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LIÇÃO Nº 12 – O REINADO DE JOSIAS

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo dos livros dos Reis, estudaremos o reinado de Josias.

– Josias foi o último rei fiel de Judá.

I – OS REINADOS DE MANASSÉS E AMOM

– Na sequência do estudo dos livros dos Reis, estudaremos o reinado de Josias, em mais um salto cronológico, não tão grande quanto da lição anterior, já que agora o período saltado é de 57 anos, abrangendo apenas dois reinados, de Manassés e de Amom.

 

 

– Deixamos a história de Judá na lição passada com a morte de Ezequias, que o texto sagrado diz ter sido o rei que mais próximo esteve do Senhor em toda a história judaíta (II Rs.18:5).

– No entanto, como ninguém é perfeito, vimos que Ezequias teve duas falhas:

o ativismo, que o fez esquecer-se da sua vida familiar, tanto que, doente e avisado que morreria, chorou muitíssimo, em especial porque não tinha ainda herdeiro para dar seguimento à linhagem real.

– Como podemos afirmar isso? Simples. Deus deu a Ezequias mais quinze anos de vida naquela oportunidade (II Rs.20:6) e, quando morreu, seu filho Manassés assumiu o trono com doze anos de idade (II Rs.21:1).

Portanto, ao tempo da cura, Ezequias não tinha ainda filhos e, observemos, demorou ainda três anos para que tivesse descendência.

– Esse ativismo que fez com que Ezequias descuidasse de sua vida familiar explica porque seu filho Manassés será o mais ímpio de todos os reis de Judá, a ponto de ser considerado mais pecador do que os próprios habitantes primitivos de Canaã (II Rs.21:9).

Manassés não teve uma educação doutrinária no seio familiar e isto foi fatal não só para ele mas para todo Judá, pois foi por causa de Manassés que o Senhor resolveu levar Judá para o cativeiro (Jr.15:4).

– Esta falha na educação doutrinária doméstica temos presenciado em nossos dias e de modo preocupante na Igreja.

Os pais, a quem compete, em primeiro lugar, o ensino da doutrina bíblica (Ef.6:4), tem negligenciado isto e permitido, inclusive, que as escolas e a mídia, moldadas num sistema anticristão, façam este “serviço” em lugar deles.

O resultado é que nossas crianças, adolescentes e jovens estão cada vez mais envolvidos com o mundo, distanciando-se da sã doutrina.

Na Europa e Estados Unidos, as igrejas estão fechando por falta de membresia, porque as novas gerações se perderam e isto já começa a ocorrer no Brasil. Tomemos cuidado, amados irmãos!

– A segunda falha de Ezequias foi a soberba que tomou conta dele após a cura recebida e a consciência de que isto foi conhecido internacionalmente.

Precisamente no momento em que Manassés passava a sua primeira infância, teve como exemplo um pai soberbo, o que fez com que também desenvolvesse a soberba como “modus vivendi”, o que foi fatal para o futuro rei e para seu país.

– A educação doutrinária doméstica começa pelo exemplo (Dt.6:6,7; 11:18,19) e as palavras jamais são capazes de eliminar as atitudes.

– Morrendo Ezequias, Manassés assumiu o trono com 12 anos de idade e reinou 55 anos (II Rs.21:1) e, tendo tido a formação já aludida, fez o que era mau aos olhos do Senhor conforme a todas as abominações dos gentios.

– Manassés começou edificando os altos que Ezequias havia retirado e, a partir daí, não demorou a levantar altares a Baal, inclusive repetindo gesto de Acabe e construindo um bosque para essa divindade, só que agora em Jerusalém, tendo levantado altares a várias divindades, inclusive no templo, tendo também adorado a Moloque e, inclusive, feito queimar seus filhos em sacrifício a este deus.

Pôs uma imagem de escultura do bosque no templo, dedicando-se também à feitiçaria e à adivinhação, levando todo o povo de Judá a tais práticas (II Rs.21:2-9).

– Diante de tamanhos absurdos, Deus levantou profetas para denunciar este estado de coisas, dizendo que os judaítas haviam pecado mais do que as nações que primitivamente habitavam em Canaã e, desde então, o Senhor começou a dizer que Judá seria levado em cativeiro, pois seria tratado como Israel (II Rs.21:10-15).

