LIÇÃO Nº 8 – OS REIS MAIS IMPORTANTES DE ISRAEL
A partir da unção de Saul, Israel passou a estar sob o governo de monarcas, de homens que receberam, de Deus, a autoridade espiritual necessária para exercer o Governo om o auxílio divino. Em I Samuel, dá-se início ao Período Teocrático Monárquico.
Neste período, vemos a atuação divina levantando e abatendo reis de acordo com a maldade e a pureza de coração deles. Tais monarcas são chamados de reis teocráticos. Esta deveria ser a postura dos reis que deveriam agradar a Deus e fazer a sua vontade.
O Rei deveria estar atento à vontade de Deus e do povo. Em primeiro lugar, a vontade divina e em segundo, a vontade do povo. Ouvir ao Senhor para atender o povo. Suprir as necessidades do povo de acordo com a orientação divina, estar compenetrado em receber instrução divino para que os atos (procedimentos) de seu governo sejam bem-sucedidos.
A história da Monarquia Unida cobre um período de 120 anos, o primeiro Rei foi infiel, Saul desprezou a aliança e tornou-se um tirano. Davi, o segundo monarca, foi um teocrata verdadeiro que fundou uma dinastia dele procedente, uma dinastia duradoura, da qual viria o Messias. O filho de Davi, Salomão, foi o responsável pela construção do primeiro Templo. Estes três reinados duraram quarenta anos cada um.
As ameaças do povo filisteu foram as maiores motivações para a instituição da Monarquia. Davi foi o rei dotado dos atributos morais e espirituais que o qualificavam pra esta função:
“Porque o Senhor não vê como o homem vê, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” *I Sm 16.7). Ele foi o referencial de rei para o povo israelita, aquele que promoveu o crescimento espiritual, territorial e econômico da nação.
Além disto, ele unificou o Reino permitindo que todo o Israel e Judá deixassem de ser um grupo de tribos rivais para se tornar uma força política unida e respeitada por todos os povos da região.
Era um homem cheio do Espírito Santo, de autoridade espiritual que o impelia para lutar contra os inimigos do povo de Deus e lutar pela garantia da expansão do território. Combater os inimigos do povo de Deus era seu lema….
O jovem Davi, ungido por Samuel e, desde então revestido com o poder do Espírito Santo, em sua primeira batalha no confronto com o gigante Golias, não está demonstrando apenas um zelo juvenil, uma euforia própria de adolescentes, está se posicionando como o líder que Deus levantou para comandar futuramente a nação.
Ele demonstra que conhece política, que valoriza o povo israelita como uma nação agregada e inspirada para vencer os seus inimigos.
Antes de alcançar o Reino, ele já consegue reunir as pessoas, trazer as pessoas para perto de si com o fim de buscar propósitos, revelando-se um verdadeiro líder e incomodando o Rei Saul que estava no Poder. Davi sabia fazer cálculos políticos, avaliar as consequências das suas ações e conduzir-se prudentemente, com o fim de preservar a sua imagem.
A história da ascensão e reinado de Davi é política e histórica, bem como pessoal ou doméstica. O que é interessante é o modo pelo qual a vida de Davi é trazida ao contexto maior, além das mudanças na proporção entre história pessoal e história política. Em grande parte de II Samuel, Davi, embora exerça fascínio e seja importante para a ação, permanece relativamente modesto como personagem – ao menos em relação ao desenvolvimento que ainda sofrerá de II Samuel 11 em diante. (Rosemberg, 1997, p. 146)
Quando se avalia a dimensão política das ações de Davi, pode-se observar os efeitos de suas ações nas vidas das pessoas, como era influenciável e como foi contribuindo para mudar a História da comunidade onde estava. Davi convenceu os moabitas a acolherem seus pais porque temia represálias de Saul (ele era neto de Rute, uma moabita): “ E foi Davi dali a Mizpá dos moabitas, e disse ao rei dos moabitas:
Deixa estar meu pai e minha mãe convosco, até que saiba o que Deus há de fazer de mim.” (I Sm 22.3) Com o passar do tempo, seus pais morreram e Davi, ao se tornar rei, cobrou a conta, ao dominar o território de Moabe:
“Também derrotou os moabitas, e os mediu com cordel, fazendo-os deitar por terra; e os mediu com dois cordéis para os matar, e com um cordel inteiro para os deixar com vida. Ficaram assim os moabitas por servos de Davi, pagando-lhe tributos.” (II Sm 8.2)
Durante o tempo de perseguição de Saul, aquele que matou Golias, foi pedir abrigo aos filisteus, fingiu-se de louco diante dos portões de Aquis, o rei de Gate. Quando recebeu abrigo, começou a agir diferente e para eles começou a lutar com seus seiscentos homens, haja vista que o rei de Israel não o procuraria em território inimigo:
E Davi considerou estas palavras no seu ânimo, e temeu muito diante de Aquis, rei de Gate. Por isso se contrafez diante dos olhos deles, e fez-se como doido entre as suas mãos, e esgravatava nas portas de entrada, e deixava correr a saliva pela barba.
