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LIÇÃO Nº 6 – PAULO NO PODER DO ESPÍRITO

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo da vida e do ministério de Paulo, analisaremos hoje o poder do Espírito Santo na vida cristã e ministerial do apóstolo.

– Paulo é um típico cristão pentecostal

I – O ESPÍRITO SANTO NA VIDA E MINISTÉRIO DE PAULO

– Depois de termos visto o cristocentrismo da mensagem de Paulo, hoje veremos o papel do Espírito Santo na vida e ministério do apóstolo.

– O cristocentrismo da mensagem de Paulo é consequência direta da ação do Espírito Santo, pois o Espírito Santo tem como missão glorificar a Cristo (Jo.16:14), fazer lembrar o que Ele disse e ensinou (Jo.14:26).

– Portanto, quando verificamos que a mensagem de Paulo é Cristo e Este crucificado, já temos a indicação de que o Espírito Santo tinha pleno domínio e atuação na vida do apóstolo, guiando-o durante todo o tempo, desde o momento em que se encontrou com Cristo no caminho de Damasco.

– Por isso, não é surpresa que, no mesmo instante em que disse aos coríntios que nada se propusera saber entre eles senão a Cristo, e Este crucificado (I Co.2:2), também tenha afirmado que sua palavra e pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria humana mas em demonstração do Espírito e de poder (I Co.2:4).

– Nota-se, portanto, que estas duas facetas do ministério de Paulo são complementares, são, na verdade, duas faces da mesma moeda, ou seja, ter uma mensagem cristocêntrica, mensagem esta que é acompanhada de demonstração do Espírito e de poder.

– Este é o chamado “evangelho completo” ou “evangelho pleno”, que é o Evangelho que Nosso Senhor e

Salvador Jesus Cristo mandou pregar, por ter o Evangelho que Ele mesmo pregou durante o Seu ministério terreno.

– Quando vemos as páginas dos evangelhos, vemos que Jesus pregou, ensinou e fez sinais, prodígios e maravilhas (Mt.5:1,2; 8:16,17; Jo.20:30,31; At.1:1) e Paulo, como imitador de Cristo (I Co.11:1), também pregou, ensinou e fez sinais, prodígios e maravilhas durante o seu ministério.

– No restante do Novo Testamento, não é diferente. Em Atos, Lucas registra o ensino, a pregação e a realização de sinais, prodígios e maravilhas como sendo uma constante na atividade da igreja em Jerusalém (At.2:42-47; 4:29-31; 5:12-16,42) e que depois se espalharia pela Judeia, Samaria e até os confins da Terra, pois Jesus quer que a evangelização seja feita mediante a virtude do Espírito Santo (At.1:8).

 

– Notemos, logo de início, que a primeira atitude que Paulo fará, após ter se convertido, será orar e jejuar. Cego, após a experiência sobrenatural do encontro com o Senhor Jesus, o apóstolo inicia um período de três dias de oração e de jejum (At.9:9).

– Paulo, como fariseu, era pessoa acostumada à oração e ao jejum, ainda que de forma deturpada, a fim de ostentar uma santidade externa e aparente, atitude que tinha sido grandemente censurada e reprovada pelo Senhor durante o Seu ministério terreno (Mt.6:5-8,16-18).

– Entretanto, agora, após o encontro com o Senhor, Paulo passa a prática da oração e jejum consoante os ensinos de Cristo, pois o faz de forma reservada, em secreto, seguindo o que Cristo ensinara aos Seus discípulos.

Não sabemos se Paulo tinha conhecimento de tais ensinos, mas, sem dúvida, foi o Espírito Santo quem o dirigiu para que o fizesse a partir de então.

– Isto nos mostra que o caminho do poder de Deus na vida de qualquer servo do Senhor passa necessariamente pela oração e pelo jejum. Lamentavelmente, nos dias hodiernos, muitos estão deixando de lado estas práticas, querendo “novidades” ou “inovações” a fim de se encherem do poder de Deus,

mas não há como sermos cheios do Espírito Santo se não nos aproximarmos do Senhor e tal proximidade se faz por intermédio da comunicação com Ele, comunicação que estabelecerá a comunhão e somente podemos nos comunicar com o Senhor se fizermos uso tanto da oração,

em que a iniciativa da “conversa” é nossa, oração esta reforçada pelo jejum, quanto da meditação nas Escrituras, em que a iniciativa da “conversa” passa a ser do Senhor.