– Além disto, Manassés também derramou muitíssimo sangue inocente, tendo sido um rei cruel e sanguinário (II Rs.21:16).

– O livro de Reis não menciona, mas a indignação divina foi tanta que os príncipes do exército do rei da Assíria chegaram a invadir Judá e Jerusalém, tendo aprisionado o próprio rei Manassés, que foi levado para Babilônia, preso entre espinhais e amarrado em cadeias, uma situação assaz humilhante (II Cr.33:11).

– Em Babilônia, no cárcere, Manassés se humilhou e, não sabemos como, acabou sendo liberto e retornou a Jerusalém, arrependido e procurando desfazer tudo quanto de errado havia feito durante seu longo reinado, pois,

segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, o cativeiro se teria dado no 27º ano do reinado de Manassés e a restauração espiritual teria se iniciado no 33º ano do seu reinado (II Cr.33:12,13).

– Entretanto, este trabalho de restauração espiritual de Manassés foi insuficiente para se sobrepor aos males que haviam sido causados, tanto que, morto Manassés,

seu filho Amom repetiu todos os erros de seu pai, sendo acompanhado pelo povo nesta sua impiedade (II Rs.21:19-24; II Cr.33:21-25).

– Amom foi vítima de uma conspiração e, quando tinha apenas dois anos de reinado, foi morto, tendo o povo, uma vez mais, se mantido fiel à casa de Davi, matado os conspiradores e posto seu filho Josias, então com apenas oito anos de idade, no trono de Judá (II Rs.21:24; 22:1).

II – JOSIAS ABOLE A IDOLATRIA E MANDA REPARAR O TEMPLO

– Notamos, pois, que Josias assume o reino em tenra idade e numa situação espiritual extremamente complicada, pois o povo havia se desviado espiritualmente por causa de Manassés e havia sido inexitosa a tentativa de Manassés de reverter este quadro, quadro este que se intensificara no curto reinado de Amom.

“Josias” significa “curado por Javé” e é bem este o caráter que terá o seu reinado.

Ele curará os males de Judá, extirpará as mazelas estatuídas por seu avô Manassés, ainda que, lamentavelmente, o povo não vá corresponder a esta cura e, após a sua morte, tornará ao pecado e de modo irremediável ao ponto de ter o mesmo destino do reino do norte: o cativeiro.

– Naturalmente que Josias, ao assumir o trono, condição alguma tinha de efetivamente governar o reino, pois só tinha oito anos de idade.

– Entretanto, quando tinha apenas 16 anos de idade, Josias começou a buscar ao Senhor e, quando tinha 20 anos, passou a tomar as rédeas do governo, começando a purificar a Judá e a Jerusalém dos altos, bosques e imagens de escultura e fundição (II Cr.34:3-5).

No ano seguinte ao início desta purificação, o Senhor levantou o profeta Jeremias, que, então, iniciou a sua pregação de 40 anos com o objetivo de levar o povo de Judá ao arrependimento para que não sofresse o cativeiro, que também começou a ser anunciado por este mesmo profeta (Jr.1:2,13-15).

– Josias deu início à restauração espiritual do povo e o Senhor confirma esta linha tomada pelo rei levantando um profeta, igualmente jovem (segundo Edward Reese e Frank Klassen, Jeremias tinha 22 anos quando iniciou seu ministério, ou seja, só dois anos mais velho que Josias).

Isto nos faz lembrar o que ensinava o saudoso pastor Severino Pedro da Silva: “quando nós começamos, Deus começa conosco”.

– A trajetória de Josias é assaz interessante. Primeiro, ele cuidou de buscar a Deus, ou seja, construir ele próprio um relacionamento com o Senhor.

Depois, tratou de purificar a sua cidade, a capital, passando em seguida para o restante do reino e, como haveremos de verificar, depois chegar até mesmo a purificar a região que tinha sido do reino do norte (II Cr.34:4-7).

– É assim que devemos fazer:

primeiro cuidar de nós mesmos, para, então, em plena comunhão com o Senhor,

passar a proclamar a salvação em Jesus Cristo para os que nos cercam.

