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LIÇÃO Nº 13 – A GLORIOSA ESPERANÇA DO APÓSTOLO

INTRODUÇÃO

– Finalizando o estudo da vida e ministério de Paulo, estudaremos a esperança do apóstolo Paulo.

– A esperança de Paulo, como de todo cristão, é o arrebatamento da Igreja.

I – PAULO E A VIRTUDE DA ESPERANÇA

– Encerrando o estudo da vida e ministério de Paulo, hoje trataremos da gloriosa esperança do apóstolo que, como a de todo o cristão, é o arrebatamento da Igreja, a vinda de Jesus.

– O apóstolo, inspirado pelo Espírito Santo, pôde, desde logo, notar que a vida cristã é fortalecida por três virtudes que são “injetadas” no salvo quando ele crê em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.

– “Virtude” significa “força, ânimo, boas qualidades morais” e o apóstolo foi a pessoa usada pelo Senhor para nos revelar que, quando alguém tem seus pecados perdoados, recebe da parte do próprio Deus “forças sobrenaturais” que o permitem agir conforme a vontade divina, a satisfazer e cumprir a vontade do Senhor na sua vida sobre a face da Terra. Estas virtudes receberam, pelos estudiosos, o nome de “virtudes teologais”, precisamente porque têm sua origem em Deus.

– A primeira destas virtudes é a fé, que o apóstolo diz que vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17). Quando há uma disposição de nossa vontade em crer naquilo que é pregado, a Palavra é misturada com a fé que já existe em nosso espírito, que é representada pela terra em que cai a semente na parábola do semeador (Mt.13:3-8; Mc.4:1-9; Lc.8:4-8), e,

em havendo o aninhamento da semente, esta germina, ou seja, há o encontro da nossa fé com a Palavra, resultando na fé salvadora, e, por crermos em Jesus, nascemos de novo, somos gerados pela semente incorruptível (I Pe.1:23).

– É pela fé que damos entrada na graça (Rm.5:1) e nos fazemos agradáveis ao Senhor, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6).

– A fé é, então, seguida pela esperança, porque, em havendo o crescimento da fé, passamos a ter firmeza e esta firmeza nos faz gloriar na esperança da glória de Deus (Rm.5:2). A fé é a prova das coisas que não se veem e a prova das coisas que se esperam (Hb.11:1), de modo que, tendo fé, passamos a esperar no Senhor e, nesta esperança, a ter ainda maior firmeza nas promessas de Deus.

– É bem por isso que o escritor aos hebreus (que muitos entendem ser Paulo) disse ser a esperança a âncora da alma (Hb.6:19).

A âncora é uma peça de ferro forjado destinada a reter o navio no ponto em que se quer, segurando-o pela amara num fundeadouro, ou seja, é uma peça que não permite que o navio saia da posição, apesar dos movimentos das águas.

– A esperança não permite que o salvo venha a sair da posição que alcançou com a salvação, apesar dos movimentos deste mundo onde se encontra, apesar das tempestades da vida, das adversidades que sempre aparecerão.

– Esta esperança fortalece-se ao longo da jornada, pois o apóstolo diz que, depois de surgir na vida do cristão por ocasião da firmeza espiritual, ela acaba se sobressaindo depois que vem a tribulação, que gera a paciência e esta, por sua vez, a experiência, que trará como resultado a esperança, esperança que não traz confusão (Rm.5:3,4).

– E esta esperança não traz confusão porque o amor de Deus, que é a terceira virtude teologal, é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm.5:5).

– Paulo diz que somos salvos em esperança (Rm.8:24) e que é esta esperança fonte de alegria espiritual (Rm.12:12), sendo certo que um dos elementos que nos fortalece a esperança é o aprendizado da Palavra de Deus (Rm.15:4).

– O apóstolo diz que, pelo espírito da fé, temos a esperança da justiça (Gl.5:5) e esta esperança é única para toda a Igreja (Ef.4:4), esperança que nos está reservada nos céus (Cl.1:5), sendo o próprio Cristo a esperança da glória (Cl.1:27) e impossível aqui, ante esta expressão de Paulo, deixar de lembrar como tal esperança se realizou plenamente no martírio de Estêvão, que tantas marcas deixou em Paulo.

– Esta esperança da justiça, reservada nos céus para nós, o apóstolo, já em sua primeira carta, dirá claramente que é a vinda de Jesus (I Ts.2:19) e é em virtude desta esperança que os crentes de Tessalônica deveriam se consolar diante da morte dos irmãos (I Ts.4:13).

– O salvo está esperando Jesus. Ele é a nossa esperança (I Tm.1:1), pois temos a esperança da vida eterna (Tt.1:2), a bem-aventurada esperança que nada mais é que o aparecimento da glória do grande Deus e Senhor Jesus Cristo (Tt.2:13), que virá da nossa cidade que está nos céus e transformará o nosso corpo abatido para ser conforme o Seu corpo glorioso, segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas (Fp.3:20,21).

II – O ENSINO DE PAULO SOBRE O ARREBATAMENTO DA IGREJA

– Esta esperança será demonstrada de forma cabal e clara já na primeira epístola escrita pelo apostolo, a primeira epístola aos tessalonicenses.

– Após mostrar o motivo pelo qual o crente não deveria ficar sem esperança diante da morte dos irmãos em Cristo, Paulo, naquela carta, explica como se dará o arrebatamento da Igreja, este dia que todos os crentes esperam e desejam (I Ts.4:15-18).

