LIÇÃO Nº 7 – TENTAÇÃO – A BATALHA POR NOSSAS ESCOLHAS E ATITUDES
Na vida diária do cristão, a tentação é uma constante, é um obstáculo que deve ser transposto a cada dia. Entretanto, Jesus nos garantiu a vitória sobre ela.
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo sobre a batalha espiritual, estudaremos o comportamento que se deve ter nas tentações, uma realidade de que o cristão, enquanto estiver neste mundo, não pode fugir.
– O teólogo americano Lewis Sperry Chafer afirma que todos os cristãos lutam numa batalha simultânea em três frentes – o mundo, a carne e o diabo (Teologia sistemática, t.1, v.2, p.722), numa luta que é diária e sem tréguas.
Destarte, ao falarmos em tentação, estamos falando do que é próprio do cotidiano, do dia a dia da vida do crente e, como neste trimestre, estamos a falar de batalha espiritual, não se poderia deixar de analisar o que é a tentação e como podemos vencê-la em nome do Senhor.
I – O QUE É TENTAÇÃO
– A palavra “tentação” tem, em português, a mesma origem da palavra “tentativa”, ou seja, vem do verbo “tentar”, que envolve a ideia de se sugerir algo, de se projetar e planejar alguma coisa que não se realizou ainda. É o emprego de meios para se conseguir algo.
Desta maneira, a tentação é apenas uma disposição de ânimo, não é uma alteração da realidade. Por isso, o tentado não é pecador, como nos indica, claramente, o texto de Hb.4:15.
OBS: “…A tentação ainda não é pecado, pois Cristo foi tentado, tal como nós o somos, mas permaneceu impecável (Hb.4:15; cf. Mt.4:1 e segs., Lc.22:28).
A tentação só se torna pecado quando e conforme a sugestão ao mal é aceita e se acede à mesma.” (PACKER, J.I. Tentação. In: J.D. DOUGLAS (org.). O novo dicionário da Bíblia, v.II, p.1581).
– A “tentação” é uma sugestão, um projeto, uma proposta para a prática de algum pecado, para uma atitude de desobediência aos preceitos estabelecidos pelo Senhor.
É por isso que Deus não pode tentar pessoa alguma nem pode ser tentado por quem quer que seja, porquanto ninguém pode fazer Deus pecar nem tampouco Deus, diante de Seu caráter moral, pode fazer com que alguém peque (Tg.1:13).
– Não podemos confundir, portanto, a noção de tentação com a de provação, esta, sim, com origem em Deus.
Deus, no Seu propósito de promover a contínua edificação espiritual do homem, ser que tanto ama, estabelece, dentro de Seus desígnios que o homem não consegue discernir (Is.55:8; I Co.3:11).
Tudo o que Deus estabelece na vida do homem fiel é para seu bem (Rm.8:28). Por isso, a passagem narrada nem Gn.22:1 (aliás, a expressão “tentou” da versão Almeida Revista e Corrigida, foi substituída por “pôs à prova” na versão Almeida Revista e Atualizada, expressão repetida na NVI).
A tentação nunca tem objetivos de edificação, mas, simplesmente, destrutivos, motivo pelo qual é distinta da provação.
– Não podendo a tentação ter origem em Deus, como se vê, percebemos que sua origem se encontra ou no próprio homem, ou no adversário de nossas almas e suas hostes espirituais ou, ainda, na combinação de ambas as forças.
A tentação, embora seja uma realidade presente e que pode nos impedir de alcançar a vida eterna, se bem sucedida em seus intentos malévolos de afastamento da presença de Deus nas nossas vidas, é algo que não é vindo da parte de Deus e, portanto, não é algo impossível de ser vencido. Esta já é uma esperança que temos: a de que podemos vencer a tentação!
OBS: ” As tentações (induções) à prática do mal ou ‘tribulações’ são ‘humanas’.
Isso significa apenas que pertencem aos homens, comuns a seu nível, comuns à sua experiência terrena, pelo que também não podem ser algo extraordinário e avassalador para nós.” (CHAMPLIN, Russell .Norman. Tentação. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.6, p.351).
– A primeira fonte da tentação é o próprio homem, ou seja, nós mesmos, o nosso “eu” é um fator que pode dar origem à tentação.
Tiago bem nos mostra isto ao informar que “cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg.1:14).
O homem é um ser moral, ou seja, alguém que tem consciência em si mesmo de que existem coisas certas e coisas erradas.
Dotado de liberdade, o chamado livre-arbítrio, tem o poder de escolher entre servir e obedecer a Deus ou não, como fica evidenciado pela expressão de seu Criador em Gn.2:16,17.
OBS: “…O desejo que nos impele ao pecado não é proveniente de Deus, mas de nós mesmos, e é fatal ceder a esse impulso (Tg. 1:14 e segs.)…” (PACKER, J.I. Tentação. In: J.D. DOUGLAS (org.). O novo dicionário da Bíblia, v.II, p.1581)
– Desta forma, tendo consciência de que pode se submeter, ou não, ao Senhor, o homem pode pôr como alternativa possível o de desobedecer aos princípios estabelecidos por Deus, ou seja, é perfeitamente possível que o homem se disponha a seguir um caminho diferente do traçado por Deus.
