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LIÇÃO Nº 11 – O REINADO DE EZEQUIAS

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo dos livros dos Reis, analisaremos o reinado de Ezequias, o décimo terceiro rei de Judá.

– O avivamento espiritual no tempo de Ezequias deu “sobrevida” ao reino de Judá.

I – MAIS UM POUCO DA HISTÓRIA DE JUDÁ

– Na sequência do estudo dos livros dos Reis, analisaremos o reinado de Ezequias, o décimo terceiro rei de Judá, em mais um salto cronológico, já que havíamos deixado Judá sob o reinado de Joás na lição 9.

– Com a queda do reino de Israel, o reino do norte, o segundo livro dos Reis, a partir do capítulo 18 passa a tratar exclusivamente de Judá e o rei que reinava ali quando da queda de Israel era precisamente Ezequias.

– Antes, porém, de estudarmos o reinado de Ezequias, oportuno que façamos sucinto relato do reino de Judá da morte de Joás até Ezequias, um período de 86 anos, período considerável que, apesar de o livro dos Reis não ser muito detalhista quanto a Judá, deve ser estudado, ainda que brevemente, para termos melhor entendimento dos fatos.

– Joás, como vimos na lição 9, foi morto numa conspiração de seus próprios servos, consequência de sua impiedade, notadamente o assassinato de Zacarias, filho de Joiada, dentro do templo.

– A conspiração contra o rei, entretanto, não significou uma rebelião contra a casa de Davi e os conspiradores acabaram sendo mortos, tendo sido entronizado Amazias, filho de Joás, que reinou 29 anos (II Rs.14:1).

– Amazias começou bem o reinado, porquanto, embora tenha matado os conspiradores que tinham se voltado contra o seu pai, não permitiu que seus filhos fossem também mortos, o que era muito comum, observando, deste modo, a lei de Moisés, mostrando que estava disposto a ser obediente ao Senhor (II Rs.14:5,6).

– Assim, dava uma guinada no sentido de voltar a servir ao Senhor, depois da apostasia do tempo final do reinado de seu pai, após a morte de Joiada.

– Nesta disposição de servir ao Senhor, Amazias teve grande vitória sobre os edomitas (II Rs.14:7). Amazias, embora tenha demonstrado que serviria ao Senhor, não o fez com coração inteiro (II Cr.25:2). Eis um exemplo de um “coração dividido”.

– Tanto assim foi que, logo depois da grande vitória militar sobre Edom, aderiu à idolatria, passando a adorar os deuses edomitas, precisamente os deuses daquele a quem havia vencido na guerra (II Cr.25:14).

Embora tenha se mostrado disposto a servir ao Senhor, logo passou a servir a si mesmo, ao seu ego e isto representou uma ruína em todos os aspectos de sua vida, pois haveria de perder tudo quanto ganhou

– Achando-se grande, Amazias desafiou o rei Jeoás, de Israel, uma atitude que não tinha a aprovação divina, já que se tratava de uma tentativa de reunificação dos reinos que haviam sido divididos por Deus (II Rs.14:8-11).

– Houve, então, guerra entre Jeoás e Amazias, tendo Judá sido derrotado, sendo Amazias aprisionado por Jeoás, que invadiu Jerusalém e a saqueou (II Rs.14:12-14).

– Amazias ainda viveu quinze anos depois da morte do rei Jeoás, mas o país já não era mais o mesmo, ante a derrota militar sofrida.

O rei acabou sendo vítima de uma conspiração e foi morto quando havia se refugiado em Laquis, para onde fugira (II Cr.25:27; II Rs.4:17-20).

– Amazias traz-nos a lição daquele que não persevera, que desiste ao longo da jornada. Assim como Amazias, quem não persevera perde tudo quanto recebe ao longo da sua jornada terrena e acaba na mesma situação do perdido, é mais um perdido espiritual.

Amazias terminou do mesmo modo que seu pai Joás, outro que também não perseverou. Só quem perseverar até o fim será salvo (Mt.24:13).

– Mesmo diante da conspiração, o povo se manteve fiel à casa de Davi e tomou o filho de Amazias, Azarias (que é chamado também de Uzias), entronizando-o (II Rs.14:21).

Apesar das investidas contra a linhagem de onde viria o Messias, o Senhor continuava no controle da situação, fazendo com que a casa de Davi subsistisse.

– Azarias reinou 52 anos sobre Judá (II Rs.15:2). Aqui, os inimigos das Escrituras gostam de apontar uma divergência entre o livro dos Reis e o livro das Crônicas, onde consta que Azarias (ou Uzias) reinou 55 anos (II Cr.26:3).

– Ainda que esta diferença em nada altere ou afete a veracidade e a autenticidade da Bíblia Sagrada ou o fato de ser ela a Palavra de Deus, não nos esqueçamos de que esta divergência é facilmente explicável, porque houve um período em que Azarias não pôde efetivamente reinar, já que ficou leproso (II Rs.15:5; II Cr.26:20,21).

– Assim, o texto do livro dos Reis só considera o tempo em que ele esteve de fato à frente do governo, enquanto o livro das Crônicas considera o tempo em que ele esteve no trono, o seu tempo de vida desde sua subida ao poder até a sua morte.

– O reinado de Azarias foi muito próspero. Ele se pôs a buscar ao Senhor (II Cr.26:5) e o Senhor o fez prosperar, dando-lhe sabedoria, inteligência, de modo que pôde promover um avanço tecnológico no país, passando a ter um exército bem armado e moderno, tendo também desenvolvido a agropecuária, trazendo progresso econômico para o país (II Cr.26:5-15).

