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LIÇÃO Nº 8 – O LUGAR SANTÍSSIMO

 

O lugar santíssimo ensina-nos sobre nossa comunhão íntima com o Senhor.

INTRODUÇÃO

– Na continuidade do estudo sobre o tabernáculo, analisaremos o lugar santíssimo.

 – O lugar santíssimo ensina-nos sobre nossa comunhão íntima com o Senhor.

 I – O LUGAR SANTÍSSIMO

– Na continuidade do estudo do tabernáculo, analisaremos hoje o lugar santíssimo, que é o segundo compartimento da parte coberta do tabernáculo, chamado de lugar santíssimo ou santo dos santos.

 – De pronto, devemos observar que, ante a divisão feita dos temas neste trimestre, esta lição deve falar tão somente do lugar santíssimo, deixando para a próxima lição o estudo a respeito da arca da aliança, que é a única peça que ocupava este compartimento do tabernáculo.

 – O lugar santíssimo era separado do lugar santo por um véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido, com querubins de obra prima (Ex.26:31,33).

 – Este véu seria posto sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata, com colchetes eram de ouro (Ex.26:32).

O véu deveria ser pendurado debaixo dos colchetes e, no lugar santíssimo seria ser posta uma única peça, a arca da aliança (Ex.26:33).

 – O véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo era muito semelhante tanto à primeira camada da cobertura do tabernáculo, onde se tinha uma cortina de linho fino torcido também com pano azul, púrpura, carmesim e, igualmente,

com querubins de obra esmerada (Ex.26:1) quanto à entrada do tabernáculo, onde também se tinha uma coberta de vinte côvados de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido, de obra de bordador (Ex.27:16).

 – O fato de o véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo ter as mesmas cores seja da entrada do tabernáculo seja da primeira camada de cobertura do santuário (parte coberta do tabernáculo) mostra-nos que o Evangelho é a via de acesso tanto à salvação, representada pela entrada do tabernáculo, como também pela a intimidade com o Senhor, representada pelo véu.

– O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16) e este poder é manifestado tanto na entrada do tabernáculo, pelo qual se ia até o altar de sacrifícios, onde o pecado era coberto, como também no véu que separa o lugar santo e  o lugar santíssimo, pois este véu simboliza o pecado que faz separação entre Deus e os homens, tanto que foi o véu que se rasgou quando Jesus Cristo Se entregou por nós, tirando o pecado do mundo (Mt.27:51; Mc.15:38; Lc.23:45).

 – O Evangelho é a mensagem da salvação do homem na pessoa de Jesus Cristo, salvação que não só é libertação do pecado como também entrada em comunhão com Deus.

 – O fato de o teto do lugar santo ter a mesma configuração do véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo reforçava, dentro do lugar santo, a ideia aos sacerdotes, que eram as pessoas que podiam frequentar o lugar santo, de que se estava diante de Deus, representado ali pela arca da aliança, que se encontrava dentro do lugar santíssimo, que era inacessível.

 – O que se tinha aqui nesta cobertura do tabernáculo e no véu e que não se tinha na entrada do tabernáculo  era a presença dos querubins.

Tais querubins, ao contrário do que defendem os romanistas, não estavam ali para serem imagens a serem veneradas, até porque esta cobertura do tabernáculo não conseguia sequer ser vista por quem estava fora do tabernáculo e somente os sacerdotes podiam ver os querubins que se encontravam no véu, mas tais imagens não serviam, em absoluto, para veneração ou contemplação.

 – Os querubins estavam ali para lembrar a todos que havia uma divisão entre Deus e os homens, pois, quando o primeiro casal pecou, o Senhor os expulsou do jardim no Éden e pôs querubins para impedir que tivessem eles acesso à árvore da vida (Gn.3:24).

 – Os querubins, seres que contemplam a glória de Deus, lembram que o pecado nos destituiu da glória divina (Rm.3:23) e que não temos, por causa do pecado, direito a ter acesso ao Senhor.

 – Este véu simbolizava, então, a insuficiência de toda a aliança estabelecida no monte Sinai, a falta de comunhão perfeita entre o Senhor e Israel, já que os israelitas não haviam subido ao monte após o longo sonido de buzina, que não foi sequer esperado pelos filhos de Israel, que logo se retiraram para longe (Ex.19:13; 20:18,19).

 – Embora a ira de Deus fosse aplacada nos sacrifícios de animais no altar de sacrifícios e, uma vez ao ano, no dia da expiação, o fato é que o véu estava ali para revelar que os pecados eram cobertos mas não retirados, o que somente ocorreu com o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário.

