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LIÇÃO Nº 8 – A SUTILEZA DO ENFRAQUECIMENTO DA IDENTIDADE PENTECOSTAL

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo dos ataques contra a Igreja de Cristo, veremos a sutileza do enfraquecimento da identidade pentecostal.

– A perda do fervor pentecostal é uma arma contra a evangelização do mundo e do crescimento espiritual da Igreja.

I – O QUE É AVIVAMENTO

– Avivamento é o ato de “tornar ou tornar-se mais vivo, reanimar ou reanimar-se, despertar, tornar-se mais forte, mais intenso, aumentar, intensificar-se, tornar-se mais nítido, destacar-se, tornar-se mais ativo (diz-se de fogo, brasa etc.), tornar mais ágil, apressar” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).

Como se pode, pois, observar, quando se fala em avivamento se está a falar de um estágio posterior ao de viver.

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Só pode ser avivado quem já está vivo e é por isto que este termo foi utilizado pelos pentecostais para se referir ao estágio espiritual posterior à conversão, para o apossamento das bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef.1:3).

– A única vez que o termo aparece na Versão Almeida Revista e Corrigida é em Hc.3:2, onde o profeta, no início da sua oração que finaliza o seu livro, faz um pedido ao Senhor, depois de ter ouvido a Sua Palavra e temido: “Aviva, ó Senhor, a Tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira, lembra-Te da misericórdia”.

“Aviva”, aqui, é tradução da palavra hebraica “chayah”, cujo significado é “viver, fazer viver, manter vivo, viver prosperamente, viver para sempre, sustentar a vida, ser rápido, ser restaurado para a vida ou para a saúde”.

A Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) usa a palavra “katenoesa”(κατενόησα) cujo significado é “observar”, “reparar”, “contemplar”, “perceber”.

OBS: A Nova Versão Internacional traduziu “aviva” como “realiza de novo”, enquanto a Nova Tradução na Linguagem de Hoje traduz a palavra por “Faze agora, no nosso tempo, as coisas maravilhosas que fizeste no passado”.

A Tradução Ecumênica Brasileira traduz o termo por “vivam teus atos”, com nota em que afirma que o significado da expressão é “faze viver”, lembrando aqui a Edição Pastoral, que utiliza a expressão “faze-a reviver”, que também é seguida tanto pela Versão dos Monges de Mardesous segundo o Centro Bíblico Católico como pela Bíblia de Jerusalém.

A Versão do Padre Antonio Pereira de Figueiredo traduz a palavra por “vivifica”. Já a Bíblia Viva, fugindo bem do significado, traduz o termo por “ajude-nos novamente nesta hora em que tanto precisamos de ajuda”.

Mantém a mesma tradução da Versão Almeida Revista e Corrigida, as seguintes versões: Almeida Fiel e Corrigida, Almeida Atualizada, Bíblia na Linguagem de Hoje, Tradução Brasileira e Edição Contemporânea de Almeida.

– Avivamento é, em primeiro lugar, o ato de tornar mais vivo, ou seja, transformar a vida espiritual em uma vida mais intensa, em uma vida abundante. Isto nos faz lembrar as palavras de Jesus que disse que tinha vindo ao mundo para que Seus discípulos tivessem vida, mas Sua missão não cessava aí. Tinha vindo para que houvesse vida e vida em abundância (Jo.10:10).

Neste texto, vemos, claramente, que a obra de Cristo não se limitava a dar vida àqueles que estavam à mercê do trabalho do inimigo, que é roubar, matar e destruir, mas que esta vida deveria ser abundante na vida de cada um dos alcançados pela Sua obra salvadora.

Vida abundante é uma vida em toda a sua plenitude, com todos os benefícios proporcionados pela comunhão com Deus.

Vida é estar em comunhão com Deus, é não ter mais separação de Deus por causa do pecado, mas vida abundante é a comunhão com a presença de todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. Por isso, um dos significados de “chayah” é o de “viver prosperamente”.

– Avivamento é, em segundo lugar, o ato de reanimar, de despertar. Neste sentido, o conceito de avivamento nos lembra uma figura do mundo jurídico, que é o direito do proprietário de constranger o seu confinante a proceder com ele à aviventação dos rumos apagados, a renovação dos marcos destruídos ou arruinados (artigo 1.297 do Código Civil).

O proprietário, pela lei brasileira, sempre que perceber que os marcos e os limites de sua propriedade encontram-se desgastados, desaparecidos ou prontos a desaparecer, pode fazer com que eles sejam “aviventados”, ou seja, voltem a ser notórios, públicos, conhecidos de todos.

– Assim também ocorre na vida espiritual. O Senhor, que é nosso proprietário(Gl.2:20), pois nos comprou com o Seu sangue na cruz do Calvário (I Co.6:20; 7:23), de tempos em tempos, pode perceber que nossos marcos, nossos sinais estão sendo obscurecidos pelo dia-a-dia, pelas dificuldades desta vida e, por isso, faz com que os “aviventemos”, que os renovemos, mediante o avivamento.

O avivamento, também, assume as características de uma renovação espiritual, de um desabrochar dos sinais da presença de Deus que se estavam perdendo.

Foi assim na história de Israel e tem sido na história da Igreja. Foi por isso que o profeta Habacuque pediu ao Senhor que avivasse a Sua obra ao longo do tempo, no decorrer dos anos. Por isso um dos significados de “chayah” é “fazer viver, manter vivo, viver para sempre”.

– Em terceiro lugar, avivamento é o ato de tornar-se mais forte, mais intenso, intensificar-se. O avivamento envolve, também, o crescimento espiritual do crente.

A vida espiritual é dinâmica, ou seja, é um contínuo movimento. Assim como o organismo biológico vivo sempre está se transformando, não cessa de mudar a cada instante, com o surgimento de novas células a cada segundo, também o crente não cessa de se modificar a cada instante do ponto-de-vista espiritual.

