LIÇÃO Nº 9 – COMO VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS
-O capítulo 4 de Neemias dá-nos uma preciosa lição de que como devemos enfrentar a oposição à obra de Deus.
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo do período da formação da Comunidade do Segundo Templo para dele tirarmos lições sobre avivamento espiritual, estudaremos hoje o capítulo 4 do livro de Neemias, onde Neemias relata como enfrentou a oposição dos inimigos à reedificação dos muros de Jerusalém.
– No relato de Neemias, temos um belo exemplo de que como devemos enfrentar os inimigos da obra de Deus.
I – OS INIMIGOS DA REEDIFICAÇÃO DE JERUSALÉM LEVANTAM-SE CONTRA A OBRA
– Na sequência do estudo do período da formação da denominada Comunidade do Segundo Templo, estudaremos o capítulo 4 do livro de Neemias, que se une à narrativa do capítulo 2, já que,
Neemias abre um parêntese para falar e honras os reedificadores, antes mesmo de relatar a angústia da reedificação dos muros, pondo o ser humano no lugar de dignidade que o Senhor estabeleceu na própria criação.
– Ao término do capítulo 2, Neemias relatara que, ao saber da disposição do povo de Judá em reconstruir os muros, logo se levantaram os inimigos.
Sambalate, o horonita; Tobias, o servo amonita e Gesem, o arábio, zombaram dos judeus e os desprezaram, indagando o que era que estavam os judeus a fazer e os acusando de se rebelar contra o rei,
ao que Neemias respondeu dizendo que seria o Deus dos céus quem faria os judeus prosperarem e que os judeus se levantariam e edificariam e que os inimigos não tinham parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém (Ne.2:19,20).
– O primeiro dos inimigos dos judeus era Sambalate, o horonita. Seu nome já aponta a sua origem gentílica, pois significa “o deus lua, sim, deu a vida”, a revelar que seus pais eram adoradores do “deus lua”,
um dos muitos deuses adorados pelos povos que tinham ido habitar a região outrora ocupada pelas dez tribos israelitas que haviam sido levadas cativas pelo rei da Assíria (II Rs.17:24-41) e que foram a origem dos “samaritanos”.
– Sambalate é designado pelas Escrituras como sendo “horonita”, a indicar que era de “Horon”, cidade cuja identificação é objeto de celeuma entre os estudiosos da Bíblia.
“…Alguns pensam que a sua raiz é Bete-Horom, ao passo que outros sugerem Horonaim. (…). Se Bete-Horom é a suposição correta, então Sambalate era samaritano, mas, se devemos pensar em Horonaim, então ele seria um moabito.
Josefo o chamou de quteano, de onde vieram os samaritanos (Antiguidades Judaicas 11:7,2)…” (CHAMPLIN, R.N. Horonita. In: Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.3, p.163).
A origem obscura de Sambalate traz-nos uma preciosa lição sobre o inimigo da obra de Deus, que sempre vem disfarçado (II Co.11:14), que jamais se apresenta claramente, já que é o pai da mentira (Jo.8:44). Tomemos, pois, cuidado, amados irmãos!
– Tobias, por sua vez, cujo nome significa “Javé é Deus”, era amonita, ou seja, natural de Amom, reino limítrofe ao de Israel, povo descendente de Benami, um dos filhos de Ló que teve em incesto com suas próprias filhas (Gn.19:20).
Os amonitas eram proibidos de entrar mesmo no átrio do tabernáculo ou do templo (Dt.23:3), uma vez que sempre foram hostis a Israel, tendo se unido aos amalequitas neste intento (Jz.3:13). Se Sambalate foi moabita, sobre ele também recaía esta proibição (Dt.23:3).
– Gesem, o arábio, cujo nome significa “chuva”, completava o trio de inimigos dos judeus. Como arábio, Gesem era descendente de Ismael, o rival de Isaque, aquele que o próprio Deus disse que não desfrutaria da mesma herança do “filho da promessa” (Gn.21:8-13).
– Vemos, pois, que estes três líderes inimigos já nutriam uma antipatia com o povo de Judá que remontava a séculos, pertenciam a povos que hostilizando há muito os judeus e que, com a notícia de que haveria a reedificação de Jerusalém, realmente não estavam contentes em ver a mudança de um “statu quo” que lhes era grandemente favorável, visto que Jerusalém já se encontrava destruída há mais ou menos cento e cinquenta anos.
– A oposição do maligno contra a Igreja não tem outra origem. Como o Senhor Jesus disse, o diabo é o
“príncipe deste mundo” (Jo.12:31; 14:30; 16:11), ou seja, é ele quem governa todo este sistema imerso no pecado e no mal.
A edificação da Igreja representa para o adversário a mudança do “statu quo ante”, da situação confortável em que se encontra desde a queda do homem e, naturalmente, ante esta notícia, que Jesus revelou em Cesareia de Filipo aos Seus discípulos (Mt.16:18), haveria também de se levantar.
– A oposição, por primeiro, quis fazer-se conhecida. Quando começamos a fazer a obra de Deus, não nos surpreendamos, o inimigo, que até então agia ocultamente (Ne.2:10), apresenta-se, com o nítido propósito de intimidar, de desanimar a realização da obra.
Tobias, Sambalate e Gesem lançaram o seu ataque, por meio de zombaria, desprezo e acusação.
– A primeira atitude dos inimigos foi de zombar dos judeus. O inimigo sempre lança da zombaria como uma estratégia para ridicularizar os servos do Senhor.