 – Disto, aliás, falou o próprio Moisés, ao revelar num de seus discursos de despedida, o que o Senhor já lhe revelara no dia mesmo em que a incredulidade impediu que Israel desfrutasse da promessa de Abraão, tornando-se, a exemplo de seu patriarca, “amigo de Deus” (Is.41:8), amizade que decorreu do fato de ter sido justificado pela fé (Gn.15:6; Rm.4:3-6).

 – Quando Moisés subiu ao monte, sozinho, para falar com Deus, o Senhor disse que seria necessário vir um outro profeta como Moisés para que o povo o ouvisse e, assim, pudesse estabelecer a amizade que havia sido rejeitada pelos israelitas (Dt.18:15-19), o novo concerto profetizado por Jeremias (Jr.31:31-34).

 – Ao olhar-se para este véu, os sacerdotes que estavam no lugar santo, deveriam desenvolver a esperança destes dias em que viria o Renovo de justiça, que faria juízo e justiça na terra, o Senhor Justiça Nossa (Jr.33:14-16).

É a esperança que tinham todos os justos e que, ao morrerem nesta esperança, fazia-os habitar no seio de Abraão aguardando o cumprimento da promessa e que, por isso mesmo, foram os heróis da fé (Hb.11:33-40).

– O lugar santíssimo, diz Flávio Josefo (ele próprio um sacerdote que viu os últimos dias do Segundo Templo), era uma figura do céu onde Deus habita.

OBS: “…Quanto à parte interna do Tabernáculo, sua extensão era dividida em três partes, de dez côvados cada uma e por dez côvados de fundos; na parte dianteira havia quatro colunas da mesma matéria e da mesma forma, cujas bases eram todas semelhantes às de que já falamos há pouco, e estavam colocadas à igual distância entre si.

Os sacrificadores podiam ir a todo o resto do Tabernáculo, mas o espaço que estava contido entre essas quatro colunas, era inacessível, e a ele não lhes era permitido entrar. Esta divisão do Tabernáculo em três partes era a figura do mundo.

A do meio era como o Céu onde Deus habita e as outras que estavam abertas só para os sacrificadores, representavam o mar e a terra.…” (Antiguidades Judaicas, III.5, 116. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.1, p.71).

 – Havia, pois, nítida noção por parte de todos que este véu representava a separação entre Deus e a humanidade por causa do pecado, o que somente se resolveria com a morte de Jesus Cristo na cruz, que poria fim a esta situação, restabelecendo a amizade entre o Senhor e os homens.

 – Por isso, o escritor aos hebreus afirma que, agora, podemos, sim, entrar no santuário (e aqui santuário é o lugar santíssimo) pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne (Hb.10:19,20).

 – Embora não fosse possível entrar no lugar santíssimo, salvo o sumo sacerdote uma vez ao ano no dia da expiação (dia dez do sétimo mês), a presença de Deus era notória a todo o povo naquele lugar, no tempo da peregrinação de Israel no deserto.

 – Isto porque, sobre a parte do lugar santíssimo, acima da cobertura do santuário, ficava a nuvem, durante o dia, que se transformava, durante a noite, em coluna de fogo (Ex.40:34-38; Lv.16:2; Nm.9:15,16).

 – A nuvem e coluna de fogo apareceram para acompanhar Israel desde a saída deles do Egito (Ex.13:20-22), sendo, portanto, a demonstração visível da presença do Senhor no meio do Seu povo e, quando da inauguração do tabernáculo, passaram estes elementos a permanecer sobre o tabernáculo, denotando que ali se encontrava a presença do Senhor no meio do Seu povo (Ex.40:34).

 – Apesar da divisão causada pelo pecado e representada pelo véu, o Senhor estava presente no meio dos filhos de Israel, inclusive os orientando em todas as suas jornadas, indicando quando deveriam marchar e quando deveriam acampar.

 – Se, mesmo quando ainda o pecado estava presente, quando não havia comunhão perfeita entre Deus e os homens, o Senhor tomava cuidado em dirigir e orientar o Seu povo na sua jornada rumo a Canaã, como não crer que o Senhor também quer cuidar de nós e, assim, nos conduzir e dirigir para que cheguemos até o lar celestial?

