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LIÇÃO Nº 8 – AMÓS E OBADIAS

O nome Amós significa fardo ou carregador de fardos. Este sentido está plenamente relacionado com o propósito do livro que é apresentar os fardos de julgamentos, ou seja, as calamidades visualizadas pelo profeta e transmitidas ao povo de Israel.

Viveu a 7 km ao sul de Jerusalém, nas altas colinas de Judá (era do Reino do sul) , perto da estrada que ia de Jerusalém a Hebrom e Berseba. O curioso é que se afirma que João Batista tenha crescido anos depois nesta mesma região.

Ellisen (1993, p. 286) aponta diversas informações contidas, no próprio livro, que estão relacionadas, de forma particular, ao profeta:

a. É nascido em Tecoa, uma pequena aldeia distante a 8 km ao sul de Belém: “As palavras de Amós, que estava entre os pastores de Tecoa, as quais viu a respeito de Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto.” (Am 1.1)

b. Não foi treinado da escola de profetas, mas exerceu o profetismo e a pregação. Fazendeiro, ocupava-se com criação de gado e plantação de frutas (1:1; 7:14).

“E respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros.” (Am 7.14)

c. A habilidade na escrita de Amós demonstra toda a sua veia intelectual, que se expressa no conteúdo, na figuração de linguagem, na expressão artística, características que o tornam clássico.

d. Revela um profundo senso de justiça social em suas ministrações.

e. Amós foi um profeta missionário, tal como Jonas.

f. Era um profeta informado acerca do que acontece à sua volta, a par dos fatos sociais e nacionais, haja vista que sempre estava se locomovendo para comercializar seus produtos.

Cultivador de sicômoros. De acordo com o Dicionário Champlim (2018, p.1642), o nome desta árvore deriva das palavras gregas syke (figo) sukomorea; seu nome científico é Acer pseudo platanus.

O termo utilizado no Novo Testamento é mora (amoreira). A árvore é uma espécie que está sempre verde e tem galhos fortes que se espalham muito, o que facilita que alguém suba nela (considere o caso de Zaqueu, Lc 19.4).

O fruto que a árvore produz não é um figo de fato, mas pequenas frutas que crescem agrupadas e parecem com pequenos figos, daí o nome pseudo no termo científico.

Amós (7.14) cultivava esta fruta paralelamente à criação de animais domesticados. Bastante trabalho está envolvido no cultivo desta fruta, pois ela só amadurece se cada fruto for perfurado com um instrumento pontudo em determinado estágio de seu desenvolvimento.

Amós ocupava-se furando os frutos, certamente um trabalho entediante, mas foi recompensado com uma colheita abundante. (Champlim, 2018, p.1.642)

Sendo assim, observamos, mais uma vez, que o profeta recebeu, de Deus, uma chamada especial para trazer mensagens de exortação o povo do reino do norte, mensagens até inesperadas, dado o seu teor de reprimenda para o reino de Israel.

Por isto, enfrentou intensa perseguição e oposição, principalmente dos sacerdotes de Betel, que eram os responsáveis pela permanência do “pecado de Jeroboão, filho de Nebate”, a principal causa da destruição das dez tribos.

Seu ministério ocorreu durante o Jeroboão II e Uzias que reinaram, simultaneamente, de 767 a 752, período de enganosa prosperidade, que antecedia a destruição que estava por vir e que era simbolizada pelo terremoto, como se vê em Am.1:1.

Amós profetizou em Betel que ficava distante cerca de 35 Km de Tecoa e a 3 Km do sul de Judá, onde ficava o Santuário e habitava o Sumo Sacerdote. A residência real de Jeroboão, por sua vez, ficava a 40 km de distância, em Samaria.

Ali ficava o alvo da mensagem profética. Quando o nosso Deus chama, Ele concede forças, coragem e ousadia para realizar um trabalho como este. Basta verificarmos a distância percorrida pelo profeta para transmitir a Palavra do Senhor.

