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LIÇÃO Nº 11 – OS GIGANTES DA FÉ E O SEU LEGADO PARA A IGREJA   

Os heróis da fé são exemplos que devemos imitar.

 INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo da Carta aos Hebreus, analisaremos o capítulo 11.

 – Os heróis da fé são exemplos que devemos imitar.

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I – O QUE É FÉ

– Na sequência do estudo da Carta aos Hebreus, analisaremos o capítulo 11, conhecido como “a galeria dos heróis da fé”.

 – Como vimos na lição anterior, após repetir o grande perigo da apostasia espiritual, o autor aos Hebreus estimula os crentes judeus a manterem a mesma conduta que tinham tido até ali, suportando as perseguições e aflições, como também demonstrando seu amor fraternal para com os irmãos, lembrando-lhes de que é necessário manter a confiança em Deus até porque o justo viverá da fé.

OBS: “…Quem quer que faça desta sentença apenas o início do capítulo onze, terá equivocadamente quebrado a sequência do contexto.

O propósito do apóstolo é buscar reforço para sua discussão anterior sobre a necessidade de se cultivar a paciência.1 Ele já citou o testemunho de Habacuque, dizendo que o justo viverá por sua fé.

Agora mostra o que faltava, isto é: que a fé não pode separar-se da paciência, da mesma forma que não pode separar-se de si própria.

Eis a sequência de suas ponderações: jamais alcançaremos a meta da salvação, a menos que estejamos munidos de paciência.

O profeta declara que o justo viverá por sua fé, porém a fé nos impele para as coisas distantes que ainda não alcançamos; portanto, é necessário que a fé inclua a paciência.

A proposição menor no silogismo é: “A fé é a substância”, etc. Disso se faz evidente que estão muito equivocados aqueles que creem que aqui se oferece uma definição exata de fé.

O apóstolo não está discutindo a natureza da fé como um todo, senão que seleciona aquela parte que se encaixa ao seu propósito, a saber: que a paciência está sempre relacionada com a fé.…” (CALVINO, João. Comentário de Hebreus. Trad. de Válter Graciano Martins, p.283).

– Esta afirmação do autor aos Hebreus não era gratuita. Havia o entendimento, como ainda hoje há, entre os doutores da lei, os mestres judeus de que a expressão do profeta Habacuque, a única vez em que aparece a palavra “fé” no Antigo Testamento, era como que uma síntese de todos os mandamentos.

Tal pensamento, aliás, seria reproduzido no segundo livro sagrado o judaísmo,  o Talmude, que foi a redução por escrito da chamada “lei oral”, aquilo que os Evangelhos denominam de “tradição dos anciãos” (Mt.15:2).  

– Com efeito, assim está escrito no Talmude: “…“…Rabi Simlai explicava: Seiscentos e treze mandamentos foram ditos a Moisés. Trezentas e sessenta proibições de acordo com os dias do ano solar.

 E duzentos e quarenta e oito mandamentos positivos de acordo com os membros de uma pessoa. Rav Hamnuya disse:  qual é o significado do versículo (Dt.33:4):”Moisés nos ordenou uma lei (“Torah”) como herança? “Torah” tem o valor numérico  de seiscentos e onze.

“Eu sou…” e “Não terás…” foram diretamente do Todo Poderoso. Davi veio e os estabeleceu em onze, como está escrito (Sl.15:1): “Um Salmo de Davi.

Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?  O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade;

o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao Senhor;

o que jura com dano próprio e não se retrata; o que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado.”(…) Isaías veio e os estabeleceu em seis, como está escrito (Is.33:15): “O que anda em justiça e

fala o que é reto; o que despreza o ganho de opressão; o que, com um gesto de mãos, recusa aceitar suborno; o que tapa os ouvidos, para não ouvir falar de homicídios, e fecha os olhos, para não ver o mal”(…) Miqueias veio e os estabeleceu em três, como está escrito (Mq.6:8):

Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?”

(…) Isaías retornou e os estabeleceu em dois (Is.56:1); “Assim diz o Senhor: Mantende o juízo e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, prestes a manifestar-se.”

Amós veio e o estabeleceu em apenas um (Am.5:4): “Pois assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivei.” Rav Nachmann bar Yatshak desafiou isto: talvez isto signifique buscar a Torá inteira? Em vez disso, Habacuque veio e o estabeleceu em apenas um, dizendo:”O justo pela sua fé viverá”…” Disponível em: http://www.sefaria.org/Makkot.24a.29?lang=bi&with=all&lang2=en Acesso em 15 abr. 2017. (tradução nossa de texto em inglês).…”

– Nota-se, portanto, que é a fé o elemento que permite que a lei seja cumprida, residindo neste ponto a confluência entre a lei e o Evangelho, a nos mostrar que Deus não muda, que a Sua Palavra é sempre a mesma e que somente pela fé n’Ele e em Sua Palavra poderemos obter a salvação.   

