LIÇÃO Nº 9 – HABACUQUE, A SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES
28 de novembro de 2012
O livro de Habacuque mostra-nos que Deus é soberano e que o justo deve viver pela fé n’Ele.
INTRODUÇÃO
– No livro de Habacuque, aprendemos que Deus é soberano, tem o controle de todas as coisas e que resta ao justo tão somente ter fé n’Ele.
I – O LIVRO DE HABACUQUE
– Na sequência do estudo dos profetas menores, estudaremos o oitavo livro do cânon, o livro de Habacuque.
– Em hebraico, “Habaquq” (חבקוק), que significa “abraço ardente”`, “abraço amoroso” ou “lutador”. Este livro é “sui generis”, pois seu livro é o resultado de uma indagação do profeta a Deus. Assim, não se tem, propriamente, uma mensagem de Deus para o povo, mas uma resposta de Deus ao profeta que é tornada pública.
– Assim como Naum, o livro de Habacuque foi escrito em verso, sendo, portanto, um poema, sendo que o terceiro capítulo é para ser cantado, como se verifica de Hc.3:19 e da anotação de pausa ou de mudança de tonalidade em Hc.3:13, a saber, “selá”, assim como se verifica nos Salmos.
– Há discussão sobre a data em que o livro foi escrito, já que, a exemplo do que ocorre em Obadias, o livro não registra a época da profecia, nem tampouco a origem do seu escritor. Uns entendem que o profeta escreveu pouco antes do cativeiro da Babilônia. Já outros acham que Habacuque escreveu durante o cativeiro da Babilônia, mas antes da queda de Babilônia na mão dos medo-persas.
– Edward Reese e Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica, publicada entre nós pela Editora Vida, situam o livro por volta de 606 a.C., pouco depois da prisão de Jeremias e sua submissão a julgamento em que foi absolvido (Jr.26:8-19), ou seja, perfilham a corrente que entende que Habacuque escreveu pouco antes do cativeiro da Babilônia, fazendo-o, pois, contemporâneo de Jeremias, Obadias e Sofonias, mais uma testemunha que Deus levanta em meio à apostasia do povo para dar notícia não só do juízo iminente sobre Judá, mas, também, da fidelidade de Deus e do Seu absoluto controle sobre a história, apesar da derrota do Seu povo.
– A mensagem do livro é, como já falamos, a resposta que Deus dá ao profeta quando inquirido do porquê da derrota dos judeus para a Babilônia. Em resposta a esta pergunta, Deus anuncia que Babilônia será, também, destruída e que a história é reservada para a vitória dos justos, através da fé. É em Habacuque que está revelado que o justo viverá pela fé, o que seria fundamental para o desenvolvimento doutrinário da Igreja, seja através de Paulo, ao escrever a Epístola aos Romanos, seja, séculos depois, como base para a Reforma Protestante.
– Além disso, Habacuque é, também, conhecido como “o profeta do avivamento”, pois é, também, em seu livro que aparece este termo no Antigo Testamento (Hc.3:2), o que fez deste profeta, também, uma fonte de inspiração para os vários movimentos de avivamento espiritual na história da Igreja.
– O livro de Habacuque, que tem 3 capítulos, pode ser dividido em três partes, a saber:
a) 1ª parte – diálogo entre Deus e o profeta – Hc.1:1-2:5
b) 2ª parte – os “cinco ais” sobre Babilônia – Hc.2:5-20
c) 3ª parte – a oração (ou o salmo) de Habacuque – Hc.3
– Em Habacuque, vemos, com o máximo esplendor no Antigo Testamento, o valor da fé em Deus para a justiça do homem.
OBS: “O Livro de Habacuque ante o Novo Testamento – A declaração de Habacuque de que o justo viverá por sua fé (2.4) é otexto-chave do AT usado por Paulo em sua teologia da justificação. O apóstolo cita o versículo em Rm.1.17 bem como em Gl.3.11 (cf. também Hb. 10.37,38).” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.1335).
“Cristo Revelado – Os termos usados em Hc em 3.13 ligam a ideia da salvação com o ungido do Senhor. As raízes hebraicas dessas palavras refletem os dois nomes do nosso Senhor: Jesus, que significa ‘salvação’, e Cristo, que significa ‘o Ungido’. O contexto aqui é o grande poder de Deus manifestado a favor do Seu povo, através de um Rei davídico, Que lhes traria libertação dos seus inimigos. O Messias veio no tempo determinado (2.3; Gl.4.4), foi dado a Ele o nome de ‘Jesus’ como a profecia pré-natal de Seu ministério (Mt.1.21), e nasceu na ‘cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor'(Lc.2.11).
Enquanto Habacuque espera pela resposta às suas perguntas, Deus lhe concede o presente de uma verdade que satisfaz suas ansiedades não-expressas, bem como apresenta a solução para sua situação presente: ‘O justo, pela sua fé, viverá’ (2.4). O apóstolo Paulo vê essa afirmação de Habacuque como a pedra fundamental do evangelho de Cristo (Rm.1.16,17). Cristo é a resposta para as necessidades humanas, incluindo a purificação do pecado, o relacionamento com Deus e a esperança para o futuro.” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.903).
– Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Habacuque tem 3 capítulos, 56 versículos, 12 perguntas, 1 ordenança, nenhuma promessa, 20 predições, 11 versículos de profecias, 2 mensagens distintas de Deus (Hb.1:5; 2:2).
– Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o livro de Habacuque, o 35º livro da Bíblia, está relacionado com a décima terceira letra do alfabeto hebraico, “mem” (ם), que advém da palavra hebraica para “água”, “correntes de água”, a indicar a origem, a fonte das coisas, como também o julgamento divino. Em Habacuque, temos esta mensagem de que a origem do julgamento do homem está em Deus, que é o absoluto controlador e juiz de todo o universo, mas, que, também, é a fonte da vida para aquele que n’Ele crê.
II – DIÁLOGO ENTRE DEUS E O PROFETA
– O livro do profeta Habacuque, como já dissemos, inicia-se com uma indagação, uma queixa do profeta a Deus, fazendo, mesmo, com que o profeta se assemelhe a estes “revoltados” que são incentivados e estimulados pelos falsos pregadores da prosperidade em nossos dias. A propósito, o livro de Habacuque é uma demonstração de que tal comportamento não é agradável a Deus e que não temos o que exigir do Senhor, mas, tão somente, como chega a conclusão o próprio profeta no final de seu livro, a crer em Deus, a ter fé n’Ele, pois Ele é o Senhor, faz o que quer e nós somos tão somente Seus servos.
– O profeta, vendo tanto a situação do seu povo, quanto a iminência da invasão dos babilônios em Judá, inconformado e sem entender o que via, indaga ao Senhor: “Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás?” (Hb.1:2).
– O profeta começa indagando ao Senhor porque permitia Ele que houvesse violência, houvesse iniquidade e “vexação”, palavra que, em outras versões, é traduzida por “opressão” (Versão Almeida Revista e Atualizada, Bíblia de Jerusalém), “perversidade” (Tradução Brasileira), “maldade” (Nova Versão Internacional), “trabalhos” (Versão Antonio Pereira de Figueiredo), “atos malévolos” (Bíblia Hebraica), “espetáculo da opressão” (Tradução Ecumênica Brasileira).
– O profeta mostra-se, assim, indignado com a contemplação de tanta maldade, violência, opressão na sociedade de seu tempo. Judá vivia um período de intensa injustiça social, até porque se encontrava em plena apostasia, e, como já temos visto ao longo deste trimestre, a prática do pecado intensifica a injustiça social, pois pecado é iniquidade, ou seja, pecado é injustiça (I Jo.3:4).
– O profeta, ao olhar a vida de seu país, via ali a prática da violência, o triunfo da maldade, sem que houvesse qualquer freio para esta situação. Bem ao contrário, ao olhar para o governo, em especial para aqueles que deveriam aplicar a lei, o profeta via tão somente a conivência com a situação de injustiça: “por esta causa a lei se afrouxa e a sentença nunca sai, porque o ímpio cerca o justo e sai o juízo pervertido” (Hc.1:4). Havia, portanto, uma sensação de impunidade, que contribuía para a proliferação do mal.
– É precisamente esta a situação em que vivemos na atualidade. Vivemos dias de multiplicação da iniquidade, de proliferação da maldade e do pecado e, em meio a esta trágica situação, o que contemplamos é a “frouxidão da lei”, seja através da incapacidade dos órgãos judiciários de fazer justiça diante de leis apropriadas e adequadas, seja, mesmo, pela aprovação de leis que tão somente corroboram e incentivam a prática do mal. Vivemos tempos difíceis, em que os valores têm sido invertidos e a maldade está a ganhar terreno cada vez mais.
– Diante deste estado de coisas, é normal que tenhamos a mesma reação do profeta, que nos indignemos e sejamos tentados a achar que Deus nos abandonou, que Deus perdeu o controle da situação. Não faltam mesmo aqueles que, diante deste estado de coisas, já está a defender a chamada “teologia aberta”, ou seja, uma inadmissível admissão de que Deus não é onipotente, que não tem controle sobre todas as coisas pois, se o tivesse, não permitiria tamanha maldade no mundo.
– Este pensamento, porém, queridos e amados irmãos, não tem qualquer respaldo bíblico e jamais deve ser adotado por quem serve ao Senhor. Ele é o Senhor, é onipotente, tem todo o controle sobre todas as coisas e, apesar de vermos a maldade ganhando terreno, lembremos que isto não só foi predito pelo Senhor em Sua Palavra, como tem propósitos sublimes, muitos dos quais não podemos alcançar ou entender. Além do mais, este avanço do pecado e do mal é passageiro e não tem o condão de atingir os justos, aqueles que servem fielmente ao Senhor. A injustiça e maldade não devem nos desanimar nem fazer descrer em Deus mas, sim, deve ser um motivo a mais para crermos no Senhor e fazermos a Sua vontade.