 – Não bastasse a promessa de Cristo de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20), Ele ainda nos deixou o Espírito Santo para nos guiar em toda a verdade (Jo.14:16,17; 16:13),

Espírito que está ao nosso lado, que foi chamado para ficar ao nosso lado e é isto que significa dizer que é Ele o “Consolador”, a palavra grega “Paráclito” ou “Paracleto” (παράκλητος), que, literalmente, é aquele que é chamado para ficar ao lado, “…alguém chamado para ajudar…” (Bíblia de Estudo Palavras-chave. Dicionário do Novo Testamento, n. 3875, p.2340).

 – É, por isso, muito triste vermos hoje muitos que cristãos se dizem ser correndo de um lado para outro, sem direção ou orientação, vivendo como a geração dos dias de Jesus, que se portavam como ovelhas que tinham pastor (Mt.9:36; Mv.6:34), atitude que provocou a compaixão do Senhor Jesus, Ele próprio um Consolador, o Emanuel, o Deus conosco (Mt.1:23).

 – Como afirma o escritor aos hebreus, nós, diante desta realidade da nuvem e da coluna de fogo no tabernáculo, temos de ter ousadia para entrar no lugar santíssimo, sabendo que temos um grande sacerdote sobre a casa de Deus (Hb.10:19,20),

aproximando-nos do Senhor, clamando pela Sua intervenção, confiando n’Ele intensamente, já que não temos o obstáculo que os israelitas tinham no deserto, obstáculo, porém, que não os impediu de partir do Egito e chegar até Canaã. Deus não muda (Ml.3:6) e também não nos deixará perdidos no deserto desta vida se seguirmos a Sua direção.

 – O lugar santíssimo era inacessível a todos, mas o Senhor mostrava clara e objetivamente a Sua vontade a todo o povo através da nuvem e da coluna de fogo, tanto que, quando o Senhor vinha falar com Moisés na porta da tenda, todo o povo se levantava e se inclinava cada um à porta da sua tenda, já que a nuvem e a coluna de fogo se postavam na porta da tenda (Ex.33:9,10)..

 – Não havia, pois, como o povo tentar justificar eventual desobediência à direção e orientação do Senhor, como, por exemplo, quando, ao contrário do mandamento divino, resolveram iniciar a conquista da terra após a sentença do Senhor de que toda a geração de vinte anos para cima morreria no deserto (Nm.14:4045).

 – A direção de Deus era ininterrupta, de dia e de noite, tanto que a nuvem, que ficava durante o dia, tornava-se uma coluna de fogo à noite. Deus “não dá expediente”, está sempre conosco, seja qual for a situação.

Como diz o poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão: “Senhor, está comigo em todo tempo, fazendo-me feliz no sofrimento. Ó dá-me cada dia o Teu sustento e graça p’ra cumprir Teu mandamento.

Sim, estás comigo em todo tempo, Tu és o meu maná, meu alimento; Jesus, estás comigo em todo tempo, ó dá-me Tua vida, teu sustento” (primeira estrofe e refrão do hino 262 da Harpa Cristã).

 – O véu estava pendurado sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro. Tais colunas, em número de quatro, representam, conforme já dito, o Evangelho nas suas quatro perspectivas inspiradas pelos Espírito Santo nas Escrituras que, por sinal, estão também reproduzidas no véu, que é

de azul (céu – Jesus como Filho de Deus – evangelho segundo João);

púrpura (realeza – Jesus como Rei – evangelho segundo Mateus);

carmesim (sofrimento – Jesus como Servo Sofredor – evangelho segundo Marcos) e

linho fino torcido (justiça, perfeição – Jesus como Homem perfeito- evangelho segundo Lucas).

 – As colunas, sendo de madeira de cetim e revestidas de ouro, indicam-nos a dupla natureza de Jesus, o Deus que Se fez homem (Jo.1:1-3).

Ele é o grande sacerdote sobre a casa de Deus anunciado no lugar santíssimo (Hb.10:21) e Seu sacerdócio decorre precisamente desta Sua dupla natureza, pois, como Deus e homem, Ele é a “ponte” entre ambos. É o único mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem (I Tm.2:5).

 – As colunas estavam sobre quatro bases de prata e cada base de prata está a nos lembrar que o fundamento da nossa entrada no santo dos santos é o resgate de nossa alma pelo preço do sangue de Cristo (Ef.1:7; Cl.1:14; I Tm.2:6; I Pe.1:18,19).

 – O véu era pendurado sobre as colunas por meio de colchetes de ouro. O ouro fala da divindade e nos mostra que a iniciativa tanto para a separação quanto para o restabelecimento da comunhão entre Deus e os homens está em Deus.