– Há não muitos anos atrás, era esta uma prática corriqueira entre os novos convertidos nas igrejas locais. Assim que havia a conversão, a própria membresia da igreja local tratava de inserir o neoconverso nas reuniões de oração e consagração, nas vigílias, estimulando-se os novos convertidos a buscarem o batismo no Espírito Santo.

– Tal costume levou ao crescimento tanto quantitativo quanto qualitativo das igrejas pentecostais em nosso país, crescimento este que não é mais observado.

Hoje em dia, os neoconversos são inseridos em conjuntos musicais, em departamentos, sem que sejam estimulados a buscar ao Senhor em oração e em jejum, tampouco a aprender a Palavra de Deus, havendo, inclusive, um deficiente discipulado em muitos lugares.

O resultado disto é o estado espiritual delicado em que nos encontramos às vésperas do arrebatamento da Igreja.

– Paulo foi buscar a Deus em jejum e oração e o resultado disto foi que, em três dias, recebeu a visita de Ananias, foi curado da cegueira e batizado com o Espírito Santo (At.9:17).

– O revestimento de poder aparece, uma vez mais, no texto bíblico, como um requisito necessário para que se tenha o cumprimento a contento da missão concedida pelo Senhor Jesus a um servo Seu.

Jesus Cristo é o mesmo (Hb.13:8) e, deste modo, assim como disse aos discípulos antes da Sua ascensão que precisavam ser revestidos de poder para anunciarem o Evangelho, também batiza Paulo com o Espírito Santo para que ele pudesse pregar o Evangelho na intensidade e qualidade desejadas pelo Senhor e Mestre.

– É já revestido de poder que Paulo vai às sinagogas em Damasco para pregar a Jesus e mostrar que Ele é o Filho de Deus (At.9:20). O cristocentrismo é resultado direto do pleno domínio do Espírito Santo sobre a vida de Paulo.

– Observemos que o revestimento de poder fez com que o Espírito Santo atuasse plenamente na vida de Paulo e tudo quanto havia aprendido nas Escrituras durante anos fosse lembrado e dirigido à pessoa de Cristo.

É esta  tarefa do Espírito Santo: guiar-nos em toda a verdade (que é Cristo) (Jo.16:13), ensinar-nos (Jo.14:25), fazer-nos lembrar o que Jesus disse (Jo.16:13 e nos utilizar para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8).

 

– O batismo com o Espírito Santo tem como objetivo primeiro e principal fazer-se plenamente eficazes na tarefa da evangelização, daí porque ter o teólogo Gutierres Siqueira dito ser ele “o sacramento pentecostal”, porque,

“…Somos mergulhados no Espírito Santo por Jesus Cristo para que possamos sair dessa experiência vestidos de coragem e intrepidez no anúncio vocativo do Evangelho…” (A glossolalia: o sacramento pentecostal. Disponível em: https://overbo.news/a-glossolalia-o-sacramento-pentecostal/ Acesso em 07 ago. 2021) (destaque original).

– Jesus disse que este revestimento de poder para que, em Seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém (Lc.24:47-49), para que fôssemos Suas testemunhas tanto em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da Terra (At.1:5,8).

– Não é por outro motivo que vemos uma imensa diferença entre o trabalho muito provavelmente de Apolo (cfr. At.18:24) e o trabalho posterior de Paulo em Éfeso (At.19:1-20).

Enquanto alguém que nem sequer conhecia o Espírito Santo ganhou apenas uns doze discípulos, Paulo, em três anos, ganhou multidões para o Senhor Jesus, chegando a abalar sensivelmente o centro de feitiçaria e de idolatria que havia naquela cidade.

– Hoje não é diferente. Quando temos o revestimento de poder, a evangelização tem muito maior progresso e eficácia do que quando o poder do Espírito Santo é desconhecido ou menosprezado.

– Muitos, em nossos dias, estão tratando este capítulo indispensável da vida cristã de forma distorcida. Uns acham que é possível uma eficaz evangelização sem que haja tal revestimento, no qual, inclusive, não creem, são os chamados “cessacionistas”, sem qualquer respaldo bíblico para tanto.