– A esta indagação do profeta, o Senhor não deixa sem resposta. Como é bom, amados irmãos, sabermos que podemos levar nossas queixas, dúvidas e consternações diante do Senhor, pois Ele está pronto a nos responder: “Clama a Mim, e te responderei, e te anunciarei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jr.33:3), disse o Senhor para Jeremias, e continua a nos dizer. Quando estivermos abalados em nossa vida espiritual pelo que vemos e ouvimos, corramos aos pés do Senhor, apresentemos nossa perplexidade a Ele, que Ele está pronto a nos responder. Aleluia!
– O Senhor diz a Habacuque que toda aquela perversidade e maldade que ele estava a contemplar em Judá não ficaria sem castigo. O Senhor estava enviando os caldeus, ou seja, os babilônios, para fazer justiça contra Judá (Hc.1:6).
– O Senhor descreve ao profeta que esta nação, por Ele escolhida para exercer juízo sobre os judaítas e tomar-lhes as moradas, como um povo horrível e terrível, dotados de um exército ligeiro e poderoso, que não teria dificuldades de vencer Judá e levá-lo cativo e, ainda por cima, atribuiria sua vitória ao seu deus (Hc.1:7-11).
– Diante desta resposta divina, o profeta, porém, não se deu por satisfeito. Quando soube que a injustiça vigente no meio do seu povo seria punida mediante a invasão de um povo estrangeiro que levaria Judá em cativeiro, o profeta teve inflamado o seu sentimento nacionalista e se indignou.
– Como poderia o Senhor permitir que o Seu povo fosse subjugado por um povo idólatra, por um povo que não servia a Deus? Onde ficaria a promessa de Deus de que o povo de Israel seria Sua propriedade peculiar dentre os povos? Como permitiria a destruição do Seu povo por parte de um povo mau e pecador? (Hc.1:12).
– Habacuque lembra o Senhor de que Ele era tão puro de olhos que não podia ver o mal nem contemplar a opressão, a maldade, a prática de atos maus (Hc.1:13). Como, então, usaria da maldade para punir a maldade? Como, então, castigaria o Seu povo pela prática do pecado mediante a vitória de um povo idólatra e pecador, que, inclusive, atribuiria sua vitória a deuses falsos e inexistentes?
– Habacuque resmunga com Deus, indagando-Lhe como poderia o Senhor castigar o Seu povo permitindo que “o ímpio devorasse aquele que era mais justo do que ele” (Hc.1:15 “in fine)?
– Habacuque, ainda indignado, pergunta ao Senhor como permitiria que o Seu povo ficasse sem governo, reduzindo os homens a meros peixes ou répteis (Hc.1:14), talvez aqui fazendo, inclusive, alusão à promessa messiânica, pois, com o cativeiro, cessaria a casa de Davi, que o Senhor prometera a Davi que duraria para sempre (II Sm.6:13; II Cr.6:16).
– Nesta sua indignação, o profeta, inclusive, chega a pôr em questão a fidelidade divina, visto que diz que, em assim tratando o povo de Judá, o Senhor pareceria arbitrário, não tendo um norte, fazendo como bem Lhe parecesse, inclusive “deixando matar os povos continuamente” (Hc.1:15-17).
– O profeta, ao agir desta maneira, mostra claramente que estava querendo reduzir o Senhor aos parâmetros humanos. Toda a sua indignação tinha um pressuposto, qual seja: Deus não pode fazer mal a Judá, nem permitir que Judá fosse subjugada pelos caldeus, uma vez que havia dito que Judá era Sua propriedade peculiar dentre os povos, Seu reino sacerdotal e povo santo. Deus era, então, “obrigado” a abençoar Judá e a mantê-lo livre dos outros povos.
– Neste seu pensamento, Habacuque, de certa maneira, aproximava-se da pregação dos inúmeros falsos profetas de seu tempo, cuja atuação vemos, com certa pormenorização, no livro do profeta Jeremias, que, como já dissemos, é contemporâneo deste profeta.
– Segundo estes falsos profetas, Deus jamais poderia permitir a destruição de Jerusalém e do templo, uma vez que tinha que cumprir as Suas promessas com o povo, ou seja, em virtude dos compromissos assumidos com a aliança firmada com Israel no monte Sinai, o Senhor ficaria “obrigado” diante dos israelitas, não importa o que os israelitas fizessem ou praticassem.
– É um conceito que ainda hoje vigora em muitas mentes desavisadas, qual seja, o que confunde a fidelidade divina com a Sua soberania, que rebaixa o Senhor ao nível do homem por causa do amor que Deus tem para com o homem e que levou o Senhor a ir em busca do homem, a fim de salvá-lo.
– Não resta dúvida de que Deus é amor e que tem desejo de salvar o homem, tanto que, assim que o homem caiu, fez questão de revelar-lhe Seu intento de salvá-lo, como vemos ainda no Éden ao Se dirigir ao primeiro casal, oportunidade em que prometeu que, da semente da mulher, viria um que restabeleceria a amizade entre Deus e o homem (Gn.3:15).
