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LIÇÃO Nº 5 – JACÓ, UM EXEMPLO DE UM CARÁTER RESTAURADO

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Jacó é um exemplo de transformação de caráter por Deus

INTRODUÇÃO

– Em continuidade do estudo de personagens bíblicas que nos ensinam sobre o caráter do cristão, estudaremos, hoje, Jacó, cujo nome foi mudado para Israel.

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– Jacó é um exemplo de transformação de caráter por Deus.

I – JACÓ, O SUPLANTADOR

– Isaque orou instantemente por vinte anos para que Deus abrisse a madre de sua mulher Rebeca, que era estéril (Gn.25:20,21,26) e Deus ouviu a sua oração. Rebeca engravidou e logo notou que havia gêmeos em seu ventre, que lutavam entre si (Gn.25:22), tendo, então, o Senhor, em resposta à oração de Rebeca, dito que havia duas nações no seu ventre e que o maior serviria o menor (Gn.25:23).

– Portanto, antes mesmo do seu nascimento, Jacó já fora escolhido por Deus para ser o herdeiro da promessa de Abraão (Ml.1:2; Rm.9:13). Deus usou da Sua soberania para escolher Jacó para ser o terceiro patriarca.

Tal escolha, porém, não significa, em absoluto, que haja uma predestinação incondicional, que Deus seleciona previamente quem será salvo e quem não o será.

Aqui, a escolha dizia respeito à formação da nação de onde viria o Salvador e, como a nação era formada diretamente por Deus, tinha Ele o pleno direito de escolher quem quisesse, sem que isto representasse parcialidade ou injustiça.

Já a ideia da predestinação incondicional é incompatível com a assertiva bíblica de que Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34).

– No nascimento, Esaú nasceu primeiro, tendo sido chamado Esaú porque era cabeludo, sendo também chamado Edom, porque era ruivo, enquanto que o caçula foi chamado de “Jacó”, porque nasceu segurando no calcanhar de seu irmão.

Por isso, recebeu o nome de “Jacó”, que significa “suplantador” ou “aquele que segura pelo calcanhar” ou, ainda, “Deus protege”. ‘Suplantar” tem vários significados, entre os quais, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “fazer (alguém) perder um favor, um emprego etc., tomando-lhe o lugar; conseguir vantagem sobre (outrem ou si mesmo); sobrepujar(-se), superar(-se); vencer (um obstáculo ou dificuldade); superar”.

– Isaque e Rebeca, portanto, já sabiam de antemão que Jacó era o escolhido para dar seguimento à formação da grande nação prometida a Abraão e na qual seriam benditas todas as famílias da terra (Gn.12:1-3) e as circunstâncias do nascimento que levaram, inclusive, à concessão dos nomes aos filhos gêmeos, também já mostravam que Jacó ocuparia o lugar que, por direito, seria de seu irmão primogênito, mas, infelizmente, se esqueceram de tal afirmação divina e se deixaram inclinar por suas predileções pessoais.

Isaque preferia Esaú, porque seu comportamento lhe agradava, assim como Rebeca preferia Jacó também por causa da conduta de seu filho caçula. Como já vimos na lição 12, esta atitude acabou levando à própria destruição do lar do segundo patriarca.

– O fato é que, num certo dia, quando Esaú voltava do campo, cansado, Jacó estava preparando um guisado vermelho.

Esaú, então, pediu o guisado a Jacó e este, ardilosamente, resolveu vendê-lo, trocando o prato de lentilhas pela primogenitura de Esaú e este, desprezando a bênção espiritual que tinha, alienou-o, demonstrando, com isso, que era uma pessoa profana (Hb.12:16), ou seja, que desprezava as bênçãos espirituais, sendo mais guiado pelo instinto, pela carnalidade (Gn.25:30-34).

– Jacó demonstrava, assim, ser realmente um “suplantador”, pois conseguira obter para si a bênção que, por direito, pertencia a Esaú, tomando-lhe o lugar.

No entanto, é preciso observar que Jacó dava valor à bênção da primogenitura, à promessa divina de constituição de uma nação que faria benditas todas as famílias da terra, enquanto que Esaú simplesmente desprezava esta bênção espiritual, sendo pessoa presa às coisas desta vida, sendo pessoa que não tinha qualquer consideração pela eternidade, pelo relacionamento com Deus.

