LIÇÃO Nº 7 – “EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA”
INTRODUÇÃO
-Na sequência do estudo do Evangelho segundo João, analisaremos o milagre da ressurreição de Lázaro, o maior milagre do ministério de Nosso Senhor.
-Jesus é a ressurreição e a vida.
I – A FAMÍLIA DE BETÂNIA
-Betânia é uma vila até hoje existente, situada no outro lado do monte das Oliveiras, cerca de 15 estádios, ou seja, cerca de 2.700 m de distância de Jerusalém, na estrada para Jericó.
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-Tratava-se, praticamente, de passagem obrigatória para quem ia às peregrinações em Jerusalém, principalmente para os que moravam na Galileia, como era o caso do Senhor Jesus, que não passavam por Samaria, mas atravessavam o rio Jordão indo para a Pereia e, depois, iam a Jericó e ali tomavam a estrada para Jerusalém, que passava em Betânia.
-A palavra “Betânia” significa “casa dos figos” ou “casa das tâmaras verdes”, indicando que era um lugar onde, particularmente, havia esta espécie de frutas em abundância no caminho para Jerusalém. Alguns entendem, também, que seu significado seja “casa da aflição” ou “casa da obediência”.
-O fato é que Jesus passava por ali quando, como varão judeu que era, em observância à lei, comparecia a Jerusalém nas três grandes festas (Páscoa, Pentecostes e Festa dos Tabernáculos) (Ex.23:17; 34:24; Dt.16:16).
-Nesta aldeia, moravam três irmãos: Maria, Marta e Lázaro. Tratava-se de uma família diferente, porque, pelo que parece, os pais haviam morrido e os filhos ainda eram solteiros. Era uma família de irmãos sem pais.
-A falta dos pais na família de Marta, Maria e Lázaro certamente trazia muitas dificuldades e problemas para aquela família, notadamente naquele tempo em que a sociedade era “patriarcal”, ou seja, a figura do “pai de família” era fundamental para que houvesse a vida familiar e a própria convivência da família com o restante da sociedade.
-É precisamente nesta família diferente, carente, quiçá vista com desconfiança por toda a sociedade, mesmo naquela pequena vila como era Betânia, que Jesus teria um papel singular, sendo, de longe, a família que mais se aproximou de Jesus e com Ele manteve um relacionamento intenso, reconhecido por todos (Cf. Jo.11:36).
II – A FAMÍLIA DE BETÂNIA ENTRA EM CRISE
-Que privilégio o da “família de Betânia”! Jesus era amigo de Marta, Maria e Lázaro e, pelo que se verifica, a partir de então, passou sempre a frequentar a casa deles quando ia para Jerusalém.
-No entanto, apesar de serem amigos de Jesus, a “família de Betânia” estava neste mundo e aqui sempre nos esperam aflições (Jo.16:33).
-Lázaro, que era o chefe da família, por ser o único irmão do sexo masculino, adoeceu. A enfermidade era grave e isto muito perturbou as irmãs Marta e Maria.
-A morte já havia causado profundas marcas naquela família, pois os irmãos eram órfãos. Agora, justamente o principal elemento desta família já precária, encontrava-se enfermo.
-As irmãs não tiveram dúvidas. Estava-se diante de uma família que era amiga de Jesus, que tinha aprendido com Ele e que Lhe obedecia e que sabia que Ele a amava. Assim, diante desta grande dificuldade, não tiveram dúvidas, foram buscar a ajuda de Jesus.
-Assim faz toda família que é amiga de Jesus. Em meio a qualquer dificuldade, a qualquer aflição, vai ao encontro de Jesus para pedir-Lhe a ajuda, superando todos os eventuais obstáculos que o mundo queira colocar para impedir que se vá até Jesus.
-Naquele tempo, Jesus ainda estava fisicamente entre nós e, portanto, as irmãs pediram que alguém fosse levar a notícia da doença para o Senhor.