Então disse Aquis aos seus criados: Eis que bem vedes que este homem está louco; por que mo trouxestes a mim? Faltam-me a mim doidos, para que trouxésseis a este para que fizesse doidices diante de mim? Há de entrar este na minha casa? (I Sm 21. 13-17)
Disse, porém, Davi no seu coração: Ora, algum dia ainda perecerei pela mão de Saul; não há coisa melhor para mim do que escapar apressadamente para a terra dos filisteus, para que Saul perca a esperança de mim, e cesse de me buscar por todos os termos de Israel; e assim escaparei da sua mão. […]
E foi o número dos dias, que Davi habitou na terra dos filisteus, um ano e quatro meses. […] E dizendo Aquis: Onde atacastes hoje? Davi dizia: Sobre o sul de Judá, e sobre o sul dos jerameelitas, e sobre o sul dos queneus.
E Davi não deixava com vida nem a homem nem a mulher, para trazê-los a Gate, dizendo: Para que porventura não nos denunciem, dizendo: Assim Davi o fazia. E este era o seu costume por todos os dias que habitou na terra dos filisteus. E Aquis confiava em Davi, dizendo: Fez-se ele por certo aborrecível para com o seu povo em Israel; por isso me será por servo para sempre. (I Sm 27.1, 7)
A estadia entre os filisteus garantiu a Davi que compartilhasse muitos saberes com aquele povo. Para exercer uma boa política, foi guerrear para eles e, ao fazer- lhes estes favores, certamente conheceu muitos segredos das estratégias de guerra de um povo que vencia muitas nações vizinhas e ampliava cada vez mais seus territórios. Era preciso conhecê-los.
E, no futuro, quando ocupava o trono de Israel, o vemos combatendo e vencendo na direção do Senhor, seguindo as estratégias que Deus lhe dera, unindo-a, quem sabe, àquelas que já conhecia. E, assim Davi e seu exército foram vitoriosos.
Ouvindo, pois, os filisteus que haviam ungido a Davi rei sobre Israel, todos os filisteus subiram em busca de Davi; o que ouvindo Davi, desceu à fortaleza. E os filisteus vieram, e se estenderam pelo vale de Refaim.
E Davi consultou ao Senhor, dizendo: Subirei contra os filisteus? Entregar- mos-ás nas minhas mãos? E disse o Senhor a Davi: Sobe, porque certamente entregarei os filisteus nas tuas mãos.
Então foi Davi a Baal- Perazim; e feriu-os ali Davi, e disse: Rompeu o Senhor a meus inimigos diante de mim, como quem rompe águas. Por isso chamou o nome daquele lugar Baal-Perazim.
E deixaram ali os seus ídolos; e Davi e os seus homens os tomaram. E os filisteus tornaram a subir, e se estenderam pelo vale de Refaim. E Davi consultou ao Senhor, o qual disse: Não subirás; mas rodeia por detrás deles, e virás a eles por defronte das amoreiras. E há de ser que, ouvindo tu um estrondo de marcha pelas copas das amoreiras, então te apressarás; porque o Senhor saiu então diante de ti, a ferir o arraial dos filisteus. E fez Davi assim como o Senhor lhe tinha ordenado; e feriu os filisteus desde Geba, até chegar a Gezer. (II Sm 5. 17- 25)
Davi sabia que o exercício de uma boa política envolvia a vitória nas batalhas, com o fim de expandir territórios, de estabelecer uma sede de governo em Jerusalém (antiga Jebus, cidade recentemente dominada por Davi e seus homens) e de conduzir a nação à adoração, como se pode observar na condução da arca para Jerusalém, nos festejos realizados pelo rei no meio do povo e nas expressões de júbilo por reunir Israel em torno da adoração a Deus.
