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LIÇÃO Nº 2 – VEM O FIM

INTRODUÇÃO

– As primeiras mensagens do profeta Ezequiel lembram os judaítas de que era iminente o juízo máximo previsto na lei – o exílio.

– Ezequiel mostra que Deus sempre alerta antes de mandar o juízo.

I – A PRIMEIRA MENSAGEM PROFÉTICA DE EZEQUIEL

– Na continuidade do estudo do livro do profeta Ezequiel, sob o aspecto da preparação do povo de Deus para os últimos dias, estudaremos, nesta lição, as primeiras mensagens proféticas do profeta, constantes dos seus capítulos 4 a 7.

– Tendo ido ao vale, onde o Senhor reafirmou a sua chamada, o profeta Ezequiel ficou mudo, somente passando a falar quando Deus lhe trazia uma mensagem, numa espécie de sinal para que o povo tinha plena certeza de que as mensagens proferidas eram provenientes do Senhor, eram autênticas.

– Vemos, portanto, qual o verdadeiro papel que o sinal exerce na pregação do Evangelho. Ele serve de confirmação da Palavra (Mc.16:20), de autenticação daquilo que é dito, para que não paire qualquer dúvida sobre a veracidade da mensagem trazida da parte do Senhor para as pessoas.

– O sinal não tem o papel de fazer as pessoas acreditarem na mensagem, mas reforça a autenticidade e veracidade da mensagem, é um reforço para confirmar a fé que se lhe deu. É bem por isso que ninguém permanece na congregação dos justos por causa de milagres, mas os milagres dão firmeza a quem creu na pregação e, por isso, ingressou em tal congregação.

– Tendo ficado mudo, mandou o Senhor que o profeta tomasse um tijolo e o pudesse diante dele, gravando nele a cidade de Jerusalém e montasse uma espécie de “maquete” construindo um cerco e edificando uma fortificação, levantando contra ela uma tranqueira, pondo arraiais e aríetes em redor, ou seja, o profeta deveria fazer uma miniatura da situação de cerco que enfrentaria Jerusalém, a fim de encenar ao povo o que aconteceria com a capital de Judá (Ez.4:1,2).

OBS: “…A ligação sintática entre a descrição de Ezequiel sendo amarrado em 3.22-27 e o capítulo 4 cria a impressão que Yahweh não gastou

tempo em dar a Ezequiel sua primeira responsabilidade ministerial. Por intermédio de uma série de dramatizações confusas, mas retoricamente fortes, deve falar diretamente sobre o inevitável destino de Jerusalém…” (BLOCK, Daniel Isaiah. Comentário de Ezequiel. Trad. de Marcelo Tollentino e Válter Graciano Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2021. v.1, p.176).

– O profeta, então, deveria pôr uma assadeira de ferro entre esta miniatura e o profeta e deveria se deitar ali, sobre o seu lado esquerdo, e isto faria durante trezentos e noventa dias, que seriam precisamente os dias que durariam a maldade da casa de Israel e, depois, deveria ele se deitar do lado direito por quarenta dias, para representar a maldade de Judá.

O profeta também teria de pôr sobre si cordas e tomar trigo, cevada, favas, lentilhas, trigo miúdo e colocá-los numa vasilha e fazer deles pão naquele local, para ali se alimentar, comendo vinte siclos cada dia, de tempo em tempo, igualmente bebendo água sob medida, a sexta parte de um him de tempo em tempo, sendo que deveria utilizar como combustível esterco humano (Ez.4:3-12).

– Muitos interpretam essa assadeira de ferro como sendo a separação entre Deus e o povo por causa dos seus pecados (Cf. Is.59:2), outros como sendo a própria situação do cerco de Jerusalém.

– Muita discussão, também, se tem quanto aos “trezentos e noventa dias”, que corresponderia a trezentos e noventa anos. Este período seria apenas do reino de Israel, o reino do norte, ou englobaria todo Israel. Seria até a destruição de Jerusalém, englobando os 40 anos referentes a Judá, ou apenas um período antes destes 40 anos?

