LIÇÃO Nº 5 – O FRUTO DO ESPÍRITO: O EU CRUCIFICADO
A noção bíblica do fruto do Espírito Santo ensina-nos que a vida de comunhão com Deus não é algo teórico, mas, sim, uma realidade prática.
INTRODUÇÃO
– O fruto do Espírito Santo é uma noção das Escrituras Sagradas que nos mostram que a vida de comunhão com Deus não é algo teórico, mas uma transformação que modifica totalmente as ações do verdadeiro e autêntico servo do Senhor.
– A presença do fruto do Espírito Santo é a verdadeira identidade do cristão, pois, como nos ensinou o próprio Jesus, pelos frutos temos condição de conhecer a condição espiritual das pessoas (Mt.7:16-20).
I – LIÇÕES ESPIRITUAIS DO CONCEITO DE FRUTO
– Na continuidade do estudo da doutrina bíblica da atuação do Espírito Santo, estaremos a estudar o fruto do Espírito, que a Declaração de Fé das Assembleias de Deus mostra ser um dos elementos da obra do Espírito
Santo, que consiste em “…dar prosseguimento ao plano de salvação idealizado por Deus Pai e executado pelo Deus Filho [Jo.14:16,17]…” (DFAD III.6, p.44).
– Este elemento da obra do Espírito Santo consiste em produzir “…nas pessoas as virtudes que refletem o caráter de Deus, denominado fruto do Espírito: ‘amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança’ (Gl.5:22,23).…” (DFD III.6, p.44).
– Sabemos que, para nos ensinar as realidades espirituais, que só podem ser discernidas espiritualmente (I Co.2:12-15), Deus, através da Sua Palavra, usou de figuras naturais, de realidades terrestres, a fim de que nossa mente pudesse bem entender a Sua revelação (Jo.3:12).
– As parábolas de Jesus são um exemplo deste eficaz método de ensino divino, mas não foi apenas nas parábolas que Deus Se utilizou desta técnica, que nos permite conhecer as coisas eternas que são, precisamente, aquelas que não podemos perceber através de nossos sentidos físicos (II Co.4:18).
– Uma destas figuras foi a do fruto, conceito que foi amplamente utilizado nas Escrituras Sagradas e que é o objeto de nossa lição presente, pois se trata da base do conceito de “fruto do Espírito Santo”.
– A primeira vez que a palavra “fruto” é utilizada na Bíblia foi em Gn.1:11, na narrativa da criação dos vegetais terrestres, no terceiro dia da criação. Naquela oportunidade, Deus mandou que surgissem na terra ervas verdes que dessem semente, como também árvores frutíferas que dessem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra.
– Esta descrição bíblica mostra-nos, claramente, algo que, séculos depois, seria bem compreendido pelos botânicos (a botânica é a parte da biologia que estuda os vegetais, ou seja, as plantas), que o fruto é um órgão dos vegetais cuja função é proteger e fornecer nutrição para as sementes, que são resultado da fecundação das células reprodutoras dos vegetais, pois há a imediata associação entre o fruto e a semente na ordem divina de criação.
– Além desta função para a perpetuação, ou seja, para a continuidade dos vegetais sobre a terra, ao criar o homem, no sexto dia, Deus também determinou que estas sementes e frutos servissem de mantimento para o homem (e, por extensão, a todos os demais seres vivos, que, segundo se infere do início da narrativa do Gênesis, eram todos herbívoros, ou seja, somente se alimentavam de vegetais) (Gn.1:29).
– O fruto, portanto, está associado, nas Escrituras, às funções de garantia de êxito da fecundação e alimentação de outros seres (seja as sementes, que são novos vegetais em potencial, seja de outros seres, que constituem o próximo elo da chamada “cadeia alimentar”).
– A primeira nota que devemos levar em consideração ao falarmos do fruto é que o mesmo somente se forma após a fecundação, ou seja, o fruto é uma parte dos vegetais superiores (somente os vegetais mais desenvolvidos, ditos superiores, também denominados de “angiospermas”, têm frutos) que resulta da transformação do ovário da flor.
“…O ovário da flor transforma-se em fruto, que guarda e protege a semente até que as condições externas estejam adequadas para a germinação…”(Biologia-Vegetais. Angiospermas. escolavesper.com.br/angiospermas.htm Acesso em 16 jan.2004).
– Portanto, não podemos falar em fruto se não tiver havido fecundação. Ora, em termos espirituais, a fecundação, ou geração, ocorre no momento do novo nascimento, que já foi estudado por nós neste trimestre.
Somente poderemos falar em fruto do Espírito Santo se tiver havido o novo nascimento. É por isso que Jesus dá tanto valor à frutificação, porque ela é uma demonstração de que houve o novo nascimento, que lhe antecede necessariamente.
– A segunda observação a ser feita é a de que o fruto tem uma função de proteção da semente, ou seja, o fruto é uma estrutura da natureza que tem a finalidade de guardar a semente até que ela tenha condições de germinar, de se desenvolver dando origem a um novo ser.
– Espiritualmente falando, vemos que o fruto do Espírito Santo é um modo pelo qual o desenvolvimento da nova criatura surgida em Cristo Jesus seja garantido e tenha êxito e sucesso.