-Jesus não estava na Judeia, pois sabia que os judeus queriam matá-l’O e ainda não havia chegado o momento de Ele morrer.
-Muito provavelmente, Jesus estava na Pereia (Jo.10:40), região que ficava do outro lado do rio Jordão, em frente a Jericó, no começo da estrada cuja última parada antes de Jerusalém era Betânia.
-Não deve ter sido fácil para as irmãs encontrarem alguém com disposição a ire até Jesus para dar-lhe a notícia da doença de Lázaro.
-Além de ser longe, havia o problema do comprometimento com Jesus. Com efeito, a oposição ao Mestre estava no seu auge, quem fosse entendido como seguidor de Cristo deveria ser expulso da sinagoga (Jo.9:22,34) e já tinham querido matar ou prender a Jesus (Jo.10:31,39). Mas as irmãs superaram estes obstáculos e conseguiram mandar a notícia para o Senhor.
-Em nossos dias, embora não haja esta distância física nossa com Jesus, basta orarmos e já entramos na Sua presença, não é fácil levarmos a notícia de nossas dificuldades ao Senhor.
-Isto porque, para entrarmos na presença d’Ele, diz-nos o escritor aos hebreus, precisamos ter verdadeiro coração em inteira certeza de fé, purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa (Hb.10:22), ou seja, precisamos estar em comunhão com o Senhor, termos nascido da água e do Espírito e estarmos em uma vida de santificação.
-A notícia mandada revela a intimidade que havia entre Jesus e aquela família: “Senhor, eis que está enfermo aquele que Tu amas” (Jo.11:3).
-Por primeiro, vemos que “a família de Betânia” reconhecia Jesus como Senhor. Cria que Ele era Deus, que Ele era o Messias. Nenhuma família pode ser amiga de Jesus se não tiver tal fé, se não demonstrar tal consciência. É por isso que não são famílias amigas de Jesus aqueles que cultivam e mantêm ídolos em seu lar.
-Por segundo, “a família de Betânia” tinha a experiência do amor de Deus. Sabiam que eram amados por Jesus, desfrutavam e sentiam o amor de Deus em suas vidas. A família amiga de Jesus ama a Jesus porque sabe e experimenta que Jesus os amou primeiro (I Jo.4:19).
-Quando sabemos e experimentamos que Jesus nos ama, passamos a amá-l’O e isto significa fazer o que Ele manda e guardar a Sua Palavra. Jesus, pelo amor que sabia que o Pai Lhe tinha (Mt.3:17), foi obediente até a morte, e morte de cruz (Cf. Fp.2:8).
-Por terceiro, vemos que “a família de Betânia” não fugiu da realidade. Lázaro estava enfermo. Era amado de Jesus, era um fiel servo do Senhor, mas estava enfermo. Veja que não houve sequer um pedido de cura por parte das irmãs. Elas apenas relataram que Lázaro, amado de Jesus, estava enfermo.
-Por quarto, ao pedir que alguém fosse ao encontro de Jesus dando notícia da enfermidade de Lázaro, aquela família demonstrava todo seu apreço pelo Senhor e a disposição de enfrentar a perseguição sofrida pelos seguidores de Jesus.
Eles amavam a Jesus com todo o seu coração, a sua alma e seu entendimento e, por isso, não se atemorizavam de ter o ódio das autoridades por causa desta atitude.
-Não se diga que morava a família numa aldeia e que não havia perigo de perseguição, porque Betânia ficava muito próxima a Jerusalém e era passagem obrigatória para quem ia ao templo, de modo que este gesto seria facilmente de conhecimento daqueles que buscavam matar ou prender o Senhor, bem como intimidar os Seus seguidores.
-No mundo teremos aflições. O fato de estarmos em comunhão com Jesus não nos impede de passarmos por dificuldades, entre as quais as enfermidades. Ninguém está imune a doenças porque ama a Jesus ou é amado por Ele, como ensina falsamente a chamada teologia da confissão positiva.