– Entretanto, diante de tanta prosperidade, Azarias desenvolveu, também, a soberba e quis exercer funções sacerdotais, confrontando o próprio sumo sacerdote e, ao entrar no lugar santo para oferecer incenso, acabou sendo punido por Deus com lepra, perdendo tudo quanto tinha, pois, como leproso, teve de se afastar do convívio social, permanecendo como rei mas sem que de fato governasse, o que passou a ser feito pelo seu filho Jotão (II Cr.26:16-23; II Rs.15:5).

– Temos aqui mais um exemplo de alguém que, tendo iniciado bem a sua carreira espiritual, deixou-se levar pelo orgulho e deixou de servir a Deus, tendo um triste fim. Joás, Amazias e Azarias são exemplos que devemos ter sempre em mente para que não venhamos a perder a nossa salvação!

– Jotão assumiu o governo antes mesmo da morte de seu pai por causa da lepra, tendo reinado 16 anos (II Rs.15:32). Foi um rei fiel ao Senhor, tendo edificado a porta alta da casa do Senhor (II Rs.15:35).

– Apesar de ter sido um bom rei, o fato é que seu pai tinha sido um verdadeiro herói nacional e a derrocada final de Azarias trouxe grande decepção ao povo judaíta. O profeta Isaías o mostra bem ao lembrar que teve uma visão no ano em que morreu aquele rei (Is.6:1).

– Por isso, a partir de então, vamos ter uma decadência espiritual no meio do povo, pois, se Jotão servia a Deus, o povo se corrompia (II Cr.27:2). Eis o problema de termos uma vida espiritual fundamentada no exemplo de outros homens.

É verdade que devemos ser exemplos e que exemplos devem ser seguidos (cf. I Co.11:1), mas não podemos pôr outro fundamento senão o Senhor (I Co.3:11), pois só Jesus é perfeito e nunca pecou.

Tomemos cuidado, amados irmãos! Sigamos os bons exemplos, mas fundamentemos nossa fé única e exclusivamente no Senhor Jesus.

– Durante seu reinado, Jotão edificou muito sobre o muro de Ofel, que é uma região montanhosa no sul de Jerusalém, como também edificou cidades e elevações., tendo, também, guerreado e vencido os amonitas, que se tornaram seus tributários.

– Jotão foi bem sucedido e fortalecido porque dirigiu os seus caminhos na presença do Senhor (II Rs.27:6). Seu nome significa “Javé é perfeição” e podemos aqui fazer uma alegoria interessante: Jotão foi um construtor e construtor de lugares no alto, sendo dirigido por Deus.

Assim também nós teremos sucesso em nossa vida espiritual se pensarmos e buscarmos nas coisas que são de cima (Cl.3:1-3), se assumirmos que estamos nas regiões celestiais em Cristo (Ef.1:3).

– Entretanto, como dissemos, o rei Jotão estava em boa situação espiritual, mas não era esta a situação do povo e, quando Jotão morre, é sucedido por seu filho Acaz, que, lamentavelmente, não fez o que era reto aos olhos do Senhor, mas andou nos caminhos dos reis de Israel, praticando idolatria, feitiçaria, tendo, inclusive, queimado seus filhos para o deus Moloque no vale de Hinom, em Jerusalém (II Cr.28:1-4).

– Acaz acabou por seguir a corrupção do povo e, como consequência disto, o Senhor o entregou tanto nas mãos do rei da Síria, quanto do rei de Israel, tendo o rei Peca matou num dia cento e vinte mil soldados judaítas (II Cr.28:6).

– A derrota foi tão grande que o rei de Israel chegou a levar para Samaria cativos cerca de duzentos mil judaítas, além de terem saqueado todo o reino de Judá (II Rs.28:8).

– Os israelitas aproveitaram-se desta situação para levar este povo em cativeiro mas isto foi desagrado do Senhor que levantou o profeta Obede, censurando esta atitude de Israel, tendo os israelitas ouvido o profeta e libertado os presos.

O Senhor interviu para que os judaítas não ficassem cativos em Israel e, pouco tempo depois, assim como eles fossem dispersos entre as nações (II Cr.28:9-15).

– Ante esta situação periclitante em que se encontrava, o rei Acaz foi pedir ajuda para o rei da Assíria, que era a potência mundial que se erguia naquele momento na história, sendo que, enquanto solicitava este apoio, os edomitas também vieram e levaram judaítas presos cativos, tendo, igualmente, os filisteus, que haviam sido contidos em suas incursões sobre Israel desde os dias de Davi, também igualmente investido sobre os judaítas. Tudo isto era consequência da desobediência e da impiedade de Acaz (II Cr.28:16-19).

– O texto bíblico é claro ao dizer que o Senhor estava humilhando Judá, porque Acaz desviara a Judá, que de todo se dera a prevaricar contra o Senhor (II Cr.28:12).

– O rei da Assíria atendeu ao chamado de Acaz, mas, em vez de o fortalecer, o que fez Tiglate-Peser foi pôr Acaz em aperto, isto porque, para atender ao pedido do rei de Judá, recebeu grande soma em dinheiro (II Rs.16:8).

Acaz cometia o mesmo erro dos reis de Israel, que buscam ajuda junto às potências da época, em vez de buscar a Deus.

– Acaz estava tão cego em sua impiedade que, quando o rei da Assíria venceu os siros e tomou Damasco, foi ele se encontrar com Tiglate-Peser naquela cidade e decidiu copiar o altar que viu em Damasco, feito para os deuses siros, mandando que se fizesse uma réplica dele no templo em Jerusalém, mandando deixar de lado o altar de sacrifícios (II Rs.16:10-19).

– Segundo os conceitos religiosos da época, se a Assíria havia invadido a Síria, isto era demonstração de que os deuses assírios eram superiores aos da Síria.

