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LIÇÃO Nº 12 – ÉTICA CRISTÃ E POLÍTICA 

O cristão, ao aceitar a Cristo, torna-se cidadão dos céus, com direito a morar na santa cidade, na Jerusalém celestial.

Entretanto, enquanto Jesus não vem, continua vivendo no mundo e, enquanto aqui está, é um cidadão da terra e, como tal, inevitavelmente, acaba se inserindo no contexto político. 

Neste último domingo do trimestre, o último antes de mais uma eleição geral no país, que possamos refletir sobre o papel que o crente deve ter nas relações de poder, inerentes a todo grupo humano.

Para acessar os slides referente a esta aula click aqui

INTRODUÇÃO  

– Muito se tem falado sobre o crente e a política, havendo desde posições que consideram o envolvimento do cristão com a política como o próprio desvio espiritual até posições que imiscuem, sem qualquer cerimônia, as igrejas locais em embates político-partidários.

Nem uma nem outra posição encontram qualquer respaldo bíblico e busquemos ver qual o posicionamento bíblico a respeito do assunto. 

– A política é algo que está presente em qualquer grupo humano. O próprio Deus, quando criou o homem, afirmou que ele deveria dominar sobre o restante da criação (Gn.1:26),

bem como, no jardim onde o colocou, disse que ele deveria guardá-lo (Gn.2:15), numa clara demonstração que a natureza humana envolvia o exercício do poder, consequência do próprio livre-arbítrio de que ele era dotado.

Ora, toda relação de poder é uma relação política e, neste sentido, certíssimo estava Aristóteles, o grande filósofo grego, ao afirmar que o homem é um animal político. 

– Após o dilúvio, Deus renovou o pacto com o gênero humano e nele foi mantido o papel de domínio e de poder sobre o restante da criação (Gn.9:2), ainda que bem demonstrada a limitação da autoridade humana, como vimos na lição sobre a pena de morte (Gn.9:5,6).

Não tardou muito e surgiu o primeiro grande dominador do povo (Ninrode – Gn.10:8,9) e o governo humano apresentou-se desafiador contra Deus, a ponto de o Senhor ter destruído aquela comunidade política única por meio do juízo de Babel (Gn.11:7-9). Bem se vê, portanto, que a existência de governo, de poder, de domínio, de política não é algo contrário à ordenação divina, mas, sim, seu mau exercício. 

– Deus, então, diante do fracasso da comunidade política única, resolve formar uma nação e Seu projeto inicia-se com a chamada de Abrão (Gn.12:2).

Esta nação, que seria Israel, não deixou de ser uma nação em que existiram governo e relações de poder.

Ainda que o projeto primitivo de Deus tenha sido o de, pessoalmente, reinar sobre os israelitas(Ex.19:5,6; I Sm.8:7), jamais deixou de existir um governo que fizesse cumprir as leis (Ex.18:14-26; 22:9; Nm.1:4-16; Jz.2:16-19). 

– Quando o povo de Israel quis ter uma estrutura política semelhante aos dos demais povos, Deus lho concedeu, tendo, então sido criada a monarquia, com o governo sendo dirigido por um rei, segundo regras que já haviam sido estabelecidas por Moisés (Dt.17:14-20), renovadas por Samuel (I Sm.8:9-22).

Até o cativeiro da Babilônia, no reino do sul, os israelitas foram governados por reis e, depois, estiveram sob domínio estrangeiro até a destruição de Jerusalém no ano 70, salvo o pequeno intervalo, no período intertestamentário, em que tiveram independência e foram governados pela dinastia dos Asmoneus. 

– Jesus jamais se indispôs contra a instituição do governo e, observemos, nos seus dias, os judeus estavam sob o impiedoso governo romano.