-Jesus não disse que Lázaro havia pecado, que deveria se arrepender, pois não era este o caso. O que o Senhor Se limitou a dizer, e Seu dito era precisamente para que fosse sabido pelas irmãs, pois seria levado pelo mensageiro, era de que aquela enfermidade não era para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus fosse glorificado por ela (Jo.11:4).
-A família amiga de Jesus é instrumento para a glorificação do Seu nome, como, aliás, individualmente todo e qualquer servo do Senhor. Embora passemos por aflições, embora tenhamos sofrimentos, tudo isto é para a glória de Deus.
-Quando cremos em Jesus e passemos a fazer parte da Igreja, que é o Seu corpo, passamos a compartilhar da Sua glória e tudo que nos acontece aqui é para a glória de Deus, para a glorificação do Seu nome.
-Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo diz que tudo quanto fizermos, devemos fazer para a glória de Deus (I Co.10:31). Se algo que quisermos fazer não tiver este resultado, esta consequência, mas, antes, servir de escândalo, não devemos fazê-lo (I Co.10:32,33).
-Vemos aqui uma realidade que nos apresenta João em seu evangelho: a glorificação do nome de Deus, por vezes, passa por momentos, instantes e períodos de aparente mal, de dor e aflição.
-O cego de nascença foi escolhido para que nele se manifestassem as obras de Deus (Jo.9:3). Ele nasceu cego para que Jesus mostrasse todo o Seu poder curando um cego de nascença, cego este que, muito provavelmente, não tinha sequer os globos oculares.
Mas, por causa disso, viveu muitos anos, décadas (pois tudo indica que já era, no mínimo, um adulto quando foi curado – Jo.9:21) cego e com todas as consequências disto, como viver da mendicância (Jo.9:8).
-Por isso, devemos ser muito cuidadosos quando estivermos a enfrentar adversidades, ou virmos alguém enfrentá-las, pois onde vemos consequência de pecado, maldição ou coisa qualquer coisa, não é senão um período que antecede a manifestação da obra de Deus. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã (Sl.30:5 “in fine”).
-Como ensina Myer Pearlmann (1898-1943): “… A série de milagres de Cristo, realizados antes da crucificação c registrados no Evangelho de João, chega ao seu ponto alto com o sétimo milagre – o da ressurreição de Lázaro. Coroa os demais milagres de modo triste, e de modo alegre.
É o milagre culminante, no sentido triste. Os dez capítulos anteriores indicam de que maneira Jesus se revelou aos judeus, de todos os modos diferentes que pudessem inspirar a verdadeira fé, e narram como cada nova revelação só servia para enchê-los de amargura c dureza, até que a hostilidade deles chegasse a um ponto desesperador.
Jesus se manifestou como Doador da vida, mas não queriam chegar a Ele a fim de receberem esta vida; Jesus declarou- lhes ser o Pão da Vida, mas não tinham apetite por comida espiritual; Jesus proclamou ser a Luz do mundo, mas eles preferiram andar nas trevas; Jesus disse que era o Bom Pastor; eles, porém, não queriam ouvir a sua voz nem ser guiados por Ele.
Agora, finalmente, comprova ser Ressurreição c a Vida, c planejam condená-lo à morte. Crime dos crimes: mataram o Autor da vida! (At 3.15).
A ressurreição de Lázaro é o milagre culminante, no sentido alegre: é o sinal externamente visível de que o Cristo de Deus já venceu a morte e a sepultura. Depois da operação deste milagre, bem podemos exclamar:
“Onde está, ó morte, o leu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (1 Co 15.55)..…” (João. Série Comentário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp.131-2).
-Jesus ainda ficou dois dias no lugar onde estava, para só então partir para Betânia e, quando ali chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia morrido (Jo.11:6,17)
-Aquela demora de Jesus era exatamente para que Lázaro morresse e, deste modo, o nome do Senhor viesse a ser glorificado. Jesus não queria simplesmente fazer um milagre de cura de Seu amigo, mas o maior milagre de Seu ministério, ressuscitando um morto há quatro dias. Deus faz mais do que aquilo que pedimos ou pensamos (Ef.3:20).