– Jacó, portanto, desde o início de sua vida, mostrava-se apto para ser um patriarca, porque dava valor às coisas espirituais, porque, como diz o escritor aos hebreus, não tinha como alvo este mundo terreno, mas, sim, a cidade celestial, a vida eterna com Deus (Hb.11:9,10,13-16).

Neste sentido, aliás, temos aqui o outro significado de “suplantador”, ou seja, “aquele que se supera”, aquele que quer ir além da posição onde se encontra. Na Sua presciência, Deus amou Jacó precisamente por causa do valor que Jacó dava ao relacionamento com o Senhor.

– Quando Isaque adoeceu e achou que iria morrer, mesmo sabendo que Jacó era o escolhido de Deus, quis dar a sua bênção para Esaú e, por isso, mandou que seu primogênito lhe preparasse uma caça.

Rebeca, sabendo disto, resolveu enganar o seu marido, a fim de que a bênção fosse dada a Jacó e instigou seu filho a participar deste engodo. Jacó, mediante engano, obteve a bênção de seu pai (Gn.27:1-29).

– Quando Esaú soube que Jacó lhe havia tomado a bênção, prometeu matá-lo assim que Isaque descesse à sepultura (Gn.27:41) e Rebeca, sabendo disso, contou-o a Isaque, que, então, chamou Jacó e o mandou ir a Padã-Arã, na casa dos parentes de Rebeca, para que lá se casasse com alguém da parentela, a fim de manter a higidez da linhagem de Abraão, já que Jacó recebera a bênção da promessa, bem como para que escapasse da fúria de Esaú (Gn.27:42-28:6).

– Jacó, então, foi para Harã e, no caminho, passou a noite em Betel, deitando sua cabeça numa pedra. Teve, então, um sonho, onde via uma escada cujo topo tocava os céus e os anjos subiam e desciam por ela, estando o Senhor em cima.

O Senhor, então, neste sonho, confirma a bênção dada a Jacó, dizendo que entregaria a terra de Canaã à semente de Jacó. Ao acordar do sono, Jacó dá ao lugar o nome de Betel, que significa “casa de Deus” e parte para Harã (Gn.28:10-22).

– O gesto de Rebeca e de Jacó, evidentemente, não tinha tido o aval divino. Deus é a verdade (Jr.10:10) e a mentira e o engano estão relacionados com o inimigo de nossas almas (Jo.8:44), que não tem qualquer participação na natureza divina (Jo.14:30).

Como, então, explicar que Deus tenha confirmado a bênção dada a Jacó quando este já fugia da face de seu irmão em Betel?

– Por primeiro, devemos observar que Esaú havia desprezado a primogenitura e a vendido a Jacó. Deus, que tudo sabe e tudo vê, havia verificado isto, de modo que não foi pela astúcia de Rebeca e de Jacó que Jacó recebeu a bênção, mas já a tinha obtido anteriormente.

– Por segundo, vê-se que Isaque ficou desconfiado, viu que a voz era de Jacó, mas acabou por abençoar Jacó e, no momento da bênção, temos que quem agiu foi o próprio Espírito Santo, tanto que Isaque não pôde abençoar Esaú quando este veio ao encontro de seu pai. O ato da bênção era mais do que um ato do próprio Isaque, envolvia uma dimensão sobrenatural, de sorte que não podia o próprio patriarca desfazê-la, tanto que, embora Jacó não fosse de seu agrado, reconheceu a condição dele como herdeiro da promessa ao mandar-lhe para Harã.

– Por terceiro, o sonho dado a Jacó era a confirmação de que o próprio Jacó precisava para ter a certeza de que era o herdeiro da promessa, exatamente por causa do engodo e astúcia com que a havia obtido.

Ele próprio disse que não sabia que Deus estava naquele lugar (Gn.28:16), ou seja, ele próprio estava duvidoso, diante da sua situação de fuga da presença do seu irmão, se Deus realmente aprovara a recepção da bênção.

No entanto, Deus já havia escolhido Jacó antes mesmo de seu nascimento, tratava-se de uma escolha que independia das obras praticadas pelo caçula de Isaque (Cf. Rm.9:10,11), de modo que a mentira não teve o condão de desfazer a escolha divina.

– Por quarto, vemos, portanto, que não foi a mentira que deu a bênção para Jacó, mas, sim, a escolha divina e o sonho dado a Jacó bem demonstra isto. Deus foi quem escolheu Jacó e a mentira perpetrada por ele e sua mãe não teve qualquer influência sobre esta escolha.