Entretanto, enquanto na vida física nós passamos, a partir da juventude, a iniciar um desgaste cada vez mais intenso, pois o homem exterior, isto é, o nosso corpo, é corruptível, o homem interior, pelo contrário, como não sofre os efeitos do tempo, passa a ter cada vez maior intensidade, a ter um progresso a cada segundo que passa, caminhando para atingir o nível de varão perfeito, a estatura completa de Cristo (II Co.4:16; Ef.4:13).

O avivamento, portanto, é a manutenção da vida espiritual alcançada e a obtenção de maior vigor no decorrer do tempo, pois o homem interior é corroborado com poder pelo Espírito Santo (Ef.3:16). Por isso, um dos significados de “chayah” é “sustentar a vida”.

– Em quarto lugar, o avivamento é o ato de tornar-se mais nítido, destacar-se. Assim como, ao se “aviventarem” os limites entre dois prédios, percebe-se mais claramente onde se começa a propriedade de uma pessoa e onde ela termina, o avivamento é, também, uma ação que nos permite identificar com mais clareza quem pertence ao Senhor e quem dEle não é.

Uma igreja avivada é uma igreja que discerne bem quais são os verdadeiros e autênticos crentes e quais são os falsos apóstolos, a exemplo do que se deu na igreja de Éfeso que, em seu tempo avivado, pôde desmascarar os falsos apóstolos (Ap.2:2).

Um crente avivado é aquele que demonstra a presença de Deus na sua vida, bem como o poder do Espírito Santo. Por isso, os sinais e maravilhas são abundantes, como se vê nos tempos apostólicos (At.2:43; 4:30; 5:12,15; 19:4; I Co.2:4). Por isso, um dos significados de “chayah” é “restaurar para a vida e para a saúde”.

– Em quinto lugar, o avivamento é tornar-se mais ativo, mais ágil, apressar. É interessante observar que, para o lexicógrafo (isto é, o autor do dicionário), avivamento é tornar mais ativa uma chama, uma brasa, o que nos remete, de imediato, ao símbolo do fogo que João Batista utilizou para o batismo com o Espírito Santo.

O avivamento tem, como efeito, fazer com que a haja mais ação na obra do Senhor, que haja um movimento e é por isso que o avivamento é, antes de mais nada, um movimento do Espírito Santo.

Assim como no dia de Pentecoste, um som como de um vento veemente encheu o cenáculo e causou um reboliço que chamou a atenção de uma multidão de peregrinos, do mesmo modo o avivamento na igreja local causa uma movimentação que faz com que haja uma repercussão no meio da igreja e dos incrédulos.

Porventura, não foi o que ocorreu no avivamento da rua Azusa, cujos resultados se espalharam, rapidamente, pelos quatro cantos do mundo, inclusive aqui no Brasil?

– Mas, além de fazer com que haja mais ação (e eis a razão pela qual Jesus mandou que os discípulos aguardassem em Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder – Lc.24:49b), o avivamento concede, também, o senso da urgência, a consciência da necessidade de, apressadamente, pregar o Evangelho, diante da iminência da volta do Senhor.

A igreja dos dias apostólicos é apontada como sendo uma igreja que aguardava Jesus para os seus dias, tanto que necessário foi que os apóstolos, notadamente Paulo, dessem uma melhor explicação a respeito disto, para que não houvesse decepção entre os crentes (cf. II Ts.2:2).

No entanto, este sentimento era resultado direto do avivamento experimentado por aqueles irmãos. O avivamento dá-nos a consciência da urgência da tarefa da Igreja e não é casual que o arrebatamento da Igreja seja antecedido por um avivamento, a “chuva serôdia” que vinha um pouco antes da colheita, celebrada na Festa dos Tabernáculos.

Nossa dispensação terminará com a evangelização de todas as gentes (Mt.24:14) e isto só é possível diante de um avivamento, pois só ele faz com que haja pressa e urgência na obra do Senhor. Por isso um dos significados de “chayah” é, precisamente, o de “ser rápido”.

II – O AVIVAMENTO NA HISTÓRIA DA IGREJA

– A Igreja, o Israel de Deus (Gl.6:16) não é diferente. A necessidade do avivamento sempre foi uma constante na história.

Jesus, mesmo, disse que, para que se iniciasse a obra da evangelização, necessário se fazia que os discípulos, já regenerados, já tendo o Espírito Santo em suas vidas (Jo.20:22), tivessem um “revestimento de poder” (Lc.24:49b), recebessem “a virtude do Espírito Santo” (At.1:8), para que, então, fossem testemunhas de Cristo em todas as partes do mundo.

– Como sublinhou Gerard Van Groningen, mencionado supra, a regeneração, embora seja suficiente para conceder vida aos servos do Senhor, não basta para que tenhamos uma vida abundante. A vida intensa exige intensidade além de vida. A vida notória e abundante exige notoriedade e abundância além de vida.

Por isso, o avivamento é indispensável para que se tenha o cumprimento eficaz da Grande Comissão por parte da Igreja. Para pregar o Evangelho a toda a criatura e aperfeiçoar os santos, não basta que se tenha vida, que se tenha comunhão com Deus, mas é preciso disposição e poder do Espírito Santo para que se parta, para se saia do lugar onde se está e se busquem os perdidos, como também sinais que confirmem a Palavra, exatamente como se deu nos tempos apostólicos (Mc.16:20).

– A história da Igreja apresenta vários avivamentos, a demonstrar que, ao longo dos séculos, o Senhor sempre esteve presente no meio do Seu povo e ainda que, depois dos tempos apostólicos, o período da “chuva temporã”, tenha havido o verão, que é caracterizado por uma temperatura alta, com poucas chuvas, normalmente de curta duração, o que, profeticamente,

simboliza o período de escassez das manifestações espirituais abundantes na Igreja, foi um período de contínua intervenção divina, em menor expressão que no período da “chuva temporã” e no período subseqüente da “chuva serôdia”, mas, indubitavelmente,

um período em que a Igreja ganhou vitalidade e força para dar a grande colheita que se verá no dia do arrebatamento da Igreja, pois é durante o verão que se dá o crescimento da safra, que se faz um grande esforço por parte dos lavradores e a formação do fruto, que amadurece no outono, depois da “chuva serôdia”.