Entretanto, mesmo assim, Acaz resolveu cultuar os deuses dos vencidos, inclusive se atrevendo a substituir o altar de sacrifícios determinado por Deus por esta cópia de altar de Damasco.

– Hoje há muitos “Acazes” por aí. Também estão a adotar os modelos do mundo sem Deus e sem salvação e os trazem para a casa do Senhor, querendo substituir o que foi determinado por Deus por aquilo que existe no mundo e que já deu provas, segundo os próprios conceitos mundanos, de sua ineficiência e ineficácia. Que Deus nos guarde!

– Acaz fez cessar os sacrifícios no templo de Jerusalém, na medida em que passou a se utilizar tão somente deste outro altar, cujos sacrifícios, evidentemente, não eram aceitos por Deus.

– Não demorou muito e o próprio templo acabou sendo fechado por Acaz, ao mesmo tempo em que enchia Jerusalém de altares (II Cr.28:24). A que ponto chegara a apostasia real: interrompeu-se a adoração ao Senhor.

– É elucidativo que Acaz tenha acabado por fechar as portas da casa do Senhor, depois de ter feito cessar os sacrifícios e transformado o altar em um altar exclusivo para si, para que inquirisse dele (II Rs.16:15).

– Sem que houvesse sacrifícios pelos pecados, Deus não Se faria presente naquele templo, o Senhor não iria visitar o Seu povo e a própria razão de ser do templo, que era a de se ter ali a habitação de Deus no meio de Israel, deixava a sua razão de ser.

Em pouco tempo, esta inutilidade se tornou patente e Acaz acabou fechando as portas da casa do Senhor.

– A pregação do Evangelho sem que se tenha o sangue de Cristo, sem que tenha a pregação de Cristo, e Este crucificado (I Co.2:2) é algo completamente sem sentido e inútil.

Não há como construirmos novos “templos santos no Senhor”, novas “moradas de Deus no Espírito” sem o sacrifício vicário de Cristo, sem que mostremos aos homens “a palavra da cruz” (I Co.1:18).

– Deu para perceber, amados irmãos, porque o inimigo luta tanto para que a cruz de Cristo desapareça de nossos púlpitos, de nossas igrejas locais? É tão somente o primeiro ato que nos levará a um processo em que as igrejas locais simplesmente fecharão as suas portas. Pensemos nisto!

– Acaz, ao morrer, não foi sepultado junto com os demais reis. Seu ímpio reinado não ficaria impune. O próprio povo reconheceu que era indigno da posição real que ocupara (II Cr.28:27).

II – EZEQUIAS RESTABELECE O CULTO A DEUS

– É neste contexto que, após a morte de Acaz, assume Ezequias, seu filho, o trono de Judá. Uma nação empobrecida, humilhada e totalmente distante de Deus, a ponto de o templo estar simplesmente fechado.

– Entretanto, o novo rei chamava-se “Ezequias”, que significa “fortalecido por Deus”. Tinha Ezequias 25 anos de idade quando começou a reinar e reinou 29 anos (II Cr.29:1).

– Sua primeira providência foi abrir as portas da casa do Senhor e determinar a purificação do templo (II Cr.29:3).

– Mostrava, assim, toda a sua piedade e a necessidade que temos de purificar a casa do Senhor. Havia diversos problemas para enfrentar, mas o principal era o de retomar a adoração a Deus, pois ali estava o povo santo, a propriedade peculiar de Deus entre os povos (Ex.19:5,6).

– Devemos buscar primeiro ao Senhor e a sua justiça (Mt.6:33). Ezequias não pensa duas vezes, convoca os sacerdotes e os levitas, determinando que se santificassem e santificassem a casa do Senhor, tirando do santuário toda a imundícia, reconhecendo que a geração anterior havia cometido grande pecado ao permitir a prática da idolatria e a proliferação de altares tanto em Jerusalém como no próprio templo ((II Cr.29:5-10).

– Ezequias entendia que era momento de fazerem um concerto com o Senhor, de pedir-Lhe perdão, confessar as suas culpas e, deste modo, fazer com que a ira divina se desviasse de Judá.

Ezequias pediu diligência para sacerdotes e levitas, tanto no serviço, quanto no ministério como também na queima de incenso (II Cr.29:11).

– Este apelo feito por Ezequias aos sacerdotes e levitas continua atualíssimo. Cada um de nós é sacerdote na Igreja do Senhor (I Pe.2:9; Ap.1:6).

Em sendo assim, também devemos ser diligentes em nosso serviço, em nosso ministério e nas orações. Jamais nos olvidemos de que maldito é o que a obra do Senhor relaxadamente (Jr.48:10 NAA).

– Esta diligência exigida por Ezequias começou pelo próprio rei. Ezequias tirou os altos, prática que o povo de Israel adotara desde os dias de Salomão (I Rs.3:3; 15:14; 22:44; II Rs.12:3; 14:4; 15:4,35; 17:9) e que nenhum rei tinha tido a coragem de fazer cessar, pois não era lícito oferecer sacrifícios ao Senhor a não ser no altar de sacrifícios do tabernáculo e, depois, do templo (Dt.12:4-8,11-14).

– Certamente não foi uma atitude popular nem que tenha sido facilmente acolhida pelo povo, mas era esta a vontade de Deus. Tanto assim é que, querendo obter o apoio da população contra o rei, os emissários do rei da Assíria, Senaqueribe, lembraram esta medida de Ezequias anos depois (II Rs.18:22; II Cr.32:12).

– Precisamos sempre melhorar os nossos caminhos diante do Senhor, procurando fazer-Lhe a vontade. Isto, por vezes, exige de nós atitudes que contrariam as nossas práticas mais arraigadas, os costumes mais seguidos, mas nada pode ser superior à Palavra de Deus.

