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LIÇÃO Nº 7 – A BÍBLIA TRANSFORMA AS PESSOAS

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo da Bibliologia, analisaremos hoje o poder transformador das Escrituras.

– A Palavra de Deus mostra o seu poder ao salvar o homem.

I – O OBJETIVO DA REVELAÇÃO DIVINA AO HOMEM

– Prosseguindo o estudo da Bibliologia, hoje veremos o poder transformador das Escrituras, que demonstram ser ela a Palavra de Deus.

– Para tanto, temos de, em primeiro lugar, constatar que a Bíblia, como bem ensina o pastor Antônio Gilberto, é “a revelação de Deus para a humanidade”.

E por que Deus quis Se revelar ao homem por meio das Escrituras? Porque Deus quer salvar o homem. Como afirma o apóstolo Paulo, Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4).

– Deste modo, vemos, claramente, que a salvação está como finalidade de toda a revelação, não sendo, pois, aliás, por outro motivo, que o assunto central das Escrituras seja Jesus (Jo.5:39; Lc.24:44-47), que é o Salvador (Mt.1:21).

– O propósito do texto bíblico, portanto, é mostrar ao homem o amor de Deus e Seu interesse em salvá-lo, tanto que as Escrituras são a própria demonstração do plano de salvação da humanidade. Jesus veio para salvar o mundo (Jo.12:47).

– Neste ponto, aliás, interessante vermos o que está registrado em Dt.29:29, quando o próprio Moisés, a quem se deu o início da inspiração das Escrituras, diz-nos que as coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus, mas as reveladas são para nós e nossos filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei, ou seja, Deus revelou a Sua Palavra para que o homem possa cumpri-la, para que possa ter comunhão com o seu Criador.

– O Senhor Jesus disse que as Escrituras são as Suas testemunhas (Jo.5:39) e sabemos que testemunha nada mais é que uma prova. Ora, se as Escrituras são as testemunhas de Jesus, é preciso que elas provem que Jesus é o Salvador.

– E esta prova é dada a cada dia, pois, todos os dias, ao ouvirem a Palavra de Deus, multidões creem em Jesus e são salvas, têm os seus pecados perdoados, seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro, recebem a vida eterna e esta salvação é demonstrada pelas boas obras que passam a ser praticadas pelos salvos na pessoa de Jesus Cristo.

– “…O mundo é hoje melhor por causa da Bíblia. Ela é conhecida pelo caráter que molda. Noutras palavras, é conhecida por seus benditos frutos nas vidas dos que a abraçam. A poderosa influência da Bíblia tem transformado multidões de pessoas em todos os tempos e em todas partes do mundo, dantes incrédulas, descrentes em todos e em tudo, sem alegria interior, indiferentes, materialistas, decaídas, escravas do pecado, do vício, da idolatria, medo, superstições, feitiçarias, mas depois que abraçaram este livro, foram por ele influenciadas e transformadas em criaturas salvas, alegres, libertas, felizes, santificadas.

Nenhum outro livro tem tal poder de transformar pessoas e influenciar nações para o bem. Até inimigos da Bíblia reconhecem que nenhum outro livro em toda história da humanidade teve tamanha influência para o bem.

Reconhecem seu efeito sadio na civilização. Mostrai-me outro livro com tal poder de influenciar e transformar indivíduos, famílias e nações!…” (GILBERTO, Antonio. Manual da Escola Dominical. 5. Ed. aumentada e melhorada, pp.50/1).

– Mas além e ser testemunha de Jesus, as palavras reveladas por Deus ao homem são “espírito e vida”. O próprio Jesus, ao dizer que as Escrituras são Suas testemunhas, confirma o entendimento dos judeus de que, no texto sagrado, estava a vida eterna. O Senhor mesmo disse que Suas palavras eram “espírito e vida” (Jo.6:63).

– “…A Bíblia Sagrada é um livro absolutamente original em muitos sentidos, inclusive e principalmente no que tange ao tema vida.