OBS: “…Na Palestina, o verão ocorre entre maio e outubro. Esses meses são praticamente sem qualquer precipitação de chuva. Portanto, no verão havia seca (Sl.32:4), um calor opressivo, mas também muito trabalho nos campos (Pv.10:5; Jr.8:20).

A principal atividade humana no verão era a colheita(…). Primeiramente, vinha a colheita das primícias (…) e, somente mais tarde, vinha a colheita principal.…” (CHAMPLIN, R.N.
Verão. In: ____. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.6, p.592).

– Apresentamos aqui uma relação dos principais avivamentos da história da Igreja:

 

– Como se pode perceber pelo quadro acima, sempre houve, no meio do povo de Deus, um remanescente fiel, mesmo em meio ao obscurantismo de uma cúpula que, notadamente após a liberalização do culto cristão pelo Império Romano, permitiu a entrada do paganismo na Igreja e promoveu uma frieza espiritual.

Este remanescente, de tempos em tempos, era despertado pelo Espírito Santo e movimentos espirituais ocorriam, levando as pessoas a uma vida de maior intensidade na presença de Deus, uma vida de maior dedicação e de pregação da genuína Palavra de Deus.

Era o “verão” do Israel de Deus, onde havia pouquíssimas chuvas e quando as havia, de curta duração. No entanto, enquanto isto se dava, havia a preparação para a formação de uma safra substanciosa, que será colhida pelo Senhor antes do “grande e terrível dia” (cf. Jl.2:28-31).

– Esta realidade histórica já havia sido revelada pelo Senhor Jesus, quando ditou as Suas cartas para as igrejas da Ásia, ao apóstolo João, que se encontrava preso na ilha de Patmos por causa da Palavra do Senhor (Ap.1:9,19,20).

Com efeito, quando nos deparamos com as cartas às igrejas da Ásia, vemos que elas dizem respeito às “coisas que são”, que correspondem à segunda parte do livro do Apocalipse (capítulos 2 e 3), ou seja, ao período da dispensação da graça, ao tempo da Igreja sobre a face da Terra.

OBS: “…Os teólogos costumam dividir o livro do Apocalipse em sete partes, mas a sabedoria divina o dividiu em apenas três, a saber:

1. As coisas que tens visto. É a primeira das três divisões deste livro. É, sem dúvida, a menor das três partes deste compêndio divino: um capítulo apenas! Também pela duração dos acontecimentos a que se refere.

2. E as que são. Esta se refere à segunda parte do livro. De exposição, pouco mais extensa em conteúdo (capítulos 2 e 3).

No que diz respeito ao tempo, é o mais longo período: abrange ensinos para a vida inteira da Igreja desde os primitivos tempos, e como lição tem servido durante toda a dispensação da Graça, até o momento do arrebatamento.

3. E as que depois destas (das duas primeiras) hão de acontecer. A terceira parte é essencialmente futurística, vai do capítulo 4 a 22.

Porém os fatos decorrerão com rapidez e as profecias que terão lugar neste tempo, sofrerão uma reação em cadeia e se cumprirão sucessivamente…” (SILVA, Severino P. da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.27-8).

– Em todos os períodos identificados pelo Senhor (pois cada igreja, nesta perspectiva histórico-profética, fala-nos de um período da história da Igreja), temos sempre a presença de um remanescente fiel ao Senhor, bem como a ação contínua do Espírito Santo a avivar estes servos fiéis. Assim:

a) igreja de Éfeso (correspondente ao período apostólico, até por volta do ano 100) – uma igreja que nasce avivada, mas vai perdendo o “primeiro amor”.

b) igreja de Esmirna (correspondente ao período pós-apostólico, mas de perseguições por parte de Roma, por volta do ano 100 até por volta de 315) – uma igreja que, apesar da presença dos integrantes da “sinagoga de Satanás”, tem riqueza espiritual e é fiel até a morte.

c) igreja de Pérgamo (correspondente ao período da liberdade de culto por parte de Roma e início da paganização, por volta de 315 até por volta de 600, com a instituição do Papado) – uma igreja que se mantém fiel apesar de habitar onde está o trono de Satanás, ainda que já sofrendo a infiltração da doutrina de Balaão, da idolatria e dos nicolaítas.

d) igreja de Tiatira (correspondente ao período que vai por volta de 600 até a Reforma Protestante) – uma igreja se mantém fiel, apesar da tolerância que há com “Jezabel” , com a idolatria e com as profundezas de Satanás.

e) igreja de Sardes (correspondente ao período que vai da Reforma Protestante até o século XIX) – uma igreja fiel em meio a uma igreja que está espiritualmente morta, alheia à volta de Cristo.

f) igreja de Filadélfia (correspondente ao período que vai do século XIX até o arrebatamento da Igreja) – a igreja fiel é despertada, evangeliza todo o mundo e é poupada da Grande Tribulação.

g) igreja de Laodicéia (correspondente ao período que vai do século XIX até o arrebatamento da Igreja) – a igreja apóstata ou paralela, concomitante a igreja de Filadélfia, mas que, em vez de se despertar, prefere confiar na sua auto-suficiência e na sua história, cujo final será trágico: ser vomitada pelo Senhor, perdendo a chance de ser poupada da Grande Tribulação.

– Vemos, portanto, que não houve período da história da Igreja em que não tenha existido um remanescente fiel, remanescente este que, por ter o Espírito Santo nele, vez por outra, como as “chuvas escassas e rápidas” do verão da Palestina, manifestaram-se em avivamentos que passaram a ser cada vez mais intensos a partir do século XVIII, culminando no avivamento do início do século XX, que indica o início da “chuva serôdia”, do derramamento intenso do Espírito Santo antes da volta do Senhor.