Neste instante, em que se afigura possível este trilhar tortuoso, surge a figura da tentação com origem no próprio “eu”, no próprio homem.
Ao sentir que ele próprio pode passar a ser o centro de sua vida, o homem está sendo tentado a pecar, a se desviar do caminho estabelecido por Deus e se for atraído por esta possibilidade, se, realmente, entender de satisfazer-se ao invés de satisfazer e agradar ao Senhor, terá concebido o pecado e, com ele, a morte, que nada mais é que a separação entre ele e Deus.
– Vemos que, na primeira tentação narrada na Bíblia Sagrada, a que levou à queda os nossos primeiros pais, esta mudança de perspectiva, de centro apresentou-se como uma possibilidade tanto na vida de Eva quanto na de Adão.
Diz o texto sagrado que, após ter dialogado com a serpente, Eva viu a árvore e a considerou desejável para dar entendimento (Gn.3:6), ou seja,
preferiu assumir uma posição de independência em relação a Deus, pôs-se como centro de suas preocupações, o que demonstra que, neste particular, a tentação proveio de si mesma.
Com Adão não foi diferente, pois, embora o texto bíblico não seja tão desenvolvido quanto ao que se refere a Eva, é evidente que Adão, ao receber o fruto de Eva, não o fez ignorantemente, inconscientemente, pois, se assim fosse,
não seria punido por Deus, que havia dito que a morte viria se houvesse, por parte do homem, a “comida livre”, ou seja, o comer voluntário e deliberado, não meramente acidental.
O próprio Deus nos informa, aliás, que Eva tudo relatou a Adão, pois o texto nos revela que Adão “deu ouvidos à mulher” (Gn.3:17), a nos permitir inferir que houve um diálogo entre eles que tornou Adão consciente de tudo o que se passava.
– Esta tentação, que tem como origem o próprio “eu” do homem, gerou o pecado em nossos pais, afastando-os de Deus, com terríveis consequências para o ser humano, como vemos no juízo estabelecido pelo Senhor aos nossos primeiros pais (Gn.3:16-19,22-24).
Exsurge daí a natureza decaída do homem, a sua natureza pecaminosa, que a Bíblia denomina de “carne”. É esta a primeira fonte de tentações na vida do homem.
– A “carne” é, como define Russell Norman Champlin, a natureza humana à parte da influência divina, que se mostra contrária a Deus (Cfr. Carne. In: Enciclopédia de Teologia, Bíblia e Filosofia, v.1, p.656). Esta natureza é um dos três principais inimigos do cristão e nela, como afirma o apóstolo Paulo, “não habita bem algum” (Rm.7:18).
A palavra “carne” é tradução de “sarx” (σάρξ) e significa, precisamente, a natureza adâmica caída, o desejo de se viver independentemente de Deus.
Esta natureza acompanha o crente até o instante em que formos glorificados, quando se completará a nossa redenção, pois a carne não pode herdar o reino de Deus (I Co.15:50).
– Na epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo mostra a realidade deste conflito sempre presente entre a carne e o Espírito, entre a natureza decaída do homem que, apesar de mortificada pela justificação pela fé, ainda não foi eliminada do ser humano e a nova natureza, advinda da salvação.
Esta luta constante e diária explica porque somos tentados a cada momento pela nossa natureza pecaminosa, que deve ser mantida crucificada com Cristo (Gl.2:20).
– Não podemos confundir esta natureza pecaminosa com o nosso corpo. O corpo é o templo do Espírito Santo (I Co.6:19).
O corpo, chamado em grego de “soma” (σωμα) é algo distinto da carne, que, em grego, é “sarx” (σαρξ).
Não há mal no corpo, que é, num outro sentido, formado de carne e osso (cfr. Ez.37:7,8).
Embora saibamos que o corpo seja pó (Gn.3:29) e que não ingressará na dimensão celestial (I Co.15:50), nem por isso devemos entender, como algumas seitas orientais, que o corpo seja um mal em si mesmo ou que o problema da tentação advenha do corpo.
Este pensamento, tão comum entre cristãos menos avisados, não têm respaldo bíblico e é fruto de uma indevida influência de doutrinas e filosofias estranhas à Palavra de Deus e que, desde cedo, deixaram suas marcas seja entre os judeus, seja entre os cristãos.
A carne é uma natureza espiritual decaída, é uma tendência de afastamento da presença de Deus motivada pelo próprio caráter depravado do homem, que já é concebido com esta tendência, oriunda de nossos primeiros pais (Sl.51:5).
Assim, não é o fato de termos um corpo físico que nos gera esta natureza pecaminosa, nem pode a “carne” ser identificada com este corpo físico.
– Mas não é apenas a “carne” quem pode gerar tentações no ser humano.