 – Foi Deus quem expulsou o homem do jardim do Éden após o pecado, não antes de ter dado a devida sentença para todos os envolvidos, ou seja, o homem, a mulher e Satanás (Gn.3:14-19). 

 – Foi Deus, também, quem impediu que o primeiro casal pudesse ter, novamente, acesso ao Éden, pondo querubins e uma espada inflamada para não permitir que o homem pudesse, em estado pecaminoso, ter acesso à árvore da vida (Gn.3:23,24)

 – Mas, também foi Deus quem deu início ao processo da salvação, seja revelando a promessa da salvação no dia mesmo da queda (Gn.3:15), seja efetuando o primeiro sacrifício da história para que pudesse vestir o primeiro casal de túnicas de peles (Gn.3:21).

– Esta iniciativa divina persistiu quando o Senhor deixou a Sua glória e Se fez nascer domo homem, porque foi Deus quem enviou Seu Filho ao mundo para que o mundo fosse salvo por Ele (Jo.3:16,17).

 – E esta iniciativa fica bem patente quando se verifica que, quando Jesus pagou o preço dos nossos pecados, o véu se rasgou de alto a baixo (Mt.27:51; Mc.15:38), demonstrando que o perdão dos pecados parte de Deus para o homem, é consequência do amor e da graça de Deus.

 – Neste ponto, aliás, é elucidativo observar que o véu se rasgou de alto a baixo no exato instante da morte de Jesus na cruz. Isto elimina alguns pensamentos e ensinos que não têm respaldo bíblico e que alguns desavisados têm repetido por aí.

 – O primeiro é a de que a redenção operada por Cristo deu-se apenas após “a descida de Cristo aos infernos”, onde teria sido “castigado pelo diabo” e, então, aí, sim, obtido a nossa salvação, “cumprindo a legalidade”. Nada mais falso!

 – É fato que, ao morrer, Jesus foi até o Hades, o lugar dos mortos, onde pregou aos espíritos em prisão (Ef.4:8-10; I Pe.3:18-22), mas já vitorioso, tanto que levou os justos do seio de Abraão (Lc.16:22) até o Paraíso ou terceiro céu, onde, pouco depois, ingressou diretamente o ladrão arrependido, como prova de que a obra de Cristo já se completara para trazer salvação à humanidade (Lc.23:42,43; II Co.12:2-4).

 – No Hades, aliás, não se encontra o diabo, de modo que jamais se poderia ter qualquer castigo ou algo parecido ali para que Jesus pudesse então nos salvar. 

OBS: É completa mentira o ensino de gente como Kenneth  Hagin (1917-2003), por exemplo, que afirma:

“…Ele [Jesus] provou a morte espiritual em favor de todo homem. Seu espírito e homem interior foram para o inferno em meu lugar. Você não pode ver isso?

A morte física não poderia remover seus pecados. Ele provou a morte por todo homem. E a morte de que fala é a morte espiritual (“How Jesus Obtained His Name” (Tulsa. OK: Kenneth Hagin Ministries, s/d), fita #44H01, lado 1 au HANEGRAFF, Hank. Cristianismo em crise, p.134).

 – Outro ensino equivocado que se tem a respeito é o de que Jesus somente ingressou no Santo dos Santos celestial em 1844, para fazer a expiação final do santuário celestial para que todos fossem beneficiados da mediação de Cristo e para que houvesse a purificação do santuário,

tudo conforme visão que teria tido Ellen Gould White (1827-1915) que, com isto, “salvou” o movimento adventista, que se encontrava desacreditado com os dois erros de seu fundador, William Miller(1782-1849), em marcar a data da volta de Jesus.

OBS: “…Foi em Fevereiro de 1845, em sua primeira viagem para o Leste, que a preciosa luz em relação ao santuário celestial foi manifestada a Ellen G. White (Carta 2, 1874).

Em 15 de Fevereiro de 1846, ela escreveu para Enoch Jocobs: Deus mostrou-me o seguinte, um ano atrás, neste mesmo mês: — Eu vi um trono e, sobre ele, assentado o Pai e Seu Filho Jesus Cristo…

Vi o Pai erguer-se do trono e em uma carruagem de fogo entrar no Santíssimo dentro do véu, assentar-Se… E vi um carro de nuvens, com rodas como chamas de fogo.

