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LIÇÃO Nº 7 – O MINISTÉRIO DE PROFETA

lição 07

O profeta é o porta-voz do Senhor, que fala à Igreja por meio da Palavra de Deus. 

INTRODUÇÃO

– Continuando o estudo dos dons ministeriais, estudaremos hoje o ministério de profeta.

– O profeta é aquele escolhido por Deus para ser Seu porta-voz, por intermédio das Escrituras, a fiel testemunha de Cristo (Jo.5:39).

 I – A COMUNICAÇÃO ENTRE DEUS E O HOMEM

– Nosso Deus é um Deus vivo, real e que, portanto, fala, ao contrário dos ídolos que os homens, ao longo da história, têm criado para adorar (Sl.115:4,5; Rm.1:23). O Senhor, pois, tem todo o interesse de Se comunicar com a Sua principal criação sobre a face da Terra, o homem, não só para demonstrar o Seu amor para com ele, mas, também, para demonstrar que Se trata de um Deus vivo e que quer estar sempre junto à Sua criação, com ela conviver para sempre (Ap.21:3).

– Esta circunstância é tão relevante na essência divina que o Senhor Se identificou aos homens como sendo “a voz” (Dt.4:12). Deus Se apresentou ao povo como um Deus único e invisível, que não poderia ser representado por qualquer imagem, mostrando-Se, pois, apenas como “a voz”, aquele que dirige ao homem as Suas Palavras.

– Entre os judeus, aliás, desenvolveu-se o conceito de “Bat Kol”, literalmente “a filha da voz”, que nada mais é que “a voz de Deus”. Segundo os estudos judaicos, esta “voz” se ouviria em momentos extraordinários, especiais. Assim, quando do anúncio de Suas Palavras no monte Sinai, quando selava o Seu pacto com o povo escolhido (Ex.20:1-18), quando executou Seu juízo sobre Nabucodonosor (Dn.4:29-33), mas, mui especialmente, em algumas ocasiões no ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: no Seu batismo (Mt.3:16; Mc.1:11; Lc.3:22), na Sua transfiguração (Mt.17:5; Mc.9:7; Lc.9:35) e após a Sua entrada triunfal em Jerusalém (Jo.12:28-31).

– Logo no limiar da criação, vemos Deus falando (Gn.2:3) e Seu intento, ao criar um ser inteligente e com capacidade de com Ele se comunicar, era estabelecer um diálogo permanente, onde o homem pudesse desfrutar do amor e da glória divinos.

– Tendo criado o homem e o posto no jardim que formou no Éden (Gn.2:8), tratou imediatamente o Senhor de iniciar uma comunicação com o homem, seja lhe dando os limites de sua atuação (Gn.2:16,17), seja conscientizando o homem da sua capacidade de comunicação, de criação e da sua necessidade de viver em sociedade (Gn.2:19,20).

– Em toda viração do dia, o Senhor fazia questão de passear pelo jardim, a fim de manter contato direto com o primeiro casal (Gn.3:8), contato este que somente trazia bênçãos para o homem e para a mulher, já que as primeiras palavras constantes das Escrituras de Deus aos homens são palavras de bênção (Gn.1:28).

– A comunicação é “a ação de tornar comum”, é a primeira ação que se deve estabelecer para que se tenha a “comunhão”, que é “o estado de ser comum”, i.e., o estado em que há uma integração, uma associação, uma unidade entre dois seres. O objetivo de Deus é formar uma “comunhão” com o homem, estabelecendo com Sua principal criação terrena o mesmo estado de unidade que existe entre as Pessoas da Santíssima Trindade (Jo.17:21).

– Entretanto, com a entrada do pecado no mundo, rompeu-se a comunhão entre Deus e o homem (Is.59:2), de tal maneira que não pôde o primeiro casal sequer se manter no jardim formado por Deus, sendo de lá expulso, também lhe sendo negado o acesso à árvore da vida. Nesta oportunidade, porém, o Senhor, demonstrando o Seu amor, prometeu restaurar a comunhão perdida, o que se faria mediante “a semente da mulher” que restauraria a amizade com Deus, ou seja, a comunhão com o Senhor, pondo inimizade entre a serpente e a humanidade (Gn.3:15).

– O primeiro casal, ante esta promessa, bem percebeu que o Senhor queria manter a comunicação com o homem, primeiro passo para uma comunhão, tendo, então, ensinado seus filhos a adorarem ao Senhor. O texto sagrado não nos explica como, mas o fato é que, tanto Caim quanto Abel tinham algum contato com o Senhor, a ponto de terem discernido que Deus atentara para a oferta de Abel e não para a de Caim.

– Vemos, então, que o Senhor Se comunica com Caim, advertindo-lhe para que descaísse o seu semblante e para que mudasse a sua maneira de viver, a fim de que sua adoração fosse aceita, sob pena de ser dominado pelo pecado (Gn.4:6,7). No entanto, Caim não deu ouvidos ao Senhor e nova comunicação se estabelece entre ambos, mas agora de juízo, diante do assassínio de Abel (Gn.4:9-12).

– Ante as duras consequências sofridas por Caim por causa de sua transgressão, vemos que Sete decide invocar o nome do Senhor e, desta invocação, surge a piedade de sua linhagem (Gn.4:26), que passa a ser conhecida como sendo a linhagem “dos filhos de Deus” (Gn.6:2).

– Não poderia, porém, o Senhor Se comunicar diretamente com o homem ante o pecado. Diante disto, preciso se fazia que se iniciasse uma atividade no meio da humanidade em que alguns homens, que se dedicassem a servir ao Senhor, pudessem trazer mensagens aos homens, revelando o Senhor e a Sua vontade, até que chegasse o tempo de “a semente da mulher” vir estabelecer, definitivamente, a comunhão entre Deus e a humanidade.

– A atividade profética apresenta-se, assim, como a comunicação entre Deus e os homens, medida indispensável e necessária para que se viesse a reconstruir a comunhão entre Deus e os homens. A comunicação como atividade precedente à comunhão.

II – A SANTIFICAÇÃO E FÉ DO PROFETA COMO PRESSUPOSTO DA ATIVIDADE PROFÉTICA

 – A própria palavra “profecia” indica-nos que se trata de uma atividade de anúncio, de transmissão de uma mensagem, de estabelecimento de uma comunicação. “Profeta” é “anunciador”, “porta-voz”, “transmissor”.

Muito ao contrário do que se tem em mente na atualidade, a profecia não está necessariamente vinculada à predição do futuro. A profecia é, sobretudo, uma ação pela qual Deus faz conhecida dos homens a Sua vontade, as Suas mensagens, os Seus intentos e propósitos.

– Ora, para que Deus Se comunique com o homem, mister se faz que tal comunicação se dê através de um mensageiro, que seja também um ser humano, pois os homens somente se farão entender por outros homens, já que, em virtude do pecado, tem negado seu acesso ao Senhor.