Também é fonte de tentação na vida do cristão o diabo, o nosso adversário, o nosso inimigo (Mt.4:1), que é, por isso mesmo, chamado nas Escrituras de “tentador” (Mt.4:3, I Ts.3:5).
Com efeito, desde a primeira tentação, vemos que o diabo é um fator gerador de tentações.
Na primeira tentação, o diabo apresentou-se à mulher, como a mais astuta das criaturas existentes, buscando desviar a mulher do propósito de servir a Deus.
Para tanto, usou de tentativas, bastando-lhe abrir o diálogo com a mulher e fazer nascer nela o desejo de ser igual a Deus (Gn.3:1-5).
Este mesmo desejo de independência em relação a Deus havia sido o motivo da queda do próprio adversário (Is.14:13,14), de forma que seu trabalho foi despertar no homem o mesmo sentimento que causou a sua perdição (Is.14:15).
Quando o diabo tenta, faz o que lhe é próprio, pois seu trabalho outro não é senão roubar, matar e destruir (Jo.10:10), pois ele é homicida desde o princípio (Jo.8:44).
O próprio Jesus, para demonstrar toda a Sua humanidade quando esteve entre nós, foi tentado pelo diabo e não apenas as três vezes relatadas minudentemente pelo Evangelho, como podemos inferir dos textos de Lc.4:13 e Hb.4:15 (e, neste particular, pelo menos temos o registro explícito de mais uma tentação, como se observa da leitura de Mt.16:23).
OBS: No livro sagrado dos muçulmanos, o Corão, a propósito, é mencionado que o próprio diabo teria resumido a sua tarefa como sendo a de tentar a humanidade:
“…Disse[ Satanás, observação nossa]: Ó Senhor meu, por me teres colocado no erro, juro que os alucinarei na terra e os colocarei, a todos, no erro…” (15:39). (ou na tradução inglesa: …eu tentarei a humanidade na terra: eu os seduzirei …).
– A terceira fonte de tentação é o “mundo”, ou seja, o sistema organizado pelo diabo e que está estabelecido sobre todos os homens que não foram salvos por Jesus (cfr. Ef.2:1-3), mundo este que gera aflições na vida do crente(Jo.16:33).
O mundo é atrativo e, se não vigiarmos, acabaremos por amar o que há no mundo e, assim, pecaremos inevitavelmente, pois quem amar o mundo, não terá o amor de Deus nele (I Jo.2:15).
Por “mundo” não podemos entender as coisas criadas por Deus, mas, sim, este sistema satânico, gerado depois da queda do homem, pelo qual os seres humanos passam a viver debaixo do mal (I Jo.5:19) e sob o império da morte (Rm.6:23; Ef.2:1; Hb.2:14).
No mundo, portanto, temos a conjugação tanto do “ego” humano, isto é, da “carne”, como também do diabo, que é “o deus deste século” (II Co.4:4).
OBS: ” …Das três palavras gregas que são traduzidas como mundo, apenas uma – “kosmos” – apresenta o pensamento de uma esfera de conflito.
Esta palavra significa ordem, sistema, regulamento, e indica que o mundo é uma ordem ou sistema, em cada caso – e há muitos deles – onde o aspecto moral do mundo está em foco, este cosmos é dito ser oposto a Deus.
Está declarado que teve a sua origem – em seu plano e ordem – com Satanás. Ele o promove e é o seu príncipe e deus.
Este cosmos sistema é basicamente caracterizado por seus ideais e entretenimentos e estes se tornam uma fascinação para o cristão que está neste cosmos, embora não seja parte dele.
Estes aspectos do cosmos freqüentemente são uma imitação falsa das coisas de Deus e em lugar algum o crente precisa da orientação divina mais do que quando ele tenta traçar uma linha de separação entre as coisas de Deus e as do cosmos de Satanás.…” (CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática, t.1, v.2, p.726).
Interessante observar que, no livro sagrado dos muçulmanos, o mundo é indicado mediante as suas ofertas materiais:
“…Aos homens foi abrilhantado o amor à concupiscência relacionada às mulheres, aos filhos, ao entesouramento do ouro e da prata, aos cavalos de raça, ao gado e às sementeiras.
Tal é o gozo da vida terrena; porém, a bem-aventurança está ao lado de Deus. …” ( ou, na tradução inglesa, ‘…homens são tentados pela concupiscência das mulheres..’) (3:14).
II – O PROCESSO DA TENTAÇÃO
– O processo da tentação é descrito, com pormenores, pelo menos em duas ocasiões nas Escrituras Sagradas: a tentação de Eva e a tentação de Jesus.
Em ambas as descrições, percebemos que a tática da tentação é sempre a mesma, a indicar que não existe coisa alguma de nova debaixo do sol (Ec.1:9) e, como o que foi escrito, para nosso ensino foi escrito (Rm.15:4), tais passagens servem-nos de alerta e de revelação divina para que possamos ser mais do que vencedores por Aquele que nos amou (Rm.8:37).
