LIÇÃO Nº 8 – ÉTICA CRISTÃ E SEXUALIDADE
Quando verificamos a ordenação ética dada por Deus ao homem quando da criação, encontramos o sexo como sendo um dos princípios inerentes à própria humanidade.
Assim, o sexo não é algo mal, porquanto criado por Deus. Entretanto, com o pecado, também se desvirtuou este princípio divino e é preciso distinguir entre o sexo divinamente estabelecido e as aberrações resultantes do pecado e do mal.
INTRODUÇÃO
– Já foi dito que a ordenação ética de Deus para a humanidade se encontra nos dois primeiros capítulos do livro do Gênesis, onde encontramos os sete princípios éticos, que nos fazem “imagem e semelhança de Deus”:
a dignidade da vida humana, o ponto mais proeminente da criação (Gn.1:26),
a sexualidade(Gn.1:27),
a procriação (Gn.1:28),
o trabalho (Gn.2:15),
a submissão a Deus (Gn.2:16,17),
o casamento (Gn.2:24),
a monogamia(Gn.2:24).
Dentre estes sete princípios, encontramos a sexualidade.
– Deus criou o homem como um ser sexuado, “macho e fêmea os criou” (Gn.1:27).
Deste modo, a atração sexual, a atividade sexual não é algo pecaminoso nem estranho ao ser humano, mas, muito pelo contrário, é algo que decorre da própria natureza humana.
– O sexo, portanto, ao contrário do que ensinam alguns, a começar dos seguidores do Reverendo Moon, não foi o pecado cometido pelo primeiro casal, pois foi ordem de Deus a frutificação e multiplicação da espécie (Gn.1:28), o que se dá somente pela atividade sexual.
Sexo não é pecado, mas os princípios divinos da sexualidade encontram-se deturpados.
OBS: “… A ordem de procriação concedida ao homem era ponto definido; jamais o Senhor ousaria ordenar-lhe uma coisa e depois castigá-lo por obedecer a essa ordem.
Nunca devemos confundir o fruto do conhecimento do bem e do mal com o ato conjugal, permitido e ordenado pelo Senhor.
Aqueles que dizem que o relacionamento sexual foi o pecado de Adão e Eva desconhecem totalmente as Escrituras Sagradas…”(SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.2, p.138-9).
I – A VISÃO BÍBLICA DO SEXO
– Como dissemos, a Bíblia Sagrada afirma que o sexo foi obra da criação de Deus que, ao criar o homem, fê-lo sexuado.
Diz a Palavra que Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança, mas os criou “macho e fêmea” (Gn.1:27).
Este ponto distingue o homem dos anjos, por exemplo, que foram criados assexuados (Mc.12:25).
– Sendo assim, não podemos admitir que o sexo seja algo antinatural, ou seja, contrário à natureza do homem ou seja algo ruim, imoral ou danoso para o ser humano, como alguns têm defendido, inclusive (e principalmente) na igreja de Deus.
Tomar uma atitude destas, desde já o falamos, é contrário à Palavra de Deus, que, inclusive, condena os tais (vide I Tm.4:1-3).
– Tendo sido criação de Deus, nada mais justo e lógico que o próprio Deus tenha determinado os limites desta atividade humana.
A primeira observação que temos com relação ao sexo é que ele deve ser realizado entre homem e mulher.
Com efeito, ao criar o homem, Deus os fez macho e fêmea. Assim, a atividade sexual deve ser, sempre, feita entre pessoas de sexos diferentes.
O homossexualismo é uma aberração e, salvo os poucos casos em que há distúrbios de saúde física e/ou mental, é uma expressão de rebeldia contra Deus (Rm.1:21-28; Lv.18:22).
– A segunda limitação da atividade sexual estabelecida por Deus diz respeito ao momento do sexo. Ele deve se dar apenas entre casados.
É o que verificamos ao princípio, quando se estabelece que para que haja a união sexual, é preciso que tenha existido, antes, o casamento (Gn.2:24).
A Bíblia condena veementemente seja a fornicação (Ef.5:5; Ap.21:8), que é a relação sexual entre pessoas solteiras; seja o adultério(Ex.20:14; Pv.7; Mt.5:27-30), que é a relação sexual entre uma pessoa casada com quem não é seu cônjuge; seja a prostituição(I Co.6:18; Hb.13:4), que é não somente o comércio do corpo mas toda e qualquer atividade sexual que vise tão somente o prazer egoístico e a satisfação carnal fora dos limites do casamento.