– Os crentes de Tessalônica esperavam Jesus e ficaram perturbados com o fato de alguns dos seus estavam morrendo antes que Jesus voltasse, mas o apóstolo lhes ensina que os crentes falecidos não estavam

“perdendo a oportunidade” ou “perdendo a vez”, mas, muito pelo contrário, no dia do arrebatamento da Igreja, teriam a primazia, uma vez que ressuscitariam e receberiam, antes dos crentes que estivessem vivos, o corpo glorioso, o corpo transformado que terão os crentes para se encontrar com o Senhor nos ares.

– O apóstolo mostra-nos, assim, que a Igreja só será a reunião de todos os que saíram do mundo (εκκλήσια, “ekklesia”) por ocasião do arrebatamento da Igreja, quando, então, todos os que creram em Jesus em todos os tempos, de todas as raças, tribos e nações, vivos e mortos, encontrar-se-ão com o Senhor nos ares para estarem para sempre com Ele.

OBS: “…A Igreja de Jesus Cristo é composta de bilhões vezes bilhões de almas, uma multidão que homem algum jamais poderá calcular. Com

certeza, a Igreja será inaugurada quando todos os remidos, de todos os tempos, juntamente com o santos que morreram desde o princípio da geração, e foram evangelizados por Cristo após a ressurreição, estiverem reunidos em número incalculável, liderados pelo Senhor Jesus Cristo, que irá adiante da grande multidão e nos apresentará ao Pai, dizendo:

Hebreus 2.12:’…Eis-Me aqui, e aos filhos que Deus Me deu.’ Então haverá festa nos céus, todas as hostes celestiais se alegrarão juntamente com todos os seus servos.…” (SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.6, p.110).

– Paulo descreve, então, como se dará este grandioso acontecimento, a razão da nossa esperança, esperança que deve ser demonstrada mesmo em ocasiões tristes como a morte dos crentes em Cristo Jesus, ensino este que Paulo diz ser “pela palavra do Senhor” (I Ts.4:15), expressão que causa discussão entre os estudiosos da Bíblia.

Que seria esta “palavra do Senhor”? Algum texto das Escrituras? Algum ensino de Jesus que foi transmitido oralmente pelos apóstolos e que é aqui registrado por Paulo no escrito mais antigo do Novo Testamento?

Alguma revelação especial que Paulo recebeu do Senhor, a exemplo do texto de I Co.11:23 e ss. quando ensina aos coríntios o sentido da ceia do Senhor? São muitas as indagações, mas o fato é que se trata, sim, de palavra do Senhor e, portanto, que não admite qualquer discussão ou questionamento.

– Paulo diz que os crentes falecidos precederão os que estiverem vivos no dia do arrebatamento da Igreja. O Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus, expressão que é traduzida na Versão Almeida Revista e Atualizada como sendo “dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus” e que evoca, segundo estudiosos da Bíblia, a chegada de monarcas visitantes na época do Novo Testamento (cf. BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, nota a I Ts.4.16, p.1253).

Também eram expressões conhecidas dos judeus, que se encontravam rotineiramente nos escritos apocalípticos, que foram abundantes entre os israelitas no período intertestamentário (i.e., o período de mais ou menos 400 anos entre o final da redação do Antigo Testamento e o início do ministério de João Batista).

– O que se vê é que o arrebatamento da Igreja se dará, em primeiro lugar, em virtude de uma ordem divina, motivo pelo qual não se sabe quando isto ocorrerá, pois se trata de algo que não foi revelado e que, portanto, cabe apenas ao Senhor (Dt.29:29). É a Sua palavra de ordem, o Seu “alarido”, que dará início a todo o processo, o que certamente se dará quando tiver chegado o fim da nossa dispensação, quando o evangelho tiver sido pregado a todas as gentes (Mt.24:14), que é o último sinal que falta para ser cumprido.

– Em seguida, diz-nos o apóstolo, escutar-se-á a voz do arcanjo, ou seja, o arcanjo ( e a Bíblia só fala de um arcanjo, a saber, Miguel) iniciará o seu trabalho, após a determinação divina, trabalho este que é fruto de discussão entre os estudiosos. De qualquer forma, o fato é que o arcanjo, tal qual um ajudante-de-ordens, um imediato, estará à frente dos exércitos celestiais no retorno triunfal do grande Rei, que virá ao encontro da Sua noiva.

OBS: A propósito, a menção do arcanjo juntamente com o Senhor mostra, claramente, que não tem qualquer fundamento a ideia de algumas seitas em procurar identificar Jesus com o arcanjo Miguel.

– A seguir, soará a trombeta de Deus, trombeta que significa o chamado do povo para a sua reunião e retirada, assim como Moisés tocava as trombetas não só para chamar o povo de Israel nas reuniões que ocorriam no deserto, mas também para o aviso de sua retirada do lugar onde estava acomodado na sua viagem para Canaã (Nm.10:2).

A imagem da trombeta, portanto, fala-nos, a um só tempo, da reunião da Igreja e da sua retirada desta terra, onde estava apenas de passagem, rumo a Canaã celestial.

– Diante deste chamado para reunião e retirada, ensina Paulo que os mortos ressuscitarão primeiro e sua ressurreição será como a de Cristo, ou seja, ressuscitarão em corpos gloriosos, que não obedecerão às leis da física, tanto que se reunirão com o Senhor nos ares, desafiando a gravidade e tudo o mais que domina a matéria neste mundo. Os crentes falecidos, portanto, terão restabelecida a sua unidade e se apresentarão ao Senhor, glorificados.

