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Jovens – Lição 1- Morrer para viver: Abrindo mão do “eu” para seguir a Cristo

Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Thiago Brazil, comentarista do trimestre.

INTRODUÇÃO

A adoração não pode ser uma atividade mecânica, automática, burocrá­tica. É exatamente isso que diferencia o seguir a Jesus da religiosidade mundana que está a nossa volta.

Já nas primeiras igrejas que seguiam a Cristo, os discípulos sofreram intimidações e perseguições por parte tanto de setores legalistas como de grupos libertinos.

Ou seja, por um lado participantes de experiências religiosas farisaicas procuravam impor a sua rigidez cerimonial sobre os ombros libertos dos seguidores de Jesus Cristo, e por outro havia os devassos que participavam de cultos associados a rituais de luxúria e embriaguez que desejavam impor o seu padrão moral como lógica vigente na sociedade.

Os setores sociais radicais de ascendência hebreia procuravam judaizar o cristianismo a todo custo, e isso na pior acepção possível, ou seja, burocratizá-lo, enrijecê-lo de leis culturais, mandamentos moralistas, prescrições dietéticas e normas de vestuário. Já as demais igrejas de influência cultural greco-romana pressionavam as Igrejas Primitivas a ser lenientes com determinados pecados e relapsos com relação a certos conceitos morais.

Em suma: desejavam estabelecer um balcão de negociação espiritual com a iniquidade estrutural daquela sociedade.

Seguindo o caminho tênue entre esses dois extremos, a fé no Cristo optou por construir a sua própria identidade, sempre reconhecendo as hereditariedades culturais e respeitando as experiências sociais vigentes.

O verdadeiro relacionamento com Deus faz-nos ao mesmo tempo pessoas sensíveis ao mundo a nossa volta e, também, pessoas maduras que sabem muito bem a sua identidade.

Por isso, não devemos contaminar a obra de Deus com nossas tradições ou exigências humanas. O cristianismo é uma vocação simultaneamente transcultural e supracultural, ou seja, em razão da sua natureza missional, a esperança em Cristo tem como horizonte alcançar todas as gentes, de todas as nações e em todos os lugares; por outro lado, em virtude da sua condição principiológica, aquilo que o cristianismo proclama nunca esteve restrito apenas a um espectro social, mas operacionalizou-se acima de todas as diferenças étnicas, culturais e/ou históricas.

Espontaneidade e autenticidade são duas marcas inquestioná­veis do cristianismo. A fé em Cristo não cabe na camisa de força das pretensões humanas; ela é muito maior, exuberante, fantástica.

Sempre que alguém tentar limitar a graça de Deus por meio de dogmas humanos e produções adâmicas, esse alguém se manifestará como iníquo e irreverente.

Nem o Altíssimo e muito menos a sua glória podem ser enquadrados dentro do legalismo farisaico ou do desregramento dos incontinentes.

Rótulos, padronizações, rituais, fórmulas mágicas e receitas prontas são conceitos pertinentes às produções humanas. O Reino é regido por outra lógica: o amor, a criatividade, a liberalidade, a generosidade.

Quais os verdadeiros desafios para seguir a Cristo? Sim, interessa-nos neste capítulo refletir sobre os reais problemas que todo aquele que deseja seguir a Jesus Cristo piamente enfrentará.

Não trataremos de pseudoproblemas, nem de falsos dilemas pessoais, pois estes são oriun­dos de uma compreensão de mundo tacanha, medíocre e anticristã.

A natureza adâmica, a influência da sociedade perdida e o ódio de Satanás são as reais oposições que enfrentamos cotidianamente. Todavia, não daremos palanque ao mal nesta reflexão.

Pensaremos sobre as saídas e as formas de enfrentamento para solapar os poderes do mal e sermos mais que vencedores por meio do amor demonstrado na cruz.

I – A VIDA NOVA QUE RECEBEMOS

Será que valeu a pena todo o sacrifício de Cristo? A completa doação de Jesus por nós deve ser definida como? Graça, maravilhosa graça! Essas são as palavras definidoras para aquilo que Jesus oferece-nos desde a eternidade, passando pelo calvário e chegando até o trono do Céu.

Foram momentos de agruras, dores indescritíveis, punições e humilhações que não cabiam ao Mestre, mas Ele enfrentou todas por muito nos amar.

Profeticamente, Isaías vislumbra o incomensurável amor de Cristo. O profeta antevê a angústia e o desespero que o Salvador enfrentaria, mas também a alegria e o contentamento com os efeitos do sacrifício do Redentor.