– A ida de Jacó para Harã, ademais, era uma mais uma demonstração de que o patriarca estava, realmente, imbuído de corresponder à bênção espiritual recebida.

Honrou seu pai, obedecendo-lhe e indo, sem qualquer patrimônio, para terra estranha, precisamente para não contaminar a linhagem da promessa, algo que Esaú havia completamente desconsiderado, tanto que já se casara com duas mulheres heteias (Gn.26:34), em mais uma demonstração de como não dava qualquer valor à promessa divina a Abraão, razão por que as Escrituras o chamam também de pessoa fornicária (Hb.12:16), ou seja, que não controlava seus instintos sexuais.

– Assim, embora Deus reforçasse a escolha por Jacó, fica evidenciado que Jacó não tinha ainda um caráter transformado pelo Senhor.

Jacó, conquanto demonstrasse zelo e relevância para as bênçãos espirituais, para as promessas de Deus, procurava obtê-las de modo humano, com astúcia e engano, demonstrando, assim, não ter uma vida de separação do pecado.

Havia um ardente desejo de transformação, mas a transformação ainda não havia chegado.

– Muitos há que vivem desta maneira. Interessam-se pelas coisas de Deus, reconhecem a primazia delas sobre as demais, mas ainda não se dispuseram a abandonar o pecado.

Tais pessoas têm de ser tratadas pelo Senhor, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade, a fim de que, efetivamente, se convertam e não fiquem apenas bem-intencionados, interessados.

Há aqueles que, por fim, se convertem, como foi o caso de Jacó e de Pedro, mas há, também, aqueles que acabam por rejeitar o convite da salvação, como ocorreu com o mancebo de qualidade (também chamado de jovem rico).

– Chegando a Harã, Jacó logo foi querendo saber onde morava a família de Labão, seu tio e, nesta procura, encontrou-se com Raquel, sua prima, de quem logo se enamorou, tendo-a pedido em casamento a seu tio Labão e, como não tinha qualquer patrimônio, dispôs-se a trabalhar sete anos por ela (Gn.29:1-20).

– Passados os sete anos de trabalho, Jacó, então, foi enganado por seu tio Labão, pois, após a festa do casamento, acabou por dormir com Leia e não com Raquel, pois não sabia que, em Padã-Harã, não se podia casar a filha mais nova antes da mais velha.

Jacó começa, assim, a sofrer as consequências de seu pecado, ao enganar seu pai, sendo, também, enganado. Teve, então, de trabalhar mais sete anos para poder casar com Raquel (Gn.29:21-27).

Temos aqui a chamada “lei da ceifa”, bem descrita em Gl.6:7: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”.

Temos aqui mais uma prova de que não foi o engano que deu a bênção a Jacó, tanto que este engano fez com que ele fosse seguidamente enganado por seu tio Labão.

– Mas há, ainda, um outro fator que levou Jacó a ser enganado, qual seja, a falta de vigilância e de comunhão com Deus.

Deus havia Se manifestado a Jacó em Betel, havia lhe confirmado sua condição de herdeiro da promessa de Abraão, mas, desde que Jacó chegou a Harã, em momento algum vemos Jacó adorando a Deus, em momento algum vemos Jacó edificando um altar ao Senhor.

Jacó passou vinte anos em Harã (Cf. Gn.31:38) e, durante todo este tempo, não ofereceu qualquer sacrifício a Deus, nem sequer educou seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor. Ora, quem não tem qualquer relacionamento com Deus, acaba por se comprometer com este mundo e, assim, acaba enganando e sendo enganado, indo de mal a pior (II Tm.3:13).

– Jacó aceitou a oferta de seu tio Labão e trabalhou mais sete anos para ter Raquel como sua mulher. Em mais uma demonstração de falta de vigilância, adotou a poligamia, algo que não estava nos planos de Deus e que não fora seguida nem por Abraão, nem por Isaque.

Vemos, portanto, a poligamia nunca resultou de uma ação avalizada pelo Senhor, mesmo quando praticada por um escolhido Seu.

– Quem não é convertido, acaba por se comprometer com o mundo e a adotar os seus costumes e práticas, a não fazer diferenciação entre o que é santo e o que é profano.

A falta de conversão de muitos que cristãos se dizem ser, inclusive de lideranças, é um dos maiores e principais fatores que nos fazem ter um mundanismo crescente nas igrejas locais nestes dias de apostasia espiritual.