– Esta linha de pensamento do autor aos hebreus, demonstrando que a fé é absolutamente necessária para que se possa alcançar a salvação nos faz rememorar toda a elaboração da epístola aos romanos, que está lastreada precisamente nesta afirmação do profeta Habacuque (Rm.1:16,17), em mais um indicador de que se o autor da epístola não é Paulo, suas ideias são as norteadoras de todo este tratado.  

– O autor aos hebreus anima os crentes judeus a permanecerem na fé que tinham demonstrado até aquele ponto, dizendo que o Senhor não tem prazer naquele que recua, de modo que os destinatários da carta deveriam crer para a conservação da alma (Hb.10:38,39).

 – É precisamente neste ponto que o autor aos hebreus vai, então, dizer o que é a fé e como ela estava presente na vida de muitos servos de Deus que viveram sob a antiga aliança, para mostrar aos crentes judeus que, se eles recuassem, se abandonassem a Cristo Jesus,

não seriam sequer “bons judeus”, pois os homens justos elencados nas Escrituras hebraicas tinham tido um comportamento de fé e só por isso haviam sido alcançados pela salvação, salvação, consigne-se, que se deu pela fé e não pela observância da lei.  

– Começa o autor definindo o que é fé. Para ele, fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem (Hb.11:1).

Os crentes judeus estavam se deixando levar pelo que estavam a ver, o difícil quadro sócio-econômico-político-religioso que passava a Israel, na iminência de uma guerra contra os romanos, uma circunstância de aflição e de discriminação tanto por judeus quanto por romanos e isto os fazia pensar em retornar às práticas judaicas, para que fossem aceitos e incluídos na sociedade judaica.

No entanto, o autor aos hebreus deixa claro que viver pela fé nada mais é que crer naquilo que se espera e já ter como comprovado aquilo que não se vê. OBS: “…A definição que se coloca é completa, mas absurda.

Deve-se saber que quem quer dar a qualquer virtude uma definição completa deve tocar o assunto dessa virtude e seu próprio fim, porque o hábito é conhecido pelo ato e o ato pelo objeto. Portanto, é necessário que você toque o ato para o objeto e o fim.

Assim como, para dar um exemplo, quem quer definir a fortaleza tem que tocar o material de que se trata, é conveniente conhecer o medo e a audácia, e o fim, isto é, o bem da república, para que possa ser dito essa fortaleza é a virtude que anda de mãos dadas, para o bem da república.

Assim, tendo fé, virtude teológica, o mesmo alvo por objeto e propósito, a saber, Deus, coloca primeiro e acima de tudo a ordem e o fim, e no segundo, o assunto apropriado.

Mas saber que o ato de fé consiste em acreditar, que é um ato de entendimento determinado a uma coisa, por ordem imperativa da vontade, já que acreditar, de acordo com Santo Agostinho, é pensar em algo a que se dá o consentimento; portanto, é necessário que haja correspondência entre o objeto da fé e o fim da vontade.

Agora, o objeto da fé é a primeira verdade, na qual o fim da vontade consiste, ou seja, a bem-aventurança, que, de uma maneira diferente, aparece no caminho e na pátria, porque o caminho não é visto, mas apenas esperado (Rm,8), porque, como diz São Agostinho, o mesmo é ter que ver.

Então a primeira verdade não vista, mas esperada, está no caminho do fim da vontade e, portanto, do objeto da fé, porque eles têm o mesmo objetivo por objeto e propósito.

Mas o objetivo final da fé, que buscamos através da fé, na pátria, é a bem-aventurança, que consiste na visão da face descoberta, de Deus (Jo.17:20).

Tal é a esperança dos fiéis (I Pe.1). Portanto, o fim da fé no caminho é a realização desse fato esperado, a saber, a bem-aventurança eterna; É por isso que ele diz:

“das coisas que se esperam” Mas pergunte-se aqui, por que, sendo anterior à esperança, define-se a fé por ela, porque o posterior deve ser definido pelo anterior e não o contrário?

Eu respondo que, por causa do que foi dito, a objeção já foi resolvida, porque um é o objeto e o fim da fé.

Sendo, então, a conquista da coisa esperada é seu fim, também é necessário que seja seu objeto. Foi dito, além disso, que cada hábito deveria ser definido por ordem dos atos ao objeto.