Por isso, a Bíblia nos manda ficar longe da roda dos escarnecedores (Sl.1:1), porque onde há zombaria, há, certamente, uma operação maligna.
Não é à toa que as Escrituras dizem que as más conversações corrompem os bons costumes (I Co.15:33).
O ambiente de irreverência, de zombaria, de chocarrices (palavras “sujas” ou “picantes”) e de parvoíces (palavras vãs ou tolas) é sempre um local propício para a proliferação do que não agrada a Deus (Ef.5:4). Saiamos de meios assim, amados irmãos!
– A segunda atitude dos inimigos foi desprezar os judeus. O inimigo sempre lança do desprezo como estratégia para desanimar os servos do Senhor.
Através do desprezo, são realçados os defeitos, as fragilidades, a fim de que aquele disposto a realizar a obra de Deus se ache incapacitado para tamanha empreitada.
A este desprezo, Neemias respondeu com a confiança em Deus, como todos devemos fazer. Somos fracos, mas, como afirma o apóstolo Paulo, quando estamos fracos, aí que encontramos a fortaleza que está com o Senhor (II Co.13:4).
– A terceira atitude dos inimigos foi a de acusar os judeus de rebelião contra o rei da Pérsia.
O inimigo é o “diabo”, palavra grega cujo significado é “acusador”, pois seu papel é acusar os servos de Deus de dia e de noite, incansavelmente (Ap.12:10).
Por isso, não podemos nos intimidar quando somos acusados pelo inimigo, que, como mentiroso que é, sempre levantará mentiras para tentar impedir a obra do Senhor. Devemos, antes, glorificar ao Senhor, porque sermos alvo de mentiras por causa de Cristo é uma bem-aventurança (Mt.5:11,12).
Ante estas três atitudes dos inimigos, Neemias foi firme. Demonstrou sua integral confiança em Deus, que é quem os faria prosperar naquela obra;
disposição inabalada, ao dizer que, apesar das zombarias, desprezos e acusações, os judeus se levantariam e edificariam os muros de Jerusalém, como também confirmou a sua identidade de povo de Deus, ao dizer que os inimigos não tinham parte, nem justiça nem memória em Jerusalém.
– Assim também devemos agir, ao saber que o inimigo se levanta contra nós. Devemos aumentar nossa fé em Deus, reafirmar a disposição para servi-l’O e, sobretudo, não sair de nosso lugar, mantendo-nos separados do mundo e do pecado.
II – A PRIMEIRA ARMA DO INIMIGO: A ZOMBARIA
– O capítulo 4 de Neemias mostra que a resposta dada por Neemias aos seus inimigos parece que não deu qualquer resultado prático.
Apesar daquela resposta, os inimigos continuaram a fazer a oposição à obra do Senhor, tanto que, assim que iniciada a edificação do muro, Sambalate ardeu em ira e se indignou muito e escarneceu dos judeus (Ne.4:1).
– Diante das ameaças feitas pelos inimigos, como vimos, Neemias deu uma resposta sábia e que serviu de alento para que o povo iniciasse a reedificação dos muros, mas os inimigos não se intimidaram por causa do início da obra.
Jamais pensemos que a nossa atitude resoluta de fazer a obra de Deus corresponderá uma cessação das ações do adversário.
Pelo contrário, como já dissemos, o inimigo é incansável em sua tarefa de se opor à obra do Senhor. Por isso, jamais esperemos que o inimigo cessará de obstruir o nosso trabalho para Deus.
– Sambalate, ao saber do início da obra, “ardeu em ira, e se indignou muito e escarneceu dos judeus”. Esta é sempre a atitude das hostes espirituais da maldade quando veem a realização da obra do Senhor. Eles ardem em ira, indignam-se e passam a escarnecer dos servos de Deus.
– Diante da ira e da indignação do inimigo, sua primeira ação é, como já visto, a zombaria. Sambalate reuniu os seus irmãos (samaritanos e/ou moabitas) e, diante do exército de Samaria, disse:
“Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isto? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montes do pó as pedras que foram queimadas?” (Ne.4:2).
– Notamos nestas indagações cheias de ira e de indignação da parte de Sambalate que a primeira arma lançada pelos inimigos da obra de Deus é, mesmo, a zombaria.
Os judeus são chamados de “fracos” e é posta em dúvida a capacidade que tinham os judeus de realizar a obra.
– O motivo da ira e indignação de Sambalate estava ligada diretamente ao “sacrifício” dos judeus. O templo já estava reconstruído há anos, mas seu serviço não era realizado a contento precisamente porque Jerusalém estava desguarnecida e sem segurança não havia como se realizar plenamente o trabalho do templo.
Além do mais, a reconstrução se iniciou precisamente pela “porta das ovelhas”, o local de entrada dos animais para serem levados ao sacrifício (Ne.3:1).
– O inimigo arde em ira e se indigna quando temos uma vida de comunhão com o Senhor, quando temos nossas vestes lavadas e purificadas no sangue de Cristo, vertido na cruz do Calvário e, sem pecado, passamos a servir a Deus fielmente.
O inimigo, diante de uma situação destas, levanta-se e quer sempre nos convencer de que somos “fracos”, de que não temos condição alguma de vivermos uma vida de santidade e de comunhão com o Senhor.