– Josias identificara que o maior problema de Judá era a idolatria e a idolatria só poderia ser combatida com a destruição de todos os altares e imagens.

No entanto, infelizmente, o que se notaria é que os ídolos seriam destruídos, mas o coração do povo continuaria idólatra e, quando isto acontece, pouco tempo depois se retorna ao pecado.

– Josias havia buscado a Deus, mas não o povo e é por isso que este período de avivamento espiritual não conseguirá impedir a trajetória que levaria Judá ao cativeiro.

– Quando Josias está com 26 anos de idade, ocasião em que determina, a exemplo do que fizera Joás, que se fizesse a reparação do templo (II Rs.22:3).

– Partindo deste episódio e fazendo um paralelo com o acontecido no tempo de Joás, que já foi objeto de lição anterior, podemos verificar um certo paralelo entre a situação física do templo de Jerusalém com a situação espiritual do povo.

– Em momentos de grande apostasia espiritual, o povo judaíta descuidava do templo, não era zeloso com a sua manutenção, o que é intuitivo, pois, como o povo estava pouco se importando com o seu relacionamento com o Senhor, evidentemente que nem os governantes nem o povo fizessem questão de cuidar das instalações da casa de Deus.

– Como o templo é figura da Igreja, pois somos nós hoje a casa do Senhor (Hb.3:6), também podemos notar que se torna necessário e indispensável que não permitamos que, ao longo do tempo, também descuidemos da

“manutenção do templo” e acabemos por encontrar a nossa vida espiritual cheia de brechas, fendas e irregularidades.

– Diariamente, devemos nos dedicar a ter um relacionamento com o Senhor, não podemos descuidar de nossa vida de adoração ao Senhor, a fim de que não precisemos ter de fazer reparações, que vão custar muito dinheiro e esforço da nossa parte.

Mantenhamos a nossa espiritualidade sadia dia após dia, para que não venhamos a ter de despender muito, pagar um alto preço pelo nosso descuido.

– A reparação do templo somente se seguiu após a purificação promovida pelo rei Josias. Isto também é elucidativo.

Não podemos querer qualquer tipo de restauração espiritual se não abandonarmos o pecado, se não nos santificarmos. Sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb.12:14).

– Josias designou três pessoas para irem até o sumo sacerdote Hilquias, entregando-lhe o dinheiro que fora arrecadado para que se fizesse a obra (II Rs.34:9), que era obra de conservação e de reparação da casa do Senhor (II Rs.22:3-7; II Cr.34:10).

– Em meio às reformas, o sumo sacerdote Hilquias disse ao escrivão Safã que havia sido achado o livro da lei na casa do Senhor, entregando-lhe, tendo Safã o lido (II Rs.22:8).

– Este episódio traz-nos como era lamentável o quadro espiritual vivido por Judá nos dias de Josias, mesmo após toda a dedicação que o rei teve para abolir a idolatria no meio do povo.

– O livro da lei, elemento muito importante na casa do Senhor, estava simplesmente perdido, sabe-se lá quantos anos, sem que ninguém tivesse notado a sua falta.

Lembremos que o livro da lei foi entregue pelo próprio Moisés aos sacerdotes (Dt.31:9), tendo ele ficado ao lado da arca do concerto, para que fosse testemunha contra o povo de Israel (Dt.31:24-26).

Devia, pois, ser um elemento que deveria ser notado, diante de sua importância, mas o fato é que ele estava perdido na casa do Senhor, tamanho era o menosprezo que se dava ao relacionamento com Deus.

– Hoje não é diferente. Nós somos templos do Espírito Santo (I Co.6:19) e, assim como o tabernáculo e o templo tinham de ter “o livro da lei” ao lado da arca do concerto, símbolo da presença do Senhor,

também precisamos ter, em nossos corações, a lei de Deus inscrita (II Co.3:2,3), dando à Palavra do Senhor a devida consideração, pois não há que se falar em manter a presença de Deus em nossas vidas se não observarmos as Escrituras Sagradas.

O Senhor Jesus disse que a sobrevivência espiritual da pessoa depende da Palavra de Deus (Mt.4:4; Lc.4:4).

– Entretanto, na vida de muitos, a Palavra de Deus está “perdida dentro da casa”.