– Razão, portanto, têm os pentecostais quando ensinam que as Escrituras nos mostram que o avivamento da Igreja é contínuo, jamais foi interrompido desde o dia de Pentecostes do ano 30, embora esteja determinado que se intensifique, como está intensificado nos últimos cento e vinte e dois anos, na proximidade da volta do Senhor.

III – AS CARACTERÍSTICAS DO AVIVAMENTO

– O avivamento é, pois, uma realidade bíblica, um fator que sempre acompanhou o povo de Deus, seja Israel, na antiga aliança, seja a Igreja, nesta dispensação.

Portanto, um verdadeiro avivamento há de ter os contornos estabelecidos pela Bíblia Sagrada, nossa única regra de fé e de prática.

Por isso, não se pode concordar com aqueles que identificam o “pentecostalismo” como uma doutrina puramente mística, que privilegia a subjetividade, ou seja, a emoção de cada pessoa, que defenda um “contacto direto e místico” com Deus.

A doutrina pentecostal é, sobretudo, bíblica, ou seja, está fundada nas Escrituras e se baseia totalmente nelas. É por isso, aliás, que o tema do nosso trimestre é “doutrinas bíblicas pentecostais”, ou seja, são doutrinas bíblicas que são evidenciadas e defendidas pelos pentecostais.

– Com razão, portanto, aqueles que não aceitam a palavra “neopentecostalismo”, que vem sendo utilizada por estudiosos da religiosidade nos últimos anos, para identificar os movimentos e denominações que têm surgido a partir da década de 1970 e que se constituem, hoje, no ramo que mais cresce entre os chamados “evangélicos”, pelo menos nos países sul-americanos (o censo norte-americano de religiões, por exemplo, identificou as Assembleias de Deus como a igreja que mais cresceu em 2005), para não dizer especificamente no Brasil.

Não se pode ter um “novo Pentecostes”, ou seja, uma “nova doutrina pentecostal”, ou ainda, para se usar de expressão tão em moda naqueles segmentos referidos, de uma “nova unção”. A doutrina pentecostal não é uma “inovação”, nem uma “novidade”, mas é algo que está presente na Igreja desde o seu primeiro dia de manifestação ao mundo, ou seja, o dia de Pentecostes, pois é algo que está na Palavra de Deus e, sabemos todos, que esta Palavra não muda, nem jamais mudará (Sl.33:11; Mt.24:35; Lc.21:33; I Pe.1:23,25).

Por isso, como bem ensinou, certa feita, o pastor João Vicente Branco, de São Paulo/SP, seria correto falarmos em “neoigrejas pentecostais”, mas não em “igrejas neopentecostais”.

– Portanto, se o avivamento contínuo é bíblico, devemos observar nas próprias Escrituras quais são as suas características, até para que não nos deixemos enganar pelos “falsos avivamentos”, manifestações espirituais espúrias e que nada mais são que falsificações e imitações do inimigo de nossas almas, verdadeiros “ventos de doutrinas” que, como analisamos no trimestre anterior, também estão a aumentar em número, mormente agora quando se aproxima o dia da nossa glorificação.

– Ora, o avivamento da Igreja deve fazer com que se mantenham, diante desta imutabilidade da Palavra, as mesmas características que foram observadas na igreja primitiva. Uma igreja avivada, pois, tem de ter os mesmos predicados que se encontraram na igreja de Jerusalém logo após o dia de Pentecostes e que vemos minudentemente descrita em At.2:41-47, que passaremos, então, a analisar.

– A primeira característica de um avivamento autêntico e que vem da parte de Deus é a perseverança na Palavra de Deus.

Com efeito, a igreja primitiva iniciou-se pela conversão de quase três mil almas sob o impacto da operação poderosa do Espírito Santo na vida dos discípulos batizados com o Espírito Santo, levando-os a “receber de bom grado a Palavra” (At.2:41).

Este é o primeiro ponto descrito nas Escrituras, pois todo avivamento começa pelo “recebimento da Palavra”, que, então, leva ao batismo nas águas, um sinal público que se dá da transformação interior já ocorrida.

OBS: É por isso que não podemos concordar com aqueles que insistem em pregar que o início da vida espiritual se dá com o batismo e dizem que isto se deu no dia de Pentecostes.

O texto sagrado diz que foram batizados aqueles que, de bom grado, receberam a Palavra, ou seja, o recebimento da Palavra é o primeiro ponto, a primeira mostra de um avivamento, não o batismo, que é conseqüência, e somente para os que eram incrédulos.

Os crentes que haviam sido revestidos de poder também receberam a Palavra e a pregaram com unção e discernimento espiritual do que estava a ocorrer, sem que precisassem ter sido batizados nas águas.

– Todo avivamento é um mover do Espírito Santo e a função primordial do Espírito Santo é glorificar a Cristo, anunciando a Sua verdade (Jo.16:13-15).

Ora, a Verdade de Cristo é a Palavra de Deus (Jo.17:17), Palavra esta que testifica de Jesus (Jo.5:39). Portanto, todo e qualquer avivamento resulta em um retorno às Escrituras, à Palavra do Senhor.

– Desde o Antigo Testamento, sempre vemos que os momentos de avivamento do povo de Deus são caracterizados por uma busca da lei do Senhor, por uma renovação no interesse e na observância das Escrituras.

Todo e qualquer movimento que menosprezar a Palavra de Deus, que não der espaço ao estudo e ao ensino da Palavra, não é um verdadeiro avivamento espiritual, mas um movimento místico, que se misturará facilmente com manifestações sobrenaturais de procedência maligna.

OBS: Não é, por outro motivo, pois, que o autodenominado “grande e último avivamento do tempo do fim” que teve seu início na Igreja do Avivamento Mundial, em Boston, nos Estados Unidos, por parte do sr.