É o único livro que aponta o segredo da vida, seu verdadeiro significado e sua dimensão eterna (…). O segredo da vida nos é revelado na Bíblia como um tesouro espiritual que se relaciona íntima e inseparavelmente com a pessoa de Jesus Cristo…” (GOMES, Geziel. Lição 5 – A Bíblia, o livro que produz vida. Lições Bíblicas, Jovens e Adultos – A supremacia das Escrituras 4 trim. 1980, p.23).

– Sendo “espírito e vida”, a Bíblia Sagrada faz com que homens que antes não tinham discernimento espiritual algum, que somente atentavam para as coisas desta vida, para as coisas terrenas, passem a ter compreensão das coisas espirituais, das coisas divinas, passem a “olhar para cima”, a “pensar nas coisas de cima”. Não foi, por acaso, o que aconteceu com os discípulos de Jesus, que, deixando de ser

“pescadores de peixes” passaram a ser “pescados de homens”? Que dizer, então, de Saulo de Tarso, que, depois do encontro pessoal com Jesus, passou a disputar, em Damasco, nas sinagogas, mostrando nas Escrituras que Jesus, o nome contra o qual ele havia se levantado, era o Filho de Deus?

– Mas, além de as Escrituras mostrarem que as pessoas que passam a ouvi-la, lê-la e praticá-la se tornam espirituais, também demonstram que elas passam a ter comunhão com Deus, a ter vida, pois vida, na Bíblia, nada mais é que comunhão, que união.

– A Bíblia Sagrada faz com que pessoas que antes estavam separadas de Deus, muitas até que nem criam na existência de Deus, passem agora a viver em função de Deus, fazendo a vontade do Senhor, procurando agradar-Lhe nos mínimos pormenores, tanto que se esforçam, a cada dia, a cumprir o que está escrito no texto sagrado precisamente para que possam ser agradáveis a Deus.

– As Escrituras transformam totalmente as pessoas e isto é percebido por todos quantos se encontram convivendo com estas pessoas que, em sendo incrédulas, efetivamente não irão compreender perfeitamente o que ocorreu, mas são firmes e convictas em dizer que ocorreu uma mudança na vida daquela pessoa e que isto, de alguma forma, está relacionado com o contato que teve com “o livro da capa preta”, como costumavam dizer os não crentes a respeito daqueles que criam em Jesus no interior de nosso país nos primórdios das Assembleias de Deus.

– Isto era tão notado que muitos dos irmãos da primeira geração das Assembleias de Deus no Brasil costumavam dizer que muitas pessoas, principalmente aquelas vinculadas à Igreja Romana, davam vazão a uma série de histórias fantasiosas para tentar impedir que as pessoas lessem “o livro da capa preta”, porque a leitura dele mudava as pessoas, podia “fazer-lhes mal”.

– Sendo “espírito e vida”, as palavras de Jesus, que se encontram na Bíblia Sagrada, cujo assunto é

Cristo, vemos que produz ela o “novo nascimento”, como, aliás, atesta Nosso Senhor e Salvador no Seu diálogo com Nicodemos, quando diz que o novo nascimento é um nascimento da água e do Espírito (Jo.3:5).

– Ao dizer que Suas palavras são “espírito e vida”, o Senhor Jesus chancela toda a Palavra de Deus, porquanto a lei já era mostrada aos israelitas como sendo o norte que nos mostra a vida e o bem, a morte e o mal e que devemos escolher a vida, porque “…esta palavra está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração para a fazeres…” (Dt.30:14).

– Nesta mesma passagem, o Senhor disse que, ao atentar para os mandamentos, o povo teria circuncidado o seu coração, passando a amar ao Senhor e, assim, se convertendo a Deus, adquirindo a vida (Dt.30:6) e o próprio Moisés disse que isto seria requerido do povo quando viesse o profeta como ele (Dt.18:18,19) e Cristo diz claramente que falou tudo quanto o Pai lhe determinara (Jo.15:15).

– A Palavra de Deus, portanto, quando ouvida e recebida, ou seja, crida, faz com que as pessoas passem a ter vida espiritual, passem a ter comunhão com Deus, tanto que já não mais são chamadas de “servos”, mas, sim, de “amigos” de Cristo Jesus.