– Todavia, e isto é muito importante, o gesto de Deus de ir ao encontro do homem e de querer resgatá-lo, de forma alguma abala o caráter de Deus, caráter este que revela ser Deus soberano e justo. Deus é soberano, ou seja, é o ser supremo e, por isso mesmo, não Se prende a qualquer criatura, não Se nivela com qualquer de Suas criações.
– Embora Habacuque, ao contrário dos falsos profetas de seu tempo, não concordasse nem anuísse com a prática pecaminosa, entendendo que Deus deveria castigar os judaítas que haviam se pervertido, não conseguia entender que Deus pudesse punir o povo, levando-o ao cativeiro, como o Senhor lhe revelou na resposta à sua indagação. Achava, dentro de sua mente humana, que jamais um povo idólatra como Babilônia poderia triunfar e subjugar o povo escolhido de Deus.
– No entanto, o profeta estava equivocado. Deus, embora tivesse assumido um compromisso com Israel, embora houvesse escolhido Israel como Sua propriedade peculiar dentre os povos, não havia deixado de ser o Senhor de toda a terra. Na própria proposta de aliança a Israel, o Senhor deixa bem claro que toda terra era Sua (Ex.19:5 “in fine”), bem como que Ele era justo e que não fazia acepção de pessoas (Dt.10:17).
– Sendo assim, não fazia o menor sentido que o profeta questionasse o Senhor sobre o castigo aos judaítas, até porque o Senhor, ao contrário do que entendera o profeta, não tinha dito que destruiria ou mataria todos os judaítas, mas, sim, que os caldeus “congregariam os cativos como areia” (Hc.1:9) e “tomariam as terras” (Hc.1:10), algo que, inclusive, já havia sido estabelecido na própria lei como castigo máximo para o povo se se desviasse dos mandamentos do Senhor (Dt.28:63,64).
– A soberania divina faz com que o Senhor esteja sempre acima de Sua criação, inclusive do homem. É um grande erro querermos pôr Deus no mesmo nível nosso, como se fôssemos iguais a Ele. Ele é o Senhor, nós, Seus servos; Ele manda, nós obedecemos. Devemos fazer-Lhe a vontade e não o inverso.
– O Senhor poderia, sim, sem quebrar a Sua fidelidade, castigar o povo de Judá, retirar de sua terra, por causa dos seus pecados, bem como se utilizar de Babilônia como instrumento de Seu juízo, da mesma forma que havia se utilizado de Israel como instrumento de juízo sobre os habitantes primitivos de Canaã (Dt.9:4,5).
– Um grande equívoco nosso é tentarmos racionalizar as ações divinas, é tentarmos “enquadrar” o Senhor dentro dos parâmetros humanos, dentro da racionalidade humana. Este equívoco tem sido cometido por muitos que dizem ser cristãos em nossos dias, que, por quererem submeter Deus ao raciocínio humano, acabam se desviando dos caminhos do Senhor, porque não conseguem “entender” o Senhor.
– O Senhor, entretanto, está acima dos pensamentos humanos, como bem declarou pela boca do profeta Isaías (Is.55:8,9). Os pensamentos de Deus são muito superiores aos nossos, assim como os Seus caminhos são mais altos que os nossos. Não temos condição de querer entender o agir de Deus, nem tampouco temos condição de querer questionar o Senhor pelos acontecimentos, como se tudo o que soubéssemos a respeito de Deus não fosse por revelação do próprio Senhor.
– Se pudéssemos entender e compreender Deus, Deus não seria Deus, pois, por definição, Deus está acima de todas as suas criaturas, sendo o homem tão somente uma dela. Então, por que querermos questionar Deus para que Ele Se adapte aos nossos pensamentos e caminhos? Deus é Deus, está sempre muito acima de nosso entendimento, pois, como diz o salmista, Seu entendimento é infinito (Sl.147:5).
– Habacuque estava querendo reduzir Deus aos seus parâmetros, querer compreender Deus com base em seu raciocínio, em sua lógica e, como resultado disto, estava indignado com a resposta dada pelo Senhor a respeito de como se daria a punição, o castigo da impiedade vivida pelo povo de Judá. Quando queremos submeter Deus a nossos pensamentos e caminhos, corremos o risco de nos indignarmos e, se persistirmos nesta indignação, corremos sério risco de nos desviarmos dos caminhos do Senhor.
– A indignação apresentada pelo profeta não era razoável. Se certo estava ele de se indignar contra a injustiça presente no meio do seu povo, já não agia corretamente ao se indignar com a resposta que Deus lhe havia dado. O Senhor, reconhecendo o acerto do profeta em não folgar com a injustiça, prova de que o profeta Habacuque tinha o amor de Deus (I Co.13:6), não poderia permitir que Seu servo transgredisse dizendo o que Deus deveria, ou não, fazer.
