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LIÇÃO Nº 3 – A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO  

Alma e espírito formam o “homem interior”, mas, embora inseparáveis, são distintos.  

INTRODUÇÃO   

– Já vimos na lição passada que o homem é uma triunidade, residindo aí um dos aspectos da sua posição de imagem e semelhança de Deus, a saber, corpo, alma e espírito.

Esta é a chamada doutrina tricotômica, que é a que tem respaldo bíblico, já que a visão dicotômica, como visto na mencionada lição, resulta da influência de conceitos filosófico-religiosos alheios às Escrituras e que, por isso mesmo, foi adotada pela Declaração de Fé das Assembleias de Deus.  

– A alma e o espírito formam o “homem interior” (Rm.7:22; Ef.3:16), a chamada “parte imaterial” do homem, pois esta parte do homem não é constituída de matéria, como o corpo. Foi esta parte que trouxe vida ao homem, como se vê em Gn.2:7.   

– Alma e espírito são inseparáveis, embora sejam coisas distintas, conforme se observa, claramente, em passagens bíblicas como Hb.4:13 e I Ts.5:23.

Assim, quando ocorre a morte física (ou seja, a separação do corpo), enquanto o corpo volta à terra, alma e espírito são levados à presença do Senhor (Ec.12:7),

para se submeterem a um juízo provisório (Hb.9:27), até o momento do julgamento definitivo, seja no tribunal de Cristo, se for integrante da igreja; seja no juízo do trono branco, se não o for.   

I – OS SIGNIFICADOS DA ALMA HUMANA  

–  A palavra “alma”, como a maioria das palavras, é “plurívoca”, ou seja, tem muitos significados.

Assim, não podemos deixar de observar que nem sempre a palavra “alma”, quando se encontra na Bíblia Sagrada, quer dizer a mesma coisa, variando de passagem para passagem, até porque sabemos que o texto bíblico foi escrito, primeiramente, em três línguas (hebraico e alguns trechos em aramaico – Antigo Testamento e grego – Novo Testamento),

por pessoas de diferentes classes sociais e em diversas circunstâncias e épocas, o que faz com que o significado de alguns termos tenham se alterado ao longo dos anos e tempos.

Isto ainda acontece nos nossos dias, tanto que, naturalmente, quando falamos “A propaganda é a alma do negócio”,  ” não acredito em almas penadas”  ou ” a minha alma tem sede de Deus”, evidentemente não estamos dando à palavra “alma” o mesmo significado.  

– Um primeiro significado da palavra “alma”  é o de “essência da vida”,  “base da vida”. Neste significado, a palavra “alma” sempre se refere à essência, à própria vida.

A alma, então, seria o próprio núcleo do ser humano, a sua individualidade, a sua própria existência enquanto ser vivente. Este é o significado que adotaremos de alma em nosso estudo.

A alma é a parte do homem que o torna diferente de todos os demais, que o torna distinto dos demais seres, humanos ou não.

Na alma, estão a nossa personalidade, os nossos sentimentos, a nossa vontade e o nosso entendimento.

Uma pessoa é diferente da outra por causa da sua alma, da sua “essência”, da sua “base” . É neste significado que podemos dizer, como o salmista, “A minha alma tem sede de Deus” .

– Eis o que diz a nossa Declaração de Fé a respeito:

“…A palavra ‘alma’ tem vários significados na Bíblia, a saber, o próprio indivíduo: ‘a alma que pecar, essa morrerá’ (Ez.18:4), a pessoa [Ex.1:5; Rm.13:1] e a vida [Jó 12:10; Mt.10:39].

A alma é a sede do apetite físico [Nm.21:5; Dt.12:20], das emoções [Sl.86:4], dos desejos tanto bons como ruins [Ec.6:2; Pv.21:10], das paixões [Jó 30:25] e do intelecto [Sl.139:14].

É o centro afetivo [Ct.1:7], volitivo [Jó 7:15] e moral [Gn.49:6] da vida humana.

A alma comunica-se com o mundo exterior por meio do corpo.

É a partir dela que o homem sente, alegra-se e sofre através dos órgãos sensoriais.

Como um dos elementos da natureza essencial do ser humano, a alma é uma substância incorpórea e invisível, inseparável do espírito, embora distinta dele, formada por Deus dentro do homem, sendo também consciente mesmo depois da morte física:

‘…vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo:

Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?’ (Ap.6:9,10)…” (Cap.VII, n.5, p.80).  

– Um segundo significado da palavra “alma” é o de “vida”, de ” existência”, ” sobrevivência”, significado que surgiu em virtude do significado anterior.

Como a alma é a sede da individualidade de alguém, deu-se à palavra “alma”  a própria ideia de vida, de existência, de movimento.

É por isso que os seres que se movimentam de um lado para outro, que se locomovem foram chamados pelos antigos de “animais”,  ou seja, “seres dotados de vida”,  “seres dotados de alma” ( pois se pensava que as plantas, por serem estáticas, ou seja, não se locomoverem, não teriam ” vida” neste sentido).

É neste significado que devemos compreender a expressão ” A propaganda é a alma do negócio” , ou seja, a vida de um negócio, a sua existência e sobrevivência depende da propaganda.   

– Também é neste significado que devemos compreender a tão polêmica expressão bíblica que se encontra em Gn.9:4, a saber, ” a carne, porém, com sua alma (a Versão Almeida Revista e Corrigida contém uma variante aqui, substituindo “alma” por “vida”), isto é, com seu sangue, não comereis”.

Esta expressão não quer significar, em absoluto, que a alma se confunda com o sangue, como defendem as Testemunhas de Jeová, mas apenas está afirmando que o sangue é necessário para a sobrevivência, para a existência física, pois é este o significado de ” alma”  na passagem bíblica mencionada.  

– A palavra ” alma”  também significa ” respiração da vida”, pois, como a vida física é indicada pela respiração, logo se criou a ideia de que a alma está relacionada com o ato de respirar. Por isso, inclusive, a expressão “último suspiro”  para indicar a morte.

A alma, que é a vida, foi associada ao ato de respirar, e a morte, à saída da alma. É o que vemos em passagens bíblicas como Gn.35:18 e I Rs.17:21,22.  

– A palavra “alma”, muitas vezes, significa “pessoas”, “indivíduos” no sentido de que a parte que distingue cada pessoa de outra é a alma. É assim que vemos a aplicação da palavra em Rm.13:1.  

– A alma é a parte do homem interior que nos distingue dos demais seres, onde ficam nossos sentimentos, nossa vontade, nosso entendimento e nossa personalidade.

É a alma que nos faz diferentes dos demais homens e onde é feita a escolha para servirmos a Deus ou não. Vemos, assim, que é na alma que se encontra uma parte relevante para cumprirmos a doutrina da mordomia cristã.   

II – A ADMINISTRAÇÃO DA ALMA COMO VIDA FÍSICA  

– A alma, sendo a sede de nossa vida, a essência mesma do viver, é a responsável direta pela conservação da nossa vida.

A vida não nos pertence, mas, sim, pertence a Deus, pois foi Ele quem nos deu o “fôlego de vida”  e nos fez ” alma vivente’ (Gn.2:7). 

– O homem, enquanto mordomo do Senhor, deve, sempre, lutar pela preservação da vida humana, seja a sua, seja a de outro semelhante.

A luta pela vida e em sua defesa constitui-se um dos principais deveres que tem o homem enquanto administrador supremo da criação na Terra.  

– Deus concedeu-nos a vida e só Ele a pode tirar (I Sm.2:6). Ao homem cabe, simplesmente, preservá-la ao máximo, de forma a que possa ser vivida, e de forma digna, até o dia em que o Senhor assim o quiser.

Dizer que “a vida é minha”, que “eu sou dono da minha vida”  são expressões corriqueiras e que ouvimos todos os dias, mas que representa um ato de rebeldia e de inobservância completa da doutrina da mordomia tal qual nos ensinam as Escrituras.  

– O trabalho divino sempre foi o de preservação da vida, entendendo-se a vida não só como a existência física, mas como a manutenção de um verdadeiro relacionamento entre Deus e o homem, de uma comunhão entre Deus e o homem.

Foi esta, precisamente, a missão de Jesus, como Ele próprio nos indica ao dizer que tinha vindo para trazer vida e vida com abundância (Jo.10:10), para fazer o homem passar da morte para a vida (Jo.5:24).

Somente em Deus podemos ter vida, pois Deus tem a vida em Si mesmo (Jo.5:26). O próprio Jesus identificou-Se como sendo a própria vida (Jo.11:25), tendo o apóstolo dito que n’Ele estava a vida (Jo.1:4), vida que é a luz dos homens (Jo.1:4).  

– Não admira, portanto, que, no mundo onde vivemos, dominado pelo maligno, exista uma verdadeira “cultura da morte”,  ou seja, todo um sistema que busca desprestigiar a vida humana, pois o organizador deste sistema tem em vista matar, roubar e destruir o homem (Jo.10:10), já que é homicida desde o princípio (Jo.8:44).

Assim, devemos ter muito cuidado com os conceitos e valores defendidos pelo mundo, que buscam, sempre, desvalorizar a vida humana, colocá-la em último plano, abaixo de coisas muito menos valiosas, como as riquezas, o prazer ou a fama.

Nada pode se comparar a este dom divino, que é a vida, algo que nos foi dado diretamente pelo Senhor, pelo Seu soprar.  

– Comportamentos como a defesa do aborto, da eutanásia, do suicídio, do uso terapêutico de embriões humanos, o uso de drogas, da prostituição, da prevalência das coisas materiais em detrimento do ser humano são sintomas e demonstrações de que vivemos num mundo que não admite ser subserviente à Palavra de Deus e aos mandamentos que impõem o respeito máximo à vida humana.

Em nosso sistema jurídico, por exemplo, o crime mais grave, que deveria ser o crime contra a vida, não o é, mas, sim, o latrocínio (roubo seguido de morte), que é uma ofensa à vida e ao patrimônio de alguém.

Aliás, só algumas espécies de homicídio (que é o crime contra a vida) são consideradas crimes hediondos em nossa legislação e isto por causa de um amplo movimento desencadeado por uma telenovelista há duas décadas, a demonstrar como, entre as leis humanas, a defesa da vida ainda deixa muito a desejar.  

– Todos os cuidados que devemos ter com o corpo, como vimos na lição anterior, somente serão possíveis se nos dispusermos, através de nossa vontade, a cumprir o propósito divino.

O corpo é um mero instrumento do homem interior e sem uma disposição de nossa alma em cuidarmos do nosso corpo, que é o tabernáculo da alma, de nada adiantará todos os conselhos e determinações constantes na Palavra de Deus para a mordomia do corpo.   

– Somente defenderemos a vida, tanto a nossa quanto a de nossos semelhantes, se, efetivamente, escolhermos servir a Deus, se O amarmos.

Jesus disse que somente provaremos que O amamos quando cumprirmos os Seus mandamentos (Jo.15:14).

De nada adianta falarmos no amor de Deus, irmos a todas as reuniões religiosas de que tivermos notícia, sermos assíduos frequentadores de uma igreja, se não estivermos dispostos a fazer a vontade de Deus, se não nos submetermos (e quem o faz é a alma) à Sua vontade. Para defendermos a vida, precisamos amar e só amaremos se nos dispusermos a obedecer a Deus e à Sua Palavra.  

III – A ADMINISTRAÇÃO DA ALMA COMO PERSONALIDADE  

– A questão da origem da alma tem gerado muitas discussões através dos séculos entre os teólogos, filósofos e religiosos.