Muitos não meditam nas Escrituras, não a estudam, não ouvem a sua exposição e continuam a viver como se a Bíblia Sagrada não existisse.

Tais pessoas morrem de inanição espiritual e ficam na mesma situação que estava o povo judaíta, uma situação de ruína espiritual. Tomemos cuidado, amados irmãos!

– O que é mais triste é que o sumo sacerdote Hilquias, ao encontrar o livro da lei, não teve sequer a curiosidade de lê-lo.

Entregou-o ao escrivão Safã, que era um dos encarregados pela reparação do templo. Mostra-se, assim, um certo desdém de Hilquias para com o livro da lei. Não é à toa que ele nem tivesse notado que o livro da lei há muito não se encontrava ao lado da arca…

– Safã, que era o encarregado de fazer a prestação de contas das obras ao rei, ao receber o livro, ao contrário de Hilquias, teve, sim, o interesse em lê-lo e, logo em seguida, ao fazer o seu relatório ao rei, também deu a notícia a Josias, que, igualmente, teve interesse em ler o livro, tendo mandando que o escrivão o lesse (II Rs.22:10).

– Tanto Safã quanto Josias demonstraram, assim, ter conhecimento de que, mais importante que os assuntos administrativos relacionados com a obra de Deus, é a própria meditação nas Escrituras, o conhecimento da Palavra de Deus.

Os apóstolos bem o demonstram quando afirmam que, embora a questão da ajuda aos mais necessitados fosse um importante negócio, eles haviam sido chamados para cuidar do ministério da palavra e da oração (At.6:1-4).

– Hilquias, embora fosse o sumo sacerdote, estava mais preocupado com o andamento das obras do templo e a prestação de contas ao rei do que com o encontro do livro da lei.

Atualmente, também, muitos obreiros estão completamente envolvidos com os aspectos materiais de seu ministério, com a administração eclesiástica, deixando de lado o seu papel espiritual, que deve preponderar.

– Quando o rei Josias ouviu o conteúdo do livro da lei, rasgou as suas vestes e mandou que o sumo sacerdote e uma comitiva que designou fossem consultar ao Senhor por ele e por Judá (II Rs.22:11).

Josias percebeu que a ira de Deus estava determinada sobre o povo, porque não estava sendo observada a lei do Senhor.

– Josias deixou-se tocar pela Palavra de Deus. Ele, que buscava a Deus, que era um exemplar servo do Senhor, notou a sua miséria, bem como verificou que o povo não estava agradando a Deus e, de imediato, humilhou-se diante do Senhor e foi clamar pela Sua misericórdia.

– A comitiva real foi, então, consultar a profetisa Hulda, que era mulher de Salum, o guarda das vestimentas sacerdotais, cuja casa ficava na região periférica de Jerusalém (II Rs.22:14).

– Hulda trouxe uma mensagem clara e objetiva: todo o mal previsto na lei viria sobre o povo, porque eles tinham sido desobedientes ao Senhor, mas o rei Josias não passaria por isso, porque havia se humilhado diante de Deus e, portanto, o cativeiro seria postergado para depois dos dias de Josias (II Rs.22:15-20).

– Josias havia se deixado quebrantar pela lei do Senhor. Havia se arrependido de seus pecados, havia crido na Palavra de Deus.

Como recompensa, seria poupado da ira divina, da aplicação da máxima punição prevista na lei para os impenitentes.

– Deus faz, sim, diferença entre o que serve a Deus e o que não O serve (Ml.3:18), não sendo verdade que, ao final, todos serão salvos, que Deus, por ser bom, a ninguém punirá. Deus é amor, mas também é justiça.

– Josias apresenta-se aqui como uma figura da Igreja.

Assim como ele foi poupado da ira divina sobre Judá porque se arrependeu, crendo nas Escrituras, também os que crerem em Jesus poupados serão da hora da tentação que há de vir sobre o mundo, ou seja, da Grande Tribulação (Ap.3:10).

– Ao ter conhecimento desta notícia, qual foi a reação de Josias?

Não foi como a de seu avô Ezequias, que, sabendo que seria também poupado do cativeiro, apenas se alegrou, agradecendo a Deus por esta bênção (II Rs.20:19).

