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LIÇÃO Nº 5 – JESUS É DEUS

INTRODUÇÃO

-Na sequência do estudo da Apologética Cristã, analisaremos que Jesus é Deus.

-A doutrina cristã afirma a divindade de Jesus.

I – JESUS É DEUS

-Na sequência do estudo da Apologética Cristã, ou seja, o estudo da fé cristão com viés de defesa, apresentando os argumentos das crenças reveladas por Deus ao homem na Bíblia Sagrada, veremos a crença na divindade de Jesus Cristo.

-A doutrina cristã afirma a divindade de Jesus e esta é a nota distintiva e característica do Cristianismo, pois nenhuma outra religião reconhece Jesus como Deus.

É, também, algo que se infere da revelação que o Pai deu a Pedro em Cesareia de Filipe, na qual o Senhor Jesus foi identificado como “o Filho do Deus vivo” (Mt.16:16).

-A primeira informação que as Escrituras nos trazem a respeito de Jesus é a de que Ele é Deus, é uma das Pessoas Divinas, o Filho.

O apóstolo João, ao escrever o seu evangelho, deixa-nos isto bem claro ao afirmar que

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo.1:1), numa afirmação tão clarividente que tem, mesmo, tirado o sono de todos quantos procuram negar esta verdade bíblica, como é o caso das Testemunhas de Jeová.

Para que não houvesse qualquer dúvida de quem era este Verbo a que João se referia, o próprio evangelista no-lo diz no versículo 14 deste mesmo capítulo:

“E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós e vimos a Sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.

-Esta pequena amostra do que dizem as Escrituras a respeito da divindade de Cristo é já uma prova de que não é verdade a afirmativa que muitos fazem de que Jesus somente foi reconhecido como Deus pelos cristãos no Concílio de Niceia, reunião promovida pelas lideranças cristãs no ano de 325, logo após o término das perseguições romanas contra a Igreja, ocasião em que se produziu a declaração histórica de que “Jesus Cristo é o Filho de Deus, gerado da substância do Pai, gerado, não feito, consubstancial ao Pai.”

-Tal declaração não foi uma invenção daquele concílio, mas, sim, tão somente uma expressão do que já se cria desde o início da igreja, desde a igreja primitiva e que tinha sido alvo de questionamento por parte do presbítero Ário, de Alexandria, que passara a ensinar que Jesus não era Deus.

-Portanto, não foi uma doutrina inventada em Niceia, nem o poderia ser, porquanto, como vimos, o apóstolo João, mais de duzentos anos antes do referido concílio, com a autoridade de quem havia convivido com o Senhor, foi categórico em afirmar que Jesus era Deus.

OBS: Este equívoco de que foi o Concílio de Niceia quem determinou a doutrina da divindade de Cristo ressurgiu, com grande intensidade, no romance “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, que tanta polêmica e lucro para seus produtores proporcionaram nos últimos anos.

-As Escrituras são abundantes em demonstrar que Jesus é Deus. Em primeiro lugar, mostram-nos claramente que Jesus pré-existiu a todas as coisas, ou seja, que é eterno e a eternidade, nada mais é que um atributo divino.

-Além da passagem já mencionada de Jo.1:1, vemos a atribuição da pré-existência eterna de Cristo em Cl.1:17, Mq.5:2, Jo.17:3, Jo.8:58, Pv.8:22-31; Ap.13:8, Tt.1:2, Ef.1:4 e Jo.1:3.

Tantas referências bíblicas, de autores e de épocas bem diferentes, não nos permitem concluir senão que a Bíblia ensina que Jesus é Deus e isto bem antes da declaração do concílio de Niceia.

OBS: “…Alguns questionam e procuram afirmar que o Logos poderia ter tido um começo, ou poderia fazer parte da criação, sendo Ele a primeira coisa criada; isso, contudo, é totalmente contrário a qualquer noção já proferida no mundo antigo e também à luz da Palavra de Deus, mesmo nos tempos mais remotos, acerca da natureza do Logos.

Um Logos que tivesse tido começo não é o Logos da Antiguidade, nem o que aceitamos como sendo eterno, pois o que é eterno não pode admitir nenhum tipo de começo; este tipo de conceito é uma estranha criação de mentes cheias de preconceitos, que produzem um Cristo conforme a imagem de suas próprias especulações, a fim de adaptá-lo a um sistema teológico interesseiro cuja mentalidade está tão limitada que condiciona Deus às limitações humanas, quando, em verdade, a mente humana jamais poderá alcançar ou esquadrinhar o eterno Senhor.…” (SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.23-4).

-Como nosso espaço é reduzido e não temos como nos aprofundar em cada referência bíblica, deter-nos-emos na análise da passagem de Provérbios, até porque referido texto foi utilizado por Ário e seus seguidores para tentar negar a divindade de Cristo, como, aliás, ainda hoje é usada pelas Testemunhas de Jeová, que é dos segmentos religiosos que, na atualidade, com mais afinco procuram negar esta verdade bíblica.

-O texto de Provérbios fala-nos a respeito da “sabedoria”, “sabedoria” que é personificada, ou seja, que é equiparada a uma Pessoa.