Agora, o verdadeiro e o bom, embora considerados em si mesmos, assumem-se mutuamente; ainda assim, uma vez que eles diferem por motivo, o relacionamento ou o respeito de um com o outro leva a um caminho diferente, porque o verdadeiro é um certo bem, e o bem é uma coisa verdadeira..…” (AQUINO, Tomás de. Comentário da Epístola aos Hebreus. Trad. de J.L.M. n.41. Cit. Hb.11:1-12. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 01 dez. 2017) (tradução Google adaptada por nós de texto em espanhol).

– O apóstolo Paulo já dissera aos coríntios que devemos andar por fé e não por vista (II Co.5:7) e esta deve ser a conduta de quem segue a Cristo Jesus.

O próprio Senhor, ao repreender Tomé, que somente creu na ressurreição depois de ter visto o Cristo ressurreto, foi claro ao afirmar que são bem-aventurados aqueles que não viram mas creram (Jo.20:29).

 – A fé é a confiança naquilo que foi prometido pelo Senhor, é o fundamento que nos permite agir de acordo com a promessa e não com aquilo que está presente.

Diante da promessa divina, passamos a aguardar o seu cumprimento, a esperar a sua realização, agindo como se o que esperamos já tivesse ocorrido, não titubeando em nortear as nossas ações e decisões com aquilo que está prometido.

É entregar o nosso caminho ao Senhor, sabendo que, a Seu tempo, Ele tudo fará (Sl.37:5).

 – “…Uma definição ou descrição da graça da fé em duas partes: 1. “…é o firme fundamento das coisas que se esperam”.

A fé e a esperança andam juntas; e as mesmas coisas que são o objeto da nossa esperança são o objeto da nossa fé.

E uma firme persuasão e expectativa de que Deus vai realizar tudo que Ele nos prometeu em Cristo; e essa persuasão é tão forte que dá à alma um tipo de posse e gozo presente daquelas coisas, uma subsistência na alma, por meio dos primeiros frutos e do antegosto delas; assim que os crentes no exercício da fé são preenchidos “…com gozo inefável e glorioso” (1 Pe 1.8).

Cristo habita na alma por fé, e a alma é preenchida com a plenitude de Deus, na proporção em que permitir a sua presente medida; ele experimenta uma realidade substancial nos objetos da fé.…” (HENRY, Matthew. Comentário bíblico – Novo Testamento – Atos a Apocalipse. . Trad. de Luís Aron et alii, pp.798-9)

 – Mas a fé é também a prova das coisas que não se veem. Quem tem fé não precisa ficar pedindo provas a Deus, pois a fé já é esta prova. Não vemos aquilo que foi prometido, não enxergamos nem uma luz no fim do túnel, mas cremos que o que Deus falou irá ocorrer, acontecerá, ainda que tudo pareça improvável ou, mesmo, impossível. Usamos os “olhos da fé” e já vemos aquilo que ainda nos é invisível mas que, pela fé, sabemos que se tornará real.

 – Quando cremos em Cristo Jesus, passamos a ter uma visão espiritual. Paulo diz que o homem, no estado pecaminoso, é cego espiritual e que somente passa a enxergar quando iluminado pela luz do evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4).

Assim, pela fé, já podemos vislumbrar o que, naturalmente, ainda não divisamos.

 – “…É “…a prova das coisas que se não veem”. A fé demonstra ao olho da mente a realidade das coisas que não podem ser discernidas pelo olho natural.

A fé é o firme consentimento da alma à revelação divina e a cada parte dela, e acrescenta o seu selo de que Deus é verdadeiro.

É a completa aprovação de que tudo que Deus revelou é santo, justo e bom; ajuda a alma a fazer a aplicação de tudo a si mesmo com sentimentos e esforços adequados; e assim está designada para servir o crente no lugar da visão, e ser para a alma tudo que os sentidos são para o corpo.

é apenas opinião ou fantasia aquela fé que não concretiza coisas invisíveis para a alma, que não estimula a alma a agir de acordo com a natureza e a importância delas.…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.799).

 – “…A fé é um hábito da mente, através da qual nos é dada em princípio a vida eterna, o que faz o entendimento dar o seu consentimento ao que não é visto; pois, onde temos um argumento, outro texto tem convicção, porque, pela autoridade divina, o intelecto está convencido a dar o seu consentimento às coisas que não vê.…” (AQUINO, Tomás de. ibid.).

 – “…Essas duas coisas aparentemente se contradizem, no entanto, estão em perfeita harmonia, quando nossa preocupação é a fé. O Espírito de Deus nos mostra as coisas ocultas, cujo conhecimento não pode atingir nossos sentidos.

A vida eterna nos é prometida; todavia, ela é prometida aos mortos. Somos informados sobre a ressurreição dos bem-aventurados; mas, entrementes, vivemos envolvidos em corrupção. Somos informados de que somos justos; todavia, o pecado habita em nós.