– O certo é que Deus não erra e a maldade de Israel perdurou por 390 anos e agora o Senhor iria retribuir tal impenitência. Se formos considerar que estes 390 anos se referem a todo Israel e que a destruição de Jerusalém se deu em 586 a.C., temos que o período se inicia em 976 a.C., quando se concluiu o templo de Jerusalém.

– Portanto, desde o momento da inauguração do templo, quando a glória de Deus se manifestou e o Senhor disse que o povo deveria servi-l’O, a maldade foi se acumulando dia após dia, sem que o povo se arrependesse e, conforme dito pelo próprio Senhor, o templo seria destruído por causa deste desvio espiritual (Cf. II Rs.9:6-9; II Cr.7:19-22).

OBS: “…A maioria dos eruditos concorda que os 390 dias de Ezequiel representam 390 anos de ‘^ãwõn [iniquidade, observação nossa], e que o cálculo do período em vista deve começar com a queda de Jerusalém, em 586.

No entanto, os cálculos posteriores requerem duas modificações: ‘^ãwõn deve ser interpretado como uma designação para o comportamento dos israelitas, viz, “iniquidade”, não como punição por aquele comportamento, e o cálculo deveria ser retrospectivo em vez de olhar para o futuro.

Calculando 390 anos no sentido contrário de 586 chega-se a um ponto de partida para o período da iniquidade de Israel em 976. Isto é impressionantemente próximo da data na qual a glória {kãbôd) de Yahweh havia mudado do tabemáculo e entrado no Santo dos santos do novo templo constraído.*^

De acordo com o historíador hebreu, no entanto Salomão, o monarca que dera a Yahweh seu templo, foi também responsável por começar a apostasia oficial patrocinada pela corte real.*® Por 390 anos a partir de então, Israel provocaria a ira de Yahweh, o Senhor do pacto, por meio da adoração simultânea a outros deuses e outros comportamentos apóstatas.…” (BLOCK, Daniel Isaiah. op.cit., pp.188/9)

– Já os quarenta anos referentes a Judá tem início em 626 a.C., quando tem início o ministério do profeta Jeremias, no décimo terceiro ano do reinado de Josias (Jr.1:1), logo após a abolição da idolatria por parte deste rei, que foi o último monarca de Judá fiel ao Senhor.

– Tendo retirado toda a idolatria tanto de Judá quanto de Israel, em o norte, Josias como que dava uma nova oportunidade ao povo, mas, lamentavelmente, o povo continuaria a praticar a idolatria e, diante disto, como anunciado por Jeremias, tanto Jerusalém quanto o templo seriam destruídos e o povo perderia a posse da terra de Canaã.

– O profeta, então, ante tais determinações, apenas pediu para que não se utilizasse de esterco humano, que simbolizava o pão imundo dos israelitas, tendo, então, o Senhor concedido que se utilizasse de esterco de vacas (Ez.4:13-17).

– Imaginemos a cena, amados irmãos. Ezequiel estava mudo, não conseguia falar e Deus lhe disse que deveria fazer isto como sinal do que estaria a acontecer com Jerusalém, que passaria por um cerco, por fome e sede antes de sua destruição, por causa de sua maldade. Da mesma forma que o reino de Israel, o reino das dez tribos do norte, havia desaparecido por causa de sua impenitência, assim também ocorreria com o povo de Judá.

– Não podendo falar, Ezequiel apenas teria de executar aquelas atitudes que, à primeira vista, dariam a impressão ao povo de que ele enlouquecera. Tendo ficado mudo, passava a viver na rua, ao lado de uma maquete da cidade de Jerusalém, alimentando-se de forma precária e racionada.

– Ezequiel era um sacerdote, alguém que era conhecido pela sua piedade e, de uma hora para outra, passaria a agir como um louco, tendo ficado mudo. Que situação a que o profeta se submetia, única e exclusivamente para fazer a vontade de Deus.

– Vejamos, ademais, que o profeta não se insurge contra esta situação que o Senhor lhe criava, tão somente tendo objetado o uso de esterco humano como combustível, pois isto lhe traria impureza cerimonial e o Senhor, a mostrar que nunca impõe as coisas, mas sempre as propõe ao homem, aceitou a objeção do profeta, permitindo-lhe trocar o combustível.