No texto, que é poético e, portanto, cheio de simbolismo, o autor nos transcreve um verdadeiro hino da “sabedoria”, em que se diz que o Senhor a havia possuído (algumas versões dizem “criado”, pois o verbo, em hebraico, tem ambos os significados) no princípio dos seus caminhos e antes de suas obras mais antigas (Pv.8:22) e que, desde a eternidade, ela havia sido ungida, desde o princípio, antes do começo da terra (Pv.8:23).

-Pelo que verificamos, portanto, a “sabedoria” aqui é uma Pessoa que já existia antes do começo da Terra, no princípio, o que corresponde, precisamente, ao que João nos fala a respeito da existência do Verbo no princípio.

-O que se diz, então, é que a Sabedoria foi gerada (Pv.8:24,25) antes que o mundo fosse criado e, por causa desta expressão, “gerada”, Ário negava que Jesus fosse Deus, porque seria criatura, embora a primeira criatura que tivesse sido feita por Deus, mas não o Criador.

-No entanto, a expressão “gerar” não significa que tenha havido uma criação, mas, sim, que se manifestou posteriormente como uma Pessoa distinta, a partir do momento em que todas as coisas foram criadas.

-Esta “geração” não é uma criação, mas, sim, uma manifestação, uma demonstração de sua existência. Assim como o apóstolo João nos revela, o Verbo estava com Deus, o Verbo era Deus, mas a distinção entre Ele e o Pai só se fizeram sentir quando todas as coisas surgiram do nada, como Paulo bem explica em Colossenses, ao dizer que o Senhor é o primogênito de toda a criação, ou seja, o princípio da criação, Aquele através do qual tudo se fez (Cl.1:16,17).

-Daí porque se ter dito, no Concílio de Niceia, que Jesus foi gerado, ou seja, manifestado, posto em evidência para as criaturas, sendo igual ao Pai, tendo a Sua mesma natureza divina.

-A “geração” de Jesus, sob o aspecto divino, nada mais é que a evidência, a manifestação de Sua existência no Seu relacionamento com o Pai, para as demais criaturas.

-É neste sentido, aliás, que devemos entender, por exemplo, o que se encontra no Salmo 2, texto que é repetido em At.13:33 e Hb.1:5 e 5:5, segundo o qual Deus “gerou” o Filho, ou seja, como explica Russel Shedd,

“…A palavra gerei foi compreendida pelos apóstolos nos seguintes sentidos:

1) A ressurreição de Cristo assim nasceu para a eternidade, At.13:33;

2) O fato de Cristo também ter sido Filho de Deus desde a eternidade, Hb.1:5; 3) Cristo, como Filho, recebe de Deus Sua comissão, e a executa com obediência filial (Hb.5:5; Jo.20:21)…” (BÍBLIA SHEDD, com. ao Sl.2:7-9, p.775).

-Aliás, isto é demonstrado claramente no texto de I Pe.1:19,20, que vale a pena transcrever:

“Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o Qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos, por amor de vós.”

OBS: “…A presença do Logos (Cristo), antes de todas as coisas, é fato consumado, que qualquer cristão convertido admite sem questionar. Ele é antes de toda a criação.…” (SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.22).

-Tanto é este o sentido da expressão, que, antes, reforça do que nega a divindade de Jesus, que, ao analisarmos as Escrituras, veremos que todos os atributos divinos são aplicados a Cristo, numa comprovação de que o Senhor é Deus. Senão vejamos:

a) onipotência – Mt.28:18
b) onisciência – Jo.2:24
c) onipresença – Mt.28:20
d) imutabilidade – Hb.13:8
d) eternidade – Cl.1:17
e) dignidade para ser adorado – Mt.4:10 combinado com Mt.28:9,17
f) criação – Jo.1:3; I Co.8:6; Cl.1:16
g) santidade – At.2:27
h) amor – Jo.15:3; Ef.3:19
i) verdade – Jo.14:6; I Jo.5:20
j) perdão de pecados – Mt.9:5; Lc.5:20
l) uso da expressão “Eu sou” – Jo.8:24,28; 13:19.

-Não bastassem todas estas evidências, temos que o próprio Jesus declarou ser Deus, tanto que, por este motivo, foi perseguido pelos escribas, fariseus e principais dos sacerdotes, que, por causa disso, procuravam matá-lo (Jo.5:18) e uma vez tentaram apedrejá-l’O (Jo.10:33).

Até hoje, um dos principais senões postos pelos judeus e pelos muçulmanos à figura de Jesus são, precisamente, as Suas declarações de que era Deus.

OBS: Como exemplo disto, reproduzimos aqui o que fala a respeito Nathan Ausubel, na Enciclopédia Judaica:

“…O passo mais dramático e drástico dado por Paulo foi, sem dúvida, para transformar Jesus o Messias — um conceito judaico — em Jesus ‘o Filho de Deus’ — uma apoteose pagã que não era, em absoluto, uma força de expressão ou um simbolismo (…) se os judeus, à exceção de alguns pequenos grupos, continuaram impermeáveis ao encanto apostólico cristão, foi porque eram adeptos incondicionais da Unidade — ‘a Unicidade’ — de Deus.