– Assim como o fruto guarda a semente para que ela possa se tornar uma nova planta, da mesma maneira o fruto do Espírito Santo permite que o crente possa crescer espiritualmente, pois os hábitos e qualidades que irá ter, a partir de então, são instrumentos para a contínua aproximação do crente a Deus, fazendo-o refletir, cada vez mais, a glória do Senhor (II Co.3:17,18).
Não é, aliás, por outro motivo que Nosso Senhor afirmou que, através das nossas boas obras, os homens glorificam a Deus (Mt.5:16).
– A terceira observação que temos a fazer é a de que o fruto tem uma função de nutrição, ou seja, o fruto foi feito para alimentar não só a semente, que é um novo ser em desenvolvimento, como também os outros seres, entre os quais o homem, como Deus deixou bem claro na parte final da criação (Gn.1:29,30).
– Espiritualmente falando, o fruto do Espírito Santo em nossas vidas tem esta função de proporcionar alimento espiritual para a humanidade. É através do fruto do Espírito por nós produzido que o mundo poderá reconhecer Jesus, o pão da vida (Jo.6:35,48), que é o único alimento que pode sustentar o homem espiritual. Por este motivo, Jesus disse que nos escolheu, para que tenhamos fruto e um fruto permanente (Jo.15:16).
– A quarta observação que podemos fazer com relação ao fruto é que o fruto é o resultado de um processo fisiológico posterior à fecundação, ou seja, é uma demonstração de que existe vida depois da fecundação.
– O fato de ter surgido um novo ser, que está na semente, não significa que a planta-mãe tenha morrido mas, bem ao contrário, porque ela está viva, o ovário da flor transforma-se em fruto, para guardar e alimentar a semente até que ela tenha condições de germinar.
– A frutificação do crente é, também, a demonstração de que nele há vida, de que ele está vivo, de que ele está em comunhão com o Senhor.
Jesus deixou-nos bem claro que Ele é a vida (Jo.1:4;11:25) e que, sem que estejamos em comunhão com Ele, não poderemos dar fruto (Jo.15:2-6).
– O fruto é uma demonstração de vida e, por isso, é um critério seguro para avaliarmos alguém do ponto-de-vista espiritual.
João determinava aos seus discípulos que produzissem frutos dignos de arrependimento, ou seja, para o maior de todos os homens, não havia como se demonstrar que alguém estava, realmente, arrependido dos seus pecados, senão através da verificação de suas ações e atitudes (Mt.3:8).
Também é através das ações e atitudes que devem ser analisados os candidatos ao ministério na igreja local (I Tm.3:1-13).
OBS: “…As coisas cultivadas são entidades vivas. Por semelhante modo, dentro do cultivo do Espírito, são produzidas em nós as qualidades e os atributos do Deus vivo, e através dessas coisas é que vivemos.
Conforme vamos vivendo, gradualmente vamos assumindo a forma de vida do próprio Deus, pois o produto que está sendo produzido é um filho de Deus, que será conduzido à glória (ver Hb.2:10).…” (Fruto do Espírito. In: CHAMPLIN, R.N.. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. v.2, p.823).
– A quinta observação a ser feita com relação ao fruto é a de que o fruto tem como centro a semente, ou seja, existe em função da semente, para guardá-la e alimentá-la, até que ela tenha condições de germinar e dar origem a um novo ser.
– Da mesma maneira, o fruto do Espírito Santo tem como centro a Palavra de Deus (a semente também simboliza a Palavra do Senhor, como vemos em Mc.4:14).
Todas as ações e atitudes que caracterizam o fruto do Espírito estão em plena consonância com as Escrituras, são o cumprimento da Bíblia Sagrada na vida de cada crente. Não é possível que alguém produza o fruto do Espírito e não seja um cumpridor da Palavra de Deus, pois o fruto existe em função da semente.
– A sexta observação que podemos fazer com respeito ao fruto é a de que ele é o resultado de uma transformação. O ovário da flor transforma-se em fruto.
O fruto do Espírito Santo é consequência de uma transformação, que é a salvação do homem que aceita a Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador.
O fruto do Espírito Santo não é o resultado de uma reforma, de uma deformação, nem de uma formação, mas é produto de uma transformação, de um novo nascimento, nascimento da água e do Espírito.
– A educação, a aculturação ou qualquer outra operação humana não tem o condão de fazer produzir o fruto do Espírito Santo.
Observemos que o novo ser (a semente) não participa da operação do fruto, que a alimenta e a protege sem que a semente tenha qualquer participação neste processo, a não ser a recepção dos seus benefícios.
– De igual modo, o novo homem, salvo por Jesus, é envolvido pelo Espírito Santo, que produz este fruto, dando-lhe guarida e nutrição sem que tenha havido qualquer merecimento por parte do salvo. É Jesus o instrumento pelo qual nos advém o fruto do Espírito Santo (Fp.1:11-ECA).
OBS: Reproduzimos aqui a referência mencionada da ECA (Edição Contemporânea de Almeida), tal como se encontra na Bíblia de Referência
Thompson: “…cheios do fruto de justiça, o qual vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.”