– O início da tentação é, conforme vemos nas duas passagens supramencionadas, a abertura de diálogo seja com o nosso “eu”, seja com o diabo, seja com o mundo.
No Éden, o diabo iniciou o seu processo de tentação abrindo diálogo com a mulher.
“É assim que Deus disse: não comereis de toda a árvore do jardim? ” (Gn.3:1).
É por este motivo que a Bíblia nos adverte para que não demos lugar ao diabo (Ef.4:27). Quando abrimos uma brecha, por menor que seja, permitimos que o mal venha se instalar nas nossas vidas (Jr.39:2,3).
Não podemos permitir, de forma alguma, que o inimigo (seja o diabo, seja a natureza pecaminosa, seja o mundo) venha a alcançar algum espaço em nossos pensamentos ou em nossas ações, pois, assim agindo, estaremos dando guarida a um processo de tentação que nos levará à derrota, ou seja, ao pecado.
Um conhecido e antigo louvor que se ensina às crianças na EBD bem ilustra este perigo, quando nos fala que o mal quer apenas “um lugarzinho” em nosso coração, mas que não podemos permitir que isto aconteça.
– No deserto, o diabo também iniciou um diálogo com o Senhor, que a isto assentiu porque este era o propósito de Deus para a Sua vida, como nos revela o início da narrativa da tentação.
Jesus havia ido para o deserto exatamente para ser tentado pelo diabo e o adversário, para poder tentar, iniciou abrindo um diálogo com o Senhor. É sempre esta a tática da tentação: a abertura de diálogo com o tentado.
Esta abertura de diálogo, entenda-se, não é, necessariamente, a conversa com alguém (ou com o próprio diabo, como ocorreu com Eva e com Jesus), mas pode ser um processo mental, ou seja, um diálogo travado entre a pessoa e seu “ego”, entre a pessoa e o mundo ou entre a pessoa e o tentador (ou um dos seus agentes).
– O segundo momento do processo da tentação é o lance do tentado no campo da dúvida em relação à Palavra de Deus.
No diálogo que se abre, o trabalho do tentador é, sempre, o de retirar a credibilidade da Palavra de Deus, o de pôr em dúvida a confiança que se tem na revelação de Deus ao homem, que é a Sua Palavra.
Assim, com Eva, o diabo, por exemplo, afirmou que não era verdadeiro que se seguiria a morte se houvesse o consumo do fruto da árvore da ciência do bem e do mal (Gn.3:4), assim como, no deserto, colocou em dúvida a qualidade de Filho de Deus, já na abertura do diálogo com Jesus (Mt.4:3).
– Não é por outro motivo que, ao descrever a armadura de Deus, Paulo menciona o “escudo da fé” contra os “dardos inflamados do inimigo” (Ef.6:16). Somente a fé poderá impedir que a dúvida possa resultar na imobilidade espiritual do cristão (Tg.1:6,7).
– O terceiro momento do processo da tentação é o primeiro efeito nefasto da colocação em dúvida da Palavra de Deus.
Em virtude deste lance no campo da dúvida, a tentação acaba oferecendo uma atração, chega-se à construção de um discurso no qual o que é oferecido pela tentação é algo que passa a ser considerado como digno de busca, algo que vale a pena ser procurado e conquistado.
– Somente quando se abandona a revelação divina, contida nas Escrituras, o que passa a ser ofertado na tentação passa a representar algum valor, passa a poder ser considerado como algo que possa ser procurado.
Quando Eva passou a não mais dar crédito à Palavra de Deus, o fruto passou a lhe ser atraente, “árvore boa para se comer e agradável aos olhos” (Gn.3:6).
– O risco da atração é real e deve ser evitado a qualquer custo, o que somente se dará se nos firmarmos na Palavra de Deus, como bem nos ensinou Jesus, que não se deixou atrair pelo mal, mas rechaçou as investidas utilizando-se da revelação divina.
Daí porque ter rogado ao Pai que Seus discípulos fossem santificados na verdade, ou seja, na Palavra de Deus (Jo.17:17).
– É interessante notar que reside aqui a grande diferença entre a derrota de nossos primeiros pais e o triunfo experimentado por Jesus.
Eva, logo no início do diálogo com o adversário, demonstrou não ter muita certeza nem convicção da Palavra de Deus, pois, ao mencionar a ordem divina, não o fez de modo fiel, acrescendo palavras à ordem de Deus, como se vê, claramente, da comparação entre Gn.2:16,17 e Gn.3:2,3.
– Jesus, entretanto, em todas as citações que fez das Escrituras, fê-lo de forma fiel e correta, demonstrando, assim, conhecimento da revelação divina e certeza do que estava a dizer.
– É catastrófico percebermos, nos nossos dias, que a fragilidade no conhecimento das Escrituras, a superficialidade no domínio da revelação fidedigna de Deus é uma característica cada vez mais presente no meio do povo que diz servir ao Senhor.
Esta falta de conhecimento e de profundidade é o caminho para a derrota frente às tentações.