Não nos deixemos intimidar com esta “zombaria”, com esta mentira satânica, pois, apesar de nossas fraquezas, o Senhor pronto está para nos fazer prosperar e nos ter uma vida de vitória até chegarmos à eternidade. “O Deus dos céus nos fará prosperar”!
– Sambalate indignava-se e perguntava ao exército de Samaria se ele iria permitir a reconstrução dos muros, como se tudo dependesse da “permissão” dos samaritanos.
Na verdade, a permissão fora dada pelo rei da Pérsia, que era superior aos governadores dalém do rio.
Quando somos efetivamente chamados pelo Senhor para realizar a Sua obra, não precisamos ficar preocupados com a “permissão” de quem quer que seja, pois já temos a autorização do único que tem poder para fazê-lo, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores.
Por isso, jamais podemos dar início a alguma atividade na obra do Senhor se não tivermos sido devidamente comissionados pelo dono da obra.
– Na sua indignação, ainda, Sambalate faz uma provocação, uma bravata, ao afirmar se os judeus acabariam aquela obra em um dia.
Assim agindo, Sambalate procurava apressar o esforço dos judeus, torná-los presunçosos e, assim, fazer com que eles deixassem de ser prudentes.
A reedificação, realmente, concluiu-se num tempo recorde, apenas cinquenta e dois dias (Ne.6:15), mas não houve, da parte de Neemias nem dos judeus, qualquer pressa na sua conclusão por causa das bravatas de Sambalate.
– Devemos realizar a obra do Senhor sem demora e com presteza, mas não podemos nos precipitar. Muitas vezes o inimigo procura dar um senso de urgência e de rapidez que não condiz com a vontade do Senhor.
O servo de Deus deve ser prudente, tudo fazer com paciência, até porque a paciência é uma característica própria de quem serve ao Senhor (Rm.5:3,4; 8:25; II Co.6:4; II Ts.3:5; I Tm.6:11; Hb.6:12,15; Ap.14:12).
– Quantos, lamentavelmente, mormente nos dias de hoje, onde tudo é urgente e tem de ser rápido, acabam caindo nesta armadilha do inimigo e tem sérios prejuízos tanto em sua trabalho para o Senhor como também em suas próprias vidas espirituais.
Não nos portemos como Saul que, por não aguardar algumas horas a mais, acabou por perder a confirmação de seu reino (I Sm.13:8-14).
– A obra é de Deus e quem estabelece, pois, o seu cronograma não é o adversário de nossas almas, mas, sim, o dono da obra, o Senhor Jesus Cristo.
Sempre nos lembremos disto quando formos atiçados pelo inimigo para darmos lugar à impaciência e à pressa inconsequente e sem a divina orientação e cujo intento é tão somente fazer com que percamos a bênção do Senhor (Sl.31:22).
– Sambalate, em sua indignação, também demonstrou inconformismo com o fato de que “as pedras que tinham sido queimadas seriam vivificadas dos montões do pó”.
A modificação do estado de caos e de miséria sempre representa indignação ao inimigo e o trabalho dos servos do Senhor é trazer vida para aqueles que estão mortos no pecado. A obra de Deus é, mesmo, “vivificar” aquele que está morto, destruído e aviltado pelo mal.
– Tobias, o amonita, estava com Sambalate e, corroborando a zombaria, afirmou que “ainda que os judeus edificassem, vindo uma raposa derrubaria facilmente o seu muro de pedra” (Ne.4:3).
Temos aqui mais uma nítida artimanha do inimigo que é o de tentar pôr em dúvida a eficiência de nosso serviço a Deus.
Tobias dizia que uma “raposa” passando pelos muros seria capaz de derrubá-los, num nítido desdém à qualidade do serviço realizado.
Não podemos duvidar da qualidade de nosso serviço para Deus quando ele for feito segundo a orientação do Senhor e com amor e dedicação.
Apesar dos defeitos e afirmações que possam provir do inimigo pondo em dúvida a qualidade de nossos serviços, saibamos que nada que é feito com Jesus será de má qualidade.
– Diante destas zombarias e bravatas, que fez Neemias? Não se deixou intimidar pelos “vãos clamores” do inimigo, pois, saibamos todos, o inimigo sempre faz questão de ser ouvido e, para tanto, usa dos “vãos clamores”, sabe muito bem alardear aos quatro cantos as suas zombarias, sabe fazer escândalo (I Tm.6:20).
Diante das zombarias, Neemias recorreu à oração: “Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados, e caia o seu opróbrio sobre a sua cabeça, e faze com que sejam um despojo, numa terra de cativeiro, e não cubras a sua iniquidade, e não se risque diante de ti o seu pecado, pois que te irritaram defronte dos edificadores” (Ne.4:4,5).
– Diante das zombarias do inimigo, de toda a sua gritaria, Neemias recorreu à oração, aquela mesma oração no “aposento do seu quarto” que já o havia caracterizado quando teve conhecimento da situação de miséria e desprezo que passavam os judeus ainda no palácio real em Susã (Ne.1:5-11).
Não temos de nos intimidar com as ações do inimigo, mas ir aos pés de Jesus para que possamos ter forças necessárias para superar a oposição.
– Em sua oração, Neemias não fugiu da realidade das zombarias, mas, como era um homem espiritual, entendeu que as zombarias não eram feitas aos judeus, mas, sim, ao Deus dos céus que os faria prosperar.
Por isso, compreendendo que a oposição se fazia a Deus e não aos Seus servos, meros executores da vontade divina, pediu que o Senhor observasse aquelas palavras inconsequentes e fizesse justiça.
