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Juvenis – Lição 3 – Conhecendo os patriarcas

INTRODUÇÃO

“Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, patriarca é:

“Chefe de família, entre os povos antigos, principalmente os do Antigo Testamento. Venerando cercado de família numerosa. Chefe de família exemplar”.

No Dicionário Bíblico Universal, publicado pela Editora Vida, diz-nos que:

 Patriarcas são Príncipes, chefes de família ou de tribos.

O termo foi aplicado com um sentido especial no Novo Testamento a Abraão, Isaque, Jacó, aos filhos de Jacó e a Davi.

No Antigo Testamento a expressão equivalente é em geral “príncipe da tribo”. Mas o título é, ordinariamente, dado àqueles que viveram antes do tempo de Moisés”.

1 – ABRAÃO

“No hebraico significa “pai de uma multidão”, o fundador da nação hebréia. Até Gên. 17:4,5, ele é chamado de Abrão, “pai da elevação” ou “pai exaltado”, embora o sentido desse nome seja incerto.

O nome mais longo evidentemente foi adotado por causa da promessa de sua numerosa posteridade.

Fontes informativas. A narrativa veterotestamentária, em Gên. 11:26-25:18, é primária e importantíssima. Mas muitas descobertas arqueológicas têm aumentado nosso conhecimento sobre a época e o mundo de Abraão.

História primitiva. Era nativo da Caldéia. Por meio de Eber, estava na nona geração depois de Sem, filho de Noé.

Seu pai foi Terá, que teve dois outros filhos, Naor e Harã. Harã morreu cedo, deixando seu filho Ló, que se apegou a seu tio Abraão. Harã também deixou duas filhas, uma das quais, Sara, tornou-se esposa de Abraão. 

Abrão nasceu em cerca de 2333, em Ur dos caldeus (Gên. 11:28), mas todas essas datas antigas são questionáveis e incertas.

Nada sabemos sobre a sua vida, senão quando ele já tinha setenta anos de idade. Há tradições que procuram preencher os claros, mas mui provavelmente sem base nos fatos. Terá é apresentado como um idólatra e fabricante de ídolos.

Ur dos caldeus. A arqueologia moderna usualmente identifica essa cidade com a atual Tell el-Muquyyar, a 15 quilômetros a oeste de Nasireyeh, à beira do Eufrates, no sul do Iraque.

Terá viajou por cerca de mil quilômetros de Ur até Harã, localizada à beira do rio Balique, tributário do Eufrates, onde se estabeleceu (Gên. 11:26-32).

lendas que dizem que Abraão, desgostoso com a idolatria de seu povo, foi perseguido por Ninrode e foi lançado em uma fornalha acesa, embora tivesse sido livrado da morte por um milagre.

Alguns acreditavam que Abraão trouxera a astronomia (astrologia) da Caldéia para o ocidente, tendo ensinado essa ciência aos egípcios (Josefo, Ant. i.8), mas nada se sabe quanto à exatidão desses relatos, e o próprio Josefo duvidava da maioria deles.

Chamada de Abraão. Abraão tinha sessenta anos de idade quando sua família deixou Ur e foi para Harã. Não sabemos dizer o motivo da imigração embora Josefo (Ant. i.6,5) tenha dito que a razão foi a tristeza de Terá ante a morte de seu filho Harã.

Mas o trecho de Judite 5:6-8 afirma que o motivo foi a revolta contra a idolatria. Outros supõem que a mudança de lugar teve razões econômicas, a fim de buscar algum lugar mais próspero.

Com a idade de setenta e cinco anos, Abraão, sua esposa Sara e seu sobrinho Ló, com suas possessões, em resposta à chamada divina, partiram para a terra de Canaã, cerca de seiscentos e cinqüenta quilômetros de Harã.

Durante a jornada, pernoitaram em Siquém e Betei. (Ver Gên. 12:1 quanto à chamada de Abraão por parte do Senhor)”. 

1.1 – A INTERFERÊNCIA HUMANA

O herdeiro. Não tendo filhos, Abraão nomeou Eliézer, de Damasco, como seu herdeiro. Mas Deus lhe prometeu, mediante pacto, um filho e a posse da terra (Gên. 15:1-21).

Passaram-se dez anos, sem o nascimento de um filho. Então Sara deu Hagar como concubina a Abraão. E assim nasceu Ismael.

“Agar era uma mulher nativa do Egito e que pertencia a Sarai, esposa de Abrão. Sarai não conseguia conceber filhos, portanto deu Agar como esposa a Abrão, esperando poder ter um filho através dela (Gn 16).