A narrativa bíblica que dá ensejo à criação, por Deus, da parte imaterial do homem, em Gn.2:7 tem trazido muitas discussões, até porque, na época em que houve a redação do texto por Moisés, não tinham, ainda, os hebreus uma noção clara a respeito do que era a parte imaterial do homem, algo que foi sendo gradativamente revelado durante a história de Israel.  

– Grande parte dos estudiosos entende que não se pode pensar que a criação do homem interior tenha sido feita da mesma forma que a criação do corpo.

O corpo teria sido formado do pó da terra, mas o texto bíblico diz que Deus soprou nas narinas do homem, ou seja, transmitiu de Sua própria essência o “fôlego de vida”, tornando o homem

Teria havido, assim, uma transmissão direta de algo própr“alma vivente”. io de Deus para o homem, este algo próprio de Deus é que teria constituído a parte imaterial do homem.   

– Como este dom divino ao homem passou para os demais seres humanos é outra questão polêmica entre os estudiosos.

Há os que defendem que Deus cria um homem interior a cada instante em que há uma concepção (a chamada teoria do criacionismo);

outros entendem que, no instante da concepção, da mesma maneira que os pais geram um novo corpo, gera-se, também, um novo homem interior, pois haveria não só uma herança corpórea mas, também, incorpórea (a chamada teoria do traducionismo) e há, mesmo, aqueles que defendem que o ser imaterial já exista eternamente e que vem a ocupar os corpos que são concebidos (a chamada teoria da pré-existência). 

– Sem adentrarmos no mérito destas teorias, é importante, apenas, considerar que a teoria da pré-existência está extremamente influenciada pelo hinduísmo e pela filosofia platônica, não podendo ser aceita, como nos explica Lewis Sperry Chafer:

“…Os advogados desta hipótese reivindicam em bases racionais e totalmente à parte da autoridade bíblica que, qualquer que possa ter sido a derivação original da parte imaterial do homem – seja criada ou eternamente existente – é sujeita à reencarnação ou transmigração de um corpo para outro.(…).

Esta teoria, conquanto aceita com várias modificações pelos homens que poderiam se valer da verdade bíblica, deve sua origem totalmente à filosofia pagã.…” (Teologia sistemática, t.1, v.2, p.580). Apesar de seu caráter antibíblico, não são poucos os que, dizendo-se evangélicos, têm defendido esta teoria nos nossos dias.  

– De qualquer modo, o texto bíblico de Gn.2:7 ressalta a diferença de natureza entre o homem interior e o corpo e entendemos que seja este o principal propósito das Escrituras ao nos dar a conhecer esta peculiaridade da criação do homem.

Ao contrário dos demais seres na Terra, o homem é dotado de uma porção imaterial, que é composta de duas partes: a alma, que o faz um ser diferente dos demais e o espírito, que o faz um ser que pode relacionar-se com o seu Criador.  

– A alma, portanto, é aquela porção do homem que nos permite perceber que somos diferentes dos demais seres, que nos permite conhecer a nós mesmos, que faz com que sejamos portadores de um entendimento, de um sentimento, de uma vontade.

Esta junção de entendimento, sentimento e vontade é o que se denomina de “PERSONALIDADE”.  

– A palavra “personalidade”  vem de ” pessoa” que, por sua vez, vem de ” persona”, palavra latina que significa ” pelo som”.

“Persona”  é o nome que recebiam as máscaras dos atores no teatro antigo.

Ao contrário do que ocorre hoje, nos teatros da Grécia ou de Roma, na Antiguidade, os atores não mostravam seus rostos, mas faziam suas apresentações segurando máscaras que escondiam as suas faces, exatamente para que o público soubesse que não eram as pessoas que estavam encenando que viviam aquelas situações mas as “personagens”  da peça teatral.

A “pessoa” , portanto, era a personagem, um ser diferente daquele ator que a estava representando no palco.

– A nossa alma, portanto, é a nossa “pessoa”, é aquilo que nos faz diferentes dos demais, é a nossa parte que nos identifica diante de Deus e dos homens.

É a nossa alma que contém a nossa “personalidade”, aquilo que nós somos e que, através do corpo, tornamos conhecidos aos homens e a Deus (se bem que Deus não necessita da exteriorização do nosso corpo para nos conhecer, pois Ele bem sabe o que há no nosso íntimo, antes que isto venha à tona no mundo exterior – I Sm.16:7; Jo.2:25).

– Esta personalidade do homem precisa estar sob o governo de Deus. É algo que também nos foi dado por Deus (seja desde a transmissão originária, como defendem os traducionistas, seja por uma criação a cada surgimento de um novo homem, como defendem os criacionistas) e do qual também deveremos prestar contas diante do Senhor de todas as coisas.

Que esta personalidade, que esta individualidade é de Deus não há qualquer dúvida pelo que está nas Escrituras, como, por exemplo, no Sl.24:1, onde, textualmente, diz-se que é do Senhor ” aqueles que nele (i.e., no mundo)  habitam”, ou seja, cada indivíduo, cada alma.

Em Ez.18:4, o texto é ainda mais enfático, ao afirmar que ” Eis que todas as almas são Minhas (é o Senhor quem está falando, observação nossa).

– Quantas vezes ouvimos alguém dizer que não pode mudar, que esta é a sua personalidade, é o seu modo de ser, é o seu temperamento, é o seu caráter, que Deus o fez assim e assim ele será para sempre, tendo os outros de aceitá-lo “por amor ao próximo”.

Entretanto, tais pensamentos são totalmente contrários ao que nos ensina a Palavra de Deus.

Esta personalidade, esta “nossa” individualidade, este “nosso” jeito de ser não é ” nosso”, mas de Deus. Foi Deus quem nos criou, inclusive a “nossa” alma e ela tem de estar sob o Seu senhorio.

Eis um dos grandes, senão o maior desafio do homem na sua busca de Deus: renunciar-se a si mesmo, renunciar ao seu “eu”, à “sua” personalidade e colocá-la à inteira disposição do Senhor.  

– Não há outro caminho para o fiel mordomo do Senhor, não há outro modo para que possamos agradar a Deus e servi-l’O verdadeiramente.

É este o sentido da palavra que Jesus proferiu ao dizer que “quem achar a sua vida (ou alma) perdê-la-á e quem perder a sua vida por amor de Mim achá-la-á” (Mt.10:39).

Se negamos a nossa própria personalidade, se deixamos de viver para que Cristo viva em nós(Gl.2:20), ou seja, tenha pleno controle de nossa alma, teremos encontrado a verdadeira vida,

que é a comunhão perfeita com o Senhor, pois a alma é do Senhor e não podemos querer nos afastar d’Ele, o que será morte e a pior de todas as mortes, a morte eterna, a morte espiritual, a chamada segunda morte (Ap.20:14,15).  

IV – A ADMINISTRAÇÃO DAS FACULDADES DA ALMA  

– Sendo a sede de nossa personalidade, a alma possui algumas atividades, algumas faculdades que a compõem e que são, como vimos, o entendimento, o sentimento e a vontade.

A reunião destas atividades compõe a alma, pois é a alma que pensa, que sente e que quer, usando, para isto, do corpo como mero instrumento.

Assim, ao contrário do que dizem os materialistas, não é o cérebro que pensa, nem reações químicas que geram, em nosso organismo, os sentimentos ou a vontade,

mas tais reações químicas ou órgãos apenas são resultados, efeitos de atos que transcendem a matéria e que são praticados, pensados, sentidos e queridos pela nossa alma.   

– Por mais que a ciência tenha tentado reduzir as sensações, as realizações e os desejos dos homens a simples dados materiais, sempre têm surgido fenômenos que desmentem estas teses materialistas,

um elemento indicador de que Deus não Se deixa escarnecer e que, frente a cada vez mais intensa rebeldia humana, mantém-Se no absoluto controle de todas as coisas, impedindo que o vaso de barro possa querer achar-se mais importante ou entendido que o oleiro.  

– A primeira faculdade da alma, ou seja, a primeira atividade que é realizada pela alma é o entendimento ou intelecto.

Os dicionários chegam, mesmo, a dizer que a personalidade é a “individualidade consciente” e que pessoa “é a substância individual de caráter racional”. 

A capacidade de o homem entender o mundo que está em volta de si, de ter consciência de si mesmo e do que não é ele próprio está num dos pontos principais da diferenciação entre o homem e os demais seres criados na Terra.

O filósofo grego Aristóteles, aliás, diante desta distinção, acabou definindo o homem exatamente por esta característica, definição que é a mais aceita definição de homem de todos os tempos: “o homem é o animal racional”. 

– O entendimento é mostrado na Bíblia, logo em seu início, como uma das mais caras faculdades peculiares do ser humano.

Dizem as Escrituras que, criado o homem e colocado no jardim do Éden, o Senhor fez com que Adão desse nome a todas as demais criaturas, o que só foi possível fazer porque o homem era dotado de entendimento, de intelecto.

Adão não só cumpriu com êxito esta tarefa como também percebeu que não tinha uma companheira, ou seja, através desta narrativa, Deus mostra-nos que é através do intelecto, do entendimento, que percebemos as coisas que estão à nossa volta.

Adão, então, notou algo que Deus já havia notado antes e, em razão desta consciência, Deus acabou por criar a mulher.  

– Deus deu ao homem entendimento exatamente para que ele tivesse consciência de seu papel na ordem cósmica (isto é, na ordem do universo, de todas as coisas criadas) e pudesse entender que é o administrador supremo das coisas criadas na Terra e que, como tal, domina sobre os demais seres da Terra e está submisso à autoridade divina.

Sem o entendimento, Deus não poderia exigir do homem qualquer prestação de contas a respeito da mordomia, pois, se o homem não tivesse entendimento, não poderia saber que é um mordomo.  

– Quando o homem não tem o entendimento, não é capaz de saber o que é e o que está em sua volta, é um ser sem razão, é um louco, um insensato, um desvairado, alguém sem juízo.

O homem que não compreende que Deus é seu Senhor e que ele é um simples mordomo é alguém que não usa do entendimento que Deus lhe deu e, assim, equipara-se ao louco, ao “doido varrido” do nosso linguajar popular (Rm.1:22).

É por isso que, na parábola do rico insensato, Deus chama de louco ao rico (Lc.12:20), porque, apesar de toda a sua opulência material, não pôde ele entender que nada daquilo era seu e que não tinha domínio algum sobre a sua vida.

Do mesmo modo, no sermão do monte, Jesus recriminou a conduta daqueles que consideram o seu próximo louco e assim o tratam (Mt.5:22), pois tal julgamento representa um posicionamento de superioridade em relação ao outro, a assunção de um lugar de juiz do próximo, algo que não nos cabe mas unicamente a Deus, de quem é o entendimento (Tg.4:11,12).  

– O entendimento, conforme têm dito, ao longo dos séculos, os filósofos e teólogos, é uma atividade humana que envolve três ações, três áreas, a saber: a imaginação, a razão e a memória.

Todas estas áreas não são nossas, embora sejam formadoras de nosso “eu”. São do Senhor e devem ser exercidas segundo a vontade e o propósito de Deus.  

– “Imaginar algo é fazer a representação ou imitação mental de alguma coisa. Trata-se do poder de conceber figuras que a nossa mente tem, conjurando imagens e analogias.

As imagens assim produzidas podem ser de coisas físicas, ou de ideias, conceitos, ideais e aspirações.

Uma imaginação pode ser uma fantasia, uma noção ou uma crença; e, por muitas vezes, é alguma representação falsa, distorcida. Também pode envolver uma crença falsa, irracional.

Também pode envolver um planejamento, de natureza positiva ou negativa.…” (CHAMPLIN, Russell Norman. Imaginação. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.3, p.249).