Ouvimos que somos bem-aventurados; mas, entrementes, somos subjugados por inaudita miséria.

 É-nos prometida abundância de tudo o que é bom; mas na maior parte de nossa vida enfrentamos fome e sede. Deus proclama que nos virá buscar imediatamente; mas parece ser surdo ao nosso clamor.

O que seria de nós, se não fôssemos sustentados por nossa esperança? E quanto de nossos pensamentos não emergem acima da escuridão e pairam acima do mundo, sustentados pela luz da Palavra de Deus e de seu Espírito?

Portanto, a fé é com justa razão chamada a substância das coisas que são ainda objetos de esperança e a evidência das coisas ainda ocultas.…” (CALVINO, João. op.cit., pp.284-5).

– “…’Onde quer que exista fé viva, ela necessariamente deve ser acompanhada pela esperança da salvação eterna como doação divina mediante esta fé, pois se não tivermos esta esperança, por mais eloquentemente que discorramos sobre a fé, fica evidente que não temos fé nenhuma…’

Há pessoas que são escolhidas para honrarem a fé, enquanto outras são determinadas por Deus para que a fé os honre. Em outras palavras: uns morrem na fé, e outros morrem pela fé.

Não pode haver bom fundamento sem o alicerce da fé, visto ser ela aqui apresentada como sendo ‘o fundamento principal’ da nossa salvação (Ef 2.8,9).…” (SILVA, Severino Pedro da. Hebreus: as coisas grande e novas que Deus preparou para você, p.210).

 OBS: “…A fé é certa, mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda na própria Palavra de Deus, que não pode mentir.

Sem dúvida, as verdades reveladas podem parecer obscuras à razão e à experiência humanas, mas “a certeza dada pela luz divina é maior que a que é dada pela luz da razão natural.

 “Dez mil dificuldades não fazem uma única dúvida.” (§ 157 do Catecismo da Igreja Católica).

 II – O TESTEMUNHO DOS ANTIGOS

 – Depois de ter definido o que é fé, o autor aos hebreus faz questão de dizer que foi pela fé que os antigos alcançaram testemunho (Hb.11:2).

“…As Escrituras estão permeadas de diversos acontecimentos que foram promovidos pela fé. Deus operou de várias maneiras, com o objetivo de honrar a fé dos seus servos que n’Ele depositaram a sua confiança.

Alguns destes milagres operados em resposta a necessidades prementes, se visualizados dentro da lógica humana, seriam tidos como impossíveis.

Mas sabemos que para Deus nada é impossível, pois Ele opera quando quer e pode ultrapassar qualquer possibilidade daquilo que é impossível. ‘Porque para Deus nada é impossível’ (Lc.1:37).

Aqui, portanto, cabe a frase que se delineia para o campo da fé quando esta opera milagres: ‘o milagre não se explica, se aceita’. E o testemunho da fé somente pode ser alcançado por meio da fé, porque sem fé é impossível que tal testemunho seja consolidado.…”(SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.210).

 – O autor vai fazer menção de várias personagens bíblicas que eram muito respeitadas entre os judeus, até por conta de suas biografias nas Escrituras, mas a sua menção será, precisamente, para reforçar aos crentes judeus que eles alcançaram o testemunho que alcançaram única e exclusivamente porque agiram pela fé, ou seja, somente se pode agradar a Deus se se agir pela fé e o abandono da fé em Cristo pretendido por alguns crentes judeus decididamente seria um ato que muito desagradaria ao Senhor.

Assim, os próprios “heróis” dos judeus seriam testemunhas contra aqueles cristãos se eles apostatassem da fé.

 – Começa o autor dizendo que somente pela fé podemos compreender a criação de todas as coisas.

As Escrituras iniciam pelo relato da criação e tal narrativa somente pode ser apreendida pela fé, pois a criação se deu pela Palavra de Deus, algo que não pôde, logicamente, ser visto por pessoa alguma.

Ademais, tendo tudo sido criado pela Palavra de Deus, Deus que é invisível, tem-se que a origem de tudo está no invisível e não aquilo que se pode ver.

 – Esta afirmação do autor aos hebreus é relevantíssima, visto que muitos que cristãos se dizem ser têm dificuldades, diante das teorias científicas, de crer no relato bíblico da criação, chegando mesmo a reduzi-lo a um mito ou a uma “verdade religiosa”, menosprezando, assim, o que se encontra escrito e que, sabemos todos, foi escrito por inspiração do Espírito Santo. 

 – Não há como se permitir uma conduta desta natureza para quem se diga servo do Senhor. O autor aos hebreus é bem claro ao dizer que somente podemos entender a criação pela fé e que esta fé é indispensável para que sejamos tidos como filhos de Deus.