Essa é a fundamental diferença entre o desperdício de uma vida e o sacrifício dela. Quem joga fora a sua vida faz isso por meio de uma existência guiada de modo egoísta pelo prazer e a autossatisfa­ção.

O que testemunhamos nesse caso é uma perversa veneração a Mamon ou às mais baixas inclinações humanas. Aquele que desonra a Deus desgastando gratuitamente a existência é movido por um sentimento mesquinho e por uma completa insensibilidade com a vida e sofrimento alheio.

Já o autossacrifício obedece a outra lógica: ele é sempre movido pelo desprendimento e por uma grandiosa vontade de fazer bem ao outro, ainda que isso custe o enfrentamento de covardes forças ma­lignas.

A doação sempre visa o bem alheio, pois entende a existência como a mais especial dádiva celeste e, assim sendo, o mais alto nível de adoração a Deus.

Ninguém nos amaria assim, a ponto de sacrificar tudo para promo­ver nossa felicidade — e de maneira gratuita — sem a expectativa de qualquer retorno.

Essa foi a boa obra que alegrou desde a eternidade o coração de Cristo e que o moveu a enfrentar o calvário. Por isso fomos salvos, transformados, comprados para viver na eternidade.

A operação do pecado deformou a imagem do Criador em nós. A referência mais clara que podemos ter com relação a esse fato é aquela que nos conta sobre a tragédia no Éden.

Depois da Queda, a vida de Adão e Eva virou de cabeça para baixo, e a paz e a harmonia que eles experimentavam no paraíso de Deus tornaram-se em nada depois das trágicas decisões do primeiro casal.

O desequilíbrio cósmico que se estabeleceu teve como autores exclusivos o primeiro casal, porém maculou de forma insuperável a estrutura de toda a realidade; de seres orgânicos e inorgânicos a seres inanimados e animais não humanos, tudo no Universo — e não apenas no planeta Terra — foi diretamente afetado pelo pecado humano.

Essa compreensão oniabrangente dos efeitos do pecado concede-nos outro olhar sobre o problema da depravação. O caos existencial que se irrompeu com o pecado — “O Pecado” no singular, entendido como fratura estrutural do equilíbrio universal preestabelecido pelo Altíssi­mo, e não apenas o efeito das transgressões individuais de repercussão limitada — extravasa o raio de influência de uma pessoa em específico e repercute na sociedade, no mundo e na realidade como um todo.

Partindo dessa concepção, é preciso reconhecer que as conse­quências mais desastrosas da transgressão edênica não repercutiram apenas na relação entre humanidade e a natureza, mas também na própria constituição do ser da natureza humana.

A cruz é um em­preendimento celeste de restauração da glória divina enevoada pela putrefata fuligem da iniquidade humana. E nós, que somos leitores da Bíblia, conhecemos a história: Jesus Cristo venceu!

Diante da vitória de Cristo, abriu-se a possibilidade de um refazi­mento integral da humanidade. O ódio, a culpa e a morte já não são mais as potências definidoras da realidade, e o amor, a graça e a vida assumiram o rumo da história.

A monstruosidade da humanidade foi frontalmente denunciada no escândalo do Calvário, ou seja, aquilo que deveria ser símbolo da mais abjeta condenação — a cruz — converteu-se em palanque de revelação da glória de Deus no mundo.

Por isso, somos convidados para um reencontro com o Criador e, posteriormente, um retorno a nossas origens, àquilo que somos de fato: filhos e filhas amados do Aba! Assim, paulatinamente, a humanidade pode despir-se dos velhos vínculos demonizantes e reexperimentar a paz de viver no paraíso de Deus.

Quando Adão e Eva perceberam-se nus, diferentemente daquilo que o senso comum pode induzir, eles não se viram como eram de fato, por inteiro.

Pelo contrário, o primeiro casal — e, dali em dian­te, toda a humanidade — percebeu que o pecado tem repercussões imediatas, as quais são impossíveis de esconder ou desconsiderar. Eles não se viram mais completos, plenos; antes, enxergaram o abando­no que marca a vida dos rebeldes, sentiram a nudez vexatória que acompanha aqueles que resolvem viver escandalosamente.

Adão e Eva tiram os olhos da glória e da majestade do Eterno, e assim como Pedro fez em meio à sua caminhada singular do barco a Jesus, eles também afundaram na jornada da vida.