– Outros, embora creiam no revestimento de poder, veem-no apenas como uma manifestação sobrenatural de “falar em línguas estranhas” e, uma vez revestidos de poder, contentam-se em “falar em línguas”, sem fazer uso deste poder recebido do alto.

São “pseudopentecostais”, porque não foi assim que agiu a igreja primitiva, pois já no dia de Pentecostes houve salvação de almas em decorrência do revestimento de poder (At.2:37-41).

– Lamentavelmente, em nossos dias, estes dois grupos estão a ganhar corpo dentro das igrejas ditas pentecostais, não sendo poucos os que ou não se interessam pelo revestimento de poder, descrendo nele muitas vezes, ou, então, uma vez revestidos de poder, não partem para a evangelização.

– Paulo, assim que batizado no Espírito Santo, começou a pregar o Evangelho, causando grande impacto entre os seus ouvintes, a ponto de terem os judeus resolvido matá-lo e, inclusive, conseguido o apoio do governador de Damasco neste intento (At.9:23,24; II Co.11:32).

– Já revestido de poder, Paulo não deixou de permanecer numa comunhão íntima com o Senhor. É dito que, ainda em Damasco, esforçava-se muito mais para mostrar que Jesus era o Cristo (At.9:22), o que nos permite inferir que estudava os livros e os pergaminhos, ou seja,

as Escrituras, que os acompanhariam durante toda a sua vida (cfr. II Tm.4:13), a fim de aumentar a sua compreensão a respeito da Palavra de Deus.

– Não deixava, também, de ter os seus momentos a sós com o Senhor, em oração e jejum, o que deve ter se intensificado durante o período de três anos que mediou entre sua saída de Jerusalém, onde também quiseram matá-lo, depois que ele voltou de Damasco (At.9:29,30) e seu retorno àquela cidade (Gl.1:18,19).

– Muitos acham que foi neste período de “reclusão” que Paulo teve um contato direto com o Senhor Jesus, que tinha prometido aparecer-lhe outras vezes quando da experiência da conversão (At.26:16), fazendo-lhe testemunha presencial do ministério do Senhor e da Sua ressurreição (cfr. At.1:21,22; I Co.11:23).

– Muitos veem e pintam um Paulo extremamente intelectual e não resta dúvida de que sua formação intelectual era imensa, mas se esquecem deste homem profundamente envolvido com experiências sobrenaturais, tais como aparições do Senhor Jesus (At.23:11), visita de anjo (At.27:23,24) e arrebatamento até o Paraíso (II Co.12:2-4).

Demonstrações inequívocas de uma profunda vida espiritual, de uma aproximação intensa e contínua com Deus, por meio do Espírito Santo, tanto que, por mais de uma vez, é dito que sempre agia sob a direção do Espírito (At.16:6,7,10; 20:22,23).

 

II – OS DONS ESPIRITUAIS NO MINISTÉRIO DE PAULO

– A Declaração de Fé das Assembleias de Deus afirma que “…o falar em línguas é a evidência inicial desse batismo [o batismo no Espírito Santo, observação nossa], mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como o ‘fruto do Espírito’ (Gl.5:22) e a manifestação dos dons [I Co.14:1]…” (Cap. XIX, p.165).

– O batismo com o Espírito Santo, portanto, além de ser o meio pelo qual podemos atuar eficazmente e a contento na tarefa da evangelização, também é a porta de entrada pela qual podemos receber os dons espirituais que, na dicção da mesma Declaração de Fé,

“… são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja: ‘Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil’ (I Co.12:7).

São recursos sobrenaturais do Espírito Santo operados por meio dos seres humanos, os crentes em Jesus [II Co.4:7; Cl.1:27], enquanto a Igreja estiver na terra (…).

É por meio da Igreja que o Espírito Santo manifesta ao mundo o poder de Deus [Ef.3:10], usando os dons espirituais.…” (Cap.XX, p.171).

– Como já foi dito, Paulo fez questão de afirmar aos coríntios, na primeira epístola canônica àquela igreja, que suas palavras eram “demonstração do Espírito e de poder”.

– Deste modo, além de uma eficaz evangelização, também vemos em Paulo esta “evidência da presença especial do Espírito” mediante os dons espirituais.