A concepção paulina de que Deus tinha um filho era inteiramente inaceitável e chocante para eles…” (AUSUBEL, Nathan.  Cristianismo, origens judaicas do. In: A JUDAICA, v.5, p.217).

Não é diferente a reação dos muçulmanos para esta evidência da Bíblia. Basta-nos, para tanto, reproduzir aqui três versículos do Alcorão:

“…E para admoestar aqueles que dizem: Deus teve um filho! A despeito de carecerem de conhecimento a tal respeito; o mesmo tendo acontecido com seus antepassados. É uma blasfêmia o que proferem as suas bocas; não dizem senão mentiras!…” (18:4,5) e “…É inadmissível que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja! quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e é.…” (19:35).

-Por fim, cabe apenas aqui enfocar, ainda que de passagem, que há circunstâncias no Antigo Testamento em que surge uma personagem que, pelas suas características, demonstra ser divina, normalmente denominada nas Escrituras de “o anjo do Senhor” (Gn.32:24,30; 48:15; Js.5:13-15; Jz.13).

-Seriam, então, aparições do próprio Deus ao homem, as chamadas “teofanias”. Segundo alguns estudiosos, estas “teofanias” seriam aparições do próprio Filho antes de Sua encarnação, quando, então, se teria a “teofania suprema” (Jo.12:45; 14:9). Estas aparições seriam mais uma demonstração de que Jesus pré-existiu à Sua

introdução no gênero humano, ou seja, que, como Ele mesmo disse, antes que existisse Abraão, Ele já é (Jo.8:58).

II – JESUS, O VERBO

-Como já tivemos oportunidade de verificar, o texto principal a respeito da deidade de Cristo é o início do evangelho segundo João, em que o “discípulo amado”, inspirado pelo Espírito Santo, mostra-nos com clarividência a natureza divina do Senhor Jesus.

-Neste texto, Jesus é apresentado como o “Verbo”, palavra que traduz, na Versão Almeida Revista e Corrigida, a palavra grega “Logos” (λόγος).

-O uso desta palavra pelo apóstolo tem trazido muitas discussões ao longo dos séculos, porque se trata de um termo que, na filosofia grega, tinha um significado todo especial, significado este, aliás, que havia sido como que “adaptado” ao judaísmo por um contemporâneo de Cristo, o filósofo judeu Filo (25 a.C.-±50 d.C.), natural de Alexandria e que se tornou o maior comentarista do texto grego do Antigo Testamento (a Septuaginta).

-Como o texto do evangelho segundo escreveu João é de cerca do ano 100 d.C., muitos discutem da possibilidade de João, um típico judeu palestino, ter tido acesso a tais comentários e, com esta expressão, ter querido expressar tudo o que o termo “Logos” significava no pensamento helenístico (ou seja, o pensamento dominante nos dias apostólicos, resultante da fusão entre o pensamento oriental e o pensamento grego).

-Entendemos que o termo “logos” traduz, sim, toda a riqueza do pensamento helenístico, pois o objetivo do Espírito Santo, ao inspirar o evangelista para escrever este Evangelho, foi mostrar a todos, judeus e gentios, que Jesus é Deus e que se poderia crer n’Ele como o Salvador (Jo.20:31).

-Não é por acaso que, ao longo dos séculos, notadamente após a Reforma Protestante, que milhares e milhares de vidas têm se convertido ao ler o evangelho segundo João, um dos mais poderosos instrumentos de evangelização da Igreja.

OBS: “…Qualquer pessoa que leia os conceitos (…) sobre a natureza do Logos, poderá perceber, de imediato, que o conceito do evangelho de João sobre o ‘Logos” realmente tem muitos elementos similares e que, na realidade, o autor desse evangelho se aproveitou de uma ideia corrente e bem conhecida no mundo helenista, a fim de expressar uma profunda verdade concernente à pessoa do Cristo encarnado.

Que essa doutrina não foi criada no vácuo, e que não era inteiramente original a João (embora em seus escritos existam elementos diferentes), é fato que não deve causar surpresa a quem quer que seja, e nem deve esse fator ser considerado como algo que labora contra a veracidade dessa doutrina bíblica…” (CHAMPLIN, Russell Norman. Logos (Verbo). In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.3, p.900).

-Pois bem, qual é o significado de “Logos” para os gregos, para o pensamento helenístico, enfim, para a filosofia? “Logos” é uma palavra que tem duplo significado: discurso e razão. “Logos” tanto significa “discurso” ou “palavra”, como também, tem o significado de “razão”, “pensamento”, “raciocínio”.

-Assim, para os gregos, “logos” é uma palavra que tanto nos remete para a linguagem, para a comunicação, como também para a razão, para o pensamento.

Ao dizer que Jesus é o “Logos”, portanto, estamos afirmando que, a um só tempo, Jesus é a Palavra, a comunicação que Deus faz de Si mesmo, como também que é Ele a razão, o pensamento, a inteligência que tudo sustenta, que tudo ordena, que tudo organiza.