É interessante observar que, como já vimos, não se fala em retomada de consciência, mas em aquisição de um corpo espiritual, o que é coisa bem diversa. 

– Depois, os que estiverem vivos neste grande dia, serão arrebatados, retirados repentina e violentamente da Terra, adquirindo também corpos gloriosos, iguais aos dos crentes ressuscitados e todos, reunidos, se encontrarão com Senhor nos ares, para o início de uma vida plena de comunhão com o Senhor.

– Este era o motivo pelo qual os crentes tessalonicenses não deveriam se desesperar com a morte dos crentes antes da vinda do Senhor e é o motivo pelo qual também, hoje em dia, devem os cristãos encarar e enfrentar a morte física de nossos irmãos em Cristo.

Temos de ter esperança, temos de visualizar a nossa vida terrena apenas como uma passagem, como uma peregrinação, porque não devemos nos prender às coisas desta vida.

– Depois de ter falado a respeito da forma como os crentes de Tessalônica deveriam agir ante a morte física dos irmãos em Cristo antes do retorno de Jesus, o apóstolo volta a mencionar a vinda de Cristo àqueles crentes, a nos mostrar, uma vez mais, que, na igreja primitiva, a volta de Jesus era um tema corriqueiro e que jamais era deixado de lado, como, infelizmente, acontece em muitas igrejas locais na atualidade.

– O fato de que alguns crentes estavam morrendo antes do retorno de Cristo não podia, em absoluto, diminuir a expectativa que os crentes de Tessalônica tinham com relação à vinda de Jesus, que deve ser sempre aguardada por parte daqueles que servem ao Senhor, cuja característica, diria Paulo em sua última carta, é amar a vinda do Senhor (II Tm.4:8).

– O comportamento do apóstolo Paulo mostra, claramente, que jamais um obreiro ou um crente pode fazer coro àqueles que afirmam que Jesus vai demorar ou que a vinda de Jesus só ocorrerá nesta ou naquela data. Quem assim age é, nitidamente, um falso mestre, um escarnecedor, que anda segundo a sua própria concupiscência (cf. II Pe.3:3,4).

Infelizmente, muitos, mesmo implicitamente, diante da “demora de Jesus”, deixam de ensinar sobre a Sua vinda e começam a ocupar o espaço do ensino da Palavra com outros temas, outros assuntos, muitos deles relacionados apenas às coisas desta vida, desvirtuando, por completo, o propósito divino para a Igreja.

– O apóstolo, embora admitisse que crentes iriam morrer antes do retorno de Cristo, não permitiu que este sentimento pudesse dar ensejo a uma diminuição na esperança dos crentes de Tessalônica, rememorando o que já havia ensinado, ou seja, que, embora não fosse possível determinar a data da volta do Senhor, e até por causa disto, os crentes deveriam aguardar Jesus, pois Ele viria como o ladrão de noite, ou seja, sem prévio aviso e surpreendendo todos quantos não estivessem devidamente preparado.

– No ensino a respeito da vinda de Cristo, Paulo faz questão de dizer que só os crentes estarão esperando o Senhor. Os crentes, devidamente ensinados (como os tessalonicenses o haviam sido), sabem que Jesus vai voltar e que há sinais para a Sua vinda.

Assim, além de saber que Jesus voltará, o crente acompanha os sinais deixados pelo próprio Senhor para mostrar a iminência da Sua volta e, por isso, bem discerne a realidade dos tempos. Não sabe, é verdade, a data do evento, mas tem plena consciência de que ele está próximo.

– Por isso, o apóstolo afirmou que, enquanto os ímpios se deixam iludir pelas aparências enganosas deste mundo e dizem haver “paz e segurança”, os crentes sabem que o que está reservado para esta Terra é a “repentina destruição”, destruição esta que está programada assim como as dores de parto para a mulher grávida.

O cumprimento da Palavra de Deus na vida do homem é inevitável, ainda que nem todos os homens cumpram a Palavra de Deus.

– Estas palavras de Paulo mostram que o discernimento a respeito da atualidade e do significado do presente e dos acontecimentos que estão ocorrendo à nossa volta é espiritual, só se evidencia e se explicita para aqueles que têm a “mente de Cristo” (I Co.2:16), que são tão somente aqueles que têm o Espírito de Deus (I Co.2:9-12).

Por isso, não adianta querermos convencer as pessoas a respeito do momento que vivemos e da iminência da volta de Jesus com argumentos racionais, pois isto somente se dará mediante a operação do Espírito Santo de Deus. 

– Nos ensinos de Paulo, também, percebemos nitidamente, pelo que fala aos tessalonicenses, que a repentina destruição estava destinada, reservada tão somente para aquele que dizerem que haveria “paz e segurança”, ou seja, para aqueles que não tivessem conhecimento a respeito do “dia do Senhor”, que virá como o ladrão de noite.

Isto nos mostra, claramente, que o ensino do apóstolo era de que o crente não sofreria o “dia do Senhor”, onde haveria a repentina destruição, algo reservado apenas para aqueles que não escapariam, assim como a mulher grávida não escapa das dores de parto.