Oséias foi bem claro ao afirmar que o povo de Deus fora destruído por causa da sua falta de conhecimento (Os.4:6).
– Este é um dos principais motivos porque os adversários da obra de Deus se regalam quando observam a falta de incentivo, a falta de estímulo e a ausência de prioridade que se tem dado ao ministério e às reuniões de ensino da Palavra de Deus em nossas igrejas nos nossos dias.
Por causa disso, muitos têm fracassado no embate diário da tentação, porque não têm como levantar o escudo da fé e, por conseguinte, não terem como vencer os inimigos que têm conseguido nos impedir de desfrutarmos da vitória que nos está prometida.
– O Pacto de Lausanne, ao falar sobre a “batalha espiritual”, fez questão de ressaltar que uma das atuações do inimigo está precisamente neste trabalho para afastar os salvos da Palavra de Deus, “in verbis”:
“…Pois percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus. …(item 12).
O saudoso pastor Antonio Gilberto (1927-2018), certa feita, assim afirmou: “há demônios cuja atividade não é espalhar violência e outros males ostensivos, mas ocupar-se com o ensino maléfico, falso, errôneo, enganoso” (Teologia sistemática pentecostal, p.93).
– O quarto momento do processo da tentação é a geração do desejo, ou seja, após a atração, resultante da falta de crédito que se dá à Palavra de Deus, a pessoa tentada passa a desejar, a cobiçar o que é contrário a Deus, o que é contrário à determinação divina.
Este desejo, esta cobiça é o que a Bíblia Sagrada denomina de “concupiscência”.
A concupiscência é “desejo forte”, ou seja, é um estado em que a pessoa passa a querer algo sem levar em conta qual a vontade de Deus.
O mundo, explica-nos o apóstolo João, caracteriza-se, é reconhecido por três coisas, duas das quais são, precisamente, a “concupiscência”, ou seja,
no sistema satânico organizado para contrariar a Deus, as pessoas são levadas a crer que podem querer, podem exercer sua vontade independentemente do que Deus queira ou deseje em nossas vidas. É esta a maior manifestação de rebeldia da criatura contra o seu Criador.
É em Jesus que encontramos, bem ao contrário, a submissão à vontade do Pai, em todo o momento e em todos os sentidos.
Por isso, quando oramos a Deus, devemos ter esta consciência, a de que aqui estamos para fazer a vontade do Senhor, não a nossa (Mt.6:10).
Na tentação, somos levados a acreditar que podemos querer sem ter de levar em conta a vontade de Deus.
Eva passou a desejar ter um entendimento igual ao de Deus (Gn.3:9), desejo este que também foi o de Adão, quando cientificado por Eva de tudo o que se passara.
– O quinto momento do processo da tentação é, precisamente, o engodo, ou seja, o engano. A palavra grega aqui utilizada tem o sentido de “apanhado em uma armadilha”.
A partir do momento que é gerado o desejo pecaminoso, a partir do instante em que passamos a achar que podemos querer sem que seja necessário descobrirmos o que é, ou não, agradável a Deus, passamos a ser enganados, engodados seja pela nossa carne, seja pelo diabo, seja pelo mundo.
– Tiago afirma que, quando somos atraídos, somos engodados pela nossa própria concupiscência (Tg.1:14).
Neste estágio do processo da tentação, como abandonamos a Palavra, que é a verdade, tornamo-nos alvo fácil da mentira e do engano. Paulo afirma que os homens, neste estado, enganam e são enganados (II Tm.3:13).
Com efeito, os fatos geradores da tentação são, simultaneamente, fontes de engano: a nossa natureza pecaminosa é fruto de engano (Tg.1:14; Jr.17:9); o diabo é o enganador por excelência, pois é o pai da mentira e, quando mente, fala do que lhe é próprio (Jo.8:44) e o mundo está cheio de enganadores (II Jo.7).
– Eva estava totalmente enganada, porquanto passou a crer nas palavras do diabo e não mais na ordem divina. Eva estava certa de que obteria entendimento igual ao de Deus e que não morreria, exatamente como lhe falara o adversário.
– O sexto momento do processo da tentação é a geração do pecado. A tentação tem como objetivo a geração do pecado, é para isso que ela foi criada e, por isso, como vimos supra, não pode ser algo que se origine em Deus.
Quando a pessoa está enganada, deseja o que é errado, tem-se a geração do pecado, pecado este que se configura pela decisão de se agir fora dos parâmetros estabelecidos pelo Senhor.
Muda-se a retidão pela tortuosidade, e “hamarthia” (αμαρτία), a palavra grega para pecado é, exatamente, isto, a tortuosidade, o desvio, a modificação de alvo e de propósito.
A pessoa deixa de agir segundo o propósito de Deus, deixa de pensar e de querer o que Deus tenha querido e proposto para sua vida, passando a satisfazer o seu próprio desejo, a sua própria concupiscência.
– É, então, neste momento que nasce o pecado e, havendo pecado, naturalmente teremos um pecador.