As tábuas de Nuzu revelam que essa prática era muito comum e alguns dos contratos matrimoniais especificavam que uma mulher estéril deveria providenciar uma outra mulher para seu marido, com a finalidade de procriação”. 

As tábuas de argila de Nuzi (1450-1350)

“Nuzi era um centro administrativo em Kirkuk no norte do Iraque. Seus povos, os Hurritas eram equivalentes aos Hivitas e Jebuseus no Antigo Testamento.

Em meados da década de 20, um time de arqueologistas norte-americanos encontrou mais de 5,000 tábuas de argila que descrevem a vida cotidiana daquele povo.

As tradições descritas nessas tábuas  são compatíveis com as descrições Bíblicas da mesma época.

Dentre elas estão:

Esposa estéril da sua serva a seu marido  (Gênesis 16:3) 

Adoção por pais sem filhos (Gênesis 15:3)

A noiva é escolhida para o filho pelo pai   (Gênesis 24:3-4) 

Dotes são pagos ao sogro do noivo (Gênesis 34:12 )

Dotes podem ser pagos através de trabalho (Gênesis 29:18)

Testamento oral não pode ser mudado 

Direitos de herança (Gênesis 25:31)

Casamento levirato (Deuteronômio 25:5) 

Bênção no leito de morte (Gênesis 27) 

Deuses domésticos (Gênesis 31:14-19) 

Adoção de esposa como irmã para proteção e status (Gên 12:10–13) 

Registros familiares são muito importantes

Assim como as tábuas de argila de Mari, as tábuas de argila de Nuzi demonstram as práticas culturais descritas em Gênesis.

Após a descoberta das mesmas, ficou claro que as tradições descritas na Bíblia por Moisés não são fictícias, e tampouco escritas posteriormente tendo suas datas alteradas como suspeitado.

Esses relatos históricos são encontrados apenas nessa região e descrevem o período exato da vida de Abraão.

1.2 – DEUS REAFIRMA SUAS PROMESSAS

Com o tempo, mãe e filho (Agar e Ismael), foram rejeitados e enviados ao deserto. Abrão tornou-se Abraão (pai das multidões), como sinal da certeza do nascimento de um filho e herdeiro.

A circuncisão foi instituída como sinal do pacto (ver Gên. 17:10-14).

Várias vicissitudes, incluindo o incidente em que Abimeleque quisera tomar Sara como sua mulher (ver Gên. 20:1 ss.), não puderam impedir o cumprimento da promessa.

O incidente que envolveu a tentativa de Abimeleque tomar Sara como sua esposa é muito revelador quanto aos costumes da época. 

Um rei local tinha autoridade para dispor das vidas a seu talante, incluindo as mulheres casadas ou solteiras, e até mesmo aquelas que meramente passassem pelos seus domínios.

Provavelmente, Abraão disse que Sara era sua irmã, por ter temido que poderia ser morto se o rei soubesse que ela era sua mulher, e quisesse tê-la. 

Portanto Abraão arriscou-se a deixar Sara terminar no harém do rei, a fim de continuar vivo. A intervenção divina deu solução à crise. Algumas vezes, é disso que precisamos. 

E assim, através da intervenção divina, Isaque nasceu, quando Sara estava com cem anos de idade (Gên. 20:1-18).

Nesse ínterim, divinamente preservado, Ismael migrou para o deserto de Parã, onde haveria de tornar-se pai de uma grande nação, de acordo com uma promessa divina.

2 – ISAQUE

Isaque era filho de Abraão e Sara, e foi o segundo dos três patriarcas hebreus: Abraão, Isaque e Jacó.

Era filho gerado por promessa divina e por divina intervenção, o que fez dele um apto símbolo de Cristo, o Filho de Deus à gloria. Seu nome significa «risos» (comparar com Sal. 15:9 e Amós 7:9,16).

Abraão riu-se quando lhe foi revelado que ele teria um filho na sua velhice (Gên. 17:17), o que também foi a reação de Sara, a mãe de Isaque (Gên. 18:12). E ainda outros sentiram vontade de rir, quando souberam do que estava sucedendo (Gên. 21:6).

Sara foi repreendida por Deus, por ter rido, o que foi interpretado como sinal de falta de fé no poder de Deus. E, quando ela negou que se tinha rido, foi repreendida novamente. Mas Sara mentiu por motivo de temor. Seja como for, a promessa divina teve cumprimento.

Isaque – Tipologia

a)  O servo que foi enviado por Abraão a fim de obter esposa para Isaque serve de símbolo do Espírito Santo, que está buscando uma noiva para Cristo.