“…Isto nos permite compreender, de imediato, que a vida espiritual, na totalidade de seu desenvolvimento, não consiste em resoluções morais e esforços humanos. Pelo contrário, o ser humano do crente vai sendo transformado segundo a natureza divina (ver Ef.3:19).
E esse processo de transformação moral está muito além da capacidade do homem mortal decaído. O alvo, por semelhante modo, é por demais elevado, e a vereda é por demais inclinada para o alto para que o homem possa atingi-la como uma realização humana.
Não obstante, torna-se necessária a cooperação do livre-arbítrio humano, pois, de outro modo, nada ocorrerá.…” (Fruto do Espírito. In: CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. v.2, p.822)
– A sétima observação a respeito do fruto é a de que ele permanece até que as condições externas façam com que a semente germine por si só.
O fruto, na vida natural, tem um tempo determinado de atuação, que cessa quando a semente, por si só, é capaz de germinar, ou seja, de morrer e gerar um novo ser, que, por sua vez, dará origem a outras sementes, que serão novos seres, como nos ensinou o Senhor (Jo.12:24).
– Ora, do ponto-de-vista espiritual, sabemos que nós, homens, não temos condição alguma de proporcionar a salvação de nossas almas (Sl.49:7,8), de modo que, se fôssemos depender de nós mesmos para alcançarmos, por nossas próprias forças, a salvação, a nossa transformação, estaríamos perdidos, pois, sem Jesus, nada podemos fazer (Jo.15:5).
– Desta maneira, se, no mundo natural, o fruto tem um tempo limitado de existência, no mundo espiritual, o fruto é permanente, pois jamais as condições externas farão com que o homem possa germinar por si só. Por isso, o fruto do Espírito é algo permanente, como bem nos explicou o Senhor (Jo.15:16).
OBS: Embora confunda a noção de fruto do Espírito Santo com a de dom do Espírito Santo (o que é algo que não é peculiar aos católicos, mas também existente entre os evangélicos ditos tradicionais ou reformados), o Catecismo da Igreja Romana, em seu § 1830, é feliz ao dizer que as ações e atitudes decorrentes da atuação do Espírito Santo na vida do cristão são “…disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir os impulsos do Espírito Santo.” (destaque nosso)
– Mas, não é apenas na sua função que o fruto nos traz preciosas lições espirituais. Também na sua estrutura, o fruto apresenta-se como uma figura das mais eloquentes das ilustrações bíblicas das realidades eternas.
– A botânica ensina-nos que o fruto possui uma cobertura, denominada pericarpo, constituída por três camadas.
Esta cobertura pode ser seca e fina, o que faz com que o fruto seja seco (o que ocorre com o trigo, a noz, a avelã e a semente de girassol), como também pode ser suculenta, o que faz com que o fruto seja carnoso. São muitas as variedades de frutos carnosos: as bagas (tomate, uva), as drupas (pêssego, ameixa, azeitona) e os pomos (pera, maçã, marmelo).
– Espiritualmente falando, temos que o fruto do Espírito Santo tem a mesma natureza da sua cobertura, ou seja, o fruto é de acordo com a sua espécie. O Espírito Santo somente pode produz fruto digno de arrependimento, fruto consonante com a Sua natureza, com as qualidades evidenciadas em Gl.5:22.
– Já se a cobertura do fruto não for o Espírito Santo, não adianta querer enganar os homens, pois se saberá, claramente, através da qualidade, que o fruto não é o do Espírito, mas, sim, teremos evidentes frutos pecaminosos e ruins.
– A variedade do fruto na natureza, também, mostra-nos que, na casa de Deus, as pessoas, ainda que desfrutem da mesma natureza e qualidade, nem sempre serão iguais, ou antes, manterão a sua individualidade, complementando-se uns aos outros, pois a variedade é mantida mesmo no seio do povo de Deus.
– A igreja não é um conjunto de robôs em série, mas, muito ao contrário, a reunião de pessoas diferentes, com diferentes formas e maneiras de agir e viver, ainda que dotadas da mesma natureza.
Sobre isto, Paulo dissertou mais de uma vez, procurando deixar claro aos crentes de seu tempo (e, por extensão, aos crentes de todos os tempos, inclusive nós, que vivemos os últimos momentos da Igreja sobre a face da Terra), que há uma diversidade, uma variedade entre os crentes, pois, num corpo, não há uma identidade entre os membros (I Co.12:12-20), assim como há uma variedade de dons, operações e ministérios (I Co.12:4-6)./
– Outro aspecto importante que observamos na botânica é que o fruto é o fim, o término de todo um processo fisiológico. Os vegetais superiores concluem todo o processo de sua vida com a formação do fruto, que é o resultado de todo um ciclo vital.
– Desde o momento que a semente germina e passa a formar um novo ser (morrendo, como nos fala Jesus), há somente um objetivo, uma finalidade: a formação do fruto. O fruto, como se vê, portanto, é o fim, o propósito, o objetivo de todo o processo.
– Espiritualmente falando, também vemos que o fim último da vida cristã é a produção do fruto do Espírito Santo.
Todo o processo de concessão da vida espiritual tem como finalidade a formação deste fruto. Jesus foi claro ao afirmar que nos escolheu para que vamos, demos fruto e o nosso fruto permaneça (Jo.15:16).