– Vê-se, pois, que os males reservados para a humanidade e que “o dia do Senhor” não são episódios que terão a participação da Igreja, mas, sim, fatos que, embora do conhecimento dos crentes, são destinados a quem não serve a Jesus, a confirmar, assim, a chamada visão pré-tribulacionista, ou seja, a de que a Igreja não sofrerá a Grande Tribulação, período de juízo de Deus sobre a Terra por ter rejeitado a salvação em Cristo Jesus, que se iniciará precisamente após o arrebatamento da Igreja.

OBS: “…’O Dia do Senhor’ refere-se, normalmente, não a um dia de 24 horas, mas a um extenso período de tempo durante o qual os inimigos de Deus são derrotados (Is. 2.12-21; 13.9-16; 34.1-4; Jr.46.10; Jl.1.15-2.11,28; 3.9; 12-17; Am.5.18-20; Zc.14.1-3), vindo a seguir o reino terrestre de Cristo (Sf.3.14-17; Ap.20.4-7).…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, nota a I Ts.5.2, p.1848).

– O crente deve estar em comunhão com o Senhor, na santidade que já havia sido, antes, recomendada pelo apóstolo, a fim de que tenha condições de discernir espiritualmente o momento em que estamos vivendo e se preparar convenientemente para não ser apanhado de surpresa pela vinda do Senhor.

O juízo divino não demora e somente aqueles que estiverem atentos, aguardando o Senhor, serão poupados do “dia do Senhor”, da ira divina que se abaterá sobre a Terra.

III – A VIGILÂNCIA DO CRISTÃO

– O apóstolo, entretanto, diz aos crentes de Tessalônica que havia um motivo suficiente para que eles não ficassem desorientados a respeito da volta de Cristo, já que não havia uma fixação de data.

Eles eram “filhos da luz e filhos do dia”, ou seja, eram diferentes dos ímpios e, por isso, não seriam surpreendidos pela volta de
Cristo, ainda que não pudessem saber a data do Seu retorno.

– O cristão tem condições de saber a realidade do tempo em que vive e a iminência da volta de Cristo porque é “filho da luz e filho do dia”, expressões que Paulo se utiliza e que nos faz lembrar a passagem do diálogo entre Jesus e Nicodemos, no capítulo 3 do evangelho segundo João, uma síntese de todo o plano de Deus para a salvação do homem.

– Em Seu diálogo com o “mestre de Israel”, Jesus revela a Sua missão salvadora, que teve origem no Pai e que seria concretizada pelo Filho, mediante a obra redentora no Calvário. Jesus disse ser a luz do mundo (Jo.3:19) e quem O amasse, o que significa dizer que quem fizesse o que Ele mandasse (cf. Jo.15:14), viria para a luz, ou seja, viria para Ele, Cristo, passando a praticar o bem, pois, quem está na luz, disse o Senhor, tem suas obras feitas em Deus (Jo.3:20,21).

– Ser “filho da luz e filho do dia”, portanto, é aceitar a Cristo como seu Senhor e Salvador, aceitação esta que não é meramente teórica, mas a realização de atos, ações e atitudes que demonstram que a pessoa faz o que Jesus mandou, pratica obras feitas em Deus, obras que são o resultado, o efeito de uma vida de comunhão entre a pessoa e o Espírito Santo, uma vida que é resultado de separação do pecado.

– Quem é “filho da luz e filho do dia” pratica as mesmas ações de Jesus, que é a própria luz, tem comunhão com os demais crentes e é continuadamente purificado pelo sangue de Jesus Cristo (I Jo.1:7).

Quem é “filho da luz e filho do dia” não esconde suas ações, não tem segredos nem oculta atitudes e ações dos outros homens, principalmente os que convivem com ele na igreja local, não é uma pessoa dissimulada, como, aliás, não era o apóstolo Paulo, cuja vida, como vimos de seu testemunho em Tessalônica, era “um livro aberto”.

– Somente os “filhos da luz e filhos do dia” não serão surpreendidos pela volta de Cristo. Somente aqueles que estiverem vivendo separados do pecado, em comunhão com o Espírito Santo, longe do mal, demonstrando um sincero e verdadeiro amor por Jesus, mediante a obediência da Sua Palavra, é que não serão apanhados de surpresa com o alarido, a voz de arcanjo e a trombeta de Deus.

Todos os demais, por terem rejeitado a Cristo, explícita ou implicitamente, deliberada ou dissimuladamente, estarão em trevas e, por isso, não terão como escapar do “dia do Senhor”, aquele mesmo dia que o profeta Isaías disse ser o “dia da vingança do nosso Deus” (Is. 61:2) e que Jesus não mencionou na sinagoga de Nazaré (Lc.4:19), precisamente porque estava dando a oportunidade de irmos para a luz e nos livrarmos deste episódio tão triste, deste tempo de grande angústia que se abaterá sobre a Terra.

– Se somos “filhos da luz e filhos do dia”, temos de ter um comportamento diferente dos demais, que são “filhos das trevas e filhos da noite”. Esta conduta diferenciada é resumida por Paulo como sendo caracterizada pela vigilância e pela sobriedade (I Ts.5:6).