– Ezequias, também, pôs fim à prática da queima de incenso à serpente de metal que Moisés construíra no deserto quando do episódio das serpentes mandadas por Deus para assolar os israelitas em uma de suas murmurações (Nm.21:8,9), serpente a quem os israelitas tinham posto o nome de “Neustã”, que significa “pedaço de cobre”.

– Esta prática de queima de incenso a esta serpente de metal durou, segundo os cronologistas bíblicas Edward Reese e Frank Klassen, 698 anos! Isto que é coragem para enfrentar as tradições contrárias às Escrituras!

– Estes atos de Ezequias demonstravam como ele era diligente em servir a Deus, tanto que é dito que ele se chegou ao Senhor, não se apartou de após dele, de modo que não houve rei semelhante a ele nem antes nem depois em Judá (II Rs.18:6).

– Ezequias, também, foi diligente com relação aos escritos sagrados. Durante o seu reinado, houve um cuidado todo especial para organizar as Escrituras, tendo havido um trabalho de compilação da porção até então redigida do que viria a ser o Antigo Testamento.

– Sabemos disto porque é dito que, no seu tempo, foram coligidos provérbios do rei Salomão (Pv.25:1), salmos de Davi e outros profetas (II Cr.29:25,30) e alguns livros históricos e proféticos (II Cr.32:32).

– O avivamento proporcionado por Ezequias muito contribuiu para que o Senhor levantasse profetas que não só exerciam o ministério corriqueiro do profeta, que era o de levar o povo à observância da lei, mas que progredia a própria revelação divina aos homens, pois foi no tempo de Ezequias que se levantaram profetas como Isaías e Miqueias que, além de corrigirem o povo, trouxeram importantes predições a respeito do Messias.

– Ezequias reinou num período em que a Assíria tomou o reino do norte e o levou para o cativeiro e, naturalmente, queria fazer o mesmo com relação a Judá.

Aumentava, e muito, a tensão entre Assíria e Egito, ante estas grandes vitórias que os assírios haviam obtido, levando seu império até Canaã e conquistando dois importantes reinos, que eram a Síria e Israel.

– Como Ezequias era fiel a Deus e procurou d’Ele se aproximar, o Senhor foi com ele, de modo que Ezequias se conduziu com prudência em todas as suas atitudes (II Rs.18:7).

Não é difícil de imaginar que, tendo havido a compilação dos provérbios de Salomão, tenha Ezequias tido conhecimento de tais escritos e, ao seguir o que eles diziam, tenha sido bem sucedido em suas ações.

– A prudência é a consequência da “ciência do Santo” (Pv.9:10) e, ao se aproximar de Deus, Ezequias obteve sabedoria e, conhecendo ao Senhor, pôde agir prudentemente, de modo que pôde manter o seu país livre e independente, apesar de estar no centro do fogo cruzado entre Egito e Assíria.

– Ezequias reverteu o quadro adverso com relação aos filisteus, ferindo-os até Gaza, novamente os expulsando do território de Judá, de onde haviam sido extirpados desde os dias de Davi (II Rs.18:8).

– A prioridade de Ezequias, entretanto, como já dissemos, tinha sido o restabelecimento do culto a Deus, tendo determinado a reabertura e purificação da casa do Senhor e, então, feito uma reinauguração do templo.

– Ezequias preocupou-se, por primeiro, em santificar os sacerdotes, os levitas e a casa do Senhor, que tinha sido profanada no tempo de seu pai Acaz.

Traz-nos aqui importantíssima lição de que não pode haver verdadeira adoração ao Senhor sem santidade. Sem a santificação, ninguém verá o Senhor (Hb.12:14)!

– Depois, tomadas estas providências indispensáveis, Ezequias, de madruada, ajuntou os maiorais do povo e subiu à casa do Senhor, a fim de oferecer sacrifícios pelo pecado, fazendo a devida expiação (II Cr.29:23,24). Sem derramamento de sangue, não há remissão (Hb.9:22).

– Em nossos dias, não é diferente. Se o sacrifício de Cristo é único e perfeito (Hb.7:27; 10:12), é absolutamente necessário que sejamos purificados no Seu sangue, o que ocorre quando confessamos os nossos pecados, obtendo o Seu perdão (I Jo.1:9-2:2).

– Em seguida a estes sacrifícios, que efetuou a reconciliação do povo com Deus (II Cr.29:24), iniciou-se a adoração a Deus por meio do louvor, um louvor que seguia aos parâmetros estabelecidos pelo próprio Senhor quando da preparação para o serviço do templo, nos dias de Davi, Natã e Gade (II Cr.29:25-28).

– O louvor é um importante elemento do culto a Deus, mas somente é aceito por Deus quando segue os Seus parâmetros, como toda adoração.

Ezequias nos ensina que o louvor, para ser aceito por Deus, precisa, por primeiro, provir de quem está em comunhão com o Senhor, ou seja, deve ser “o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb.13:15);

por segundo, deve ser feito conforme a direção do Espírito Santo, de acordo com o Espírito de Deus, o que significa que deve ser uma música que atinge o homem interior e não o corpo e que esteja de acordo com as Escrituras Sagradas.

– Os louvores entoados eram aqueles que, apesar de terem mais de 259 anos, tinham sido dados pelo Senhor aos profetas cantores escolhidos para aquele ministério nos dias de Davi.

Hoje em dia, lamentavelmente, são desprezados os cânticos dados por Deus a santos homens e mulheres de Deus em época de avivamento espiritual, que tanto contribuíram para o maior desenvolvimento do Evangelho em todos os tempos, substituídos por “inovações” que são fruto de uma pauta ditada pela indústria fonográfica, que tem hoje no chamado “segmento gospel” a sua única fonte de lucro…

– Depois dos louvores e de se terem oferecido os sacrifícios, Ezequias e os que com ele estavam se prostraram e adoraram (II Cr.29:29), sendo seguidos pelos levitas e sacerdotes, que louvaram com alegria e se inclinaram e adoraram (II Cr.29:30).