– Mediante a permanência do fruto é que poderemos ter uma vida de comunhão com Deus a ponto de tudo o que pedirmos a Deus, Ele nos conceda (Jo.15:16).
Ao contrário do que advogam os pensadores da Nova Era, só seremos, efetivamente, “deuses”, na medida em que estivermos produzindo fruto, ou seja, na medida em que dependermos exclusivamente do Senhor e façamos a Sua vontade e jamais o contrário.
– Somos de Cristo para que demos frutos para Deus (Rm.7:4). Quem não dá fruto do Espírito Santo não pode ser mantido no meio do povo de Deus e, por isso, é extirpado dele (Jo.15:2).
– Jesus deixou isto bem claro tanto na parábola da vinha (Lc.13:6-9), quanto no episódio da figueira infrutífera, que secou mediante a maldição do Senhor (Mt.21:18-22; Mc.11:12-14 e 19-24).
Aliás, é esta a única oportunidade do ministério de Jesus Cristo em que O vemos lançando uma maldição, a demonstrar o quanto desagrada ao Senhor a existência de vidas infrutíferas no meio do Seu povo. Para agradar a Deus em tudo é indispensável que frutifiquemos em toda a boa obra (Cl.1:10).
II – CONCEITO DE FRUTO DO ESPÍRITO
– Depois de termos visto um pouco da riqueza da ilustração bíblica do fruto, podemos afirmar que o “fruto do Espírito Santo” ou ” fruto do Espírito” é a maneira de viver resultante da atuação do Espírito Santo na regeneração de um ser humano, ou seja, é o resultado da transformação do homem que aceitou a Jesus como único e suficiente Salvador e que passou, portanto, a andar segundo o Espírito Santo.
– Esta nova maneira de viver, que não é mais vã (I Pe.1:18), esta nova conduta é o que denominamos de “fruto do Espírito”. É a transmissão da plenitude de Deus ao homem.
“…O fruto do Espírito é uma manifestação da natureza de Cristo(…) é restaurar o homem à imagem de Cristo(…).
O Espírito Santo faz que, por meio do ‘Fruto do Espírito’ as virtudes de Cristo apareçam…” (BÉRGSTEN, Eurico. Teologia sistemática: doutrina do Espírito Santo, do homem, do pecado e da salvação, p.22).
– Como nos ensina Paulo, quando alguém aceita a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, passa a ser uma nova criatura, ou seja, a sua maneira de viver é completamente mudada e modificada, pois a pessoa que alcança a salvação nasce de novo, as coisas todas se fazem novas (II Co.5:17; Gl.6:15), há uma mudança de direção na vida do indivíduo, o que costumamos chamar de conversão.
– Quando nos convertemos, entregamos nossa vida ao Senhor, que passa a controlá-la totalmente e isto resultará numa transformação, numa mudança de atitudes e ações. Esta nova conduta é o que denominamos de “fruto do Espírito”.
– Percebamos, em primeiro lugar, que esta nova conduta não é resultado de um esforço humano, nem de uma socialização que é operada em o novo crente. Não se trata de uma atuação de uma força de vontade da pessoa, nem de uma educação ou de uma influência de terceiros, de um grupo social sobre alguém.
– A transformação é o novo nascimento, o nascimento da água e do Espírito, como nos ensina Jesus (Jo.3:5).
O fruto é do Espírito, não do ser humano. Não podemos confundir, em absoluto, o fruto do Espírito com o resultado de uma educação, com uma postura ética ou algo similar. É por isso que não se pode considerar que a educação de crianças e jovens numa igreja local seja capaz de produzir o fruto do Espírito.
Não, somente o novo nascimento pode dar início deste processo gradual de conformação da nossa imagem à imagem de Cristo.
OBS: “…Esse processo está inteiramente fora do alcance da lei, de qualquer princípio legalista, mas requer comunhão real com o Espírito de
Deus. A vida cristã, pois, é um processo místico, e não apenas um processo ético.” (Fruto do Espírito. In: CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. v.2, p.823).
– É importante observar que a Bíblia menciona “o fruto do Espírito” e não os frutos do Espírito, a indicar que se trata de algo uno e indivisível. Deus é um só e a Sua natureza é sempre a mesma, n’Ele não há mudança nem sombra de variação (Tg.1:17).
Por isso, o fruto é único, ou seja, a mudança operada pelo Espírito Santo na vida do salvo traz ao ser humano a natureza divina, que é sempre a mesma, inalterável e impossível de ser dissociada, pois em Deus só há o sim e o amém (II Co.1:20).
– Daí porque ter sido utilizado pelo texto sagrado o singular, a indicar apenas “o fruto”. Este fruto nada mais é que o amor, que apresenta vários aspectos, que se traduzem nas nove qualidades descritas em Gl.5:22.
– O fruto do Espírito é o caráter do novo homem, do homem restaurado, do homem que recuperou sua condição primitiva de imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26,27). É este o caráter do discípulo de Jesus, como anunciado no introito do sermão do monte, as conhecidas bem-aventuranças (Mt.5:3-12).