-O primeiro filósofo a empregar esta palavra foi o efésio Heráclito (570-470 a.C.), que dava o nome de “Logos” ao “princípio de todas as coisas”, princípio este que era o próprio movimento, a própria mudança, porque tudo mudaria, menos a mudança.

OBS: Interessante observar que os estudiosos entendem que João escreveu o seu evangelho em Éfeso.

-Os filósofos estoicos (At.17:18) recuperaram esta ideia do mundo como uma constante mudança que havia em Heráclito e entenderam que o “Logos” é o princípio que animava o universo, a própria essência do mundo, que se encontrava em cada ser humano como princípio racional. “Logos”, aliás, desde Sócrates, tinha deixado de significar apenas “palavra”, “conversa”, para ter o significado de “razão”, de entendimento de algo (470- 399 a.C.).

OBS: “…A ideia do Logos reapareceu no estoicismo, onde se tornou um virtual sinônimo de Deus. Os estoicos, porém, não concebiam um Deus pessoal.

O Logos, para eles, era um poder cósmico impessoal que se emanaria e se recolheria de novo, em grandes ciclos, criando tudo e, então, anulando tudo, mediante a reabsorção em si mesmo.(…).

O Logos existente na razão (racionalidade), dentro da psiquê humana é a força divina em operação. Essa racionalidade (no latim, ratio) torna-se palavra (no latim, oratio) nos lábios humanos, de tal modo que os homens podem falar sabedoria.…” (CHAMPLIN, Russell Norman. op. cit., pp.901-2).

-Assim, quando o filósofo judeu Filo comenta as Escrituras, influenciado pelo pensamento grego e tendo conhecimento da lei e dos profetas, entendeu que o “Logos” nada mais era que a Palavra vinda da parte de Deus, a Palavra que tudo havia criado (Gn.1:3,6,9,11,14,20,24,26,29). Deus tudo criou pela Sua Palavra e esta Palavra que, a um só tempo, era “palavra”, “discurso”, mas também ordenava e organizava a criação, era o “Logos”, a Palavra de Deus.

OBS: “…Nos escritos de Filo, o Logos figura como uma manifestação pessoal de Deus, mas também como o poder divino impessoal e transcendental dos estoicos.

Outrossim, o Logos ganha, nos escritos de Filo, uma função remidora, tornando-se o meio que leva os homens a uma natureza espiritual mais elevada. Pode-se ver nisso uma grande aproximação da doutrina do Logos, segundo o evangelho de João.

Não há como pensar que o ponto de vista joanino do Logos era independente das ideias expostas por Filo.…” (CHAMPLIN, Russell Norman. op.cit., p.902).

-Evidentemente que Filo, sendo como era um judeu, não poderia entender que essa “Palavra” viria a ser uma das Pessoas divinas, como nos esclarece o apóstolo João, mas, de qualquer maneira, pôde observar que Deus, através da Sua Palavra (em latim, “Verbum”), criou todas as coisas.

“…O Logos é um aspecto de Deus e contudo é conceitualmente distinto do ser transcendente de Deus – em verdade, é o mais alto intermediário entre Deus e o mundo. Baseando-se no conceito de sabedoria em Provérbios (…), Filon louva o Logos como ‘o primogênito de Deus’ (veja Pv. 8.22), a ‘imagem de Deus’ (veja Gn.1:26) (…).

O Logos é o meio imaterial através do qual a atividade de Deus se manifesta no mundo. Incorporado à Torah, o Logos é a Lei de Deus segundo a qual os homens devem viver …” (SELTZER, Roberto M. Trad. Elias Davidovich. Povo judeu, pensamento judaico. In: A JUDAICA, v.1, p.191).

OBS: “…O mais eminente de todos os helenistas judeus foi Filon (c. 20 a.E.C. – c. 40 E.C.). Por causa do interesse exclusivo que a Igreja Cristã vislumbrou em sua teologia — que resultou em ser ele ignorado pelos rabinos — a verdadeira grandeza de Filon foi menosprezada até décadas recentes. (…).

A ideia de que o historiador patrício Eusébio e outros teólogos do cristianismo primitivo como Clemente e Orígenes houvesse julgado Filon como o primeiro dos Padres da Igreja é inteiramente irônica. Talvez mais surpreendente ainda seja o fato de ele influenciou profundamente a teologia cristã e não deixou, contudo, qualquer sinal de seu pensamento na história judaica religiosa e intelectual. Vale aqui acrescentar que os livros de Filon (…) foram proibidos pelos Sábios Rabínicos…” (AUSUBEL, Nathan. Helenistas judeus. In: A. KOOGAN (ed.). A JUDAICA, v.5, pp.332-3).

-Esta ideia de Filo está bem presente na epístola aos Hebreus, cujo autor apresenta Jesus como sendo a “expressa imagem da pessoa de Deus” (Hb.1:3), o meio pelo qual Deus fez o mundo, o sustentador de todas as coisas pela palavra do Seu poder.

-Este pensamento do escritor aos hebreus também não era desconhecido do apóstolo Paulo, que fez questão de mostrar a Cristo como sendo o Filho do amor do Pai, a “imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”, onde foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, que é antes de todas as coisas, coisas que subsistem por Ele (Cl.1:13-17).