– Não se tratou aqui de uma “oração contrária”, verdadeira “macumba evangélica”, que muitos incautos andam propagando por aí e que não é comportamento de um verdadeiro servo de Jesus que, por imitar o seu Mestre (I Co.11:1), não veio para condenar o mundo, mas, sim, para que o mundo seja salvo por Cristo (Jo.3:17).
Tratou-se, sim, de entregar a rebeldia contra Deus a quem deve fazer justiça, que é o próprio Deus, uma vez que a vingança é algo que somente Deus pode realizar (Dt.32:35; Sl.94:1; Rm.12:19).
– Além da oração, a reação de Neemias e dos judeus às zombarias do inimigo foi a “inclinação para trabalhar”, ou seja, a disposição resoluta de fazer a obra apesar das críticas e dos desprezos vindos da parte dos inimigos.
A resposta dada pelos judeus diante da zombaria foi a conclusão de metade da obra, porque “o coração do povo se inclinava a trabalhar” (Ne.4:6).
– Diante das zombarias, não podemos esmorecer, mas cuidar do nosso coração, ou seja, temos de nos manter firmes e resolutos em nossa comunhão com o Senhor, prontos a fazer a Sua vontade.
Não podemos ficar olhando ao que o inimigo faz à nossa volta, não podemos nos impressionar com as circunstâncias, com a “gritaria” promovida pelo adversário, mas temos de nos compenetrar na obra que nos dispusemos a fazer e realizá-la.
Devemos, sim, “orar”, mas não podemos deixar de agir. “Oração” mais “ação” trará condições para sermos vencedores. Temos agido além de orar?
III – A SEGUNDA ARMA DO INIMIGO: A MULTIPLICAÇÃO DOS ADVERSÁRIOS
– As zombarias não tinham surtido efeito. Os judeus não haviam crido nas mentiras de Sambalate e de Tobias a respeito da necessidade de precipitação, muito menos na incapacidade dos edificadores e na má qualidade dos seus serviços.
Ante estas falsas declarações, responderam com presteza, mas sem afobação, como também com oração e ação, tanto que logo metade do serviço já havia sido realizada.
– Diante desta constatação, os inimigos não se cansaram, nem desistiram de seu intento. Pelo contrário, reuniram-se para que, juntos, pudessem impedir a realização da obra.
A Tobias e Sambalate, uniram-se os arábios, os amonitas e os asdoditas em ira, em grande ira (Ne.4:7).
– O aumento do número de inimigos é mais uma arma levada a efeito contra os servos do Senhor quando estes estão “inclinados a trabalhar”.
Enquanto “a reparação dos muros ia crescendo e as roturas se começavam a tapar”, também aumentava não só a ira dos adversários, como o seu número.
– Não nos iludamos, amados irmãos, com o adversário de nossas almas. Ele é o “príncipe deste mundo” e tem à sua disposição as “hostes espirituais da maldade”, de modo que todo e qualquer serviço para Deus, quanto mais crescer, maior oposição e fúria apresentará da parte do maligno. Por isso, o Senhor Jesus já alertava sobre “toda a força do inimigo” (Lc.10:19).
– O diabo é um hábil estrategista e, por isso, ele não usa, logo de início, de todo o seu arsenal, de todas as suas hostes.
Muito pelo contrário, ele vai aumentando a sua força à medida que percebe que o servo do Senhor não está a se intimidar e, pela fé, vai vencendo todos os seus ardis, todas as suas astutas ciladas.
– Os edificadores, apesar das zombarias, haviam sido hábeis o suficiente para chegar até a metade da obra.
Não só os muros já haviam sido construídos até a metade como também as roturas estavam sendo tapadas (Ne.4:7).
Não só temos de fazer crescer a obra de Deus, mas temos de fazê-lo da melhor maneira possível. Não basta levantarmos os muros até a metade, é preciso que, também, tapemos as roturas.
– Temos aqui uma preciosa lição, qual seja, a de que quantidade e qualidade devem estar presentes na obra do Senhor.
Muitos hoje se preocupam com quantidade, com número de crentes, com número de batismos, com número de batismos com o Espírito Santo, mas não têm sido tão diligentes em “tapar as roturas”, ou seja, não permitir que nasçam raízes de amargura, dissensões, tristezas, que não permitam uma edificação espiritual de qualidade.
Que Deus nos guarde e que, assim como os judeus dos dias de Neemias, não só avancemos quantitativamente, mas que também tenhamos um crescimento qualitativo, sem “dar lugar ao diabo” (Ef.4:27) nas roturas da Igreja do Senhor.
– Ao lado de Sambalate, Tobias e Gesem estavam não só os seus compatriotas (arábios amonitas), como também os asdoditas, ou seja, os moradores de Asdode, uma das cinco cidades filisteias (Js.13:3),
com quem, aliás, os judeus provenientes do cativeiro tinham estabelecimento um relacionamento próximo, ainda que fora da direção do Senhor, chegando, inclusive, a realizar casamentos entre si (Ne.13:23,24), a indicar que devemos ter cuidado em nossos relacionamentos neste mundo.
– Devemos sempre ter em conta que quem não é por Cristo, é contra Cristo (Mt.12:30; Lc.11:23) e, desta maneira, não há como pessoas, ainda que próximas, poderem realizar a obra do Senhor se não for de Jesus.