OBS: “…Um outro contraste é que, enquanto as obras da carne são mais de uma, o fruto do Espírito é um e indivisível. Quando o Espírito controla completamente a vida de um crente, ele produz todas essas graças.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, com. a Gl.5:22-23, p.1220).
“…O fruto do Espírito é a obra espontânea do Espírito Santo dentro de nós. O Espírito produz certos traços de caráter que são encontrados na natureza de Cristo. São os subprodutos do seu controle sobre a nossa vida – não conseguiremos obtê-los se tentarmos alcançá-los sem sua
ajuda.…” (BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, com. a Gl.5:22,23, p.1640).
Neste sentido, aliás, é oportuno aqui transcrever comentário de João Paulo II, líder da Igreja Romana de 1978 a 2005, a respeito das expressões “fruto” ou “frutos” no Espírito Santo:
“Na tradição teológica são distinguidos, embora estejam postos em correlação, as virtudes teologais, os dons e os frutos do Espírito Santo (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1830-1832).
Enquanto as virtudes são qualidades permanentes, conferidas à criatura em vista das obras sobrenaturais que ela deve realizar e os dons aperfeiçoam as virtudes tanto teologais como morais, os frutos do Espírito são actos virtuosos que a pessoa realiza com facilidade, de modo habitual e com gosto (cf. S. Tomás, Summa theologiae, I-.II, q. 70 a. 1, ad 2).
Estas distinções não se opõem àquilo que Paulo afirma ao falar, no singular, de fruto do Espírito. Com efeito, o Apóstolo quer indicar que o fruto por excelência é a própria caridade divina que é a alma de todo o acto virtuoso.
Assim como a luz do sol se exprime numa gama infinita de cores, assim também a caridade se manifesta em múltiplos frutos do Espírito. …” (JOÃO PAULO II. Audiência de 20 de outubro de1999. google.com/search?q=cache:ulQ3o2Nc-_sJ:www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/audiences/1999/documents/hf_jp-
ii_aud_20101999_po.html+fruto+do+Esp%C3%ADrito,+catecismo,+Tom%C3%A1s&hl=pt-BR&ie=UTF-8. Acesso em 17jan.2004).
– “…Em contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama de ‘o fruto do Espírito’.
Esta maneira de viver se realiza no crente à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. As obras da carne e o fruto do Espírito[estudo doutrinário], p.1803).
– Como podemos perceber, portanto, o fruto do Espírito é um modo de viver de acordo com a vontade de Deus, o resultado de uma vida de aproximação contínua a Deus.
“…Todo desenvolvimento espiritual, portanto, requer a realidade e a busca do Espírito, pois Ele é a fonte de tudo. Não é suficiente ‘ler a Bíblia e orar’.
A experiência humana mostra-nos que isso não basta. Deve haver a inquirição pelo Espírito Santo, bem como a submissão a Ele. Por sua vez, quando Sua presença é real para nós, Ele usará os meios da meditação, do estudo e da oração; tais meios, entretanto, são praticamente inúteis sem a Sua presença.
Podem modificar temporariamente o indivíduo, pela mera força mental e moral; mas essa modificação (independente do Espírito de Deus) não pode perdurar.…” (Fruto do Espírito. In: CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. v.2, p.823).
– “…Viva sob o controle do Espírito Santo. Obedeça cada ordem do Espírito Santo. Saiba que isso derrotará qualquer inclinação carnal que você possa ter. Acredite que isso resultará na vida de Jesus reproduzida em você.” (Verdade em ação no livro de Gálatas. Diretrizes para o crescimento no Espírito. In: BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.1222).
– O fruto do Espírito dá ao crente o mesmo caráter de Jesus. Passamos a ter uma nova natureza e, ao participarmos desta nova natureza, que é a natureza de Cristo, passamos a ser parecidos com Ele, de modo que não mais vivemos, mas é Cristo que vive em nós (Gl.2:20).
– Não mais fazemos a nossa vontade, mas passamos a fazer a vontade de Deus. Nossos desejos, nossos sonhos, nossa forma de ver o mundo e as pessoas já não está submetida ao nosso “eu”, mas tudo é feito sob a perspectiva de Jesus, o nosso Senhor e Salvador.
– Não foi por outro motivo que os discípulos foram, em Antioquia, chamados de cristãos (At.11:26). Um povo que jamais havia visto Jesus, ao ouvir a pregação a respeito de Cristo e comparando a vida vivida pelos discípulos e o caráter de Jesus anunciado nas pregações, concluíram que os discípulos tinham o mesmo caráter de Cristo e por isso passaram a chamá-los de cristãos.
– Isto não ocorreu apenas na igreja primitiva. Conta-se que um missionário britânico, alguns anos depois da morte de David Livingstone (1813-1875), grande missionário britânico na África, foi evangelizar uma tribo no coração daquele continente e ao descrever o caráter de Jesus em sua pregação ouviu dos aborígenes do local que Jesus havia passado por ali.
O missionário disse que isto era impossível e, posteriormente, soube que a tribo se referia a Livingstone, pois, ao ouvir falar de como era Jesus, imediatamente associaram a pessoa de Cristo ao modo de vida daquele europeu que não lhes chegou a pregar o evangelho mas que esteve naquelas imediações.