Tal qual acon­teceu com o experiente pescador, o primeiro casal desesperou-se, não por algo ter repentinamente mudado no seu entorno — o mar continuou a ser mar, e o paraíso permaneceu paraíso —, mas porque eles, depois de uma tresloucada decisão, mudaram a si mesmos para o resto das suas vidas.

O que a humanidade vê quando olha para si? E o que os filhos de Adão e Eva percebem? Seria a vergonha do pecado e a culpa produzida pelo seu edênico erro?

Então, os filhos dos homens ain­da não conhecem Jesus de fato! Quem vive no paraíso de Deus é completamente dependente dEle, frágil, está nu; todavia, isso não é problema algum, pois o amor do Altíssimo veste-nos de dignidade e paz.

Essa é a profunda diferença que a salvação promovida por Jesus veio restabelecer na humanidade: as condições coletivas permane­cem as mesmas — todos ainda somos limitados e estruturalmente carentes do Senhor —, mas cada um de nós pode experimentar o regresso ao coração do Pai, um maravilhoso retorno ao centro da vontade de Deus.

O grande problema da maioria das pessoas é que elas anseiam pela realização do movimento errado; elas querem mudar o passado, quando, na verdade, deveriam alegrar-se com a expectativa da chegada do futuro que já vem.

Nunca mais a humanidade voltará para o Éden; a busca por esse regresso ao paraíso pode ser tão adoecedora quanto perturbadora. As promessas de Jesus apontam para outra direção, e viveremos eternamente não no Éden, mas na Nova Jerusalém.

Des­prender-se das tragédias do passado é parte do processo de libertação que a salvação em Cristo traz para a humanidade. Nossa esperança é um futuro de redenção eterna, paz ininterrupta e alegria sem fim.

Quem se diz seguidor de Cristo experimenta transformações de vida, não podendo permanecer sendo a mesma pessoa, ou seja, alguém dominado pelo pecado e exposto na sua vergonha por causa da iniquidade.

Os escândalos que a igreja cristã sempre enfrentou ao longo da história são uma prova inconteste de que nunca deixou de fazer entre nós indivíduos que até queriam o Cristo, mas nunca abandonaram as suas terríveis práticas iníquas. A ausência de uma mudança radical de vida é a prova de que jamais houve permanência no plano eterno da salvação.

A bondade do Senhor é tamanha que, além de abençoar-nos, ainda nos comunica antecipadamente a sua misericórdia.

Não esta­mos isolados no mundo, não somos objetos caóticos, muito menos seres inanimados sem valor, rodopiando na escuridão do Universo. Somos filhas e filhos e, uma vez acolhidos no coração do Pai, somos tratados com dignidade e amor.

O caso de Abraão é emblemático para exemplificar como Deus age em nosso favor. Tendo visitado a tenda do patriarca, os personagens celestes confabulam entre si se seria justo deixar Abraão ignorante com relação aos poderosos acontecimentos que sucederiam aquela visita.

A resposta obviamente foi não; esconder daquele peregrino as linhas gerais do plano divino seria uma perversidade, uma vez que ele já havia abandonado toda uma vida próspera e bem-sucedida para seguir passo a passo a orientação divina.

Como lemos no texto de Gênesis, a Abraão é revelada a grandeza do plano divino, a forma sobrenatural de como Sara gerará um filho na velhice e que uma descendência forte e poderosa sucederá dessa criança. Nisto se revela o amor do Eterno: Ele não só faz, como tam­bém comunica a cada um de nós, os seus servos, o seu majestoso plano.

Se hoje é mais um dia em que você acorda e, assim como Abraão, decidiu seguir com fidelidade os caminhos do Senhor, descanse nEle.

Se você ainda não entendeu tudo o que acontecerá, saiba disto: você nem precisa saber. Basta que seu coração continue acreditando na bondade do Senhor manifesta na história.

Daquele ponto em diante, Abraão passou a experimentar um pequeno vislumbre da bondade do Altíssimo — tão pequeno que ele resolveu dar-lhe o nome de Isaque.

Não, não precisamos nem de muito, nem de tudo para sermos felizes; basta-nos o que nos conceder o Senhor pela sua graça e compaixão.

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: Imitadores de Cristo: Ensinos Extraídos das Palavras de Jesus e dos Apóstolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2022/06/30/licao-1-morrer-para-viver-abrindo-mao-do-eu-para-seguir-a-cristo/

Vídeo: https://youtu.be/clwswFC4J94

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