– Não é por outro motivo, também, que Pedro vai afirmar que esta nova geração é realizada por meio da semente incorruptível, que é a Palavra de Deus (I Pe.1:23).

– Quando Paulo nos diz que quem está em Cristo é uma nova criatura (I Co.5:17) e o que importa é ser nova criatura (Gl.6:15), está reafirmando o que é dito por Cristo ao mestre de Israel, vinculando, assim, o novo nascimento, a nova geração à ação das Escrituras, o que bem explica o seu poder transformador.

– Mas o que é este “novo nascimento”? “…Nascer de novo, biblicamente falando, significa a nova criação em Jesus Cristo; a conversão ou regeneração operada no homem pelo Espírito de Deus vivo, mediante o evangelho (Jo.3:5; Rm.1:16; II Co.5:17)…” (GILBERTO, Antonio apud Bíblia com comentários de Antonio Gilberto, p.1458)

– A salvação produz o novo nascimento, como nos ensinou Jesus em Seu diálogo com Nicodemos (Jo.3:3-8). Considerada como um novo nascimento, a salvação faz surgir uma nova criatura (II Co.5:17; Gl.6:15). Ser

“nova criatura” é ter, agora, um espírito vivificado, isto é, ter comunhão com Deus, ter vida, pois, antes, só se tinha morte, ou seja, separação entre o indivíduo e Deus por causa dos seus pecados (Is.59:2).

Ser “nova criatura” é ter um novo caráter, pois passa a realizar boas obras (Mt.5:16), a produzir o “fruto do Espírito” (Gl.5:22) e não mais as velhas obras, as “obras da carne” (Gl.5:19-21). A salvação traz uma nova geração, pela qual passamos a ter uma viva esperança (I Pe.1:3).

Eis o motivo pelo qual o salvo já não espera mais nas coisas desta vida, mas passa a pensar nas coisas que são de cima (Cl.3:1-3).

– O item 6 do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus afirma que “[CREMOS] na necessidade absoluta do novo nascimento pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus para tornar o homem aceito no Reino dos Céus (Jo.3:3-8; Ef.2:8,9)”.

– A necessidade do novo nascimento é absoluta para que tenhamos a salvação. Se não nos tornarmos uma
“nova criatura”, jamais seremos salvos. Sem arrependimento e conversão, não há este novo nascimento.
Somente assim, poderemos chegar aos céus. Lembremos sempre disso!

– Este novo nascimento é proporcionado, em primeiro lugar, pela graça de Deus. Deus quis salvar o homem. A salvação tem origem em Deus e, por isso mesmo, a Bíblia é a revelação de Deus ao homem. Foi Deus quem deu a Palavra (Sl.68:11a), porque Seu propósito é que, por meio dela, o homem saiba que Deus quer salvar todos os homens.

– A graça de Deus, como bem pontua o pastor Luiz Henrique de Almeida Silva, pioneiro das videoaulas de EBD na internet, é o próprio Jesus, pois ela “se manifestou trazendo salvação a todos os homens”
(Tt.2:11) e esta manifestação se dá, notadamente, pelas Escrituras, cujo assunto é o Senhor Jesus.

– Esta graça, que é um dom de Deus (Ef.2:8), vem-nos por meio da fé (Ef.2:8). Há uma discussão teológica se o dom de Deus é a graça ou a fé, mas podemos afirmar que a graça, que é Cristo, é um dom de Deus, porque foi quem Deus quem deu o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que n’Ele crê não pereça mas tenha a vida eterna (Jo.3:16).

– Este dom, porém, chega-se através de um instrumento, que é a fé, fé esta que vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17).

Deste modo, percebemos que a fé, que está em nós, faz parte do nosso espírito, é posta em ação, “agitada” pela Palavra de Deus. Como nos mostra a parábola do semeador, a semente, que é a Palavra de Deus, a semente incorruptível, precisa ser acolhida pelo terreno onde ela é lançada, e isto se dá, precisamente, pela fé que em nós há, ainda que em estado latente.

É o que nos mostra o apóstolo Paulo, que nós estamos em Cristo quando “depois que ouvimos a Palavra da verdade, o Evangelho da nossa salvação e tendo nele também crido, fomos selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef.1:13, com mudança das pessoas gramaticais).