O pecado não exige a realização de uma atitude externa, de um gesto visível e perceptível por todos.
O pecado nasce no interior do homem, de lá procede, porque é o resultado deste “grito de independência”, é o resultado inevitável de quem abre diálogo com os inimigos da obra de Deus, de quem duvida da Palavra do Senhor, de quem passa a desejar o errado e de quem está engodado por este desejo.
– Muitos, nesta ilusão, neste engano que dá origem ao pecado, procuram enxergar pecado apenas nos gestos exteriores, somente na prática de determinados atos.
Assim, por exemplo, para citarmos um episódio muito mencionado entre nós, somente podem entender que tenha havido adultério quando há a prática de relações sexuais efetivas entre o cônjuge e o terceiro.
Entretanto, Jesus foi bem claro ao dissertar sobre o assunto no sermão do monte.
Não só em relação ao adultério, mas em qualquer pecado, quando há a simples cobiça, ainda que em pensamento, já teremos o pecado (Mt.5:28; 15:18,19), pois, como diria Tiago décadas depois, “havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado” (Tg.1:15a).
– O sétimo e último momento da tentação é a morte, que é o salário do pecado (Rm.6:23).
Tendo havido o pecado, ocorre a imediata separação entre Deus e o pecador (Is.59:2; Ef.2:12,13), o que é, precisamente, o intento, o objetivo de todo o processo da tentação.
A separação entre Deus e o pecador nada mais é que a morte que constara da advertência divina ao homem (Gn.2:17), morte esta que foi simbolizada pela perda do direito de o homem ter livre acesso à presença de Deus (Gn.3:23,24).
É tão só este o objetivo da tentação e quando não vigiamos nem agimos conforme nos ensinam as Escrituras, será este o nosso triste fim.
III – VENCENDO A TENTAÇÃO
– Como vimos, não há tentação que venha da parte de Deus. Deste modo, torna-se possível a vitória sobre a tentação, porque ela tem origem seja no homem, seja no adversário.
Nenhuma tentação é superior ao que possamos suportar. Aliás, as Escrituras são claríssimas ao afirmar que não sobrevirá tentação maior do que a nossa estrutura espiritual e que, em toda tentação, sempre advirá uma válvula de escape, que nos permitirá vencê-la (I Co.10:13).
Esta garantia que nos dá o Senhor na Sua Palavra é a maior demonstração de que aqueles que fracassarem não terão como se justificar diante de Deus no dia do juízo.
OBS: “…as tentações que nos assediam são adaptadas para as forças humanas, para as condições humanas.
Temos sido armados com os meios que nos capacitem a derrotar tais tentações; e assim poderemos fazê-lo, se nos valermos dos meios postos à nossa disposição.
Podemos ser vitoriosos ou totalmente derrotados pelas tentações; podemos ser até mesmo destruídos, espiritualmente falando, ou podemos usá-las como degraus que nos elevam a um desenvolvimento espiritual mais elevado.
Podemos encontrar homens pertencentes a ambas categorias, na Igreja cristã.…” (CHAMPLIN, Russell Norman. Tentação. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.6, p.351).
Assim, devemos rechaçar com veemência o falso ensino de que Jesus foi vitorioso sobre a tentação porque, além de homem, é também Deus.
Jesus venceu a tentação como homem, para nos mostrar que é possível vencermos também.
Neste sentido, completamente falso o ensinamento constante do Livro de Mórmon, que afirma que Jesus teria sofrido tentações maiores do que o homem teria podido suportar, mais uma das falsidades daquela heresia.
(“…E eis que sofrerá tentações, dores corporais, fome, sede e cansaço maiores do que os que o homem pode suportar, sem morrer; pois que correrá sangue de cada um de seus poros, tão grande será sua angústia pelas maldades e abominações de seu povo”- Mosíah 3:7).
– Sendo possível a vitória sobre a tentação, como, então, poderemos ser vencedores ou, utilizando-se da feliz e profunda expressão de Paulo, mais do que vencedores?(Rm.8:37).
– Em primeiro lugar, devemos observar qual é o fato gerador da tentação e, assim, diante disto, munirmo-nos dos antídotos que nos impedirão de ser envenenados por este processo que nos pode levar à morte espiritual.
Como vimos, a tentação pode ter origem na carne, no diabo e no mundo. Vejamos, portanto, como enfrentarmos a tentação e sairmos vitoriosos dela em cada uma destas situações.
– Vimos que a carne é a natureza pecaminosa e decaída do homem, resultado do pecado de nossos primeiros pais.
Para vencermos a tentação da carne, é preciso que vivamos em espírito, pois, como nos afirma o apóstolo Paulo, “andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne “(Gl.5:16).
Para vencermos a tentação da carne, é necessário que passemos a andar em Espírito, ou seja, que tenhamos consciência de que há uma luta interna no cristão, entre a velha natureza, a carne, que era dominante até o momento em que fomos salvos, e a nova natureza, a natureza espiritual, a natureza que é resultado de nossa fé em Cristo Jesus.