É exatamente este o papel do fruto do Espírito: fazer-nos parecer com Cristo, testificar de Cristo para os homens através de nossos atos, através de nossa vida. “Que o mundo possa Cristo em ti ver! Guarda o contacto co’o Supremo Ser” (metade final da 3ª estrofe do hino 77 da Harpa Cristã).
– Não é por outro motivo que o título de nossa lição é “o fruto do Espírito: o eu crucificado”. Para produzirmos o fruto do Espírito, é preciso que, no início de todo o processo, morramos, neguemos a nós mesmos, tomemos a cruz e sigamos a Jesus, para fazer-Lhe a vontade. Mister se faz que crucifiquemos o
“eu”, a nossa natureza pecaminosa, a carne com as suas paixões para que tenhamos novidade de vida (Gl.5:24).
– O fruto do Espírito gera, na vida do homem, a santificação. Nem poderia ser diferente. Se o fruto segue a sua espécie, o fruto do Espírito Santo só pode gerar santidade, que, como vimos, é uma das demonstrações do caráter divino do Espírito, pois só Deus é santo.
– Por isso, o Espírito Santo é chamado, nas Escrituras, de Espírito de santificação (Rm.1:4). Quando passamos a participar da natureza divina, passamos a cada vez mais nos parecer com Cristo e isto representa uma santidade cada vez mais intensa na vida do cristão.
Santificação é o processo pelo qual nós nos tornamos santos. É um processo contínuo, é algo que não pode ser obtido de uma hora para outra e que nunca vai parar, pois a perfeição é algo que nunca pode ser alcançado pelo homem, mas que pode ficar cada vez mais perto.
A Bíblia manda que devemos seguir a santificação (Hb.12:14) e que devemos nos santificar cada vez mais (Ap.22:11).
– Nos dias em que vivemos, a santificação tem sido um assunto cada vez mais raro nos nossos púlpitos e, não raro, confundida como atraso ou ignorância.
É mister que isto ocorra, pois, lamentavelmente, a multiplicação da iniquidade tem atingido e feito esfriar o amor de muitos (Mt.24:12), mas sem a santificação jamais poderemos ver o Senhor (Hb.12:14). Nosso Deus continua sendo o mesmo e Suas palavras continuam sendo:
“Porque Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis, e sereis santos, porque Eu sou santo…” (Lv.11:44a). “…Santidade convém à Igreja, pra gozarmos celeste amor.” (metade final da 3ª estrofe do hino 144 da Harpa Cristã).
III. COMO PRODUZIR O FRUTO DO ESPÍRITO
– O fruto do Espírito, como vimos, é resultado de uma vida transformada pela salvação em Jesus Cristo. Assim, para que alguém produza o fruto do Espírito, em primeiro lugar, precisa ter nascido de novo, precisa ter se convertido. Somente quem nasceu de novo pode produzir o fruto do Espírito.
– O novo nascimento é tão somente o ato inaugural de uma vida de comunhão com Deus. Se a conversão é um ato único, um instante, um momento, uma passagem da morte para a vida, como bem descreveu o Salvador (Jo.5:24), o fruto do Espírito é o resultado de uma vida, de uma continuidade, de um andar.
– Como afirmou Paulo, “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm.8:1), bem como ” andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gl.5:16b).
Para que alguém possa produzir o fruto do Espírito, é necessário que “ande em Espírito”, ou seja, que viva de acordo com a orientação, a direção e a vontade de Deus. O fruto do Espírito não é um instante, não é um momento, mas é resultado de uma vida com Deus, de uma convivência ininterrupta com o Senhor.
– O fruto do Espírito mostra-nos, claramente, que a vida de comunhão com Deus é uma realidade una e que abrange todos os aspectos de nossa vida. Simplesmente não existe uma vida religiosa, um momento sagrado na vida do servo de Deus, mas toda a vida está envolvida pelo Espírito de Deus.
Muitos têm se enganado, pensando que ser cristão é reservar alguns instantes, algumas horas, algum dia ao Senhor, como se pudesse ter algum momento fora da orientação divina.
Somos crentes 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano (nos anos bissextos, 366 dias). Somente se vivermos debaixo da vontade de Deus, produziremos o fruto do Espírito.
– A finalidade de nossa vida de comunhão com Deus é a produção do fruto do Espírito, assim como a finalidade de todo o processo fisiológico vegetal é a formação do fruto, como vimos no início deste comentário.
Por isso mesmo, como diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, “…Negamos que a adoração e a espiritualidade de alguém possam ser medidas, percebidas ou avaliadas exclusivamente pelo exercício dos dons espirituais [Mt.7:22,23].
Ensinamos que a adoração é uma atividade espiritual e precisa ser efetuada pelo poder e fruto do Espírito Santo na formação do caráter cristão na vida do adorador [Fp.2:13;
Gl.5:22]…” (DFAD XV.2, p.144).
– Muitos acusam os pentecostais de menosprezar ou, mesmo, desprezar o fruto do Espírito, alicerçando a vida espiritual apenas nas manifestações sobrenaturais de poder.