Ouriel de Jesus, deve ser repelido, pois seu início está vinculado a “novas escrituras”, “novas revelações” supostamente dadas àquele senhor. Não há como concordar-se com um “avivamento” que deixa de lado as Escrituras e se apegam a invencionices humanas.

– Não só o avivamento traz o recebimento da Palavra, mas, também, a perseverança na doutrina dos apóstolos.

Uma igreja avivada, ao contrário do que muita gente pensa e faz na atualidade, não é uma igreja que não estude a Palavra de Deus, nem uma igreja que, por achar que “a letra mata”, não frequenta ou nem tem cultos de ensino e de doutrina, procurando apenas “reuniões de poder”.

O verdadeiro avivamento faz com que o crente seja guiado pelo Espírito Santo e esta direção exige, em primeiro lugar, a perseverança na doutrina dos apóstolos. Crente avivado é crente que conhece a doutrina dos apóstolos e que, por isso, não se deixa levar por qualquer “vento de doutrina”.

– A segunda característica de um avivamento autêntico e que vem da parte de Deus é a perseverança na comunhão (At.2:42).

O avivamento espiritual é um movimento que dá aos crentes a consciência de que são um único corpo cuja cabeça é Cristo e que devem viver em união, sem qualquer distinção ou discriminação de espécie alguma.

O avivamento da rua Azusa causou espanto e críticas por parte da sociedade norte-americana porque pôde reunir, em uma só comunidade, brancos e negros, numa sociedade fortemente racista e segregacionista como eram os Estados Unidos do início do século XX.

Um verdadeiro e genuíno avivamento não faz distinção de espécie alguma, reconhecendo que, para Deus, não há acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34).

Por isso, na igreja primitiva, “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At.2:44).

OBS: Por isso, não podemos aceitar como avivamento genuíno e autêntico aquele que é gerado em “encontros secretos”, aonde somente algumas poucas pessoas têm acesso, para receber uma “unção” sobre a qual estão proibidos de revelar, como ocorre no gedozismo. Isto não é o avivamento verdadeiro.

– A perseverança na comunhão, também, tem uma dimensão vertical, ou seja, o avivamento leva os crentes a terem uma consciência da necessidade de se santificar para permanecerem em comunhão com o Senhor.

Todo avivamento genuíno leva o povo a melhorar os seus caminhos diante de Deus, aumentando a qualidade de seu comportamento, a fim de diminuir as brechas pelas quais pode advir a prática do pecado.

Um verdadeiro e genuíno avivamento não abre mão de uma postura ética diferente, não admite a convivência com o pecado.

OBS: Por isso não podemos admitir como provenientes de um verdadeiro e genuíno avivamento manifestações que, apesar de sobrenaturais e espantosas, não tragam qualquer mudança de comportamento na vida das pessoas.

Um verdadeiro avivamento faz as pessoas deixarem os embaraços e as práticas pecaminosas que antes toleravam e, vez por outra, consentiam ou faziam.

– A terceira característica de um genuíno avivamento é a perseverança no partir do pão (At.2:42).

Esta expressão tem sido entendida como sendo uma indicação de que, desde os tempos primitivos, a celebração da ceia do Senhor era uma constante entre os crentes, e, neste sentido, é conjugada à expressão “comunhão”, mas, entendemos que, além deste significado, que não desprezamos, haja outro, como já dissemos ao analisarmos a primeira parte da expressão (comunhão).

O partir do pão abrange mais do que a participação na ceia do Senhor, envolve a consciência da necessidade do próximo, do amor ao próximo.

Se é certo que o avivamento espiritual nos revela que os crentes estão em paz com Deus, alimentando-se da Sua Palavra, não é menos certo que nem só da Palavra viverá o homem, mas também do pão material, tanto que vemos, sempre, nas igrejas avivadas, um trabalho de assistência social e de benemerência bem avançados (At.2:44,45; 4:35; II Co.11:9; Ef.4:28) e não somente por intermédio da igreja local, com os diáconos, mas num relacionamento fraternal, doméstico, independente da própria intermediação da igreja (At.2:46).

– A quarta característica de um genuíno avivamento é a perseverança nas orações. Um avivamento faz com que os crentes orem e a oração do justo pode muito em seus efeitos. Uma igreja avivada não para de orar, faz contínua oração.

Não podemos concordar com “avivamentos” que têm barulho, emoção, mas que não levam os crentes a orar ou a buscar a face do Senhor fora do “transe”.

A história dos avivamentos mostra que sempre o povo foi levado a buscar ao Senhor, a orar, a jejuar e a adorá-l’O na beleza da Sua santidade.

OBS: “…Se nós gastássemos mais tempo em oração, haveria maior plenitude do poder do Espírito em nosso trabalho. Cada vez mais homens

que anteriormente trabalharam inequivocamente no poder do Espírito Santo agora estão se enchendo de ar com gritos vazios e dando pancadas nele com gestos sem sentido, porque deixaram de orar.

Nós devemos passar muito tempo de joelhos diante de Deus para continuarmos a ter o poder do Espírito Santo.…(TORREY, R.A. How to pray. Disponível em < http://www.gotothebible.com/HTML/howtopray.html > Acesso em 29 maio 2006) (tradução nossa)

– A quinta característica de um genuíno avivamento é o temor a Deus (At.2:43). Um avivamento traz ao povo uma devida reverência às coisas de Deus, um respeito a tudo o que se relaciona com o culto. Não se está a falar de um formalismo vazio, sem sentido, mas de um respeito decorrente do reconhecimento da santidade e da majestade de Deus.

Um verdadeiro avivamento não produz bagunça ou anarquia. É um ambiente de ordem e de decência, onde o nome do Senhor é glorificado e onde os incrédulos, ao invés de se escandalizarem, sentem a presença do Senhor.

– A sexta característica de um genuíno e verdadeiro avivamento é a ocorrência de sinais e maravilhas (At.2:43).