Instigado pelos fariseus, afirmou que devemos dar a Deus o que é de Deus e a César (que nada mais é que o Estado, que o governo humano), o que é de César (Mt.22:21), uma afirmação que o historiador francês Fustel de Coulanges que, em seu livro A Cidade Antiga, entende ser o término da Antiguidade, onde, sempre, o poder humano fora considerado indissoluvelmente ligado à religião e à divindade.

Por causa disto, os cristãos seriam perseguidos pelo Império Romano, pois, embora reconhecendo a autoridade das instituições romanas (Rm.13:1-7; I Pe.2:13-17), jamais admitiram que ela fosse divinizada. 

– Na própria Igreja, foi instituído o governo humano (Rm.12:4-8; Ef.4:11-16; I Pe.5:1-4), governo, igualmente, necessário mas limitado, inteiramente submisso à vontade de Deus. 

– Por isso, manifestações como as do anarquismo (doutrina que é contrária a qualquer espécie de governo ou de poder) são inteiramente contrárias à vontade de Deus e devem ser evitadas e combatidas pelos sinceros servos do Senhor. 

I –  CONCEITO DE POLÍTICA 

– Pelo que se verifica, portanto, a política, o poder, as relações de domínio estão presentes em qualquer grupo social, pois se trata de uma característica do ser humano, que foi criado para dominar e para estabelecer relações deste tipo pelo próprio Deus.

Assim sendo, não se pode dizer que a atividade política é algo contrário à vontade de Deus, mas, antes, é uma demonstração de que o que Bíblia diz a respeito do homem e da forma como foi criado é uma realidade cristalina. 

– Ora, se o homem é um ser político, todas as ações do homem que envolvam relações de poder e de domínio são políticas.

Política é, portanto, qualquer ação social que envolva poder e domínio. Num sentido mais estrito, tem-se que política é a ciência que estuda as relações de poder e de dominação na sociedade através do seu governo, ou seja, do Estado.

Já a filosofia política procura estudar quais seriam as formas e condutas ideais de Estado. 

– Coube ao italiano Nicolau Maquiavel, no século XVI, com sua obra “O Príncipe”, operar a dissociação entre a ciência política e a filosofia política.

Até o surgimento da obra de Maquiavel, normalmente as grandes obras que tratavam do poder e do domínio nas sociedades humanas, buscavam estabelecer conceitos e ideias sobre qual deveria ser o governo ideal, sendo célebres os trabalhos a respeito dos filósofos gregos Platão e Aristóteles.

Entretanto, a partir de Maquiavel, procurou-se distinguir entre o que seria o ideal e o que, efetivamente, ocorre na sociedade humana.

Na sua obra “O Príncipe”, Maquiavel procura elaborar um roteiro de que como agem os governantes, sem qualquer preocupação ética, dizendo, friamente, que a ação política busca conquistar e manter o poder, não importando quais os métodos que se utilizarão. Seu livro aponta uma dura e cruel realidade no mundo da política que persiste até hoje. 

II – O CRISTÃO COMO CIDADÃO DOS CÉUS

– O cristão, quando aceita a Jesus, passa a ter uma nova cidadania, pois, como dizem as Escrituras, passa a ser filho de Deus (Jo.1:14; Rm.8:16,17).

Deste modo, Deus passa a ser o seu Senhor e, por isso, temos um propósito primeiro em nossas vidas que é o de obedecermos a Deus e de sermos, com nossas ações, instrumentos da glorificação de Deus no mundo (At.5:29; Mt.5:13-16).

Deste modo, seu objetivo é aguardar a chamada para habitar na Jerusalém celestial (Fp.3:20).

Por termos esta cidadania (Ef.2:19), passamos a ser verdadeiros embaixadores deste reino celestial (II Co.5:20), um reino que é diferente dos deste mundo (Jo.18:36). 

– O fato de sermos cidadãos dos céus, faz com que tenhamos direitos e deveres perante Deus, pois cidadão é aquele dotado de direitos e de deveres (mormente na época em que os textos bíblicos foram escritos, onde nem todo ser humano era cidadão, já que os escravos e servos direito algum possuíam).