A ciência busca mostrar “como” se deu a criação, algo que não é especificado no texto sagrado, mas não podemos, em absoluto, deixar de  crer que tudo foi criado pela Palavra de Deus, com exceção do homem, que foi formado pelo próprio Senhor. 

OBS: Daí, aliás, o acerto do item 2 do Cremos de nossa Declaração de Fé: “[Cremos] em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas distintas que, embora distintas, são iguais em poder, glória e majestade:

o Pai, o Filho e o Espírito Santo; Criador do Universo, de todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, e, de maneira especial, os seres humanos, por um ato sobrenatural e imediato, e não por um processo evolutivo (Dt.6:4; Mt.28:19; Mc.12:29; Gb.1:1; 2:7; Hb.11:3 e Ap.4:11).”

 – Para provar o que está a dizer, o escritor aos hebreus fará a menção de diversas personagens bíblicas, mostrando como eles tiveram a fé como instrumento para alcançarem o testemunho que têm nas Escrituras, tanto diante de Deus quanto dos homens.

 – Começa falando de Abel, que é o primeiro homem a ser explicitamente chamado de justo nas Escrituras (Mt.23:35; I Jo.3:12).

O autor aos hebreus mostra que o sacrifício de Abel foi aceito por Deus porque creu no Senhor, daí ter oferecido aquele sacrifício, o que foi retribuído pelo Senhor que, diante de tal justiça, não só deu testemunho dele diante de Caim, como também tal testemunho sobrepôs inclusive a morte, já que o sangue de Abel clamou por justiça.

 – Esta afirmação do escritor é muito elucidativa, pois nos mostra que a fé antecede o próprio sacrifício que foi agradável a Deus, como a mostrar aos crentes judeus que seria vão o retorno ao cerimonial da lei, uma vez que os sacrifícios que fossem oferecidos após o retorno ao judaísmo seriam abomináveis ao Senhor, visto que antecedidos de descrença e não de fé, ou seja, exatamente o contrário do que ocorreu com Abel.

 – Após mencionar Abel, o escritor vai falar de Enoque, o primeiro homem a ser considerado como profeta nas Escrituras (Jd.14).

O escritor diz que Enoque foi trasladado pela fé, porque alcançou testemunho de que agradara a Deus, e tal testemunho foi alcançado porque creu no Senhor, crendo que Ele existia e que era galardoador dos que O buscam.

 – Parece um tanto quanto enigmático tal entendimento do escritor, já que a Bíblia apenas diz que Enoque andou com Deus e Deus para Si o tomou.

 No entanto, é de se verificar que Enoque andou com Deus num instante em que toda a humanidade começava a se desvirtuar, pois se entende que foi a partir da geração do pai de Enoque, chamado “Jarede”, que significa “queda”, que se iniciou a mistura entre a linhagem de Sem e a linhagem de Caim, que acabou por representar a perversão de toda a geração antediluviana.

 – Como se isto fosse pouco, tem-se que Enoque deu ao seu filho o nome de “Metuselá”, cujo significado é “quando ele morrer, isso ocorrerá”, sendo elucidativo que, no ano da morte do filho de Enoque, ocorreu o dilúvio.

Ademais, a pregação de Enoque, segundo nos relata Judas, foi precisamente sobre o juízo divino, a mostrar, portanto, que Enoque creu naquilo que o Senhor lhe revelou e, por esta fé, passou a ter uma vida diferente da dos seus contemporâneos, andando com Deus, agradando-Lhe tanto que não provou a morte.

 – O escritor, então, passa a falar de Noé, bisneto de Enoque, o justo que sobreviveu ao dilúvio juntamente com sua família.

Seu salvamento se deveu pela fé, pois, tendo sido divinamente avisado de algo que não se via, qual seja, o dilúvio, algo que jamais ocorrera, até porque não chovia até então na Terra, preparou a arca conforme determinado pelo Senhor e, por isso mesmo, foi feito “herdeiro da justiça que é segundo a fé”.

 – Passa o autor, então, a falar de Abraão, Isaque e Jacó, os patriarcas dos judeus. Abraão creu no chamado divino, saindo de Ur dos caldeus sem saber para onde ia e, sendo identificada qual era a terra, nela habitou como peregrino, como em terra alheia, e isto é provado pelo fato de que jamais ergueu um edifício na terra que lhe foi prometida pelo Senhor, habitando sempre em tendas, no que foi seguido tanto por Isaque, quanto por Jacó.

 – Esta circunstância de Abraão não construir qualquer edifício na terra de Canaã, assim como os demais patriarcas, foi interpretado pelo escritor aos hebreus como uma demonstração de que os patriarcas criam que iriam morar não em Canaã, mas numa cidade cujo artífice e construtor é Deus, numa pátria celestial.