– A atividade profética, portanto, tem um pressuposto indispensável, qual seja, a de uma vida santificada e consagrada de alguém diante de Deus. Como vimos, os homens logo sentiram a necessidade de invocar o nome do Senhor, ou seja, de buscar a Sua presença, de ir ao Seu encontro e, como nos ensina Tiago, quando nos chegamos a Deus, Ele Se chega a nós. Este “chegar-se a Deus”, no entanto, exige uma postura da parte do homem, qual seja, a separação do pecado, pois é o pecado que nos impede de nos aproximar de Deus, a santificação. Como diz Tiago: “alimpai as mãos, pecadores e vós de duplo ânimo, purificai os corações” (Tg.4:8b).

– Foi precisamente esta a mensagem que Deus deu a Caim, quando este descaiu o seu semblante ao notar que Deus não aceitara a sua oferta. O Senhor, ainda em comunicação direta, demonstradora de toda a Sua misericórdia e boa vontade, mostrou ao primogênito de Adão que, se ele fizesse bem, seria aceito por Deus, mas que, se deixasse se dominar pelo pecado, manter-se-ia desagradável ao Senhor.

– Caim tomou rumo diverso do proposto pelo Senhor e, com isso, estabeleceu uma linhagem alheia ao Senhor, de onde não surgiram profetas, uma civilização que acabou por levar o mundo todo à destruição, vez que acabou por influenciar e contaminar a linhagem de Sete (Gn.6:1-7).

– Na linhagem de Sete, porém, antes que tal contaminação se tornasse irremediável, o Senhor pôde levantar o primeiro profeta, Enoque, que já estudamos na lição anterior. Enoque andou com Deus e, para tanto, fez o que era bom, o que era agradável a Deus. Diz-nos o escritor aos hebreus que agiu com fé (Hb.11:5,6), sendo o primeiro a nos mostrar que não se pode agradar a Deus sem que se creia n’Ele e em Sua Palavra.

– A atividade profética de Enoque foi, portanto, precedida de uma vida de santificação e de fé. Podemos, pois, desde logo, verificar que a atividade profética é uma consequência de uma vida de santificação e de fé, ou seja, de uma vida de agrado a Deus. Isto é fundamental para examinarmos toda atividade que se diga profética em nossos dias.

– Andar com Deus significa estar de acordo com Deus, pois dois não andam juntos se não estiverem de acordo (Am.3:3). Assim, para que a atividade profética possa se desenvolver, mister se faz que o profeta ande com Deus, esteja a fazer a Sua vontade.

– Não foi por outro motivo que o Senhor Jesus disse que, para identificarmos os falsos profetas, devemos observar os seus frutos, pois eles revelam que o profeta anda, ou não, com Deus: se são verdadeiras ovelhas do Senhor, que ouvem a Sua voz (Jo.10:27), ou se apenas são lobos vestidos de ovelhas (Mt.7:15-20).

– Este relacionamento existente entre Deus e o profeta, tornado possível pela separação do pecado e pelo exercício da fé, está intimamente ligado com a promessa da redenção feita no Éden. A linhagem piedosa de Sete trazia viva a esperança da chegada da “semente da mulher” e, por isso, tal comunhão estabelecida entre Deus e Enoque não se deu senão pela fé em Deus, fé esta na Sua Palavra, inclusive na promessa da redenção. Por isso, esta santificação e fé são se dão sem a presença do Filho, ainda que, nesta altura da história, como mera esperança, mera expectativa (Hb.11:39,40).

III – O CONTEÚDO E AS CARACTERÍSTICAS DA MENSAGEM PROFÉTICA

– Por isso, é dito que os profetas, mesmo sem entenderem bem como isto se daria, tinham a esperança da salvação da humanidade e sobre ela inquiriram (I Pe.1:10). A mensagem de Enoque, por exemplo, naquilo que nos é revelado, mostrava claramente a necessidade de santificação para que se alcançasse a salvação, como também o desagrado de Deus para com a vida pecaminosa então empreendida pelos homens, a ponto de ter posto o nome de “Metusalá” (“quando morrer, isto virá”) em seu filho primogênito e ter dito que o Senhor viria com milhares de Seus santos para fazer justiça (Jd.14).

– A trasladação de Enoque foi a prova evidente de que quem não servisse ao Senhor, não seria poupado do juízo, o que foi bem absorvido por seu neto Lameque, que deu ao seu primogênito o nome de Noé, cujo significado é “repouso”, desejando que ele consolasse a humanidade das suas obras e do trabalho de suas mãos, por causa da terra que o Senhor havia amaldiçoado (Gn.5:29).

– A atividade profética está, pois, umbilicalmente relacionada com a redenção da humanidade. A comunicação que Deus faz ao homem tem em vista orientar-lhe para que proceda de modo a alcançar a promessa da redenção. Assim, muito menos do que predizer o futuro, a profecia tinha, por objetivo, relembrar o homem da promessa do passado, da promessa da salvação por intermédio da “semente da mulher” e da necessidade de se ter uma vida de santidade e de bem para que pudesse alcançar a salvação.

– Se isto já se dava quando o Salvador era apenas uma esperança, uma expectativa, que podemos nós dizer dos dias em que vivemos, em que, como nos afirma o apóstolo Pedro, a salvação já foi cumprida e é agora anunciada pelos pregadores do Evangelho, que nada mais é que a boa nova de que tudo que havia sido profetizado e prometido já se realizou na pessoa de Cristo Jesus (I Pe.1:11,12)? “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram; testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade” (Hb.2:3,4)?

– A atividade profética apresenta-se, pois, como uma ação mediante a qual o Senhor mantém vívida no meio da humanidade a Sua promessa de redenção, o Seu compromisso de salvar o homem, alertando o homem para a necessidade do abandono do pecado e da fé em tudo quanto o Senhor revelar a respeito de Seu plano para executar referida salvação.

– Sendo uma atividade em que Deus Se comunica com o homem, não há como se ter senão uma atividade que é sobrenatural, ou seja, a atividade profética não pode se dar por meios naturais, pois o homem condições não tem de atingir o patamar do seu Criador. Não é o homem que chega ao patamar divino, mas o Senhor que “Se inclina” até o nível do homem para lhe fazer comunicar algo.

– Por isso, a atividade profética é espiritual, foge à lógica humana, tendo na sobrenaturalidade a sua marca característica. Deus, pelo Seu Espírito, entra em contato com o profeta e, deste modo, transmite-lhe a mensagem que deseja seja verbalizada e transmitida ao povo.

– Deus Se revela ao profeta, mostra-lhe o que é oculto e inacessível à sua mente (Am.3:7). Por isso, a profecia nunca pode ser completamente entendida e compreendida pelos ouvintes, tem sempre algo de enigmático, pois, embora seja do interesse de Deus que todos captem a mensagem, até porque não faria sentido uma comunicação sem qualquer compreensão, não há como se retirar o fato de que a mensagem provém de Deus, que é sempre superior ao homem (Is.55:8,9).

– Há um nítido esforço divino para que o homem compreenda o que está a transmitir por intermédio dos profetas, tanto que, por mais de uma vez, o Senhor exige dos profetas a tomada de atitudes e ações concretas e palpáveis que ilustrem o que estão a dizer (Jeremias teve de comprar um terreno, um cinto e uma botija; Isaías teve de dar determinados nomes a seus filhos; Ezequiel teve de fazer uma mudança; Oseias teve de se casar com uma mulher de vida irregular etc.).