– Não há, porém, como se ter conhecimento da graça de Deus e de se exercer a fé se não houver a pregação da Palavra de Deus, a pregação do Evangelho, que nada mais é que a pregação das Escrituras. Esta fé, como diz Antonio Gilberto, é “a firme convicção quanto a Deus pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm.10:17; II
Ts.2:11,12)…” ( A fé bíblica. Bíblia com comentários de Antonio Gilberto, p.1610)

– Tanto assim é que o Senhor disse que a vida eterna é o conhecimento de Deus como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem o Pai enviou (Jo.17:3) e quem é que nos dá este conhecimento? A Bíblia Sagrada!

– É bem por isso que, no Seu diálogo com Nicodemos, o Senhor Jesus disse que é preciso nascer da água e do Espírito para entrar no reino de Deus (Jo.3:5).

– Este nascimento da água nada mais é que o nascimento pela Palavra de Deus, pois a água simboliza a Palavra, pois é ela quem nos limpa (Jo.15:3).

– Mas o Senhor também disse ao mestre de Israel que o nascimento é da água e do Espírito, isto porque, quando ouvimos a Palavra, o Espírito Santo vem nos convencer do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8), fazendo que nos disponhamos a crer na Palavra que é pregada, para que, então, creiamos e alcancemos a salvação.

– O Espírito, neste convencimento, atua também para que possa o pecador entender a Palavra que está sendo pregada, pois a Palavra de Deus se discerne espiritualmente, fazendo que se possa abrir o entendimento para que se tenha uma comunicação entre Deus e o homem.

– A ação do Espírito Santo, portanto, complementa a ação da Palavra, pois é papel do Espírito anunciar o que é de Cristo (Jo.16:13) e as testemunhas de Cristo são as Escrituras, até por isso o Espírito de Deus nos faz lembrar os ditos de Jesus (Jo.14:26).

– É, para se utilizar da expressão do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, o poder atuante do Espírito Santo e o poder atuante da Palavra de Deus fazendo com que se tenha o novo nascimento.

– A Palavra gera, então, uma “nova criatura”, onde tudo é novo, onde há total e completa transformação. Só há genuína salvação quando cremos em Jesus, quando cremos no Evangelho, Evangelho este que nada mais é que a Palavra de Deus.

– A transformação das pessoas é a demonstração deste novo nascimento, do surgimento desta nova criatura. Como diz o pastor Antonio Gilberto: “…A conversão é uma experiência real, definida na pessoa, no tempo e no espaço…” (Bíblia com comentários de Antonio Gilberto, p.1458).

II – A PALAVRA DE DEUS É PODER PARA A SALVAÇÃO DO QUE CRÊ

– Visto que o objetivo da Palavra de Deus é a salvação do homem e que esta salvação faz com que o homem se torne uma “nova criatura”, o que explica porque a Bíblia transforma as pessoas, vejamos um outro aspecto importante das Escrituras.

– Paulo, ao escrever aos romanos, diz que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16). Vemos, portanto, que a mensagem da salvação, a Palavra de Deus é poderosa, ela é o poder de Deus, pois não há como o homem se livrar do pecado a não ser que o poder de Deus atue neste sentido.

– Paulo, em Cl.1:13, diz que Jesus nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor, tendo o salmista Davi dito que o Senhor o havia tirado de um lago horrível, de um charco de lodo e posto os seus pés sobre uma rocha e firmado os seus passos (Sl.40:2).

– Há uma ação poderosa de Deus quando ocorre a salvação de uma pessoa e este poder se encontra já na Sua Palavra, que é o evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.

Paulo afirma que assim como Deus começou a criar todas as coisas das trevas fazendo resplandecer a luz, também faz com que o Evangelho faça resplandecer em nossos corações a iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo (II Co.4:3-6).

– A Palavra de Deus é, portanto, comparada à luz, que foi o início da criação, mostrando, assim, que, como já vimos, é ela quem gera a “nova criatura”, a “nova criação”.