O escritor mostra, assim, aos crentes judeus que os patriarcas, depositários da promessa divina, estavam num patamar superior à lei mosaica, pois almejavam a pátria celeste, precisamente aquela que é oferecida e prometida pelo Senhor Jesus.

 – Sara, também, é apresentada como uma mulher de fé, pois recebeu a virtude de conceber, dando à luz fora da idade, porque teve por fiel aquele que lho tinha prometido.

Aqui o escritor aos hebreus mostra que a própria nação israelita era fruto do exercício da fé, de forma que os crentes judeus estariam a renegar a própria origem se abandonassem a fé em Cristo Jesus para voltar às práticas judaicas, pois o primeiro judeu e sua mulher somente se tornaram os patriarcas da nação por ter agido pela fé.

 – O escritor ainda faz questão de mostrar que os patriarcas morreram todos na fé sem terem visto o cumprimento das promessas, pois, como o próprio Senhor dissera a Abrão, a sua descendência somente iria para a Terra quatrocentos anos depois do nascimento do filho da promessa (Gn.15),

de tal modo que totalmente irrelevante que se veja, ou não, o cumprimento do que é prometido. É fundamental que se creia no que se prometeu e que se viva segundo esta confiança.

 – Ao assim dizer, o escritor aos hebreus mostra aos crentes judeus como era extremamente perigoso guiar-se pelo que se via, pelas circunstâncias.

A situação era difícil, aflitiva, mas era melhor continuar a suportar tudo, a confiar em Deus, mesmo que sobreviesse a morte sem que se alcançassem as promessas, pois foi assim que agiram os patriarcas, que somente eram patriarcas porque agiram desta maneira.

Ademais, não havia dúvida alguma de que tais patriarcas haviam alcançado a salvação, já que o próprio Senhor Jesus havia dito que eles estariam com os salvos nas bodas do Cordeiro (Mt.8:11; Lc.13:28).

 – Também temos de atentar para este mesmo exemplo mencionado pelo escritor. Os patriarcas morreram na fé, não alcançaram as promessas, mas nelas creram e, vendo-as de longe, abraçaram-nas, confessando que eram estrangeiros e peregrinos na Terra, como nós também devemos ser (Sl.119:19; I Pe.1:17).

– Nestes dias de apostasia espiritual em que vivemos, não é esta a conduta de muitos que cristãos se dizem ser.

Pelo contrário, há hoje um pensamento de que “não morrerei enquanto não se cumprirem as promessas de Deus em minha vida”, pensamento este totalmente desmentido pelo ensino que temos do autor aos hebreus.

Deus é fiel, cumpre as Suas promessas, mas não está condicionado à nossa vida. Os patriarcas receberam as promessas, creram nelas, mas não as alcançaram e, nem por isso, Deus deixou de cumpri-las.

 – Quando agimos deste modo, somos “peregrinos”, ou seja, “estrangeiros” e, desta maneira, temos como alvo, como objetivo, a pátria celestial, não nos prendemos às coisas deste mundo, pois temos plena consciência de que estamos aqui de passagem.

Como diz conhecido cântico: “Sou peregrino, sou estrangeiro, só uma noite, só uma noite moro aqui. Oh, não me impeças, quero seguir-te para a cidade maravilhosa. O mundo não tem o que procuro. Meu desejo é ir morar na cidade do meu Deus…”. Tem sido este o nosso desejo? Pensemos nisto!

 – Ainda falando sobre o patriarca Abraão, o escritor aos hebreus mostra que foi pela fé que Isaque foi oferecido, fato relevantíssimo no judaísmo, que rememora este episódio quando celebra a Páscoa, até o dia de hoje.

 – O autor aos hebreus mostra que Abraão agiu plenamente por fé ao oferecer Isaque em sacrifício, mesmo diante da promessa divina de que em Isaque se daria toda a descendência prometida.

Consoante o autor, a fé de Abraão era tanta que cria que, mesmo das cinzas, Deus poderia fazer Isaque retornar à vida, pois cria que em Isaque seria feita a sua descendência, a mostrar, portanto, que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem.

 – O autor, então, menciona o patriarca Isaque, dizendo que ele também agiu por fé quando abençoou os seus dois filhos, falando profeticamente. Neste particular, é importante observar que as falas de Isaque foram dadas contra a própria vontade íntima do patriarca, que preferia Esaú a Jacó.

 – Fala, então, o escritor de Jacó, fazendo como que uma comparação com o episódio de Isaque, para mostrar que Jacó, também agindo pela fé, acabou por abençoar os filhos de José numa lógica contrária à lógica humana, uma vez que profetizou que o mais novo, Efraim, suplantaria o mais velho, Manassés. 