Não foi, aliás, pela permissão da entrada indiscriminada de inconversos entre os cristãos, notadamente após o período das perseguições romanas, que se trouxe a mais completa paganização da Cristandade que acabou por levar ao “estado de coisas” que fez com que deflagrasse a Reforma Protestante, que completa, neste ano, 500 anos?

– A poligamia adotada por Jacó teve sérias e terríveis consequências na formação de seu lar. Leia, embora fosse a primeira mulher, logicamente não era amada por Jacó, mas Deus fê-la frutífera como uma “compensação”, enquanto que Raquel, a predileta de Jacó, era estéril.

Isto gerou uma terrível competição entre as irmãs e Jacó, no meio desta luta, ainda teve de aceitar deitar-se com duas servas, que se tornaram suas concubinas, Bila e Zilpa e, destas quatro mulheres, teve Jacó doze filhos e uma filha, a saber (entre parênteses a ordem de nascimento): de Leia – Rúben (1), Simeão(2), Levi(3), Judá(4), Issacar (9), Zebulom (10), Diná(11); de Bila – Dã(5) e Naftali(6); de Zilpa – Gade(7) e Aser(8); de Raquel – José (12) e Benjamin(13).

– Quando Jacó teve o seu primeiro filho com Raquel, que era a sua mulher amada, entendendo ter “cumprido seus dias” em Harã, provavelmente pensando que a bênção de Abraão se transferiria ao primogênito de sua amada, pediu a Labão autorização para retornar à sua terra, mas Labão pediu a Jacó que ficasse em Harã, pois havia experimentado que Deus o havia abençoado por amor de Jacó (Gn.30:27), dizendo ao próprio Jacó que determinasse o seu salário (Gn.30:28).

– Jacó, que já há tanto tempo estava deixando de se relacionar com Deus, aceitou esta oferta e preferiu ficar em Padã-Arã a voltar para Canaã, por conta de um salário, salário este, aliás, que foi dez vezes modificado por Labão (Cf. Gn.31:7).

– Não podemos nos envolver com as coisas deste mundo, não podemos preferir o “salário do mundo” às bênçãos de Deus, às promessas do Senhor.

Quando deixamos de lado o que Deus tem nos dado e prometido por conta do “salário do mundo”, seremos invariavelmente enganados, pois o mundo está no maligno e o príncipe deste mundo é o pai da mentira (Jo.8:44). Pensemos nisto, amados irmãos!

– Começa, então, uma série de enganos e de armadilhas entre Labão e Jacó, um mais ganancioso do que o outro. Jacó escolheu como seu salário os cordeiros morenos e as cabras salpicadas e malhadas (Gn.30:32-34).

Ambos faziam o possível para ter vantagem em relação ao outro e isto, naturalmente, foi deteriorando o relacionamento entre estes “sócios”. Não pode haver comunhão entre a luz e as trevas (II Co.6:14), não pode haver sociedade entre o incrédulo e o crente.

– Entretanto, apesar de todo este jogo de astúcia e de engano, a bênção de Deus estava sobre Jacó e, paulatinamente, o patrimônio de Labão foi sendo acrescido ao patrimônio de Jacó.

Labão, também, estava a colher a astúcia e o engano que fizera com que Jacó trabalhasse para ele sete anos a mais do que o devido por Raquel. “Aquilo que semeamos, havemos de colher” (Os.8:7).

– Os filhos de Labão perceberam esta situação e o relacionamento ficou insustentável. No meio desta situação aflitiva, que poderia mesmo chegar a derramamento de sangue, pois onde há ganância este é o fim mesmo das coisas, o Senhor, vinte anos depois, vai ao encontro de Jacó e o manda tornar a Canaã (Gn.31:3).

– Jacó havia se esquecido de Deus, mas Deus não havia Se esquecido de Jacó! Apesar da indiferença demonstrada por Jacó para com as coisas relacionadas a Deus e que havia se restringido tão somente à observância da circuncisão de seus filhos (Cf. Gn.34:14) durante aqueles vinte anos em que estivera em Padã-Arã, Deus vai ao encontro do patriarca e, no momento da angústia e aflição, manda-lhe voltar para Canaã.

Deus age ainda assim conosco. Deus quer que os homens se salvem e, por isso, vai ao encontro do homem querendo que ele se arrependa de seus pecados. Quão grande é o amor de Deus!