Segue um quadro com algumas das conquistas militares de Davi baseadas no texto de I Crônicas 18, as quais contribuíram para o crescimento do seu reinado:
As conquistas de Davi possibilitaram-no que se firmasse como líder político daquela nação, líder que atentou para a ordem do Senhor de alargar/aumentar as fronteiras e conceder prioridade à adoração a Deus e ao culto.
Para isto, constituiu levitas, músicos e cantores para participarem da condução da arca, como um sinal público de adoração diante de todo o povo, com o propósito de reunir todo o povo para bendizer o nome do Senhor. Era assim em reuniões atraentes, aonde reinava o júbilo e o intuito de conduzir o povo à santificação.
Davi também fez casa para si na cidade de Davi; e preparou um lugar para a arca de Deus, e armou-lhe uma tenda. Então disse Davi: Ninguém pode levar a arca de Deus, senão os levitas; porque o Senhor os escolheu, para levar a arca de Deus, e para o servirem eternamente.
E Davi convocou a todo o Israel em Jerusalém, para fazer subir a arca do Senhor ao seu lugar, que lhe tinha preparado. E Davi reuniu os filhos de Arão e os levitas (I Cr 15, 1-4)
E disse Davi aos chefes dos levitas que constituíssem, de seus irmãos, cantores, para que com instrumentos musicais, com alaúdes, harpas e címbalos, se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria. […] E todo o Israel fez subir a arca da aliança do Senhor, com júbilo, e ao som de buzinas, e de trombetas, e de címbalos, fazendo ressoar alaúdes e harpas. ( I Cr 15.16,28)
E não ficou apenas neste evento. Davi estabeleceu a organização dos cultos, grupos de levitas para o louvor, para a execução da música instrumental e para os sacrifícios.
Ele guerreou para ampliar fronteiras, no entanto também governou com a finalidade de conduzir a nação a Deus. Não era apenas um líder político, também se tornou um líder espiritual. É autor de 73 salmos, que expressam sua fé, esperança e confiança em Deus. Tudo isto serviu como referência, como parâmetro para a conduta do povo, pois muitos de seus salmos eram proféticos. Ele foi um profeta, rei, guerreiro….
E Davi, juntamente com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com harpas, com címbalos, e com saltérios; e este foi o número dos homens aptos para a obra do seu ministério: […] Todos estes foram filhos de Hemã, o vidente do rei nas palavras de Deus, para exaltar o seu poder; porque Deus dera a Hemã catorze filhos e três filhas.
Todos estes estavam sob a direção de seu pai, para a música da casa do Senhor, com saltérios, címbalos e harpas, para o ministério da casa de Deus; e Asafe, Jedutum, e Hemã, estavam sob as ordens do rei. E era o número deles, juntamente com seus irmãos instruídos no canto ao Senhor, todos eles mestres, duzentos e oitenta e oito. (I Cr 25. 1, 5-7)
Parece que foi com Davi que a Assembleia de Deus aprendeu a formar seus grupos….. (ops…)
Elissen (1999, p.100 ) afirma que “do mesmo modo que a aliança abraâmica delineou as bênçãos espirituais, nacionais, territoriais e pessoais para Israel, a aliança davídica foi dada para elaborar o aspecto nacional com referência ao rei.
Essa aliança prometeu a Davi que os seus descendentes teriam os direitos do trono de Israel para sempre, e que a linhagem seria através de Salomão, o construtor do templo.”
Sendo assim, o próprio Davi, preocupado com a questão do culto, manifesta o desejo de construir o templo e, estimulado pelo profeta, sente-se confortado em sua decisão:
E disse Davi a Salomão: Filho meu, quanto a mim, tive em meu coração o propósito de edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus. Porém, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Tu derramaste sangue em abundância, e fizeste grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome; porquanto muito sangue tens derramado na terra, perante mim.” (I Cr 22.7,8)
Davi não pode edificar o templo, por que foi um guerreiro, por que derramou sangue nas guerras? Ele não estava guerreando as guerras do Senhor? Ampliando o território de Israel? Deus o puniria por isto? É claro que não!