Em razão disto, como afirmam os textos aludidos no item anterior, temos de ter um viver honesto, um testemunho irrepreensível diante dos demais homens, pois somos os anunciadores da vida eterna em Cristo.

É por isso que a Bíblia fala-nos sempre que o verdadeiro cristão é um cidadão exemplar na terra (Sl.15; Gl.5:21,22; Rm.13:3,4; I Pe.2:13-16). 

– Assim, ao contrário do que muitos dizem, o cristão, por ser um cidadão dos céus, é um exemplar cidadão na terra, sem que seja submisso incondicional das autoridades constituídas.

Aliás, num certo sentido, sempre serão vistos, pelos governantes ímpios e iníquos, como perturbadores da ordem injusta (I Rs.18:17,18), porque serão vozes vigorosas, menos com palavras e muito mais com obras, da justiça e da retidão. 

III – O CRISTÃO COMO CIDADÃO NA TERRA 

– Embora passe a ser filho de Deus e, por conseguinte, cidadão nos céus, o cristão continua vivendo no mundo (Jo.17:11-18), até porque é necessário que esteja no mundo para ser embaixador do reino de Deus na terra.

Assim, necessariamente, o cristão deve participar do dia-a-dia da vida da sociedade onde vive e este cotidiano envolve a atividade política que, como vimos, está presente em todas as ações sociais. 

– Jesus, embora fosse o Filho de Deus, não deixou de cumprir com seus deveres cívicos, seja como israelita (Mt.5:17), seja como indivíduo sob o jugo romano (Jo.18:38).

No episódio do pagamento do tributo que cobraram de Jesus mediante questionamento a Pedro, isto ficou bem claro (Mt.17:24-27). 

– Neste sentido, pois, todo cristão, como imitador de Cristo (I Co.11:1; I Pe.2:21), deve também ser um cidadão exemplar, cumprindo as leis, logicamente as que não ofenderem a cidadania celestial e, entre as leis, está a que impõe como dever o de participar da escolha dos governantes: o direito e dever do voto. 

– No Brasil, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para homens e mulheres brasileiros alfabetizados de dezoito a setenta anos de idade, sendo facultativos para os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito, para os maiores de setenta anos e para os analfabetos (artigo 14, § 1º da Constituição da República), sendo vedado para os estrangeiros e os que estiverem durante o período do serviço militar (artigo 14, § 2º da Constituição da República).

Muito se tem discutido sobre esta obrigatoriedade do voto, havendo projetos para alterar a Constituição, mas, independentemente de dispositivos legais humanos, os cristãos têm o dever moral de participar da vida política,

porquanto são luzes do mundo e sal da terra e, sem sua participação, naturalmente que não se terá o bem do mundo onde vivemos. É por isso que o sábio diz que o triunfo do justo gera alegria (Pv.28:12).

– É através do exercício do voto que são escolhidos os governantes num país democrático, como é o Brasil, não podendo, pois, os servos de Deus omitirem-se de votar e escolher os governantes, porquanto tal gesto será fazer sempre triunfar pessoas descompromissadas com a Palavra de Deus. Se os cristãos se omitirem, certamente que os candidatos aos cargos públicos serão sempre pessoas que não farão a mínima questão de apresentarem programas e planos de governo que tenham pontos e premissas concordantes com a doutrina da Palavra de Deus, pois, diante da omissão dos cristãos, tal observância não se fará necessária.

A consequência será, sempre, a subida ao poder de governantes que farão o que não é agradável a Deus e a história de Israel está repleta de exemplos do que acontece com a nação que é governada por este tipo de gente.

O cristão deve fazer o bem, como o seu Senhor (At.10:38), e, neste bem, está o de participar da escolha de pessoas que, ao governarem nossa sociedade, tenham, pelo menos, temor a Palavra de Deus ou a seus preceitos.

A democracia é isto, como deixou claro o presidente norte-americano Abraham Lincoln que definiu a democracia como o “governo do povo, pelo povo e para o povo”. 