Deus fez o homem com a capacidade de imaginar, de imitar, na mente, o que existe, de poder conceber coisas novas, ainda não existentes, através da combinação do que Deus criara, como Adão fez ao dar nome aos demais seres do jardim do Éden.  

– A “nossa” imaginação, entretanto, como nos dá conta o próprio exemplo de Adão no jardim do Éden, deve seguir a orientação de Deus, deve seguir o Seu propósito.

Adão deu nome aos demais seres, porque assim Deus o quis. Entretanto, logo depois, vemos que o primeiro casal, já caído, buscou usar da sua imaginação para fazer vestes para si  (Gn.3:7), expediente que se mostrou ser o menos adequado para a solução do problema surgido.

O pecado faz com que a imaginação do homem seja perversa e grotesca e que busca tão somente o mal, pois, no pecado, “toda a imaginação dos pensamentos do coração do homem é só má continuamente” (Gn.6:5), pois, no mundo, como afirma o salmista, “os povos imaginam coisas vãs” (Sl.2:1), ou seja, coisas despidas de sentido, de senso, de razão.  

– Quando observamos a história da humanidade e cada vez com maior intensidade, percebemos como todo o esforço criativo e imaginativo do homem tem servido única e exclusivamente para a sua própria destruição.

As grandes inovações tecnológicas dos últimos dois séculos quase que instantaneamente ao seu surgimento foram convertidas como instrumentos de morte e de destruição do próximo, como, por exemplo, a tecnologia nuclear ou bioquímica ou os meios de transporte e de comunicação.

 Vivemos um mundo onde as pessoas defendem a plena e ilimitada liberdade de expressão e de opinião, mas onde, a cada dia, os homens estão sendo reféns de manipulações e de distorções de um grupo seleto de pessoas que comandam o fluxo de informações no planeta,

fluxo este direcionado para o desenvolvimento de tudo o que não agrada a Deus – Devemos manter o controle de nossa mente nas mãos do Senhor.

Devemos apenas imaginar o que é bom, o que é proveitoso. Ante o volume incrível de informações que nos são trazidas pelos sentidos a cada momento, devemos apenas reter aquilo que é bom (I Ts.5:21), esforçando-nos para adestrar a nossa mente à Palavra do Senhor.

 É por isso que a felicidade do homem se encontra em meditar na lei do Senhor durante todo o tempo (Sl.1:2), pois é através do contacto contínuo com as Escrituras que poderemos exercitar a nossa mente de modo a poder discernir o que é bom do que não é.

Se não podemos impedir que os maus pensamentos e as más mensagens venham a nosso encontro, poderemos, sim, como fiéis e verdadeiros mordomos, impedir que eles venham a se aninhar em nossas mentes.

Como já foi dito por alguém, nós não podemos impedir que a excreção de uma ave que estiver voando caia em nossas cabeças, mas podemos impedir que esta ave faça ninho nelas.  

– A imaginação abrange a nossa capacidade de planejar, de fazer planos, de projetar situações e circunstâncias.

Neste ponto, também, devemos ter plena consciência de qual é o propósito de Deus para nossas vidas. Não podemos fazer planos e projetos e submetê-los a Deus, como se nós tivéssemos qualquer direito de determinar o que Deus deve fazer por nós.

Um dos grandes erros dos nossos dias é a presença deste comportamento por parte de alguns crentes que se comporta como verdadeiro “crente medida provisória”, ou seja,

um cristão que, a exemplo do que pode fazer o Presidente da República no Brasil, edita uma medida provisória, que passa a valer como lei desde o momento da sua publicação, e depois busca que esta medida seja discutida e aprovada no Congresso Nacional.

Muitos crentes tomam a sua decisão, fazem seus projetos e o colocam em prática e só depois buscam a aprovação divina, achando até que Deus é obrigado a lhes dar êxito e sucesso.  

– Não é, entretanto, este o princípio bíblico que advém da doutrina da mordomia. Bem ao contrário, ensinanos Jó que Deus tudo pode e que nenhum dos Seus planos pode ser impedido (Jó 42:1, Versão Almeida Atualizada).

Esta afirmação do patriarca, fruto do aprendizado que teve na sua grande prova, é um exemplo e uma experiência que deve estar vívida na mente de todos os fiéis mordomos do Senhor.

O plano é de Deus, o projeto é de Deus e devemos apenas executá-los. Recentemente, ouvimos em uma aula do querido e amado pastor Antonio Sebastião, diretor da FATESA (Faculdade Teológica de Santo André), que, numa obra, o elemento mais importante é o dono da obra, pois até os projetos do arquiteto somente terão vida e existência se estiverem de acordo com o querer do dono.

O dono da obra da criação é Deus e, ainda que sejamos criativos e talentosos nos projetos (como o arquiteto), jamais nos esqueçamos de que o projeto somente se tornará em realidade se for do agrado, da vontade do dono da obra.

Jesus, em toda a Sua Divindade, não ousou criar qualquer projeto ou plano que não fosse da vontade do Pai e, por isso, pôde dizer, em alto e bom som, ” eu Te glorifiquei na Terra, tendo consumado a obra que Me deste a fazer” (Jo.17:4)  

– A segunda área do entendimento é a razão, entendida esta como sendo a capacidade do homem de estimar, de avaliar, de calcular. Como afirma R.N. Champlin, “…com essa capacidade, através de seus poderes intelectuais, ele(o homem, observação nossa) é capaz de extrair conclusões lógicas de uma série de pensamentos organizados…” (Razão. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.5, p.557).

A razão é a atividade do entendimento que permite ao homem tirar conclusões, ter consciência de si mesmo e daquilo que o cerca. É o que vemos, em algumas passagens bíblicas, conhecido como “exame”.

Paulo afirma que devemos, antes de participar da ceia do Senhor, ” examinarmo-nos a nós mesmos” ( I Co.11:28) e Jesus nos ensina que devemos proceder como o construtor que, antes de iniciar uma obra, avalia se tem condições de terminá-la bem como o rei, que inicia uma guerra, verifica se tem condições de vencê-la (Lc.14:28-32).   

– O homem foi feito por Deus um ser racional e deve, portanto, sempre avaliar quais as consequências de seus atos e como deve proceder para ter este ou aquele resultado.

Deus mostra-nos que ao homem foram dadas condições para que possa compreender, avaliar o Seu senhorio e de nos submetermos, pois nenhum homem poderá alegar que não teve condições de fazê-lo (Rm.1:18-21).

– O aspecto racional do homem é mais um ponto que o aproxima do seu Criador e que o permite ser chamado de imagem e semelhança de Deus. Com efeito, ao observarmos Deus no ato da criação de todas as coisas, vemo-l’O avaliando cada ponto da criação.

Diz a Bíblia que, após a criação, Deus fazia uma apreciação do que tinha feito e achava que tinha sido bom, prova de que é um Deus que avalia, um Deus que julga, um Deus que estima.

 Verdade é que o homem é apenas uma pálida expressão desta razão divina, razão esta que está tão longe dos pensamentos humanos como o céu da terra (Is.55:8,9), pois há uma semelhança com Deus e não uma igualdade.

Por isso, devemos sempre colocar, no mínimo, sob suspeita toda e qualquer doutrina, todo e qualquer pensamento humano que se arrogue como discernidor de toda a lógica divina, como, por exemplo, a doutrina kardecista.  

– Nossa razão deve estar completamente submetida ao senhorio de Deus. Por isso nosso culto é chamado pelo apóstolo Paulo de culto racional (Rm.12:1).

Devemos nos apresentar a Deus como verdadeiros adoradores, em espírito e em verdade (Jo.4:24).

A adoração a Deus envolve, assim, dois elementos: o espírito e a verdade, verdade esta que resulta de uma avaliação mental, pois é sabido que é a razão aquela que nos permite identificar entre o verdadeiro e o falso.

(Aliás, graças a esta capacidade que Deus nos deu de distinguir pela razão a verdade da falsidade que foi criada a lógica, parte da filosofia que nos permite distinguir entre os raciocínios verdadeiros e os falsos, que foi inicialmente desenvolvida, de forma sistematizada, por Aristóteles).  

– É interessante observar que a razão nada tem contra a fé ou contra a espiritualidade do homem.

Vez por outra somos confrontados com a ideia de que a razão está relacionada à ciência, ao materialismo e que tudo o que é racional é, necessariamente, despido de qualquer contacto com o divino, com o sobrenatural, com o espiritual.

Esta é uma das muitas ideias mentirosas que vêm sendo disseminadas pelo adversário de nossas almas e que, inadvertidamente, encontra guarida em muitas mentes de cristãos.

A ciência verdadeira nada mais é que a comprovação, por métodos lógicos e humanos, daquilo que Deus já tem revelado através de Sua Palavra.

Quem fez o universo foi Deus e, portanto, tudo o que o homem vier a descobrir estará, necessariamente, de acordo com o que foi revelado pelo Senhor através das Escrituras.

É por isso que Paulo adverte a Timóteo que combata não a ciência, mas a ” falsamente chamada ciência” (I Tm.6:20). 

– Quando fazemos uso da razão, já o dissemos, procedemos a avaliações, a julgamentos, a apreciações da realidade que nos cerca.

Deus fez o homem um ser racional. Desta forma, é natural que o homem faça julgamentos, cálculos e apreciações da realidade.

Muitos crentes embaraçam-se com esta afirmação, pois costumam dizer que Jesus disse que não devíamos julgar o próximo (Mt.7:1), algo que foi, posteriormente, repetido por Tiago, em texto já referido, inclusive, neste estudo (Tg.4:11,12).

Entretanto, devemos entender bem o que estamos a dizer e o que o textos bíblicos ensinam.

O que a Bíblia condena não é o julgamento feito pelo homem, pois o homem, por ser um ser racional, faz julgamentos e apreciações da realidade por força da sua própria natureza.

Assim, Adão chegou à conclusão de que era um ser solitário, ainda que Deus não o tivesse falado e tal julgamento não foi, em absoluto, pecado.

– Quando a Bíblia condena o julgamento, temos, aqui, a condenação de algo que não está cometido ao homem na ordem estabelecida por Deus.

As Escrituras proíbem o homem de julgar o seu semelhante, ou seja, dar um veredicto a respeito da dignidade ou não de outro ser humano, do merecimento ou não deste ser humano em receber o favor, ou não, de Deus.

Observe que Jesus diz que quem fizer julgamento desta natureza, estará, também, permitindo, pela lei da semeadura, que seja, posteriormente, julgado da mesma maneira, enquanto que Tiago condena, veementemente, que exteriorizemos juízo a respeito da condição espiritual de algum irmão.

Quem julgará o comportamento espiritual do homem é o Senhor, a quem o homem deve prestar contas.

Não temos o direito de querer que os homens prestem contas a nós pela sua vida espiritual, pois isto está além do que Deus nos deu na condição de Seus mordomos. Um mordomo não presta contas a outro mordomo, mas tão somente ao seu Senhor.  

– A Bíblia ensina-nos que devemos avaliar a nossa própria condição espiritual, na passagem já mencionada da ceia do Senhor, de forma que a nós compete tão somente, em assuntos espirituais,

cuidar de nossas próprias vidas, não nos sendo autorizado que julguemos os semelhantes, mas que nos disponhamos tão somente a sermos instrumentos de Deus para a salvação e aperfeiçoamento dos demais.

– Isto, entretanto, nada tem a ver com a capacidade que Deus deu ao homem de tirar conclusões a respeito dos fatos, inclusive de ordem espiritual.

Com efeito, Jesus diz-nos que, pelos frutos das pessoas, conheceremos se elas são árvores boas ou árvores más (Mt.8:15-20), bem como que seremos capazes de colocar à prova e identificar os falsos mestres (Ap.2:2).