– Ezequiel era um homem disposto a fazer a vontade de Deus, a cumpri-la nos seus exatos termos, precisamente o que se vê na vida de Nosso Senhor e Salvador, que chegou a dizer que Sua comida era fazer a vontade d’Aquele que O enviara (Jo.4:34).

– Ezequiel servia de sinal para o povo, para que todos soubessem que o juízo divino era a reação pela maldade dos israelitas e dos judaítas, pela impenitência continuada, apesar de todos os profetas que, ao longo dos séculos, o Senhor levantara para conclamar o povo ao arrependimento (II Rs.17:13-15,19).

– Deus é longânimo (Sl.103:8; Jn.4:2), não tem prazer na morte do ímpio (Ez.18:23; 33:11), mas também é justiça, tanto que é tardio em irar-Se (Na.1:3), mas Se ira, de modo que não podemos crer que jamais executará juízos contra os impenitentes. Deus é bom, mas, em reação ao pecado e à desobediência, castiga, sim, os homens, para que eles levem sobre si as maldades que praticaram. Esta é a conhecida lei da ceifa: todo o mal que o homem semear, ele há de ceifar (Gl.6:7).

– Embora estivesse mudo, o sinal dado por Ezequiel era claríssimo ao povo. Havia a maquete que bem identificava a cidade de Jerusalém sob cerco, havia a alimentação racionada a que se submetia, aos olhos de todos, o profeta, de modo que não havia dúvida alguma de que Deus estava relembrando o povo que já estava no cativeiro, que iriam se cumprir as profecias que diziam que Jerusalém seria destruída por causa dos pecados do povo, profecias ditas há séculos pelos homens que haviam sido levantados por Deus para tal mister.

– Hoje em dia não é diferente. A Igreja apresenta-se como um sinal para o mundo, lembrando as profecias que dizem a respeito da volta de Cristo, da apostasia espiritual e da iminência do juízo divino na Grande Tribulação. Jerusalém continua sendo um sinal para todos os povos, pois Israel é a propriedade peculiar de Deus dentre os povos.

– Israel ressurgiu como Estado entre as nações a partir de 1948, os judeus estão se repatriando cada vez mais. Já há indícios veementes da reconstrução do templo, o Senhor tem poupado a nação judia de sua destruição em situações evidentemente milagrosas. O Evangelho tem sido proclamado e o poder de Deus demonstrado através dos Seus servos, mas, a exemplo do que ocorreu com os compatriotas de Ezequiel, que o Senhor chama de “casa rebelde”, a imensa e esmagadora maioria das pessoas permanece indiferente a todos os avisos divinos e prossegue sua vida de rebelião contra o Senhor.

– Mas não bastou este sinal determinado por Deus para que o profeta descrevesse o cerco de Jerusalém. O Senhor, também, mandou que Ezequiel tomasse uma faca afiada e cortasse seus cabelos e sua barba, outras “marcas registradas” de sua condição sacerdotal.

– Ezequiel deveria rapar seus cabelos e sua barba e, depois, colocar seus pelos numa balança e dividir em três partes os fios, sendo quem uma terça parte deveria ser queimada no fogo quando fossem cumpridos os dias do cerco; uma terça parte, deveria ser ferida com uma espada ao redor dela e a outra terça parte espalhada ao vento (Ez.5:1,2).

– Mais uma vez, ficamos a imaginar a reação dos judaítas cativos ao verem o profeta, sacerdote que era, arrancando seus cabelos e barba, pesando seus pelos e depois, fazendo uma espada passar por uma parte, e espalhar outra parte ao vento, guardando o restante (que só viria a ser queimado quando se tivesse a notícia da destruição de Jerusalém).

– Não havia dúvida de que Ezequiel ficara maluco! Deveria, ainda, o profeta pegar um pequeno número de seus fios de cabelo e barba e atá-los nas bordas de suas vestes, queimando outros poucos (Ez.5:3).

– Como Deus não é Deus de confusão, porém, após este gesto tão estranho, o Senhor abriu a boca do profeta e trouxe uma mensagem ao povo, explicando o que era aquilo.