– A terceira limitação da atividade sexual estabelecida por Deus diz respeito ao propósito do sexo.
O sexo deve ter, como propósito, tanto a procriação(Gn.1:27,28) quanto a satisfação do casal(I Tm.4:3,4; Ct.1:2,3,15-17), mas de forma altruística, ou seja, o marido deve procurar trazer prazer à mulher e a mulher, ao marido.
Não é verdade que o sexo tenha apenas uma finalidade de procriação, porquanto a Bíblia não reduz a isto a atividade sexual, como alguns têm, erroneamente, defendido, mas, a busca do prazer e da satisfação não devem ser egoístas, transformando-se o parceiro sexual (que será, necessariamente, o cônjuge), em um mero objeto, mas, bem ao contrário, a Palavra de Deus estabelece que se busque sempre a satisfação do outro (I Co.7:3-5).
É neste equilíbrio e altruísmo que o sexo de acordo com a Palavra de Deus se distingue das aberrações e das práticas mundanas que têm substituído, entre os ímpios, o princípio divino da sexualidade.
A bestialidade sexual está sempre relacionada com o egoísmo e o total aviltamento do parceiro sexual (Gn.19:4-11; Jz.19:22-30; II Sm.13:11-17).
OBS: “…Estas são as três funções básicas da união do homem com a mulher: unificação, recreação e procriação.
Na unificação, os dois se tornam uma só carne, o que as Escrituras Sagradas repetem por diversas vezes. Um viverá em torno do outro, para o outro e com o outro.
Na recreação, o ato conjugal deve ser um prazer, e nunca um tormento ou sofrimento.
Os dois, marido e mulher, devem sentir-se satisfeitos e alegres de se completarem neste ato.
E também na recreação o casal sempre renova a união, recriando o vínculo matrimonial. Caso esta recreação não seja constante, a tendência é que o casamento se acabe.
Nisto percebemos que os casais precisam sempre se recrear, dando continuidade à união que um dia foi iniciada.
Na procriação, o casal vê o fruto da sua união e recreação, e as possibilidades de se procriarem, cumprindo assim o mandamento do Senhor.
Não há necessidade de haver prole para manter a união do casal, todavia os filhos sempre criarão um vínculo ainda mais profundo entre os dois, que por certo experimentarão o prazer de sentir-se capazes e úteis para a procriação…(silva, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.2, p.139).
II – O SEXO E A VIVÊNCIA CRISTÃ
– O sexo, como vimos, portanto, é uma atividade ínsita à natureza humana, estabelecida pelo próprio Deus e, portanto, todo cristão deve ver com naturalidade e sem qualquer preconceito, guiando-se unicamente pela Palavra de Deus como parâmetro de sua conduta relativa ao assunto.
– Assim, a atração sexual é algo natural e que revela a própria natureza sexuada do ser humano, devendo, porém, o instinto sexual ser dirigido com equilíbrio para que se faça a vontade de Deus que é a de que o sexo seja efetuado no casamento, com o cônjuge, com finalidades bem delimitadas (Cl.3:5,6), a saber:
a) procriação – O sexo é a forma natural pela qual os homens se reproduzem, cumprindo com o princípio ético da procriação (Gn.1:28).
Assim, um dos objetivos do sexo é a procriação, mas não é o único, como têm defendido alguns setores religiosos, em especial a Igreja Romana.
Fosse a procriação a única finalidade do sexo, não haveria manutenção de relações sexuais entre cônjuges quando um fosse estéril, o que, à evidência, não ocorre, como se vê, claramente, em diversas passagens bíblicas.
b) ajustamento do casal – O sexo é uma maneira pela qual se dá o ajustamento do casal, pois é uma das principais expressões do amor conjugal.
Com efeito, é através do sexo que um cônjuge se entrega ao outro, que um cônjuge procura agradar ao outro.
É uma das expressões pelas quais se traduz a união do casal (“e serão ambos uma carne” – Gn.2:24, parte final).