O problema maior estava no sangue de Urias que foi derramado numa circunstância de plena inocência. Também era propósito divino que o templo fosse construído num governo onde a paz prevalecesse.
Por isto Davi foi apenas o patrocinador. Ele negociou com o reino de Tiro e adquiriu diversos materiais que foram reservados para este fim.
E deu Davi a Salomão, seu filho, a planta do alpendre com as suas casas, e as suas tesourarias, e os seus cenáculos, e as suas recâmaras interiores, como também da casa do propiciatório.
E também a planta de tudo quanto tinha em mente, a saber: dos átrios da casa do Senhor, e de todas as câmaras ao redor, para os tesouros da casa de Deus, e para os tesouros das coisas sagradas; (I Cr 29.11,12)
É interessante observarmos como um homem piedoso, como Davi, em dado momento de sua vida, ao cometer erros, tenha sofrido golpes tão fortes sobre os seus, perdendo três dos seus filhos como vítimas de uma morte violenta; ao passo que Saul, um homem ímpio e desobediente às ordenanças do Senhor, fosse pai de Jônatas, um homem leal e piedoso.
No entanto, o Senhor elegeu a Casa de Davi para dali nascer o Messias. Até a arqueologia atestou que a família de Davi realmente existiu:
A Casa (família) de Davi teve seu prosseguimento por meio de Salomão. A leitura da narrativa bíblica nos informa que Adonias tomou a dianteira para assumir o reino, mas Bate-seba procurou-o para reivindicar sua promessa de ungir Salomão como próximo rei. Davi deu uma ordem aos sacerdotes:
“E o rei lhes disse: Tomai convosco os servos de vosso senhor, e fazei subir a meu filho Salomão na mula que é minha; e levai-o a Giom.” (I Rs 1.33) Salomão vai assumir o reino no mesmo local que seu pai conquistou Jerusalém. Assim, ele foi ungido sob o som das águas.
Tudo estava contribuindo para que o Reino de Salomão fosse próspero. Seu pai deixara o exemplo do exercício da política, do bom relacionamento com os súditos, da necessidade de se conduzir a nação à presença de Deus e, até mesmo, o trabalho religioso estava organizado em prol disto.
Não havia como prosseguir de forma desastrosa, porque os fundamentos já estavam colocados. Fora estabelecida uma missão para ele: a construção do templo. Boa parte do material e do ouro já estavam reservados, além de já haver parceiros comerciais com os quais ele poderia negociar os materiais necessários. Sobre este momento de início do governo de Salomão, Paul Hoff, comenta:
Israel chegou ao apogeu de sua glória material no reinado de Salomão. As características de seu reinado foram: justiça, paz, prosperidade e prestígio internacional. Deste modo, seu governo se assemelha ao quadro do Reino Milenial, pintado pelos profetas (Is 2. 2-4).
Davi tinha estabelecido o reinado hebraico sobre fundamentos sólidos; havia vencido os inimigos de Israel e estendido os limites da nação ao maior alcance de sua história. Havia formado também um forte exército para conservar a paz. Portanto, Salomão colheu os benefícios do trabalho de seu pai, com uma brilhante possibilidade de sucesso. (HOFF, 2003, p.176)
O novo rei, embora filho, era bem diferente do anterior. Davi foi um homem do campo, afeito à simplicidade, que conquistou o trono após muitas batalhas, um homem que trazia, em si, as marcas do sofrimento, da dor, do desprezo dos seus.
Salomão, por sua vez, era o garoto mimado, criado no palácio, o filho que nascera após a morte do irmão e que deve ter sido alvo de muitos cuidados da mãe. Não sabia o que era penúria, nem tinha noção do que era viver como nômade pelo deserto, ou passar a noite nos pastos cuidando de ovelhas etc. Sempre teve os melhores serviços em nível de alimentação, higiene, cuidados pessoais, segurança, reconhecimento da população etc.