-Jesus disse aos discípulos e ao mensageiro enviado pelas irmãs de Lázaro de aquela enfermidade não era para a morte mas para a glória de Deus. Devemos sempre confiar naquilo que o Senhor nos fala, ainda que as circunstâncias pareçam desmentir o que foi dito da parte de Deus. É fácil? Não, mas é necessário.
-João faz questão de dizer que o Senhor Jesus amava aquela família e esta demora estava vinculada a este amor. Devemos sempre nos lembrar que Deus é amor (I Jo.5:8 “in fine”) e que tudo quanto faz é motivado pelo amor.
-Após ter ainda demorado na Pereia por dois dias, o Senhor disse aos discípulos de que era hora de voltar para a Judeia. Os discípulos não gostaram da ideia, porquanto sabiam que lá Cristo correria risco de vida, mas o Senhor disse que era preciso andar de dia porque vê a luz deste mundo, mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há a luz (Jo.11:9).
-Jesus sabia que tinha de prosseguir a Sua obra salvífica e que se chegava ao apogeu dos sinais e maravilhas que estava a realizar em Seu ministério e, como prova de que sabia exatamente o que estava a fazer, diz aos discípulos que Lázaro dormia e que iria Ele despertá-lo do sono (Jo.11:11).
-Os discípulos, então, ainda resistentes à ideia de voltarem a Judeia, disseram que, se Lázaro dormia, era porque tinha sarado, estava salvo da enfermidade (Jo.11:12), mas, então, o Senhor, claramente, lhes diz que Lázaro estava morto e que a demora se devia aos propósitos divinos para este evento, para, inclusive, aumento da fé dos discípulos (Jo.11:13-15).
-Cabe aqui uma explicação, pois muitos se utilizam desta expressão de Jesus para tentar fazer valer a falsa doutrina do “sono da alma”, defendido tanto pelas Testemunhas de Jeová como pelos adventistas, segundo a qual, quando a pessoa morre, morrem corpo, alma e espírito, que somente tornarão a viver quando a ressurreição.
-Por primeiro, cumpre observar que Jesus usou a palavra “sono” para falar da morte, ou seja, não disse, em momento algum, que, quando as pessoas morrem, ficam inconscientes, “adormecidas” até a ressurreição.
-A expressão “dormir” ou “sono” quando se refere à morte tem a ver com o fato de que a pessoa não mais passa a saber o que se passa aqui neste mundo, não tem mais consciência do que ocorre aqui na Terra.
-No entanto, como o próprio Jesus mostra na história do rico e Lázaro (Lc.16:19-31), que, aliás, segundo os estudiosos da Bíblia, foi contada precisamente quando o Senhor estava na Pereia, quando recebeu a mensagem das irmãs de Lázaro, após a morte as pessoas ficam plenamente conscientes, por intermédio de suas almas e espíritos, pois a morte física é a separação do corpo e do homem interior.
-Esta mesma verdade noticiada pelo Senhor Jesus vemos registrada no livro do Apocalipse, que mostra as almas e espíritos dos mártires da Grande Tribulação plenamente conscientes debaixo do trono do Senhor (Ap.5:9-11).
-Tomé, então, procura convencer os Seus companheiros a seguir a Jesus e retornar a Judeia, para que todos pudessem morrer com Lázaro e com Jesus (Jo.11:16).
-Esta fala de Tomé é inusitada. Por primeiro, mostra que os discípulos estavam mesmo a temer que Jesus fosse morto. Interpretavam o retorno como altamente perigoso e estavam até achando que a morte de Lázaro era um prenúncio da própria morte do Senhor.
-Por segundo, Tomé parece ter entendido que não podiam os discípulos se separar do Senhor, deviam segui- l’O mesmo se isto lhes trouxesse a morte.