O amor conjugal não se confunde com o sexo, como propala erroneamente o mundo imerso no pecado, mas tem uma de suas expressões no sexo.
O sexo praticado no modelo bíblico revela o verdadeiro amor, pois não é egoísta, tanto que diz a Palavra que o corpo do cônjuge está sob o domínio do outro (I Co.7:4).
A fase de ajustamento do casal é tão importante que a lei de Moisés dispensava, durante um ano, o homem casado dos seus deveres cívicos, inclusive o de ir à guerra (Dt.24:5).
c) a satisfação amorosa do casal – Como já afirmamos, o sexo não é visto apenas com fim de procriação, como alguns defendem erroneamente, sem respaldo bíblico.
Em Pv.5:18-19, a Bíblia nos mostra que o prazer é algo próprio do sexo e que não é pecado a busca de satisfação entre homem e mulher.
O sexo dá prazer de forma natural, de modo que não devemos ter buscar e sentir satisfação na atividade sexual, pois é algo que lhe é próprio.
O que se condena é o abuso, o domínio do homem pelo instinto sexual, de forma egoística e descontrolada, o que não se permite nem mesmo entre casados, pois isto revelará um desequilíbrio, sendo certo que a temperança, o domínio próprio, é uma das qualidades do fruto do Espírito Santo (Gl.5:22), enquanto que a lascívia e a impureza são obras da carne (Gl.5:19).
– Diante deste equilíbrio que deve haver na atividade sexual, medidas como a prática de relações sexuais antinaturais (como o sexo anal, modalidades de sexo oral, o sexo grupal, o sexo com animais, por exemplo), mesmo feitas entre casados e com mútuo consentimento do casal, são abomináveis perante Deus, pois revelam carnalidade e descontrole do instinto sexual.
Também se insere neste contexto a inconveniência de um casal cristão frequentar locais destinados à prática da prostituição e da licenciosidade como motéis, hotéis de alta rotatividade, praias de nudismo, “resorts” de “hedonismo” ou coisas similares a estas, bem como de buscar excitação mediante acesso a produtos eróticos ou pornográficos.
Embora o sexo entre casados não seja proibido, mas até um dever dos cônjuges, naturalmente os ambientes mencionados são repletos de pecado e destinados ao pecado, não podendo, pois, uma atividade sexual santa se desenvolver em meio a tais cenários – Fp. 4:8; I Co.6:9-11.
III – O SEXO FORA DO CASAMENTO É PECADO
– Como já se disse, o sexo foi estabelecido por Deus mas tem momento certo para ser exercido: o casamento.
Ao contrário do que tem defendido o mundo imerso no pecado, onde a erotização tem sido uma constante e tem atacado não mais os adolescentes, apenas, mas as próprias crianças (como estão a mostrar, cada vez mais, os desenhos animados ou a programação dos meios de comunicação voltada para o público infantil), a atividade sexual não é algo que deva ser desenvolvido sem qualquer critério ou a qualquer momento.
Esta tem sido uma das maiores armas de Satanás nos nossos dias e as consequências têm sido nefastas, a ponto de a idade da primeira gravidez estar, no Brasil, por volta dos 13(treze) anos.
Somente no casamento se pode praticar o sexo, sendo totalmente contrária à Palavra de Deus qualquer outra conduta que não esta.
É com tristeza, aliás, que vemos, cada vez mais, uma tolerância de muitos na igreja com relação a este princípio bíblico, permitindo-se o sexo antes do casamento entre “pessoas já comprometidas”, como se isto fosse possível.
Cuidado, Jesus nos disse que nosso falar deve ser sim, sim, não, não e o que sai disto é de procedência maligna! (Mt.5: 37).
OBS: Para não se dizer que o tema da erotização infantil é uma implicância dos evangélicos contra a mídia, vejamos um texto publicado num jornal secular da cidade paulista de Salto:
“…Atualmente, os programas de televisão, inclusive os infantis, estão se excedendo, sempre na procura de maior audiência e mais lucros, dentro do ‘Panorama’ capitalista norte-americanizado e ‘demoniocrático’ em que vivemos,
pois transmitem uma excessiva valorização da vaidade e do corpo, exibindo crianças que imitam comportamentos adultos e que, através a dança, assumem gestos posturas extremamente sensuais, num preocupante ‘Panorama’ em cada lar.