– Fala, então, do próprio José, que demonstrou ter fé ao mandar que seus ossos fossem levados para Canaã quando o povo de lá saísse com destino à Terra Prometida, o que ocorreu apenas 144 anos depois.

José, aqui, demonstra seu total desprezo às coisas do mundo, pois não quis ser sepultado como governador no Egito, mas, antes, ter seus restos mortais levados para o local prometido pelo Senhor.

 – Este desprezo pelo Egito é explicitado pelo autor quando passa, então, a tratar de Moisés, o legislador, que é mostrado como uma personagem que viveu pela fé.

A ênfase dada a Moisés, somente sobrepujada pela ênfase dada a Abraão em a narrativa, é proposital: o autor quer mostrar que o próprio medianeiro da lei agiu pela fé, de modo que seria um enorme contrassenso querer-se seguir a lei sem a fé, já que o próprio legislador havia se guiado pela fé.

 – Ao falar de Moisés, o autor faz questão de mostrar que Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo antes ser maltratado com o povo de Deus do que, por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado, pois entendeu que o vitupério de Cristo é mais valioso que os tesouros do Egito, pois tinha em vista a recompensa.

 – De igual maneira, os crentes judeus não poderiam querer ter os “tesouros desta vida”, voltando a ter aceitação na sociedade judaica pela abjuração da fé em Cristo, deixando de levar em conta o “tesouro celestial”, para ter vantagens puramente mundanas.

Quantos, nos dias de hoje, não estão a trocar o vitupério de Cristo pelas riquezas do Egito? Que Deus nos guarde de assim agir!

 – Moisés continua a ser retratado. Teve fé ao retornar ao Egito e a enfrentar Faraó sem dele ter medo durante as pragas, ficando firme e “vendo o invisível”. 

OBS: “…Notemos particularmente no caso de Moisés como sua fé era sempre a “visão do invisível” — era o que ele percebia com Deus.

E vemos ainda que ele, por essa fé, recusou (24) as vantagens do mundo; escolheu (25) uma sorte aparentemente desprezível; deu valor (26) ao privilégio de sofrer com o povo de Deus; enxergou (27) aquilo que o olho natural não percebe; deixou a terra onde nascera e não temeu, mas ficou firme, como quem enxerga o invisível.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., pp.213-4).

 – Foi pela fé que o povo de Israel celebrou a Páscoa, porquanto apenas creu no que Deus mandou fazer, celebrando-a antes que o anjo viesse e ferisse os primogênitos do Egito, inclusive já pronto para a viagem, que só foi autorizada durante a madrugada, horas depois da celebração.

 – Foi pela fé foi que passaram o Mar Vermelho, porquanto o vento soprou durante toda a noite, mas o Senhor mandou que o povo marchasse, o que foi feito.

Tanto foi a fé que moveu Israel que os egípcios, embora tenham entrado no mar, acabaram morrendo ali afogados, vez que não agiram por fé, mas, sim, por vista.

 – Também foi pela fé que os muros de Jericó caíram, já que os israelitas tão somente creram no que Deus lhes mandou fazer, tendo rodeado por treze vezes a cidade em silêncio, tendo apenas gritado após a última das sete voltas dadas no sétimo dia. Agiram confiando em Deus e, por isso, os muros da cidade foram ao chão.

– Também foi pela fé que Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, mas, por ter acolhido em paz os espias, acabou sendo poupada da destruição de Jericó e vindo a fazer parte do povo de Israel, inclusive da própria tribo de Judá.

 – O escritor aos hebreus, então, faz apenas menção de outras personagens, como Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas, dizendo que todos eles, pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas,

fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos, as mulheres receberam a ressurreição dos seus mortos;

uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição;

outros experimentaram escárnios e açoites, até cadeias e prisões, foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada, andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados, errantes pelos desertos, montes, covas e cavernas da terra, não sendo o mundo digno deles.

 – O autor aos hebreus mostra aos crentes judeus que as pessoas que haviam vivido sob a lei também agiram por meio da fé e, por causa disso, tinham sofrido sobremodo, muitas vezes sendo até mortos por causa desta fé.

Criam em Deus e não alcançaram a promessa da salvação por meio de Cristo Jesus, mas sofreram por causa desta fé e, por isso mesmo, tinham alcançado testemunho de que haviam agradado ao Senhor.

 – Como, então, poderiam tais crentes judeus pensar em abandonar a fé em Cristo Jesus? Deveriam seguir o exemplo dos “heróis da fé”, dos profetas que os haviam antecedido, suportando tudo quanto estavam a passar e até a morrer, se necessário fosse, por sua fé em Jesus.