– Então, já devidamente consagrados ao Senhor, ofereceram sacrifícios de gratidão em grande número (II Cr.29:31-36).

– Depois da reinauguração do templo, Ezequias enviou mensageiros a todo Israel e Judá convidando o povo a vir celebrar a Páscoa, no segundo mês, que era a data daqueles que não tinham podido celebrar a Páscoa no primeiro mês por estarem imundos (Nm.9:6-14).

– Ezequias demonstrou, assim, que não só queria estarem comunhão com Deus, mas que todo o povo também estivesse na mesma situação, a fim de que se evitasse o que havia ocorrido no reinado de seu avô Jotão.

– Ezequias, sabendo a situação aflitiva em que se encontrava o reino do norte, acossado que era pelos assírios, também fez questão de convidar as tribos do norte, sendo que alguns atenderam a este convite e vieram celebrar a Páscoa, alguns de Aser, Manassé e Zebulom (II Cr.30:11), enquanto que outros zombaram do convite, em Efraim e Manassés (II Cr.30:10).

– O resultado de toda esta dedicação de Ezequias ao Senhor e à Sua obra é que a mão do Senhor esteve sobre Judá (II Cr.30:12) e isto foi fundamental para que o reino de Judá não viesse a ser destruído juntamente com o reino de Israel.

– Se mantivermos a nossa vida de comunhão com Deus, se atendermos ao Seu convite para participarmos dignamente da Sua mesa santa, o que ocorre com a celebração da ceia do Senhor, certamente seremos também poupados do juízo divino, pois participaremos do arrebatamento da Igreja. Maranata!

– Por isso é assaz preocupante observamos que muitos, hoje em dia, “zombam” da celebração da ceia do Senhor, não atendem ao convite para dela participar dignamente, sendo negligentes na observância desta ordenança de Cristo. Que Deus tenha misericórdia desta gente!

III – A INVASÃO DE SENAQUERIBE

– Ezequias estava servindo a Deus como nenhum outro rei de Judá, mas isto não impediu que viesse a ter problemas, e sérios, no seu reinado.

– A Assíria tomou Samaria e levou cativas as tribos do Norte e, no décimo quarto ano de Ezequias, ou seja, nove anos depois da conquista de Samara, o rei de Assíria, que, naquela oportunidade era Senaqueribe, invadiu Judá e tomou as “cidades fortes”, ou seja, as principais cidades do país (II Rs.18:13).

– Ezequias, então, não tendo como resistir ao poderoso exército assírio, mandou emissário a Laquis, cidade conquistada pelos assírios, aceitando a paz e pagar um tributo a Assíria, tendo sido, então, imposto um tributo de 300 talentos de prata (o que corresponde a R$ 42.632.100,00 em valores de 8 de maio de 2021) e 30 talentos de ouro

(o que corresponde a R$ 280.408.320,00 em valores de 8 de maio de 2021).

– Ezequias, então, deu todo o ouro que se achou na casa do Senhor e na casa do rei, tendo até cortado o ouro das portas do templo e das ombreiras, que ele mesmo havia revestido quando da reinauguração da casa de Deus (II Rs.18:14-16).

– Esta dificuldade enfrentada por Ezequias mostra, claramente, que, apesar de sermos fiéis a Deus, não estamos imunes a perdas, adversidades e toda sorte e infortúnios. O Senhor disse que, no mundo, teríamos aflições, mas que deveríamos ter bom ânimo (Jo.16:33).

– Não deve ter sido fácil para o rei cortar o ouro que havia posto na casa do Senhor para pagar o tributo a um rei ímpio.

Poderia ter questionado onde estava Deus, porque teria Ele permitido aquilo. Na verdade, porém, Ezequias sabia que não tinha como enfrentar o exército assírio e, sábio como era, tratou de mandar embaixadores antes que viesse a batalha (Lc.14:31,32).

– No entanto, Senaqueribe, depois de ter aparentemente feito a paz e recebido o tributo, tratou de mandar emissários até Jerusalém, para que levantassem o povo contra Ezequias e aceitassem a completa rendição, com a consequente ida ao cativeiro.

– Ezequias, embora tivesse feito acordo com Senaqueribe, prudentemente havia alterado o armazenamento de águas em Jerusalém, a fim de impedir que, em eventual cerco, a cidade ficasse sem água (II Cr.32:2-4).

– Não podemos dar lugar ao diabo (Ef.4:27). Assim como Ezequias percebeu que, ante as movimentações de Senaqueribe, corria-se o risco de Jerusalém, a única grande cidade que ainda tinha ficado para os judaítas, fosse cercada e ficasse sem água, tratou de impedir que o inimigo disso tivesse proveito, também devemos

“secar” todas as “fontes” que possam fazer com que pequemos contra o Senhor. A vigilância consiste, precisamente, em não “dar água” para o adversário.

– Os emissários de Senaqueribe eram comandantes do exército do rei assírio e que vieram acompanhados de um grande exército, a saber: Tartã, Rabe-Saris e Rabsaqué, os quais, ao chegarem a Jerusalém, pararam justamente onde havia ocorrido o desvio das águas (II Rs.18:17), numa clara figura de que, quando somos vigilantes, conseguimos interromper o avanço do inimigo sobre as nossas vidas.

– Ao chegarem ali, os emissários de Senaqueribe chamaram o rei Ezequias que, prudentemente, não foi ao encontro deles, mas mandou a eles o mordomo Eliaquim, o escrivão Sebna e o chanceler Joá (II Rs.18:18).