Somente os que andam em Espírito é que estão livres da condenação (Rm.8:1).
– Para vencermos a tentação da carne, é necessário que tenhamos o propósito de agradar a Deus, pois quem está na carne não quer agradar a Deus (Rm.8:8). Ora, para agradar a Deus, é indispensável que saibamos o que Deus quer de nós.
É preciso conhecermos a vontade do Senhor para podermos agradá-l’O. É neste ponto que surge a necessidade de meditarmos dia e noite, noite e dia, na Sua Palavra.
Esta meditação nas Escrituras é o primeiro passo para quem quer conhecer a vontade divina e, por conseguinte, poder vencer a tentação da carne.
Como já falamos supra, foi a falta deste conhecimento que destruiu a geração do povo do reino do norte nos dias de Oseias, precisamente porque, nas palavras daquele homem de Deus, aquela geração rejeitou o conhecimento de Deus, porque se esqueceu da lei do Senhor (Os.4:6).
– O salmista bem afirma que a felicidade suprema do homem, a sua bem-aventurança, resulta da meditação contínua na Palavra de Deus (Sl.1:2), da circunstância de andar na lei do Senhor (Sl.119:1).
“Escondi a Tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti “(Sl.119:11). Como escapar da tentação da carne ?
Em primeiro lugar, meditando na Palavra de Deus, pois, assim, saberemos qual é a vontade de Deus para nós e saberemos discernir entre o que é sugestão de nossa velha natureza e o que não é.
– Mas, para agradar a Deus, não basta que tenhamos uma vida de meditação na Palavra de Deus.
Esta ação é indispensável e de grande importância, mas é insuficiente para nos livrar da tentação da carne.
Ao lado da meditação na Palavra do Senhor, é preciso que tenhamos uma vida de oração, pois, na oração, falamos com o Senhor, mantemos com ele um diálogo e conservamos uma intimidade com o Senhor.
Numa vida de diálogo com Deus, mantemos uma comunhão com o Senhor (Mt.6:6), de tal modo que o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm.8:16).
– Quando oramos, passamos a saber qual é a vontade de Deus para nós, mortificamos a nossa velha natureza e, portanto, resistimos à tentação da carne. Só quem tem uma vida de oração contínua pode ser guiado pelo Espírito de Deus, pode, pelo espírito, mortificar as obras da carne (Rm.8:13). Sobre a oração, trataremos numa lição posterior.
– Entretanto a oração e a meditação na Palavra de Deus devem ser acompanhadas de uma outra atitude que o crente deve ter para ser vitorioso nas tentações provenientes da carne: a vigilância.
Em verdade, pela ordem, a vigilância deve preceder, ser concomitante e posterior à nossa oração e meditação.
Como verificamos nas ordens provenientes de Jesus, sempre a vigilância antecede à oração (Mt.26:41; Mc.13:33; 14:38), sendo, portanto, sem qualquer respaldo bíblico o mote “orai e vigiai”, que costumeiramente ouvimos de alguns no meio da igreja.
Orar é importante, meditar na Palavra de Deus, também, mas é preciso que haja vigilância, sem o que de nada adiantará lermos as Escrituras ou orarmos ao Senhor. Sobre a vigilância, também trataremos numa lição posterior.
– Para vencermos a tentação oriunda do diabo, é preciso que nos valhamos da Palavra de Deus. Jesus nos mostrou que as Escrituras são a principal arma contra o diabo.
É assim que devemos resistir-lhe e, certamente, quando resistimos ao diabo, ele foge de nós (Tg.4:7).
Como já vimos supra, um dos principais fatores da queda do primeiro casal foi a falta de convicção e de conhecimento da Palavra de Deus por parte de Eva que, inclusive, acrescentou à proibição divina de não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal a de não tocar naquele fruto, algo que não se encontrava na determinação de Deus.
Isto nos mostra, claramente, que, ao contrário do que parece, a presença de mandamentos e de preceitos humanos, além dos contidos nas Escrituras, é um fator que facilita a operação satânica.
– Vejamos o exemplo dos fariseus, relatado pelo próprio Senhor, para verificarmos que a existência de mandamentos humanos em nada ajuda a preservação da santidade e da força espiritual mas, bem ao contrário, é um fator que propicia a tentação, pois, assim fazendo, a pessoa poderá achar que tem condições de, por si só, sem Deus, alcançar a salvação, o que é absolutamente impossível ao homem.
– A vitória sobre o diabo e seus anjos advém do uso da Palavra do Senhor, que é a única arma ofensiva da armadura de Deus descrita em Ef.6:10-18. Somente podemos atacar o diabo e suas hostes espirituais nos utilizando das Escrituras. Jesus assim fez e foi vitorioso.