-Por terceiro, Tomé mostra como a fé dos discípulos ainda tinha de se desenvolver. Se já havia reconhecido que era inimaginável separar-se do Mestre, ainda não tinham entendido que Jesus haveria de ressuscitar Lázaro.
-E não é para menos, se pensarmos pelo ponto-de-vista humano e até mesmo se analisarmos as ressurreições até então existentes.
Elias ressuscitou o filho da viúva de Sarepta, logo após a sua morte (I Rs.17:17-24);
Eliseu ressuscitou o filho da sunamita, horas depois de sua morte (II Rs.4:18-37);
o morto atirado no sepulcro de Eliseu e que ressuscitou, também o foi logo após sua morte (II Rs.13:21);
Jesus ressuscitou a filha de Jairo igualmente logo após a sua morte (Mt.9:18,24-26; Mc.5:35-43; Lc.8:49-56) e o
filho da viúva de Naim foi ressuscitado antes de ser sepultado (Lc.7:11-17),
o que, normalmente, ocorria no dia seguinte ao da morte. Ninguém havia sido ressuscitado depois de sepultado até então!
-Ambas as irmãs, que haviam recebido aquela mensagem de Jesus de que a enfermidade não era para a morte mas para a glória de Deus, ao se encontrarem com o Senhor foram peremptórias em afirmar que, se Jesus estivesse lá, Lázaro não teria morrido (Jo.11:21,32).
-Notemos que, embora os dizeres das irmãs tenham sido os mesmos, as atitudes foram bem diferentes. Antes, porém, de analisar ambas as abordagens, é imperioso observar que, em momento algum, há uma demonstração de incredulidade em Jesus, como fariam alguns judeus que ali estavam (Cf. Jo.11:37).
-A família amiga de Jesus reconhece o Seu senhorio, a Sua soberania. Como já se disse, não houve pedido de cura, mas apenas a notícia de que Lázaro estava enfermo. Lógico que as irmãs queriam a cura, mas deixaram tudo na vontade e soberania do Senhor.
-“A família de Betânia” pediu que o Senhor fizesse a Sua vontade. Estavam as irmãs, obviamente, confusas e sem compreender o porquê terem sepultado Lázaro, já que Jesus dissera que aquela enfermidade não era para a morte, sem saber, também, porque Jesus demorara tanto em vir, mas o fato é que não deixaram de reconhecer o senhorio de Cristo, tanto quando Lhe mandaram a notícia, tanto quando agora na Sua chegada aparentemente tardia.
-Ao saber que Jesus havia chegado à aldeia, Marta, apressadamente, foi ao Seu encontro. Apesar de todos os infortúnios e da incompreensão, Marta não deixou de ir até onde Jesus estava. Jamais devemos deixar de buscar a Jesus, de encontrar-Se com Ele. Apesar de todas as dificuldades e impossibilidades, não há outro a quem podemos recorrer.
-Marta, então, disse a Jesus que, se Ele estivesse lá, Lázaro não teria morrido. Tratava-se de um desabafo, de uma constatação. Jesus quis que Lázaro morresse e, por isso, não foi até a família. Embora reconhecendo o senhorio de Cristo, Marta mostrava uma certa mágoa, um inconformismo.
-Jesus, então, disse a Marta que seu irmão iria ressuscitar e Marta, então, disse que já sabia disto, que ele iria ressuscitar na ressurreição do último dia, como já dissera o profeta Daniel. Para Marta, Jesus quis que Lázaro morresse e revela não crer na mensagem de que a enfermidade não seria para a morte.
-Jesus, então, diz a Marta que Ele era a ressurreição e a vida e quem n’Ele cresse, ainda que estivesse morto, viveria.
-Jesus fez valer a Marta que Suas palavras são verdadeiras e dignas de confiança. A família amiga de Jesus, mesmo em meio às crises e muitas delas incompreensíveis, não pode deixar de crer naquilo que Jesus disse que será, ainda que tudo indique que seja impossível vê-las cumpridas, até porque para Deus nada é impossível (Lc.1:37).