Nesta mensagem, o Senhor denunciava a impiedade de Jerusalém, porque haviam rejeitado os juízos divinos e não andado em Seus preceitos. Por causa disso, o Senhor iria executar Seus juízos e espalhar o povo judaíta entre as nações, porque eles haviam profanado o santuário com todas as coisas detestáveis e com abominações (Ez.5:5-7).

– O Senhor, então, revela aos cativos que estavam junto ao rio Quebar que uma terça parte dos judaítas que haviam permanecido em Jerusalém iria morrer de fome e outra terça parte, de peste e só um terço seria mantido vivo, para viver espalhado entre as nações. Eles sofreriam a ira divina por causa de sua impenitência.

– Vemos aqui que, mesmo em momento do juízo, o Senhor revela não só a Sua misericórdia, como a Sua imutabilidade.

A nação de Israel não desapareceria totalmente, uma terça parte seria mantida, ainda que espalhada entre as outras gentes, precisamente porque havia um compromisso divino de fazer de Israel a Sua propriedade peculiar dentre todos os povos.

– Isto mostra claramente que não podemos confundir o destino nacional de Israel com o destino de cada um dos israelitas. Deus tem um compromisso com Israel, de torná-lo Seu reino sacerdotal e povo santo, compromisso que tem de se cumprir, pois Deus não muda Seus propósitos e o Seu querer é prevalecente, mas isto não significa que alguém, por ser israelita, está dispensado de cumprir a Palavra do Senhor.

– Israel sofreria as consequências de seu pecado, seria alvo dos juízos com ira e furor do Senhor, seriam receptáculo de furiosos castigos, até para que as nações percebessem a soberania do Deus de Israel. Seu opróbrio e infâmia serviriam de instrução e espanto às outras nações (Ez.5:13-15).

– Não será diferente com os que apostatarem da Igreja, o novo povo de Deus. Nós também temos compromisso divino de sermos Seu sacerdócio real e nação santa (I Pe.2:9), mas aqueles que não perseverarem, que se desviarem dos caminhos santos do Senhor, também sofrerão a ira divina, como vemos o próprio Senhor Jesus anunciar para a igreja de Laodiceia, que é, precisamente, o símbolo destes que serão castigados por sua impenitência (Ap.3:15-19).

– Vivemos um tempo em que muitos estão a negligenciar a ira divina. Não são poucos os que procuram exaltar a misericórdia de Deus, esquecendo-se, porém, que mister se faz que vivamos em obediência ao Senhor, que não há qualquer complacência da parte do Criador com o pecado e a impenitência.

Temos de nos arrepender dos nossos pecados, confessá-los e deixá-los para que alcancemos misericórdia (Pv.28:13). Inexiste este discurso de misericórdia e compreensão divina para quem continua a pecar. Lembremos disto, amados irmãos!

– Em seguida, o Senhor dá ao profeta uma mensagem contra os montes de Israel, que haviam se tornado o lugar predileto para que os israelitas praticassem a idolatria, pois era principalmente nos montes que eram edificados altares e oferecidos sacrifícios aos diversos deuses que os israelitas passaram a cultuar, em evidente desobediência ao primeiro mandamento dito por Deus do monte Sinai (“não terás outros deuses diante de Mim” – Ex.20:3; Dt.5:7).

– O Senhor anuncia que iria destruir todos os altares que havia naqueles montes. É bom lembrarmos que Josias, o último rei fiel de Judá, havia destruído todos os altares da terra de Israel, tanto do reino do norte quanto do reino do sul (II Cr.34:3-8).

Elucidativo que os quarenta anos de maldades de Judá coincidem com o término desta ação de Josias, numa clara demonstração de que os judaítas voltaram a praticar a idolatria depois da reforma deste rei, mostrando toda a sua impenitência e como não haviam se desviado dos caminhos tortuosos de Manassés, avô de Josias, e que causara, com sua atitude, a decisão divina de retirar o povo de Canaã (Jr.15:4).