 – O Senhor Jesus já havia alertado sobre isto por mais de uma vez durante o Seu ministério terreno.

Com efeito, já no sermão das bem-aventuranças, introito do sermão do monte, dissera que Seus discípulos seriam perseguidos e injuriados assim como tinham sido os profetas (Mt.5:11,12), como também, nas Suas últimas instruções, dissera que os Seus seguidores seriam aborrecidos pelo mundo (Jo.15:19-25).

Não havia, pois, justificativa alguma para a ideia de apostasia da fé e retorno ao judaísmo.

 – Não era novidade para os crentes judeus o fato de serem alvo de perseguição por causa da sua fé.

O primeiro mártir, Estêvão, ele mesmo um exemplo desta realidade, dissera que os israelitas haviam perseguido a todos os profetas, inclusive o último deles, João Batista (At.7:52) e o próprio Senhor Jesus, chorando, constatara a triste e dura realidade de que Jerusalém era a apedrejadora e assassina de profetas (Mt.23:37; Lc.13:34).

 – Estes “heróis da fé” deixaram um legado para a Igreja, Igreja que, tendo Cristo como principal fundamento (I Co.3:11), é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas (Ef.2:20).

Tais profetas deixam-nos seu exemplo de fé, de confiança e de fidelidade, que devemos seguir, pois é assim que teremos o bom ajuste e o devido crescimento, podendo ser morada de Deus em Espírito (Ef.2:21,22).

 – Neste ponto, aliás, está a legitimidade de não só contemplarmos e imitarmos o exemplo destes heróis mencionados no capítulo 11 de Hebreus, mas de todos os servos de Deus que, ao longo destes dois séculos, vêm dando testemunho da fé em Cristo Jesus, a “fé dos santos”, como se intitula o hino 330 da Harpa Cristã, que nos mostra, com precisão, o papel que representa tal exemplo para nós.

 – Não resta dúvida que o testemunho de fé dos antigos é um fator que nos ajuda a prosseguir em nossa jornada de fé sobre a face da Terra e que é extremamente proveitoso conhecê-lo.

Neste passo, razão têm os romanistas quando dizem que devemos olhar para a vida de certos servos do Senhor como modelo a ser imitado e seguido. O apóstolo Paulo mesmo disse que os crentes deveriam imitá-lo pois ele imitava a Cristo (I Co.11:1).

Ter os “santos falecidos” como modelo não é errado, é legítimo, o que é equivocado é achar que eles podem interceder por nós, como defendem os romanistas, contrariando a verdade bíblica de que não há comunicação entre vivos e mortos.

– Todos estes heróis mencionados pelo autor aos hebreus haviam crido na promessa do Messias e o esperado, mas não alcançaram a realização desta promessa e de tantas outras que haviam sido feitas decorrentes daquela, mas, mesmo assim, agiram por fé e, por isso, alcançaram testemunho de que agradaram a Deus.

 – Se eles sem ter alcançado a realização da promessa do Messias, que se deu na “plenitude dos tempos” (Gl.4:4), aceitaram tudo sofrer e até morrer, porque agiram pela fé, como podemos ter um comportamento diferente? Como poderíamos recuar, abandonando a fé por causa de dificuldades, adversidades, perseguições e aflições?

 – O autor aos hebreus diz que isto é irrazoável, pois, para nós, Deus proveu coisa melhor, já que Jesus veio ao mundo e nos abriu o caminho para os céus, realizando aquilo que antes havia apenas sido prometido.

Ora, se os justos do Antigo Testamento aguardavam ser aperfeiçoados quando do cumprimento da promessa, como podemos nós, aqueles que já viram a promessa realizada, ter uma conduta de retrocesso? Realmente não há o menor cabimento.

 – É por isso mesmo que o Senhor Jesus disse que teriam maior rigor no juízo os incrédulos de Cafarnaum, Corazim e Betsaida do que os de Tiro e Sidom (Mt.11:21; Lc.10:13), pois, se estes não puderam crer no que foi prometido, aqueles haviam rejeitado a promessa cumprida e realizada.

De igual maneira, nós, que experimentamos a salvação em Cristo Jesus e a observamos não só com pregação, mas com sinais, prodígios e maravilhas, seremos alvo de maior juízo que as gerações anteriores ao cumprimento da promessa, o que explica, inclusive, porque o maior juízo que virá sobre a Terra será precisamente o que se segue à dispensação da graça.

 – Os grandes nomes das Escrituras hebraicas testificavam que os crentes judeus não podiam abandonar a fé, mas, havia um exemplo maior a ser seguido, o do próprio Senhor Jesus, que também nisto era superior e é este exemplo e as exortações decorrentes dele que haveremos de estudar na próxima lição.

 Ev.  Caramuru Afonso Francisco

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