Como não havia profetas no Reino do Norte, o Senhor levantou o seu oráculo do Reino do Sul. Deus não deixa de falar com Seu Povo!

O povo deveria estar atento para o juízo que estava por vir, porque a falsa prosperidade não era indício de que estava tudo bem. Havia violência, corrupção e injustiça social entranhadas na sociedade israelita e Deus não permitiria que tudo aquilo ficasse impune. O povo teria que prestar contas.

TEMA: O Próximo Julgamento de Israel pela Corrupção Moral e Injustiça Social

O grande terremoto de 1:1, foi evidentemente acompanhado de um eclipse solar, conforme está sugerido em 8:8-10.

Segundo os astrônomos, esse eclipse ocorreu em 15 de junho de 763 a.C. A profecia sobre Israel foi proferida dois anos antes, em 765, e escrita algum tempo depois do terremoto. Este foi tão violento que Zacarias se referiu a ele 270 anos mais tarde (Zacarias 14:5) (Elissen, 1993, p.287)

Infelizmente, a data desse terremoto não pode ser fixada com mais exatidão, mas de qualquer maneira, serviu como sinal preliminar da parte de Deus. (Archer, 2012, p.398)

E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo. (Zc 14.5)

Por causa disto não estremecerá a terra, e não chorará todo aquele que nela habita? Certamente levantar-se-á toda ela como o grande rio, e será agitada, e baixará como o rio do Egito.

E sucederá que, naquele dia, diz o Senhor Deus, farei que o sol se ponha ao meio-dia, e a terra se entenebreça no dia claro.

E tornarei as vossas festas em luto, e todos os vossos cânticos em lamentações; e porei pano de saco sobre todos os lombos, e calva sobre toda cabeça; e farei que isso seja como luto por um filho único, e o seu fim como dia de amarguras. (Am 8.8-10)

Amós condenou a hipocrisia e a iniquidade dos seus dias e, da mesma forma Jesus o fez em relação aos fariseus em Mateus 23.

Todos aqueles que desejam viver de modo agradável a Deus, precisam conhecer a mensagem de Amós e atentar para as palavras proféticas nele registradas. O livro de Amós encontra-se dividido assim:

1) juízos contra as nações vizinhas:

a) Síria, Filístia e Fenícia, por terem sido cruéis contra Israel (1.3-10);

b) Edom, Amom e Moabe, por terem sido cruéis contra Israel (1.11-2.3). Depois disso, Deus se volta para Judá e promete julgá-la por ter rejeitado Sua lei (2.4,5).

2) juízos contra Israel: por causa da ganância e indiferença religiosa (2.6-16); em seguida, o livro passa a registrar este julgamento de modo explícito, pois o Senhor confirma o julgamento (3) que é justificado pela indiferença (4); e qualificado pelas reações (5-6).

3) visões do juízo contra Israel:

3.1) visão dos gafanhotos (7.1-3);

3.2) visão do fogo (7.4-6);

3.3) visão do prumo (7.7-9); seguido de um interlúdio, com protestos do sumo sacerdote (7.10-17);

3.4) visão dos frutos maduros (8); e,

3.5) visão do grupo de destruição do Senhor (9.1-10).

4) promessa de restauração de Israel: encerra com uma linda e maravilhosa promessa que tem relação direta com a vinda do Messias (9.11-15).

Aparentemente Sião era próspera. Os reis Jeroboão II e Uzias cobravam seus impostos, o povo enriquecia e os territórios dos Reinos do Sul e do Norte expandiam- se. Nessa Idade do Ouro, ninguém suspeitava que a nação do

Norte sofreria colapsos de ordem política e assassínios que destruiriam o país, levando-o à completa destruição: “Ai dos que vivem sossegados em Sião, e dos que estão confiados no monte de Samaria, que têm nome entre as primeiras das nações, e aos quais vem a casa de Israel!” (Zc 6.1)

O reinado de Jeroboão havia sido de muito sucesso (período áureo de Israel). O reino fora consideravelmente ampliado (II Rs 14.23-29).