– Jacó chamou, então, sua família e lhe relatou o ocorrido, dizendo que o Senhor lhe dissera que havia sido Ele quem providenciara a transferência patrimonial para Jacó em detrimento de Labão e que deveria retornar a Betel, inclusive para cumprir o voto que havia feito de que daria o dízimo de tudo que angariasse em Padã-Arã (Gn.31:4-13).

– Suas mulheres, que já haviam notado a inimizade existente com seus irmãos e seu pai, concordaram com Jacó e, então, o patriarca saiu sorrateiramente de Padã-Arã, com destino a Canaã. Raquel, porém, levou consigo os ídolos de seu pai, furtando-os, sem que Jacó o soubesse (Gn.31:14-21).

– Ao saber da fuga de Jacó, Labão foi ao seu encalço e o fez principalmente por causa dos ídolos que lhe haviam sido roubados. Estes ídolos, como explicam os historiadores e arqueólogos, representavam a posse e propriedade da terra e Labão achou que Jacó havia partido mas reivindicaria, posteriormente, todas as terras de Labão.

Labão não achou os ídolos, pois Raquel simulou estar menstruada e não se levantou onde eles estavam, o que causou a ira de Jacó. No entanto, Jacó e Labão fizeram um concerto, segundo o qual Jacó não reivindicaria jamais as terras de Labão e Labão, a terra de Canaã (Gn.31:22-55).

– Jacó, mais uma vez, é enganado, agora por sua mulher Raquel, mas, neste engano, criou-se uma circunstância pela qual Jacó renunciou a Padã-Arã, o que lhe foi extremamente bom, já que, assim, estaria totalmente dedicado à peregrinação em Canaã, retirando, assim, aquela ganância que o havia feito aceitar permanecer em Padã-Arã após o nascimento de José.

– Na volta para Canaã, Jacó viu anjos de Deus (Gn.32:1), uma confirmação divina para o patriarca, uma confirmação de que estava a fazer a vontade de Deus.

Assim como ocorrera com seu avô Abraão, Jacó teve uma visão das coisas espirituais depois que se desvencilhou de aspectos de sua vida que não eram agradáveis a Deus.

Quando nos aproximamos de Deus, quando nos santificamos, quando eliminamos aspectos de nossa vida que não agradam ao Senhor, temos nossa visão mais nítida para as coisas dos céus. Por isso, como disse o salmista Asafe, boa coisa é nos aproximarmos do Senhor (Sl.73:28).

– Jacó, no entanto, sabia que tinha uma questão pendente na sua volta para Canaã: a relação com seu irmão Esaú.

Sabia que o relacionamento havia se esgarçado em virtude da mentira com que obtivera a bênção de seu pai, mas Jacó estava determinado a superar esta situação e, por isso, mandou mensageiros a Esaú, que já habitava em Seir neste tempo, dizendo-se servo dele e relatando que havia obtido um patrimônio enquanto tinha estado em Padã-Arã.

Os mensageiros retornaram, dizendo a Jacó que Esaú vinha ao seu encontro (Gn.32:2-6).

– Jacó, então, teve medo e se angustiou muito, pois se lembrou da intenção homicida de seu irmão.

O pecado, amados irmãos, sempre gera terror e morte. Jacó sabia que não havia se conduzido bem. Por isso, esperando o pior, Jacó repartiu seu povo em dois bandos, a fim de que, pelo menos, metade de seu povo escapasse de Esaú.

Simultaneamente, orou a Deus, pedindo-lhe ajuda, como também mandou presentes a Esaú, com o objetivo de aplacar-lhe a ira (Gn.32:7-21).

– Jacó já demonstrava uma grande mudança em sua vida. Totalmente desprendido dos bens materiais, resolveu dar presentes a Esaú. Preocupado em ser um legítimo herdeiro da promessa dada a Abraão, tomou providências para que seu povo não fosse dizimado por Esaú.

Por fim, reconhecendo o senhorio de Deus, pediu livramento ao Senhor, orando a Ele, algo que jamais havia feito em Padã-Arã.

Jacó, com isso, dá uma grande e profunda lição: a oração é não só clamor a Deus mas também ação. Devemos fazer aquilo que depende de nós e confiar em Deus para que o que não podemos fazer, Ele o faça em nosso favor. Temos agido assim?

II – ISRAEL, O PRÍNCIPE DE DEUS QUE PREVALECE

– Jacó, então, passou o seu povo pelo vau de Jaboque, dividido em dois bandos, tendo ficado sozinho ali, certamente para buscar a presença de Deus, em continuidade à sua oração por livramento (Gn.32:22-24).