Pelo contrário, ao saber que seria poupado por ter se humilhado, quis também incluir o povo nesta bênção e, então, convocou o povo para que eles fizessem um pacto com o Senhor (II Rs.23).

III – JOSIAS PROMOVE UM AVIVAMENTO ESPIRITUAL EM JUDÁ

– Josias, recebendo a mensagem de Hulda,  e subiu à casa do Senhor, convocando todo o povo para que todos eles ouvissem a lei do Senhor.

– Josias queria que o povo todo tivesse conhecimento da lei de Deus e que, assim como ele, notasse, tomasse consciência da gravidade da situação espiritual em que se encontravam e da necessidade de se arrependerem imediatamente de seus pecados para não serem atingidos pela ira divina.

– Precisamos tornar a Palavra de Deus conhecida do povo. A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17) e sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6).

Deve ser prioridade ensinar e divulgar a Palavra de Deus no meio do povo do Senhor. Tem-se feito isso?

– Ao promover esta reunião, Josias mandou que Hilquias tirasse do templo todos os utensílios que se tinham feito para Baal e para o bosque, mandando-os queimar fora de Jerusalém, nos campos de Cedrom, mandando levar as cinzas deles a Betel (II Rs.23:4).

– Ao mesmo tempo em que o livro da lei estava perdido, ainda se guardavam os utensílios adotados nos cultos idolátricos que haviam sido estabelecidos por Manassés.

Tais cultos tinham sido abolidos ainda no tempo do avô de Josias, mas tinham tomado todo o cuidado de guardar os utensílios, numa demonstração que tinham a intenção de retomar tais cultos oportunamente.

– Havia amor a estas coisas, apego a estes cultos por parte dos próprios sacerdotes e levitas que estavam no templo.

Não é diferente nos dias de hoje, onde muitos amam o mundo e o que no mundo há e, por conseguinte, o amor de Deus não está nele (I Jo.2:15).

– Josias foi bem claro em sua ordem. Não poderia, de modo algum, haver tais utensílio dentro do templo, eram coisas imundas, tanto que foram, inclusive, queimadas fora de Jerusalém e as cinzas mandadas para Betel, onde estavam, também, as cinzas de tudo o fora queimado e que se referia ao culto ao bezerro de ouro que lá havia.

Josias fez questão de mostrar que a presença daqueles utensílios era uma grande abominação diante do Senhor.

– Temos tido o cuidado de remover tudo quanto ainda está relacionado com a nossa vida anterior à conversão?

Muitos fazem como os judaítas: retiram o que é mais aparente, mas mantém as pequenas coisas que estão relacionadas à vida velha. Não nos esqueçamos de que quem está em Cristo nova criatura é e TUDO se faz novo (II Co.5:17).

– Outra providência que se mandou fazer foi a destruição dos sacerdotes que os reis de Judá tinham estabelecido para incensarem sobre os altos de Judá e de Jerusalém, como também aos ídolos (II Rs.23:5).

– Ezequias havia retirado estes altos (II Rs.18:4), que existiam desde os tempos de Salomão (I Rs.3:3), mas Manassés os havia restabelecido (II Rs.21:3), parecendo que foi a primeira coisa que fez em seu reinado.

– Estes altos, além de arraigados como um costume no meio do povo, movimentava toda uma “máquina administrativa”, porque havia sacerdotes que eram indicados pelos reis de Judá e que sobreviviam desta prática.

Certamente o “lobby” destes sacerdotes foi forte e eles conseguiram o restabelecimento desta prática, a razão de ser de sua sobrevivência e que, também, concedia um importante poder ao rei neste assunto que ele, por definição, não poderia se imiscuir.

– Josias havia destruído os altos novamente, mas os sacerdotes não tinham sido ainda destituídos. Faz-nos até pensar se isto também não tinha acontecido antes com Ezequias.

De qualquer modo, temos aqui mais um caso em que não se havia rompido cabalmente com o que desagradava ao Senhor. Havia toda uma estrutura montada sobre algo pecaminoso e que se mantinha em pé mesmo depois das medidas de retorno à observância da lei.