Israel estava no auge da prosperidade, mas em desavergonhada idolatria e podridão moral. Era uma terra de falsos juramentos, furtos, injustiças, opressões, adultérios e homicídios. O luxo dos ricos era evidente.

Eles tinham as suas residências de verão e de inverno (3.15),

ricamente mobiliadas (3,13; 6.4),

onde festejavam e bebiam excessivamente (6.4-6).

Mas tal riqueza fora obtida por meios que Amós francamente chama de violência e roubo (3.10), por oprimir os pobres (2.6-8); a imoralidade florescia (2.7); os negociantes eram desonestos (8.4) e os nobres mostravam uma completa indiferença para com a ruína moral da sua pátria. (Bentho & Plácido, 2019, p.520-521)

As motivações políticas de Jeroboão I culminaram na instituição da adoração ao bezerro de ouro em Betel, ou seja, no Reino do Norte.

Embora Jeú tivesse exterminado a adoração a Baal em 841 a.C., a adoração ao bezerro prevalecia por 170 anos, sob a supervisão do sacerdote Amazias, que era leigo e nomeado pelo rei.

O quadro geral era o que já se podia esperar: corrupção geral, sacerdotes que atuavam de acordo com seus próprios interesses, suntuosidade e perversão da aristocracia (nobreza) etc. No entanto, Amós atribuiu a culpa ao rei e ao sacerdote.

Declarou que os tais eram a causa daquela situação, pois se constituam em referências negativas corruptas que estimulavam o povo a imitá-los. Pois a visão do prumo aponta para o padrão que o Senhor estabeleceu e que estes homens não seguiram. Daí a consequência: ação da espada do Senhor.

E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; nunca mais passarei por ele.

Portanto assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda, e Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra. (Am 7.8,17)

O ministério de Amós para com Israel coincidiu com o final do ministério de Jonas para com esta mesma nação (785-760), o qual atuou como se fosse um relâmpago veloz que vem para castigar.

PONTOS DE CONTATO COM O PENTATEUCO

Segundo o quadro acima, é possível constatar, como o povo estava quebrando os princípios contidos na Lei do Senhor e procedendo segundo o seu coração, o que implicou na realização de diversas ações pecaminosas.

FINALIDADES DO LIVRO DE AMÓS

Amós tocou a trombeta para despertar aquela nação, fazê-la prestar atenção no seu “status quo”, dando-lhe ciência do iminente julgamento divino. Amós foi o pregoeiro da justiça.

a) Ênfase na justiça social: o profeta Amós protestou contra a exploração do pobre e o desrespeito aos direitos dos seres humanos. Não há possibilidade de se praticar uma religião sem promover as devidas atitudes de amor ao próximo.

Quando a religião foge do princípio do amor a Deus e ao próximo, está fugindo do seu verdadeiro propósito:

“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.” (Tg 1.27) Toda religião deve ser construída sobre bases conceituais morais e sociais divinas.

b) Profeta que anuncia o Dia do Juízo: tal como Jonas, Amós foi comissionado pelo Senhor para anunciar: “Portanto, assim te farei, ó Israel! E, porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.” (Am 4.12). Já falamos sobre o juízo iminente e as causas do mesmo.

Quando o Senhor anuncia o juízo, está oferecendo perdão e oportunidade de arrependimento. É o Deus que vai ao encontro do homem, oferecendo possibilidade de salvação antes que venha o juízo:

Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivei. […] Buscai o Senhor e vivei, para que não se lance na casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague. […] Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis. (Am 5.4,6,14)

c) O profeta rústico do interior: a forma vigorosa e vibrante da fala de Amós é típica do homem do campo. Nas suas profecias, ele empregou muitos termos típicos de homem da lavoura, tais como lavrar, pomar, vinhas, ceifa, gafanhotos etc, os quais atestam suas origens e vivências.