– No vau de Jaboque, porém, apareceu um varão com quem Jacó lutou durante toda a noite. Esta luta de Jacó com este varão mostra-nos que Jacó não passou o seu povo pelo vau de Jaboque por covardia, como alguns chegam a dizer.

Uma pessoa covarde não lutaria contra um varão. Jacó queria preservar a sua descendência para cumprir a sua missão de herdeiro da promessa de Abraão, mas foi buscar a presença de Deus.

Ademais, mantinha, certamente, a esperança de que Esaú, se não tivesse aplacada a ira com os presentes, não conseguiria dizimar todo o povo, dividido que estava em duas bandas, e, na sua sede de vingança, poderia querer matar única e exclusivamente a Jacó, de modo que seria melhor que Jacó estivesse só, preservando assim toda a sua descendência.

– A luta durou toda a noite e, vendo o varão que não conseguia prevalecer contra Jacó, que mantinha o nítido propósito de vencer aquele “inimigo”, deslocou a juntura da coxa de Jacó, deixando-o, pois, coxo.

Mesmo coxo, porém, Jacó não deixou escapar aquele varão, que teve, então, de pedir que o deixasse partir, o que Jacó concordou desde que fosse abençoado por este varão.

– Entretanto, aquele varão, antes de o abençoar, mandou que dissesse qual era o seu nome. Jacó confessa o seu nome: suplantador.

Nesta confissão, Jacó reconhece que havia vivido a enganar e a ser enganado até então. A bênção de Deus nunca vem na sua plenitude se não houver confissão e arrependimento.

Como diz o proverbista: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv.28:13).

– A confissão é um elemento primordial para que se tenha o arrependimento e, por conseguinte, a conversão.

Temos aqui, neste momento, a conversão de Jacó. Ele confessa ser “suplantador” e, tendo, com a boca confessado e crido no coração, sua invocação ao Senhor redundou em salvação, em transformação de caráter (Rm.10:10).

– Aquele varão, então, diante de tal confissão, mudou o nome do patriarca para Israel, nome cujo significado é “aquele que luta com Deus”, porque “como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gn.32:28).

Estava retirado o último ponto que impedia Jacó de desfrutar da plenitude da promessa de Abraão. Jacó ainda quis saber o nome daquele varão, mas este não o disse, tendo, então, partido.

– Este varão outro não é senão o Senhor Jesus em mais uma das chamadas “manifestações teofânicas”, ou seja, aparições antes de Sua encarnação. Como podemos saber que este varão é o Senhor Jesus?

Pelo fato de ter abençoado Jacó (e anjo jamais abençoa), como também pela própria circunstância de lhe ter sido dado o nome de Israel, ou seja, “aquele que luta com Deus”. Ora, isto nos mostra, com clareza, que quem lutou com Jacó era Deus e este não é outro senão o Senhor Jesus (Cf. Jo.1:1).

– O próprio Jacó teve esta percepção, tanto que chamou aquele lugar de Peniel, que significa “a face de Deus”, admitindo ter visto Deus face a face e ter sido salvo (Gn.32:30). Jacó ficara coxo mas tinha tido o seu caráter completamente mudado com aquele rica experiência espiritual.

– Deus, então, começou a abençoar Jacó espiritualmente. No seu encontro com Esaú, houve a reconciliação entre os irmãos (Gn.33:1-16). Jacó, embora tivesse prometido conviver com Esaú, não o fez, preferindo ir para Sucote (Gn.33:12-17), onde edificou tendas para o seu povo.

– Como admitir que, mesmo depois de tamanha experiência espiritual, Israel tenha mentido mais uma vez para seu irmão Esaú?

Isto revela a própria falibilidade humana. Jacó havia sido transformado por Deus, mas não deixou de ser um homem e, como tal, sujeito ao pecado, a mostrar que não há qualquer “impecabilidade” no homem salvo.

Não há homem que não peque (I Rs.8:46; II Cr.6:36) e, portanto, quando pecamos, devemos, imediatamente, pedir perdão a Deus, pois o pecado na vida dos salvos é um acidente, não um modo de viver ( I Jo.2:1,2)..

– Jacó sabia que não podia conviver com Esaú, porquanto era o herdeiro da promessa de Abraão.

Deveria, isto sim, a exemplo de Abraão e de Isaque, peregrinar em Canaã, tendo como alvo a cidade celestial, tanto assim que, agora, totalmente desprendido das coisas deste mundo, passa a edificar cabanas.