De acordo com esse tipo, Abraão simboliza Deus Pai, e Isaque representa Deus Filho. E a noiva é a Igreja; ver Gên. 24.

b)  O nascimento de Isaque, que foi miraculoso, representa o nascimento virginal do Filho. Ver Gên. 21:1,2.

c)  O sacrifício de Isaque simboliza o sacrifício de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ver Rom. 8:32. Deus «…não poupou a seu próprio Filho…” E o Filho de Deus também foi obediente até à morte (Fil. 2:5-8), exibindo a mesma atitude que a de Isaque, diante da morte.

d) Isaque, como filho da promessa, também simboliza todos os filhos da promessa, que, coletivamente, formam a Igreja. Ver Gál. 4:28.

e)  Os filhos espirituais de Abraão, todos os quais passam através de Isaque, simbolizam o novo Israel, a Igreja, ver Gál. 4:28.

f) Isaque também simbolizava a nova natureza do crente, nascido «segundo o Espírito» (Gál.4:29).

g)  A Providência de Deus. É curioso que, contra todas as expectativas, Isaque não morreu em face da enfermidade que o levou a abençoar apressadamente Jacó e Esaú.

Parece que ele ainda viveu por cerca de mais trinta anos, até que, finalmente, morreu, já com cento e oitenta anos de idade. Portanto, viveu por mais tempo que Abraão ou que Jacó. Isso contém uma lição para nós. O propósito de Deus.

Operante em nossas vidas, garante que elas sejam vividas em consonância com a tabela de tempo de Deus, e que nem mesmo enfermidades sérias podem frustrar os desígnios do Senhor. Além disso, notemos a intervenção divina.

A bênção acabou sendo outorgada a Jacó embora Isaque tivesse planejado de outro jeito. Essa é uma preciosa lição acerca da providência divina em nossas vidas, e do que tanto necessitamos.

2.1 – A PROVISÃO DE DEUS NA VIDA DE ISAQUE

A prova da fé. Deus, segundo Abraão tinha a certeza, requereu a imolação de Isaque quando este estava com cerca de vinte anos de idade.

Sem dúvida, ainda havia sacrifícios humanos na época, ou Abraão não teria dado ouvidos ao impulso interior para realizar tal sacrifício. O fato de que Isaque era herdeiro único tornou extremamente difícil a decisão.

A fé de Abraão mostrou ser profunda (ver Heb. 11:17-19), confiando denodadamente na provisão divina (ver Gên. 22:7,8). Isaque foi poupado da morte por intervenção divina.

Isaque é a única pessoa em toda a Bíblia que foi amarrada e colocada sobre um altar; o único que viu um cutelo prestes a matá-lo, mas ouviu a voz do anjo do Senhor, a fim de impedir o sacrifício. 

Naquele momento doloroso, soube que Deus cuidava dele e o preservou; o futuro prometido, portanto, viria; com igual intensidade, sabia que o Senhor, o qual preservara a vida dele, era digno de toda reverência.

Sara faleceu em Quiriate-Arba, com 126 anos de idade, e foi sepultada na caverna do campo de Macpela (ver Gên. 23:1 ss.). O local, na área de Hebrom, tornou-se o local de sepultamento da família. 

Após a morte de Sara, Abraão enviou um seu servo dileto à Mesopotâmia, a fim de encontrar ali esposa para Isaque.

Isso teve o propósito de preservar os laços raciais de Abraão, pois as jovens da região onde ele habitava não eram aceitáveis com esse propósito. Teria sido desastroso para a nação em formação envolver-se com os cananeus pagãos. 

Com quarenta anos de idade, Isaque obteve noiva na Mesopotâmia, Rebeca, filha de Naor, que se tornou sua esposa.

2.2 – A FAMÍLIA DE ISAQUE

Foi assim que Isaque adquiriu Rebeca como sua esposa. Eles permaneceram sem filhos durante muitos anos; 20 anos foi o tempo em que Isaque orou para que Rebeca tivesse um filho. Mas, finalmente, nasceram-lhes os irmãos gêmeos, Esaú e Jacó.

E Jacó veio a tornar-se o terceiro dos grandes patriarcas hebreus, através dos quais se formou o povo de Israel, por meio de quem o pacto messiânico foi perpetuado.

Isaque amava mais a Esaú, pois, era caçador e satisfazia o seu apetite; já Rebeca vivia mais próxima de Jacó.