Os sinais são confirmações da Palavra do Senhor (Mc.16:20), demonstrações de que a pregação da Palavra não é um mero exercício de retórica, eloquência ou oratória, mas uma amostra do poder de Deus através do Espírito Santo (I Ts.1:5).

Uma igreja avivada é uma igreja onde há milagres e sinais, mas, percebam os irmãos, este é um dos últimos pontos mencionados por Lucas na descrição da igreja primitiva. Estes sinais e maravilhas eram resultado de todas as outras características, um elemento confirmador de tudo o mais.

Não podemos, pois, julgar pela aparência, apenas procurando os sinais, mas devemos julgar os movimentos segundo a reta justiça, ou seja, conferindo tudo com a Palavra de Deus, para só, então, nos atermos aos sinais. Somente assim não seremos iludidos pelo adversário de nossas almas (Jo.7:24; II Co.10:7).

– Nos dias em que vivemos, muitos se dizem pentecostais, mas há anos não veem em suas reuniões a ocorrência de sinais e de maravilhas. Ocorre aqui o que dissemos no início desta lição: como podemos dizer que somos crentes pentecostais se a atualidade da operação do Espírito Santo não é uma realidade entre nós? Não podemos viver da memória, nem tampouco da história dos nossos pais na fé.

É preciso que a atualidade do poder de Deus seja evidenciada no nosso meio, em nossas reuniões. Se não há mais sinais e maravilhas, algo está errado.

Precisamos pedir a Deus um avivamento, avivamento que não é apenas a busca de “milagreiros” ou a promoção de “campanhas” para que haja “revelações”, “profecias”, “curas”, mas, muito mais do que isto, é necessário que a própria igreja local verifique onde caiu, para se arrepender e, assim, praticar as primeiras obras, tornando a ter o “primeiro amor”, assim como Jesus mandou que a igreja de Éfeso fizesse, ela própria uma igreja avivada que perdera o fervor (Ap.2:5).

– A sétima característica de um genuíno e verdadeiro avivamento é perseverança na frequência aos cultos e às demais reuniões da igreja. Os crentes da igreja primitiva “perseveravam unânimes todos os dias no templo”.

Observemos que os crentes nem se incomodavam em se reunir no templo de Jerusalém, onde ficavam os seus maiores adversários, visto que tinham sido os integrantes do Sinédrio, que ficava junto ao Templo, os responsáveis pela prisão, condenação e morte de Jesus e pela perseguição.

Os crentes sentiam prazer em cultuar a Deus e, por isso, iam ao Templo, onde haviam sido ensinados, por sua cultura, a adorar ao Senhor.

Os avivamentos sempre mostram, nos seus registros, multidões reunidas para adorar a Deus e ouvir a Sua Palavra, nas mais adversas circunstâncias de tempo ou de lugar.

Nada supera o desejo que tem o crente avivado em se reunir e adorar ao Senhor e ouvi-l’O falar., pois ele está “…certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm.8:38,39).

– A oitava característica de um genuíno e autêntico avivamento é a alegria e singeleza de coração. Uma igreja avivada é uma igreja que não se prende a formalismos, a cerimônias, rituais e solenidades excessivas, mas uma igreja onde não se desvia da simplicidade que há em Cristo Jesus (II Co.11:3).

O avivamento faz-nos ser simples e sinceros diante de Deus e dos homens (II Co.1:12; Cl.3:22). Podemos notar que toda e qualquer frieza espiritual é sempre acompanhada de uma maior pompa e circunstância nos rituais, pompa e circunstância que acaba sendo abominável aos olhos do Senhor, visto que não é acompanhada da necessária santificação (Is.1:10-14).

– A alegria que caracteriza o avivamento espiritual não é algo que seja fabricado por uma técnica neuropsiquiátrica, nem por um artificial estado de emoção. Bem ao contrário, a alegria nasce espontaneamente no coração do crente avivado, porque é fruto do Espírito Santo, é o gozo pela sua salvação (Sl.51:12).

OBS: Como é diferente a alegria de uma igreja avivada das aberrações como a “risada santa” que tem sido difundida pelos falsos pregadores na atualidade!

– A nona característica de um genuíno e autêntico avivamento é o louvor a Deus (At.2:47). Um avivamento exalta o nome de Deus, coloca-O acima de tudo o mais.

Quando falamos em louvor, falamos em exaltação de Deus, em cânticos, hinos e salmos que enalteçam o Senhor e não o homem, que trazem enlevo à alma e ao espírito, e, por conseguinte, não agridem o corpo, nem promovam qualquer sentimento carnal.

“Avivamentos” feitos com base em “louvorzões”, que suprimem a Palavra do Senhor, que promovam a sensualidade e a emoção, que agitem as pessoas e que se utilizem de ritmos criados para adoração ao diabo ou a seus agentes, que privilegiem o “eu” do crente em detrimento do Senhor nunca podem ser verdadeiros e autênticos avivamentos.

Não passam de versões modernas do velho “alarido dos que cantam” do bezerro de ouro, que continua sendo abominável aos ouvidos do Senhor (Ex.32:7,8,18).

– A décima e última característica de um avivamento genuíno é o crescimento da igreja, ou seja, a salvação de almas, levando os incrédulos a receber a Palavra de Deus, fechando-se, então, o círculo virtuoso estabelecido pelo avivamento.

O avivamento do povo de Deus faz com que os homens glorifiquem ao Pai que está nos céus (Mt.5:16) e, por causa disto, muito são constrangidos pelo Espírito Santo e convencidos do pecado, da justiça e do juízo(Jo.16:8), convertendo-se a Jesus Cristo.

Por isso, os avivamentos sempre fizeram as igrejas locais crescer numericamente, mas o crescimento quantitativo é decorrência do crescimento qualitativo.

Crescimento numérico sem que, antes, tenha havido avivamento, não é crescimento, é “inchamento”, cujos efeitos são altamente prejudiciais à obra de Deus, como é exemplo que jamais deve ser esquecido a “conversão” de milhares e milhares de pessoas após o Edito de Milão, em 315, que abriu as portas da igreja para o paganismo e para o desvio espiritual.