Anjos estavam ao redor de toda a carruagem ao ela vir onde Jesus estava. Ele entrou no carro e foi conduzido para o Santíssimo onde o Pai estava sentado. — The DayStar, 14 de março de 1846, pág. 7. (Ver também Primeiros Escritos, pág. 55).

Em suas primeiras narrações do grande conflito entre Cristo e Satanás, publicado em 1858, ela explicou porque Cristo havia entrado no Santíssimo no santuário celestial:

Como os sacerdotes no santuário terrestre entravam no santíssimo uma vez por ano para purificar o santuário, Jesus entrou no santíssimo do céu, no final dos 2.300 dias de Daniel 8, em 1844, para fazer uma  expiação  final  para  todos que pudessem ser beneficiados por Sua mediação, e para purificar o santuário…Vi que cada caso foi então decidido para vida ou morte. Jesus tinha apagado o os pecados de Seu povo…

Enquanto Jesus estivera no santuário, o julgamento tinha estado em andamento para os justos mortos e depois para os justos vivos. — 1 Spriritual Gifts, pg. 162-8.…” (OLSON, Robert W. O juízo investigativo nos escritos de Ellen G. White. Disponível em: http://www.centrowhite.org.br/pesquisa/artigos/5865-2/ Acesso em 14 fev. 2019).

 – Ora, o fato de o véu do templo ter se rasgado de alto a baixo no exato instante da morte de Cristo, mostra que ali já havia sido pago o pecado da humanidade e que, portanto, não tem qualquer cabimento dizer-se que a expiação final somente se daria no ano de 1844. 

 – Como bem ensina Jeremy James:

“…Ao rasgar o véu, o Pai Celestial estava dizendo ao mundo que a separação entre Deus e o homem tinha sido removida por meio do pagamento feito por Seu Filho no Calvário.

A palavra grega traduzida como “Está consumado” é tetelestai, que significa literalmente “Liquidado”, ou “Quitado”.

O idioma grego era usado no comércio no Oriente Médio naquele tempo e quando um negociante recebia o pagamento total, ele carimbava a fatura de forma apropriada — com a palavra Tetelestai!

O próprio Pai Celestial removeu o véu, como um sinal de Sua completa satisfação com aquilo que Seu Filho obteve no Calvário.

Além disso, Ele não esperou tempo algum para fazer isso. Somos lembrados de Suas preciosas palavras na ocasião do batismo de Jesus Cristo no rio Jordão:

“E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”

[Mateus 3:17].…” (A extraordinária santidade de Deus: compreendendo Cristo e Sua Igreja por meio do tabernáculo e das ofertas. Disponível em: https://www.espada.eti.br/tabernaculo.asp Acesso em 14 fev. 2019).

II – O LUGAR SANTÍSSIMO NO RITUAL DO DIA DA EXPIAÇÃO

 – Como a única peça do lugar santíssimo, a arca da aliança, será estudada tão somente na próxima lição, devemos aqui, ainda, tratar de três aspectos do lugar santíssimo: seu papel no ritual do dia da expiação e sua associação ao espírito e ao amor.

 – O lugar santíssimo, como vimos, era um compartimento inacessível. Ninguém poderia nele entrar, a não ser o sumo sacerdote, uma vez ao ano, por ocasião do dia da expiação, que era o dia dez do sétimo mês, chamado Tishrei ou Tishri.

 – No dia da expiação, portanto, o lugar santíssimo assumia um caráter singular, pois era prevista a entrada do sumo sacerdote no seu interior para que pudesse aspergir o sangue do sacrifício em seu favor e em favor do povo, sobre a tampa da arca, o propiciatório, a fim de obter a propiciação dos pecados, ou seja, que o Senhor, em virtude dos sacrifícios efetuados, favorecesse o povo e adiasse a punição pelos pecados.

 – O ritual do dia da expiação encontra-se em Lv.16. Por primeiro, o Senhor proibiu o sumo sacerdote de entrar no lugar santíssimo durante todo o tempo, somente o permitindo que o fizesse no já mencionado dia dez do sétimo mês (Lv.16:2,34).

– O motivo pelo qual o sumo sacerdote não devia entrar no lugar santíssimo em todo o tempo era porque Deus aparecia na nuvem sobre o propiciatório, ou seja, diante do significado da palavra “aparecer”, o hebraico “rāʼāh” ( ),ָר ָאח “…verbo que significa ver. Seu significado básico é ver com os olhos (Gn.27:1).