– Se formos ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, perceberemos que a palavra “vigiar” tem diversos significados, mas todos eles devem ser enfrentados para que entendamos o que o Senhor Jesus tem a dizer a respeito do tema, pois as Escrituras devem ser conhecidas em cada detalhe. Neste dicionário, há seis principais acepções de “vigiar”, a saber:

1 observar com atenção; estar atento a
2 observar secreta ou ocultamente; espreitar, espionar
3 cuidar com atenção, olhar por; velar
4 fazer fiscalização de; controlar, verificar
5 permanecer atento, alerta ou desperto
6 ficar de sentinela, de guarda, de atalaia

– Vigiar significa, em primeiro lugar, observar com atenção, estar atento a. Quem vigia é quem observa com atenção, que está atento.

O Senhor revelou-nos o que irá acontecer para que os crentes sejam observadores de tudo o que está acontecendo à sua volta, a fim de que, com olhos espirituais, identifiquem e detectem nos acontecimentos do dia-a-dia a iminência, a proximidade da volta de Jesus.

É por isso que não podemos concordar com aqueles que defendem que os crentes devem viver separados dos demais homens, da comunidade, completamente alienados a respeito do que acontece à sua volta.

O crente deve ser uma pessoa bem informada, que tenha conhecimento do que se passa na sua vizinhança, no seu local de trabalho, na sua escola, no seu bairro, na sua cidade, no seu Estado, no seu país e no mundo.

O crente deve ser pessoa que tenha conhecimento de tudo que está acontecendo, porque, só assim, poderá cumprir a ordem de Jesus, que é a de vigiar, ou seja, estar atento às coisas que estão acontecendo. Jesus, mesmo, jamais foi uma pessoa alienada, estava bem informado a respeito dos fatos e deles se aproveitava para pregar o Evangelho (cfr. Lc.13:1-5).

– Vigiar significa, em segundo lugar, observar secreta ou ocultamente, espreitar, espionar. O crente deve ser alguém que tenha discernimento, que possa ver além da superficialidade, que investiga o lado espiritual dos acontecimentos.

O crente tem a mente de Cristo (I Co.2:9-16), ou seja, tem acesso à profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus (Rm.11:33) e, portanto, estando em comunhão com o Senhor, deve saber interpretar os acontecimentos sempre pelo ponto-de-vista espiritual.

O crente, também, tem de ter o discernimento para identificar as astutas ciladas do diabo. Para isto, devemos fazer como Esdras que, no caminho para Jerusalém, orou e jejuou para sentir a mão de Deus sobre si e sobre o povo que com ele estava e, somente assim, pôde chegar ao seu destino, apesar das astutas ciladas do inimigo ao longo do caminho (Ed.8:21-31. Sugerimos leitura nosso estudo na seção Estudos Bíblicos intitulado “A caminho de Jerusalém”).

– Vigiar significa, em terceiro lugar, cuidar com atenção, olhar por, velar. O crente deve cuidar da sua vida espiritual, da sua comunhão com Deus, da sua salvação.

A salvação é algo que tem de ser preservado, conservado, como nos ensina a Bíblia Sagrada, pois somente aquele que perseverar até o fim será salvo (Mt.24:13). Por várias vezes, a Palavra de Deus nos aconselha a conservarmos uma vida de comunhão com Deus, uma vida de santidade e de obediência aos mandamentos do Senhor:

a) em Hb.3:6, é dito que somente aqueles que conservam firmes a confiança e a glória da esperança até o fim podem dizer que são a casa de Deus, que são templo do Espírito Santo, ou seja, que pertencem ao corpo de Cristo e, por isso, serão arrebatados.

b) em I Ts.5:23, é dito que o crente tem de manter conservado irrepreensível todo o seu ser (espírito, alma e corpo) para a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a mostrar, portanto, que a conservação de nosso ser debaixo da potente mão de Deus é indispensável para que sejamos arrebatados.

c) em Jd.1, os crentes são chamados de queridos em Deus Pai e conservados por Jesus Cristo, a indicar que somente aquele que se mantém em comunhão com o Senhor Jesus, que se submete a Seu senhorio, como vara ligada na videira, será arrebatado no dia da vinda do Senhor e, por isso, o mesmo Judas aconselha o povo de Deus a se conservar no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna (Jd.21).

– Vigiar, em quarto lugar, significa fazer fiscalização de, controlar, verificar. O crente vigilante é aquele que vive conferindo a santidade, não a santidade dos outros, pois o crente não deve julgar o semelhante, pois esta é uma tarefa exclusiva do Senhor, o único juiz (Tg.4:11,12).

O crente deve conferir a sua própria condição espiritual, deve examinar-se constantemente e observar se está sendo fiel ao Senhor, ou não. O auto-exame é uma necessidade para o cristão, bem como um anúncio da vinda de Jesus, como vemos, claramente, do ensino de Paulo sobre a ceia do Senhor (I Co.11:26,28).

O crente vigilante esforça-se para, a cada momento, se auto-examinar e se manter com as vestes limpas para que possa adentrar ao banquete nupcial das bodas do Cordeiro (cfr. Mt.22:11-14).

– Vigiar, em quinto lugar, significa permanecer atento, alerta ou desperto. A vigilância não é, portanto, uma atitude episódica, um momento de reflexão ou de atenção transitório, periódico, como na semana da ceia do Senhor ou quando vamos ao culto ou a alguma reunião religiosa, mas uma atitude de vida, um modo de viver, um comportamento contínuo que deve ser uma constante até a vinda do Senhor.

Temos uma figura elucidativa deste tipo de comportamento entre aqueles que foram selecionados por Deus para estarem ao lado de Gideão.