Contudo, isto é resultado de uma razão que está submissa a Deus, que somente pensa e calcula de acordo com a vontade de Deus e que, por isso mesmo, embora chegue às suas conclusões, guarda-as para si, sem qualquer intento de julgamento de outrem.  

– Uma razão submissa a Deus é uma razão que não faz julgamentos e avaliações segundo a aparência (I Sm.16:7; Jo.7:24), mas segundo a reta justiça.

O critério de julgamento do mordomo deve ser a Palavra de Deus, a luz que deve iluminar o nosso caminho (Sl.119:105).

É este o farol que deve dirigir os nossos pensamentos e as nossas avaliações. Jamais poderemos olhar para as coisas segundo a aparência (II Co.10:7).  

– A terceira atividade do entendimento é a memória, que deve ser entendida como sendo “…aquele processo ou faculdade mental de representar na consciência um ato, uma experiência ou uma impressão pertencente ao passado…” (CHAMPLIN, Russell Norman. Memória. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.4, p.213).

O homem foi dotado por Deus de memória, exatamente para que possa reter todas as informações e conhecimento que vá adquirindo ao longo do tempo.

Embora a memória, segundo as descobertas científicas dos últimos anos, tenha sua atividade corporal vinculada a um dos hemisférios cerebrais, não é simplesmente uma atividade física, mas se trata de uma faculdade da alma, de uma atividade que é exercida pela alma e que tem no cérebro a sua projeção corporal.  

– Deus dotou o homem de memória exatamente porque o homem foi feito para viver eternamente.

Sem memória, o homem não teria condição alguma de poder reconhecer a grandiosidade do seu Deus nem tampouco de avaliar o Seu amor e a Sua glória. Uma vez que o homem está sujeito ao tempo, fora da dimensão da eternidade, é imperioso que o homem seja dotado de memória, para que possa reconhecer a sua fragilidade e a grandeza do seu Senhor.  

– A memória, portanto, deve estar relacionada com estes propósitos divinos, de modo que devemos sempre nos lembrar do amor de Deus para conosco, da Sua grandiosidade, dos Seus grandes feitos.

A Bíblia sempre nos incentiva a lembrarmos das ações de Deus e o Seu grande amor para conosco.

Por isso, Deus determinou que Israel comemorasse a páscoa, para que sempre se lembrasse do cuidado do Senhor na libertação de Seu povo (Ex.13:1-16) bem como estabeleceu o altar de sacrifícios (Ex.20:24).

Com o mesmo propósito de não nos deixar esquecer o grande amor mostrado na cruz do Calvário, Jesus instituiu a ceia do Senhor, que tem na vivificação da memória do cristão um de seus principais objetivos (Lc.22:19).

Nossa memória estará cumprindo a sua mordomia se estiver integralmente relacionada com os feitos e o nome do Senhor (Is.26:8).  

– A memória, entretanto, não deve ser usada quando o assunto não é a glorificação do Senhor, mas o pecado meu ou do meu semelhante.

Quando o assunto é pecado, devemos agir não com memória, mas, bem ao contrário, devemos esquecer tais coisas.

Muitos crentes não têm sido fiéis mordomos do Senhor porque se martirizam com os seus pecados passados, com os erros cometidos e que já foram perdoados e purificados pelo Senhor.

Deus afirma que de nossos pecados e iniquidades não se lembra mais (Mq.7:8; Jr.31:34; Hb.8:12 e Hb.10:17), de modo que não poderemos, mesmo, ficar deles nos lembrando, pois fomos purificados pelo sangue de Jesus de uma forma radical.

Por isso, doutrinas como a maldição hereditária e suas variações, inclusive a que fala em regressões ou confissões de pecados passados, devem estar totalmente distantes de nossa prática espiritual, pois Jesus já nos perdoou e se O aceitamos,

fomos purificados de todo o pecado e devemos nos conduzir como o apóstolo Paulo que, apesar de ter sido um dos maiores perseguidores da Igreja antes de sua conversão, dizia em alto e bom som que:

“uma coisa faço, e é que, esquecendo-se as coisas que atrás ficam,  e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp.3:13b,14).

– Além de não poder funcionar a memória de um mordomo com os próprios pecados passados, devemos, também, esquecer as ofensas das quais fomos vítimas por parte de outras pessoas.

 O perdão é o esquecimento de que ora estamos tratando e a Bíblia determina que o fiel mordomo de Deus seja um perdoador.

 “Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”, disse Jesus (Mt.6:15), que, inclusive, não apenas ensinou, mas também fez, como vemos no instante em que era pregado na cruz, ou no Seu relacionamento posterior com Pedro, que O negou, ou com o próprio Paulo, que tanto O perseguiu.

Quem perdoa, esquece e, portanto, não tem uma memória cheia de rancor ou de raízes de amargura e ressentimentos, verdadeiras ervas daninhas que põem em risco a própria salvação e a dos que com ele convivem (Hb.12:15).  

– Observemos que, quando aqui falamos em esquecimento, não estamos nos referindo a uma amnésia, a uma impossibilidade de que um pecado ou uma ofensa de outrem contra nós nos venha à mente ocasionalmente.

Como dissemos supra, não podemos impedir que tais pensamentos se manifestem em nossas mentes, mas, se Deus nos controla, se somos fiéis mordomos,

não permitiremos jamais que estes pensamentos vindos do passado possam se aninhar em nossas cabeças e gerem comportamentos e condutas nossas que, certamente, serão atitudes de rebeldia e de inobservância da Palavra de Deus.

– A segunda faculdade da alma é o sentimento. O homem foi feito um ser dotado de sentimento, um ser sensível, um ser que sente emoções, paixões e dores.

A sensibilidade é uma das faculdades da alma e é através dela que podemos amar, gostar, odiar, aborrecer, chorar, sorrir, enfim, sentir. Deus é um ser sensível e esta sensibilidade do homem é mais um aspecto que nos mostra que o homem é, sem dúvida, a imagem e semelhança de Deus.

Com efeito, a Bíblia nos diz que Deus é amor (I Jo.4:8b), que é o mais sublime de todos os sentimentos, que Deus Se aborrece (Pv.6:16), Se alegra (Sl.104:31), Se entristece (Ef.4:30).  

– O homem é dotado de sentimento. Após ter percebido estar só, o homem sentiu solidão, o que não foi agradável a Deus, que, então, criou a mulher.

Em seguida à queda, o homem sentiu medo (Gn.3:10) e, como consequência do pecado, passaria a mulher a sentir muitas dores na conceição (Gn.3:16) e o homem, dores na luta pela sobrevivência (Gn.3:17).

Algum tempo depois, Caim sentiu ira e ódio de seu irmão, a ponto de matá-lo (Gn.4:5,8).  

– Como podemos perceber, portanto, o homem é um ser que sente, mas este sentimento deve ser disciplinado e conduzido pelo Senhor, se quisermos ser fiéis mordomos.

Devemos ter o mesmo sentimento que houve em Jesus (Fp.2:5). O primeiro sentimento que devemos ter é o de submissão a Deus, é o de que somos servos e Ele, o Senhor.

Foi este o sentimento que norteou a vida de Jesus em Seu ministério terreno e é o exemplo que devemos seguir.

Quando reconhecemos o senhorio de Deus em nossas vidas, nossas paixões, nossos sentimentos passam a ser controlados pelo Senhor e, assim, não seremos por eles escravizados.

Paulo bem demonstrou isto ao afirmar que, por se rebelarem contra Deus, os homens foram abandonados à própria sorte, sendo, então, facilmente aprisionados pelos mais perversos sentimentos (Rm.1:24,26,27).  

– É extremamente perigoso quando nos deixamos levar pelas nossas emoções e sentimentos, sem que eles possam estar sob o controle do Senhor.

Observemos, bem, que não estamos, aqui, dizendo que os servos do Senhor devem ser insensíveis, pessoas que não demonstrem afeto, carinho, amor.  Não, absolutamente não!

Quando abrimos as páginas dos Evangelhos, nós observamos um Jesus amoroso, bom, sensível, extremamente sensível, que Se emocionou (por duas vezes é dito que Jesus chorou).

Por diversas vezes, vemos que Jesus se compadeceu daqueles que o cercavam e compadecer-se é ter o sentimento do outro, é sentir exatamente aquilo que o outro está sentindo.  

– Quando observamos o ministério de Jesus, porém, vemos que os Seus sentimentos eram voltados para o próximo, para o outro.

Jesus jamais Se conduziu de forma a satisfazer as Suas necessidades, jamais olhou o mundo como um local destinado à plena satisfação de Suas sensações ou de Suas emoções.

Muito pelo contrário, Jesus é fruto do amor altruísta, do amor em relação ao outro e, por isso, deixou a Sua glória para provar o Seu amor para conosco, morrendo por nós quando nós ainda éramos pecadores (Rm.5:8). Os sentimentos e as emoções levavam em conta o próximo e a glória de Deus.  

– Vivemos um tempo em que a frieza é uma constante nas relações entre os homens.

O desenvolvimento tecnológico, a vida agitada das grandes metrópoles, a luta pela sobrevivência e a acirrada competição dos nossos dias têm tornado os homens insensíveis e sem afeto natural (I Tm.3:3).

Mesmo nas igrejas locais, a proximidade entre os irmãos tem rareado cada vez mais e não é difícil que nos sintamos estranhos ao término de nossas reuniões, perdidos em uma multidão, algo que é absolutamente contrário ao modelo bíblico estabelecido para a igreja (At.2:44,46) e que alguns têm aproveitado para disseminar heresias e falsos ensinamentos, como a substituição da igreja por “células”.   

– Em virtude disto, não têm sido poucos os artifícios que o homem tem criado para preencher este vazio que tem causado distúrbios inumeráveis à humanidade, pois, afinal de contas, o homem precisa sentir, amar, sorrir.

Desta necessidade, nascem os expedientes que já conhecemos: as tentativas de substituição do amor pelo sexo, do companheirismo e da amizade pela companhia esporádica e pela diversão,

dos sonhos e propósitos pelas “viagens” das drogas e demais fantasias enganadoras e até mesmo a experiência genuína com Deus através de um culto pelo sensacionalismo e pelo emocionalismo de movimentos barulhentos mas totalmente despidos da presença do Espírito de Deus.  

– A mordomia do sentimento leva-nos, obrigatoriamente, à busca do amor divino, o caminho mais excelente que pode ser trilhado por um verdadeiro mordomo de Deus (I Co.12:31).

É preciso que tenhamos amor a Deus. Ora, amor é apego, é o desejo de se estar junto a alguém.

Assim, temos de querer estar junto a Deus, de nos apegarmos a Ele e só o faremos se observarmos a Sua Palavra, pois só ama a Deus quem guarda os Seus mandamentos (Jo.15:14).

Se amamos a Deus, amaremos o nosso próximo (I Jo.4:20). Assim fazendo, teremos os melhores sentimentos com o foco no outro e não em nós mesmos e, assim nos conduzindo, estaremos tendo o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus e, deste modo, nossos sentimentos gerarão atitudes que correspondem às qualidades do fruto do Espírito (Gl.5:22).  

– A terceira faculdade da alma é a vontade. O homem é dotado de livre-arbítrio, ou seja, pode escolher entre fazer o que Deus quer ou não.

Isto percebemos logo na primeira fala de Deus a um homem especificamente, ou seja, em Gn.2:17, é dito que Deus permitiu que o homem tivesse o poder de escolher entre obedecer-Lhe, ou não.