Entretanto, o homem fica sempre aquém do que está a receber da parte de Deus, pois é tão somente uma criatura. A propósito, os próprios profetas nunca compreenderam tão bem o que estavam a falar (I Pe.1:10-12).

– Esta sobrenaturalidade apresenta-se por intermédio de visões e de sonhos (Nm.12:6), com exceção feita a Moisés, a quem o Senhor falou “boca a boca”, “cara a cara” (Nm.12:7,8; Dt.34:10-12), por ter ele sido constituído pelo Senhor como padrão para os profetas da lei e como sinal e figura do próprio Messias.

OBS: “…Vou explicar a diferença entre o nosso mestre Moisés e os demais profetas. Os outros profetas não podiam sequer captar completamente as imagens, pois elas apareciam a eles como se estivessem atrás de paredes, ou refletidas em diversos espelhos, ou refletidas em um único espelho, estando ele embaçado(…). ‘Todos os profetas viram por meio de um espelho embaçado, e Moisés, por meio de um espelho polido’ (Midrash Rabá, Viycrá 1:14)…” (RAMCHAL. A sabedoria da alma. Trad. de Andrea Z. Diamante, PP.177-8).

– Daí porque o profeta ter sido, primeiramente, chamado de “vidente” (I Sm.9:9), porque era alguém que recebia “visões” da parte de Deus, que via aquilo que os outros não viam. Também, por isso, alguns profetas eram chamados de “sonhadores”, vez que muitas destas revelações divinas podiam vir, também, através de sonhos (Dt.13:1,3,5).

– Notamos, aliás, que, já naquele tempo, as Escrituras nos revelam algo que somente no século XX a psicanálise haveria de constatar, qual seja, a de que os sonhos são manifestações do inconsciente sobre o consciente. Ao se manifestar por meio de sonhos, o Senhor mostrava claramente que a origem da revelação fugia ao profeta, mas tinha efeito sobre a consciência do profeta, de modo a permitir-lhe verbalizar a mensagem que deveria ser transmitida.

– Tal circunstância traz-nos uma outra característica da atividade profética, que é a de que ela revela uma perfeita comunhão entre Deus e o profeta e, deste modo, passa-se a ter uma comunidade de informações, tanto Deus quanto o profeta tornam-se conhecedores do teor da mensagem que está sendo revelada. Há um “compartilhamento” de um segredo entre Deus e o profeta.

– Assim, ao contrário de outras manifestações sobrenaturais, provenientes da ação do maligno, como a chamada “mediunidade”, o profeta não perde, em absoluto, a sua consciência, a sua liberdade quando recebe a mensagem divina. Deus jamais feriria a dignidade da pessoa humana, que tanto ama e que criou, que tem no livre-arbítrio um de seus sinais marcantes. Por isso, o profeta jamais perde a consciência quando está a profetizar e também entende, dentro das limitações já aduzidas, o que Deus está a transmitir aos homens.

OBS: “…A mediunidade é o nome atribuído a uma capacidade humana que permite uma comunicação entre homens e espíritos. Ela se manifestaria independente de religiões, de forma mais ou menos intensa em todos os indivíduos. Porém, usualmente apenas aqueles que apresentam num grau mais perceptível são chamados médiuns. Assim, um espírito que deseja comunicar-se entra em contato com a mente do médium e, por esse meio, se comunica oralmente (psicofonia), pela escrita (psicografia), ou ainda se faz visível ao médium (vidência).…” (WIKIPÉDIA. Mediunidade. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mediunidade Acesso em 29 maio 2010).

– Esta consciência, no entanto, não significa plena compreensão do que se está a dizer. Como afirma o rabino judeu Moshe Chaim Luzzatto (1707-1746), conhecido como “Ramchal”, “…precisamos compreender que, sendo o Criador infinito, nós, como seres finitos, conseguimos perceber apenas uma faceta de Sua perfeição e não Sua totalidade. Criaturas como nós não podem compreender a perfeição de Seu Criador(…) (Jó 11:7). Ante a plenitude do Eterno (bendito seja!), o máximo de perfeição que pode ser alcançada pelo ser humano assemelha-se a uma gota no oceano.…” (A sabedoria da alma. Trad. de Andrea Z. Diamante. p.25).

– Por isso, toda mensagem profética apresenta-se um tanto quanto enigmática, visto que provém do Senhor, cujos pensamentos e caminhos são muito mais altos que os do ser humano. Profecias muito racionais, facilmente compreensíveis e que se incorporam dentro da lógica humana não podem ser atribuídas ao Senhor, pois tais características demonstram não terem elas origem em Deus.

 OBS: Reproduzimos aqui afirmação do grande rabino e filósofo judeu Maimônides (1135-1204), mencionado por Ramchal, na obra já mencionada: “…A profecia vem ao profeta por meio de um enigma, e seu significado é imediatamente gravado em seu coração juntamente com a visão profética, de modo que ele saiba o seu significado…” (Mishnê Torá, Iessodê Hatorá 7:3 “apud” A sabedoria da alma, p.173).

– A oposição que se procura fazer, pois, nos dias hodiernos, entre um suposto conhecimento de ordem racional, pretensamente científico, como eliminador da profecia e do que lhe cerca não pode, pois, nem sequer ser levado em conta por parte daqueles que servem ao Senhor, visto que sabemos, de antemão, que o profético está muito além do racional e que o racional é imperfeito, inexato e, quando acompanhado da incredulidade, nada mais faz senão constituir-se numa “falsa ciência” (I Tm.6:20). Tomemos cuidado com o racionalismo predominante, que somente nos faz fugir da verdade.

IV – O OFÍCIO PROFÉTICO ATÉ O MINISTÉRIO DE JESUS

 – Deus escolheu Israel para ser a Sua propriedade peculiar entre as nações da Terra (Ex.19:5,6). Assim, para que o povo não se corrompesse (Pv.29:18), sempre levantou, no meio de Israel, profetas, que eram Seus porta-vozes, como havia sido prometido ainda no deserto através de Moisés (Dt.18:20,21), ele próprio um profeta de Deus (Dt.34:10).

– A palavra “profeta” é grega e significa “aquele que fala por alguém”. Profeta é, portanto, a pessoa que fala por Deus, podendo, ou não, predizer o futuro. No hebraico, três são as palavras utilizadas para profeta, a saber: “nabi”(נביא), “roeh” (ךאח) e “hozeh”(חוזה), palavras que aparecem reunidas em I Cr.29:29.

“Nabi” é a palavra mais comum nas Escrituras hebraicas e tem o mesmo significado do grego “profeta”, ou seja, “anunciador”, “declarador”. Já “roeh” e “hozeh” significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”, como está traduzido na versão em língua portuguesa, que era, segundo I Sm.9:9, a antiga denominação dos profetas, querendo com isto dizer aquele que tem uma visão sobrenatural, aquele que Deus dá a enxergar algo que os homens não veem. Apesar dos esforços dos estudiosos, é difícil estabelecer se havia alguma diferença entre estes termos no início da vida de Israel e, em caso positivo, em que consistiria esta diferença.