O Senhor foi bem claro ao dizer que quem não ajunta com Ele, espalha. Os asdoditas, apesar de seu relacionamento próximo aos judeus, indignaram-se tanto quanto os inimigos declarados com o progresso da obra do Senhor e assim sempre farão aqueles que, embora amigos, não forem de Cristo Jesus.
– Vemos com apreensão a falta de vigilância de muitos que, na atualidade, aceitam que “asdoditas” venham “ajudar na obra do Senhor”. Na verdade, estas pessoas estão no maligno, não foram chamadas pelo Senhor
Jesus e nada poderão contribuir para a realização da obra de Deus. No momento crucial, irão se aliar com aqueles que são contrários, com os adversários da obra de Deus, visto que têm a mesma natureza perversa dos inimigos declarados da Igreja. Não nos deixemos iludir, amados irmãos!
– Lembremos, ainda, que “Asdode” significa “fortaleza, castelo” e daí podemos entender que se aliar aos “asdoditas” é se aliar “às fortalezas” do maligno, ou seja,
temos aqui a indicação que estas pessoas que se aproxima do povo de Deus para lhes retirar a identidade,
para se imiscuir e prejudicar nosso relacionamento com o Senhor, são verdadeiras “fortalezas” de Satanás e o apóstolo Paulo diz que nossas armas espirituais têm como alvo precisamente a destruição de tais fortalezas (II Co.40:4), a nos indicar, claramente, que jamais podemos nos misturar com elas.
– Os inimigos se uniram com um nítido propósito: “virem guerrear contra Jerusalém e desviarem os judeus do seu intento” (Ne.4:8).
– A multiplicação dos inimigos, o aumento da força do maligno contra aqueles que estão a realizar a obra do Senhor tem dois intentos: a guerra contra Jerusalém e o desvio do intento de edificação.
– Por primeiro, o aumento da força do inimigo traduz-se numa guerra contra Jerusalém, no ataque decidido contra os edificadores.
Não é de se admirar, portanto, que, em meio à realização da obra do Senhor, o maligno comece a operar com toda a sorte de males, vindos das profundezas de Satanás, para tentar impedir a realização da obra do Senhor.
Os “dardos inflamados do inimigo” (Ef.6:16), as “setas malignas” são nítidas realidades em nossa vida espiritual e não podemos, de modo algum, ficarmos despercebidos quanto a este aspecto.
– Já existem servos de Deus que, enganados pelo diabo, acham que o inimigo não mais atua através de ações espirituais.
Acham que o diabo está “amarrado”, que não há mais possessões demoníacas nem ações malignas desencadeadas diretamente pelos demônios.
Não pensemos assim, amados irmãos! É óbvio que não iremos atribuir tudo aos demônios, às hostes espirituais da maldade, mas, notadamente quando estamos a realizar a obra do Senhor, não podemos deixar de verificar que é este o proceder do diabo, máxime quando suas bravatas não surtem efeito.
– Olhemos para os Evangelhos e lá veremos, com absoluta clareza, que, tendo Jesus iniciado Seu ministério público, mais do que depressa aumentaram os números de possessões demoníacas em Israel, como toda sorte de ações malignas.
Jesus expulsou muitos demônios precisamente porque, com o início de Seu ministério, as forças do mal se reuniram e começaram a atuar com maior desenvoltura e intensidade, precisamente em virtude de Cristo estar a realizar a obra de Deus, a fazer a vontade do Pai.
– A multiplicação dos inimigos é uma realidade que não pode nos intimidar, apesar do maior sofrimento que isto acarretará a cada um dos servos do Senhor.
Os adversários, humanos ou demoníacos, virão “guerrear contra Jerusalém” e esta guerra exige de cada um de nós o devido revestimento da “armadura de Deus”, descrita pelo apóstolo Paulo em Ef.6:14-18.
O apóstolo sabia bem para quem estava a escrever, pois, em Éfeso, antro de feitiçaria e idolatria (At.19:19,35), Paulo teve de se revestir de todas estas armas a fim de ser vencedor, como o foi.
– Vivemos dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja e, sabendo disto, o diabo tem incrementado cada vez mais a ação de suas hostes espirituais.
É notório o aumento do misticismo na humanidade, o resgate da bruxaria, do satanismo, do esoterismo. Diante deste quadro, que prenuncia que se está a completar a obra da Igreja, temos de estar, mais do que nossos pais,
revestidos da “armadura de Deus”, em íntima comunhão com o Senhor, por meio de uma vida de santificação e de busca da Sua presença e do Seu poder.
Muitos, porém, na contramão da história, estão se deixando dissuadir pela multiplicação das forças do mal e, negligentemente, deixado de buscar a Deus. Acordemos, amados irmãos, enquanto é tempo!
– Mas a multiplicação dos inimigos, também, traz uma outra armadilha além da “guerra espiritual”: o desvio do intento da edificação.
Além de se reunirem para guerrear, os inimigos de Neemias procuraram criar situações, circunstâncias que fizessem os judeus se desviar do seu intento, que era a edificação dos muros de Jerusalém.
– A “distração” é uma das principais armas que o inimigo, quando se multiplica, quando aumenta o uso das suas forças, tem usado para fazer cessar a obra de Deus.
“Distrair” é “fazer ir para diferentes lados; separar; dividir; desviar ardilosamente a atenção do adversário para fazê-lo cometer erro”.