Não o quis dizer a seu irmão Esaú, e não fez bem ao não dizê-lo, mas o fato é que o próprio Esaú não fez conta desta mentira, nunca tendo cobrado a promessa feita por seu irmão.

No fundo, no fundo, Esaú sabia que havia perdido a bênção de Abraão e, afinal de contas, dela não fazia a menor conta.

– Jacó partiu de Sucote e foi até Siquém, fazendo assento naquela cidade e ali edificando um altar (Gn.33:18).

Apesar da transformação que havia tido com Deus, ainda não obedecera por completo à ordem divina. O Senhor havia Se identificado, ainda em Padã-Arã, para o patriarca como sendo o “Deus de Betel” e, consequentemente, era a Betel que deveria ir (Cf. Gn.31:13).

– No entanto, contentou-se em ficar em Siquém e, ali, por se estar fora da direção de Deus e por não haver uma estrutura doutrinária em seu lar.

Jacó passou por alguns dissabores. Por primeiro, sua única filha, Diná, perdeu-se, enamorando-se e fornicando com Siquém, o filhor de Hamor, que era o governante de Siquém (Gn.34:1-24).

– Querendo casar com Diná, Siquém foi procurar Jacó, mas seus filhos Simeão e Levi, usando de astúcia, disseram a Siquém que não poderia haver qualquer união entre as famílias se, antes, os homens siquemitas não se circuncidassem.

Os siquemitas atenderam a este pedido, mas foram traídos, pois Simeão e Levi, aproveitando-se da recuperação dos homens que haviam se circuncidado, mataram a todos os siquemitas, pondo a família de Jacó em risco naquele lugar (Gn.34:25-31).

– Jacó, então, ficou aflito. Sabia que aquela matança iria fazer com que os moradores de Canaã se voltassem contra a sua família e Jacó não tinha condição alguma de guerrear. Em meio a esta aflição, o Senhor novamente vai ao encontro de Jacó e o manda ir para Betel, onde deveria edificar um altar ao Senhor.

– Jacó, então, tem mais um gesto de santificação. Entendeu que too aquele ocorrido era consequência de não ter dado a devida formação doutrinária a seus filhos, que, durante todos aqueles vinte anos, com exceção do ensino sobre a circuncisão, não haviam sido criados senão segundo os valores de Padã-Arã.

Tanto assim era que havia ídolos em sua casa e a ama de seus filhos tinha sido Débora, que havia sido ama de sua mãe Rebeca (Cf. Gn.35:8), ou seja, alguém que educara seus filhos fossem educados conforme a idolatria reinante em Padã-Arã.

– Por isso mesmo, Jacó, antes de partir para Betel, sabendo que deveria ter a proteção do Senhor, chamou sua família e mandou que se tirassem os deus estranhos que havia no meio deles e se purificassem, mudando seus vestidos, sendo, então, atendidos (Gn.35:1-4).

– Jacó havia se transformado, ainda que mantendo as suas fragilidades, mas sua família ainda estava espiritualmente em Padã-Arã e isto estava completamente fora dos parâmetros divinos, que tinha de fazer da família de Jacó a estrutura fundamental da nação que estava a formar.

– Depois que a família de Jacó se livrou dos deuses estranhos, não havia mais qualquer impedimento para que o Senhor Se manifestasse ao patriarca em Betel.

Devidamente dentro da vontade de Deus, a família de Jacó foi protegida pelo Senhor no seu caminho a Betel, pois o terror de Deus se espalhou pelas cidades de Canaã, de forma que ninguém se atreveu a atacar Jacó e os seus.

Chegando a Betel, Jacó edificou ali um altar e, ali mesmo, morreu Débora, a ama de Rebeca, morte que representou, sem dúvida, o fim de qualquer influência gentílica na formação da família de Jacó (Gn.35:6-8).

– O Senhor, então, novamente apareceu a Jacó, abençoando-o e renovando a Sua promessa para Jacó. Mais uma vez vemos que, quando nos desvencilhamos de tudo o que não agrada a Deus, o Senhor aumenta a nossa intimidade com Ele, renova as promessas e fortalece a nossa fé (Gn.35:9-15).

– Raquel, então, teve outro filho, a quem deu o nome de Benoni (cujo significado é “filho de minha dor”), mas Jacó lhe deu o nome de Benjamim (cujo significado é “filho da destra”), tendo, então, Raquel morrido do parto deste seu segundo filho (Gn.35:16-20).