– Por isso, quem crê em Jesus, quem dá crédito ao Evangelho, muda completamente, pois passou das trevas para a luz, vem para a luz. Quem vem para a luz tem as suas obras aprovadas por Deus, pois quem aborrece a luz é, precisamente, o que pratica o que é reprovado pelo Senhor (Jo.3:20).

– A Bíblia, então, faz com que as pessoas deixem de praticar o mal e passem a praticar o bem. As obras que eram más passam a ser boas, porque elas passam a ser feitas em Deus (Jo.3:22).

Por isso, o apóstolo Paulo diz que aquele que crê em Jesus, crê no Evangelho é um “novo homem, segundo Deus, criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef.4:24).

– A Palavra de Deus nos limpa e, por causa disso, agora, gerados de novo, temos uma “verdadeira justiça e santidade”. Justiça, porque a Palavra de Deus é a justiça, a reta justiça que é o aferidor do bem e do mal, do certo e do errado, que deve ser a base, o critério para os nossos julgamentos (Jo.7:24).

– O Salmo 119, cujo tema é a própria Palavra de Deus, diz que a vivificação do homem se dá pela justiça de Deus e isto somente ocorre com aqueles que desejam os preceitos do Senhor (Sl.119:40).

– Ainda neste salmo, é dito que a lei do Senhor é a verdade, porque a justiça do Senhor é eterna (Sl.119:142) e, como sabemos, nos salmos, como nos livros poéticos em geral, temos a figura do chamado “paralelismo hebraico”, segundo o qual sempre são ditas duas expressões que têm o mesmo significado e, este modo,

justiça de Deus e lei de Deus são a expressão da mesma coisa, a nos mostrar que a Palavra de Deus é a justiça divina e, portanto, quando somos criados em “verdadeira justiça”, isto é nada mais nada menos que afirmar que, pela Palavra de Deus, adquirimos uma nova natureza, passamos a ser justos, e isto, evidentemente, irá nos tornar diferentes e chamar a atenção dos incrédulos para nós, pois o mundo é caracterizado por ser dominado pela injustiça, pela iniquidade, que nada mais é que pecado (I Jo.3:4).

– Também é dito que os mandamentos do Senhor são “justiça” (Sl.119:172) e, por isso mesmo, a língua do salvo fala da Palavra de Deus. Isto nos mostra, pois, que um genuíno e autêntico salvo tem, na sua língua, sempre a Palavra de Deus, nela medita, dela fala, evangeliza e tem como assunto a Cristo Jesus. É isto uma realidade em nossas vidas? Pensemos nisto!

– Mas, além de “verdadeira justiça”, o novo homem foi gerado em “verdadeira santidade”. Já vimos que a Palavra de Deus tem o poder de nos tirar do domínio do pecado, de nos livrar do maligno e, assim, somos separados do pecado, somos santificados.

– O novo homem está separado do pecado, foi limpo pela Palavra e, agora, é mister que assim continue e continuará separado do pecado se se santificar e o principal meio de santificação é a Palavra de Deus (Jo.17:17). O Senhor Jesus, intercedendo por nós, pediu ao Pai que fôssemos santificados na Palavra de Deus.

– Assim como temos de diariamente nos banharmos para mantermos limpos os nossos corpos, precisamos diariamente meditarmos nas Escrituras para que mantenhamos nosso homem interior limpo.

– Paulo afirma que o Senhor Jesus purificou a Sua Igreja pela “lavagem da água”, pela Palavra, precisamente para a santificar (Ef.5:26) bem como que somos salvos pela “lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt.3:5).

– A Palavra dá-nos poder para nos mantermos separados do pecado, é uma poderosa arma para que enfrentemos as tentações e as investidas do maligno contra nós, porque, embora estejamos livres do poder do pecado e da natureza do pecado, ainda estamos no corpo do pecado e numa constante batalha contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais (Ef.6:12).

– Nesta luta incessante, é necessário munir-nos da “armadura de Deus”, que é descrita pelo apóstolo Paulo em Ef.6:13-17, cuja única arma ofensiva é a Palavra de Deus, chamada de “a espada do Espírito”.