-Temos, portanto, que a consideração de Jesus como o Logos, ou seja, o Verbo, é a consideração de Jesus como sendo o mediador entre a Divindade e a Sua própria criação. Foi o Verbo quem comunicou, quem expressou a vontade divina que fez com que tudo fosse criado.

-“Disse Deus” é a expressão utilizada no relato da criação e foi por intermédio dessa Palavra que o mundo foi criado e, como nos ensinam os textos mencionados, que mantêm a existência de todas as coisas.

-Torna-se muito interessante observar que, entre os israelitas, houve a assimilação da palavra grega “Logos” como a tradução da palavra hebraica “dãbhar”, “…que significa palavra, discurso, assunto. (…).

O mais importante é o uso desta palavra para transmitir comunicação divina.…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, verbete 1697, p.1588).

-No Sl.33:6, o salmista afirma que “pela palavra do Senhor foram feitos os céus e todo o exército deles pelo espírito de Sua boca”.

Temos, então, no salmista, o mesmo pensamento dos textos neotestamentários mencionados e “palavra” é, ali, “dãbhar” (דבך), que tem o significado “estar por detrás e seguir em frente” ou, ainda, “seguir adiante com o que está por detrás”, que é, basicamente, “falar”, ou seja, “deixar as palavras seguir uma após a outra”.

“…Dabhar não significa apenas ‘palavra’ mas também ‘ação’… “(LAWRENCE, Nathan. O pensamento hebraico comparado com o pensamento grego(ocidental), p.5. Disponível em: http://www.hoshanarabbah.org/pdfs/heb_grk.pdf Acesso em 13 nov. 2007) (tradução nossa de texto em inglês).

OBS: “…Jesus é mais do que expressão falada: ele é Deus em ação, criando (Gn 1.3), se revelando (Jo 10.30) e salvando (Sl 107.19-20; 1Jo 1.1- 2).” (ILUMINA. Verbo. In: Enciclopédia: Dicionário Bíblico CD-ROM).

-Esta assimilação entre “logos” e “dãbhar”, que, evidentemente, não era desconhecida por Filo, mostra-nos, claramente, que se tinha plena convicção de que o “Logos” tinha a mesma natureza, compartilhava da mesma essência de Deus. Não é por menos que João afirma de modo peremptório que o Verbo estava no princípio, estava com Deus e era Deus (Jo.1:1).

-Quando consideramos Jesus como o Verbo de Deus, portanto, devemos observar que estamos considerando que não há como chegar-se ao conhecimento da natureza divina a não ser por Jesus.

Ele é o único canal pelo qual podemos ter algum contacto com Deus, porque Ele é a própria expressão da personalidade divina na Criação. Todo o universo, inclusive nós mesmos, foi feito por Ele, pois é a Pessoa Divina que comunica, revela e faz percebida a Deidade para a criação.

-Não há como ver o Pai sem que veja ao Filho, pois Ele é a expressa imagem da pessoa do Pai (Hb.1:3), é a extensão do ser divino que, por ser o Verbo, põe-nos em contacto com Deus.

-Ninguém pode ter acesso a Deus a não ser por Cristo, pois Ele é o Verbo, o canal de comunicação entre Deus e os homens, o acesso do ser humano à Trindade. O mundo foi feito pelo Verbo e pelo Verbo se mantém, de maneira que não há como conceber que se tenha acesso, em sendo criatura, ao Criador a não ser por este meio pelo qual a criação se fez, pela Palavra, pelo Verbo Divino.

-Quando meditamos nesta circunstância, entendemos claramente porque o apóstolo João insiste em dizer que ninguém jamais viu a Deus (Jo.1:18; I Jo.4:12), no que é seguido por Paulo (I Tm.6:16).

-Ver a Deus, ou seja, conhecê-l’O em toda a plenitude, ter a completa visão de quem Ele é, é algo que somente pode ser realizado pelo próprio Deus.

Mesmo Moisés, que teve a revelação da lei, só pôde ver a Deus pelas costas (Ex.33:20-23) tendo tido grande intimidade com o Senhor (Dt.34:10), mas uma intimidade bem inferior ao do Verbo, que é o único que não só contempla a Deus em toda a Sua plenitude, como, ainda, O faz conhecido de todos nós. Só podemos ver o Pai ao vermos o Verbo (Jo.12:45; 14:9).

-Quando consideramos Jesus como o Verbo, estamos afirmando que Ele é a expressão única da personalidade divina à criação, é o único meio pelo qual podemos ter acesso a Deus. Não é à toa, pois, que Jesus é chamado de “Emanuel”, ou seja, “Deus conosco”, pois é a Pessoa divina que faz a ponte, a comunicação, a apresentação de Deus à criação.

-Por isso, João afirma que “No princípio era o Verbo” (Jo.1:1). Ao dizer que Jesus existia no princípio, o “discípulo amado” também emprega um outro conceito caro ao pensamento grego: o de “arché” (άρχή), cujo significado é “princípio”, “origem”, “início”.

-As investigações filosóficas começaram na Grécia quando os pensadores passaram a querer descobrir qual era o “princípio” (a “arché”) de todas as coisas e, nesta busca, muitos pensamentos se apresentaram.