Também pode ter os seguintes significados derivados, todos eles exigindo que o indivíduo veja fisicamente algo que é exterior a si: ver de tal maneira que a pessoa possa aprender a conhecer outra pessoa…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 7200, p.1915), ou seja, ante a pecaminosidade humana, um olhar atento do Senhor, que estava todo o tempo ali, na nuvem, sobre o propiciatório, levaria à condenação, já que o salário do pecado é a morte (Rm.6:23).

Como diz o salmista Asafe: “Tu, tu és terrível! E quem subsistirá à tua vista, se te irares?” (Sl.76:7) ou, ainda, o salmista anônimo: “Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?” (Sl.130:3).

 – No dia da expiação, o sumo sacerdote deveria, por primeiro, banhar a sua carne na água e, devidamente purificado, vestir a túnica santa de linho, ceroulas de linho sobre a sua carne e cingir-se com um cinto de linho, cobrindo-se com uma mitra de linho (Lv.16:4). 

 – Naturalmente, sabemos que o sumo sacerdote é tipo de Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros (Hb.9:11) e o fato de todo o ritual se iniciar com o sumo sacerdote se banhando faz-nos lembrar o início do ministério público de Jesus, que se deu com o Seu batismo por João Batista, quando Ele começou a assumir a posição dos pecadores, a fim de cumprir toda a justiça divina (Mt.3:13-15).

 – O sumo sacerdote vestir-se com todas as peças de linho de seu vestuário (ceroula, túnica, cinto e mitra) é também tipo de Cristo, pois o linho fala da justiça dos santos (Ap.19:8) e o Senhor Jesus é o Santo que veio ao mundo para nos salvar (Lc.1:35). Os discípulos de Cristo têm de ter vestes brancas, para poder andar sempre com o Senhor (Ap.3:4,5).

– Devidamente paramentado, o sumo sacerdote, então, deveria tomar da congregação dos filhos de Israel dois bodes para expiação do pecado e um carneiro para holocausto e, para si, um novilho para expiação do pecado e um carneiro para holocausto (Lv.16:3,5).

– Tem-se aqui, como bem explana o escritor aos hebreus, mais uma demonstração da fraqueza da aliança do monte Sinai em relação à nova aliança estabelecida pelo Senhor Jesus.

O sumo sacerdote era homem, e, portanto, fraco e pecador, devendo fazer sacrifício pelos seus próprios pecados para então fazer os sacrifícios em favor do povo.

Já Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, como nunca pecou, pôde Se oferecer a Si mesmo, uma única vez, num sacrifício perfeito e que tirou o pecado do mundo (Hb.4:14-5:10; 8).

 – O sumo sacerdote, então, oferecia o novilho da oferta pela sua própria expiação, fazendo expiação por si e por Sua casa (Lv.16:6), estando, assim, devidamente santificado para poder exercer o múnus sacerdotal em favor do povo.

– Em seguida, o sumo sacerdote, então, tomava os dois bodes e os punha perante o Senhor, à porta da tenda da congregação, lançando sortes sobre eles, sendo que um seria o bode emissário e o outro, o bode expiatório.

O bode que fosse sorteado pelo Senhor, ou seja, o bode expiatório, seria oferecido para expiação do pecado do povo e o outro bode seria apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele, devendo, então, ser enviado ao deserto (Lv.16:7-10).

 – Ambos os bodes tipificam o Senhor Jesus, não podendo, em absoluto, ser admitida a interpretação trazida por Ellen Gould White de que o bode emissário representaria Satanás e o bode expiatório, o Senhor Jesus.

O texto sagrado é claro ao dizer que ambos os bodes eram para expiação do pecado e quem levou os pecados da humanidade sobre Si foi o Senhor Jesus (Is.53:4,12; I Co.15:3; II Co.5:19-21; Cl.1:14; Hb.2:17; 10:12; I Pe.3:18; I Jo.2:2; 3:5; 4:10).

 – O bode expiatório tipifica o Senhor Jesus morrendo em nosso lugar, dando a Sua vida para nos salvar, pagando o preço da nossa redenção com o Seu sangue (Jo.10:18).

O bode emissário tipifica o Senhor Jesus que, assumindo a nossa posição e os pecados sobre Ele, a ponto de Se ter feito pecado (II Co.5:21), causando o único momento de separação d’Ele com o Pai, que O fez exclamar “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Sl.22:1; Mt.27:46; Mc.15:34), justificou-nos, de modo imputou Sua justiça sobre nós, enquanto assumia nossas culpas n’Ele, tornando-nos “ficha limpa” nos céus (Rm.4:6,8; II Co.5:19).