Além disso, transmitem uma imagem caricatural da mulher…O Resultado são as imagens estereotipadas, nas quais a mulher ressurge como um objeto de consumo ou de apelo sexual.
Resultado disso é que a criança começa a incorporar uma atitude abertamente sedutora, atraindo ataques sexuais de mentes menos esclarecidas, tornando meninas grávidas antes do tempo, dando às crianças um comportamento de adulto.
Ela perde muito de sua espontaneidade, naturalidade e, principalmente, de sua ingenuidade…Crianças não têm a malícia nem o desencanto dos adultos, assim como não têm uma sexualidade amadurecida ou já conflitiva.
Portanto, não precisam imitar o comportamento típico dos adultos…
Cabe aos pais a tarefa de preservar os valores humanos, procurando sempre valorizar o amadurecimento emocional de seus filhos, colaborando para que desenvolvam uma atitude crítica em relação ao aprendizado e ao entretenimento que os meios de comunicação oferecem.
A erotização precoce quebra o brilho e o encanto juvenil…Fora a participação direta de erotização, ou seja, tomando parte nas realizações, existe a parte indireta, ou seja,
como simples telespectadora em casa e a péssima programação da nossa televisão é uma exemplar péssima professora, de filme às novelas e programas populares de auditório, pois leva a criança a encarar com naturalidade em pouco tempo a violência, o sexo indiscriminado,
a vida marginalizada, que passam a fazer parte de toda a sua pureza e inocência, livres em nossas casas via televisão…
Por falar nisso tudo, há quanto tempo o caro leitor ou leitora não olha numa rua qualquer, meninas brincando de roda e meninos de mãe da rua ?
Ciranda, cirandinha…Vamos todos ‘cirandar’ se o ‘Panorama’ seguir tal como está.” ( CIACCIO, Otto Mazzei. Os riscos da erotização infantil. Taperá, Salto/SP, Panorama, Geral, 08.06.2002, p.4).
– A fornicação é a manutenção de relações sexuais entre pessoas não casadas.
Ao contrário do que determina a Bíblia Sagrada, o mundo tem defendido e até incentivado que as pessoas, numa idade cada vez menor, venham a manter relações sexuais, deixando a virgindade, algo considerado ultrapassado e até ridicularizado pela mídia e, por extensão, na sociedade por ela influenciada.
Entretanto, a Bíblia condena a fornicação do início ao final. A Palavra é bem clara ao afirmar que os fornicários não herdarão o reino de Deus (At.15:29; Ef.5:5; I Tm.1:10; Hb.12:16; Ap.21:8).
Portanto, orientemos os jovens, os adolescentes e as crianças para que se mantenham puras e virgens até o casamento. Isto exige, naturalmente, que o tema seja tratado pelos pais com os filhos e pela igreja com seus membros.
O que ocorre, lamentavelmente, é que há um verdadeiro tabu nas igrejas e nos lares, não se comentando o assunto com nossos jovens, crianças e adolescentes, que acabam recebendo tão somente as informações e ensinamentos deturpados da mídia e dos valores éticos mundanos, tendo como resultado a sua erotização precoce e a inexorável queda no pecado de grande parte de nossa juventude e adolescência.
É preciso que haja ensino para que não haja perdição na casa do Senhor (Os.3:6; I Tm.4:11; II Tm.3:14-17).
– O adultério é a relação sexual entre uma pessoa casada e quem não é seu cônjuge.
É grave pecado, que era duramente apenado na lei de Moisés (Lv.20:10; Dt.22:22). Aliás, “não adulterarás” era um dos dez mandamentos (Ex.20:14; Dt.5:18).
Atualmente, o mundo vê o adultério como algo normal, natural e até esperado no casamento (recente pesquisa feita no Brasil demonstrou que dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e entendem ser isto natural e compreensível).
Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de Deus, tanto que seu alcance foi ampliado por Jesus no sermão do monte (Mt.5:2730). Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv.6:32-7:27).
Com certeza, não há prática que cause tantos males e denigra tanto o caráter de alguém senão o adultério, que, além de destruir a família, célula-máter da sociedade, dá péssimo exemplo aos filhos que, sem o exemplo dos pais, perdem o referencial do certo e do errado, sendo, a partir de então, alvos fáceis do inimigo de nossas almas.