– A diferença de nomes dados à criança por Raquel e por Israel mostra a diferença de atitudes vivida por ambos.

Raquel, sofrendo terrivelmente neste parto, tanto que veio a falecer por causa dele, viu o seu sofrimento como a característica desta criança.

 Jacó, entretanto, viu, no nascimento do segundo filho da sua amada e que era estéril, a confirmação da promessa divina de Abraão na sua vida.

Era a consumação da promessa, a completude da família que daria origem à nação que faria benditas todas as famílias da terra. Mesmo quando da morte da sua amada, Jacó mostra, assim, a prioridade que passara a dar às coisas de Deus. Temos esta mesma atitude?

– Rúben, então, que era o primogênito de Jacó, deitou-se com Bila, concubina de seu pai e Israel o soube, nada fazendo.

No entanto, este silêncio de Israel diante de tamanha desonra era uma demonstração da mudança de caráter daquele homem.

Com este gesto, Rúben lançou fora a primogenitura e, como resultado disto, o primogênito passou a ser Judá, já que os outros dois irmãos mais velhos que este, Simeão e Levi, pela sua conduta de matança dos siquemitas, haviam também se descredenciado para tal bênção.

É por isso, aliás, que, na bênção final de sua vida, Jacó dirá que o principado e o cetro estariam com Judá (Gn.49:10) e o motivo pelo qual a “semente da mulher”, a “posteridade de Abraão” nasceria nesta tribo.

– O livro de Gênesis, então, passa a dar a genealogia dos filhos de Esaú, no capítulo 36, esta que é a nona das dez genealogias deste livro das Escrituras, confirmando, assim, a promessa divina de que de Esaú também se levantaria uma nação, ainda que esta nação serviria à que seria formada da descendência de Jacó (Gn.26:23), o que foi confirmado por Isaque ao abençoar Esaú (Gn.27:39,40).

– Termina aqui, então, o chamado “ciclo de Jacó”, pois o protagonismo da narrativa passa a ser, então, de José, que, apesar de ser o décimo segundo filho de Jacó (o décimo primeiro homem), era o primogênito de Raquel e, por isso mesmo, passou a ser tratado com predileção por Jacó, que, assim, repetia o mesmo erro de seus pais, a nos mostrar os que “os defeitos de nossos filhos são os filhos de nossos próprios defeitos”, como afirmava o ensinador francês André Berge (1902-1995).

– Jacó ainda sofreria engano por parte de seus filhos, no episódio que envolveu a venda de José aos ismaelitas, pois foi levado a crer que seu filho havia morrido e, durante 26 anos haveria de achar que José havia morrido. Depois, vai ao encontro de José no Egito, não antes de ser orientado a Deus a fazê-lo (Gn.46:1-4), numa clara demonstração que Israel era um outro homem, sempre guiado e dirigido pelo Senhor. Foi ali no Egito, onde viveu por dezessete anos, morrendo com a idade de cento e quarenta e sete

anos (Gn.47:28). Conforme seu pedido, Jacó foi sepultado na sepultura que Abraão havia comprado para sepultar Sara, onde também foram sepultados Abraão, Isaque, Rebeca e Leia. Somente Raquel ali não foi sepultada (Gn.49:31; 35:19).

– Na sua bênção final, Jacó confirmou a primogenitura a Judá, bem como o protagonismo que teria José na nação israelita.

Terminava seus dias como um verdadeiro profeta, um porta-voz de Deus. Superara, suplantara todas as imperfeições suas e que foram adquiridas ao longo de sua vida, mantivera-se uma pessoa que buscava primeiramente a Deus e a Sua justiça, por isso foi o pai dos israelitas, daquela nação que seria a “propriedade peculiar” de Deus dentre todos os povos da Terra.

– Jacó é a personagem na Bíblia que nos mostra que o esforço humano é vão, nada significa em termos de salvação, mas que Deus sempre está pronto a atender a todos quantos têm interesse em servi-l’O e reconhece o supremo valor do amor de Deus para conosco.

Deus, de forma alguma, lança fora aqueles que O buscam e a vida do “suplantador” que se tornou o “príncipe de Deus que prevalece” é uma eloquente prova disso.

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://portalebd.org.br/classes/adultos/193-licao-5-jaco-um-exemplo-de-um-carater-restaurado-i

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