– Em seguida, tendo oferecido o sacrifício por si, o sumo sacerdote deveria tomar o incensário cheio de brasas de fogo do altar de sacrifícios e, com os punhos cheios de incenso aromático moído, deveria meter o incensário para dentro do véu, a fim de que a nuvem de incenso cobrisse o propiciatório, ou seja, a tampa da arca da aliança que estava no lugar santíssimo, devendo fazer isto para que não morresse (Lv.16:12,13).

 – Aqui, vemos, claramente, a tipificação da oração intercessória de Cristo em nosso favor, que é a razão pela qual podemos ter acesso à presença de Deus e porque nossas orações chegam à presença do Senhor nos céus (Ap.8:3,5).

O Senhor Jesus, ao morrer por nós e tirar o pecado do mundo, passou a ser o grande sacerdote sobre a casa de Deus (Hb.10:21), estando, com todo poder nos céus e na terra (Mt.28:18), a interceder por nós à direita do Pai (Is.53:12; Rm.8:27,34).

 – Ao mesmo tempo, ao se determinar que o lugar santíssimo deveria estar cheio de incenso para só então o sumo sacerdote poder ali entrar, impedindo-o, portanto, de ter plena visão da arca da aliança e do propiciatório, que era a tampa da arca,

mais uma vez se reforçava o fato de não se ter, ainda, plena comunhão entre Deus e os filhos de Israel e de ser necessário que se mantivesse a nuvem, a escuridade (Ex.20:21; 24:18), para que não houvesse a morte do sumo sacerdote, já que os pecados ainda não haviam sido removidos, o que somente ocorreria com a morte de Cristo na cruz do Calvário. 

 – Lembremos que, antes da morte de Cristo, quando o Senhor leva sobre Si os pecados da humanidade, durante Seu sacrifício, as trevas tomaram conta do mundo, embora fosse meio-dia (Mt.27:45; Mc.15:33; Lc.23:44), a revelar que, antes da morte do Senhor Jesus, estávamos em circunstância de escuridade.

– Feito o sacrifício em seu favor, o sumo sacerdote deveria tomar do sangue do novilho e, com o seu dedo, espargia sobre a face do propiciatório para a banda do oriente e perante o propiciatório espargia sete vezes do sangue com o seu dedo (Lv.16:14).

 – Depois, o sumo sacerdote fazia o sacrifício do bode expiatório e trazia o sangue dele também para o lugar santíssimo, fazendo com o sangue o que havia feito com o sangue do novilho sacrificado pelos seus próprios pecados.

 – Durante todo este ritual, ninguém poderia ficar no tabernáculo, nem mesmo no pátio (Lv.16:15-17).

 – Em seguida, o sumo sacerdote deveria ir até o altar e fazer expiação por ele e tomará do sangue do novilho e do sangue do bode o punha sobre as pontas do altar ao redor, espargindo sobre dele com o seu dedo sete vezes e o purificava das imundícias dos filhos de Israel e santificava.

Depois de santificar todas estas peças, expiando o santuário, deveria pegar o bode vivo, pôr ambas as mãos sobre a cabeça do animal, confessando todas as iniquidades dos filhos de Israel, determinando que o bode fosse enviado ao deserto por um homem designado para isso, homem que ficaria imundo por ter feito tal trabalho. De igual maneira, as peles, a carne e o esterco dos animais mortos para expiação do pecado seriam queimados com fogo (Lv.16:19-27).

 – Após isto, o sumo sacerdote vinha à tenda da congregação, despia-se das vestes de linho, deixando-as ali, banhando sua carne em água no lugar santo e vestindo as suas vestes e, então, preparava o seu holocausto e o holocausto do povo, os sacrifícios dos carneiros que haviam sido tomados para tanto.

– No dia da expiação, o povo de Israel deveria jejuar e não exercer quaisquer atividades, pois é dia de humilhação e de adoração a Deus, tendo em vista que se deve pedir perdão pelos pecados cometidos durante o ano, pecados que eram cobertos. Até hoje esta data é uma das principais da nação judaica, o chamado “Yom Kippur”, o “Dia do Perdão”.

 – Em todo este ritual, fica evidente que o lugar santíssimo é o lugar da presença de Deus e que o Senhor tem de ter aplacada a sua ira diante dos pecados cometidos, pecados estes que, embora cobertos, não são removidos. 