Os trezentos homens escolhidos para compor este exército vitorioso eram homens que, ao tomarem água, se comportavam como cães, pois permaneciam atentos, olhando tudo a sua volta, por isso foram achados dignos de pertencer ao exército que venceu os inimigos do povo de Deus.

É este tipo de gente que o Senhor tem, também, escolhido para tomar parte em Seu exército: pessoas que permanecem atentas em todos os momentos.

– Vigiar, em sexto lugar, significa ficar de sentinela, ficar de guarda, ficar de atalaia. O crente vigilante é um crente que não só se precavém do mal e das astutas ciladas do diabo, como também anuncia a todos quantos estão à sua volta do perigo que estão a correr, que dá notícia da realidade, da verdadeira situação em que o mundo se encontra.

Um cristão sincero e verdadeiro jamais se cala diante do momento delicado e importante que estamos vivendo, pois é consciente de que o servo de Deus, que é feito conhecedor do cumprimento das profecias bíblicas e da proximidade da vinda do Senhor bem assim de que estamos no final da dispensação da graça, não será tomado por inocente se se calar (cfr. Ez.33:1-11).

Por isso, o Senhor tem levantado, no meio da Sua Igreja, desde o século XIX, homens e mulheres que, com intrepidez e eloqüência, têm sacudido o mundo com a mensagem que ficou um tanto quanto abafada ao longo da história da Igreja: Jesus breve virá !

– Vigiar, em sétimo lugar, segundo o mesmo Dicionário Houaiss, do latim vigìlo,as,ávi,átum,áre ‘velar, vigiar, estar alerta, não dormir’.

O crente vigilante, portanto, é aquele que não dorme. Dormir, como vemos na parábola das dez virgens, tem o significado de ter distraída a atenção para as coisas desta vida, descuidar da presença de Deus nas nossas vidas. As virgens loucas não tinham azeite em suas lâmpadas, ou seja, tiveram desviada a sua atenção para as coisas desta vida e se descuidaram de ter o Espírito Santo em seu interior, o que acontece quando nós O entristecemos (Ef.4:30).

Não dormir é, portanto, não deixar faltar o azeite, o que acontece quando fazemos a vontade do Senhor, quando seguimos a Sua direção, quando nos inclinamos para as coisas do espírito (Rm.8:5-9).

IV – O SONO DOS ÍMPIOS

– Mas o apóstolo, ao mesmo tempo em que afirma que o cristão deve ser vigilante, porque é “filho da luz e filho do dia”, também diz que os ímpios são “filhos das trevas e filhos da noite” e, por isso, não vigiam, mas “dormem” (I Ts.5:6 “in initio”).

– Este “dormir”, entretanto, é diverso daquele que estudamos na lição anterior, até porque a palavra grega aqui é outra, a saber, καθευδωμεν (“katheudomen”), cujo significado é “estar indiferente”, “estar alheio”, “estar desatento”, de onde vem a palavra “catalepsia”, que é o estado em que há uma temporária suspensão dos movimentos e da sensibilidade exterior de uma pessoa, que fica parecendo morta, ou da palavra “catáfora”, que é um estado de sono profundo, quase mórbido.

– Os “filhos das trevas e filhos da noite” caracterizam-se por uma insensibilidade às coisas de Deus, por uma completa desatenção aos sinais divinos a respeito das coisas espirituais e do destino eterno de cada ser humano.

São “filhos das trevas” e, por isso, nada conseguem ver do ponto-de-vista espiritual. São cegos espirituais, que se encontram com seus entendimentos vedados pelo deus deste século e, por isso, não conseguem ver a luz do evangelho (II Co.4:3,4).

São “filhos da noite” e, por isso, não conseguem ver o brilho do Sol da justiça, que outro não é senão Cristo Jesus. Graças a Deus que somos “filhos da luz e filhos do dia” e que, em nosso coração, a luz raiou!

– O apóstolo, entretanto, ao se referir aos que estão “dormindo”, não está apenas se referindo aos que não tinham a esperança da volta de Cristo, mas, em particular, aos crentes que se deixassem levar pela letargia característica dos que não serviam a Deus.

– Apesar da exortação do apóstolo que, aliás, neste sentido, segue o próprio Senhor, que já havia sido explícito em Seu ensino aos apóstolos no sentido da vigilância (Mc.13:35-37), tem sido uma constante, na história da Igreja, movimentos que têm posto em segundo plano, quando não em último plano, a promessa da vinda de Jesus.

Seja por meio da retirada total do tema do discurso eclesiástico, seja através de decepções com as falsas profecias de designação de datas para o tão aguardado retorno, muitos crentes têm negligenciado e deixado de esperar Jesus.

Uma vida cristã sem esta esperança é uma vida sem alento, sem perspectiva da eternidade, uma vida que passa a ser perigosamente envolvida com as coisas deste mundo e que tem grande probabilidade de ser sufocada por estas mesmas coisas, como ocorreu com a semente que brotou entre os espinhos (Mt.13:22).

Era isto que o apóstolo Paulo já temia no registro mais antigo do Novo Testamento e que procurava evitar, preocupação que deve ser a de todos os crentes nos nossos dias, em especial daqueles que têm responsabilidades perante o rebanho de Deus.

– Esta atitude de pouco caso, de negligência, de pouca atenção à volta do Senhor, entretanto, é exatamente o estado de espírito que caracterizará o mundo no tempo do arrebatamento, pois assim foi predito nas Escrituras.