O Senhor usa homens de todas as classes sociais para transmitir a sua mensagem. Da linhagem de profetas (“Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João” – Mt 11.13), o último deles, alimentava-se de gafanhotos e comia mel silvestre (“E João andava vestido de pelos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre” – Mc 1.6). Este profeta foi honrado pelo Senhor e batizou o Cristo nas águas do Rio Jordão (Mc 1.9).

d) Profecia bem organizada: o livro do profeta é bem estruturado classicamente, do geral para o particular. 

Apresenta o julgamento e depois a necessidade do julgamento, o motivo do julgamento, o porquê do julgamento. Ellisen (1993, p. 291) destaca que nos capítulos 1-2, aparecem oito vezes a expressão “Assim diz o Senhor”; nos capítulos 3-5, três vez a frase introdutória, “Ouvi a Palavra” e nos capítulos 7-8, “O Senhor me fez ver”.

Estas expressões, de caráter coesivo, que fazem a ligação entre os capítulos, demonstram a finalidade do ato profético que é conduzir o povo a ouvir a voz do Senhor e compreender os propósitos divinos para sua vida.

e) Esclarecimentos sobre o Dia do Senhor: há 60 anos atrás o profeta Joel previra o Dia do Senhor mencionando que seria um dia de trevas sobre a Terra.

O profeta Amós fala deste dia como um momento de esclarecimento: “Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Trevas será e não luz.” (Am 5.18) Pois os religiosos pecadores, por conhecerem a verdade, como disse o Senhor Jesus, terão maior cobrança, porque praticam uma religião hipócrita:

Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me dão nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei delas, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos.
Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça, como o ribeiro impetuoso. (Am 5.21-24)

f) O profeta das visões simbólicas: Ellisen (1993, p.290) afirma que Amós foi o primeiro profeta “a empregar visões simbólicas nas declarações proféticas”.

Ele se refere aos pastos de Tecoa, ao Monte Carmelo que tremeria e ao símbolo do rugido do Senhor como o leão que ruge por uma presa. Todos estes símbolos apresentados têm a finalidade de gerar temor, reverência ao nome do nosso Deus:

Vi o Senhor, que estava em pé sobre o altar, e me disse: Fere o capitel, e estremeçam os umbrais, e faze tudo em pedaços sobre a cabeça de todos eles; e eu matarei à espada até ao último deles; o que fugir dentre eles não escapará, nem o que escapar dentre eles se salvará.

Ainda que cavem até ao inferno, a minha mão os tirará dali; e, se subirem ao céu, dali os farei descer. E, se se esconderem no cume do Carmelo, buscá-los-ei e dali os tirarei; e, se se ocultarem aos meus olhos no fundo do mar, ali darei ordem à serpente, e ela os morderá.

E, se forem para o cativeiro diante de seus inimigos, ali darei ordem à espada para que os mate; e eu porei os meus olhos sobre eles para mal e não para bem. Porque o Senhor, o Senhor dos Exércitos, é o que toca a terra, e ela se derrete, e todos os que habitam nela chorarão; e ela subirá toda como o grande rio e se submergirá como o Egito. (Am 9.1-5)

E, para finalizar, não poderíamos deixar de apresentar o quadro de Bentho &Plácido no qual estão relacionados os pecados das nações inimigas de Israel que, também, serão julgadas pelo Senhor, porque nenhum povo escapará das mãos de nosso Deus:


OBADIAS –

Oriundo do hebraico, o nome “Obadiah” que significa “servo de Jeová”. O menor livro, do Antigo Testamento, é formado por apenas um capítulo, no qual encontramos uma profecia contra Edom, o povo formado pelos descendentes de Esaú (chamado de Edom, que traduz o “vermelho” em Gn.25:30). Obadias revela

que Edom regozijou-se com a derrota de Judá e este é o motivo pelo qual Deus lança um juízo sobre o povo edomita que, realmente, desapareceu enquanto povo, ainda que, nos tempos de Jesus, fosse um edomita que estivesse reinando sobre os judeus (Herodes era edomita):

“E lhes respondeu: Ide e dizei àquela raposa: eis que eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje e amanhã, e, no terceiro dia, sou consumado”. (Lc 13.32)

Por meio deste livro, podemos ver, particularmente, a forma como Deus irá julgar e castigar este povo, bem como os motivos pelos quais este juízo deve se realizar. Em Obadias, vemos que Deus vela pelo Seu povo e que os inimigos serão, a seu tempo, punidos.