 III – O LUGAR SANTÍSSIMO: A ASSOCIAÇÃO AO ESPÍRITO E AO AMOR

 – Por fim, como fizemos tanto em relação ao pátio quanto em relação ao lugar santo, devemos ainda atender à associação que alguns estudiosos fazem do tabernáculo com a tricotomia do ser humano, associado o pátio ao corpo; o lugar santo, à alma e o lugar santíssimo, ao espírito.

 – O espírito é a parte do ser humano que faz o relacionamento com Deus. Como ensina o pastor Elienai Cabral, comentarista deste trimestre:

“…O espírito do homem não é simples sopro ou fôlego, é vida imortal (Ec 12.7; Lc 20.37; 1Co 15.53; Dn 12.2).

O espírito é o princípio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal. É o elemento de comunicação entre Deus e o homem.

Certo autor cristão escreveu que ‘corpo, alma e espírito não são outra coisa que a base real dos três elementos do homem: consciência do mundo externo, consciência própria e consciência de Deus’…” (A tricotomia do homem. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/blog/elienaicabral/fe-e-razao/22/a-tricotomia-do-homem.html Acesso em 14 fev. 2019).

 – “…O espírito é o principio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal, embora receba impressões do corpo e da alma, também é capaz de receber conhecimentos diretamente de Deus e de manter com Deus uma comunhão espiritual que ultrapassa os raciocínios da alma. Ela nos torna conscientes de Deus.…” (GOMES, Rodrigo. Corpo, alma e espírito. O que é cada um? Disponível em: http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html Acesso em 14 fev. 2019).

 – Como é o espírito que faz a ligação com Deus, é ele quem possui a “consciência”, esta voz de Deus em nós, que nos permite discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal.

É o espírito, ademais, que nos faz confiar em Deus, a ter fé, esta fé que se desenvolve em nós e nos faz ser agradáveis ao Senhor (Hb.11:6). É em nosso espírito que o Espírito Santo vem habitar quando cremos no Senhor Jesus (Jo.14:17).

 – Ora, o lugar santíssimo, como temos visto, é o compartimento do tabernáculo em que estava a presença de Deus, seja pela arca da aliança, seja pela nuvem e coluna de fogo.

Só por isso, vemos, claramente, que se trata de tipo do espírito humano, espírito que, quando o homem está em pecado, por se manter separado de Deus, está totalmente inativo, sem qualquer uso.

– Há, também, os que associam cada parte do tabernáculo a uma das três virtudes teologais, ou seja, os bons hábitos infundidos pelo Espírito Santo na vida do salvo. O espírito recebe o amor de Deus, que é derramado pelo Espírito de Deus em nós (Rm.5:5).

 – O amor de Deus, também conhecido como “amor agape” é, conforme o apóstolo Paulo nos ensina, a maior de todas as virtudes teologais, o “caminho mais excelente” (I Co.12:31), a maior de todas as virtudes (I Co.13:13).

 O capítulo 13 de I Coríntios descreve este amor divino, este amor incondicional, que nos faz semelhantes a Deus, que nos torna filhos de Deus, pois a característica do discípulo de Cristo é ter o amor (Jo.13:35), até porque Deus é amor (I Jo.4:8).

 – Como ensina o pastor Abraão de Almeida, “…Ao transpor o terceiro véu, que simboliza o amor com a maior de todas as virtudes, o crente entra no Lugar Santíssimo. Esta terceira divisão do Tabernáculo corresponde à terceira maior dimensão do nosso desenvolvimento espiritual…” (op.cit., p.75).

 – A festividade judaica associada ao lugar santíssimo é a Festa dos Tabernáculos que, não por acaso, era celebrada pouco depois do dia da expiação, mais precisamente, cinco dias depois. “…Nesta festa eram sacrificados 70 novilhos (o que corresponde a 7 x 10, significando plenitude de trabalho e frutificação).

Também eram sacrificados 98 cordeiros ( ou 2 x 7 x 7, entrega total e voluntária). Eram ainda imolados 14 carneiros (2×7, uma plena visão da obra de Cristo e de nossos hediondos pecados).

Morriam ainda sete bodes, indicando morte plena, pelo poder de Deus, do velho Adão, pois o bode tipifica o pecador, como em Mateus 25:33 (…) O apóstolo Paulo menciona a morte do velho homem em seu poderoso testemunho …Gálatas 2.20…” (ALMEIDA, Abraão de. op.cit., p.77).

 Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/4007-licao-8-o-lugar-santissimo-i

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