– O cristão, enquanto eleitor, deve analisar as propostas e as condutas dos candidatos, de modo a verificar se são pessoas comprometidas com a Palavra de Deus ou que demonstram ter respeito e observância por preceitos bíblicos.

O cristão deve examinar tudo o que se passou na vida do candidato, suas palavras, seus gestos e atitudes ao longo de sua história, bem como verificar se suas promessas têm fundamento e são factíveis, ou se somente são manifestações demagógicas e conversas levianas, que buscam engodar e enganar o eleitor.

Devemos examinar tudo e reter o bem (I Ts.5:21). Se se tratar de um candidato que seja servo de Deus, esta análise deve ser ainda mais cuidadosa, devendo ser destacada a vida espiritual do candidato e o propósito de Deus na sua vida. 

– O cristão, enquanto eleitor, deve verificar os candidatos à reeleição e observar o que fizeram pela população, como se comportaram diante das grandes questões e temas que surgiram durante o seu mandato e se suas atitudes e decisões estão de acordo com a Palavra de Deus (Pv.18:17).

É precisamente aqui que se encontra a maior falha de nossa democracia, pois as pessoas costumam dizer que os políticos somente aparecem na hora da eleição, o que é uma triste realidade, mas, também, os eleitores só pensam no assunto na proximidade das eleições, sendo rotineiro encontrar pessoas que nem sequer se lembram em quem votaram na eleição anterior(o irmão se lembra em quem votou em 2000 para vereador ?

E, em 1998, para deputado estadual e deputado federal ?).

O resultado disto é que os políticos, uma vez eleitos, não são acompanhados nem fiscalizados pela população e, assim, estão livres para fazer o que bem entenderem e, quatro anos depois, aparecerem com suas promessas e engodos, que seriam, facilmente, desmascarados se houvesse acompanhamento.

O cristão deve ser pessoa prudente e que, no silêncio de sua observação, faça um profundo julgamento e exame das atitudes do candidato que elegeu. 

– No momento de escolha dos governantes, o cristão deve repelir e rechaçar veementemente aqueles que buscam comprar seu voto, oferecendo vantagens e presentes, inclusive “para a obra do Senhor”.

Deus não precisa de barganhas de políticos e a Palavra de Deus é dura contra aqueles que se deixam subornar e vender (Ex.23:8; II Cr.19:7; Jó 15:34; Sl.26:9-12).

Como é triste verificar que muitos crentes e, porque não dizer, ministros, apoiam este ou aquele candidato, em troca de favores e vantagens pessoais ou para “a obra de Deus”.

Só no fato de ter havido oferta ou pedido de presentes, está havendo compra de votos, que, pela atual legislação brasileira, é apenado com a própria cassação da candidatura ou do mandato conquistado (lei 9.840/1997) e um abominação aos olhos do Senhor. Fujamos disto e jamais votemos nestas pessoas !

– Além de fiscalizar as autoridades, os cristãos devem sempre buscar cooperar com elas, de forma a contribuir para que se atinja o bem comum, que se cumpram as promessas realizadas e que haja a melhoria das condições de vida da população.

Neste ponto entendemos que a igreja tem sido extremamente falha, nem sequer cumprindo com o seu dever bíblico de interceder pelas autoridades em suas orações (Ed.6:9; Jr.29:7; I Tm.2:1,2).

É dever de todo cristão e dos ministros, em especial, estar à disposição das autoridades para contribuir nas tarefas de bem-estar e de implementação das políticas e programas que sejam benéficos para o povo, bem como para aconselhamentos e pareceres a respeito de decisões que devem ser tomadas, aconselhamentos e decisões que devem ser feitos sempre à luz da Palavra de Deus.

Como luzes do mundo, devemos impedir que as autoridades fiquem obscurecidas pelo deus deste século (II Co.4:4), como fizeram Paulo e Barnabé em relação ao procônsul Sérgio Paulo (At.13:6-12). 