– Por primeiro, a intimidade de Paulo com os dons espirituais era tanta que foi a ele que o Espírito Santo inspirou para deixar registrado nas Escrituras o mais completo estudo a respeito do tema, como vemos nos capítulos 12 a 14 de I Coríntios.

– Paulo elenca nove dons espirituais ou carismáticos e as Escrituras mostram explicitamente que ele possuía oito destes dons.

– A palavra de sabedoria é “…um recurso extraordinário proveniente do Espírito Santo cuja finalidade é a solução de problemas igualmente extraordinários…” (DFAD, XX.3, p.173).

Pois bem, vemos Paulo sendo usado neste dom quando, com uma expressão sua, desfez toda a unanimidade do Sinédrio, fazendo com que saduceus e fariseus entrassem em conflito e, deste modo, não pudesse o supremo tribunal judaico julgar a causa de Paulo, quando todos estavam contra ele e, no início da audiência, tivesse Paulo a infelicidade de insultar o próprio sumo sacerdote (At.23:6-10).

– A palavra do conhecimento ou da ciência “…consiste em uma ciência manifestada unicamente pelo Espírito Santo (…), pelo qual podemos compreender, e, assim, conhecer aquilo que, pelo entendimento humano, jamais poderíamos alcançar…” (DFAD, XX.3, p.172) e o próprio Paulo se admira e louva ao

Senhor quando se lhe é dada a compreensão do papel de Israel no plano divino para a redenção da humanidade e como a rejeição de Jesus por Israel representava, na verdade, mais uma demonstração do amor de Deus para com o homem (Rm.9-11), sem, se falar no mistério da Igreja como um corpo de judeus e gentios (Ef.3:1-5), profundidade que foi reconhecida inclusive por Pedro (II Pe.3:15).

– O dom da fé, “…uma fé especial usada num momento específico…” (DFAD XX.4, p.174), foi manifestada em Paulo quando estava ele no navio que o levava para Roma, quando, em meio a quatorze dias de tempestade e ventos, com o navio a ponto de naufragar, o apóstolo, então um mero prisioneiro, faz com que todos os tripulantes e passageiros do navio se alimentassem e sossegassem (At.27:21-38).

 

– Os dons de curar sempre foram uma constante no ministério de Paulo. Já na primeira viagem missionária, Paulo curaria um varão leso dos pés em Listra (At.14:8-10), tendo as curas alcançado uma grande quantidade em Éfeso (At.19:11,12), tendo havido também muitas curas em Malta (At.28:8,9).

– A operação de maravilhas, “…o que sugere grande variedade de milagres…” (DFAD XX.5, p.174), também foi uma constante no ministério do apóstolo. Já na primeira viagem, sobrenaturalmente fez com que o judeu mágico Barjesus ficasse cego (At.13:9-11), quando se dirigia para Jerusalém, ao término da terceira viagem missionária, ressuscitou Êutico (At.20:9-12), sem falar nas maravilhas extraordinárias ocorridas em Éfeso (At.19:11).

– O dom de profecia, que o apóstolo considerava ser o dom principal a ser buscado (I Co.14:1), também se manifestou no apóstolo, como se verifica em episódios como o seu sermão aos anciãos de Éfeso (At.20:25,29), na sua viagem para Roma (At.27:9,21), ao afirmar aos filipenses que seria solto de sua prisão (Fp.1:24-26) e a Timóteo que, na sua segunda prisão, seria condenado e executado (II Tm.4:6).

Além do aspecto preditivo, vemos Paulo trazendo mensagens de exortação, como é a carta aos filipenses (e quiçá a carta aos hebreus); edificação, como é a carta aos efésios e de consolação, como é a segunda carta aos coríntios.

– O dom de discernir os espíritos é manifestado em Paulo no episódio daquela escrava que tinha espírito de adivinhação em Filipos (At.16:16-19).

– O dom de variedade de línguas é admitido pelo próprio apóstolo, quando afirmou ele que falava mais línguas do que qualquer dos crentes de Corinto (I Co.14:18), que era uma igreja onde se manifestavam todos os dons espirituais (I Co.1:7).

– O único dom espiritual que não é explicitamente mencionado em relação ao apóstolo Paulo é o dom de interpretação das línguas.