O adultério é a figura da infidelidade, da própria perdição na Bíblia, tamanho o mal que representa. A Palavra afirma que é o próprio Deus quem julgará os adúlteros (Hb.13:4).
– Tecnicamente, o adultério é a manutenção de relações sexuais, da conjunção carnal entre uma pessoa casada e quem não é seu cônjuge.
Por isso, exigia a lei de Moisés, como exigem as legislações de todo o mundo, que se demonstrasse ter havido a cópula entre o cônjuge e o estranho. Sem esta comprovação, não podia haver condenação por adultério.
Jesus, entretanto, demonstrou que, para a lei divina, há adultério no simples cobiçar de alguém que não é o cônjuge.
Deste modo, tem-se que o conceito neotestamentário do adultério é bem mais amplo, não tendo sentido intermináveis discussões que se verificam, muitas vezes, em igrejas locais, a respeito de se houve, ou não, relacionamento sexual (discussões como as que cercaram o ex-presidente norte-americano Bill Clinton,
que negou ter adulterado sob compromisso na justiça e se discutiu se havia mentido, ou não, tendo alcançado a absolvição exatamente porque não se provou ter havido a cópula, mas tão somente sexo oral entre ele e sua ex-estagiária Mônica Lewinsky).
Estas sutilezas, características de um mundo no pecado e sem a ética cristã, não têm lugar na casa de Deus.
Há adultério, diz Jesus, desde que haja cobiça de quem não é o seu cônjuge (Mt.5:28).
É por isso que devemos evitar toda a sensualidade e o erotismo que têm sido empurrados pelo maligno aos homens e mulheres de nosso tempo, a partir da vestimenta indecente até atitudes mais repugnantes como o assédio sexual.
Tudo isto está relacionado com o adultério, no que respeita aos casados. Fujamos da aparência do mal !
OBS: É sob este prisma que entendemos deva ser tratada a questão da vestimenta do cristão.
Ao invés de nos agarrarmos a costumes e práticas que nem sempre encontram ressonância no cotidiano da sociedade dos nossos dias, devemos, a exemplo de Jesus, procurar os princípios éticos que nortearam os costumes e as práticas estabelecidas nos primórdios da Igreja ou de nossa denominação.
Muito mais importante que discutir que tipo de vestimenta deve ser utilizado, é preciso impedir que se utilizem roupas que tenham por objetivo despertar a sensualidade e a cobiça do próximo.
Aí é que está o pecado: como pode um crente servir de instrumento para a lascívia alheia?
– Apesar da condenação do adultério pela Palavra de Deus, não devemos nos comportar como alguns que entendem ser este um pecado imperdoável ou de perdão restrito, como têm alguns defendido no meio da Igreja.
Embora seja grave falta moral, o pecado do adultério é alcançado pela redenção, tanto que Davi foi perdoado do adultério que praticou (II Sm.12:7-15), assim como Jesus perdoou uma mulher apanhada em flagrante de adultério (Jo.8:1-11).
Não resta dúvida de que este pecado macula a vida de alguém que servia a Deus quando o praticou, de forma indelével (I Rs.15:5), mas daí a entender que nunca mais poderá ser plenamente restabelecido na Igreja do Senhor, inclusive no ministério, há uma grande distância.
É evidente que uma recondução ao ministério deverá ser cercada de uma mui cuidadosa análise da conduta do exadúltero, de verificação de que, realmente, não está mais a pecar e de forma mui prudente, pois a marca sempre ficará, mas o alijamento total e perpétuo nos parece, com a devida “vênia” às normas existentes em sentido contrário, sem respaldo bíblico.
– Outra prática diretamente relacionada com a ética sexual é a prostituição.
Quando a Bíblia fala em prostituição, não está apenas se referindo ao comércio do corpo, chamada pelo mundo de “a profissão mais antiga do mundo” e a cujo aparecimento a tradição judaica remonta à descendência de Caim, identificando em uma das filhas de Lameque, Naamá (que quer dizer “formosa”, “bela”), a primeira prostituta (Gn.4:22).