-Ao dizer que era a ressurreição e a vida, Jesus não só Se referia ao fato de que a enfermidade de Lázaro não era para a morte, mas que é Ele, como diz João no início do evangelho, que em Jesus está a vida e que a vida é a luz dos homens (Jo.1:4).
-Como Jesus disse a Nicodemos, é necessário nascer de novo para ver o reino de Deus (Jo.3:3), Jesus traz esta nova vida, vida eterna, de modo que a pessoa que estava morta em seus pecados, se crer em Jesus como o Deus feito homem, viverá novamente (Jo.8:24).
-Crer em Jesus é passar da morte para a vida (Jo.5:24) e isto nada mais é que ressurreição. O milagre da ressurreição, o último milagre registrado no evangelho e o maior de todos eles, tinha a mesma mensagem, o mesmo significado do primeiro milagre, a transformação da água em vinho.
Jesus vinha transformar o homem, criar o novo homem, vivificar o homem morto em suas ofensas e pecados (Ef.2:1).
-Marta foi renovada em sua fé com as palavras de Jesus e voltou para casa, tudo entregando nas mãos do Senhor. Jesus, porém, queria falar com Maria.
-Maria demonstra que tinha uma fé superior a de Marta, e não é difícil entender porque, visto que sempre escolhera a boa parte, ficando aos pés de Jesus desde o primeiro dia em que Este foi até a casa daquela família (Lc.10:38-42).
-Marta não foi ao encontro de Jesus, porque esperou que Jesus a chamasse. Ela também não entendia o que estava acontecendo, ante as palavras de Cristo em resposta ao seu chamado, mas preferiu, de pronto, tudo deixar na dispensação do Senhor.
-Quando Jesus a chamou, então se levantou e foi até onde estava Jesus. Veja que as pessoas que ali tinham ido para consolar as irmãs acharam que ela ia ao sepulcro para chorar, mas ela foi até onde estava o Senhor.
-Marta havia sido discreta ao dar o chamado de Jesus a Maria e isto nos traz uma lição importante, qual seja, a de que devemos manter a nossa intimidade familiar com o Senhor.
-No mundo romano, o local onde se fazia o culto aos antepassados, o “lar”, não era de acesso senão aos familiares e a alguns servos, que eram considerados como íntimos, quase como integrantes da família.
-Este costume, também, vemos em Abrão, que também mantinha os da sua casa separados dos demais (Cf. Gn.14:14). Devemos ter uma intimidade familiar com o Senhor, de modo que esta intimidade não seja revelada aos outros, sejam eles quem forem.
-Ao chegar até onde estava Jesus, Maria repetiu as mesmas palavras de Marta, mas a abordagem era totalmente diferente.
-Maria prostrou-se aos pés do Senhor, ou seja, teve uma atitude de adoração, sem entender porque Jesus tinha permitido a morte de Lázaro, mas compreendendo o Seu senhorio e preferindo adorá-l’O do que demonstrar mágoa.
-Esta atitude de Maria comoveu Jesus que não só chorou, demonstrando todo o Seu amor para com aquela família, como também já quis ir até o sepulcro.
-O que comove o Senhor Jesus é a adoração sincera de Seus servos. Maria reconhecia que Jesus era Deus, o Deus feito homem que havia vindo para salvar a humanidade.
-Maria não se preocupou com o fato de fazê-lo publicamente o que, como já salientamos, punha em risco a Sua própria vida.
-Deus sempre recebe a verdadeira adoração como um “cheiro suave” (Gn.8:21; Ex.29:18,25,41; Nm.28:6; Ed.6:10; Ez.26:41; Ef.5:2), isto Lhe é agradável e faz com que os céus se movam a favor do adorador.