No entanto, entendem muitos que, ao disciplinar o uso das línguas na igreja e dizer que somente se deve falar em línguas audivelmente quando houver quem as interprete, o apóstolo dá a entender que também tinha o dom de interpretação, pois, ao dar tal instrução,

para uma igreja que estava a questionar a sua autoridade, não o faria se não fosse, ele próprio, um exemplo, até porque se apresentou como quem falava mais línguas do que todos, prova de que falava em línguas na presença dos demais irmãos e se o fazia é porque havia interpretação.

– Embora o próprio Paulo tenha ensinado, inspirado pelo Espírito Santo, que não há um objetivo primeiro de que um cristão tenha, ele sozinho, todos os dons espirituais, uma vez que uma das finalidades dos dons é reforçar serem os salvos membros em particular de um corpo (I Co.12:11-27), ele próprio é um exemplo de que não é impossível que alguém possua todos os dons, desde que tenha o mesmo zelo que tinha o apóstolo em buscá-los e uma vida contínua de busca da presença de Deus.

– É evidente que Paulo tinha um papel especial na Igreja e havia nítida necessidade deque fosse portador de todos os dons espirituais, mas ele próprio nos mostra que todo salvo deve seguir o amor e procurar com zelo os dons espirituais, deve ser esta a conduta a ser tomada por todo salvo na pessoa de Cristo Jesus (I Co.14:1).

III – OS SINAIS NO MINISTÉRIO DE PAULO

– Quando o apóstolo vai ensinar a igreja de Corinto sobre os dons espirituais, de pronto mostra que, na Igreja, havia três atuações divinas: os dons, os ministérios e as operações (I Co.12:4-6).

– Vai tratar dos dons, que são repartidos particularmente pelo Espírito Santo segundo a Sua vontade (I Co.12:7), mas não deixou de mencionar a respeito dos ministérios, de que tratará como “dons de Cristo” em Ef.4:11-16 e,

quanto às operações, há quem entenda que são eles tratados nos dons relacionados em Rm.12:8-10, que o pastor Luiz Henrique de Almeida Silva, pioneiro das videoaulas de EBD na internet, denomina de “os dons do Pai”.

 

– Mas, quando vamos a Mc.16:15 em diante, quando o Senhor Jesus dá a grande comissão aos Seus discípulos, elenca sinais que seguiriam os que cressem, que teriam o condão de confirmar a palavra que fosse pregada (Mc.16:20).

– Assim, se estamos a falar que o ministério de Paulo, segundo o próprio apóstolo, foi demonstração do Espírito e de poder, estes sinais precisam estar presentes, pois são confirmação da Palavra cuja pregação era uma obrigação imposta a ele (I Co.9:16).

– O primeiro sinal mencionado pelo Senhor Jesus é a expulsão de demônios, que é demonstração de que o reino de Deus está entre nós, já que a expulsão é feito pelo Espírito Santo (Mt.12:28;Lc.11:20).

– Paulo expulsou demônios (At.16:18; 19:12), tendo a compreensão de que a vida cristã é uma incessante luta contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12) e que, por isso mesmo, é preciso estar revestido da armadura de Deus, vivendo em vigilância e oração (Ef.6:13-18), fazendo uso das armas poderosas em Deus para destruição das fortalezas (II Co.10:4).

– Outro sinal que segue aos que creem é o “falar novas línguas” e já tivemos oportunidade de mostrar que o apóstolo falava mais línguas que todos os crentes de Corinto, uma igreja onde os dons espirituais abundavam.

– Outro sinal mencionado pelo Senhor Jesus seria o de pegar nas serpentes e beber coisa mortífera sem lhes fazer dano algum e Paulo vivenciou esta experiência quando mordido por uma serpente na ilha de Malta, sem que nada lhe tivesse ocorrido (At.28:3-6).

– Por fim, o sinal da cura, mediante a imposição de mãos, já tendo sido visto que Paulo não tinha apenas o sinal da cura, mas, sim, os próprios dons de curar.

– O ministério de Paulo sempre foi permeado de sinais e maravilhas, como pôde ele relatar à igreja em Jerusalém quando da ocasião daquele concílio que decidiu a respeito da inaplicabilidade da lei de Moisés para os gentios (At.15:12), a ponto de, por mais de uma vez, os gentios acharem que Paulo fosse um deus (At.14:11,12; 28:6).