Embora seja fato de que muitos sedizentes pentecostais se comportem deste modo, julgando a espiritualidade de cada um por sinais, prodígios e maravilhas ou pelo falar em línguas estranhas, o verdadeiro e autêntico pentecostalismo é avesso a tais entendimentos.
– O verdadeiro pentecostalismo é consonante com a Bíblia Sagrada e ela nos mostra que o propósito da salvação é conformar o salvo à imagem de Cristo (Rm.8:29) e isto somente se dará quando passarmos a produzir o fruto do Espírito, quando, então, seremos genuínos e verdadeiros cristãos, varas da videira verdadeira (Jo.15:1-5).
– Agora, quando falamos em produção do Espírito Santo também falamos em produção abundante.
Quando falamos em conformação à imagem de Cristo, falamos não só no caráter de Cristo, mas em realizar as mesmas obras que Ele realizou, o que inclui, necessariamente, as manifestações sobrenaturais que estiveram presentes não só em Seu ministério público (Jo.3:2; 11:47; 12:37; At.2:22) como no dos apóstolos (At.2:43; 4:30; 5:12).
Assim como o fruto do Espírito, os sinais são elementos que caracterizam os que creem em Jesus (Mc.16:17).
– Tanto assim é que a Declaração de Fé das Assembleias de Deus foi muito feliz ao afirmar que o fruto do Espírito Santo é uma evidência da manutenção do batismo no Espírito Santo, da manutenção do fervor espiritual, “in verbis”: “…o falar em línguas é a evidência inicial desse batismo, mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como o ‘fruto do Espírito’ (Gl.5:22) e a manifestação dos dons [I Co.14:1]…” (DFAD XIX, p.165).
– Uma vida com Deus jamais pode ser infrutífera. Jamais poderemos imaginar que alguém esteja servindo a Deus se não dá fruto. Isto é biblicamente impossível. Se vivemos em comunhão com o Senhor, se andamos em Espírito, estaremos, necessariamente, produzindo o fruto do Espírito.
– O infrutífero não tem vida e, se não tem vida, é porque não tem Jesus. Pode dizer-se um cristão, mas será tão somente um crente nominal, isto é, alguém que se está chamando a si próprio de cristão, mas que não está ligado na videira verdadeira, sendo apenas um hipócrita, um impostor.
Por isso que o infrutífero é cortado e lançado fora (Jo.15:6), mandado para as trevas exteriores (Mt.25:30), pois se trata de alguém que está espiritualmente morto, que está separado de Jesus.
– A existência do fruto do Espírito na vida de alguém, portanto, é uma inequívoca comprovação de que esta pessoa é uma verdadeira e autêntica serva do Senhor, é uma demonstração externa e perceptível da sua condição de filha de Deus.
Por isso, Jesus manda-nos sempre observar os frutos daqueles que estão no meio do povo de Deus, pois, ao verificarmos que alguém, ainda que esteja no nosso meio, não produz o fruto do Espírito, teremos identificado os falsos mestres e falsos profetas que sempre existirão no meio do povo do Senhor (Mt.7:15,16; II Pe.2:1).
– Nos dias em que vivemos, muitos têm negligenciado esta advertência divina e têm se deixado levar por sinais, maravilhas, prodígios e experiências místicas e sobrenaturais.
Não resta dúvida de que a vida com Deus, de que o evangelho completo envolve manifestações desta natureza, como temos estudado nas lições deste trimestre, mas nada disso pode ser considerado, por si só, como critério de autenticidade, como “carteira de identidade” do cristão. O cristão é conhecido pela sua natureza, pela presença do fruto do Espírito.
– Para que alguém produza o fruto do Espírito, é mister que tenha contato com a água da vida, ou seja, que mantenha uma vida de submissão à Palavra de Deus.
Quem quer produzir o fruto do Espírito, precisa manter sua crença na Bíblia Sagrada, o instrumento pelo qual lhe veio a fé salvadora (Rm.10:17). Como diz o salmista, somente a árvore que está plantada junto a ribeiro de águas, dá o seu fruto na estação própria (Sl.1:3).
– Para que alguém produza o fruto do Espírito, é mister que tenha receptividade espiritual, ou seja, que receba e observe a Palavra de Deus.
Não basta apenas ouvir, mas é preciso que ouça e pratique a Palavra do Senhor (Mt.7:24,25; Tg.1:22-25).
Quando cumprimos a Palavra de Deus, quando fazemos o que Jesus nos manda, passamos a ter o Seu caráter, pois Ele também cumpriu as Escrituras (Mt.5:17; Jo.19:28) e Se diz amigo daqueles que O imitam (Jo.15:14).
– Para que alguém produza o fruto do Espírito, é mister que morra para a velha vida, que viva unicamente para Deus. Como disse o Senhor, se o grão de trigo não morrer, não pode produzir fruto (Jo.12:24).
– Não mais podemos viver para nós mesmos, temos de anular o nosso “eu” e viver única e exclusivamente para o Senhor.
Como Paulo, devemos dizer que “…estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim.” (Gl.2:19b,20).
– Para que alguém produza o fruto do Espírito, é mister que seja podado pelo Senhor (Jo.15:2). A botânica explica que um dos principais hormônios vegetais é a auxina, que é responsável pelo crescimento do vegetal.