– Os inimigos resolveram criar situações e circunstâncias que fizessem Neemias e os judeus deixarem de edificar e se dedicar a outras tarefas que não fosse a edificação.
É precisamente este o ardil do inimigo: desviar-nos do nosso intento de edificar, de realizar a obra de Deus.
Infelizmente, não muitos que, em nossos dias, estão fazendo de tudo, menos a obra do Senhor, porque estão envolvidos com os “cuidados deste mundo” e se distraíram, deixando de fazer a vontade de Deus.
– Muitas de nossas igrejas locais vivem hoje à base de “entretenimento”, ou seja, de diversas atividades que perderam totalmente o intento de edificação da Igreja, são pessoas que gastam seu tempo em uma série de ações que não mais têm o propósito de servir a Deus, muito menos de realizar a Sua obra.
Desta qualidade são muitos dos “folguedos” que tomam a maior parte do calendário das igrejas e que apenas servem para “divertimento”, “confraternização”, sem qualquer resultado prático de salvação de pessoas, de crescimento espiritual dos salvos, pois não há ministração autêntica da Palavra, nem tampouco batismos com Espírito Santo, muito menos manifestação genuína e distribuição de dons espirituais.
São pessoas que, infelizmente, não vigiaram e, por isso, o inimigo pôde “desviar os crentes do intento de edificar a Igreja do Senhor”.
– Diante desta multiplicação de forças adversárias, com o propósito de guerrear contra Jerusalém e de desviar o intento de edificação dos judeus, Neemias respondeu, uma vez mais, com oração e com vigilância (Ne.4:8).
– Sabendo que as forças do inimigo se multiplicaram e se uniram para guerrear contra Jerusalém e desviar os judeus do intento de edificação, Neemias orou ao Senhor e pôs guardas contra os inimigos, de dia e de noite.
– Jesus recomenda-nos a mesma atitude de Neemias: “Vigiai e orai” (Mt.26:41; Mc.13:33; 14:38).
“Vigiar é ordem santa”, como diz conhecido hino sacro, de autoria de Fanny Crosby (1820-1915), e precisamos estar vigilantes e atentos para que não sejamos envolvidos pelos ardis de Satanás.
Não sabemos quando vem o tempo e, por isso, ante a prontidão do inimigo em atacar, precisamos estar sempre vigilantes para não sermos apanhados de surpresa pelo adversário.
– Havia guardas de dia e de noite por causa dos inimigos e contra eles. De igual modo, devemos pôr guardas em nós mesmos, de dia e de noite, para que não sejamos desviados de nosso propósito de servir a Deus. Amados irmãos, voltemos ao foco!
A Igreja existe para pregar o Evangelho, para a salvação dos incrédulos e para a edificação espiritual dos salvos, para a propagação do amor de Deus, para a manifestação do reino de Deus.
Não tornemos nossas igrejas locais em clubes sociais nem tampouco em um local irrelevante na luta contra o pecado, o mal e o inferno.
– Em vez de ficarmos gastando tempo e dinheiro em “folguedos”, unamos nossos esforços na evangelização, notadamente no evangelismo pessoal, método insubstituível;
unamo-nos na realização de reuniões de oração, em cultos de vigília; em reuniões de ensino da Palavra de Deus, em especial, na Escola Bíblica Dominical e, certamente, veremos a obra do Senhor ser edificada, as pessoas sendo salvas e os crentes crescendo na graça e no conhecimento de Cristo Jesus.
IV – A TERCEIRA ARMA DO INIMIGO: A OPOSIÇÃO INTERNA PELO DESÂNIMO E PELAS MÁS NOTÍCIAS
– A colocação de guardas de dia e de noite parecia ter resolvido a questão. No entanto, em meio à realização da obra, surge um novo adversário: o inimigo interno.
Até aqui vemos que os adversários de Neemias eram inimigos externos, ou seja, os povos que hostilizavam os judeus: samaritanos, amonitas e asdoditas.
– No entanto, ao longo das estratégias lançadas pelos inimigos, parte dos judeus se deixou envolver. Neemias havia enfrentado a zombaria e a multiplicação das forças adversárias, a tudo respondendo com oração e vigilância, além de inclinação para trabalhar, mas muitos dos judeus deixaram-se intimidar pelos “vãos clamores” dos adversários.
– Em Ne.4:10, vemos que o próprio Judá se dirigiu a Neemias e afirmou: “já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito, e nós não poderemos edificar o muro”.
A pressão feita pelos inimigos já se fazia sentir, tanto que, entre os judeus, já se ouvia quem achasse que não havia, mesmo, condições de se terminar a obra, pois as forças dos carregadores já havia se esgotado, havia ainda “muita terra para tirar” (como diz a Versão Antonio Pereira de Figueiredo).
– Apesar de a maior parte do povo ter seguido Neemias na devida resposta aos ataques do inimigo, parte do povo já se sentia envolvida e comprometida com as armas lançadas pelo adversário. Num povo, nem todos são iguais, nem todos têm a mesma estrutura, existem os “fracos na fé”.
– Surge, então, uma nova arma do inimigo, que é a oposição interna, que é o descomprometimento de parte do próprio povo de Deus com a obra, iludidos e enganados pela propaganda efetuada pelo inimigo que, como já dissemos, é sempre estridente e escandaloso em suas ações.
– Já se começaram a ouvir estas “vozes do desânimo” entre os judeus que, tendo sabido das notícias a respeito da união dos adversários, bem como a quantidade de serviço que ainda precisava ser feito, passaram a não mais crer em Deus, que é quem os faria prosperar, e passaram a endossar, reforçar o discurso do inimigo.