Havia diversos Obadias no Antigo Testamento. Embora tivesse um nome bem comum, o profeta Obadias era uma pessoa desconhecida. Nada se sabe a respeito dele, mas a sua obra é inspirada, condena o pecado e cumpriu-se de acordo com as Escrituras, o que lhe dá autoridade espiritual para estar os grandes profetas do Senhor. Sabe-se que vivia em Jerusalém no período dos violentos ataques de Edom à Cidade Santa.

O servo do Senhor dá a devida ênfase ao poder e conteúdo da sua mensagem, realçando o seu conteúdo, demonstrando como Deus trata com todos aqueles que agem com rebeldia e arrogância. Obadias não centraliza a mensagem em si mesmo, mas naqueles que deveriam ouvi-la.

É provável que a sua mensagem tenha sido entregue no período de 586 a,C. época da invasão de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor, quando faz referência aos edomitas que davam apoio aos babilônios na queda de Jerusalém: “No dia em que estiveste em frente dele, no dia em que os forasteiros levavam cativo o seu exército, e os estranhos entravam pelas suas portas, e lançavam sortes sobre Jerusalém, tu mesmo eras um deles.” (Ob 11)

E uma das profecias que mais dificuldades oferece para ser datada. Os conservadores dividem-se entre os que aceitam uma data anterior ou posterior, dependendo de como consideram a calamidade de Jerusalém referida nos versículos 10-14.

A cidade foi pilhada cinco vezes durante a monarquia e os pro fetas:
926 — Pelo Egito, quando Roboão governava Judá (1 Reis 14:25-26).

845 — Pelos filisteus e árabes (depois da revolta de Edom) (2 Cr 21). 790 — Por Israel, quando Joás governava Judá (2 Crônicas 24:23-24).

597 — Por Nabucodonosor, quando Joaquim foi exilado (2 Rs 24:10-16).

586 — Por Nabucodonosor, quando a cidade e o templo foram destruídos (2 Rs 25).

Os edomitas envolveram-se apenas nas pilhagens de 845 e 586

A data de 845 é a mais provável pelas seguintes razões:

a. O livro foi colocado na primeira parte do cânon pelos he breus.
b. O desastre referido por Obadias não alcançou necessariamente a dimensão de uma destruição completa e exílio.

Foi simplesmente uma pilhagem.

c.Obadias é citado em Jeremias 49:7-22, quase integralmente, cerca de 240 anos mais tarde. O inverso dificilmente será verdade, pois:

1) um profeta não citaria outro anterior quase integralmente, nomeando- o, caso esse profeta não tivesse existido.

2) Jeremias fez muitas citações de Obadias no capítulo 49 ao resumir o julgamento das nações pelo Senhor.

3) A profecia de Obadias foi uma “visão” do Senhor (1:1), não uma
reafirmação de uma profecia antiga. (Ellisen, 1993, p.293-294)

Observamos em Obadias e, também, em Daniel que o nosso Deus está envolvido com a História e com o destino das nações. Os povos que reverenciarem o Seu nome, serão recompensados, mas aqueles que não reconhecerem o seu poderio e se rebelarem contra os princípios morais por Ele estabelecidos, serão castigados.

O menor livro do Antigo Testamento encontra-se assim dividido:

1) A humilhação de Edom: todo julgamento divino tem as suas causas;

2) promessas feitas a Judá: a restauração que ocorrerá no futuro Dia do Senhor, que será de ordem escatológica, quando toda a Terra estiver sob o controle do Senhor e o príncipe deste mundo já tiver sofrido seu castigo.