– O Senhor Deus mostrava, logo na primeira mensagem do profeta, a origem do problema, o motivo da manifestação da Sua ira. Os altares seriam assolados, as imagens do sol, quebradas e derribados os traspassados diante dos ídolos. Os cadáveres dos filhos de Israel seriam postos diante dos seus ídolos e os ossos deles em redor dos seus altares (Ez.6:3-5).

– Tendo em vista a impenitência do povo, que não havia atendido aos profetas mandados ao longo da história (II Rs.17:13-20), o Senhor iria destruir as cidades e dar fim à vida de dois terços dos israelitas para que o mal por eles praticado cessasse (Ez.6:6,7).

– Deus agiria deste modo única e exclusivamente porque era mister que se fizesse justiça e que cessasse a prática da maldade. Um Deus santo e justo não pode permitir que, indefinidamente, a maldade seja praticada e a desobediência permaneça. Deus só traz males em reação à maldade do próprio homem. Lembremos sempre disto, amados irmãos!

– Mas como prova de que Deus ama os pecadores, ama a todos os homens, ele não exterminaria a nação por completo.

Deixaria um resto, que seria espalhado pelas terras, para que pudessem eles se lembrar do Senhor quando fossem levados ao cativeiro, a fim de que pudessem ter a oportunidade de se arrepender, de terem nojo de si mesmos por causa das maldades que fizeram em todas as suas abominações (Ez.6:8,9).

– Deus sempre convida para o arrependimento e o arrependimento significa mudança de mentalidade, mudança de atitude. É necessário que tenhamos nojo do pecado, que reconheçamos que a prática pecaminosa é abominável a Deus e que, deste modo, não mais cometamos tais atos, aí, sim, a misericórdia do Senhor nos atingirá e seremos perdoados.

– Para que possamos desfrutar da misericórdia do Senhor, que está sempre disponível, pois se renova a cada manhã e é a causa de não sermos consumidos (Lm.3:22,23), é preciso que nos conservemos a nós mesmos no amor de Deus, apiedando-se de alguns que estão duvidosos, salvando alguns, arrebatando-os do fogo e aborrecendo até a roupa manchada da carne (Jd.21-23).

– O Senhor, então, manda que o profeta batesse com a mão e com o pé e dissesse: “Ah! Por todas as abominações das maldades da casa de Israel! Porque cairão à espada, de fome e de peste. O que estiver longe morrerá de peste; e o que está perto cairá à espada e o que ficar de resto e cercado morrerá de fome, e cumprirei o Meu furor contra eles. Então, sabereis que Eu sou o Senhor…” (Ez.6:11-13).

– Deus deixava bem claro que agiria com ira e furor por causa da impenitência do povo. Deus não muda (Ml.3:6) e agirá de igual forma com a Igreja, com os que se dizem cristãos. Estamos, também, como nos dias de Ezequiel, na iminência do juízo, juízo que alcançará a todos os impenitentes, estejam eles longe ou perto.

– Temos, a exemplo dos judaítas dos dias de Ezequiel, deixado Deus de lado e passado a adorar ídolos, a construir altares para falsas divindades? Estamos a imitar o mundo, como os israelitas estavam a imitar as nações que viviam em redor deles, copiando a edificação de altares e adotando as mesmas divindades daquelas nações?

– O Senhor Jesus, ao Se dirigir à igreja de Laodiceia, que simboliza os que apostatam da fé e não serão arrebatados, diz que estava do lado de fora da igreja, tanto que estava à porta e batia querendo entrar (Ap.3:20).

Era exatamente isto que ocorrera em Judá: o Senhor fora retirado da vida do povo, que O abandonara, a ponto de que a própria glória de Deus seria removida do templo, como veremos em lição futura.

– É necessário que estejamos em comunhão com o Senhor, que com Ele ceemos, que com Ele comamos e bebamos. A refeição é símbolo e figura de comunhão na Bíblia Sagrada e era isto que faltava ao povo judaíta nos dias de Ezequiel. Desprezavam o Senhor e o Senhor teria de mostrar, de um modo extremamente duro, a Sua soberania e o Seu senhorio sobre aquele povo.

– O local onde, anteriormente, os israelitas ofereciam suave perfume a todos os seus ídolos seria onde estariam os seus traspassados no meio dos seus ídolos em redor dos seus altares, em todo o outeiro alto e debaixo de toda árvore verde (Ez.6:13).