– Além disso, os profetas também são identificados no Antigo Testamento como sendo os “homens de Deus” (“‘ish há Elohim”- 6:9 ;72:2.mS I ;6:41.sJ ;1:33.tD) ( איש אלהים -8; I Rs.12:22; 13:1), a indicar que eram pessoas escolhidas por Deus para serem Seus mensageiros. O “profeta”, portanto, é alguém escolhido por Deus, um ser humano, mas que era separado pelo Senhor para trazer mensagens ao Seu povo.

– Tanto assim é que somente era reconhecido como “homem de Deus”, como profeta aquele que dissesse algo que se cumprisse, visto que esta era a prova indelével de que tinha sido ele porta-voz de Deus, que é a verdade (Jr.10:10). Eram estas, aliás, as instruções dadas pelo próprio Moisés ao povo (Dt.18:21,22). Este conceito israelita era conhecido até mesmo pelos povos vizinhos, como se verifica no caso da viúva de Zarefate (I Rs.17:23,24).

– Deus levantou profetas durante toda a história de Israel. A primeira pessoa que a Bíblia chama de profeta foi o próprio Abraão, de onde seria formada a nação israelita (Gn.20:7). No entanto, o primeiro profeta bíblico não foi Abraão, mas, sim, Enoque, que, ainda antes do dilúvio, teria profetizado a respeito do estabelecimento do reino milenial de Cristo (Jd.14).

– Em seguida, as Escrituras mostram que Deus levantou como profeta a Moisés (Ex.4:15,16), precisamente no instante em que começava a estruturar Israel como uma nação peculiar dentre todos os povos. Moisés, portanto, passa a ser um modelo a ser seguido pelos profetas de Israel, vez que foi ele o legislador, aquele que recebeu de Deus a própria lei, as regras do pacto pelo qual Israel se tornou a propriedade peculiar do Senhor dentre todos os povos.

– Não é sem razão, portanto, que Moisés tenha sido considerado no Antigo Testamento como o maior profeta que Israel tivera (Dt.34:10), pois ele mesmo teria recebido de Deus a própria lei, num relacionamento tão íntimo (e é isto que significa a expressão “cara a cara”) que fizera com que, ao retornar com as tábuas da Lei, o seu rosto brilhasse, refletindo a glória de Deus (Dt.34:29-35).

– A partir de Moisés, Deus sempre levantou profetas no meio do povo, revelando, sempre, qual era a Sua vontade para o povo. Como o próprio Jesus afirmou, o ministério profético somente se encerrou com João Batista (Mt.11:13), quando, então, veio o próprio Senhor, que não era apenas o porta-voz de Deus, mas o próprio Deus conosco (Mt.1:23).

– Os profetas são chamados de anteriores e de posteriores, conforme tenham, ou não, apresentado obras próprias. Assim, são considerados anteriores os profetas cujos ministérios estão registrados nos livros históricos (Samuel, Natã, Gade, Elias e Eliseu, entre outros), enquanto que são denominados de posteriores os profetas que, surgindo no final da história dos reinos já divididos de Israel e de Judá, deixaram escritas suas mensagens em livros próprios.

Eles formam a segunda parte dos chamados “Neviim” (נכיאים ), ou livros proféticos, começando pelo livro de Isaías e terminando com o livro que congrega os chamados “profetas menores”, chamado de “Os Doze” (na nossa Bíblia, os livros de Oseias até Malaquias).

OBS: Devemos tomar cuidado com a expressão “profetas anteriores”, pois ela também é utilizada pelos muçulmanos. Para os islâmicos, os profetas anteriores são todos aqueles que antecederam a Maomé, inclusive o próprio Jesus.

– Agostinho (354-430), o grande filósofo e teólogo cristão do final da Antigüidade, foi quem criou as expressões “profetas maiores” e “profetas menores” para designar os profetas cujos livros são mais volumosos (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel) e os demais livros, que são curtos, tão curtos que foram reunidos em apenas um livro, que foi chamado de “Os Doze”, em grego, na versão da Septuaginta, “Dodecapropheton”, ou seja, “Doze Profetas” (Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Ageu, Sofonias, Zacarias e Malaquias).

– Quando se fala em profecia, é preciso distinguir, em primeiro lugar, o sentido que assume esta palavra nas Escrituras, porquanto temos, ao longo da história da salvação, três manifestações distintas sob este nome, a saber, o ofício profético, o ministério profético e o dom espiritual de profecia.

– O ofício profético inicia-se iniciado com Enoque, vez que Judas menciona ter ele profetizado (Jd.14), embora a primeira pessoa denominada de profeta nas Escrituras tenha sido Abraão (Gn.20:7). O ofício profético teve como característica principal o da revelação progressiva do plano de Deus para com o homem.

O profeta era o porta-voz de Deus, aquele que revelava o desconhecido à humanidade, o propósito divino para a restauração do homem. Neste sentido, o ofício profético durou até João (Mt.11:13; Lc.16:16), pois, com a vinda de Cristo, o próprio Deus Se revelou ao homem, de forma plena e integral (Hb.1:1). São, pois, totalmente espúrias e sem qualquer respaldo bíblico a aparição de novos profetas, que nada mais são que falsos profetas, como é o caso de Maomé, Joseph Smith, Reverendo Moon e tantos quantos se disserem complementadores da revelação de Cristo ao mundo.

– No Antigo Testamento, o que temos, pois, é este ofício profético, o resultado da revelação progressiva de Deus aos homens até a vinda de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, onde este ofício se cumpriu plenamente. Por isso, não se pode confundir a natureza da atividade profética antes e depois de Cristo, equívoco que muito tem contribuído para a disseminação de heresias nestes últimos dias.

V – JESUS, O PROFETA

– Ao falar sobre a vinda do Messias, Moisés disse que Ele seria profeta (Dt.18:18). Seria um profeta que teria as palavras do Senhor na sua boca e que falaria tudo o que o Senhor ordenasse. Ser “profeta”, portanto, nada mais é que ser o “porta-voz” de Deus. Este profeta, entretanto, seria distinto dos demais, inclusive de Moisés, porque “falaria tudo o que o Senhor ordenasse”. Traria, pois, uma mensagem integral, uma mensagem inteira, completa, que não seria mais sombra ou figura daquilo que viria, mas a própria realização da vontade de Deus.

– Jesus é este profeta, porque, como disse a Seus discípulos, “tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho feito conhecer” (Jo.15:15). Por este motivo, Seus discípulos não eram mais chamados de “servos”, mas, sim, “amigos”. Jesus estabeleceu, assim, um relacionamento mais íntimo entre Deus e os homens do que Moisés. Com efeito, Moisés não pôde aproximar o povo de Deus, pois, atemorizado com as manifestações da presença de Deus, o povo de Israel preferiu manter-se distante (Ex.20:18-21).