O próprio Jesus demonstra que o homem foi dotado de livre-arbítrio, ao afirmar que havia a Sua vontade e a vontade do Pai na oração que proferiu no Getsêmane (Lc.22:42).  

– Como bem afirma nossa Declaração de Fé:

“…CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus (…) 

Trata-se de um ser inteligente e que foi capaz de dar nome aos animais [Gn.2:19,20], feito à semelhança de Deus (…);

um pouco menor que do que os anjos; coroado de honra e de glória [Sl.8:4,5] e dotado de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal [Gn.2:16,17].

Mediante a graça, essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden: ‘Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo’ (Jo.7:17)…” (cap.VII, p.77).  

– Somos dotados de vontade, pois podemos querer e desejar algo de nós mesmos. Embora Deus tenha a Sua vontade (como estudamos na lição nº 1),

Ele criou o homem com liberdade e deixa um espaço para a o homem possa fazer a sua vontade ou a vontade de Deus, o que já vimos ser a ” vontade permissiva de Deus”. 

O homem não é um robô, um autômato, que é programado para executar as tarefas que lhe foram confiadas. Muito pelo contrário, Deus fez o homem com o poder de escolher, ou não, cumprir o propósito que Deus tem estabelecido para cada indivíduo.  

– O homem, por ser dotado de vontade, é responsável pelos seus atos. Somente a liberdade poderia gerar responsabilidade pelos atos praticados.

Quando vemos que o homem prestará contas pelos atos que tiver cometido, consequência da sua condição de mordomo, isto somente faz sentido na medida em que o homem é dotado de livre-arbítrio, da capacidade de escolher fazer, ou não, aquilo que foi determinado por Deus.

Caso o homem não pudesse escolher, jamais poderia ser obrigado a prestar contas, pois não poderia responder pelos atos cometidos, já que não teriam tido origem nele mesmo mas em Deus.  

– Devemos sacrificar a nossa vontade e fazer a vontade de Deus. Esta realidade é o que Jesus denomina de “reino de Deus”.

Na oração-modelo, Jesus diz-nos que devemos pedir a Deus que o Seu reino venha e que a Sua vontade se faça assim na terra como no céu (Mt.6:10).

Ora, ao assim afirmar, Jesus deixa-nos bem claro que o reino de Deus, ou seja, o governo de Deus, o senhorio de Deus somente é possível na medida em que a Sua vontade se realiza na terra e no céu.

É interessante verificar que Jesus coloca a terra em primeiro lugar, numa ordem contrária a da criação (cfr. Gn.1:1), exatamente porque está se referindo a uma comunicação entre Deus e o homem, que é o mordomo na terra (cfr. Gn.1:26).

Para que o senhorio de Deus se estabeleça, é fundamental que a vontade divina se realize na terra e isto somente será possível na medida em que o homem, que é o supremo administrador da criação na Terra, coloca-se em atitude de submissão a Deus e sacrifique a sua vontade em favor da vontade de Deus.

– Daí a importância singular que tem o Getsêmane no plano da salvação do homem.

Embora tenha sido no Calvário que Jesus tenha vencido a morte e o pecado, embora a cruz represente o poder de Deus (I Co.1:17) e seja nela que esteja o motivo de nosso gloriar (Gl.6:14),

a cruz não seria possível se, antes, Jesus não tivesse sacrificado a Sua vontade, decorrente do próprio instinto humano de sobrevivência, em prol da vontade de Deus.

No Getsêmane, temos o primeiro passo para que Cristo fosse vencedor, pois ali o homem Jesus completou o sacrifício da Sua vontade, aceitando morrer por nós (Jo.6:38).

Devemos seguir-Lhe o exemplo, sacrificando, também, a nossa vontade para que a vontade de Deus se faça plenamente em nós.

Davi foi chamado homem segundo o coração de Deus, exatamente porque se propôs a executar toda a vontade do Senhor (At.13:22) e Paulo demonstrou, claramente, que o importante é vivermos para cumprir a vontade de Deus (At.21:13,14). Só quem faz a vontade de Deus permanece para sempre (I Jo.2:17).  

– Temos sacrificado a nossa vontade em prol da vontade de Deus ou temos querido servir a Deus do nosso modo, da nossa maneira, como se pudéssemos agir assim?

O verdadeiro mordomo não faz o que quer, mas o que é da vontade do seu Senhor.  

– Este aspecto da mordomia da alma é de suma importância, pois demonstra quão equivocado é o pensamento dos pregadores da confissão positiva, que defendem que Deus é obrigado a cumprir os nossos desejos, os nossos caprichos, por causa dos compromissos que tenha assumido em Sua Palavra.

Deus é soberano e faz aquilo que Lhe apraz. Verdade é que cumpre as Suas promessas e que vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12). Entretanto, Sua Palavra diz que devemos sacrificar nossa vontade para que a vontade de Deus se faça em nós.   

– Uma passagem muito citada pelos defensores da confissão positiva é a que consta em Jo.15:7, segundo a qual (para citarmos apenas a parte interessante a estes falsos mestres), “pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito”.

Entretanto, este versículo, longe de dizer que Deus é obrigado a satisfazer as nossas vontades, é a conclusão de todo um contexto, que se inicia com as seguintes palavras de Jesus, a saber:

“Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o lavrador” (Jo.15:1).

Ou seja, Jesus coloca-Se como sendo o principal servo do Pai, a videira verdadeira, a principal planta da vinha (e sabemos que a vinha é sempre um símbolo do povo de Deus na Bíblia), enquanto que Deus é o dono da vinha, o soberano.

Diz que nós somos varas, ramos desta videira e, portanto, dependemos inteiramente de Cristo para que possamos dar fruto. Somente estando em Cristo é que poderemos dar fruto.   

– Ora, se assim é, como afirma a primeira parte de Jo.15:7 (sempre omitida pelos propagandistas da confissão positiva), é indispensável que estejamos em Cristo e que as Suas palavras estejam em nós, para que, aí, sim, nós possamos pedir tudo o que desejemos.

Ocorre que este desejo não será a nossa vontade, o nosso capricho, como ensinam estes enganadores, mas, sim, a vontade de Deus, pois, se estivermos em Cristo, seremos como um ramo enxertado (Rm.11:17,29,24),

que passará a ter correndo em si a seiva da planta, que aqui representa a vontade de Deus. Quereremos apenas o que Deus quer e é por isso que tudo o que desejarmos será realizado. Algo muito diferente do que andam dizendo por aí.

V – SIGNIFICADOS DE “ESPÍRITO”  

– A palavra “espírito”, na Bíblia, tem vários significados, assim como “alma”.

A palavra hebraica para espírito (“ruach”- רוח) pode ser traduzido como “soprar, sopro”, como no Sl.18:15, parte final( “…pela Tua repreensão, Senhor, ao soprar das Tuas narinas”)  ou “vento”, como em Gn.8:1( “…e Deus fez passar um vento sobre a terra…”).

É, também, com estes significados que encontramos, às vezes, a palavra grega “pneuma” (πνευμα), como em II Ts. 2:8, (“…a quem o Senhor desfará pelo assopro da Sua boca…”) e em Jo.3:8 (” O vento assopra onde quer…”).  

– A palavra “espírito”, a exemplo do que ocorre, também, com a palavra “alma”, pode significar, em algumas passagens bíblicas, “vida”  ou ” respiração”, como, por exemplo, em Gn.6:17 (“…para desfazer toda carne em que há espírito de vida debaixo dos céus…”), no Sl.146:4 (” Sai-lhes o espírito, e eles tornamse em sua terra…”).  

– Algumas vezes, a palavra ” espírito”  é utilizada com o significado de “homem interior”, ou seja, refere-se à parte imaterial do homem, o que inclui tanto a alma quanto o espírito.

É o que vemos em Nm.16:22 (“…Ó Deus, Deus dos espíritos de toda a carne…”), em Jó 14:10 (“…rendendo o homem o espírito, então onde está ?”), em Ec.12:7 (“…e o espírito volte a Deus, que o deu…”) e em Hb.12:23 (“…e aos espíritos dos justos aperfeiçoados…”).  

– A palavra “espírito” também designa, em algumas passagens bíblicas, os outros “seres espirituais”, ou seja, os seres que não têm corpos físicos, os seres primitivamente celestiais, cuja semelhança com o homem está, exatamente, em que, a exemplo do homem, também são dotados de espíritos, embora, ao contrário dos homens, não tenham corpos físicos.

É neste sentido que é dito que Deus é Espírito (Jo.4:24), que os anjos são espíritos ministradores (Hb.1:14) , bem como que o nosso adversário e seus anjos são espíritos (Jó 4:15, Lc.4:36).  

VI – DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO  

– Alma e espírito formam o “homem interior”.

Ambos não são compostos de matéria, diferenciando-se do corpo neste ponto.

Com efeito, a Bíblia registra que Deus formou o corpo do homem da matéria, mas, para criar a parte imaterial do homem, “soprou em suas narinas” (Gn.2:17), expressão bíblica que indica que o homem interior não tem qualquer relação com a matéria existente na Terra, mas decorre de uma criação que advém diretamente da personalidade divina, do ser divino.  

– Eis o que diz nossa Declaração de Fé sobre o “homem interior”:

“…Praticamente tudo o que a Bíblia diz a respeito da alma fala também do espírito, pois ambos deixam o corpo por ocasião da morte e sobrevivem a ela [Ec.12:7; Ap.6:9].

Às vezes, o ser humano é tido como ‘corpo e alma’ [Mt.10:28] e, outras vezes, ‘corpo e espírito’ [Tg.2:26].

Deus é revelado como espírito [Jo.4:24] ew alma [Is.42:1]. Essa interligação, às vezes, confunde os termos alma e espírito [Lc.1:46,47]. Entretanto, eles são distintos entre si.

O Espírito Santo opera por meio do espírito humano: ’O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus’ (Rm.8:16); mas isso nunca se diz com respeito à alma humana.

A Bíblia fala sobre o homem perder a sua alma: ‘Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?

Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?’ (Mt.16:26); essa linguagem, todavia, nunca é usada a respeito do espírito, A alma e o espírito são substâncias espirituais incorpóreas e invisíveis.

Apesar dessas características comuns, são entidades distintas, porém inseparáveis; são os dois lados da substância não física do ser humano, o ‘homem interior’ (Ef.3:16).

A Bíblia apresenta vários termos para indicar a parte espiritual do ser humano, além de alma e espírito, tais como mente, vontade [Mc.12:30] e o suo metafórico de coração e rins [Ap.2:23]…” (cap.VII, n.3, p.79).  

– Ao criar o homem interior, diz-nos o texto sagrado que houve o “fôlego de vida”  e o homem foi feito “alma vivente”.

Ora, isto já é o primeiro texto bíblico que nos mostra haver distinção entre a alma e o espírito.

Enquanto “alma vivente”, o homem se distingue e se diferencia dos demais seres criados na Terra, tendo noção da sua individualidade e da sua existência, sentindo, querendo e pensando.

Era necessário que o homem fosse uma “alma vivente” precisamente para que pudesse desempenhar a sua função de dominador sobre as demais criaturas terrenas, pois só poderia dominá-las se,

em primeiro lugar, tivesse capacidade para tanto, o que lhe adveio pelo entendimento, pela sensibilidade e pela vontade e, em segundo lugar, se fosse consciente de que era diferente dos demais, se tivesse um sentido da sua própria existência.

É, por isso, que vemos, na Bíblia Sagrada, que o salmista tinha abatimento na alma (Sl.42:5) e Jesus, ao sentir a aproximação da Sua morte, disse estar com Sua alma triste (Mt.26:38).

– Entretanto, não bastava ao homem, para ser um mordomo, um administrador supremo da criação terrena, que tivesse entendimento, sensibilidade e vontade.