Onde haviam se iludido com os prazeres dos cultos idólatras, sofreriam as penas e as dores do castigo divino. Vejamos isto, amados irmãos, para não nos deixarmos seduzir pelas temporárias e fugazes benesses oferecidas pelo pecado e, depois, termos de enfrentar o tormento eterno no lago de fogo e enxofre (Mt.25:41,46). Que Deus nos guarde!

– A exemplo do que ocorrera com os egípcios, que tiveram de aprender quem era o Senhor Deus de Israel com as pragas e os juízos sobre eles lançados, que levaram à própria ruína do país (Ex.10:7), os judaítas teriam de ver a terra assolada e a nação, destruída para que entendessem que o Senhor é Deus. Que não sejamos duros de coração a ponto de somente reconhecermos que o Senhor é quando não pudermos mais ser salvos. Que Deus nos guarde!

III – A SEGUNDA MENSAGEM PROFÉTICA DE EZEQUIEL

– Em seguida, o Senhor dá uma outra mensagem ao profeta. Não sabemos quanto tempo depois, mas o fato é que Deus abre uma vez mais a boca do profeta para que ele anunciasse o fim sobre os quatro cantos da terra.

– “Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da Terra” (Ez.7:1), começou a clamar o profeta Ezequiel, por ordem do Senhor, que fez questão de dizer que a mensagem dizia respeito a terra de Israel.

– A mensagem do profeta contrastava com as mensagens dos falsos profetas de seus dias que, ao revés, clamavam “paz, paz” (Jr.6:14; 8:11; 23:16,17).

Não é diferente em nossos dias. Muitos estão a dizer que estamos em paz, que vivemos um tempo de progresso e de abundância, que se está no ápice da civilização, quando, na verdade, estamos vivendo o início do tempo do fim, o “princípio das dores” (Mt.24:8).

– Não são poucos os que acusam os que isto dizem, em nossos dias, de serem “teóricos da conspiração”, de serem “fanáticos”, mas é simplesmente o que dizem as Escrituras a respeito do tempo em que estamos vivendo, algo que, aliás, a pandemia do COVID-19 veio reavivar nas mentes de muitos que estavam por demais distraídos.

– Deus já anunciara que viriam sobre os judaítas todos os castigos já previamente previstos na lei de Moisés pela impenitência.

O próprio rei Josias foi alertado a respeito disto pela profetisa Hulda (II Rs.22:14-17; II Cr.34:22-25) e o rei prontamente convocou todo o povo para lhes fazer saber disto.

– Entretanto, o povo não creu na palavra vinda da parte de Deus e preferia acreditar nas falsas profecias daqueles que desmentiam o que era dito pelos profetas verdadeiros. Mesmo entre os que estavam cativos na Babilônia, onde estava Ezequiel, havia aqueles que mentiam, dizendo que brevemente o povo retornaria para Jerusalém (Jr.29:21)

– Hoje não é diferente e são muitos os que desprezam as palavras daqueles que mostram que estamos na iminência da Grande Tribulação. Entretanto, não sigamos os passos dos judaítas, mas creiamos na Palavra de Deus e estejamos preparados para o arrebatamento da Igreja.

– “Agora vem o fim sobre ti, porque enviarei sobre ti a Mina ira e te julgarei conforme os teus caminhos, e trarei sobre ti as tuas abominações. E não te poupará o Meu olho, nem terei piedade de ti, mas porei sobre ti os teus caminhos e as tuas abominações estarão no meio de ti, e sabereis que Eu sou o Senhor” (Ez.7:3,4).

– Vemos que esta segunda mensagem do profeta repetia a primeira. O Senhor anunciava o tempo da Sua ira sobre o povo e a ira de Deus nada mais é que a justa retribuição da maldade praticada.

Deus é bom, toda a boa dádiva vem d’Ele (Tg.1:17) e os males trazidos pelo Senhor nada mais são que a devolução da maldade praticada pelo próprio homem. Por isso, nunca devemos nos impressionar com os falsos argumentos daqueles que dizem não crer no Deus da Bíblia por ser Ele “cruel”, “mau” etc. Deus é bom, aliás, só Ele é bom

(Mt.19:17; Mc.10:18; Lc.18:19) e os castigos nada mais são que a resposta justa dos males cometidos pelos homens, que são maus (Mt.7:11).