Quando se fala em prostituição, fala-se em “impureza sexual”, qualquer que seja ela, tanto que a palavra grega utilizada para prostituição é “porneia”, de onde vêm as palavras “pornografia” e “pornofonia”, práticas que estão disseminadas no mundo de hoje e que se constituem no terceiro maior negócio do mundo nos dias de hoje, perdendo apenas para os tráficos de armas e de drogas.
Assim, ao condenar a prostituição, a Bíblia não só condena o comércio do próprio corpo para a satisfação da lascívia alheia, mas toda e qualquer prática sexual ilícita (Os.4:1,2; Ap.22:15).
– O comércio do próprio corpo é condenado pela Palavra de Deus (Lv.19:29; Dt.23:17,18; Pv.6:26-28; I Co.6:15-20).
Nos dias de hoje, esta prática é tolerada e até incentivada na sociedade, o que deve ser repugnado pela Igreja, pois se trata da negação da dignidade da pessoa humana.
A prostituição infantil, o chamado “turismo sexual” e outras anomalias ganham destaque e adeptos em todo o mundo, gerando as aberrações que têm escandalizado até os ímpios como os escândalos de pedofilia, em verdadeiras redes internacionais, muitas delas alimentando a rede mundial de computadores (a “internet”), cujo conteúdo é de mais de 80% de pornografia.
Os meios de comunicação alimentam esta triste situação, vendendo a imagem de que, para se conseguir sucesso e prosperidade na vida, é necessário envolver-se com a prostituição.
As mensagens subliminares do acompanhamento do “mundo dos artistas e dos esportistas” levam a estas conclusões.
Vivemos um tempo em que há a transformação do ser humano em simples objeto e mercadoria e, nesta situação, o sexo e a prostituição encontram guarida natural.
A Igreja tem de combater este estado de coisas, mas fazê-lo de modo profundo, de modo realístico, para que não seja acusada de estar aquém de seu tempo, acusação que não tem qualquer validade,
pois a Palavra de Deus é atemporal (Mt.24:35; I Pe.1:25), mas cuja desatualização e despreparo de nossos mestres podem fazer com que seja a imagem recebida por parte do mundo e de muitos dos nossos irmãos ao enfrentar problemas relativos a estes assuntos.
É preciso nos santificarmos cada vez mais (Ap.22:11), mas temos de mostrar a razão de ser da santidade e porque a prostituição não a possibilita, e não, simplesmente, nos comportarmos de modo dogmático,
mecânico e automático, pois é imperioso que possamos responder ao mundo a razão da esperança que há em nós (I Pe.3:15) e não simplesmente repetirmos conceitos e dogmas recebidos de nossos pais na fé de forma acrítica, tal qual faziam os escribas e fariseus, pois isto não irá trazer qualquer resultado (Mt.7:28,29).
– O homossexualismo é outras das aberrações que o mundo tem propagandeado e lutado para estabelecer como norma de conduta nos nossos dias.
A Bíblia nos informa que, quando Deus criou o homem, fê-lo macho e fêmea (Gn.1:27). Assim, o relacionamento sexual é para ser exercido entre homem e mulher.
A indistinção dos sexos e a prática homossexual resultam de um desvio do plano divino, sendo, pois, obra do pecado.
Tanto o homossexualismo não é tolerado por Deus que foi uma das principais causas para a destruição de Sodoma e das demais cidades da planície (Gn.13:13;18:20; 19:4-11).
Em toda a Bíblia Sagrada a prática homossexual é condenada (Lv.19:22; 20:13; I Rs.14:24; 15:11,12; II Rs.23:7; Rm.1:26,27; I Co.6:10; I Tm.1:9,10).
– Deve-se aqui observar que não há qualquer discriminação entre o heterossexual e o homossexual nas Escrituras Sagradas.
Ambos são chamados à pureza sexual. Assim, se alguém, por qualquer motivo, não se sentir atraído pelo sexo oposto, deve optar pela abstinência sexual, já que não se casará, assim como o heterossexual, que, igualmente, deve se submeter à abstinência sexual até o casamento.
Há, sim, pessoas que não são chamadas ao casamento, como deixa claro o texto de Mt.19:11,12.
– Por sua biblicidade, deve-se aqui reproduzir o que diz a respeito o Catecismo da Igreja Romana:
“A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo.
