Santo na igreja, pois não se pode extinguir o Espírito nem desprezar as profecias (I Ts.5:19,20). Quem o faz, abre a brecha para que o povo se corrompa, esteja à mercê do inimigo de nossas almas.
– No entanto, não podemos dar à profecia lugar diverso do estabelecido nas Escrituras, ou seja, abaixo da própria Bíblia Sagrada. Não se pode, pois, dar à profecia maior valor que a Bíblia, muito menos deixar de julgar a profecia à luz da Palavra de Deus.
Quem assim o fizer, estará agindo mal, permitindo que o mal adentre no meio do povo do Senhor. Tomemos cuidado, pois!
– “…O dom de profecia é diferente da profecia anunciada pelos profetas do Antigo Testamento. A revelação canônica já se encerrou [Ap.22:18,19 – referência nossa], mas Deus continua a falar por meio da Bíblia [Hb.4:12; II Tm.3:16,17].
O Senhor provou outros recursos pelos quais Se comunica com os seres humanos, dentre eles o dom de profecia [At.2:17,18], como manifestação momentânea do Espírito Santo na vida de qualquer crente batizado no Espírito Santo.
O seu objetivo é a ‘edificação, exortação e consolação’ (I Co.14:3). Por meio desse dom, o Senhor continua comunicando-Se com Seus servos e servas de forma individual, mas a profecia decorrente do dom não serve de fonte de autoridade, como a dos profetas e dos apóstolos bíblicos, pois é possível alguém ampliar a mensagem sem autorização do Espírito, sendo, inclusive, passível de julgamento:
‘E falem dois ou três profetas, e os outros julguem’ (I Co.14:29); ‘E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas’ (I Co.14:32).…” (DFAD XX.5, p.175).
– Neste ponto, aliás, devem ser especialmente zelosos os pastores, aqueles a quem o Senhor deu o governo da Igreja.
Em Corinto, um dos problemas existentes era a desordem no culto, causada, sobretudo, pela proeminência obtida por mulheres que profetizavam, que, inclusive, por causa do dom de profecia, estavam, inclusive, a subverter, no culto, não só a ordem litúrgica, mas também a ordem social, causando escândalo para a Igreja, os judeus e os gentios.
– Porque as mulheres profetizavam, deixaram a sua posição tanto na Igreja quanto na sociedade, comportando-se de modo desrespeitoso e leviano.
Paulo os admoestou severamente por causa desta conduta (I Co.11:1-16), tendo, inclusive, mostrado que a profecia está aquém da doutrina, tanto que disse que as mulheres deveriam ficar caladas na igreja (I Co.14:34), circunstância que se explica não como “machismo”, como muitos estão a distorcer o texto na atualidade, mas, sim, como prevalência da ministração da Palavra, feita necessariamente por homens (os pastores e mestres) sobre a profecia (dom disponível tanto a homens quanto a mulheres).
– Por isso, não pode ser tolerada prática encontrada em alguns lugares, onde os “profetas” e “profetisas” monopolizam as reuniões, sendo os verdadeiros “adorados” e não o Senhor. Já há lugares onde “profetas” e “profetisas” interrompem as pregações ou dizem o que deve ser pregado.
Sem falar nos “encontros de vasos”, “ranchos de profetas” e “períodos de profecia”, aberrações que não têm qualquer respaldo bíblico e que são inadmissíveis.
– A profecia existe até hoje e é necessária à saúde espiritual da Igreja, mas tem o seu lugar, ao lado da revelação, da ciência e da doutrina (I Co.14:6). A atividade profética depende da vontade do Espírito Santo, não do homem. Devemos consultar a Deus e não ao homem.
– Em nossas dificuldades, incertezas e dúvidas, temos de ir aos pés do Senhor Jesus, suplicar-Lhe a orientação devida, o consolo, a exortação, o fortalecimento.
Se o Senhor quiser, usará de profetas para nos consolar, exortar e edificar, como pode usar da revelação, da ciência e da doutrina. Não somos nós quem opera, mas o Espírito Santo, que tem de estar em nós (Ef.4:20). Temos agido assim?
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6382-licao-5-dons-de-elocucao-i