Naquele ano de 845 a.C., o reino de Judá, o reino do sul, estava sob o governo de Jeorão, o rei iníquo, casado com Atalia, filha de Jezabel, que permitiu o culto a Baal. Neste período, há 25 anos antes, a adoração a Baal tinha sido introduzida em Israel. A invasão babilônica foi o instrumento de castigo permitido para punir o povo de Judá. Por que tudo isto aconteceu? Tudo já começou da forma errada.

Jeorão matou seus oito irmãos para assumir o trono e, para completar, desposou uma mulher idólatra. A punição veio na forma de uma terrível doença intestinal que lhe concedeu uma dolorosa e desonrosa morte, como Elias havia predito:

Então, lhe veio um escrito da parte de Elias, o profeta, que dizia: Assim diz o Senhor, Deus de Davi, teu pai: Visto que não andaste nos caminhos de Josafá, teu pai, e nos caminhos de Asa, rei de Judá, mas andaste nos caminhos dos reis de Israel, e fizeste corromper a Judá e aos moradores de Jerusalém, segundo a corrupção da casa de Acabe, e também mataste teus irmãos, da casa de teu pai, melhores do que tu, eis que o Senhor ferirá com um grande flagelo ao teu povo, e aos teus filhos, e às tuas mulheres, e a todas as tuas fazendas.

Tu também terás uma grande enfermidade por meio de um mal nas tuas entranhas, até que te saiam as tuas entranhas, por causa da enfermidade, dia após dia.

Despertou, pois, o Senhor contra Jeorão o espírito dos filisteus e dos arábios, que estão da banda dos etíopes. Estes subiram a Judá, e deram sobre ela, e levaram toda a fazenda que se achou na casa do rei, como também a seus filhos e a suas mulheres; de modo que lhe não deixaram filho, senão a Jeoacaz, o mais moço de seus filhos. E, depois de tudo isso, o Senhor o feriu nas suas entranhas com uma enfermidade incurável. (II Cr 21.12-18)

Por tudo isto, vemos os edomitas fazendo a pilhagem na casa de Judá. Este povo era orgulhoso, rebelde e ousado. Ellisen também descreve o espaço geográfico ocupado pelos edomitas e também cita as riquezas naturais:

Os edomitas eram um povo orgulhoso e ousado, conhecido pela sua sabedoria e força. As escarpadas montanhas em que viviam davam-lhes isolamento e proteção natural, e os verdejantes planaltos proporcionavam viçosos pastos aos seus rebanhos. Sela (gr. Petra) é uma das cidades mais coloridas da terra.

Erguida sobre arenito, é quase invulnerável. Tem poucas entradas; a principal é “Sik”, um estreito desfiladeiro de quase 2 km. No tempo dos nabateus, essa cidade tornou-se um centro das caravanas, desenvolvendo um comércio em quatro direções.

Sobreviveu como um grande centro até 630 d.C., quando foi devastada pelos árabes muçulmanos. Ficou perdida para o mundo ocidental até ser redescoberta em 1812.
(Ellisen, 1993, p.296-297)

Edom poderia ter sido um grande povo, dada a sua sabedoria e força, mas preferiu, por causa de uma rara oferta de lentilhas, preferiu vender o direito de primogenitura, rebelar-se e zombar do povo de Deus, desvalorizando o Reino Divino.

REFERÊNCIAS:

ARCHER JR., Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. ed. rev. e ampl. 4.ed. São Paulo: Vida Nova, 2012.

BENTHO, Esdras Costa & PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.

CHAMPLIM, Russel Norman. Novo Dicionário Bíblico Champlim: ampliado e atualizado. São Paulo: Hagnos, 2018.

ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 1993.

 

Profª. Amélia Lemos Oliveira

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/10527-licao-8-amos-e-obadias-i

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