– Moisés falou com Deus numa nuvem espessa (Ex.19:9), na escuridade (Ex.20:21), numa clara demonstração de que, mesmo tendo tido acesso à glória de Deus, este acesso foi parcial, a ponto de Moisés ter visto a Deus apenas pelas costas, numa fenda de uma penha (Ex.33:20-23), ou seja, com limitações, tanto que a própria reflexão da glória em seu rosto foi transitória, passageira (II Co.3:7,13).

– Quando as Escrituras falam que Moisés tinha acesso à “escuridade”, à “nuvem espessa”, que viu a Deus apenas pelas costas, demonstra, com isso, que Moisés teve acesso parcial à revelação. Assim, não conhecera senão aquilo que lhe fora revelado, as coisas atinentes aos homens (Dt.29:29).

– A partir de Moisés, os profetas que se sucederam também iam recebendo “lampejos”, “iluminações” do Senhor, que, pouco a pouco, mostrava o plano de Deus para o homem. Em Isaías, por exemplo, vemos a revelação mais ampla a respeito do ministério de Jesus, não antes de termos tido, também, algumas revelações por intermédio de Davi, que também foi profeta (At.2:29,30).

Esta revelação progressiva encerrou-se com João Batista (Mt.11:13; Lc.16:16), quando, conforme visto na lição anterior, não foi apenas anunciado o Messias mas apresentado fisicamente ao povo.

– Com Jesus, porém, a situação se alterou. Jesus não teve acesso à “nuvem espessa”, à “escuridade”, mas, bem ao contrário, sendo “o resplendor da glória de Deus, a expressa imagem da Deidade” (Hb.1:1), é a própria Luz (Jo.1:4,9; 8:12), luz esta que não se limitaria apenas a Israel, mas seria a luz das nações (Is.49:6). Jesus é a luz porque Ele próprio ilumina os homens, porque traz à claridade tudo quanto diz respeito a Deus.

Jesus é a imagem de Deus, o resplendor da luz do evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4). Em Jesus, temos o resplendor, em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo (II Co.4:5).

– Assim, Jesus revelou Deus completa e integralmente a todos os homens, a ponto de quem vê a Jesus, vê o Pai (Jo.14:8-11). Jesus trouxe o pleno conhecimento do Pai, entendido este como o conhecimento necessário para a salvação da humanidade. Neste passo, Jesus é superior a Moisés, porquanto, se este foi fiel despenseiro da casa de Deus, Jesus é o próprio edificador desta mesma casa (Hb.3:2-6).

– Moisés pôde dizer a Israel tudo aquilo que Deus lhe dizia (Ex.19:9), mas Jesus revelou aquilo que Ele mesmo compartilhava com o Pai, que é um com Ele (Jo.17:3-8). O que foi revelado por Jesus, a respeito de Deus, era do próprio Jesus, de Si mesmo, já que Ele é o Edificador da casa, o Verbo de Deus. Na Sua humanidade, fez notório e conhecido tudo quanto se referia a Deidade, sendo, pois, o “Deus conosco”, o profeta por excelência, o próprio Deus falando aos homens.

– Jesus, mesmo, disse que era profeta (Mt.13:57; Mc.6:4; Lc.4:24). Ora, se Jesus Se intitulou como profeta, quem somos nós para desmenti-lO? Jesus, por várias vezes, disse estar a anunciar as palavras do Pai, a revelá-las, a cumprir com aquilo que Lhe havia sido determinado (Jo.17:14,25,26).

– Por isso, não pode surgir profeta igual ou maior a Jesus, pois Jesus é o próprio Deus que Se revela, é o Deus que Se humanizou e transmitiu a Sua Palavra, iluminando o entendimento daqueles que creram em Seu nome. Jesus não foi o último profeta, visto que, após o arrebatamento da Igreja, surgirão duas testemunhas que serão os profetas da Grande Tribulação, mas, sem dúvida alguma, é o maior profeta, pois é o único que, ao falar as palavras de Deus, fala do que Lhe é próprio e não do que Lhe foi apenas revelado.

– Jesus não só disse que era profeta, como anunciou a Palavra de Deus, o que O qualificou como sendo profeta. Pregou o Evangelho, ou seja, as boas novas de salvação (Mc.1:14,16), tendo, por algumas vezes, dito explicitamente que o que falava era por determinação do Pai (Jo.7:16-18; 14:10; 15:15).

– Como porta-voz de Deus, o profeta, muitas vezes, fala do futuro, pois, para Deus não há futuro e, portanto, pode revelar, por meio de profetas, o que está para acontecer. Jesus, enquanto profeta, também predisse o futuro, como, por exemplo, a destruição do templo de Jerusalém (Mt.24:2), profecia que se cumpriu literalmente no ano 70 d.C. Muitas outras predições foram feitas pelo Senhor, inclusive as relativas aos sinais de Sua vinda, que estão se cumprindo plenamente nos nossos dias. As Escrituras, mesmo, dizem que o testemunho de Jesus é o espírito de profecia (Ap.19:10).

OBS: “…O testemunho de Jesus é o espírito de profecia. O testemunho de Cristo será levado a efeito por meio da ‘profecia’, conforme se vê no presente versículo [Ap.19:10, observação nossa]. O Espírito de Cristo é quem inspira a profecia deste livro do princípio ao fim (1.3; 11.6; 19.10; 22.7,18,19). A palavra foco ocorre sete vezes no Apocalipse e a palavra ‘profeta’ por doze – portanto o livro traz o selo da profecia e a raiz desta se encontra em quase todo o restante da Bíblia e o seu fruto é reunido neste último livro da Bíblia…” (SILVA, Severino P. da. Apocalipse versículo por versículo. 2.ed. , p.245-6).  Bem se vê que, ao contrário do que defendem os adventistas, o espírito de profecia não é a sra. Ellen White.

– Jesus é o maior de todos os profetas, pois, sendo Deus, sendo o Verbo, ou seja, a própria Palavra (Ap.19:13), constitui-Se no mais fidedigno porta-voz de Deus aos homens, vez que é a própria Palavra de Deus que veio habitar entre nós. Os ditos divinos estão plenamente contidos na boca do Senhor Jesus, que é a própria expressão da Divindade entre os homens (Cl.2:9; Hb.1:3). Ao contrário dos demais profetas, que, por maiores que fossem, como é o caso de Moisés (Dt.34:10) e de João Batista (Lc.7:26,28), que tiveram falhas ao longo de suas vidas e de suas bocas saiu algo que não era proveniente da vontade de Deus (Nm.20:10-12; Lc.7:19), jamais se achou engano nos lábios de Jesus (Is.53:9).

– O povo judeu considerava Jesus como profeta (Mt.14:5; 21:11,46; Jo.4:9). Ora, a própria lei considera que o testemunho de dois ou três é verdadeiro (Dt.17:6; 19:15; Mt.18:16; II Co.13:1; Hb.10:28). O povo considerou a Jesus como profeta, assim como havia considerado João Batista como tal (Mt.21:26).