– Habacuque estava tão indignado com a resposta que recebera da parte de Deus que resolveu ficar “de guarda”, como sentinela, como que esperando que o Senhor Se submetesse aos seus parâmetros, como se Deus tivesse de voltar atrás na resposta que havia dado à indagação do profeta, a fim de que, como profeta, Habacuque publicasse outra resposta de Deus ao povo (Hc.2:1).
– O Senhor respondeu ao profeta e, antes de lhe mostrar a visão, fez questão de mandar o Seu servo que escrevesse a visão e torná-la bem legível sobre tábuas, para que todos pudessem lê-lo (Hc.2:2).
– O Senhor fez, também, questão de afirmar que a visão era para o tempo determinado e que falaria até o fim, não mentiria. Se, aos olhos humanos, a visão demorasse, era para ser esperada, pois certamente ocorreria (Hc.2:3).
– Deus, então, mostra ao profeta, antes mesmo de dar-lhe a visão, que Ele está acima do tempo e, portanto, não pode o homem, mero mortal, submetido ao tempo e ao espaço, querer questionar o cumprimento daquilo que Deus revelou ao homem.
– Nos dias em que vivemos, onde impera um “imediatismo”, onde se quer que tudo se resolva “já”, é preciso lembrar que Deus está acima do tempo, que para Ele há um eterno presente e que, portanto, não podemos presumir que Deus não está a cumprir o que prometeu, nem tampouco que “está a tardar”, pois Ele é Deus, um Deus que vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12), um Deus que é fiel e que não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).
– Muitas vezes, tal como o profeta Habacuque, assumimos uma petulância inadmissível em nosso relacionamento com Deus, achando que podemos determinar “quando” e “como” Deus tem de cumprir as Suas promessas, como se Deus pudesse Se submeter a nossas vontades. Deus cumpre o que promete, “como” e “quando” quer , pois Ele é soberano, Ele é o Senhor.
– Por isso, o Senhor, antes mesmo de mostrar a visão ao profeta, fez questão de dizer ao profeta que o homem não pode assumir esta atitude presunçosa e incorreta, não pode permitir que “a alma se inche”, mas, sim, deve viver pela fé, ou seja, deve confiar em Deus, aguardar que Deus cumprirá as Suas promessas no modo e no tempo que entender corretos.
– Neste diálogo do profeta com Deus, vemos que o Senhor ensina o profeta que não deve questionar a Deus, mas, sim, n’Ele confiar, pois é assim que o justo poderá subsistir espiritualmente. Este segredo, aliás, foi a base para que o apóstolo Paulo compreendesse a justificação do ser humano, na epístola aos romanos, bem assim que Martinho Lutero empreendesse o grande avivamento da história da Igreja que foi a Reforma Protestante.
III – OS “CINCO AIS” SOBRE BABILÔNIA
– Após ter “posto o profeta no seu devido lugar”, o Senhor mostra a visão ao profeta a respeito do juízo que lançaria sobre Babilônia, pois, ao contrário do que supusera o profeta, Babilônia não ficaria impune por causa de sua maldade e idolatria.
– O Senhor mostra que os caldeus, apesar de serem utilizados como instrumento de justiça divina contra Judá, eram soberbos, “dados ao vinho”, faziam da morte a sua bandeira e o seu desejo, motivo pelo qual seriam também punidos e castigados por Deus.
– O castigo que viria sobre Babilônia é revelado por Deus por intermédio de “cinco ais”, numa comprovação de que o Senhor não iria deixar impunes todos os pecados de Babilônia, como pensava erroneamente o profeta Habacuque.
– O “primeiro ai” dado por Deus aos babilônios foi o seguinte: “Ai daquele que multiplica o que não é seu! (até quando!) e daquele que se carrega a si mesmo de dívidas!” (Hc.2:6).
– Os babilônios seriam punidos e castigados porque tinham sido extremamente cruéis ao despojar as coisas dos povos que haviam conquistado, por terem se enriquecido às custas da própria sobrevivência dos povos vencidos, que havia querido se apropriar de tudo o que era o do outro (Hc.2:6-8).
– Assim como Deus puniria Babilônia por ela ser gananciosa e ter se enriquecido às custas de bens alheios, também serão punidos e castigados aqueles que amam o dinheiro, aqueles que amam as coisas desta vida e, com extrema ganância, não se contentam com o que têm, querendo sempre o que é dos outros. Tomemos cuidado, irmãos, porque Deus não muda e se agirmos como os babilônios, também sofreremos a mesma punição profetizada por Habacuque.
– O segundo “ai” contra Babilônia foi o seguinte: “Ai daquele que ajunta em sua casa bens mal adquiridos, para pôr o seu ninho no alto, a fim de se livrar da mão do mal!” (Hc.2:9).
– Os babilônios seriam punidos e castigados porque tinham se enriquecido injustamente, haviam cometido injustiças para se enriquecerem e se tornarem o mais poderoso império do mundo e, em razão desta injustiça, achavam-se os “maiorais”, haviam ensoberbecido, achando que estavam acima de Deus. A soberba é um pecado terrível, quando nos achamos autossuficientes e que não necessitamos de Deus. O fim de todos quantos assim pensam é trágico, extremamente trágico, pois terão o mesmo destino do primeiro soberbo, que foi o diabo.