– Nossa atitude, na batalha espiritual, é nitidamente defensiva, porquanto somos inferiores a Satanás e seus anjos e, mais do que isto, tal batalha se instaurou por causa do desejo homicida do diabo, que quer matar, roubar e destruir o salvo.

Sendo assim, não há interesse algum por parte dos salvos de obter alguma vantagem ou conquista em relação ao diabo, porque já fomos convencidos pelo Espírito Santo do juízo, ou seja, de que o príncipe deste mundo já está julgado (Jo.16:8,11).

– No entanto, para que não fiquemos acuados, o Senhor providenciou uma arma de ataque, que é a espada do Espírito. Assim como Nosso Senhor e Salvador, “podemos pôr o inimigo para correr”, quando manejamos bem a Palavra da verdade (II Tm.2:15).

A Palavra de Deus é a arma ofensiva nos embates contra o diabo e seus anjos. Foi com a Palavra que Jesus afugentou o adversário (Mt.4:1-11; Lc.4:1-13) e foi por não ter devidamente sido atenta à Palavra de Deus que Eva foi vencida no Éden (Gn.3:1-6).

– Esta arma que é a “espada do Espírito” não só serve para afugentar o diabo e seus anjos, permitindo que a “luz” chegue até o pecador, mas também atua no próprio pregador do Evangelho.

Como diz o escritor aos hebreus, “a Palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12).

– Temos aqui mais uma demonstração do poder da Palavra de Deus, porque ela é penetrante, ela tem a capacidade de levar o homem a um singular encontro com o Senhor, ela vai até à profundidade do ser humano, a divisão entre a alma e o espírito, espírito que se encontra inerte, visto que separado de Deus por causa do pecado, a fim de provocar uma reação do pecador.

– Por isso, quem ouve o Evangelho nunca mais será o mesmo, pois a Palavra de Deus, pelo seu poder, expulsa todos os poderes demoníacos e leva o homem a um “momento da verdade”, no qual ele aceitará ou rejeitará a mensagem da salvação.

– Vejamos que, na parábola do semeador, o Senhor Jesus faz questão de afirmar que, APÓS ter sido ouvida a palavra, a pessoa não entendendo (ou seja, não crendo), deixa-se seduzir pelo maligno e rejeita a mensagem (Mt.13:19), de modo que o inimigo arrebata, ou seja, retira o que foi semeado no coração do impenitente. Por isso, ninguém terá desculpa no dia do juízo por ter rejeitado a salvação…

– A Palavra de Deus vai até a consciência do homem, até à divisão da alma e do espírito, e isto se dá tanto para quem a está pregando como para quem a está ouvindo, pois a Palavra é uma espada “de dois gumes”, ou seja, corta tanto para um lado quanto para o outro.

– A Palavra de Deus, assim, tem o poder de separar do pecado tanto de quem está pregando, que assim se santifica na verdade (Jo.17:17), como de quem está ouvindo, que tem a oportunidade de nascer de novo (Jo.3:3,5).

– A Palavra de Deus demonstra, ademais, o seu poder porque ela é eficaz, ou seja, gera o efeito pretendido, sem que ninguém possa impedir. Ela vai até a divisão da alma e do espírito e discerne os pensamentos e intenções do coração. Por isso, aliás, o profeta Isaías trouxe a seguinte mensagem do Senhor:

“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da Minha boca; ela não voltará para Mim vazia; antes, fará o que Me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Is.55:10,11).

– Paulo dizia-se em combate contra o pecado, tanto que diz que “não militava segundo a carne” (II Co.10:3). Estava em combate e, por isso, andava armado, mas não com “as armas carnais, mas com armas poderosas em Deus para destruir as fortalezas, armas que destruíam os conselhos e a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus e que levam cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (II Co.10:4,5).

– Estas armas eram poderosas em Deus para destruir as fortalezas. Paulo mostra bem que a batalha espiritual cotidiana de cada crente é contra o diabo e suas hostes espirituais.

As fortalezas aqui são espíritos malignos que estão a construir estruturas e sistemas contrários a Deus neste mundo que a Bíblia diz que está no maligno (I Jo.5:19). Não são “espíritos territoriais”, como defendem os falsos ensinos da “teologia da batalha espiritual”, mas é inegável que há uma ação satânica e demoníaca mais intensa em certos lugares e

áreas da vida humana, que são como que “fortalezas” do inimigo nesta guerra travada entre a Igreja e as “portas do inferno”.