-Marta, embora tivesse reconhecido o senhorio de Cristo, não O adorou. Quando Jesus disse que era a ressurreição e a vida, ela já pensou na ressurreição do último dia, não superior a impossibilidade da imediata ressurreição de seu irmão. Era, ainda, uma fé incipiente, que carecia de crescimento.
-Maria, porém, demonstrou publicamente o reconhecimento do senhorio de Cristo, adorando-O. Mesmo não entendendo porque seu irmão havia morrido, faz questão de tributar a Jesus a honra que Lhe é devida. Derramava suas lágrimas aos pés do Senhor, pedia que Ele a consolasse.
-Jesus não Se conteve e chorou. Sentia a tristeza e a angústia vivida por Maria, tinha compaixão por ela. Quando abrimos o nosso coração ao Senhor, quando comungamos com Ele todos os nossos sentimentos e emoções, estabelecendo com Cristo uma intimidade que certamente nos dará o necessário consolo, o conforto que Ele está pronto para nos dar.
-Como experimentou o próprio Davi, ao confessar o seu pecado e pedir a misericórdia do Senhor, Deus não resiste ao espírito quebrantado, o coração quebrantado e contrito nunca será desprezado por Ele (Sl.51:17).
-Este coração quebrantado e contrito, este espírito quebrantado são o sacrifício que o Senhor quer que Lhe apresentemos, são os sacrifícios espirituais agradáveis a Deus de que fala o apóstolo Pedro (I Pe.2:5).
-O choro de Jesus foi uma demonstração pública de Seu amor para com Lázaro. Parte daqueles que ali estavam para consolar as irmãs de Lázaro e que haviam saído com Maria, pensando que ela iria para o sepulcro, tiveram a capacidade de entender que Jesus amava Lázaro.
-Verdade que não tinham conhecimento algum de que Jesus iria ressuscitar Seu amigo, algo que somente os discípulos e Marta sabiam, mas puderam ter, ao menos, a sensibilidade para perceber os sentimentos do Senhor.
-Somente os discípulos recebem a revelação de Jesus sobre o que Ele irá fazer. O Senhor somente revela Seus desígnios para os discípulos, para aqueles que têm comunhão com Ele.
-Quando cremos em Jesus, temos livre acesso ao trono da graça (Hb.4:16), ao santíssimo do tabernáculo celestial, ou seja, ao céu dos céus (Hb.10:19) e, portanto, intimidade com o Senhor, de modo que passamos a ser dirigidos pelo Senhor (Jo.16:13), sabendo o que Jesus fará (Jo.15:15).
-Outros, porém, demonstrando toda a sua insensibilidade, apesar de estarem ali chorando pela morte de Lázaro, em verdadeiras lágrimas de crocodilo, aproveitaram o choro de Jesus para criticá-l’O, dizendo que, assim como havia curado o cego de nascença, também poderia ter impedido Lázaro de morrer (Jo.11:37).
-Os incrédulos sempre são assim. Sempre arrumam um argumento, um discurso para não crerem em Jesus. São resistentes ao fato de que Jesus é o Salvador, Deus feito homem. A recusa a se submeterem ao Senhor faz com que criem discursos que se desvanecem e que geram obscurecimento do coração insensato, verdadeira loucura espiritual (Rm.1:21,22).
-Quando Jesus curou o cego de nascença, esses incrédulos disseram que Jesus era endemoninhado (Jo.10:20) e agora diziam que Ele não era de Deus porque havia deixado Lázaro morrer.
-Jesus indagou onde haviam posto o corpo de Lázaro e foi até lá, sem dar qualquer satisfação seja aos que estavam a dizer que Ele amava Lázaro, seja aos que estavam a dizer que Ele poderia ter impedido Lázaro de morrer.
-Os discípulos seguiam a Jesus, e assim também fizeram as irmãs de Lázaro. Isto nos ensina de que não devemos nos distrair com o que diz a multidão, mas sempre seguir a Jesus, estar onde Ele está, ir para onde Ele vai.