– Alguém poderá objetar a consideração de Jesus como profeta diante da Sua consideração como tal pelo povo de Israel, já que se estaria aqui se utilizando da falácia (i.e., raciocínio enganoso) do “argumentum ad populum” ou “apelo ao povo”, raciocínio este sintetizado na famosa frase latina “Vox populi, vox Dei” (ou seja, “a voz do povo é a voz de Deus”), argumento que não pode ser considerado válido, até pelos episódios bíblicos que o desmentem, como foi a opção de Israel por um rei (I Sm.8:7) ou a própria rejeição de Jesus (Jo.1:11; 19:15,16).

– No entanto, mesmo tendo rejeitado a Jesus como Messias, o povo de Israel não deixou de reconhecer n’Ele um profeta, alguém que trazia a palavra de Deus, um “porta-voz” do Senhor. O fato de o povo tê-l’O assim reconhecido não é o único elemento que demonstra ser Jesus profeta, mas é um fator que tem a sua relevância. É interessante observar que até mesmo os inimigos do Senhor procuraram alguns argumentos para desfazer esta consideração, como se vê na tentativa de desacreditar Jesus como profeta por intermédio da Sua suposta origem em Nazaré (Jo.7:52).

– Não se deve esquecer, porém, que a própria Bíblia identifica Israel como uma nação especial, uma “propriedade peculiar” (Ex.19:5,6) e o próprio judaísmo reconhece que, aos olhos de Deus, Israel tem uma responsabilidade coletiva, é considerada “uma só alma”. “…No Monte Sinai, os israelitas aceitaram o princípio da responsabilidade mútua. A única precaução: a responsabilidade se restringiria a atos levados a efeito em público ou, no mínimo, que fossem de conhecimento geral…” (SACKS, Jonathan. Como curar um mundo fraturado: a ética da responsabilidade. Trad. Betty Rojter e Uri Lam, p.115).

– Assim sendo, a consideração do povo de Israel de que Jesus era profeta tem seu valor, pois revela um conceito geral do povo escolhido de Deus a respeito de Jesus, tanto que João não titubeou em dizer que Jesus havia vindo para o que era “Seu” e os “seus” não O receberam (Jo.1:11), a mostrar que há, sim, uma relevância, aos olhos do Senhor, da “opinio populi Israheli” (i.e., da opinião do povo de Israel).

– Esta consideração de Jesus como profeta persiste até hoje entre os israelitas. Verdade é que o judaísmo, herdeiro direto do farisaísmo, rejeita Jesus como sendo o Messias, considerando-O, por isso mesmo, um “falso messias”, um “falso profeta”, mas o fato é que, ao considerá-lO como “falso profeta”, acaba por reconhecer a Sua condição de profeta.

– O ministério profético de Jesus também foi objeto de reconhecimento pelos muçulmanos. Jesus é reconhecido como um profeta, como um porta-voz divino, entre os islâmicos, que o têm como o maior profeta depois de Maomé.

 OBS: Como exemplo da consideração de Jesus como profeta entre os muçulmanos, transcrevemos os seguintes versículos do Alcorão: “…Dizei: Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele. (2:136).”

VI – O MINISTÉRIO PROFÉTICO NA IGREJA

– Jesus é o profeta por excelência, vez que n’Ele se cumpriu a salvação da qual inquiriram os profetas que foram antes d’Ele (I Pe.1:9-12). Em Jesus estava a vida e a vida era a luz dos homens (Jo.1:4), de sorte que não havia, pois, qualquer necessidade de que, depois de Cristo, houvesse “uma luz que alumiasse em lugar escuro”, porque o dia já havia esclarecido e a estrela da alva já havia aparecido nos corações (II Pe.2:19), visto que o Senhor Jesus é a luz do mundo (Jo.8:12; 12:46), o sol da justiça (Ml.4:2), a resplandecente estrela da manhã (Ap.22:16).

– Não é por outro motivo que o próprio Senhor Jesus afirmou que a lei e os profetas duraram até João (Mt.11:13; Lc.16:16), pois, a partir de João, que não era a luz mas que testificara da luz (Jo.1:6-8) e, por ele, o povo creu no Senhor (Jo.10:41,42), não havia mais necessidade que alguém inquirisse ou anunciasse a luz, porque ela chegou até os homens.

– Por isso, o escritor aos hebreus se expressou no sentido de que os profetas haviam sido enviados “antigamente aos pais” e que, nos últimos dias, Deus falaria com o homem através do Filho (Hb.1:1).

OBS: Neste ponto, aliás, por paradoxal que seja, vale a pena transcrever o que diz a respeito o Catecismo da Igreja Romana, que, inclusive citando afirmação do monge espanhol João da Cruz (1542-1591), mostra-nos com clareza esta verdade bíblica: “DEUS TUDO DISSE NO SEU VERBO – 65 “Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho” (Hb 1,1-2).

Cristo, o Filho de Deus feito homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai. Nele o Pai disse tudo, e não há outra palavra senão esta. São [sic] João da Cruz, depois de tantos outros, exprime isto de maneira luminosa, comentando Hb 1,1-2: Porque em dar-nos, como nos deu, seu Filho, que é sua Palavra única (e outra não há), tudo nos falou de uma só vez nessa única Palavra, e nada mais tem a falar, (…) pois o que antes falava por partes aos profetas agora nos revelou inteiramente, dando-nos o Tudo que é seu Filho.

Se atualmente, portanto, alguém quisesse interrogar a Deus, pedindo-lhe alguma visão ou revelação, não só cairia numa insensatez, mas ofenderia muito a Deus por não dirigir os olhares unicamente para Cristo sem querer outra coisa ou novidade alguma.…” (CATECISMO da Igreja Católica. Disponível em: http://www.diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online/51/catecismo.pdf Acesso em 07 ago. 2010).

– Seria, então, de pensar que o ministério profético teria se exaurido com o Senhor Jesus e que não se teriam mais profecias. No entanto, não é este o pensamento correto. Com Jesus, encerrou-se o ofício profético, a revelação progressiva de Deus ao homem até a vinda do Messias, mas a comunicação de Deus com o homem teria de prosseguir porque a vinda de Cristo Jesus não representou o término do plano de Deus para a salvação da humanidade.

– Com efeito, Jesus veio ao mundo, mas os Seus não o receberam (Jo.1:11) e, em virtude deste endurecimento por parte de Israel, não se cumpriu, ainda, o propósito divino de redenção de Israel, a propriedade peculiar de Deus entre os povos (Ex.19:5,6), de sorte que se faz necessária, ainda, não só a redenção de Israel, mas da própria natureza decaída (Rm.8:18-22).

– Como ainda não se completou o plano de Deus para a salvação da humanidade, torna-se necessário que Deus prossiga Se comunicando com o homem e, por isso, o ministério profético continua a existir e existirá até que se complete este plano redentor (I Co.13:9,10).

– Este ministério profético, porém, diante da vinda de Cristo, assumiu uma nova feição, uma nova configuração. Jesus veio revelar tudo quanto havia ouvido de Seu Pai (Jo.15:15) e, portanto, se revelou tudo, nada ficou para ser revelado. O ministério profético, portanto, não tem o caráter de revelação progressiva, mas tão somente de recordação, de lembrança do que foi revelado por Cristo Jesus e de aperfeiçoamento dos que estão a servi-l’O, de modo a que não venham a se corromper.