– Em nossos dias, muitos têm ido para dois extremos perigosos. O primeiro é o da “demonização”, ou seja, em tudo se vê a ação satânica e demoníaca, em tudo se entende haver “fortalezas” ou “ação de espíritos malignos”.

Sabemos que a atuação demoníaca e satânica está a aumentar, até porque se aproxima o arrebatamento da Igreja e, nestes dias, o Senhor Jesus disse que haveria a “multiplicação da iniquidade” (Mt.24:12). No entanto, nem tudo é obra do demônio e não podemos cair num falso “dualismo”, doutrina que
é desconhecida das Escrituras.

– O segundo extremo é o da descrença na atuação do diabo. Já há muitos que cristãos se dizem ser que até não creem na existência do inimigo como um ser pessoal. Outros, embora creiam no diabo, acham que ele não opera mais ou não pode agir contra os crentes. Estes também estão enganados.

– A atuação satânica e demoníaca é uma realidade e sua presença no meio do povo de Deus é evidente.

– Paulo bem sabia da existência destas forças espirituais contrárias à pregação e desfrute do Evangelho que dizia que um dos objetivos das armas poderosas em Deus era a “destruição das fortalezas”.

Mas, alguém pode perguntar: por que, hoje em dia, não se manifestam tantos demônios quanto antigamente em nossas igrejas locais? Por que o diabo deixou de agir? Não, amados irmãos, simplesmente porque não temos mais as armas poderosas em Deus para destruir as fortalezas.

– As armas poderosas em Deus também destroem os conselhos, palavra que é traduzida na Nova Versão

Internacional por “argumentos”, o que mais se aproxima do original grego “logísmos” (λογισμός). Somente as armas espirituais podem destruir os argumentos humanos, os raciocínios baseados na lógica humana e que têm seduzido a muitos crentes na atualidade.

Não podemos nos esquecer que o inimigo nos engana com base nestes raciocínios humanos, pois ele conhece as coisas que dizem respeito aos homens (Mt.16:23).

– Muitos que cristãos se dizem ser já não mais creem nas Escrituras, já alteraram suas crenças porque a ciência e a lógica humanas têm apresentado “argumentos irrefutáveis” que apontam “erros” e “contradições” da Bíblia.

Tomemos cuidado com estes ensinos que somente fazem as pessoas se desviar da verdade, do Evangelho genuíno e autêntico. Quem tem armas poderosas em Deus destrói tais argumentos, estes falsos conselhos e consegue permanecer fiel ao Senhor.

OBS: Já há um movimento entre os evangélicos em nosso país em que se procura atacar o “fundamentalismo”, cuidando que a apatia da

participação sócio-política da Igreja em nosso país é resultado desta posição de fidelidade ao conteúdo das Escrituras. Nada mais falso e enganador! Tomemos cuidado com tais pensamentos.

– As armas poderosas em Deus também são aptas para destruir toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.

Uma das características do uso das armas espirituais é o de nos levar à submissão a Cristo, de nos levar à humilhação debaixo da potente mão de Deus (I Pe.5:6).

– Quando o homem de Deus se utiliza das armas espirituais, ele se torna cada vez mais dependente de Deus, cada vez mais obediente à Sua Palavra, que é, afinal de contas, a principal testemunha de Cristo entre nós (Jo.5:39). Quando observarmos que grandes líderes passam a questionar as Escrituras, passam a defender uma

“contextualização” do texto sagrado, uma “modernização”, uma “atualização” ou trazem “novas visões”, “novas revelações”, saibamos que são homens que não estão a usar das armas poderosas em Deus, homens que se têm deixado levar pela altivez, pelo orgulho, que não mais militam a boa milícia da fé. Vigiemos!

– O genuíno líder chamado por Deus e que continua a fazer a vontade de Deus não quer que as pessoas fiquem em volta de si, mas, sim, que estejam debaixo de Cristo, que obedeçam a Cristo, que Lhe sejam submissos. São homens que, a exemplo de Paulo, ensinam o povo inclusive a abandoná-lo se passar a falar o que não está de acordo com as Escrituras (Gl.1:8,9).