– Em nossos dias, não é diferente. Estruturas montadas sobre práticas pecaminosas por vezes são mantidas apesar de terem sido tomadas atitudes que pretendem erradicar o pecado e fazer o povo tornar a servir a Deus. Tais estruturas devem ser, também, desfeitas, sob pena de ter sido em vão as iniciativas restauradoras.

– Um dos principais problemas dos altos é bem denunciado aqui pelo autor da narrativa. Nos altos tanto se ofereciam sacrifícios a Deus, quanto aos ídolos (II Rs.23:5).

Como os altos não eram previstos na lei nem estavam sob o controle dos sacerdotes e levitas, eram eles utilizados indistintamente tanto para “servir ao Senhor”, como para pecar e, como diz Tiago, não pode uma mesma fonte dar água salgada e doce (Tg.3:12).

– Isto ainda acontece hoje. Pessoas querem servir tanto a Deus quanto ao mundo, não fazendo distinção entre o que é sagrado e o que é profano. O resultado é a profanação de tudo, levando à rejeição divina de tudo quanto é oferecido.

– Na casa do Senhor, também, havia os rapazes escandalosos, prostitutos homossexuais que faziam parte do culto para o ídolo do bosque, que havia sido introduzido na casa do Senhor por Manassés.

Além destes rapazes escandalosos, havia também um grupo de mulheres que teciam casinhas para o ídolo do bosque, tudo isto relacionado com o culto aos deuses da fertilidade, destacando-se, também, o culto à chamada “rainha dos céus”, que tinha tido grande desenvolvimento e que o povo não deixaria mesmo depois da destruição de Jerusalém e do templo (Jr.44:15-19).

– É muito triste vermos uma tal situação: a casa de Deus transformada em casa de prostituição. Mas isto é uma realidade que não ficou apenas naquele tempo. O próprio Senhor Jesus repreendeu a igreja de Tiatira precisamente porque nela havia, também, este envolvimento com a prostituição (Ap.2:21).

– O povo de Judá estava envolvido em dois tipos de prostituição: a própria infidelidade espiritual, porque servia a outros deuses, quando devia ter somente a Deus como Senhor, conforme o primeiro mandamento das tábuas da lei, como também a própria imoralidade sexual, que era praticada nos cultos aos deuses da fertilidade.

– Em nossos dias, temos a mesma situação. Muitos estão sendo infiéis a Deus, mantendo uma vida de pecado, não obedecendo à Palavra de Deus e, por vezes, entre os pecados cometidos está a imoralidade sexual, que, lamentavelmente, é praticada por muitos que cristãos se dizem ser.

– Josias intensificou a reforma que havia feito anos antes, profanando os altos que havia desse Geba até Berseba, como também altos que ficam nas portas de Jerusalém, também tirando os cavalos que os reis de Judá tinham destinado ao sol, à entrada da casa do Senhor (II Rs.23:8), a nos indicar como o povo estava envolvido com a idolatria, ainda mais que tudo isto ainda existia depois da purificação que Josias havia implementado.

– Josias também profanou Tofete, no vale dos filhos de Hinom, onde se costumava queimar o lixo de Jerusalém e onde eram feitos os sacrifícios de crianças a Moloque (II Rs.23:10).

– Josias também extirpou os feiticeiros e adivinhos de Judá e de Jerusalém, expulsando-os da terra (II Rs.23:24), em mais uma demonstração de que os reis fiéis a Deus jamais se atreveram a aplicar a pena de morte prevista na lei, entendendo que somente o Senhor é o dono da vida.

– Nesta oportunidade, aliás, cumpre-se a profecia que havia sido proferida 315 anos antes por um profeta que havia sido mandado a Betel quando foi inaugurado o altar de um dos bezerros de ouro mandados fabricar por Jeroboão (II Rs.23:15-20).

Naquela ocasião, o altar foi fendido milagrosamente e o profeta disse que haveria um rei chamado Josias, da casa de Davi, que destruiria aquele altar (I Rs.13:2). Deus está no controle da história e nenhum de Seus planos pode ser frustrado (Jó 42:2 NAA).

– Depois que erradicou totalmente a idolatria não só no território de Judá, mas além de seu território, como foi o caso de Betel, Josias convocou o povo para celebrar a Páscoa, que foi a maior celebração de Páscoa na Terra Prometida (II Rs.23:22).