-Lázaro havia sido sepultado numa caverna e tinha uma pedra posta na sua entrada. O Senhor, então, mandou que tirassem a pedra (Lc.11:39).
-Diante desta ordem, Marta levantou uma objeção, porque já era o quarto dia da morte e, em sendo assim, o corpo já estaria em decomposição e, deste modo, o defunto já cheirava mal (Jo.11:39).
-Marta ainda não tinha desenvolvido sua fé suficientemente.
Continuava a pensar na ressurreição do último dia, não tinha crido que Jesus poderia ressuscitar seu irmão naquele momento e já dissemos que isto é até compreensível, já que até as ressurreições feitas por Jesus nunca haviam alcançado pessoas já sepultadas.
-Jesus, uma vez mais, diz a Marta que se ela cresse, veria a glória de Deus. Marta não mais levantou qualquer objeção e a pedra foi tirada.
-Jesus, então, levantou os olhos ao céu e fez uma oração, agradecendo ao Pai por sempre Lhe ouvir, revelando, assim, àquela multidão que ali estava de que sempre era ouvido pelo Pai. O milagre tinha o propósito de mostrar que Jesus era o enviado do Pai, o Cristo, o Filho do Deus vivo.
-Jesus, então, dá um grande brado e manda que Lázaro viesse para fora e o defunto, então, aparece na porta da caverna, como uma verdadeira múmia, pois ainda se encontrava com as faixas que costumeiramente envolviam os cadáveres entre os judeus (Jo.11:43,44).
-Jesus, então, mandou que o defunto fosse desligado e que o deixassem ir para a sua casa (Jo.11:44).
-Vemos aqui que Jesus quer sempre a cooperação do homem para que o nome do Senhor seja glorificado.
Lázaro poderia ser ressuscitado sem que a pedra fosse tirada e ser desligado pelo próprio ato da ressurreição, mas Jesus não fez assim.
-Mandou que a pedra fosse tirada, pois isto as pessoas poderiam fazer. Mandou que Lázaro fosse desligado, pois isto também as pessoas podiam fazer. O que não podiam fazer era ressuscitar Lázaro e isto Jesus fez.
-Além do mais, a tirada da pedra e as pessoas terem desligado Lázaro serviu para dar publicidade ao milagre, mostrou transparência a todos, de modo que o milagre era irrefutável, tanto que levou muitas pessoas a crerem em Jesus (Jo.11:45).
-Jesus mostrou que era a ressurreição e a vida, que era o enviado do Pai e, diante de tal circunstância os inimigos do Senhor resolveram que não havia outro caminho senão a morte de Jesus para que evitassem perder a sua posição diante dos romanos (Jo.11:46-53).
-A resposta à ressurreição e vida é a morte. Não poderia ser diferente. Quem segue a Jesus, segue a vida, obtém vida, divulga vida; quem se opõe a Jesus, opõe-se à vida, está sob o domínio da morte e só quer saber de matar.
-A deliberação para a morte veio do próprio sumo sacerdote Caifás, algo que é mencionado apenas por João, não só porque, à altura desta revelação, o próprio templo já não mais existia, mas também porque João era conhecido do próprio Caifás (Jo.18:15).
-Assim como o milagre da ressurreição de Lázaro mostrava que Jesus era o Cristo, da mesma forma João mostra que a deliberação a partir do sumo sacerdote para que Jesus fosse morto era também demonstração de que Jesus era o Cristo, porque, ao assim deliberar, Caifás admitia que Jesus deveria morrer pela nação e o apóstolo completa que não só pela nação mas por toda a humanidade.
-Jesus bem sabia que isto fora deliberado e, a partir de então, não mais andou manifestamente entre os judeus, porque ainda não havia chegado a Sua hora. Retirou-se de Betânia e foi para Efraim, uma cidade junto ao deserto. A Páscoa, porém, já se aproximava e, com ela, Jesus teria de Se entregar pela humanidade.
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/11454-licao-7-eu-sou-a-ressurreicao-e-a-vida-i