– O profeta Habacuque, ao questionar o Senhor, enveredava-se por um caminho perigoso, porque se achava no “direito” de dizer o que Deus deveria fazer ou deixar de fazer, que é o caminho da soberba. Deus nos livre deste mal, pois o fim de todo soberbo é ser abatido pelo Senhor (Mt.23:12), pois toda altivez do homem será humilhada (Is.2:17).
– O terceiro “ai” contra Babilônia foi o seguinte: “Ai daquele que edifica a cidade com sangue, e que funda a cidade com iniquidade!” (Hc.2:12).
– Babilônia seria punida e castigada porque havia construído todo o seu esplendor à base da violência, à base do sangue, à base do pecado e da injustiça. Nada que é adquirido com base no pecado pode subsistir. O Senhor foi bem claro ao afirmar, na visão ao profeta, que tudo quanto se faz desta maneira não provém de Deus, pois o Senhor não quer que os povos trabalhem para o fogo e os homens sem cansem pela vaidade (Hc.2:13).
– O Senhor diz ao profeta que chegará o tempo em que “a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hc.2:14) e, neste tempo, não poderá existir quem constrói a sua vida com base na injustiça e no pecado, pois “o mundo passa e a sua concupiscência” (I Jo.2:17).
– O quarto “ai” contra Babilônia foi o seguinte: “Ai daquele que há de beber ao seu companheiro! Tu, que lhe chegas ao teu odre, e o embebedas, para ver a sua nudez” (Hc.2:115).
– Babilônia seria punida e castigada porque era traidora, “embebedava” os seus companheiros para deles se aproveitar, para explorá-los, para deles tiver proveito. “Embebedar” o outro é envolver o outro no pecado e na injustiça, é fazer o trabalho do inimigo que é matar, roubar e destruir, é induzir as pessoas à prática do pecado e à destruição espiritual. Quem age desta maneira não ficará impune, queridos irmãos!
– O quinto “ai” contra Babilônia foi o seguinte: “Ai daquele que diz o pau: Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode isto ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas no meio dele não há espírito algum” (Hc.2:19).
– Babilônia, por fim, seria castigada e punida porque era idólatra, precisamente aquilo que Habacuque havia interpelado o Senhor indignado com a primeira resposta dada à sua indagação. O que para o profeta era o primeiro motivo para que Judá não fosse subjugado por Babilônia, para Deus era apenas o último motivo, última razão, não por ser menos importante, mas para mostrar que Ele conhecia o quadro de um modo muito profundo e completo que o profeta.
– Não queiramos saber mais do que o Senhor! Não queiramos dizer o que o Senhor deve ou não fazer! Apenas confiemos n’Ele e saibamos que tudo quanto faz é justo e bom e que devemos, tão somente, ser fiéis a Ele e continuarmos a nossa jornada confiando em Sua Palavra.
– Após dizer os cinco “ais” contra Babilônia, o Senhor disse ao profeta que estava no Seu santo templo e que toda a terra deveria se calar diante d’Ele (Hc.2:20). Em outras palavras: Deus diz ao profeta que sempre está no controle de todas as coisas e que sabe bem o que faz, que não precisa dar satisfação a quem quer que seja, que cabe a cada um de nós apenas adorá-l’O e confiar n’Ele. Temos esta consciência?
IV – A ORAÇÃO (OU O SALMO) DE HABACUQUE
– Depois de ter ouvido a resposta do Senhor à sua indignação, o profeta Habacuque aprendeu a lição, deixando de questionar a Deus e lhe apresentando, em forma de canto (que é como a Versão Almeida Revista e Atualizada traduz “sobre Siginote”), uma oração, que é, por isso mesmo, um verdadeiro salmo, já que se trata de um cântico feito “no tom das lamentações” (este o significado de “sobre Siginote” segundo a Bíblia de Jerusalém, o que se coaduna com o teor do Salmo 7, onde a expressão também é utilizada – “sigaiom de Davi”).
A Nova Versão Internacional traduz a expressão “sobre Siginote” como “uma confissão”., enquanto que a Vulgata traduziu a expressão como “pelas ignorâncias”, como que o profeta admitindo sua ignorância a respeito das coisas de Deus, “pondo, pois, em seu lugar”.
– O profeta, humilhando-se diante de Deus, reconhece a soberania divina e diz: “Ouvi, Senhor, a Tua Palavra e temi”. O profeta reconhece que cabe somente a Deus a tomada de decisões e o modo e tempo em que cumprirá as Suas promessas, não cabendo ao homem questioná-l’O ou exigir-Lhe coisa alguma.