Mesmo no momento mais crucial de Sua vida terrena, quando Se sentiu abandonado pelo Pai, Jesus recorreu à Palavra de Deus, pois a expressão “Deus meu, Deus meu, por que Me desamparaste?”, cantada em hebraico (tanto que o povo não a compreendeu), nada mais era que a recitação do salmo 22. Até neste instante, Jesus não deixou de persistir fazendo a vontade de Deus, recorrendo, na inédita solidão, à Bíblia Sagrada, um exemplo que não podemos deixar de seguir.
– Além das Escrituras, deve o cristão, para vencer as hostes espirituais da maldade, revestir-se de toda a armadura de Deus, “para que possa revestir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes”(Ef.6:13b). Sobre a armadura de Deus, também trataremos numa lições posterior.
– Esta armadura de Deus, entretanto, para que possa funcionar deverá ser acompanhada de vigilância e oração (Ef.6:18).
Assim como o soldado tem de estar em boa forma física para que possa, com sucesso, desempenhar suas funções, principalmente os armamentos que estão à sua disposição, o cristão, para vencer a tentação contra o diabo e seus anjos, há de estar em boa forma espiritual e a boa forma espiritual vem pela oração contínua e sem cessar.
Um crente que não ora é como um soldado que está mal fisicamente falando: corre sério risco de ser abatido na peleja.
– Para vencermos a tentação que vem do mundo, ou seja, deste sistema organizado que busca seduzir o homem e levá-lo à morte, pela conjugação dos esforços do diabo e dos homens que estão sob seu domínio, é preciso que tenhamos fé, que confiemos em Deus e na Sua Palavra.
O apóstolo João afirma-nos que “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.” (I Jo.5:4).
“E quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus ? ” (I Jo.5:5).
Assim, para que vençamos o mundo, para que superemos e não demos crédito ao que o mundo oferece e ao que há no mundo (I Jo.2:16) e que não é coisa alguma de novo, mas, como sempre,
a concupiscência da carne (o desejo que vem de nossa velha natureza, os apetites pecaminosos que sempre nos acompanham e que querem retornar a ter prioridade em nossa vida),
a concupiscência dos olhos (o desejo que vem dos nossos sentidos, em especial, da visão, aquilo que nos faz perder a visão de Deus e de Seu Filho, que nos torna centro de nossas própria preocupações) e a
soberba da vida (i.e., o orgulho, o desejo de querer semelhante a Deus, de ser igual a Deus), precisamos crer em Jesus e que Ele é o Filho de Deus.
– Crer em Deus, entretanto, não é apenas dizer que acredita que Jesus existe e que está à direita do Pai intercedendo por nós, numa operação intelectual e despida de atitudes.
Como nos ensina Tiago, desta maneira, também os demônios creem em Deus e até estremecem quando é mencionado Seu nome (Tg.2:19).
– Crer em Deus, crer em Jesus é Lhe dar crédito. Quando damos crédito a alguém? Quando confiamos n’Ele e na Sua Palavra.
Pode um comerciante dizer que confia em um freguês seu se não lhe permite comprar fiado? Que crédito seria este?
No mundo comercial, dizemos que alguém tem crédito porque com ele fazemos negociações e transações na base da confiança, sem que haja imediato pagamento ou cumprimento das obrigações por parte da pessoa digna de crédito.
Por que, então, podemos dizer que cremos em Jesus se não fazemos o que Ele manda, sem que vejamos, de imediato, o benefício que pode nos advir deste comportamento?
– Somente venceremos o mundo se assim agirmos, se, mesmo em meio a tantas circunstâncias contrárias, em meio a tantas adversidades, prosseguirmos em fazer o que Jesus nos manda através de Sua Palavra.
Se não fizermos assim, de nada adiantará dizermos que confiamos em Deus.
Os fatos demonstrarão que seremos derrotados pelo mundo, pois a nossa fé será vazia, um verdadeiro simulacro, palavras vazias que nada resolvem. Uma fé sem atitudes, uma fé sem obras, como nos ensina Tiago, é morta, é algo que simplesmente não existe (Tg.2:17).
– Vemos, portanto, que, qualquer que seja a origem da tentação, a vitória é possível, pois Deus nos põe à disposição as armas que nos permitem vencer a tentação.
A tentação ou é humana (I Co.10:13), ou é diabólica (Mt.4:1), mas, em ambas as situações, Deus garante a vitória, seja porque, sendo humana, como homens temos condições de, recorrendo a Deus, obtermos a vitória; seja porque, sendo diabólica, maior é O que está conosco do que o que está no mundo (I Jo.4:4).
Não há, portanto, qualquer motivo ou justificativa para cair na tentação. Por isso, guardemos o sábio conselho do cantor sacro, em hino adaptado/traduzido por Paulo Leiva Macalão:
“tentado, não cedas. Ceder é pecar. Mais alto e mais nobre será triunfar ! ” (hino 75 da Harpa Cristã).
OBS: “É única demonstração de covardia cedermos à tentação, bem como um voto de desconfiança a Deus (Robertson, apud CHAMPLIN, Russell Norman. Tentação. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.6, p.352)
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/3555-licao-7-tentacao-a-batalha-por-nossas-escolhas-e-atitudes-i