– Neste seu gesto, Ezequias dá-nos outra lição. Ele não se submete ao rei da Assíria. Senaqueribe mandara emissários, ele, Ezequias, também o faz, não se considera inferior ao rei da Assíria, faz valer a sua dignidade real, a sua posição, que lhe havia sido dada por Deus.

– Não podemos nos submeter ao império do adversário, ao mistério da injustiça que domina o mundo. Não deixemos a nossa posição de servos do Senhor, que é superior, que está nas regiões celestiais em Cristo.

Não cometamos o erro de Judas Iscariotes ou dos anjos que pecaram, que não se mantiveram na sua posição, na posição que lhes havia sido dada por Deus (At.1:20; Jd.6).

– Rabsaqué, ao chegar a comitiva de Ezequias, trouxe uma mensagem de desconfiança no povo de Judá. Talvez “Rabsaqué” nem seja um nome próprio, mas um título, pois o significado de seu nome é “chefe dos príncipes” ou “general”, parecendo, pois, ser o título do comandante do exército do rei assírio.

– Rabsaqué perguntou em quem confiavam os judaítas, se, porventura, confiavam no Egito, crendo que a potência rival da Assíria lhes viria socorrer, ou se confiavam em Deus.

Disse que Deus é quem havia mandado Senaqueribe para levar os judaítas para o exílio e que, afinal de contas, deus algum tinha podido resistir ao exército assírio, sendo certo que Ezequias, inclusive, havia destruído os altos. Deveriam, pois, os judaítas se entregar aos assírios e aceitarem o cativeiro (II Rs.18:19-25).

– Rabsaqué, inclusive, tudo falou na língua do povo, para que todos entendessem o que estava a falar, o que foi objeto, inclusive, de repreensão por parte da comitiva de Ezequias (II Rs.18:26-35).

– Este discurso de Rabsaqué traz-nos lições importantes a respeito da mensagem que até hoje Satanás apresenta ao povo de Deus, numa linguagem fácil e que pode ser ouvida por qualquer servo de Deus.

– A primeira lição é a de que o adversário sempre busca lançar dúvida, abalar a nossa fé. Rabsaqué iniciou seu discurso com uma pergunta: “Que confiança é esta em que confias?”.

– É sempre esta a primeira arma utilizada pelo inimigo. A vitória que vence o mundo é a nossa fé (I Jo.5:4) e, por isso mesmo, o adversário somente vencerá o povo de Deus se este for “desarmado de fé”.

Não é à toa que os grandes heróis mencionados no capítulo 11 de Hebreus têm em comum o fato de não terem perdido, mas, sim, exercido a fé.

– A segunda lição é a de que o adversário se utiliza do engano para tentar impressionar o servo de Deus. Rabsaqué quis fazer o povo crer que Ezequias estava confiando no Egito, quando, na verdade, este rei, em momento algum, pedira qualquer ajuda aos egípcios. Pelo contrário, havia querido fazer paz com Senaqueribe e lhe mandara presente.

– O diabo é o pai da mentira e quando mente faz aquilo que lhe é próprio (Jo.8:44). Portanto, não podemos jamais levar em conta o que diz ou manda dizer, sendo indispensável que conheçamos a verdade, que a Palavra de Deus, a única forma pela qual nos libertaremos dos engodos e ardis satânicos (Jo.8:32; 17:17).

– A terceira lição é que o inimigo costuma ser espalhafatoso, repleto de efeitos visuais e auditivos. Veja que Rabsaqué fala e, atrás de si, há um grande exército.

Fala, também, no próprio idioma dos judaítas, para causar ainda maior impressão e, como se não bastasse isso, utiliza-se de expressões que tocam as emoções: “o grande rei, o rei da Assíria”; Faraó, ele é “bordão de cana quebrada”.

– Como diz o apóstolo Paulo, é próprio de quem se levanta contra a verdade utilizar-se de “clamores vãos e profanos” (I Tm.6:20). Por isso mesmo, não podemos nos deixar levar pela aparência em nossos julgamentos (Jo.7:24).

– A quarta lição é a de que o inimigo procura atacar precisamente as ações que nos aproximam de Deus, que nos fortalecem espiritualmente. Rabsaqué procura pôr o povo contra o rei Ezequias mencionando que ele havia destruído os altos que, como vimos supra, era uma prática seguida desde os dias de Salomão.

Esta atitude tinha sido extremamente salutar para a piedade do povo e Rabsaqué procura mostrar nisto a “razão” pela qual Judá estava sendo derrotado militarmente.

– Temos de ter pleno conhecimento das Escrituras e segui-las, pois só assim não cometeremos erros (Mt.22:29).

Com este conhecimento, não nos deixaremos levar pelas críticas ao fato de seguirmos a vontade do Senhor, mesmo que tais críticas sejam extremamente racionais, pois o diabo é assim mesmo: compreende as coisas que são dos homens, mas nunca as que são de Deus (Mt.16:23).

– A quinta lição é a de que o inimigo distorce a Palavra de Deus. Rabsaqué disse que o rei da Assíria tinha vindo por ordem divina e que o cativeiro era a solução querida por Deus a Judá. Tal argumento impressionava, visto que as tribos do norte haviam sido levadas cativas alguns anos antes.

– No entanto, como falar em cativeiro se Judá desfrutava de um avivamento espiritual? Como falar em perder a Terra Prometida se o povo tinha recomeçado a obedecer ao Senhor? A mensagem contrariava a lei de Moisés e, portanto, não era digna de crédito.

– Devemos sempre julgar as mensagens que recebermos à luz da Bíblia Sagrada, pois só ela é a verdade.

– Rabsaqué conclamou o povo a que não confiasse no rei Ezequias, porque Deus não poderia livrar o povo e que eles deveriam, sim, render-se e aceitar ser levados cativos.