Temos aqui um terrível armamento do inimigo, pois, a partir do momento em que se consegue dominar a própria mentalidade do povo de Deus, temos uma dupla dificuldade, que é a de extirpar esta mentalidade, sem que se possa, porém, prescindir do elemento que está tendo esta mentalidade, mas que pertence ao povo de Deus e não pode ser descartado.
– Com relação aos inimigos, Neemias podia pedir a Deus que fossem eles julgados conforme a sua rebeldia contra o Senhor, com relação ao “fraco na fé”, que tem parte, justiça e memória em Jerusalém, seu procedimento não poderia ser este. Que dificuldade!
– Os inimigos, para aterrorizarem ainda mais os judeus, passaram também a dizer que entrariam no meio dos judeus de modo repentino, sem que eles percebessem e, desta maneira, fariam cessar a obra (Ne.4:11).
Buscavam, então, diante do desânimo já implantado, adicionar o pavor, o terror, que são outras armas muito bem utilizadas pelo adversário na tentativa de nos fazer abandonar a obra de Deus.
– Para trazer o terror e o pavor, os inimigos se utilizaram dos próprios judeus. Mais uma vez vemos a tentativa de se utilizar a “oposição interna” para enfraquecimento do povo do Senhor.
Com efeito, foram os “judeus que habitavam entre os inimigos”, os portadores das notícias a respeito da movimentação dos inimigos, já reunidos e que estavam prontos para guerrear contra Jerusalém (Ne.4:12). Por dez vezes, vieram avisar Neemias a respeito do “ataque iminente”.
– Devemos ter muito cuidado, irmãos, para não nos tornarmos “mensageiros do inimigo”. Os judeus que habitavam entre os samaritanos, amonitas, arábios e asdoditas eram, em primeiro lugar, judeus relapsos, que, em vez de habitarem no meio do seu povo, haviam preferido habitar nas cidades dos inimigos dos judeus.
Seu descaso com o povo de Deus apenas se intensificou na medida em que não atenderam ao chamado de Neemias, não vindo a ajudar os judeus na reedificação dos muros de Jerusalém.
– Estejamos sempre atentos com os “alarmistas” de plantão. Estão eles a realizar a obra do Senhor ou apenas aparecem para tentar desviar o nosso intento, nos atemorizar ou nos apavorar?
Estão comprometidos com o Senhor Jesus, ou apenas são portadores de más notícias? Sempre duvidemos daqueles que nada fazem mas sempre dão palpites e estão sempre prontos a querer nos desanimar!
– Neemias não expulsou os judeus desanimados da reedificação dos muros, nem tampouco lançou em rosto a ociosidade daqueles que eram tão somente portadores de más notícias.
Em resposta a este desânimo, a esta murmuração, bem como às notícias más, intensificou a vigilância, pondo guardas nos lugares baixos por detrás dos muros e nos lugares altos, como também o povo, pelas suas famílias, com as suas espadas, lanças e arcos (Ne.4:13).
– A resposta de Neemias à murmuração e ao estímulo ao terror e pavor foi reforçar a vigilância e armar o povo, tanto nos lugares baixos, quanto nos altos.
Em resposta à “oposição interna’, devemos reforçar a nossa armadura e a nossa vigilância. Devemos buscar mais a Deus do que antes, bem como dar condições para que todos os edificadores, mesmo os desanimados, sejam devidamente armados, notadamente com suas espadas, ou seja, com a Palavra de Deus.
– Muitos, lamentavelmente, em vez de se consagrarem mais a Deus e ensinarem a Palavra, estão a fomentar contendas e a promover dissensões no meio do povo de Deus, fazendo exatamente o que quer o inimigo, que é a paralisação da obra.
Deixemos de lado as discussões vãs e sem propósito e passemos a aumentar nossa vigilância e a proporcionar aos salvos o revestimento da armadura de Deus. Com isto, a obra prosseguirá e a vitória será alcançada.
– Neemias não se limitou, porém, a reforçar a vigilância e a armar o povo, mas também os reuniu e disse tanto a nobres, quanto a magistrados e ao restante do povo que não temessem os inimigos, mas que se lembrassem do Senhor grande e terrível, bem como estivessem dispostos a pelejar pelos seus filhos, mulheres e casas (Ne.4:13).
– Neemias chamou o povo e estimulou a sua fé. Como é importante que o líder não se deixe abater e demonstre, mesmo em meio às dificuldades, que, em seu coração, continua a arder a mesma confiança em Deus que o fizera iniciar a obra de Deus.
As lideranças devem ser estimuladores e incentivadores da fé do povo, mostrando, em primeiro lugar, que esta fé está presente na sua própria vida. Como costumava dizer o saudoso pastor Anselmo Silvestre (1916-2012), “tudo tem de começar do altar”.
– O resultado do reforço da vigilância e da armadura, como também do estímulo à fé, foi que os inimigos, ao saberem disto, ao perceberem que Deus lhes havia dissipado o conselho,
simplesmente não vieram para promover o ataque militar tantas vezes avisado, tendo, então, o povo, já seguro e estimulado, voltado ao muro, cada um à sua obra (Ne.4:15).
– Se reforçarmos a vigilância e nos revestirmos da armadura de Deus, sendo estimulados no aumento de nossa fé, nada nos poderá impedir de prosseguir a obra do Senhor.