– Habacuque se diz agora um homem temente a Deus, porque estava pronto a ouvir a Sua Palavra. Vemos aqui o significado de temer ao Senhor, temos aqui o verdadeiro sentido do “temor ao Senhor”, que não é o medo de Deus, mas, sim, o de obediência ao Senhor, o de atender e praticar aquilo que Ele nos manda, independentemente do que vejamos à nossa volta.
– Diante da constatação de que Deus é atemporal, que para Ele não existe o tempo e que, portanto, não podemos achar que Deus está a tardar a cumprir os Seus desígnios, o profeta faz uma súplica ao Senhor, a fim de que “avivasse a Sua obra no meio dos anos, que no meio dos anos a notificasse” (Hc.3:2).
– Habacuque aqui, após ter recebido a visão divina com os cinco “ais” contra Babilônia, um juízo que o Senhor disse que se daria no tempo determinado, muda completamente a sua perspectiva anterior. Se antes considerava que Deus estava tardando em fazer justiça no meio do seu povo e, depois, se indignara ao saber que Deus Se utilizaria de um povo gentio para castigar Judá, agora entendia que quem sofre o impacto do tempo é o ser humano, que ele é que precisa de Deus para não se desviar dos mandamentos do Senhor.
– Por isso, humildemente, o homem que achara anteriormente que Deus estava demorando, pede, suplica ao Senhor que, de tempos em tempos, avivasse a Sua obra, ou seja, que não permitisse, de forma alguma, que o ser humano, que está submisso ao tempo, por causa do transcurso do tempo, viesse a se perder, a perder a comunhão com Deus, que o povo não viesse a sofrer, com o influxo do tempo, a mesma miséria que o profeta contemplava em Judá.
– O pedido do profeta é que Deus mantivesse a Sua obra viva, que o Seu povo fosse constantemente mantido vivo, não perdesse a comunhão com o Senhor. Por isso, Habacuque é conhecido como “o profeta do avivamento” e, sem dúvida alguma, esta oração do profeta deve ser a oração de todo aquele que serve a Deus com sinceridade e dedicação, como era o caso do profeta.
– Em vez de acharmos que Deus está fazendo “vistas grossas” para o pecado e maldade do mundo, em vez de dizermos para Deus “como” e “quando” Ele deve agir para restabelecer a justiça e a verdade neste mundo, devemos, humildemente, clamar ao Senhor que mantenha a Sua obra viva sobre a face da Terra, que não permita que o Seu povo sofra o influxo do tempo e se desvie dos caminhos do Senhor, entre na apostasia, avivamento este que deve começar por nós mesmos, avivamento este, aliás, que deve se iniciar pelo “ouvir da Palavra do Senhor” e pelo “temor ao Senhor”.
– Habacuque, de forma poética, como é próprio de um salmo, traz, então, a imagem da vinda de Deus para executar o Seu juízo, para restabelecer as coisas nos seus devidos lugares. Saindo do Seu lugar (poeticamente chamado de Temã e de monte de Parã), o Senhor faz resplandecer a Sua glória e faz justiça, separando as nações e submetendo tudo e todos ao Seu poder (Hc.3:3-6).
– Esta mesma certeza que o profeta nos dá em seu salmo, qual seja, a de que, no tempo determinado, o Senhor restabelecerá a justiça e paz na Terra, foi dada pelo Senhor Jesus pouco antes de subir aos céus, quando disse aos Seus discípulos de que todo o poder Lhe fora dado nos céus e na terra (Mt.28:18). Com esta garantia, podemos, tranquilamente, realizar a obra de Deus, sabendo que o Senhor, no momento próprio, fará cessar a oposição ao nosso trabalho. Aleluia!
– Toda a criação, no cântico do profeta, Se submete ao Senhor, não há criatura alguma que se Lhe possa opor (Hc.3:6-12).
– A ação divina não só visa restabelecer a justiça e a paz na Terra, mas tem, também, o propósito de salvar o Seu povo, de salvar o Seu ungido. Deus, assim, disto agora o profeta tem plena convicção, não só Se incumbe de restabelecer a ordem das coisas, mas, também, de salvar o Seu povo, mostrando-Se, pois, fiel, ao contrário do que, num primeiro instante, pareceria não ter ocorrido.
– O justo viverá pela fé e será salvo pelo Senhor quando do juízo divino que fará com que os desobedientes prestem contas ao Senhor. Não há que se falar em prejuízo por parte daquele que serve ao Senhor. Deus sai do Seu santo lugar para exercer juízo sobre os impenitentes, mas, também, para salvar todos quantos Lhe servem fielmente. Fiquemos, pois, tranqüilos, amados irmãos, as misérias do mundo atual não ficarão impunes e, no momento da punição, estaremos devidamente guardados e protegidos pelo nosso Senhor. Aleluia!
– Os justos são salvos, mas os ímpios sofrerão o juízo divino. Diz o profeta textualmente: “Tu feriste a cabeça da casa do ímpio, descobrindo os fundamentos até o pescoço” (Hc.3:13 “in fine”). A destruição dos ímpios, vista e cantada pelo profeta, é tão horrenda, tão terrível que o profeta confessa que, ao ouvir tal revelação, estremeceu-se todo, seus lábios tremeram, pedindo a Deus que, no dia em que Ele vier contra o povo de Babilônia, que ele esteja no descanso (Hc.3:16).