Jesus disse que as pessoas estariam despercebidas assim como a geração do dilúvio e a geração de Sodoma e Gomorra estavam completamente indiferentes ao tempo da iminente destruição de que foram vítimas (Mt.24:37-39; Lc.17:28-30).

– A atitude que Jesus espera de cada crente com relação à Sua vinda não é outra senão a vigilância. “E as coisas que vos digo digo-as a todos: Vigiai” (Mc.13:37).

Estar vigilante é estar atento, é estar prestando atenção a todos os acontecimentos, a tudo que ocorrem à sua volta, buscando ver nisto os sinais da proximidade da vinda de Jesus.

Muitos crentes têm entendido a mensagem da vigilância de um ponto-de-vista meramente intelectual, ou seja, procurar discernir nos fatos históricos, nas notícias do dia-a-dia, demonstrações da iminência do retorno de Cristo.

Não censuramos este comportamento. Devemos ler um jornal, uma revista, ouvir ou assistir a um noticiário com discernimento espiritual, observando em que cada fato é o cumprimento de uma das profecias bíblicas a respeito da volta do Senhor.

Entretanto, não devemos apenas nos ater a isto, que nos poderá levar a um intelectualismo estéril e até aos mesmos erros de previsão supramencionados, mas devemos ter uma atitude de fé e de esperança no nosso caminhar com Cristo.

Quando temos a convicção de que Cristo pode voltar a qualquer momento, que os sinais de Sua vinda estão se cumprindo a todo instante, passamos a ser muito mais cuidadosos com nossa vida espiritual, temos um ânimo renovado para vivermos em santificação e para estarmos preparados para ouvir a última trombeta.

Como as virgens prudentes da parábola, podemos voltar nosso alvo a cultivarmos a presença do Espírito Santo em nossas vidas e, com azeite suficiente, podermos até tosquenejar, mas jamais deixar de perder de vista a promessa do retorno do Senhor.

– Quando Jesus nos fala de negligência de pessoas que ficarão indiferentes à iminência da volta de Cristo, que nada mais é que o “dormir” a que o apóstolo Paulo se refere como sendo característica dos “filhos das trevas e filhos da noite”, não está, como parece, se referindo aos incrédulos, aos ímpios, àqueles que não O conhecem como Senhor e Salvador, àqueles que não creem em Seu nome. Q

uando verificamos a parábola das dez virgens, percebemos que as dez estavam num mesmo ambiente físico, tendo todas elas tomado a deliberação de ir ao encontro do esposo (Mt.25:1).

Trata-se, portanto, de uma figura de crentes, ou seja, pessoas que, uma vez na vida, creram na Palavra de Deus e passaram a seguir a Cristo.

Entretanto, ao longo da caminhada, algumas destas pessoas passaram a se descuidar, deixaram de crer, com suas ações, com seu modo de viver, na iminência da volta do esposo.

Quando achamos que Jesus não vem logo, que demorará, tomamos o caminho da infidelidade (cfr. Mt.24:48-51).

– As virgens chamadas néscias ou loucas demonstram toda a sua insensatez porque negligenciaram, porque não mais se abasteceram de azeite, ou seja, passaram a desanimar, a não mais pôr como prioridade de suas vidas a comunhão com Deus, o reino de Deus e a sua justiça.

Deixaram-se levar pelas coisas desta vida, pelas riquezas, pela prosperidade material, pela posição social (e aqui está incluída a luta por uma posição na igreja local, que é também um grupo social), pela fama e o azeite passou a ser insuficiente para que continuasse a brilhar como luz do mundo. Na correria pela busca das coisas perecíveis, das coisas passageiras, cansaram-se e passaram a necessitar de um repouso.

– São estas as pessoas que não mais se preocupam em refletir a glória de Deus (Mt.5:16; II Co.3:18), mas que se contentam em brilhar em lugar de Cristo.

São estas as pessoas que se deixaram entorpecer pelo mundo e por toda a sua glória e que adormecem de forma perigosa para a sua eternidade (I Co.11:30).

Estes, quando perceberem, terão perdido a oportunidade de se salvarem, porque não haverá tempo para arrependimento, pois a vinda do Senhor será rapidíssima, como um abrir e fechar de olhos (I Co.15:52), algo que a ciência diz que dura sétimos décimos de segundo, ou seja, menos de um segundo.

Estes são os negligentes, que se avolumam aos milhares, aos milhões nos nossos dias dentro dos templos evangélicos. São os crentes figurados em Laodicéia, que perderam a visão espiritual, que se deixaram levar pelas atrações deste mundo e que serão vomitados pelo Senhor naquele dia que tanto menosprezaram.

-Neste ponto, aliás, devemos observar algumas ciladas que o adversário tem posto diante dos crentes para fazê-los negligenciar no aguardo da vinda de Jesus, ciladas estas surgidas por causa do próprio estudo da doutrina das últimas coisas, a saber:

a) uma sensação de que haverá uma segunda oportunidade – Muitos têm se deixado iludir com a mensagem da “segunda oportunidade”.

Ao descobrirem que haverá salvação na Grande Tribulação, passam a imaginar que, se estiverem descuidados no dia da vinda de Jesus, ao perceberem que Jesus arrebatou a Igreja, logo saberão que, dentro de sete anos, Jesus voltará triunfante nas nuvens e, assim, se reconciliarão com o Senhor no exato momento da conscientização, não deixarão que o sinal da besta lhes seja posto e, assim, alcançarão a salvação. Ledo engano satânico este !