– A convocação de Josias para a celebração desta Páscoa, o que, antes já fora feito por Ezequias, mostra claramente o papel que tinha esta festa para o povo: era uma celebração que ressaltava a condição de ser Israel o povo escolhido por Deus, de ter sido libertado pelo próprio Deus e que era ela a “propriedade peculiar de Deus entre os povos”.

– A Páscoa, sabemos todos, é figura da morte e ressurreição de Cristo, Aquele que nos faz ser povo de Deus, Aquele por meio de quem temos a Deus como nosso único Senhor e Salvador.

– Josias somente convoca o povo para a celebração da Páscoa depois que erradicou a idolatria, depois que poderia dizer que Judá era o povo de Deus, somente servia ao Senhor, pois só quem é membro deste povo poderia celebrar a Páscoa, dizer que estava em comunhão com Deus (Ex.12:43-45).

– Por isso, é com muita preocupação que vemos ensinos completamente sem respaldo bíblico dizendo que qualquer um pode participar da ceia do Senhor.

A ceia, que substituiu a Páscoa, é um ato solene em que declaramos que somos parte do corpo de Cristo, do Seu povo e somente pode ser assim considerado quem tiver confessado publicamente que nasceu de novo, que foi lavado e remido no sangue de Cristo vertido na cruz do Calvário, ou seja, tão somente aqueles que foram batizados nas águas e fazem parte de uma igreja local, depois de terem dado testemunho de que creram em Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador e que abandonaram a vida de pecado.

– Foi a maior Páscoa celebrada na Terra Prometida (II Rs.23:22). Josias orientou sacerdotes e levitas para a celebração, inclusive dispensando os levitas de terem a seu cargo a arca do concerto (II Cr.35:3), o que leva alguns a crer que, até aquele momento, a arca era frequentemente retirada do templo toda vez que houvesse alguma ameaça, tendo em vista as várias invasões e saques sofridos em Jerusalém desde os dias de Roboão.

– Josias reorganizou o serviço do templo, reinstituindo as turmas como havia sido planejado por Davi e implementado por Salomão, tudo para que houvesse uma correta celebração da Páscoa.

– Josias deu o exemplo, oferecendo aos filhos do povo cordeiros e cabritos do rebanho para os sacrifícios da Páscoa, sendo seguido pelos príncipes (II Cr.35;7,8). O segredo da liderança é o exemplo.

– A celebração seguiu o rito estabelecido (II Cr.35:11-19), tendo sido a maior Páscoa desde o profeta Samuel (II Cr.38:17).

– Aí o texto sagrado diz que Josias foi o rei mais convertido que houve e que depois dele nenhum outro surgiu semelhante a ele (II Rs.23:25). Entendem alguns, então, que haveria aqui uma contradição, pois Ezequias também tinha sido assim considerado (II Rs.18:5).

– No entanto, um olhar detido sobre os dois textos mostra que não há qualquer contradição. Por primeiro, é dito que não houve quem confiasse tanto em Deus quanto Ezequias (II Rs.18:5). Com relação a Josias, é dito que não houve quem se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma e com todas as suas forças (II Rs.23:25).

– Se bem formos verificar, Ezequias teve uma fé maior que a de Josias. Ao ser confrontado pelo rei da Assíria, clamou a Deus e nele confiou inteiramente.

Ao ser informado de que morreria por uma mensagem vinda do Senhor, orou pedindo mais anos de vida. Já Josias, foi enfrentar Faraó Neco e acabou sendo morto por causa disso, não demonstrando, assim, fé igual a de seu bisavô.

– Simultaneamente, quando vemos a conversão de Josias, vemo-lo buscando a Deus desde a tenra idade e rasgando as suas vestes quando lhe foi lido o livro da lei, procurando, também, levar o povo ao arrependimento, ao ter notícia de que seria poupado do cativeiro mas não Judá.

Ezequias, além de ter desenvolvido soberba após a sua cura milagrosa, contentou-se em saber que não sofreria o cativeiro, não se preocupando com o povo. Josias, pois, era mais convertido e amava mais a Deus que Ezequias.