 Estas faculdades apenas o permitiam se relacionar com os demais seres criados, inclusive com os demais seres humanos, mas não lhe trariam noção alguma da sua condição de administrador, de servo, pois a alma, por si só, era insuficiente para lhe mostrar a realidade de um Criador, de um Deus que é o Senhor de todas as coisas.   

– Ter a noção de que existe e que domina sobre os outros seres é o que nos vem através da alma, mas ter a noção de que existe um Deus, de que Ele é o Senhor de todas as coisas e que devemos prestar-Lhe contas é algo bem diverso, algo que somente através de uma parte específica se poderia dar ao homem, pois o tornaria totalmente distinto dos demais seres, com condições de ser um fiel e competente administrador da criação na Terra.

Esta parte é, precisamente, o espírito, aquele “fôlego de vida”, aquele canal de relacionamento entre Deus e o homem, a parte do homem que mantém nele a noção de Deus e estabelece a relação indispensável que deve existir entre o mordomo e o seu Senhor.

É, por isso, que, em Sua exclamação final na cruz do Calvário, Jesus dirigiu-se a Deus e, após isto, é dito que rendeu o Seu espírito (Lc.23:46), a indicar que o espírito está vinculado diretamente ao relacionamento entre Deus e o homem.  

– Por ser o responsável pelo relacionamento com Deus, o espírito só cumpre a sua finalidade quando houver esta relação entre Deus e o homem, quando Deus e o homem se comunicam, compartilham seus sentimentos e desejos.

Este contacto, esta comunicação (que a ação se tornar comum, que é a circunstância de o que o homem pensa, quer e sente é exatamente o que Deus pensa, quer e sente) é o que denominamos de “vida espiritual”.

O espírito humano tem como finalidade estabelecer este relacionamento entre Deus e o homem e, quando está separado do seu Criador, por causa do pecado (Is.59:2), o espírito fica em profunda aflição, a principal causa de todos os desvarios e loucuras (Ec.1:17).  

– Vemos, pois, que alma e espírito são distintos, têm funções diversas, mas, assim como o corpo, integramse numa unidade que permite ao homem exercer a sua mordomia.

A alma dá a noção da superioridade que tem o homem em relação aos demais seres criados na Terra e a de igualdade em relação aos demais seres humanos nesta sua tarefa de administração, enquanto que o espírito nos faz perceber a nossa condição de servos diante do Senhor nesta mesma missão que nos foi outorgada.

OBS: “…O homem também é o templo de Deus, e da mesma maneira, constitui-se de três partes.

O corpo é como o átrio exterior, com sua vida visível a todos. Aqui o homem deve obedecer a cada mandamento de Deus;

aqui o Filho de Deus serve como substituto e morre pela humanidade. Por dentro, está a alma do homem, que constitui a sua vida interior e inclui sua emoção, vontade e mente.

Tal é o Lugar Santo de uma pessoa regenerada, pois seu amor (fileo), vontade e pensamento estão plenamente iluminados para que possa servir a Deus como o sacerdote do passado o fazia.

No interior, além do véu, encontra-se o Santo dos Santos, no qual nenhuma luz humana jamais entrou e olho humano algum jamais penetrou. Ele é o ‘esconderijo do Altíssimo”, a habitação de Deus.

O homem não pode ter acesso a ele, a menos que Deus queira rasgar o véu, como fez por ocasião da morte de Cristo (Mt.27.51).

Ele é o espírito do homem. Este espírito jaz além da consciência própria do homem e acima da sua sensibilidade.

Aqui o homem une-se a Deus e tem comunhão com Ele, mas sempre por meio do corpo. Este argumento esboça o seguinte, na presente analogia do corpo como templo de Deus: nenhuma luz é fornecida para o Santo dos Santos porque Deus habita ali.(…).

No Santo dos Santos, portanto era desnecessária a luz, porque ‘ Deus é luz’ (…). Seu espírito é como o Santo dos Santos habitado por Deus, onde tudo é realizado pela fé, além da vista, sentidos ou entendimento.

A alma simbolizava o Lugar Santo, pois ela é amplamente iluminada com muitos pensamentos e preceitos racionais, conhecimento e entendimento concernente às coisas do mundo idealista e terreno.

O corpo é comparado ao átrio exterior, claramente visível a todos.…” (SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos hebreus: as coisas novas e grandes que Deus preparou para você, p.75-6).

VII – AS FACULDADES DO ESPÍRITO HUMANO

– Tendo visto que o espírito não se confunde com a alma, embora, muitas vezes, o texto bíblico a eles se refira em conjunto, por serem ambas a parte imaterial do homem, é preciso observar quais são as faculdades do espírito.

Segundo os estudiosos, podemos distinguir no espírito humano duas faculdades: a fé e a consciência.   

– Com efeito, quando falamos do relacionamento entre Deus e o homem, ao analisarmos a Bíblia Sagrada, vemos que este relacionamento foi estabelecido dentro de duas atividades fundamentais para o homem, sem o que ele não poderia se relacionar com o seu Criador.

A primeira dessas atividades é a fé, pois “sem fé é impossível agradar-Lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos que O buscam” (Hb.11:6).  

– Não podemos pensar num relacionamento entre Deus e o homem se o homem não crer que Deus existe e que é o Senhor de todas as coisas.

Dotado por Deus do livre-arbítrio, o homem tem, como já vimos supra, o poder de escolher entre servir a Deus, ou não, entre fazer o que Deus manda, ou não.

Ora, para que faça o que Deus quer, para que escolha servir a Deus, precisa crer em Deus, ou seja, acreditar, confiar no Senhor, dar crédito às Suas Palavras.   

– Quando Deus disse ao homem que não deveria comer do fruto da árvore do bem e do mal, colocou em ação, precisamente, esta faculdade do espírito humano e o pecado só entrou no mundo porque o primeiro casal não creu em Deus, achando que, ao comer do fruto proibido, tornar-se-iam iguais a Deus, crendo, assim, na mentira da serpente.  

– Um relacionamento entre Deus e o homem só é possível porque o homem é capaz de perceber a existência de Deus, porque o homem é capaz de vislumbrar, pelas obras da criação e, diante de sua pequenez e limitações, de que há um ser supremo, que governa todas as coisas, ser este que outro não é senão Deus.

Esta crença em Deus é a fé natural, a fé que é uma faculdade do espírito humano e que está presente em todos os homens pelo simples fato de serem humanos.  

– Todos os homens, portanto, têm condições de crer na existência de Deus e Deus a eles Se revela, seja através da natureza (Rm.1:20-22), seja através da consciência (Rm.2:12-15), seja através de Israel (Ex.19:5,6), seja através de Jesus (Jo.1:14), seja através das Escrituras (Rm.15:4), seja através da Igreja (Rm.10:8; II Co.3:2,3).  

– Verdade é que, em virtude do pecado e dos seus efeitos, o espírito humano é tolhido e dominado pela natureza pecaminosa, que a Bíblia denomina de “carne”, estabelecendo um conflito interno no ser humano,

sobre o qual falaremos infra, impedindo, assim, que esta percepção da existência do Criador possa ditar regras de vida para o homem que, perdido e dominado pelo pecado, chega até o extremo de negar a própria existência divina, revelando toda a sua situação de desgraça e ignorância (Sl.14:1; 53:1).

OBS: “…O plano de Deus na criação foi o de dar ao homem a capacidade de conhecer o seu Criador, bem como o de ser capaz de conhecer as realidades espirituais em geral.

Deus criou [o homem, observação nossa] de tal modo(…) que(…) pode, por seus dotes naturais, entender tais coisas.(…). A fé não pode ser destruída, tal como não poder destruída a alma.

A fé, porém, pode ser ocultada pela mente consciente, devido à perversão do indivíduo, ou podemos negligenciar-lhe o desenvolvimento nas coisas espirituais.

Tão completo pode ser esse bloqueio da fé que nenhum único raio de luz venha a iluminar a mente física, a consciência.

Assim, um homem pode chegar a nem mesmo crer na existência de sua própria alma, ou na existência do seu Criador.

No entanto, [o homem, observação nossa] (…) sabe da verdade dessas coisas, a fé continua existindo – mas não pode esse conhecimento ser transmitido ao indivíduo consciente.…” (CHAMPLIN, Russell Norman. Fé. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2, p.694).  

– É interessante notar que, na filosofia, na ciência e na teologia, os homens chegaram à constatação, ainda que por outras vias que não a Bíblia Sagrada, da realidade da existência desta fé natural.

Os filósofos e cientistas, de forma consensual, têm reconhecido que todo conhecimento, ainda que procure ser criterioso e fundado em provas e demonstrações, depende de alguns pontos de partida, de alguns princípios que devem ser adotados sem comprovação, que devem ser aceitos.

Insistem eles que esta aceitação é resultado de uma “intuição”, de uma ” evidência”, de uma ” necessidade lógica”, mas, no fundo, o que se está a dizer é que, por mais que o homem exija provas e demonstrações para aceitar como verdadeiras algumas conclusões,

jamais poderá partir do nada, deve, pelo menos, aceitar como verdadeiros alguns postulados, alguns princípios que não são capazes de qualquer demonstração, ou seja,

deve crer em alguma coisa, sem o que não é possível qualquer atividade racional.

Esta crença, esta aceitação nada mais é do que o reconhecimento de que o homem precisa crer para desenvolver todas as suas potencialidades, de que o homem é dotado de uma fé que é indispensável para a sua própria existência.

Esta crença, fundamental e indispensável para todo o conhecimento, é o que caracteriza uma das faculdades do espírito humano.  

– Esta fé, que denominamos de fé natural, porque decorre da própria natureza do homem, é fruto da sua criação enquanto imagem e semelhança de Deus,

não pode ser confundida com a fé salvadora, com a fé que é fruto do Espírito e com o dom espiritual da fé, que são conceitos distintos e sobre os quais falaremos aqui, apenas de passagem, para diferenciá-los da fé natural de que estamos a falar.  

– A fé salvadora é um dom de Deus (Ef.2:8). É a capacidade que Deus dá ao homem para crer que Jesus Cristo é o Senhor e Salvador e, portanto, que devemos nos arrepender de nossos pecados e passar a servirLhe, passando a fazer a Sua vontade.

Quando o homem pecou, perdeu a condição de poder retornar a uma vida de comunhão com Deus.

O pecado fez separação entre Deus e o homem e o homem não tinha como salvar-se.

Por isso, o próprio Deus deu-lhe a boa notícia (o evangelho), ainda no jardim do Éden, de que alguém, da semente da mulher, iria esmagar a cabeça da serpente e triunfar sobre o mal, proporcionando um meio de o homem recuperar a comunhão perdida com Deus.

Para que o homem possa salvar-se, além de Jesus ter vindo ao mundo e morrido em nosso lugar, é preciso que sejamos convencidos de que somos pecadores e nos arrependamos e este convencimento exige a crença na obra salvadora de Jesus.

Esta crença, esta fé, que nos traz a salvação, vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17). Esta fé não é de todos (II Ts.3:2), ao contrário da fé natural.  

– A fé fruto do Espírito Santo (Gl.5:22) é o resultado da transformação operada pela salvação.

Quando cremos em Cristo, tornamo-nos uma nova criatura (II Co.5:17) e passamos a ter um novo caráter, uma nova conduta, a apresentar novas qualidades, entre elas, a fé, que nada mais é do que um comportamento de quem tem confiança em Deus,

que tem consciência de que Deus está no controle de todas as coisas, tanto assim que esta qualidade do fruto do Espírito está relacionada com a bem-aventurança dos que têm fome e sede de justiça, pois a confiança em Deus nos permitirá receber a fartura do Senhor (Mt.5:6).