A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas.
Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada.
Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que “os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados”. São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida.
Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados.
Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação.
Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta.
Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição.
As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.” (§§ 2357 a 2359 CIC).
– Como afirma o texto romanista, não há uma segurança a respeito das razões da homossexualidade, e sabemos todos que não se reduzem a causas meramente naturais a sua ocorrência.
No entanto, é inegável que, nos dias hodiernos, há uma apologia ao homossexualismo, uma intensa atividade de engenharia social que tem levado notadamente jovens e adolescentes a uma erotização precoce, evidentemente problemática e que levam assim, multidões a uma prática homossexual por indução e que está totalmente desatrelada de quaisquer distúrbios biológicos ou psicológicos.
– A masturbação é outra prática sexual que tem se disseminado no mundo de hoje, sendo incentivada já em tenra idade.
Trata-se de uma atitude que demonstra a busca da satisfação sexual pelo puro instinto, de forma egoística e desequilibrada.
As pessoas são levadas à masturbação como forma de dar vazão a seu apetite sexual desmedido, sem se importar senão com a própria satisfação.
É a partir da masturbação que a pessoa passa a não ter controle sobre seu instinto sexual e, como consequência disto, acabará sendo levada à prática da prostituição, à promiscuidade e à própria banalização do sexo, que verá sempre como uma atividade destinada à sua satisfação, ao egoísmo, algo totalmente contrário ao plano divino para o sexo, como vimos.
É, por isso, com tristeza que temos assistido a certos ensinamentos e orientações de pessoas que se dizem cristãs no sentido da irrelevância desta prática e da necessidade de sua tolerância, principalmente entre jovens e adolescentes.
Ao invés de ser uma “válvula de escape” para o instinto sexual, extremamente incentivado e provocado nos nossos dias, a masturbação é o início de uma vida de banalização do sexo e de carnalidade.
Não nos esqueçamos: um abismo chama outro abismo! (Sl.42:7). O instinto sexual se controla com uma vida de comunhão com Deus ( I Co.7:5).
– Uma vez mais, socorremo-nos do Catecismo da Igreja Romana que, também, de forma muito feliz e perfeitamente consonante com as Escrituras Sagradas, tratou do tema, “in verbis”:
“Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo.
“Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado.
” Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade.
Aí o prazer sexual é buscado fora da “relação sexual exigida pela ordem moral, que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana”. …” (§ 2352 CIC).
– A pornografia e a pornofonia são outras manifestações da sexolatria vigente nos dias de hoje, uma verdadeira distorção do propósito divino do sexo.
As pessoas são transformadas em mero objeto da satisfação egoística do instinto sexual do semelhante, em instrumento da perdição dos demais.
A transformação do ser humano (principalmente a mulher) em simples mercadoria é uma característica típica da manifestação do espírito do Anticristo (Ap.18:10-16).
O verdadeiro servo de Deus deve fugir destas situações embaraçosas e pecaminosas, lutando para a santificação de suas mentes e olhos, pois é através delas que o inimigo tem conseguido levar muitos para a promiscuidade e prostituição – Jó 31:1; Mt.5:29,30; Hb.12:1,2.
– Aliás, a pornografia e pornofonia têm atingido níveis assustadores em nossos dias, sendo, mesmo, considerada já uma epidemia e geradora de dependência similar ao que ocorre com as drogas.
A propósito, estudos têm revelado que o poder viciante da pornografia é superior ao de muitas drogas. “…O novo narcótico. Morgan Bennett acabou de publicar um artigo com esse título.
A tese: Uma pesquisa neurológica revelou que o efeito da pornografia na internet sobre o cérebro humano é tão potente — se não mais — do que substâncias químicas que viciam, tais como cocaína e heroína.
Para piorar as coisas, existem 1,9 milhões de usuários de cocaína, e 2 milhões de usuários de heroína, nos Estados Unidos, comparado a 40 milhões de usuários regulares de pornografia online.
Aqui está o porquê do poder viciante da pornografia poder ser pior: Cocaína é considerada um estimulante que aumenta os níveis de dopamina no cérebro.
Dopamina é o principal neurotransmissor que as substâncias mais viciantes liberam, enquanto causa uma “alta” e um subsequente desejo por uma repetição da alta, ao invés de uma sensação posterior de satisfação por meio de endorfinas.