– É com tristeza que tivemos acesso, no início da década de 1990, a um levantamento feito por um instituto teológico do Rio de Janeiro que constatou, em pesquisa feita a todos os parlamentares evangélicos de todos os níveis daquela época naquele Estado,

levantamento que revelou que estes legisladores reclamavam que a maior carência que tinham era de alguém que fosse a seus gabinetes para fazer com eles uma oração, de lhes dar um conselho fundado na Bíblia, pois todos que os procuravam queriam tão somente vantagens para si ou mesmo para suas igrejas locais.

Aliás, este artigo chegou à triste conclusão de que os crentes são os primeiros a lançar seus irmãos que se elegem nas garras da corrupção, pois,

para atender a tantos pedidos de vantagens, os políticos cristãos, todos eles honestos no início de seus mandatos, acabam sendo envolvidos pelos corruptores e isto em troca de conduções para transporte de irmãos para festividades em igrejas próximas, de materiais de construção para templos etc. etc. etc….

Como temos agido, como crentes, com relação aos representantes das chamadas “bancadas evangélicas” nos Legislativos do país afora?  

– O cristão, como qualquer cidadão, pode, também, ser candidato a cargo eletivo, sendo até desejável que os governantes sejam sinceros e fiéis servos do Senhor, pois,

como a história de Israel mostra-nos, sempre que há um governante temente a Deus, há prosperidade para a nação, pois o governante, orientado pelo Espírito de Deus, age com sabedoria, justiça e retidão.

Não tem respaldo bíblico a conduta de certas denominações evangélicas que proíbem a seus membros a atividade político-partidária, até porque, segundo a lei brasileira, impossível que alguém possa ser eleito se não estiver filiado a um partido político (artigo 14, § 3º, inciso V da Constituição da República).

A Bíblia está repleta de exemplos de homens fiéis que foram usados por Deus exatamente no governo de povos e nações, como é o caso de Davi, de Daniel (o único estadista da história humana a ter servido a três impérios distintos) e do procônsul Sérgio Paulo (At.13:7,12). 

– Naturalmente, que o cristão deve observar o programa e a doutrina política do partido a que vai se filiar, a fim de evitar ingressar em partidos que, ideológica e doutrinariamente, defendam pontos contrários à Palavra de Deus, se bem que, em termos de Brasil, os partidos são indefinidos e não passam de siglas que se congregam em torno de interesses pessoais e de certos segmentos da sociedade.

De qualquer modo, é incompatível que o cristão esteja filiado a partidos que defendem pontos-de-vista contrários à Palavra de Deus ou que esteja, a cada eleição, filiado a um partido político diferente.

Dentro da realidade político-partidária brasileira, é sempre importante observar a que interesse pessoal ou de grupo estará o cristão se envolvendo ao se filiar a um partido político, o que deve, também, ser objeto de apreciação por parte do eleitor na hora do voto.

Não há comunhão entre a luz e as trevas e não pode o servo de Deus andar segundo o conselho dos ímpios, deter-se no caminho dos pecadores nem se assentar na roda dos escarnecedores (II Co.6:14,15; Sl.1:1). 

– Muito feliz, dentro deste itinerário, a elaboração pelo padre católico romano Luiz Carlos Lodi da Cruz do chamado “método PPP”, ou seja, o “Método O Partido, O Passado e as Promessas” para se verificar se o candidato pode, ou não, receber o nosso voto, método que, por sua biblicidade, deve ser observado, tanto que divulgado pelo blogueiro evangélico Júlio Severo.  

– Segundo este método, “…Para escolher um candidato, é preciso examinar três coisas:

primeiro, o seu Partido, segundo o seu Passado e, por último, as suas Promessas.

É importante observar a ordem deste PPP.

As Promessas estão em último lugar. Não devemos dar importância a elas se o Partido do candidato é antivida ou se o candidato no seu Passado favoreceu a cultura da morte.…” (CRUZ, Luiz Carlos Lodi da.