– Ante tais características, não há como deixar de reconhecer que Paulo era um autêntico cristão pentecostal, que cria na atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais, que considerava indispensável que a pregação do Evangelho não fosse uma mera exposição doutrinária, mas uma demonstração do Espírito e de poder.

– A vida cristã para Paulo inicia-se pela fé em Cristo Jesus (Rm.5:1,2) e esta fé não pode ser apoiada em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus (I Co.2:5) e, neste passo, Paulo tinha uma grande preocupação para que seus ouvintes tivessem o conhecimento de Deus por intermédio do Espírito Santo, não só mediante uma revelação sobrenatural como também mediante a manifestação do poder de Deus igualmente de forma sobrenatural.

– Paulo bem sabia que o mero conhecimento intelectual e religioso era insuficiente para que se pudesse crer em Cristo Jesus.

Ele era o maior exemplo disso, pois toda a sua formação filosófico-religiosa não o pudera tornar um servo de Deus, mas, bem ao contrário, todo zelo religioso o transformara num antagonista do próprio Jesus.

– Somente quando se tem um encontro pessoal com Jesus Cristo é que se pode ter a revelação capaz de fazer com que alcancemos a salvação, tornando-nos novas criaturas (II Co.5:17;Gl.6:15), fazendo que passemos a “estar em Cristo”, passando a ser “morada de Deus no Espírito” (Ef.2:22).

 

– Mas esta revelação não é algo que se opere apenas na mente da pessoa, devendo, também, ser demonstrada por intermédio de sinais, prodígios e maravilhas, pois o reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude (I Co.4:20), não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm.14:17).

– Neste ponto, também, vemos que, ao lado da revelação e da demonstração do poder de Deus, o Espírito Santo opera a transformação, o nascimento de uma nova criatura, que é o que realmente importa (Gl.6:15).

– Como afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, a outra evidência da presença especial do Espírito Santo na vida de alguém é o fruto do Espírito.

– Mas o fruto do Espírito não está presente na vida de todo salvo? Sim, está. Então não é preciso ser batizado no Espírito Santo para produzir o fruto do Espírito? Não, não é preciso.

– Entretanto, quando vemos o Senhor Jesus falar a respeito da frutificação, na parábola do semeador, ali notamos que a semente que frutifica, que é a que cai na boa terra, portanto a que traz salvação perseverante, tem três níveis de produção: a produção a trinta; a sessenta e a cem (Mt.13:23).

– Quem é batizado no Espírito Santo e faz uso desta bênção para os propósitos queridos pelo Senhor, que é o de ganhar almas para o reino de Deus e alcançar os dons espirituais, como fez Paulo, passa a ter uma produção centenária, uma produção plena, segundo a vontade do Senhor.

– O próprio Paulo, quando o comparamos com os demais apóstolos, destaca-se sobremaneira, precisamente porque se esmerou em seguir o amor e procurar com zelo os dons espirituais (cfr. II Co.11:5,22-28; 12:11), alcançando uma profundidade na compreensão do Evangelho reconhecida pelo próprio Pedro, que era do chamado “círculo íntimo de Jesus” (II Pe.3:14).

– Não é à toa que o apóstolo, ao se dirigir aos coríntios, tenha determinado que eles deveriam “seguir o amor” e de ter, no âmago do estudo sobre os dons espirituais, falado do amor.

– “Seguir o amor” nada mais é que produzir o fruto do Espírito, porque o fruto do Espírito é o amor. Este amor que é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos é dado (Rm.5:5), tem de frutificar, de produzir e se desdobra nas qualidades que são elencadas pelo próprio Paulo: gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, mansidão, fé e temperança (Gl.5:22).

– Paulo demonstrava grande amor a Deus e ao próximo, tanto que se deixava gastar pelas almas, amando-as cada vez mais embora pudesse ser menos amado (II Co.12:15), consumindo-se pelo cuidado que tinha para com os irmãos (II Co.11:28), a quem desejava que tivessem Cristo neles formado (Gl.4:19).

– Paulo era alguém que, apesar de todo sofrimento que caracterizou o seu ministério, pois o Senhor disse que ele aprenderia quanto deveria padecer pelo Seu nome (At.9:15,16), era alguém que externava abundante alegria da salvação, a ponto de ter escrito uma carta aos cristãos de Filipos que, por ter a alegria como ponto fulcral, ficou conhecida como a “carta da alegria” (Fp.1:4,18,25; 2:2,17,28,29; 3:1;4:1,10).