Não nos admiremos que ele conduziria o seu reino em busca da excelência no trato dos criados com as pessoas, na promoção dos serviços, nos cuidados oferecidos, na postura etc. Tal singularidade trouxe elogios à administração. Percebia-se que Salomão era um homem preparado, que sabia por quais caminhos deveria se conduzir. Isto é notório quando o vemos orando e o Senhor lhe dá liberdade para pedir o que quisesse e ele apenas requisita sabedoria. Ele realmente sabia que a oração era o melhor caminho e a sabedoria do Alto lhe daria condições para governar.
COMEÇOU DO JEITO CERTO.
Para isto era preciso começar a construir o templo, o ápice dos momentos de adoração no seu reino, da oração cujo efeito perdurou por séculos.
Vejamos como Flávio Josefo descreve estas circunstâncias e a reação do povo a respeito:
Depois de assim falar, Salomão prostrou-se em terra e, depois de permanecer assim muito tempo, adorando a Deus numa fervorosa oração, levantou-se e ofereceu sobre o altar um grande número de vítimas.
Deus então fez conhecer claramente como aquele sacrifício lhe era agradável, pois um fogo descido do céu até o altar consumiu as vítimas inteiramente á vista de todo o povo. Tão grande milagre não lhes permitiu duvidar de que Deus não habitasse o Templo, e prostraram-se todos por terra, para adorá-lo e para dar-lhe graças.
Salomão continuou a entoar cada vez mais os seus louvores e, para levar o povo a fazer a mesma coisa e a rogar a Deus com mais ardor ainda, disse- lhes que, depois de sinais tão manifestos da extrema bondade de Deus para com eles, podiam pedir a Ele com insistência que lhes fosse sempre favorável, que os preservasse de todo pecado e que os fizesse viver na piedade e na justiça, segundo os mandamentos dados por Moisés, cuja observância podia torná-los os mais felizes dos homens.
Por fim, exortou- os a considerar que o único meio de conservar os bens que desfrutavam ou de conseguir outros maiores era servir a Deus com inteira pureza de coração e não pensar haver mais honra em adquirir aquilo que não se tem que em conservar o que se possui. (FLÁVIO JOSEFO, 2021, p. 389-390)
Salomão estava se posicionando como um verdadeiro líder, nos aspectos espiritual e político, preocupado em suprir as necessidades da população que aprovou as suas obras:
O povo não se cansava de elogiá-lo pela bondade com que governava nem de louvar sua sabedoria, que lhe permitia empreender e realizar aquelas grandes obras. Rogaram a Deus que o fizesse reinar por muitos anos e partiram cantando hinos a Ele, tão satisfeitos e alegres que chegaram às suas casas sem perceberem a extensão da estrada que haviam percorrido. (FLÁVIO JOSEFO, 2021, p.390)
O que mais importava era a aprovação divina. Já havia obtido. Tendo a aprovação divina, a aprovação do povo, dos governos vizinhos, tudo estava se conduzindo para ter sucesso. E ele veio. Salomão queria mais aprovação, mais contratos, mais acordos comerciais e eles custam caro.
O preço envolvia casamentos mistos, envolvimento com idolatria, desprezo aos estatutos da Lei, falta de comunhão com Deus etc.
A construção do templo de Salomão no começo do período constitui o ponto máximo da história religiosa de Israel. Salomão também instituiu um sistema de adoração altamente organizado e, no começo, inspirou forte sentimento religioso pela alocução e pela cerimônia da inauguração.
Entretanto, o bom começo não durou muito e a idolatria inundou novamente a nação, levada pelas práticas conciliatórias de Salomão, que construiu altares para as suas esposas pagãs. […]
A preeminência de Salomão consistiu na sua sabedoria, na construção do templo e no reinado de paz e esplendor. Sua sabedoria é constatada nos três livros a ele atribuídos (Provérbios, Eclesiastes e Cantares); seu templo foi uma obra de arte e esplendor sem precedentes no mundo antigo; e seu reinado de paz e glória trouxe-lhe aplausos do mundo todo.
Essa grandeza retrata as bênçãos prometidas ao reino de Davi baseadas na obediência e nos princípios teocráticos da aliança, revelando a intenção do Senhor para com o seu povo se este seguisse a sua liderança.