O método PPP de escolher um candidato. 16 ago. 2014. Disponível em: http://juliosevero.blogspot.com.br/2014/08/o-metodo-ppp-de-escolher-um-candidato.html Acesso em 06 fev. 2018) 

– Embora todos sejamos cidadãos, entendemos que os ministros e os que cooperam ativamente na casa e na obra do Senhor (oficiais, cooperadores, dirigentes de segmentos da igreja) não podem ser candidatos a qualquer cargo eletivo, a menos que renunciem à função que exerça.

Com efeito, a igreja, enquanto instituição humana (igreja local) e divina (igreja, povo de Deus) é incompatível com a atividade políticopartidária.

A igreja prega a todos os homens (Mc.16:15), quer ser aceita por todos os homens (I Co.9:19-22), quer que todos os homens venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:3,4).

Ora, nesta sua função totalizante, não pode jamais a igreja se envolver na atividade político-partidária, que é uma atividade de parte, como diz o próprio nome “partido“, que defende o interesse de alguns, que busca prevalecer sobre outros.

Esta é uma atividade totalmente contrária ao propósito da igreja e a igreja é representada, aos olhos da sociedade, enquanto instituição, por aqueles que a presidem, que trabalham, por chamado de Cristo, para o aperfeiçoamento dos santos. 

– Ora, se estas pessoas exercem estas funções por chamado de Cristo, enquanto cidadãos dos céus devem obedecer mais a Deus do que aos homens e, por isso, devem se abster de exercer qualquer atividade políticopartidária, precisamente porque não é este o seu dom.

É interessante notar que, na organização de Israel, Deus deixou bem distintas as atividades dos governantes e dos sacerdotes, jamais permitindo que houvesse confusão neste particular.

Todos os exemplos de pessoas que procuraram, de alguma forma, confundir as duas atividades, tiveram más consequências em suas vidas, como se pode observar nas vidas de Samuel (I Sm.8:1-4), Saul (I Sm.13:8-14) e Uzias (II Cr.26:16-21). 

– A Bíblia diz que nós devemos ser mais justos do que os que não são comprometidos com Deus (Mt.5:20).

Assim, se a Constituição brasileira não permite que militares alistáveis em exercício (artigo 14, § 7º) ou magistrados (artigo 95, inciso III) possam exercer atividade político-partidária, diante da natureza de suas funções, que visam à defesa e aplicação da justiça,

por entender que tais ações são incompatíveis com tal atividade, por que os servos de Deus hão de permitir que os que defendem as almas da ignorância e da infantilidade espiritual na igreja e os que julgam as ações dos homens à luz da Palavra de Deus possam exercer uma tal atividade ? 

– A história da igreja, aliás, tem demonstrado que, sempre que a cúpula da igreja se envolve com o poder político, há enorme prejuízo espiritual,

sendo exemplos claros disto a Igreja Romana e a Igreja Anglicana, segmentos que se encontram, hoje, mortos espiritualmente e tudo começou com o lugar que suas cúpulas deram à política temporal em seu interior.

É com preocupação que temos visto, neste últimos tempos, denominações evangélicas serem assediadas por políticos inescrupulosos, bem como algumas até efetuando projetos de dominação de siglas partidárias e mercadejando, descaradamente, apoio político a este ou aquele candidato.

Igualmente, não aprovamos que as reuniões da igreja se tornem comícios nem que os púlpitos se transformem em palanques.

Tais medidas, além de serem moral e biblicamente inaceitáveis, constituem-se em graves violações da legislação eleitoral.