“… As auxinas são sintetizadas e apresentam as concentrações mais altas nas áreas (…) do broto e da raiz, áreas nas quais as células se dividem rapidamente para renovar o seu crescimento.(…).
Quando aplicada externamente às extremidades de caules incisos, a auxina estimula sua formação.
(…)A auxina também provoca reações fototrópicas, ou seja, reage à luz(…) a parte do broto que fica distante da luz sofrerá um maior alongamento celular, e fará com que a extremidade do broto se curve na direção da luz.…”(Hormônios vegetais. vestibular1.com.br/revisao/hormonios_vegetais.doc. Acesso em 16 jan.2004).
– Quando há uma poda, há um estímulo à atuação da auxina e, por causa da poda, o vegetal cresce e, o que é muito importante, cresce em direção à luz, o que lhe permite um desenvolvimento sadio, uma situação melhor que a anterior.
É exatamente o que ocorre quando somos “podados” pelo Senhor, ou seja, quando somos submetidos às provações divinas. Embora o processo seja doloroso, pois se estará diante de um corte, o resultado será um crescimento sadio em direção à luz, ou seja, teremos uma maior aproximação de Deus e uma maior profundidade espiritual.
Nossa produção do fruto do Espírito crescerá e será muito melhor. Como Jó, poderemos considerar que estaremos num novo estágio espiritual, numa nova dimensão do conhecimento de nosso Senhor (Jó 42:1-6). Por isso Jesus nos diz que aquele que é podado, produz mais fruto ainda.
– Muitos crentes tradicionais criticam os evangélicos pentecostais e os menosprezam precisamente porque os acusam de se terem deixado seduzir pelas manifestações de sinais, maravilhas e prodígios em detrimento da busca de uma vida de comunhão com Deus, de uma busca de produção do fruto do Espírito.
Em razão disto, alegam, os evangélicos pentecostais tornar-se-iam presa fácil do adversário de nossas almas e descambariam para a heresia e para a distorção doutrinária.
– Embora saibamos que a pregação do evangelho pelos pentecostais seja o retorno à genuína doutrina bíblica, temos de concordar com os críticos no tocante a pouca ênfase que se tem dado ao fruto do Espírito e às lamentáveis consequências advindas deste menosprezo.
Biblicamente, a identificação de um verdadeiro cristão não se dá por meio de manifestações sobrenaturais, que têm função confirmatória (Mc.16:20), mas pela presença do fruto do Espírito.
– Não podemos, entretanto, concordar com a postura dos crentes tradicionais, no sentido de que haveria uma oposição entre o revestimento de poder e o fruto do Espírito. Ambos são operações do mesmo Espírito e se complementam, de modo algum são opostos.
– Se é errado correr atrás de sinais, maravilhas e prodígios ou tratá-los como critérios de identificação do cristão, não é menos errado descrer destas manifestações sobrenaturais e racionalizar a presença do fruto do Espírito, como têm sido feitos pelos adversários do pentecostalismo.
– A igreja primitiva notabilizava-se como verdadeira seguidora do Senhor tanto pelos sinais, quanto pelo seu caráter. Os crentes eram chamados de cristãos não somente porque viviam como Jesus, mas também porque faziam as obras extraordinárias que Jesus fizera.
– Jesus era conhecido não só por andar fazendo bem, mas também por ter sido ungido com o Espírito Santo e com virtude (At.10:38).
Ser testemunha do Senhor importa tanto em viver de acordo com os preceitos da verdade, como também em experimentar e demonstrar o poder que confirma a verdade em que se crê.
– O crescimento da Igreja nos moldes bíblicos exige uma combinação indissociável entre transmissão da natureza divina (o que se dá pelo fruto do Espírito) e do poder divino (o que se dá com o batismo com o Espírito Santo e a concessão dos dons espirituais) à Igreja.
Jamais poderá a Igreja cumprir a sua missão na Terra se não proporcionar o devido crescimento espiritual aos seus integrantes, crescimento este que se dá tanto em graça quanto em conhecimento (I Pe.3:18).
Ora, para se crescer na graça e no conhecimento, é indispensável que recebamos tanto o poder quanto a natureza divinos, ou seja, que sejamos revestidos de poder e produzamos o fruto do Espírito.
– A igreja primitiva cumpriu a sua tarefa, evangelizando o mundo conhecido de então em uma geração, porque tinha o caráter de Cristo, mas também demonstrava o Seu poder. De nossa geração, Deus não requer coisa diferente.
Assim como os discípulos dos tempos apostólicos aliaram o fruto do Espírito e o revestimento de poder para pregar o evangelho a toda criatura, de igual forma, os crentes do século XXI devem fazê-lo, pois estamos na mesma dispensação e a ordem de Jesus não mudou, nem mudará. “Passarão os céus e a terra, mas as Minhas palavras não hão de passar”, diz-nos o Mestre.
– Deixemos, pois, as discussões estéreis de lado e, nós, Igreja do Senhor, partamos para o cumprimento de nossa missão, produzindo o fruto do Espírito e buscando o revestimento de poder, para que o mundo saiba que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e virá arrebatar a Sua Igreja.
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6159-licao-5-fruto-do-espirito-o-eu-crucificado-i