– Há, ainda, aqui uma importante lição neste episódio. Rabsaqué dirigiu-se ao povo judaíta, mas, especialmente, para o “povo de Jerusalém que estava em cima do muro, para os atemorizarem e os perturbarem” (II Cr.32:18).

– Não podemos “estar em cima do muro”, ou seja, não podemos ficar no limite da desobediência, “com um pé no mundo, outro na igreja”. Esta posição é demasiadamente perigosa, pois é nela que nos tornamos alvos fáceis do inimigo. Não podemos tomar o cálice da vacilação (Is.51:17,22).

– Os emissários do rei Ezequias foram, então, até o palácio para dar conhecimento ao rei da mensagem trazida pela comitiva de Senaqueribe. Ezequias, então, mostrando toda a sua piedade, rasgou as suas vestes, cobriu-se de pano de saco e entrou na casa do Senhor (II Rs.19:1).

– Ezequias sabia que era impotente para lutar contra os assírios, tanto que havia tentado fazer a paz. Ante a obstinação de Senaqueribe, não fez senão o que estava ao seu alcance fazer: humilhar-se diante da potente mão de Deus e pedir misericórdia.

– Ezequias vai ao templo e ora ao Senhor, mostrando a Deus que, realmente, o rei da Assíria havia vencido todas as outras nações, mas que isto se tinha dado porque as outras nações tinham falsos deuses e pede a ajuda do Senhor (II Rs.19:2-19).

– O Senhor ouviu a oração de Ezequias e mandou que o profeta Isaías levasse uma mensagem ao rei, confortando-o e dizendo que Deus haveria de livrar Judá (II Rs.19:20-34).

– De modo milagroso, o Senhor, naquela mesma noite, mandou um anjo que matou 185 mil soldados assírios e, ante tamanha mortandade, Senaqueribe retornou para a Assíria e lá, inclusive, foi morto por seus filhos Adrameleque e Sarezer, certamente porque, com tamanha derrota militar, sua posição política ficou insustentável.

O arrogante e soberbo Senaqueribe foi vencido e Judá se livrou do domínio assírio, tudo pelo poder da oração da fé de Ezequias (II Rs.19:35-37).

IV – A DOENÇA DE EZEQUIAS

– Após este grande e milagroso livramento dado a Judá por Deus, Ezequias viria a enfrentar um outro problema, a nos mostrar, mais uma vez, que não é verdadeiro o ensino de que o servo de Deus está imune a dificuldades ou adversidades se mantiver a sua comunhão com o Senhor.

– Quando Ezequias já reinava 14 anos, tendo 39 anos de idade, adoeceu e a sua doença era mortal (II Rs.20:1). Como se não bastasse isso, o profeta Isaías foi até o palácio com uma dura mensagem para o rei: ordena a tua casa, porque morrerás e não viverás.

– O rei estava acamado e, ainda relativamente novo, ficou doente e a doença era mortal. Apesar de ter servido a Deus como nenhum outro rei de Judá (II Rs.18:5), era acometido de uma enfermidade e o próprio Senhor mandava dizer-lhe que iria morrer. Que situação!

– Entretanto, quando o Senhor mandou que Ezequias ordenasse a sua casa porque iria morrer, o rei se desesperou.

Ele até então não tinha filhos e, portanto, a sua morte significaria o fim da sua linhagem, a linhagem messiânica, a linhagem prometida a Davi que reinaria para sempre sobre Jerusalém.

– Ezequias, tão ativo na adoração a Deus, tão zeloso para que a nação voltasse a servir ao Senhor, havia se descuidado do seu principal dever como rei: prover a descendência para a continuidade da linhagem davídica de onde viria o Messias.

– Quantos não estão agindo como Ezequias? Envolvem-se sobremaneira na obra do Senhor, buscam fazer com que todos sirvam a Deus da melhor maneira possível, dedicam-se no seu ministério para que este objetivo seja atingido, mas acabam se esquecendo de si mesmos e de suas famílias.

– Ezequias, naquele instante, virou seu rosto para a parede e começou a orar (II Rs.20:2). Temos o exemplo de uma pessoa que orou deitado e sua oração foi ouvida, prova de que não é a posição física que importa para Deus, mas, sim, a posição de nosso homem interior quando nos dirigimos ao Senhor.

– Ezequias abriu o seu coração para Deus. Diz o texto sagrado que chorou muitíssimo e apresentou ao Senhor a sua vida santa e piedosa (II Rs.20:3). Deus não despreza um coração contrito e a um espírito quebrantado (Sl.51:17).

– A oração de Ezequias continha a admissão de seu descuido, reconhecia que o ativismo não é uma conduta que se deva seguir e, humildemente, pediu uma nova oportunidade, uma nova chance.

Como costuma dizer o meu cunhado, Everaldo Sebastião de Lima, o nosso Deus é sempre o Deus de uma nova chance. Lembre-se disso! Nunca é tarde para se lembrar de onde se caiu e recomeçar de lá uma nova jornada rumo aos céus (Ap.2:5).

– Deus ouviu a oração do monarca. Isaías nem havia saído ainda do palácio, quando recebeu uma nova mensagem da parte de Deus mandando dizer ao rei que ele teria ainda quinze anos de vida (II Rs.20:4-7).

– A cura, porém, não se deu de imediato e sem qualquer providência, como o Senhor poderia ter feito, como, aliás, fez quando da destruição do exército assírio, em que um anjo matou 185.000 soldados de uma só vez.

Deus mandou que se fizesse um remédio, uma pasta de figos, que, posta sobre a chaga, promoveu a cura da enfermidade de Ezequias.

– Deus não tem um método para agir. É soberano, sempre confundindo os homens para demonstrar o Seu poder. Jesus não repetiu duas vezes o mesmo milagre e Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8). Por isso, jamais creiamos em ensinos ou mensagens que ponham Deus sob limites ou parâmetros.