– Por primeiro, Jesus tratou de, em sendo a principal pedra da esquina, o fundamento deste novo povo que fizera surgir (I Co.3:11), a Igreja (Mt.16:18), formado por aqueles que O receberam (Jo.1:12,13) e, transportados para o Seu reino (Cl.1:13), têm de anunciar as virtudes d’Aquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pe.2:9), edificar a Sua Igreja, por meio dos apóstolos, escolhendo dentre eles alguns que reduzissem a escrito tudo quanto Ele havia revelado (Ef.2:20).

– Assim como o Senhor havia levantado, antes de Sua aparição, profetas que reduzissem a escrito o anúncio do Salvador, também, após a vinda de Cristo, levantou apóstolos para que reduzissem a escrito o cumprimento do que havia sido anunciado e o que havia sido revelado pelo Cristo em Seu ministério terreno. Por isso, no edifício da Igreja, temos tanto os fundamentos dos profetas como os dos apóstolos (Ef.2:20).

– O Novo Testamento, que completa as Escrituras com o Antigo Testamento, é, portanto, uma operação profética tanto quanto o Antigo Testamento, tendo a mesma autoridade, pois é o Novo Testamento é o cumprimento de tudo quanto foi anunciado no Antigo. Os escritores do Novo Testamento, pois, encontram-se no mesmo nível no “edifício de Cristo” que os escritores que dantes haviam anunciado a vinda do Messias.

– O Novo Testamento é, portanto, o registro de tudo quanto foi revelado aos homens por Cristo Jesus. Os Evangelhos registram o Seu ministério terreno, os Atos dos Apóstolos, a operação do Espírito Santo na glorificação do Filho no início da história da Igreja; as epístolas, os ensinos de Cristo recebidos por parte dos apóstolos e o Apocalipse, a revelação do reino que Jesus anunciou que se faria por intermédio de João (Jo.21:22,23).

– O ministério profético em o Novo Testamento, ademais, não se circunscreveu, a exemplo do que ocorrera antes de Cristo, apenas por escrito. O Senhor Jesus também levantaria “profetas orais”, que trariam mensagens à Igreja sem reduzi-las a escrito, como é o caso de Ágabo (At.11:28; 21:10). Ao contrário do que ocorreu antes de Jesus, quando os “profetas orais” precederam aos “literários”, em o Novo Testamento, tivemos um início com “literários” e “orais” e, depois, somente “profetas orais”, pois os registros escritos se encerraram com o Apocalipse de João (Ap.22:18,19).

– O ministério profético em o Novo Testamento , além do mais, jamais é progressivo. Nada se pode acrescentar ao que foi revelado por Cristo Jesus, pois Ele tudo revelou (Jo.15:15). A Igreja vive a dispensação da graça, a dispensação do Espírito Santo e o Espírito Santo tão somente nos faz lembrar aquilo que Jesus ensinou (Jo.14:26; 16:13-15).

– Deus próprio Se autorrevelou na pessoa do Filho, que agora é glorificada pela Pessoa do Espírito Santo e, portanto, nada mais há de ser revelado. Por isso, não se podem admitir acréscimos à revelação divina depois das Escrituras. O chamado “Magistério da Igreja” ou a “Tradição” não podem acrescentar coisa alguma ao que foi revelado por Cristo. O ensino do Espírito Santo não é adicional, mas esclarecedor do que está nas Escrituras, do que foi revelado pelo Senhor Jesus.

– É evidente que, ao longo de quase dois milênios de existência, a Igreja, em suas diversas manifestações locais, tenha criado uma tradição, um conjunto de costumes e de práticas durante a sua história, assim como os israelitas, ao longo de sua história, criaram o que Jesus denominou de “a tradição dos anciãos” (Mt.15:3).

No entanto, Jesus fez questão de mostrar que a “tradição dos anciãos” jamais poderia suplantar ou transgredir os mandamentos divinos. Destarte, a tradição que venha a ser criada pela Igreja, algo que próprio dos homens, que tem origem no ser humano, jamais poderá transgredir ou querer ter o mesmo nível do que foi revelado por Cristo Jesus, dos mandamentos divinos, da Palavra de Deus.

– A tradição ou o chamado “magistério da Igreja” não é resultado do ministério profético, não tem sua origem em Deus, mas são apenas “mandamentos de homens”, “doutrinas que são preceitos de homens”, que nunca, jamais poderão invalidar as Escrituras (Tt.1:14; Mt.15:9; Cl.2:22) , que não são de “particular interpretação”, mas fruto da “inspiração do Espírito Santo” (II Pe.1:20,21).

– A tradição, como é obra humana, varia de acordo com o tempo e o lugar, pois tudo que é humano é passageiro, mas a Palavra de Deus permanece para sempre (I Pe.1:23,25). Por isso, a tradição não é manifestação do ministério profético depois de Cristo Jesus, não podendo ser elevada a condição de profecia.

– Isto explica, aliás, porque poucos são os “profetas literários” em o Novo Testamento em correspondência ao Antigo Testamento. Por primeiro, porque a elaboração do Novo Testamento se deu em apenas uma geração, a geração que presenciou o ministério terreno de Cristo Jesus, visto que tudo deveria ser reduzido a escrito para que a próxima geração pudesse ter conhecimento do que se passou sem distorções.

– Por segundo, os “profetas literários” deveriam ser testemunhas do que ocorreu no ministério terreno de Cristo, em que tudo se revelou ou, no máximo, ter acesso a tais testemunhas (como é o caso de Lucas – Lc.1:1-4). No caso específico do Apocalipse, o próprio Senhor disse que João seria aquele que receberia a revelação, que é do próprio Cristo (Ap.1:1).

– Mas, ao lado da “profecia literária”, desenvolveu-se, também, uma “profecia oral”, que tinha a missão de evitar a corrupção do povo de Deus. Ágabo mostra-nos, em suas duas profecias registradas por Lucas em Atos, que os profetas, instituídos pelo Senhor Jesus como ministros (Ef.4:11) ou os irmãos que fossem usados pelo Espírito Santo com o dom espiritual de profecia (I Co.12:7,10,11; 14:1-4), como nos ensina Paulo, tinham o papel de revelar coisas ocultas e desconhecidas aos salvos com o propósito de orientar os crentes ou, então, promover-lhes a edificação espiritual.

– É oportuno verificar que o ministério profético não se circunscreveu aos apóstolos, nem mesmo no tocante aos “profetas literários”. Lucas, Tiago e Judas não foram apóstolos, mas foram constituídos como “profetas literários neotestamentários”. Isto porque é muito claro que Jesus constituiu tanto apóstolos quanto profetas na Sua Igreja (Ef.4:11).

– A profecia aparece como um fator de estímulo e fortalecimento na jornada espiritual de cada salvo, um “fortificante” na dura caminhada rumo a Canaã celestial, um “aditivo” à alimentação indispensável da Palavra de Deus, das Escrituras Sagradas. Como tal, enquanto tudo não chegar à perfeição, a profecia continua sendo necessária para a vida espiritual de cada salvo em Cristo Jesus, mas sem qualquer possibilidade de acréscimo a tudo quanto Jesus nos revelou.