– Cremos, realmente, num avivamento contínuo? Somos pentecostais? Só podemos dizer que sim se formos crentes avivados. Temos as características bíblicas para sermos considerados crentes avivados? “Aviva, Senhor, a Tua obra, no meio dos anos”!

IV – O AVIVAMENTO PENTECOSTAL E A LUTA DE SATANÁS CONTRA ELE

– Tendo visto o que é o avivamento, é evidente que Satanás não iria ficar passivo e inativo diante de uma situação como esta.

– O avivamento pentecostal é o maior avivamento ocorrido na história da Igreja. É o mais longo e o mais amplo do ponto de vista geográfico. Iniciado em 1900, ainda está a ocorrer e atinge a todos os continentes do mundo, algo que jamais havia ocorrido antes.

– Desde 1900, a quantidade de pessoas que alcançaram a salvação na pessoa de Cristo Jesus aumentou grandemente e estamos, inegavelmente, em meio a chamada “chuva serôdia”, aquele período de avivamento que antecede o arrebatamento da Igreja.

– Diante deste estado de coisas, é evidente que o inimigo de nossas almas tinha de promover uma série de ações para enfraquecer este avivamento e, para tanto, busca confundir e atrapalhar a “identidade pentecostal”.

– Os pentecostais, como já temos visto, são aqueles que creem que a Igreja é a mesma desde o dia de Pentecostes, ou seja, para promover a evangelização do mundo e o crescimento espiritual dos crentes, tem de seguir o mesmo modelo que se encontra no livro de Atos dos Apóstolos.

– Ali, vemos, com absoluta clareza, que, para que a Igreja possa cumprir o papel que lhe deu seu Senhor e Salvador, precisa, antes de mais nada, ter o revestimento de poder (Lc.24:49; At.1:4,5,8).

– Embora não seja requisito para a salvação, o batismo com o Espírito Santo é biblicamente indispensável para que tenhamos o cumprimento da Grande Comissão. Como diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, o batismo no Espírito Santo

“…significa o recebimento do poder espiritual para realizar a obra da expansão do Evangelho em todo o mundo [At.1:8], para uma vida cristã vitoriosa e também uma adoração mais profunda [I Co.14:26].…” (DFAD, XIX.1, p.166).

– Por isso mesmo, é “marca registrada” da “identidade pentecostal” a ênfase para que a membresia busque o batismo com o Espírito Santo. “Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e brevemente voltará” é a síntese da mensagem pregada pelos pentecostais.

– Entretanto, nos últimos anos, esta ênfase tem perdido fôlego em muitos lugares. O número de membros das igrejas ditas pentecostais que não são batizados com o Espírito Santo tem aumentado assustadoramente. Muitos não são revestidos de poder e não há qualquer preocupação com relação a isto por grande parte das lideranças.

– A situação está tão grave que muitos já estão a admitir que até ministros sejam ordenados sem que sejam revestidos de poder, alegando “carência de obreiros”, justamente porque não há mais batismos com o Espírito Santo entre os cristãos se dizem ser.

– Ora, ser pentecostal é, precisamente, crer na atualidade do batismo com o Espírito Santo e na sua necessidade para se ter uma vida espiritual conforme a vontade divina e, portanto, quando não se dá ênfase a isto, está-se, na prática, a negar que se seja pentecostal.

– O avivamento pentecostal caracterizou-se, precisamente, pelo revestimento de poder que começou a ocorrer entre os integrantes do movimento, de modo que, se não houver mais o revestimento de poder do alto, não se tem mais pentecostalismo.

Podem as pessoas bradar que são pentecostais, que creem no batismo no Espírito Santo, mas, se não buscam a promessa nem fazem questão de recebê-la, tem-se que este pentecostalismo é mera fachada, mero rótulo que não tem significado algum.

– Abrir mão do batismo com o Espírito Santo, considerá-lo desnecessário e apenas uma “perfumaria espiritual” é abrir mão de todo o vigor que caracteriza o avivamento pentecostal, é “dar lugar ao diabo”,

é bloquear a ação do Espírito Santo e impedir que todos os benefícios já aludidos do avivamento possam alcançar a Igreja.

– Se isto ocorre em relação ao batismo com o Espírito Santo, que é uma promessa divina aos salvos (Cf. At.2:18), como, então, esperar que quem assim age também enfatize a necessidade da busca dos dons espirituais, que têm o batismo com o Espírito Santo como necessário pressuposto?

– O apóstolo Paulo diz que devemos buscar com zelo os dons espirituais (I Co.14:1), mas o texto bíblico somente fala dos dons depois que as pessoas receberam o revestimento de poder. Ora, como ensina a

Declaração de Fé das Assembleias de Deus, “…Esses dons são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja: ‘Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil’ (I Co.12:7).

São recursos sobrenaturais do Espírito Santo operados por meio dos seres humanos, os crentes em Jesus [II Co.4:7; Cl.1:27], enquanto a Igreja estiver na terra (…). É por meio da Igreja que o Espírito Santo manifesta ao mundo o poder de Deus [Ef.3:10], usando os dons espirituais.…” (DFAD XX, p.171).

– Se não se busca o batismo com o Espírito Santo, não se terão os dons espirituais distribuídos na Igreja e, deste modo, não se poderão cumprir os propósitos divinos por meio da Igreja, não se terá como manifestar o poder de Deus aos homens.

– Ora, perder este vigor espiritual precisamente no momento em que se multiplica a iniquidade, que é o que ocorre nos dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja (Mt.24:12) é uma verdadeira tragédia, porque a Igreja deixa de ter a iniciativa no combate contra o mal, para assumir uma posição defensiva e frágil, gerando o esfriamento do amor, a apostasia da fé (I Tm.4:1).