– Diante desta visão de Habacuque, nós, como servos de Deus, precisamos ter o mesmo sentimento que teve o profeta, vivendo uma vida de separação do pecado para que, no dia da angústia, no dia do juízo divino, estejamos já no descanso do Senhor, ou seja, estejamos livres, com o Senhor nos ares, desfrutando do Seu imenso amor e da Sua glória, ceando com Ele, enquanto este mundo sofrerá as agruras da Grande Tribulação.
– Amados irmãos, se o profeta Habacuque, testemunha ocular do que iria acontecer não só com os babilônios, mas com todos os gentios que se mantiverem rebeldes contra o Senhor (pois Babilônia nada mais é que tipo e figura do sistema mundial contrário a Deus – vide Ap. 17 e 18), tremeu e se estremeceu todo com o que acontecerá com os impenitentes, por que negligenciarmos a salvação que recebemos de Cristo Jesus?
– Como diz o escritor aos hebreus: “como escaparemos nós se não atentarmos para tão grande salvação?” (Hb.2:3a). É algo muito sério e horrível o que está reservado àqueles que não forem fiéis ao Senhor e, por isso, ante o alerta do profeta, sejamos fiéis e tementes ao Senhor, guardando bem o que havemos recebido do Senhor, para que não caiamos no juízo divino, pois, como diz ainda o escritor aos hebreus: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb.10:31).
– O profeta Habacuque, após ter esta visão da justiça realizada por Deus, reconheceu que o Senhor era soberano e teve aumentada a sua fé em Deus, de tal maneira que afirmou que “ainda que a figueira não floresça, nem haja o fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas; todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação” (Hc.3:17,18).
– Como o profeta Habacuque havia mudado! De questionador de Deus diante do que via ante os seus olhos, passou a afirmar que, ainda que tudo aparentemente desse errado, ainda que o Senhor trouxesse os juízos que havia estatuído na lei de Moisés, perturbando a colheita do povo, mesmo assim o profeta se alegraria no Senhor, porque tinha aprendido a não andar por vista, mas a andar pela fé (II Co.5:7). O justo vive pela fé, amados irmãos, de modo que as circunstâncias adversas, os problemas existentes à nossa volta não podem nos impedir de continuar confiando em Deus e em Suas promessas.
– Não precisamos passar pela experiência do profeta Habacuque para sermos fiéis ao Senhor. Nós que temos acesso aos seus escritos, bem como ao próprio aprofundamento desta verdade divina que foi revelada a Habacuque feita pelo apóstolo Paulo na epístola aos romanos, temos quase que o dever de pedirmos ao Senhor que nossa fé seja aumentada, pois temos de confiar em Deus e na Sua Palavra, independentemente das circunstâncias presentes, do momento atual.
– Hoje há pessoas que se introduzem em nosso meio e ficam defendendo que o povo de Deus deve ter “materalizada” a sua fé, deve ter uma fé baseada em “figuras”, “imagens”, “rituais” e tantas outras coisas, como se isto fosse um estímulo ao aumento da fé. Não, não e não! A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem (Hb.11:1). Não teremos fé aumentada com recurso a coisas visíveis, mas, sim, com o ouvir a Palavra de Deus e o temor a Deus, como aprendemos com o profeta Habacuque.
– Não temos de recorrer a “figuras”, “tipos”, “imagens” para ter aumentada a nossa fé, mas, sim, confiarmos na Sua Palavra, entendermos que Deus é soberano, que tem o controle sobre todas as coisas, que é fiel e que cabe a nós apenas, no transcorrer dos anos, pedir ao Senhor que mantenha viva a Sua obra, que mantenha a nossa fé n’Ele, para que aguardemos o tempo determinado para sermos salvos do juízo divino sobre a Terra. Estamos fazendo isto? Pensemos nisto!
– Por fim, ao terminar o seu salmo, o profeta Habacuque confirma que “Jeová, o Senhor, é minha força, e fará os meus como os das cervas e me fará andar sobre as minhas alturas” (Hc.3:19). Em lugar do questionador indignado, do “revoltado contra Deus”, vemos, agora, um profeta que sabe que depende única e exclusivamente de Deus, que sabe que vencerá não por causa de suas forças, mas por causa do Senhor, que estava disposto a sustentá-lo até o momento do salvamento antes do juízo que estava por vir.
– Este Deus de Habacuque, amados irmãos, é o nosso Deus e, como Ele não muda, Ele está pronto a nos dar poder e força para que nos mantenhamos fiéis e, na hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo (Ap.3:10), sejamos livres da ira futura (I Ts.1:10). Para tanto, basta guardarmos a Palavra do Senhor e nos mantermos avivados até o fim. Estamos dispostos a isto?
Colaboração para o portal Escola Dominical – Ev. Caramuru Afonso Francisco
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