– Nos dias em que vivemos, poucos são os líderes que querem diminuir para que Cristo cresça. Muitos estão tão dominados pela vaidade e pela altivez que não admitem sequer que o nome do Senhor seja mencionado, que dirá glorificado em seus movimentos, denominações e igrejas.

Há um crescente “culto da personalidade” no meio dito evangélico, algo extremamente perigoso e que é exatamente o contrário do que fazia o apóstolo Paulo.

– Os “apóstolos do século XXI” são altivos e não querem levar as pessoas a serem cativas de Cristo, mas, sim, a serem presa sua, a serem submissas à sua pessoa. Não troquemos a liberdade que temos em Cristo pela sujeição a estes homens, que, com este comportamento, demonstram ser falsos apóstolos.

– Recordemos o que nos diz o próprio Paulo: “porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço, não vos façais servos dos homens” (I Co.7:22,23).

– Temos de levar nosso entendimento à obediência de Cristo. Não podemos querer mais do que convém saber (Rm.12:3), tendo conhecimento tão somente daquilo que nos foi revelado nas Escrituras (Dt.29:29).

Temos de nos ater ao que foi revelado e não admitir que líderes ou “sabichões” nos levem a algo que não se encontre na Bíblia Sagrada. Não creiamos a todo espírito, mas provemos se os espíritos são de Deus (I Jo.4:1).

– O apóstolo, ainda que combatesse o pecado, não estava interessado em discussões, debates, pelejas ou porfias. Muito pelo contrário, sabia que a vitória sobre o pecado se daria quando os santos cumprissem a obediência.

A vingança contra a desobediência não se dá através de atitudes hostis, mas, sim, por intermédio da nossa obediência a Cristo. O nosso testemunho é a maior arma contra as ciladas astutas do diabo (II Co.10:6).

– Por ser “o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”, a Palavra de Deus permite que o homem diga não ao pecado e se mantenha fora do seu poder, o que faz com que passe a ser um “corpo estranho” no mundo, que está no maligno (I Jo.5:19), passando, então, a ser odiado por ele (Jo.15:18,19).

– Tem-se, pois, na perseguição sofrida pelos servos de Deus mais uma evidência da transformação operada pelas Escrituras na vida de alguém.

Ele passa a ser uma “persona non grata” neste mundo, passa a sofrer, mas isto é mais uma demonstração de que agora ele é um salvo na pessoa de Jesus Cristo, mais um efeito transformador. Ele deixa de ser amigo do mundo para ser amigo de Deus (Tg.4:4). Afinal de contas, o que é salvação senão a restauração da amizade entre Deus e o homem (Cf. Gn.3:15)?

– Esta nova natureza nascida da ação da Palavra de Deus e do Espírito Santo sobre o homem faz com que, também, tenhamos a produção do fruto do Espírito (Gl.5:22). O Senhor Jesus disse que pelos frutos seríamos conhecidos se somos, ou não, salvos (Mt.7:16-20).

– Na parábola do semeador, somente aquele que acolhe a semente e não se deixa envolver pelas coisas desta vida, frutifica. A produção do fruto do Espírito é outro fator que demonstra a transformação operada pela Palavra de Deus na vida do ser humano.

– Neste ponto, aliás, é bom lembrarmos aqui o que costuma dizer o pastor Eugênio de Jesus, uma das referências da Assembleia de Deus – Ministério do Belém: “Tem pessoa que entra no Evangelho, mas não deixa o Evangelho entrar nela, ou seja, não tem transformação”.

– A transformação da pessoa pela Palavra de Deus é condição “sine qua non” para que alguém seja identificado como um salvo, como alguém que realmente creu em Jesus como Senhor e Salvador da sua vida.

A Palavra, então, serve como um identificador, como um sinalizador de quem é realmente servo do Senhor, quem é ovelha e quem não no é, sendo apenas um lobo vestido de ovelha.

Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/7009-licao-7-a-biblia-transforma-as-pessoas-i

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