Salomão, todavia, deixou de praticar o que proclamou com tanta grandiosidade. (Ellisen, 1993, p.105- 106)
Salomão deixou um legado para o povo hebreu: o templo, três livros e lições de vida sobre o perigo da idolatria. Por causa dela, o Senhor dividiu o Reino e manteve apenas as tribos de Judá e Benjamim sob a tutela dos descendentes de Davi, haja vista que nosso Deus mantém as Suas promessas.
A culpa de Salomão era grande. É uma acusação terrível, mas verdadeira, dizer que toda história posterior da ruptura, o declínio gradual do poder e influência, a corrupção moral e até o esquecimento completo de Deus, em certos períodos, foram apenas desdobramentos necessários dos princípios e práticas perniciosas introduzidas por Salomão. (BAXTER, 1993, p.113- 114)
A pesada carga de impostos e as repetidas buscas de trabalhadores para que se realizem trabalhos forçados nos projetos de construção produziram descontentamento no interior da nação. A intransigência de Roboão, filho de Salomão, permitiu o retorno de Jeroboão como o porta-voz das dez tribos. Logo que soube que Salomão falecera, retornou do Egito onde residia.
Quem era Jeroboão?
Jeroboão era filho de Nebate, um efraimita (I Rs 11.26). Destinguiu-se como administrador no tempo de Salomão quando supervisionava a construção da muralha de Jerusalém, conhecida como Milo (I Rs 11.27-28).
A história de Jeroboão, como rei de Israel, se inicia quando o profeta Aías, o silonita, num gesto dramático, cortou a capa que trazia em doze partes, dando dez pedaços a Jeroboão (I Rs 11.35).
Até Jeroboão, filho de Nebate, efrateu, de Zereda, servo de Salomão (cuja mãe era mulher viúva, por nome Zerua), também levantou a mão contra o rei. E esta foi a causa por que levantou a mão contra o rei: Salomão tinha edificado a Milo, e cerrou as aberturas da cidade de Davi, seu pai.
E o homem Jeroboão era forte e valente; e vendo Salomão a este jovem, que era laborioso, ele o pôs sobre todo o cargo da casa de José.
Sucedeu, pois, naquele tempo que, saindo Jeroboão de Jerusalém, o profeta Aías, o silonita, o encontrou no caminho, e ele estava vestido com uma roupa nova, e os dois estavam sós no campo. E Aías pegou na roupa nova que tinha sobre si, e a rasgou em doze pedaços.
E disse a Jeroboão: Toma para ti os dez pedaços, porque assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão, e a ti darei as dez tribos. Porém ele terá uma tribo, por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, a cidade que escolhi de todas as tribos de Israel.
Porque me deixaram, e se encurvaram a Astarote, deusa dos sidônios, a Quemós, deus dos moabitas, e a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andaram pelos meus caminhos, para fazerem o que é reto aos meus olhos, a saber, os meus estatutos e os meus juízos, como Davi, seu pai.
Porém não tomarei nada deste reino da sua mão; mas por príncipe o ponho por todos os dias da sua vida, por amor de Davi, meu servo, a quem escolhi, o qual guardou os meus mandamentos e os meus estatutos. Mas da mão de seu filho tomarei o reino, e darei a ti, as dez tribos dele. (I Rs 11. 26-35)
COMO FICOU O REINO DIVIDIDO
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Jeroboão deu mostras de rebelião contra o rei. A profecia chegou aos ouvidos de Salomão, que tentou, por causa disso, e da atitude rebelde de Jeroboão, eliminá- lo. Sabendo disso, Jeroboão fugiu para o Egito, onde foi recebido pelo Faraó Sisaque, e ali permaneceu até a morte de Salomão (I Rs 12.2).
Jeroboão foi convidado a voltar e defender a causa dos anciãos, que solicitavam a redução dos impostos. Ignorando isso, Roboão teve de enfrentar um levante e fugiu para Jerusalém.
A guerra civil e o consequente derramamento de sangue foram evitados, quando Roboão deu ouvidos à advertência feita pelo profeta Semaías para que restringisse suas forças. Isso deu a Jeroboão a oportunidade de firmar-se como rei de Israel.