-No entanto, inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo João mostra, claramente, que o “princípio” é o Verbo, o Verbo que estava com Deus, o Verbo que é Deus. Ele é o princípio ordenador de todas as coisas, a razão de tudo, o Logos.

-Por isso, não é Ele, de modo algum, uma “criatura excelente” ou “a mais excelente das criaturas”, como defendem alguns, mas o próprio Criador, o princípio, a razão de ser de tudo.

-É este o sentido que se tem na expressão “primogênito de toda a criação” que se encontra em Cl.1:15, pois todas as coisas foram criadas n’Ele, de modo que não se pode admitir que o texto ali indique Cristo como criatura, quando o que se mostra é, precisamente, o contrário, ou seja, que Jesus é o Criador, o princípio, a origem, o início de tudo quanto foi criado.

-Tanto Jesus é Criador que o apóstolo João, ao mostrar que Ele é o princípio de todas as coisas, é categórico ao dizer que “todas as coisas foram feitas por Ele e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo.1:3).

-“Princípio” aqui não significa, em absoluto, uma ordem temporal, ou seja, o primeiro a ser criado, mas, sim, que é o meio, a base, o fundamento de tudo quanto se criou. O próprio Filo, ao explicar Gn.1:1, onde se tem a mesma expressão, fez questão de frisar que

“…’No princípio Ele criou’ é equivalente a ‘primeiro de tudo Ele criou os céus’…” (FILO. Sobre a criação do mundo. Trad. C.D. Yonge, B.A. Disponível em: http://thriceholy.net/Texts/Creation.html Acesso em 13 nov. 2007) (tradução nossa de texto em inglês), dizendo que havia, assim, uma sucessão numérica e não temporal.

-O mundo foi feito por meio de Jesus e somente por meio d’Ele pode vir a conhecer a Deus, ao Criador. Não existe outro meio entre Deus e os homens a não ser o Verbo, o Logos. Por isso, a própria criação é uma das promulgações da lei divina e ninguém é inescusável, sendo obrigado a reconhecer que, pela Criação, teve como conhecer a Deus (Rm.1:20).

-Quando falamos em “lei divina”, não devemos nos esquecer, também, que, segundo alguns estudiosos, a ideia de “Logos”, entre os gregos, contrapõe-se a “mythos” (μυθος).

Enquanto esta designa a narrativa, originariamente oral, sem compromisso com a verdade (cfe. I Tm. 1:4, 4:7; II Tm.4:4; Tt.1:14; II Pe.1:16, em que a palavra é traduzida, na Versão Almeida Revista e Corrigida, por “fábula”), “logos” passou a expressar a “palavra escrita”, o fruto do pensamento, da razão, do raciocínio, a expressão da verdade, de onde, aliás, veio a noção grega do “Logos” como o princípio de todas as coisas ou o princípio ordenador do Universo.

-Neste sentido, pois, o “Logos” se apresenta como a própria “Palavra escrita”, como a “lei divina”, pois “lei”, na origem da palavra latina (“lex”), é “aquilo que pode ser lido”. Assim, o Verbo é, também, enquanto tal, a manifestação “escrita”, “ordenada”, a “revelação inteligente” feita por Deus ao homem.

-Mas não só a lei divina se promulgou em a natureza, o que se fez por meio do Verbo, mas também, na consciência do homem, homem que também foi feito por meio do Verbo, pois tudo o que se fez foi feito por Ele (Jo.1:3), sendo o próprio Jesus a vida que é a luz dos homens (Jo.1:4).

-Por isso, o Senhor Jesus bem sabe o que há no homem (Jo.2:25), sendo, pois, por Ele, também, que a lei divina se manifesta na consciência de cada ser humano (Rm.2:15), a segunda promulgação da lei de Deus.

-A lei divina, posteriormente, foi promulgada em tábuas de pedra (Ex.24:12), quando foi revelada a Moisés, em Seus preceitos fundamentais.

Ora, como vimos supra, o que é reconhecido pelo próprio Filo, o Logos Se incorporou à Torá, até porque a lei de Moisés aponta para o Senhor Jesus em todos os seus pormenores.

-Todas as Escrituras hebraicas são cristocêntricas, falam de Cristo, d’Ele testificam (Lc.24:44; Jo.5:39). Por isso, os apóstolos, que somente tinham acesso aos escritos do Antigo Testamento, podiam pregar a Cristo

com estes escritos. Assim, também nesta terceira promulgação da lei divina, vemos Jesus como o Verbo, o contacto entre Deus e os homens.

-A quarta promulgação da lei divina é a própria encarnação do Senhor Jesus. “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo.1:14a).

Esta encarnação foi a revelação completa de Deus aos homens (Hb.1:1). O Verbo encarnado era “Deus conosco”, a companhia da própria glória (Jo.1:14) e da majestade divinas (II Pe.1:16).

-A quinta promulgação da lei divina, a expressão da vontade de Deus ao homem, são as próprias Escrituras (Rm.15:4), a Bíblia Sagrada, completada que foi pelo Novo Testamento, que se combinam perfeitamente com o Antigo Testamento, sendo seu fiel complemento.