– Além do mais, é dito que Ezequias não teve semelhante entre os reis que foram antes dele e Josias foi um sucessor seu, enquanto que, com relação a Josias, é dito que nenhum sucessor seu chegou ao seu nível espiritual, de modo que não há qualquer contradição na comparação entre Ezequias e Josias.

– Além de não haver contradição, ambas as afirmações registradas mostram como Deus conhece o coração de cada homem e como ninguém pode jamais enganar o Senhor. Lembremos disto, amados irmãos!

IV – A MORTE DE JOSIAS

– Apesar de todo o esforço de Josias para erradicar a idolatria e fazer o povo voltar a servir ao Senhor, é dito que nada disso demoveu o intento divino de levar Judá para o cativeiro (II Rs.23:26,27).

– Isto se deve ao fato de que apenas parcela da população seguiu a mesma conversão do rei Josias, como ficaria claro no seguimento da história daquele reino. Josias buscou a Deus e fez com que o livro da lei fosse conhecido de todos, mas foram poucos os que resolveram servir ao Senhor.

– Quando Josias iniciou seu processo de purificação, poucos se aliaram a ele, tanto que, em continuidade, ele mesmo teve de pôr fim a uma série de abusos. Logo após a sua morte, o povo retornou à prática da idolatria, como se nada tivesse acontecido.

– Vemos esta triste realidade quando observamos o ministério do profeta Jeremias e a apostasia generalizada do povo judaíta, e isto apesar do avivamento espiritual promovido por Josias.

– Josias tirou todos os ídolos da terra de Judá e até do território que pertencera ao reino do norte, mas não conseguiu tirar os ídolos do coração do povo.

Assim como o Senhor tirou Israel do Egito mas não tirou o Egito do povo, a ponto de a geração do êxodo ter toda ela morrido no deserto, de igual modo, parcela considerável do povo judaíta acabou sucumbindo pela fome, espada e peste, tendo o restante sido levado cativo para a Babilônia.

– Josias reinou 31 anos. Como sabemos, havia uma tensão muito grande entre a Assíria e o Egito. Os assírios haviam encontrado resistência à sua expansão em Judá, nos dias de Ezequias e, na verdade, a derrota militar sofrida por Senaqueribe, por intervenção divina, foi o começo do fim do império assírio.

– Algum tempo depois, Babilônia iria vencer os assírios e se tornar a nova senhora da Mesopotâmia. Em 612 a.C., ou seja, no 28º ano do reinado de Josias, os babilônios invadiram e destruíram Nínive, a capital dos assírios, cumprindo-se, assim, a profecia dita por Naum, que segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, profetizou no 5º ano de Josias.

– Diante da destruição dos assírios, o Egito resolveu recuperar a sua influência que tinha diminuído paulatinamente e Judá era, sem dúvida, o país a ser conquistado, a ser dominado, pois ele fora o obstáculo à expansão assíria.

– Os egípcios vão, então, guerrear contra os babilônios e tem lugar a famosa batalha de Cárquemis, ocorrida em 605 a.C., em que os babilônios derrotam os egípcios e consolidam seu domínio sobre o Oriente Médio.

– Quando o exército egípcio se encaminhava para lutar contra os babilônios, Josias resolveu enfrentar Faraó Neco, o rei do Egito de então.

O rei do Egito procurou dissuadir Josias, pois seu objetivo não era guerrear contra Judá mas, sim, contra Babilônia, mas Josias não aceitou a dissuasão e foi enfrentá-lo e o resultado não poderia ter sido outro: os judaítas foram fragorosamente derrotados e Josias foi morto em batalha (II Rs.23:29; II Cr.35:20-24).

– O profeta Jeremias fez uma lamentação sobre Josias, tendo sido aí que o profeta tenha descoberto o seu
“talento de chorão” (II Cr.35:25)

– Este gesto imprudente tão óbvio de Josias tem apenas uma explicação: foi o modo pelo qual o Senhor poupou Josias do que estava para acontecer com Judá. Iniciava-se uma trágica sucessão de acontecimentos que acabaria por fazer também desaparecer o reino de Judá.

 Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://portalebd.org.br/classes/adultos/6717-licao-12-o-reinado-de-josias

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