Deus havia prometido a Jeroboão que se andasse nos caminhos retos, seria um grande rei e a sua dinastia seria firme. Ele temia o retorno do povo à casa de Davi. Não havia comprometimento com a Lei de Deus. Por isto, foram levantadas barreiras de caráter religioso que impediram o acesso do povo à Jerusalém para a adoração.
O culto a Deus foi substituído pelo culto aos bezerros de ouro, levantando altares em Betel e Dã, nos extremos do Reino, na rota que conduzia à Jerusalém.
O culto era dirigido a uma imagem de um bezerro de ouro, o que faz lembrar o touro Ápis egípcio, símbolo da força geradora.
A ambição egoística, mundana e idolátrica de Jeroboão foi imitada por todos os reis de Israel.
No entanto, Jeroboão também cedeu à vaidade e pelas escrituras vemos o refrão que acentua a contínua ação de Jeroboão “fazendo Israel pecar” que aparece 18 vezes nos livros de Reis e destaca que este rei institui uma religião ilusória para manter o povo em torno de si, estabelecendo uma divisão entre os reinos por meio desta instituição religiosa.
No entanto, Deus não ficou indiferente às ações deste rei e enviou o seu profeta para condenar o culto aos bezerros. Ele ergueu a sua voz contra o altar e mencionou o rei Josias 300 anos antes de nascer, profecia que se cumpriu em II Rs 23.15-16…
Jeroboão ordenou que o profeta fosse preso, mas Deus paralisou o braço do rei e quebrou o altar.
Apesar dos sinais divinos, da cura de sua mão e da reprimenda do Senhor, o rei não desistiu de seus intentos, nem abandonou sua condição idólatra.
Continuou praticando a idolatria e lutando continuamente com Judá. Reinou 22 anos e, em todo este tempo, o povo foi conduzido por meio da mentira (I Rs 12.28. Pecou e levou Israel ao pecado (pecou e levou Israel ao pecado (I Rs 14.16). Nem sempre a comodidade é compatível com a verdadeira fé.
Vemos que Deus continua cumprindo Suas promessas, mas que o povo, a começar pelo próprio rei Salomão, apesar de todas as bênçãos recebidas, mantém sua ingratidão e rebeldia.
Como resultado disto, a nação divide-se mas, salvo durante alguns reis de Judá, o povo continuou pecando, o que acabou ocasionando a inevitável perda da Terra Prometida, como já havia sido anunciado na lei de Moisés (cf. Dt.28:63,64). Mesmo diante desta rebeldia, Deus não cessou de falar ao povo e, diante do fracasso dos reis, levantou, durante todo o período, profetas, verdadeiros mensageiros do arrependimento foram os porta-vozes do Senhor para conduzir o povo ao arrependimento.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
Sugestiono vídeo da Aline no qual ela fala da nascente de Giom, COMO DAVI CONQUISTOU JERUSALÉM, onde Salomão foi ungido rei, às escondidas. Disponível em: https://youtu.be/SKyCLfFyoZ8. Acesso em 16 fev.2025.
Converse com seus alunos no sentido de leva-los a falar sobre pessoas, conhecidas de todos, que receberam missões e dons especiais da parte de Deus e finalizaram desperdiçando esta oportunidade, entregando-se à vida pecaminosa.
REFERÊNCIAS:
BAXTER, J. Sidlow. Examinai as Escrituras: Juízes a Ester. São Paulo: Vida Nova, 1993, p.113-114.
ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. Emma Anders de Sousa Lima. 3.ed. São Paulo: Vida, 1993.
FLÁVIO JOSEFO. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
HOFF, Paul. Os livros históricos: a poderosa atuação de Deus no meio de seu povo. São Paulo: Vida, 2003.
ROSENBERG, Joel. I e II Samuel. In: ALTER, Robert & KERMODE, Frank (org.).
Guia Literário da Bíblia. Trad. Raul Fiker. São Paulo: UNESP, 1997.
Profª. Amélia Lemos Oliveira
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/11251-licao-8-os-reis-mais-importantes-de-israel-i
Vídeo: https://youtu.be/HZ2XTS3f-1c