-São por elas que temos conhecimento de Deus, são por elas que alcançamos a fé salvadora (Rm.10:17). São elas que têm sido utilizadas pelo Espírito Santo para a glorificação do Verbo (Jo.16:13,14) até o dia glorioso da Sua vinda.

-A sexta promulgação da lei divina é a Palavra no coração dos homens que aceitam a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador (Hb.8:10).

-Quem crê no Senhor, recebe-O em seu coração (Jo.14:23), de modo que não mais vive, mas, sim, Cristo vive nele (Gl.2:20).

Por isso, quando o salvo se apresenta ao mundo, mostra a Jesus Cristo, tendo sido o motivo pelo qual os antioquitas chamaram os salvos de “cristãos”, ou seja, “parecidos com Cristo”, “semelhantes a Cristo”.

-Nossa natureza nova é a do Verbo e, por isso, mesmo em nossa carne, refletimos a glória de Deus encontrada no Verbo (II Co.3:18).

-A sétima promulgação da lei divina, que completa a revelação de Deus por meio do Verbo, e unicamente por Ele, é a vida de cada salvo (II Co.3:2,3). Quando aceitamos a Cristo, temos transformada nossa natureza e passamos a produzir o fruto do Espírito (Jo.15:16).

-Somos tão somente varas da videira verdadeira (Jo.15:4). Em virtude disto, nossas obras revelam o Filho, de tal sorte que, quando os homens veem nossas obras, veem o Filho e glorificam ao Pai que está nos céus (Mt.5:16).

-A vida santa de cada crente autêntico e verdadeiro é mais uma forma de comunicação que se faz com Deus, por meio do Verbo, este tesouro que se encontra em vasos de barro (II Co.4:7).

-Por isso, não podemos crer que pessoas que só querem aparecer, correm atrás de fama e reconhecimento sejam verdadeiras testemunhas de Jesus. Não, não e não! A testemunha de Jesus é uma prova de que o Verbo continua a fazer a comunicação, a dar o devido acesso a Deus (Hb.10:19,20).

-Esta condição de Cristo como o Verbo de Deus é a própria essência desta Pessoa divina, tanto que, na batalha do Armagedom, será como a Palavra de Deus que o Senhor Se identificará ao descer para salvar Israel e derrotar o Anticristo (Ap.19:13).

-“Palavra de Deus” na Versão Almeida Revista e Corrigida, mas que, no original, nada mais é que “logos tou theou” (“λόγος του θεου”). Como Logos é que Cristo voltará em glória para instituir Seu reino milenial e ser reconhecido como o Messias pelo povo judeu.

-Quando tomamos consciência de que Jesus é o Verbo Divino, vemos que não há outro meio para nos reconciliarmos com Deus, que não há outro caminho, que só em Cristo está a verdade, só n’Ele temos vida, que não há como ir ao Pai a não ser por Ele (Jo.14:6). Temos tido esta consciência? Que este trimestre possa no-la dar.

III – O VERBO É VIDA E LUZ AOS HOMENS

-Na descrição feita por João na introdução do evangelho, o “discípulo amado” também nos mostra que, no Verbo, estava a vida e “a vida era a luz dos homens” (Jo.1:4).
-Quando o Verbo Se fez carne, diz o apóstolo, “ali estava a luz verdadeira, que alumia todo o homem que vem ao mundo” (Jo.1:9).

-O Verbo, portanto, não só é o Criador de todas as coisas, mas a própria fonte de vida, entendida aqui não somente a vida física, mas, principalmente, a vida espiritual, a comunhão com Deus, pois, como se sabe, vida significa união, comunhão, enquanto morte é separação.

-O Verbo é o meio pelo qual se liga a Deus, pelo qual se tem vida, sendo essa a função precípua do Filho, como teremos oportunidade de estudar na próxima lição.

-O Verbo é a fonte da vida, a própria vida, vida esta que é a “luz dos homens”. Jesus é vida, como Ele próprio diria durante Seu ministério (Jo.14:6). Jesus veio nos trazer vida e vida com abundância (Jo.10:10) e somente em Seu nome poderemos ter vida (Jo.20:31).

Uma vida que, como advém do “Logos”, que é eterno, é uma vida igualmente eterna, a promessa que Ele nos deu (Jo.6:40; 10:28; I Jo.2:25; 5:11).

-Quando João diz que Jesus é a luz, uma vez mais nos remete ao texto da criação em Gênesis. Lá vemos que a primeira palavra divina foi “Haja luz” (Gn.1:3).

-Assim, ao mencionar que Jesus é a luz, de pronto observamos que se reproduz, novamente, que Jesus é apresentado como sendo o princípio criador, Aquele que estendeu a luminosidade divina à criação e, por isso, é a própria Luz, como, a propósito, disse de Si mesmo, mais de uma vez (Jo.8:12; 12:46). Ao dizer que Jesus é a luz, João, também, reforça a ideia da divindade de Jesus, visto que “Deus é luz” (I Jo.1:5).