– Assim como a Tradição não pode ser considerada para fins de “acréscimos” ao que se encontra registrado nas Escrituras, devem-se também repudiar tantos quantos, ao longo da história da Igreja, vieram trazendo “novas revelações”, afirmando-se “profetas”, pois nada mais há para ser acrescido depois que Deus Se autorrevelou na pessoa do Filho, a quem o Espírito Santo glorifica e de cujos ditos nos faz lembrar (Jo.14:26; 16:13,14).

– Por isso, são completamente espúrias as “ações proféticas” que se arrogam “complementares” de Cristo, como as de Joseph Smith (fundador do mormonismo), Reverendo Moon (fundador da Igreja da Unificação), William Marion Branham (fundador do Tabernáculo da Fé), Ouriel de Jesus (fundador da Igreja do Avivamento Mundial), César Castellanos (fundador do G-12), Ellen White (reformuladora do adventismo) e tantos quantos tentaram trazer “um outro evangelho” que não o revelado por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Todos estes devem ser considerados anátemas (Gl.1:6-9).

– O dom ministerial de profeta é a capacidade que Jesus dá ao salvo de anunciar a Palavra de Deus, mas a aplicando, a expondo de modo a trazer orientação, edificação, exortação e consolação ao povo. O profeta é aquele que, através da exposição das Escrituras, por mediação da Bíblia Sagrada, traz ao povo mensagens divinas que têm a finalidade e o objetivo de promover a edificação espiritual dos crentes, a correção da vida espiritual dos salvos, bem como a consolação, ou seja, o sentir da presença de Deus ao nosso lado em meio a todas as dificuldades desta vida.

– Os apóstolos, chamados pelo pastor Esequias Soares da Silva de “apóstolos-profetas” isto faziam na igreja primitiva. Sabiam que fazia parte de seu ministério a oração e o “ministério da Palavra” (At.6:4), sempre mostrando ao povo como o Evangelho e a vinda de Cristo estava previamente profetizado nas Escrituras, às quais sempre se reportavam em seus sermões (At.2:16,25-27; 3:22; 9:20-22; 13:16; 17:10,11).

– Este “ministério da palavra” envolvia o ministério profético, que, depois dos apóstolos, continuaria a ser exercido pelos profetas, que são os “ministros da Palavra”, aqueles que aplicam a Palavra de Deus às necessidades da Igreja, expondo as Escrituras e, por meio delas, trazendo edificação, consolação e exortação ao povo de Deus.

– O dom ministerial de profeta, portanto, parte da Palavra, é a exposição da Palavra, a aplicação da Palavra a cada necessidade espiritual do crente. Nada tem que ver, portanto, com “revelações mirabolantes”, “novas visões”, “novas unções”, como, infelizmente, temos visto entre os que se afirmam arrogantemente como “profetas de Deus”, nos dias hodiernos.

– Tanto assim é que, embora as Escrituras nos registrem este dom ministerial, apontando servos do Senhor como sendo portadores deste dom, como é o caso de Ágabo (At.21:10) e dos profetas e doutores da igreja de Antioquia (At.13:1), não os mostra trazendo quaisquer inovações na doutrina dos apóstolos. Ninguém, nem mesmo os apóstolos, se apresentaram como profetas e, a este título, como inovadores. Por quê?

– Precisamente para nos ensinar que “profeta” não é um ministério de exibição ou de atração de crentes, mas um serviço dado por Jesus a alguns servos de Deus para que, sem que eles apareçam, sejam tão somente porta-vozes de Jesus, testificado através das Escrituras (Jo.5:39), somente Ele aparecendo e mais ninguém. Por isso, aliás, o Senhor Jesus disse que o menor no reino dos céus é maior do que João (Mt.11:11), porque, com João, Jesus crescia e o profeta diminuía (Jo.3:30); na nova aliança, os verdadeiros profetas somem, desaparecem, e só Jesus aparece. Aleluia!

– Como afirma Donald C. Stumps, comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal: “…A função do profeta na igreja incluía o seguinte:

(a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. (…)

(b) Devia exercer o dom de profecia(…).

 (c) às vezes, ele era vidente (…)

(d) Era dever do profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e frieza espiritual…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL.

Dons ministeriais para a igreja, pp.1814-5). Ou como ensina o missionário Eurico Bérgsten: “…os profetas constituíam o ministério da Palavra de Deus impulsionado por inspiração profética…” (Teologia sistemática: doutrina do Espírito Santo, do homem, do pecado e da salvação. 3.ed., p.58).

– Por isso, quando virmos aparecer os “profetas de Deus”, que assim se arrogam no púlpito ou fora dele, rejeitemo-los por completo, visto que estão a provar que não são de Deus, pois os verdadeiros profetas dados por Jesus à Igreja não são “aparecidos de Jesus”.

– O dom ministerial de profeta é um dom de Cristo e, como tal, é algo dado para ser exercido com regularidade. O profeta é conhecido pelo exercício do ministério da Palavra, pela capacidade extraordinária que lhe é conferida a cada instante em que está a expor as Escrituras. É um ministério, ou seja, um serviço, uma atividade regular, que, como já dissemos supra, independe de reconhecimento humano e não tem coisa alguma a ver com título ou hierarquia administrativo-eclesiástica.

– Entendem alguns que, por ser um dom relacionado com a exposição da Palavra, com a sua aplicação para fins de edificação, exortação e consolação da Igreja, o dom ministerial de profeta está sempre associado aos demais dons (evangelista, pastor e mestre), não podendo, portanto, aparecer de modo solitário, tanto que a única distinção que se faz entre este dom e os demais diz respeito ao dom de apóstolo, como a indicar que haveria profetas que não seriam apóstolos, mas não que haveria profetas exclusivos, que não seriam, além de profetas, ou pastores, ou mestres, ou evangelistas (Ef.4:11).

– O dom ministerial de profeta mostra-nos claramente que a Palavra de Deus é viva e eficaz, pois é através deste dom ministerial que a Palavra atinge e alcança a divisão da alma e do espírito, fazendo com que sejamos dirigidos, orientados e corrigidos pela Palavra do Senhor.

– Sendo a exposição das Escrituras, seu esclarecimento e aplicação às necessidades cotidianas da Igreja, bem se vê que a profecia enquanto dom ministerial não pode se distanciar, em momento algum, da Bíblia Sagrada, é antes a sua aplicação, é antes a sua exposição.

– Por isso, de se repudiar toda e qualquer tentativa de se vincular a verdade bíblica da existência do dom ministerial de profeta na Igreja a qualquer mecanismo de acréscimo à revelação bíblica, como comumente fazem as falsas doutrinas, que sempre se baseiam em revelações ou visões extrabíblicas e que procuram sedimentar a veracidade de suas mentiras em nome de exercício da atividade profética, já que ela prosseguiu na Igreja.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

 Site: http://www.portalebd.org.br/files/2T2014_L7_caramuru.pdf

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