Sabemos que o inimigo é incansável, não cessará de tentar nos impedir, mas, ante o reforço da vigilância e da armadura de Deus, não há como o Senhor não dissipar o conselho do inimigo, não há como Deus não desfazer as obras do diabo e abrir caminho para que a Sua obra seja realizada por nós.
O Senhor garante a nossa vitória, amados, pode crer nisto sem dúvida alguma, pois Ele veio para desfazer as obras do diabo (I Jo.3:18). Aleluia!
– O fato de os inimigos não terem atacado, porém, não foi suficiente para se desfazer a mobilização resultante do reforço da vigilância e da armadura.
Desde aquele dia em que Neemias reunira o povo para lhes estimular a fé, metade dos moços passou a trabalhar na obra e a outra metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos, as couraças e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá (Ne.4:16).
Cada um dos carregadores com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas, enquanto os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos e edificavam, além do que o que tocava a trombeta estava sempre com Neemias (Ne.4:17,18).
– A vigilância não é uma atitude episódica, efetuada no momento da dificuldade ou da resolução numa assembleia de todos, mas deve ser algo contínuo, perseverante, constante na realização da obra de Deus.
Todos os carregadores, os edificadores, os que estavam a trabalhar e os que não estavam a trabalhar, todos, sem exceção, estavam armados.
– Todos os salvos, na Igreja, têm de estar armados, estejam, ou não, em atividade na obra, sejam edificadores ou carregadores.
Os líderes, por sua vez, têm de estar por detrás de toda a casa de Judá, ou seja, não basta que estavam à frente, para presidir, precisam também estar na retaguarda, ou seja, na supervisão, na observação de toda a movimentação do povo.
– Mas Neemias também percebeu que, além de toda esta vigilância e armas, havia a necessidade de um outro fator: a união.
“Grande e extensa é a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros. No lugar onde ouvirdes o som da buzina ali vos ajuntareis conosco. O nosso Deus pelejará por nós” (Ne.4:19,20).
– Não há como fazermos a obra do Senhor se não estivermos unidos, se não estivermos em comunhão. Longe uns dos outros, não teremos sucesso.
Por isso, é dito que a igreja primitiva perseverava na comunhão e no partir do pão (At.2:42).
– Ultimamente, surgiu a ideia disseminada entre muitos de que só é possível a “comunhão em Cristo” em “pequenos grupos” e que, por isso, somente se conseguirá realizar a obra de Deus em “células”, o que, no entanto, não é verdade.
A “comunhão em Cristo” não se circunscreve a um número pequeno de pessoas, é algo que pode ocorrer também em um grande número, como aconteceu aqui nos dias de Neemias, onde eram milhares os envolvidos, todos unidos e em comunhão.
Para tanto, muito melhor do que um determinado número de pessoas, é necessário que todos não se apartem uns dos outros, que haja comunhão, que todos se façam companheiros uns dos outros. “Quando ouvirdes o som da buzina ali vos ajuntareis conosco”.
É preciso que estejamos tão somente atentos com os nossos ouvidos à “buzina”, ao chamado do Senhor. Devemos ser verdadeiramente irmãos, estarmos unidos e juntos.
– O “movimento celular” tem se intensificado nos últimos anos por causa, precisamente, do fato de que, nas igrejas locais, tenham muitos ou poucos membros, não importa, termos assistido passivamente ao distanciamento dos crentes.
Estão realizando a obra do Senhor longe uns dos outros, sem qualquer interesse em se aproximar. A mentalidade do mundo atual, que é individualista e egocêntrica, tem contaminado a muitos que cristãos se dizem ser. O resultado disto é o distanciamento que nega a realidade do Evangelho.
– Neemias sabia que Deus somente pelejaria por eles se eles se mantivessem unidos, se não se apartassem um do outro. Como vimos na lição anterior, onde há união, o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre (Sl.133).
– A vigilância era contínua e perseverante. Desde a subida da alva até ao sair das estrelas, o trabalho era feito co metade dos moços devidamente armados e vigilantes (Ne.4:21).
À noite, quando a obra não podia ser feita, nem por isso a vigilância diminuía, pois havia ordem para que cada um ficasse com o seu moço em Jerusalém para que de noite servissem de guarda (Ne.4:22).
– E, mais uma vez mostrando que era um líder exemplar, Neemias não só ordenou como ele próprio passou a ter uma vigilância constante, pois nem ele, nem os homens da guarda que o seguiam, largavam seus vestidos, cada um indo com suas armas à água (Ne.4:23).
– Embora este trecho deva ser entendido literalmente, ou seja, que Neemias, nem mesmo quando se banhava, deixava as suas armas ou as suas vestes, para que não ser apanhado de surpresa desarmado, temos aqui uma rica lição espiritual:
não devemos, em momento algum, na realização da obra do Senhor, “baixar a guarda”, deixar, nem um momento sequer, de usar as nossas vestes de salvação, que recebemos quando nos encontramos com o Senhor Jesus. Jamais podemos ser achados nus em nossa vida espiritual (II Co.5:3; Ap.3:17,18).
– Que com estas lições preciosas deste capítulo 4 de Neemias saibamos enfrentar o inimigo de nossas almas e realizar, com êxito, a obra que o Senhor Jesus nos confiou. Amém!
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/5639-licao-9-como-vencer-as-oposicoes-a-obra-de-deus-i