Esta fé também não é de todos, mas só daqueles que creram em Jesus e foram nascidos da água e do Espírito (Jo.3:8), daqueles que foram gerados de novo para uma viva esperança, para uma herança incorruptível(I Pe.1:3,4) e que se constitui num dos instrumentos para a nossa perseverança (I Pe.1:5). É a fidelidade a Deus.  

– O dom espiritual da fé (I Co.12:9), por fim, é um dos chamados dons de poder que o Espírito Santo deixa à disposição da Igreja.

Trata-se de uma confiança extraordinária, especial que faz com que pessoas tenham uma crença pontual além dos limites do imaginável e que, mediante esta confiança, realizem coisas que estão além do alcance da imaginação humana.

Temos sempre ouvido ações e gestos de servos do Senhor que, tomados pelo Espírito com uma fé excepcional, agem de acordo com a vontade de Deus e servem para a Sua glorificação.

Assim, por exemplo, agiu Paulo no navio que o levava a Roma, ao usar de autoridade para impedir que algum mal se fizessem aos presos e, assim, sendo um simples prisioneiro, dirigir e comandar a própria salvação de todos os que ali estavam.(At.27:30-36).

Esta fé é apenas daqueles salvos que são aquinhoados pelo Espírito Santo com este dom e devem exercê-lo sempre em vista do consolo, admoestação e conforto da Igreja.  

– Para haver um relacionamento entre Deus e o homem, entretanto, embora seja necessário que o homem creia, confie em Deus, isto não é suficiente para que se estabeleça um relacionamento.

Deus é superior ao homem, Seus pensamentos e caminhos são muito superiores aos do homem e, desta forma, não haveria como o homem, por si só, chegar ao mesmo nível de Deus, a fim de se pudesse instituir uma relação entre eles.

Por causa disto, Deus dotou o homem de consciência, ou seja, da capacidade de saber o que é certo e o que é errado, quase que como uma voz do próprio Deus no interior do homem,

a permitir-lhe saber o que deve e o que não deve ser feito. Deste modo, através da consciência, o homem poderia saber qual é a vontade de Deus e, assim, poder estabelecer um relacionamento apesar da infinita distância entre o Senhor e Seu mordomo.  

– A consciência é, assim, a faculdade do espírito que nos permite saber o que é o certo e o que é errado, um verdadeiro tribunal que existe em nosso interior a nos dizer quando estamos acertando e quando estamos errando,

algo que existe em todo ser humano, se bem que o pecado gere, como efeito, o embrutecimento do homem, a ponto de ele chegar a ter a própria consciência cauterizada (I Tm.4:2), ou seja, completamente sufocada e inoperante.  

– A consciência, desde a Antiguidade, já era considerada como esta voz de advertência, esta instância julgadora no interior do homem.

O filósofo grego Sócrates a ela se refere e os filósofos estoicos (mencionados em At.17:18) a consideravam uma “fagulha do ser divino no homem”, figura que acabou sendo trazida para os discursos filosóficos e teológicos cristãos mas que deve ser acolhida com cuidado, pois, se é verdade que a consciência é algo que traz para o interior do homem a moralidade divina, é algo que vem da parte de Deus, mas que com Deus não se confunde.

Os estoicos eram panteístas e, portanto, consideravam que Deus e a Sua criação se confundiam, o que sabemos não ser o ensinamento da Bíblia Sagrada.  

– A consciência é a capacidade que temos de distinguir o certo do errado, mas, nem por isso, o homem está isento de errar.

Através da consciência, Deus permitiu ao homem discernir entre o que é correto, o que está de acordo com a vontade divina e o que não o é, mas, devemos lembrar, o homem é livre, ou seja, pode escolher entre fazer o certo, ou não.

Se fizer o errado, acabará dominado pelo pecado, sem condições de se libertar, a não ser por intermédio de Cristo Jesus, como podemos observar nas Escrituras em diversas passagens (v.g., Gn.2:16,17; 4:6,7; Jo.8:31-36).  

– Somente quando o espírito está em comunhão com Deus, somente quando há um verdadeiro relacionamento entre Deus e o homem, podemos ter uma consciência sensível e obediente à voz do Senhor. Esta é a consciência sem ofensa (At.24:16) e a consciência pura (I Tm.3:9) de que fala o apóstolo Paulo.  

– A consciência, embora seja a capacidade que Deus deu ao homem para que distinga o certo do errado, ou seja, embora seja a capacidade que Deus deu ao homem para entender a lei de Deus,

é uma faculdade do espírito humano e, por isso, não é uma partícula de Deus no homem, mas uma forma de o homem poder entender e discernir a vontade de Deus em sua existência, em seu ser.

Daí porque haver diversas qualificações da consciência na Bíblia Sagrada, algo que somente é possível porque a consciência é do homem e não de Deus.

Em sendo a consciência humana, é por isso que podemos falar em consciência fraca (I Co.8:7,12), em consciência má ou contaminada (Hb.10:22; Tt.1:15).

Como diz Russell Norman Champlin, a consciência é qualificada “…dependendo de como o espírito humano reage ao Espírito de Deus…” (Consciência. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.1, p.870).   

VIII –  PECADOS CONTRA O ESPÍRITO HUMANO  

– Já que pudemos ver no que consiste o espírito humano e quais são as suas faculdades, vejamos, a partir de agora, como deve ser o relacionamento entre Deus e o homem no que se refere às faculdades espirituais, pois, assim como o corpo e a alma, o espírito do homem tem funções e tarefas precisas e determinadas pelo Senhor e que compõem a sua mordomia.  

– Tem-se como evidente, logo de início, que a mordomia espiritual é a mais delicada e a mais importante, pois o espírito lida diretamente com o relacionamento entre Deus e o homem.

E o espírito a parcela do ser humano encarregada, justamente, de estabelecer a comunicação com Deus e, se tal comunicação não se der de maneira correta, jamais o homem poderá ser um mordomo de acordo com os princípios estabelecidos pelo Senhor.  

– O espírito humano, enquanto a parte do homem responsável em estabelecer a relação entre Deus e o homem, deve, como vimos, fazer com que a fé natural e a consciência transformem-se em obediência, em submissão à vontade de Deus.

Este é o sentido da chamada “lei do espírito de vida” mencionada por Paulo em Rm.8:2.

Andar em espírito é andar segundo os ditames da fé natural e da consciência que, libertas do pecado por Jesus Cristo, passam a ser guiadas pelo Espírito Santo e a fazer o que é agradável a Deus, a saber, a vivermos obedientemente segundo a Sua vontade.  

– Cumprimos, portanto, a mordomia do espírito quando obedecemos a Deus e somente obedeceremos a Deus se o nosso espírito estiver em comunhão com o Espírito de Deus, isto é, se aceitamos a Cristo como nosso Senhor e Salvador e, a partir daí, fazemos o que Deus quer que façamos.

É neste sentido que a Bíblia diz que “fomos vivificados em Cristo” (I Co.15:22,45).

Quando cremos em Jesus e nos arrependemos de nossos pecados, o Seu sangue nos purifica de todo o pecado (I Jo.1:7) e nascemos de novo, ou seja, o espírito nosso, que estava morto, separado de Deus por causa do pecado, é religado a Deus, entra em comunhão com ele e, deste modo, passa a ter vida (Jo.5:24).

Jesus é a vida (Jo.14:6), n’Ele está a vida (Jo.1:4), precisamente porque, através d’Ele, obtemos o restabelecimento da comunicação entre Deus e o homem, entre o espírito humano e o Espírito de Deus.  

– Uma vez restabelecido o contacto, a comunhão, a vida em comum entre o espírito humano e o Espírito de Deus, passamos a ter não somente uma fé natural, mas a fé salvadora e a fé fruto do Espírito Santo, mediante as quais perseveraremos até o último dia de nossa existência física nesta Terra.

O contacto, também, permite-nos ter uma consciência sensível, viva e aguçada, a consciência sem ofensa e pura já mencionada supra, passando, então, a ter um amplo discernimento espiritual, que o apóstolo Paulo denomina de “mente de Cristo” (II Co.2:9-16).  

– A mordomia do espírito, portanto, cumpre-se se e somente se alcançamos a salvação em Jesus Cristo e nesta salvação perseveramos até o fim. É esta comunhão espiritual que nos torna filhos de Deus e nos traz a certeza da salvação (Rm.8:16).

A mordomia do espírito traduz-se em obediência e um espírito em paz com Deus (Rm.5:1) e um espírito que, mesmo em meio às mais duras adversidades, pode falar do seu íntimo que não é desobediente à visão celestial (At.26:19).  

– A mordomia do espírito é fundamental para que o homem possa cumprir todas as demais áreas da mordomia.

Não é possível que um ser humano possa ser um fiel e sincero mordomo, cumpra com êxito a missão, a tarefa que lhe foi outorgada por Deus se não estiver cumprindo a mordomia do espírito.

É verdade que um homem é um todo e que, por exemplo, se não cumprir a contento a mordomia do corpo ou da alma, que vimos nas lições passadas, também não será um mordomo fiel e sincero, mas o espírito é a fonte de todos os demais aspectos da mordomia.

Se tivermos um espírito que não cumpre a sua mordomia, automaticamente teremos o descumprimento da mordomia nas demais áreas, enquanto que, se alguém estiver cumprindo a mordomia do espírito, a tendência inevitável será o do desenvolvimento e adequação das demais áreas da mordomia.  

– O espírito humano deve cumprir a sua mordomia de modo prioritário. Deve ser esta a primeira preocupação do ser humano: estar em comunhão com o Senhor.

 Jesus mostra-nos esta realidade ao determinar, no sermão do monte, que devemos buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça (Mt.6:33). Sem que tenhamos o domínio de Deus sobre o nosso espírito, de nada valerá tudo o que fizermos, pois tudo o mais será vão e sem qualquer sentido.

Ou estabelecemos um relacionamento de comunhão com Deus em nosso espírito, sendo-Lhe obedientes ou de nada adiantará todo o esforço que viermos a fazer para atendermos aos parâmetros divinos no restante de nossa vida.

De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mt.16:26).

Por isso que o apóstolo, ao falar sobre a santificação, começa pelo espírito e termina pelo corpo (I Ts.5:23).

O espírito é o início de todo relacionamento com Deus e deve ser a prioridade do nosso serviço, de nossa mordomia.  

– Esta necessária prioridade do espírito, para que se possa cumprir a sua mordomia, revela-nos o conflito que existe dentro de cada ser humano, que Paulo bem retratou na epístola aos Romanos.

É o conflito entre a carne e o espírito, que não deve ser confundido com um conflito entre corpo e homem interior, como fazem os hinduístas ou como descreveram alguns filósofos, em especial, o filósofo grego Platão, que muito influenciou o pensamento ocidental, inclusive alguns filósofos e teólogos cristãos.  

– A Bíblia diz-nos que existem, em nós, duas forças de atração: a lei do espírito, que nos relaciona com Deus, que nos faz sedentos de Deus e a carne, que é a natureza pervertida do homem, surgida com o pecado, que busca, sempre, a gratificação, a alegria e a satisfação do “ego” humano a partir dos sentidos.

O pecado domina o homem através desta natureza pervertida, que tem como papel a sufocação do espírito humano.

O homem, uma vez adquirida a consciência, inevitavelmente, em virtude desta natureza que nos vem dos nossos primeiros pais, peca e não tem condições de se libertar, por si só, do domínio do pecado, consubstanciado nesta própria natureza, que a Bíblia denomina de carne, de onde vem a concupiscência que nos faz pecar (Tg.1:14).   