– O batismo com o Espírito Santo faz com que a Igreja tome uma postura ativa no combate contra o mal. Revestidos de poder, os discípulos de Jesus se tornam ousados, intensamente pregam o Evangelho e mantêm os crentes em constante fervor espiritual, trazendo como resultado a salvação das almas, o crescimento espiritual dos salvos e a implantação crescente do reino de Deus.

– O desprezo desta bênção traz o torpor espiritual. A Igreja deixa de avançar, passa a dar terreno ao adversário, o que é explicitamente proibido pelas Escrituras (Ef.4:28) e, como resultado disto, diminui a salvação das almas, os salvos comprometem-se com o mundo e, ou se enfraquecem, ou morrem espiritualmente, havendo o vertiginoso crescimento do reino das trevas.

– Não é, porventura, o que temos visto na Europa e nos Estados Unidos, e, inclusive, já no Brasil? Há um profundo arrefecimento espiritual. Os pentecostais já estão a perder a sua identidade, não mais se diferenciam nem dos chamados “tradicionais” nem dos mundanos.

– Hoje, muitos nem se dizem mais pentecostais. Preferem ser identificados como “evangélicos”, quando não procuram, nas próprias denominações de seus grupos, considerar-se “apostólicos”, pois estão, ultimamente, mais identificados com as “inovações” trazidas pelo “neopentecostalismo”, como a “cobertura apostólica”, a “nova unção” e outras “neobobagens pentecostais”.

– Temos aqui, então, outra artimanha satânica que se tem inserido entre os pentecostais: o misticismo religioso, a ênfase a manifestações sobrenaturais sem o devido respaldo bíblico.

– A apostasia da fé traz a oitiva de espíritos enganadores e doutrinas de demônios (I Tm.4:1) e isto não é de se surpreender, porquanto, sem o revestimento de poder e sem a presença dos dons espirituais, a igreja fica alvo fácil do engano de Satanás.

– Assim, havendo uma “tradição de manifestações sobrenaturais” em uma dada igreja local pentecostal, que tenha perdido o vigor espiritual, precisamente pela ausência de batismos com o Espírito Santo e de manifestação dos dons espirituais, fica muito mais fácil ao diabo fazer com que haja manifestações sobrenaturais espúrias que levem o povo ao engano.

– A falta da “unção do Santo” (I Jo.2:20) faz com que haja completa ignorância por parte dos que cristãos se dizem ser e eles ficam alvos fáceis de espíritos enganadores e de doutrinas de demônios. O “neopentecostalismo” nada mais é do que tais manifestações.

OBS: Veja o que diz, muito propriamente, o teólogo católico Fabrício Veliq: “…A segunda, mais presente no movimento Neopentecostal, é uma

visão meio mística a respeito da ação do Espírito. Essa ação é muitas vezes cercada de um misticismo e sincretismo religioso sem tamanho, de maneira que na mesma reunião é possível identificar elementos tirados de diversos lugares, tais como o judaísmo e as religiões pagãs.

Esse misticismo e sincretismo são facilmente percebidos nas diversas vassouras ungidas, fitinhas distribuídas, óleos e águas consagradas em Jerusalém que servem como amuletos e proteção contra as forças do mal, e assim por diante.

Tudo isso gera uma visão não bíblica e distorcida a respeito do que vem a ser o ensinamento cristão a respeito da ação do Espírito na vida daquele que crê.…” (Movimento pentecostal e movimento neopentecostal: diferenças e semelhanças. 18 maio 2018. Disponível em: https://domtotal.com/noticia/1258786/2018/05/movimento-pentecostal-e-neopentecostal-diferencas-e-semelhancas/ Acesso em 212 maio 2022.

– A chamada “segunda onda do pentecostalismo”, que enfatizou a cura divina em demasia abriu esta brecha para que, posteriormente, a chamada “terceira onda do pentecostalismo” viesse a trazer falsos ensinos como a confissão positiva, a teologia da prosperidade, a “nova unção” e coisas similares, o que fez com que houvesse o desvirtuamento completo da proposta pentecostal inicial.

– Assim, diante de tais desvirtuamentos, o adversário então passa a se utilizar de críticos do neopentecostalismo e de todo o seu misticismo, levando a crer que a busca do fervor religioso e do poder de Deus é que teriam causado tal desvirtuamento, numa promoção para que se tivesse uma “espiritualidade moderada”, que nada mais era que o retorno ao “cessacionismo”.

– Por isso, vemos hoje muitos que, mesmo congregando em denominações pentecostais, não mais defendem a busca do batismo com o Espírito Santo ou dos dons espirituais, preferindo uma “espiritualidade moderada”, preferindo identificar-se como “pentecostal reformado” e coisas do gênero, porque “não seriam experiências necessárias à salvação e que, muitas vezes, trazem confusão”.

– Não sem motivo, quase sempre tais pessoas também se dizem adeptas do calvinismo, doutrina que sempre esteve ausente do movimento pentecostal, até em virtude de razões históricas. O calvinismo, com sua crença na predestinação incondicional, alimenta a ideia da desnecessidade da busca do poder de Deus.

– No entanto, tais posturas são de índole diabólica porque contrariam o que nos ensina o Senhor Jesus, que diz que erramos quando não buscamos o conhecimento das Escrituras e o poder de Deus (Mt.22:29; Mc.12:24). Assim, quem defende que não se busque o poder de Deus está fomentando o erro e quem o faz é nítido agente de Satanás.

– O que temos, pois, hoje em dia, são três posturas que têm enfraquecido a identidade pentecostal: o desprezo pela busca do batismo com o Espírito e os dons espirituais; a proliferação de manifestações sobrenaturais espúrias e o “cessacionismo”.

Que Deus nos ajude a combatê-las e a despertar a membresia de nossas igrejas a buscar o poder de Deus.

 

 Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/7874-licao-8-a-sutileza-do-enfraquecimento-da-identidade-pentecostal-i-e-apendice-n-1-a-sutileza-da-acomodacao

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