-Como o Verbo é a luz, faz com que o homem veja (Mt.6:22.24), permite ao homem que enxergue, que tenha condições de conhecer a realidade do seu Criador.

-Mais uma vez, percebemos que Jesus é o meio pelo qual o homem tem acesso a Deus, pois é necessário que se possa ter luz para ver a Deus, para conhecê-l’O, para distingui-l’O, como, aliás, deixou claro o apóstolo Paulo em seu discurso perante os mestres da filosofia grega no Areópago em Atenas (At.17:27).

-Sem a luz, não se pode ver a Deus e Jesus é, precisamente, a luz dos homens, o único meio pelo qual a humanidade pode distinguir e ver claramente quem é Deus e qual é o propósito do seu Criador em relação à sua criatura. Quando a luz surge, tudo ilumina e, se enxergamos e resolvemos nos pôr debaixo desta luz, somos transformados, passando a produzir boas obras (Jo.3:19-21).

-Entretanto, muitos preferem continuar nas trevas, não aceitam a luz, não a compreendem, continuam a praticar o mal (Jo.1:5).

-O Verbo é luz para todos os homens, o que nos mostra a universalidade desta luz. Não há outro meio, em qualquer época ou lugar, pelo qual os homens podem ver a Deus. Somente por meio do Verbo isto é possível, a única luz, luz que veio para toda a humanidade.

-É interessante observar que, mesmo os rabinos judeus concordam que a luz mencionada em Is.60:3, luz para todas as nações, é uma referência ao Messias, a demonstrar, portanto, o caráter universal da missão do Verbo Divino.

-O Verbo, diz-nos o apóstolo João, também deve ser testificado, como havia sido testificado por João, não o apóstolo, mas o último profeta da dispensação da lei, o João Batista (Jo.1:6-8).

-Assim, embora Ele próprio Se tenha revelado de múltiplas formas, inclusive pela Sua encarnação, tinha de ser testificado pelos homens.

Não é por outra razão que o Senhor Jesus disse que nós éramos a luz do mundo (Mt.5:14-16) e que o apóstolo Paulo tenha dito que devemos ser irrepreensíveis e sinceros, inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa, resplandecendo como astros no mundo (Fp.2:15). Temos de refletir a luz, porque somos testemunhas desta luz.

OBS: “…Assim como João Batista, não somos a fonte da luz de Deus; simplesmente refletimos essa luz. Jesus Cristo é a Luz verdadeira.

Ele nos ajuda a enxergar o caminho para Deus e nos mostra como andar nesse caminho. (…). A palavra ‘testemunha’ indica o nosso papel como refletores da luz de Cristo. Nunca somos apresentados como a luz para os outros, mas estamos sempre indicando a Cristo, a verdadeira Luz.” (BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, com. Jo.1:8, p.1413).

-Mas, esta luz não é apenas a luz dos homens e luz que deve ser testificada pelos homens aos homens, mas é também “a luz verdadeira que alumia todo homem que vem ao mundo”. O Verbo é a luz verdadeira, pois Ele mesmo é a verdade (Jo.14:6). A iluminação, portanto, só pode ser feita pela Bíblia Sagrada, a Sua Palavra, que é a verdade (Jo.17:17).

-Não é, portanto, sem razão que o próprio Jesus, em Seu sermão escatológico, faz questão de alertar Seus discípulos a respeito dos “falsos cristos”, dizendo para que não corramos para lá ou para cá em busca deles, pois o Verbo é “a luz verdadeira que alumia a todo o homem que vem ao mundo”.

É o Verbo que ilumina, não os homens que correm ao encontro d’Ele para ser iluminado, pois Ele Se encontra sempre no mesmo lugar, o lugar da Sua Palavra que não passa e que permanece para sempre (Mt.24:35; I Pe.1:25).

-Nos dias em que vivemos, muitos correm atrás desta “luz verdadeira” de um lado para outro. Estatísticas estimam em cerca de 500.000 (quinhentos mil) o número de “crentes flutuantes”, que vão de igreja em igreja, de denominação em denominação, buscando servir a Deus e isto só na região metropolitana de São Paulo. Não saiam atrás da luz verdadeira, porque é ela que alumia a todo homem.

-Devemos não correr de um lado para outro, mas buscar a “luz que alumia a todo o homem”. Onde está esta luz? No deserto? No interior da casa? Nos sinais e prodígios? Não, não e não! A verdadeira luz Se encontra no Verbo e o Verbo é testificado pela Palavra de Deus.

“O mandamento do Senhor ilumina os olhos” (Sl.19:8 “in fine”); “Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra e luz para o meu caminho’ (Sl.119:105); “A exposição das Tuas palavras dá luz” (Sl.119:130a); “Porque estes mandamentos são lâmpada, este ensino é luz” (Pv.6:23a).

-“A luz verdadeira” está nas Escrituras Sagradas. Por que, então, sermos negligentes no seu estudo, na sua meditação? “Deixa penetrar a luz! Deixa penetrar a luz! Que a formosa luz de Deus fulgure em ti e serás feliz assim” (refrão do hino 96 da Harpa Cristã, de autoria de José Rodrigues).

 Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/11192-licao-5-jesus-e-deus-i

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