Como já estudamos, durante o trimestre, esta percepção da vinda de Jesus e o arrependimento decorrente desta constatação não são obras que possam ser realizadas única e exclusivamente pelo homem, mas, sim, é resultado da ação do Espírito Santo na vida do homem e, neste momento da história, terá findado a dispensação da graça e o Espírito Santo não mais agirá como age atualmente. Não haverá espaço para esta lembrança e arrependimento.

Desta forma, não é tão automática assim esta suposta reconciliação. Ademais, o ambiente espiritual estará extremamente mais hostil que o atual e não cremos que alguém que não conseguiu ser firme com o Senhor num ambiente de graça, possa tão facilmente aceitar servir a Deus quando tudo lhe for contrário.

Cuidado, não entre nesta armadilha de Satanás ! Deixe de pecar e volte para Jesus agora, enquanto é dia, pois a noite vem, quando ninguém mais poderá trabalhar. 

b) uma sensação de que se podem controlar os eventos escatológicos – Outros, diante dos sinais apresentados pelas Escrituras para a volta de Jesus, entendem que, como ainda falta a pregação do Evangelho a todas as gentes, ainda há espaço para um período de prazeres e de pecados.

É só se manter informado a respeito da evolução da evangelização, dos fatos relativos a Israel e às nações, para que não seja surpreendido com o arrebatamento da Igreja.

Não foi à toa que muitos, logo após os atentados terroristas nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, retornaram rapidamente a suas antigas igrejas locais e resolveram se reconciliar com o Senhor naquele país.

No entanto, temos aqui um outro engano da parte do adversário. Como também vimos, ao longo do trimestre, não há como sabermos quando os sinais do arrebatamento se cumprirão.

Todos serão apanhados de surpresa, como nos ensina o próprio Jesus, e, quem estiver preparado, subirá. A única forma para termos a garantia do arrebatamento, é seguir os passos bíblicos para tanto, ou seja, a vigilância e a conservação da comunhão com o Senhor. Quem age desta maneira comete o mesmo erro daqueles que designaram datas para o retorno do Senhor.

c) um aprendizado distorcido da escatologia – Muitos, também, ao se enveredar no estudo da doutrina das últimas coisas, acabam querendo saber mais do que foi revelado, são envolvidos pela curiosidade e iniciam uma série de especulações que lhes leva a uma distorção da doutrina bíblica.

Não raramente confundem os ensinamentos bíblicos com uma profusão de teorias, doutrinas e ensinos esotéricos e ocultistas, cuja origem é o próprio adversário, criando uma série de pensamentos e concepções que se infiltram no meio da igreja e cujo único propósito é fazer o povo desacreditar na mensagem da vinda do Senhor.

Por ocasião da passagem do ano 2000, não foram poucos os crentes, em todo o mundo, que viam nisto um prenúncio da volta do Senhor, chegando mesmo a ensinar que, nas Escrituras, estava escrito que “ao mil chegarás, mas ao dois mil não passarás”, como se isto existisse na Bíblia, quando sabemos que se tratava de mais uma das “profecias” de Nostradamus, um astrólogo e ocultista francês que viveu no século XVI e cujos escritos, obtidos mediante exercícios de magia negra e de adivinhação, enveredaram pelo caminho de predições a respeito do fim do mundo e que, inadvertidamente, têm sido misturados com passagens bíblicas.

Assim, muitos passam a se guiar por estas falsas profecias e, diante da não ocorrência dos fatos ali preditos, começam a entender que Jesus demorará a vir ou que nem mesmo virá. Igual resultado temos visto na disseminação da corrente midi-tribulacionista no estudo da escatologia, que, diante da afirmação de que a Igreja passará metade da Grande Tribulação, tem servido de impulso e incentivo a muitos para negligenciarem na fé, já que, antes que Jesus venha, surgirá o Anticristo e, enquanto não surgir o homem do pecado, não há iminência da volta do Senhor.

Sabemos que este não é o objetivo de muitos que defendem esta corrente de pensamento, mas, infelizmente, tem sido este um efeito de tal ensino. Cuidado, porém, pois não é isto que ensinam as Escrituras !

-Estamos realmente esperando Jesus? Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se tudo fazemos e planejamos em nossas vidas sem levar em conta o iminente retorno do Senhor?

Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não procuramos manter uma vida devocional diária, com oração e meditação na Palavra de Deus? Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não sentimos a urgência de evangelizar as pessoas e trazê-las para o caminho da salvação?

Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não pregamos sobre a Sua volta e, ao em vez disto, preferimos discutir pontos difíceis das Escrituras ou falar sobre prosperidade material?

Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não buscamos ter uma vida espiritual plena, revestidos de poder, através do batismo com o Espírito Santo, e sendo usado por Deus com os dons espirituais?

Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não nos preocupamos em demonstrar o amor de Deus por intermédio de ações concretas, pois o amor divino não é um amor de palavra, mas de gestos efetivos? Será, mesmo, que estamos esperando Jesus devidamente preparados, como as virgens prudentes?

– São estas indagações as mesmas que Paulo apresentava à igreja em Tessalônica e que buscava evitar ocorresse entre aqueles crentes. Somos “filhos da luz e filhos do dia” e não podemos “dormir”.

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6904-licao-13-a-gloriosa-esperanca-do-apostolo-i

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