– A mensagem do profeta foi clara e objetiva: em três dias, Ezequias estaria curado e subiria à casa do Senhor.

– Ezequias pediu um sinal para o profeta Isaías de que isto aconteceria e o profeta, então, deu ao rei uma opção: queria que o relógio adiantasse ou que atrasasse dez graus? O rei, então, foi ousado, pedindo que o relógio atrasasse dez graus e assim ocorreu (II Rs.20:8-11).

– Muito se discute sobre este gesto de Ezequias. Teria ele sido incrédulo? E, com base nisso, pedir sinal a Deus é pecado?

– Por primeiro, vejamos o contexto em que Ezequias pediu um sinal. Ele havia acabado de receber uma mensagem divina para ordenar a sua casa porque morreria.

Poucos minutos depois, o mesmo profeta traz uma mensagem completamente contrária. Diante destas circunstâncias, natural que o rei pedisse uma confirmação da segunda mensagem.

– Não se pode acusar Ezequias de ser incrédulo, pois ele orou a Deus pedindo que o Senhor mudasse a Sua sentença. Quem faria isto sendo um incrédulo? Ezequias confiava tanto em Deus que se atreveu a pedir ao Senhor que mudasse a Sua sentença.

– Como se isto fosse pouco, vemos que seu gesto teve a aquiescência do profeta que, certamente sob a visitação do Espírito Santo, deu, inclusive, opção ao rei para escolher que sinal haveria de ocorrer.

Isaías, também, estava cheio de fé, e ele tinha, também, todos os motivos para titubear, já que recebera mensagens contraditórias da parte de Deus.

– Deus não é Deus de confusão e vemos que, apesar da contraditoriedade das mensagens, tanto Ezequias quanto Isaías estavam completamente convictos de que Deus estava agindo, a ponto de serem ousados, certos de que o sinal viria, fosse ele qual fosse.

– Ezequias, então, pede que o tempo voltasse para trás, algo completamente impossível, e Deus atendeu ao seu pedido e o relógio retrocedeu.

OBS: Diz-se que um cálculo feito na NASA, a agência espacial norte-americana, em que se procurava obter a posição exata dos astros do nosso sistema solar durante o milênio teria encontrado a falta de um dia.

Alguém se lembrou que a Bíblia Sagrada dá conta de que um dia foi retirado do tempo, seja pela paralisação do universo nos dias de Josué, quando Israel teve de libertar Gibeão de seus inimigos, quando isto durou quase um dia inteiro (Js.10:13), seja por causa deste sinal dado a Ezequias, em que houve um retrocesso de quarenta minutos (II Rs.20:11).

Apesar do depoimento a respeito do consultor deste projeto, o dr. Harold Hill, ninguém até hoje confirmou isto… (Cientistas da NASA comprovam a autenticidade da Bíblia. Disponível em: https://iqc.pt/evangelizacao/irreligiao/agnosticismo/4430-cientistas-da-nasa-comprovam-a-autenticidade-da-biblia- Acesso em ¨09 maio 2021).

– Este sinal, ademais, teve um grande significado. Ele foi observado pelos babilônios, que já há milênios eram expertos no estudo da astronomia e, ante tal milagre, procuraram saber o que tinha ocorrido e, não se sabe como, o fato é que chegou ao conhecimento deles deste episódio da doença de Ezequias, tanto que o rei da Babilônia mandou uma comitiva para que o monarca fosse conhecido, pois se tratava de um homem que havia feito o tempo retroceder (II Rs.20:21; II Cr.32:24).

– Esta visita dos babilônios não fez bem a Ezequias. Ao perceber que estava sendo reconhecido como um homem que fez até o tempo retroceder, isto o envaideceu e foi acometido do mesmo mal que contaminara seu bisavô Uzias: a soberba (II Cr.32:25).

– Ezequias mostrou à comitiva do rei de Babilônia todos os seus tesouros, todos os seus bens, toda a sua glória, revelando a soberba que havia em seu coração (II Rs.20:13; II Cr.21:31).

– Ao vermos este episódio, lembramo-nos do que dizia nossa saudosa mãe: “Quando o diabo não consegue nos derrubar com um empurrão, ele põe uma escada para nós subirmos e, quando estivermos no topo, ele tira a escada, e o tombo é bem maior”.

– Precisamos tomar cuidado para não sermos tomados de soberba, do sentimento de independência em relação ao Senhor quando somos por Ele abundantemente abençoados, pois isto pode nos levar à ruína espiritual.

– Assim que a comitiva do rei de Babilônia foi embora, o profeta Isaías foi até Ezequias e lhe perguntou o que havia acontecido, tendo o rei tudo contado. Isaías, então, disse que tudo quanto Ezequias havia mostrado seria levado para Babilônia, porque, no futuro, o povo de Judá seria levado cativo para lá (II Rs.20:14-18).

– Ezequias, então, se humilhou, recebeu a repreensão do profeta, ainda agradecendo a Deus porque lhe estava poupando desta ruína (II Rs.20:19; II Cr.32:26), tendo, assim, após os quinze anos de acréscimo de vida que lhe deu o Senhor, sido recolhido a seus pais.

– Esta situação de soberba de Ezequias, ainda que remediada a tempo, foi outro grande mal que veio sobre Judá.

As duas falhas de Ezequias, o ativismo e consequente descuido da sua vida familiar e a soberba após a sua cura seriam fatais para o reino, pois seriam os elementos que moldariam o caráter de seu sucessor, Manassés, como haveremos de ver na próxima lição.

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://portalebd.org.br/classes/adultos/6699-licao-11-o-reinado-de-ezequias-i

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