– Paulo mostra-nos que passamos a ter paz com Deus desde o instante em que somos justificados pela fé (Rm.5:1) e que a paz de Deus, para a qual fomos chamados em um corpo, deve dominar os nossos corações

(Cl.3:15). Paulo possuía esta paz, tanto que, mesmo preso, exortava e animava os irmãos que sofriam com a sua prisão, jamais perdendo a íntima comunhão que possuía com o Senhor, que é, precisamente, o que significa a “paz com Deus”. Tanto assim é que já não mais vivia, mas Cristo é quem vivia nele (Gl.2:20).

– A longanimidade era, para Paulo, um dos elementos das vestes espirituais do cristão (Cl.3:12). É a capacidade de suportar as afrontas e as adversidaes, tudo fazendo para glorificar o nome do Senhor.

O Senhor Jesus já o avisara de que ele aprenderia quanto se deve padecer por Cristo e seu ministério foi uma sequência de adversidades que ele soube suportar (cfr. II Co.12:23-28; Fp.4:12,13), inclusive o espinho na carne (II Co.12:7-9).

 

– A benignidade era outro componente dos trajes espirituais que Paulo disse não poder faltar para o cristão (Cl.3:12).

Benignidade é querer bem ao outro e o apóstolo era alguém que se esmerava em ver o bem do próximo, seja do ponto-de-vista espiritual, seja do ponto-de-vista material.

Era aquele que se gastava pelos outros, que desejava ardentemente que Cristo fosse formado nos cristãos, que se empenhava no crescimento espiritual de todos os que o cercavam, que almejava a salvação das almas.

– A bondade era outra característica do apóstolo. Ele fazia o bem a todos, como se pode verificar dos seus esforços para mandar ajuda aos pobres da Judeia e de Jerusalém, ou como dividiu o que tinha e buscou o bem de Epafrodito, mesmo estando preso em Roma (Fp.2:25-30).

– A mansidão também é um dos componentes que o apóstolo entendia necessários para o cristão (Cl.3:12).

Paulo afirma-se como pessoa mansa (II Co.10:1) e ele o era, pois, desde o momento em que se converteu, passou a ser integralmente submisso a Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, jamais tendo sequer revidado todas as afrontas sofridas ao longo de seu ministério.

– A fé, que, como qualidade do fruto do Espírito deve ser entendida como fidelidade, é uma constante na vida do apóstolo Paulo, que pôde, no ocaso do seu ministério, dizer que havia combatido o bom combate, acabado a carreira e guardado a fé (II Tm.4:7), tendo sido fiel até a morte.

– A temperança, por fim, era outra característica que tinha o apóstolo, que sabia se dominar, sempre agindo sob a direção do Espírito Santo.

Após a sua conversão, jamais vemos um agir descontrolado do apóstolo, mas alguém que era sempre prudente e que sabia controlar suas emoções, pensamentos e sentimentos, para tudo fazer para a glória de Deus (I Co.10:31).

– Paulo era um autêntico cristão, alguém que produzia o fruto do Espírito e, por isso mesmo, podia dizer que não mais vivia, mas era Cristo que nele vivia. Tinha a imagem de Cristo, era um genuíno filho de Deus.

– Não se tratava de uma pessoa perfeita, como ele mesmo dizia (Fp.3:12), mas buscava e tinha como alvo o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus e, para isso, buscava as coisas espirituais, as “coisas de cima” (Fp.3:13-21; Cl.3:1-4), buscando andar em espírito e não se inclinar para as obras da carne, sempre sob a direção do Espírito Santo (Rm.8:1-14; 6:11-22; Gl.5:16-18).

– Assim devemos viver e o próprio apóstolo recomenda que fosse imitado (Fp.3:17). Tendo uma vida cheia do Espírito Santo, seguindo o amor e procurando com zelo os dons espirituais, frutificaremos plenamente e nos encaminharemos para as mansões celestiais. Foi este o trajeto seguido por Paulo e devemos imitá-lo.

 Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6840-licao-6-paulo-no-poder-do-espirito-i

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