Depois do plano arquitetado por Rebeca, Isaque enganado, abençoa Jacó. É verdade que a bênção que Isaque tencionava proporcionar a Esaú, finalmente foi dada a Jacó, por desígnio divino; e isso não por causa do próprio Jacó e, sim, por causa do plano divino relativo ao povo de Israel, porquanto esse povo seria divino instrumento mediante o qual o Messias chegaria ao mundo e cumpriria a sua missão terrena. 

3 – JACÓ

3.1 – OS PERCALÇOS NA VIDA DE JACÓ

Em hebraico, o nome ya‘aqob significa “apanhador de calcanhar”, “malandro” ou “suplantador”. No sul da Arábia e na Etiópia, a palavra significa “que Deus proteja” e vem do verbo ‘aqaba, “guardar”, “cuidar”, ou “proteger”. 

Jacó nasceu como resposta da oração de sua mãe (Gn 25.21), nas asas de uma promessa (V. 22,23).

Será que Isaque e Rebeca compartilharam os termos da bênção com os filhos gêmeos, enquanto eles cresciam?

Contaram logo no início que, de acordo com a vontade de Deus, “o mais velho serviria o mais novo”?

Deveriam ter contado, mas as evidências indicam que não o fizeram. De acordo com o que aconteceu, o modo como Jacó nasceu (“agarrado”, Gn 25.26) e o nome que lhe deram (Jacó, “suplantador”), por muito tempo a marca registrada de seu caráter foi o oportunismo, a luta para tirar vantagem a qualquer preço e desonestamente.

Além disso, a própria Rebeca, diante da possibilidade de que Esaú alcançasse a preeminência, não apelou para a confiança na promessa divina, e sim para seu próprio oportunismo inescrupuloso (Gn 25.5-17), — ou seja, sendo de “tal mãe, tal filho”.

Esaú era um indivíduo rude e despreocupado, que não levava nada muito a sério e que dava um valor exagerado aos prazeres passageiros.

Jacó percebeu que essa era sua chance. Certo dia, Esaú voltou faminto de uma caçada e encontrou a casa imersa no aroma de uma apetitosa refeição preparada por Jacó.

Esaú não teve dúvidas em trocar seu direito de primogenitura por um prato de comida e podemos imaginar um sorriso de maliciosa satisfação nos lábios de Jacó pelo negócio bem-sucedido! (Gn 25.27-34).

Depois que Jacó passou mais de 20 anos com Labão em Padan-Arã, Jacó reencontra seu irmão Esaú e é perdoado.

3.2 – O MARCO NA VIDA DE JACÓ

Quando Jacó lutou com o anjo de Deus no vale de Jaboque e prevaleceu, e então exigiu dele uma bênção, tornou-se apropriada a alteração de seu nome de Jacó para Israel.

Isso assinalou um significativo avanço em sua vida, em preparação para o desenvolvimento da nação de Israel. 0 nome Israel faz parte da tradição judaica desde que apareceu pela primeira vez no Antigo Testamento, em Gên. 32:28.

0 anjo deu a Jacó esse novo nome que significa “Deus luta”. Naturalmente, deve-se entender que essa luta se refere ao ato de prevalecer, mediante o qual Jacó recebeu a bênção que desejava, para daí por diante ser considerado um príncipe de Deus, por meio de quem a nação se desenvolveria, debaixo da proteção e bênção especiais de Deus.

Portanto, do indivíduo o nome foi transferido a todos os seus descendentes, por meio de seus doze filhos. A antiga designação tornou-se também o nome oficial da restaurada nação, o Estado de Israel.

Jacó teve duas esposas Lia e Raquel e duas concubinas Bila e Zilpa. Delas nasceram doze filhos homens, o que é ilustrado na imagem abaixo;

A moderna nação de Israel foi organizada em 1948, sendo um dentre mais de cinquenta estados soberanos que vieram à existência desde o término da Segunda Guerra Mundial.

CONCLUSÃO

A promessa feita por Deus de que faria de Abraão uma grande nação, embora que, por varias vezes essa promessa foi ameaçada, se cumpriu, mostrando que Deus é aquele que está no controle de todas as coisas.

“FIEL É A PALAVRA DE DEUS”

De seu conservo, 

Pr. Adauto Matos.


Referências: 

http://bibliapage.com/quem-eram-os-patriarcas/

https://artefatosbiblicos.wordpress.com/genesis/

Dicionario Champlin

Dicionário Wicliffe

Quem é quem na Bíblia Sagrada – Paul Gardner

Vídeo: https://youtu.be/Ic0JhZbOFAQ

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