– Por ser longânimo (Ex.34:6; Nm.14:18; Sl.103:8; II Pe.3:9), o Senhor dá tempo para que o homem se arrependa antes de lançar a Sua ira. Entretanto, o povo de Judá não tinha aproveitado a oportunidade, continuava a pecar e, por isso, sofreria o juízo.

– A expressão do profeta era de que chegara o dia do mal, o dia do castigo, o dia da ruína dos impenitentes (Ez.7:5-13). Embora o profeta estivesse se referindo ao juízo que era iminente sobre Judá, temos aqui um proceder de Deus que acompanha toda a história da humanidade. A mensagem de Ezequiel é aplicável a todos os tempos, inclusive em nossos dias, não nos esqueçamos disto!

– Quando chega a ira divina, não há quem possa escapar das mãos do Senhor e horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb.10:31).

Deus havia levantado profetas, convidado o povo a se arrepender, mas eles não creram, não deram ouvidos, agora só restava a eles a espada, fora, e, dentro, a peste e a fome (Ez.7:15). Mesmo os que iriam escapar, seriam como pombas dos vales, que iriam gemendo pelos montes, por causa da sua maldade (Ez.7:16).

– Quando vem a ira divina, nada pode fazer escapar do castigo do Senhor. Não adiantarão manifestações tardias de arrependimento (Ez.7:17,18), muito menos as riquezas materiais conseguirão livrar os impenitentes (Ez.7:19).

Até mesmo o templo, que era o símbolo da presença de Deus no meio do povo, seria profanado, sem qualquer resistência da parte do Senhor (Ez.7:20-22).

– Os judaítas perderiam a sua terra, viria a destruição e não haveria mais paz. Buscando a paz, somente achariam a miséria e o Senhor Se apartaria deles, tanto que buscariam uma visão junto aos profetas, e nada encontrariam; o sacerdote, também, nada poderia fazer e a lei pereceria e, por fim, não viria conselho algum da parte dos anciãos, da liderança.

– O rei apenas iria se lamentar e o príncipe, vestir-se de amargura e as mãos do povo da terra se molestariam, conforme o caminho que o Senhor lhes faria e com os seus juízos os julgaria, tudo para saberem que Deus é o Senhor (Ez.7:26,27).

– O quadro da ira divina apresentado pelo profeta precisa ser bem entendido por todos nós. É uma circunstância onde não há escape, onde Deus Se ausenta e, deste modo, toda benignidade, toda misericórdia, toda clemência e complacência desaparecem.

– Neste quadro, há apenas castigo, males, gemidos, destruição. Não há orientação, não há direção, não há qualquer ajuda ou auxílio de quem quer que seja.

– Por isso, amados irmãos, não nos deixemos iludir por aqueles que, diante da circunstância de que haverá salvação na Grande Tribulação, minimizam este período e até defendem, com veemência, uma até tranquila salvação.

– A Grande Tribulação é período da manifestação da ira divina e, como visto na mensagem profética de Ezequiel ora em análise, em períodos quetais não há a menor manifestação da misericórdia divina, da benignidade do Senhor. Tudo contribui para o mal, tudo é feito para castigo, ruína, destruição e sofrimento.

– Se isto se deu no período da destruição de Jerusalém e do templo, como não se dará na Grande Tribulação, que as Escrituras dizem que será o período mais terrível da história da humanidade (Cf. Dn.12:1)? Tomemos cuidado, amados irmãos.

– Mas o Senhor não estaria sendo particularmente duro com os judaítas? Para que Ezequiel e os ouvintes de sua mensagem não tivessem qualquer dúvida, o Senhor mostraria ao profeta o que estavam a fazer os judaítas na própria casa de Deus, para demonstrar que se estava tendo uma justa retribuição às maldades cometidas. É o que veremos na próxima lição.

 

Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/8204-licao-2-vem-o-fim-i

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