Heroína, por outro lado, é preparada com ópio, que tem um efeito relaxante. Ambas as drogas provocam tolerância química, que requer quantidades cada vez mais altas da droga para atingir a mesma intensidade de efeito.
Pornografia, ao fazer ambos o despertar (o efeito de “alta” via dopamina) e causar um orgasmo (o efeito “relaxante” via ópio), é um tipo de “polidroga” que provoca ambos os tipos de substâncias químicas viciantes no cérebro de uma vez, aumentando sua tendência viciante.
Mas, Bennett diz, “pornografia na internet faz mais do que apenas aumentar significativamente o nível de dopamina no cérebro por uma sensação de prazer.
Ela literalmente altera a matéria física dentro do cérebro para que novos caminhos neurológicos necessitem de material pornográfico, a fim de provocar a sensação de recompensa desejada.” …” (NASCIMENTO, J. Pornografia: o novo narcotráfico. 29 jul. 2015. Disponível em: http://jnascimento3.blogspot.com.br/2015/07/pornografiao-novo-narcotrafico.html Acesso em 02 fev. 2018).
– Como bem afirmou o escritor norte-americano Josh McDowell:
“…’Mesmo deixando de fora a vergonha e a solidão’, explica Josh, ‘a pornografia produz um questionamento sobre a autoridade das Escrituras, de Cristo, da Ressurreição, da Igreja e dos pais.
A pornografia começa a entenebrecer a porta do cérebro para considerar as verdades da fé cristã.
Logo que você se envolve na pornografia, ela assume o controle dos seus pensamentos, de seus padrões morais e de sua vida. Você precisa entender: a pornografia simplesmente assume o controle da sua vida.
A pornografia assume o controle dos seus relacionamentos — o modo como você vê as pessoas, as mulheres e as crianças.
E como consequência, a pornografia não deixa espaço para sua caminhada com Cristo.
Não dá para você se envolver com a pornografia e ter uma caminhada saudável com Cristo’.…” (MORRIS, Shane. Trad. de Júlio Severo. Pornografia é uma das maiores ameaças ao Cristianismo. 22 nov. 2012. Disponível em: http://juliosevero.blogspot.com.br/2012/11/pornografia-e-umadas-maiores-ameacas.html Acesso em 02 fev. 2018).
– A pornografia, aliás, é somente a ponta do “iceberg” que tem sido a indústria do sexo, um dos negócios mais lucrativos do mundo, que só deve perder em faturamento para a indústria das armas e que tem sido a principal responsável pela deturpação moral intensa por que estão a passar as sociedades, pelo nefando e famigerado “tráfico de pessoas”,
que alcança, hoje, níveis muito mais intensos que o comércio de escravos negros que vigorou durante os séculos XVI e XIX, sem falar na disseminação cada vez mais intensa de doenças sexualmente transmissíveis (a sífilis, por exemplo, voltou a atingir milhões e milhões de pessoas nos últimos anos), isto sem falar na total deturpação das relações interpessoais, como têm demonstrado os escândalos de assédio sexual que têm atingido o mundo artístico em todo o mundo e que,
hipocritamente, têm levado muitas empresas a editar “códigos de conduta” que pretendem criminalizar a saudável e natural atração que há entre homem e mulher, enquanto são promovidas condutas abomináveis, como, aliás, já se disse quando se estudou a ideologia de gênero.
– A deturpação da sexualidade é um dos fatores que demonstram o “fundo do poço” na prática do pecado entre os seres humanos, como o estão a demonstrar os episódios envolvendo a geração antediluviana (Gn.6:1-5) e
as cidades das planícies (Gn.18:20,21; 19:5), circunstâncias que se repetem nos dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, consoante predisse o próprio Senhor Jesus (Mt.24:37-39; Lc.17:26-30).
– Cabe-nos, pois, diante de tanta perversidade e de tanta imoralidade sexual, mantermo-nos como Noé e como Ló, fiéis ao Senhor e seguindo a moral sexual estabelecida pelo Senhor para que sejamos vencedores e poupados da ira divina. Que Deus nos guarde!
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/2204-licao-8-etica-crista-e-sexualidade-i