OBS: “…Não se pode, pois, admitir que venham a participar do processo eleitoral desta maneira quaisquer entidades das mencionadas no art.24, como centrais sindicais, sindicatos, igrejas ou associações de benemerência vinculadas a igrejas…

A utilização de tais entidades para fins de publicidade de candidaturas ou de partidos políticos, seja pelo aproveitamento de espaços para fixação de cartazes ou distribuição de propaganda, seja pelo aproveitamento de reuniões para divulgação de ideias e de plataformas, a utilização de sinais, símbolos, logotipos, são indisfarçáveis formas de contribuição para candidatos e partidos, contribuição esta que é vedada e proibida pelo art.24 da Lei nº 9.504/1997…

Deve-se lembrar , em primeiro lugar, que o Estado Democrático de Direito instalado no Brasil é laico, havendo estrita separação entre Igreja e Estado, como nos dá conta o art.5º, VI, da Constituição da República…

Claro que está que as igrejas e os cultos religiosos não podem, de forma alguma, enquanto tais, participarem do processo eleitoral, pois isto representa a existência de uma relação de dependência, ou, quando menos, de aliança entre eles e/ou seus representantes com determinado partido ou candidato, o que é expressamente proibido pelo art.19 da Constituição da República….(FRANCISCO, Caramuru Afonso. Dos abusos nas eleições, p. 44-7). 

– A igreja deve atuar politicamente na sociedade, mas uma política totalizante, que busque defender a justiça e a retidão, segundo os preceitos do Evangelho, em todas as ações,

programas e ideias que surgirem, a fim de que, seguindo a Palavra de Deus, possa a sociedade melhorar e ter condições de vida cada vez melhores, pois só a bênção de Deus enriquece e não acrescenta dores (Pv.10:22).

A igreja deve defender, com vigor, a observância da Palavra de Deus e denunciar toda e qualquer medida que contrarie a vontade de Deus.

Ser uma voz que clama no deserto e que procure aplainar o caminho do Senhor no meio de uma geração perversa e iluminar os governantes para que cheguem ao conhecimento da verdade (Is.40:1-5; At.2:40; 13:8-11).

Com respeito e obediência, a Igreja deve, sempre, mostrar aos governantes onde está a verdade e o que Deus deles requer.

É esta a atuação política que deve ter a Igreja, um outro prisma de sua pregação evangélica, que nada tem a ver com partidos políticos ou com interesses pessoais ou de segmentos da sociedade. 

– O Brasil é um país que ainda carece de aprimoramento político, pois ainda não há uma consciência por parte dos brasileiros do que é ser cidadão, do que é ser um verdadeiro ser político.

Os desmandos e a corrupção generalizada, que fazem com que se tenha não a política mas a politicalha, para se utilizar de expressão cunhada pelo grande Ruy Barboza (um dos homens mais inteligentes do país e que as elites jamais deixaram que fosse Presidente da República), acabam afastando os servos de Deus sinceros e verdadeiros da atividade político-partidária, o que gera, tão somente, o predomínio ainda maior dos ímpios para desgraça maior do país.

Ao mesmo tempo, alguns bem intencionados e cientes da necessidade de haver uma participação de servos de Deus na condução dos destinos do Brasil, acabam por envolver as igrejas locais nos embates político-partidários, o que tem servido apenas para aumentar os escândalos e trazer o descrédito da politicalha para a pregação do Evangelho.  

– Devemos, pois, de forma vigorosa, trazer esta consciência da dupla cidadania a cada cristão que, então, além de ser um eleitor consciente, fiscalizador e sábio, poderá até ser,

se não estiver envolvido com a liderança da igreja, um candidato e um governante exemplares, mas sobretudo, teremos igrejas que contribuirão com os governantes para que haja paz, quietude e sossego no meio de nova brava gente brasileira.

Que, com nossas atitudes de cidadãos dos céus e da terra conscientes, possamos dizer, em alto e bom som, sem sermos repreendidos : ” Meu Brasil, Meu Brasil, abre o largo seio e deixa a luz raiar. Meu Brasil, Meu Brasil, o Evangelho de Jesus te quer salvar ! ” (refrão do hino 633 da Harpa Cristã). 

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/2341-licao-12-etica-crista-e-politica-i

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