– Quem anda segundo a carne, não anda segundo o espírito, sendo impossível que alguém que viva segundo a carne possa agradar a Deus (Rm.8:1-9).

Quando cumprimos a mordomia do espírito, mantemos a natureza carnal sob controle, crucificada (Gl.5:24) e mortificada, assim como quando Jesus viveu enquanto esteve na terra (I Pe.3:18).  

– Por isso, a Bíblia afirma-nos que temos condições de saber a situação espiritual de alguém, pois, no sermão do monte, Cristo nos afirma que conheceremos as pessoas pelos seus frutos (Mt.7:15-20), tendo o apóstolo Paulo mostrado bem quais são as obras daqueles que vivem segundo a carne (Gl.5:19-21).

Lembremo-nos, porém, que tal ciência não tem o propósito de nos fazer juízes dos semelhantes, mas é um conhecimento para nos permitir desviar do mal e interceder para a salvação do próximo.  

– Os pecados espirituais, ou seja, os pecados cometidos contra o espírito humano são aqueles que nocauteiam, que destroem de pronto o relacionamento do homem com Deus e,

portanto, são aqueles que, embora não sejam mais graves (pois para Deus não há pecado mais grave ou menos grave, todos geram a morte), são a fonte de todos os demais pecados e, deste modo, têm um maior poder destrutivo, já que abismo chama outro abismo.  

– O primeiro pecado que se comete contra o espírito humano é a incredulidade.

A incredulidade é a incapacidade de se crer, é a destruição da eficácia da fé natural que existe no homem.

A incredulidade como que cega o entendimento do homem e ele não consegue crer que Deus existe ou que é galardoador daqueles que O buscam.

Através da incredulidade, o espírito humano é sufocado e o homem descrê no que Deus diz e no que Deus fala. Este descrédito em Deus faz com que o homem Lhe desobedeça, pois a obediência é resultado direto da confiança e da fé.

Assim, o primeiro casal não creu na palavra que Deus lhes havia dito a respeito da morte se tomassem do fruto proibido e comeram do fruto. Por que comeram? Porque não acreditaram, deixaram de crer que, se dele comessem, morreriam.

Por causa da incredulidade, Caim matou seu irmão Abel. Por que matou Abel? Porque não creu na palavra que Deus lhe dissera no sentido de que, se bem fizesse, seria aceito do Senhor mas, se não o fizesse, o pecado lhe dominaria.

Por que os israelitas que saíram do Egito, de vinte anos para cima, não entraram em Canaã? (Nm.26:2,64,65). Por causa da sua incredulidade (Hb.3:19).

Por que os nazarenos, concidadãos de Jesus, não viram tantas maravilhas nem se beneficiaram do poder do Senhor como os das demais cidades? Por causa da sua incredulidade (Mt.13:5458).  E, amado(a) irmão(ã), como está a nossa fé em Deus ?

– Deixando de crer em Deus, o homem passa a cometer toda sorte de pecados contra o espírito, pois a falta de crédito que se dá a Deus gera uma série de anomalias.

A primeira é a convicção que se cria, falsamente, no ser humano, de que ele pode se igualar a Deus.

O diabo cometeu este pecado, pois quis ser igual a Deus (Is.14:14), tendo induzido o primeiro casal a querer o mesmo (Gn.3:5,6).

Este desejo de independência de Deus, este ilusório sentimento de autossuficiência nada mais é que o pecado de orgulho, de soberba, sendo uma das coisas que existe no mundo, este sistema cósmico dominado pelo mal (I Jo.2:16).  

– Vivemos um tempo em que as pessoas se sentem independentes de Deus, ” donas de seus narizes”,  que não aceitam se submeter a quem quer que seja.

“Ninguém manda em mim”, “faço o que eu quero”, “quem cuida da minha vida, sou eu”, são frases corriqueiras no nosso dia-a-dia, como dissemos na lição nº 1 deste trimestre.

Estas expressões revelam o pecado do orgulho, o sentimento de insubmissão a Deus.

Esta soberba, entretanto, tem um trágico final, pois Deus não permite que Sua glória seja dada a outrem e, mais cedo ou mais tarde, a pessoa soberba será humilhada, como foi o rei Nabucodonosor (Dn.4:30-32).  

– O mundo está impregnado da mentira satânica da autossuficiência e da independência de Deus.

O orgulho e a soberba dominam os corações e as mentes dos homens sem Deus e sem salvação.

O movimento Nova Era tem, em suas diversas ramificações e expressões, querido convencer os homens de que eles são “deuses”,  “pequenos deuses”, “partículas divinas” e que, por isso, podem fazer o que quiserem, não devem satisfação a ninguém a não ser a eles mesmos.

São mentiras que devem ser rechaçadas com veemência pelos fiéis e sinceros mordomos do Senhor.

Até mesmo no meio evangélico estão surgindo pensamentos desta natureza, dizendo que Deus é obrigado a fazer isto ou aquilo e que os servos de Deus, por serem “filhos do Rei”, podem declarar, determinar ou mandar isto ou aquilo para que Deus faça.

Rejeitemos estes falsos ensinamentos e o afastemos de nossas mentes, pois somos servos, devemos tão somente obedecer e cumprir a vontade do Senhor em nossas vidas.

O nosso espírito testifica com o Espírito de Deus que somos filhos e, portanto, é Ele o Pai, é Ele quem dá as ordens, é a Sua vontade que devemos fazer.  

– Outro pecado decorrente da incredulidade é o egoísmo. Quando passamos a não dar crédito a Deus e a acharmos que somos d’Ele independentes, imediatamente começamos a valorizar a nós mesmos.

Passamos a querer satisfazer os nossos desejos, os nossos sentimentos. Colocamo-nos como centro do universo e o mundo passa a girar em volta de nós, ou antes, passamos a agir como se o mundo girasse em volta de nós.

É por isso que, numa visão egoísta, o próprio Deus se transforma em um ser que está à disposição dos caprichos da pessoa, que se sente o centro do universo.

Foi, exatamente, este sentimento que o diabo tentou despertar em Jesus, na terceira tentação, mas o Senhor rejeitou esta oferta (Mt.4:8-10).

O egoísmo é uma forma de idolatria. Passamos a idolatrar a nós mesmos, ao nosso “eu” e esquecemos das pessoas que estão à nossa volta e do próprio Deus, Que está acima de nós.

O egoísmo é a semente que traz toda a gama de pecados contra o corpo e contra a alma. No egoísmo, está a fonte de práticas como a prostituição, a inveja, o amor do dinheiro, entre outros.  

– Também é consequência da incredulidade a idolatria. O pecado de idolatria somente se explica diante da rebeldia do homem, da falta de crédito que dá às palavras de Deus e da sua consideração como um ser autossuficiente e independente de Deus.

Assim agindo, o homem, logo, sente uma angústia, uma falta de sentido para todas as coisas e, diante de sua pequenez, acaba criando a ideia de seres que lhe são superiores, mas que não seriam o Deus que foi rejeitado e recusado.   

– Surge, então, a presença dos ídolos, dos deuses e semideuses, que são o fruto da corrupção do entendimento humano e do sufocar da fé natural do espírito.

Ao contrário do que dizem a maior parte dos antropólogos e dos sociólogos, que procuram ver no politeísmo o início da vida religiosa dos homens, é, na verdade,

a corrupção do entendimento e da crença primitiva em um único Deus que dá origem às religiões pagãs e idolátricas que existem, como bem demonstrou Don Richardson em sua obra “O fator Melquisedeque”, cuja leitura recomendamos.

As Escrituras são claras em afirmar que a criação e adoração de ídolos, de outros deuses, é consequência direta da rebeldia humana, da insubmissão, como se vê em Jr.10:1-16 e Rm.1:21-23.  

– Não nos esqueçamos, ademais, que a idolatria não se caracteriza, apenas, pela adoração a imagens de escultura, de madeira ou coisas similares, mas pela colocação de qualquer coisa em lugar de Deus como prioridade nas nossas vidas.

Há muitos idólatras que não adoram imagens, mas que têm o dinheiro como razão de ser de suas existências, o que é servir às riquezas e quem serve às riquezas, não poder servir a Deus (Mt.6:24).

A avareza, aliás, é explicitamente chamada de idolatria (Cl.3:5). Devemos amar a Deus sobre todas as coisas (Mt.22:37).  

– Como temos notado, o pecado contra o espírito causa o embrutecimento do homem, a sua perda de sensibilidade espiritual.

Com efeito, quando advém o pecado, há a imediata separação entre o espírito humano e o Espírito de Deus. Esta separação é, precisamente, o que a Bíblia chama de “morte”.

Separado de Deus, o espírito humano fica insensível, sem vida, daí porque dizer a Palavra de Deus nos dizer que o homem, no pecado, está morto (Ef.2:1).

Assim como o corpo morto é um cadáver inerte, do mesmo modo um espírito morto é inoperante, e, nesta inoperância, não atua a consciência.

Como resultado deste embrutecimento, temos o pecado de “dureza de coração” ou “dureza de cerviz”, que se caracteriza pela insensibilidade total da pessoa frente às coisas de Deus.

Um coração endurecido é um coração incapaz de se arrepender, de se submeter a Deus e à Sua vontade.   

– Um exemplo bíblico deste pecado vemos em Faraó que endureceu o seu coração (Ex.7:13,22; 8:15,19,32; 9:7,12,35; 10:20,27) e acabou se arruinando (Sl.136:15), após ter arruinado seu povo (Ex.10:7) e até mesmo a sua família (Ex.12:29).

Quando endurecemos o nosso coração, passamos a não ter qualquer sensibilidade espiritual, rebelamo-nos contra Deus e não mais conseguimos ouvir a voz da consciência.   

– Vivemos dias em que há muitas consciências cauterizadas, ou seja, consciências destruídas, queimadas (o cautério é qualquer agente que é usado para a queima de tecidos com finalidades terapêuticas).

Por isso, quando falamos em blasfêmia contra o Espírito Santo ou pecado de apostasia, que é o único pecado que não comporta perdão, falamos, precisamente, de morte da consciência, pois,

diante desta deliberada e voluntária rebeldia contra Deus, a pessoa nem mesmo tem a capacidade de arrependimento, porquanto a sua consciência estará irremediável e eternamente morta, sem possibilidade de redenção.

Que possamos ter uma consciência sensível e que nunca percamos o “coração de carne” que foi implantado em nós quando aceitamos o novo concerto (cfr. Ez.11:9; 36:26 e II Co.3:3).

OBS: “Os passos que levam à apostasia são:

(a) O crente, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Palavra de Deus (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46).

(b) Quando as realidades do mundo chegam a ser maiores do que as do reino celestial de Deus, o crente deixa paulatinamente de aproximar-se de Deus através de Cristo (4.16; 7.19,25; 11.6).

(c) Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante do pecado na sua própria vida (1Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb 3.13).

Já não ama a retidão nem odeia a iniqüidade (ver 1.9 nota).

(d) Por causa da dureza do seu coração (3.8,13) e da sua rejeição dos caminhos de Deus (v. 10), não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo (Ef 4.30; 1Ts 5.19-22; Hb 3.7-11).

(e) O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30; cf. Hb 3.7,8); seu fogo se extingue (1Ts 5.19) e seu templo é profanado (      1Co 3.16).

Finalmente, Ele afasta-se daquele que antes era crente (Jz 16.20; Sl 51.11; Rm 8.13; 1Co 3.16,17; Hb 3.14).” (Apostasia Pessoal.  Estudos doutrinários. Bíblia de Estudo Pentecostal  1 CDROM).   

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/4200-licao-3-a-mordomia-da-alma-e-do-espirito-i

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