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Jovens – Lição 8 – A Tentação de fugir do julgamento de Deus

Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Alexandre Coelho, comentarista do trimestre.

INTRODUÇÃO

Em alguns círculos cristãos, pessoas se utilizam de um verso da Bíblia para colocar em xeque a amizade entre irmãos em Cristo, dando a entender que, se confiamos uns nos outros, nos decepcionaremos profundamente e deixaremos de ser abençoados por Deus.

Essa forma jocosa de brincar sobre a questão da confiança remonta outra época, quando a nação de Israel, tentando fugir do julgamento que lhe estava destinado por causa de seus pecados, buscou a ajuda de homens estrangeiros para uma guerra, tentando preservar sua soberania e se esquecendo de que a sua proteção era o Senhor.

Jeremias, um dos profetas de Israel, contextualiza essa fala mostrando o perigo de abandonar ao Senhor e ceder à tentação de pedir ajuda aos homens. Veremos que Israel tentou fugir do julgamento de Deus por seus pecados, imaginando que o que estava por vir era somente uma nação tentando subjugá-los.

I–O CENÁRIO EM JUDÁ

Jeremias e seu Ministério

Para que se entenda a profecia trazida por Deus, é preciso que se veja o profeta que foi usado por Deus para trazer essa mensagem de acerca desse profeta: advertência: o profeta Jeremias. Matthew Henry realça cinco pontos. Vejamos três pontos:

1. Que ele foi, desde muito cedo, um profeta. Ele começou jovem, e assim pôde dizer a partir de sua própria experiência: “Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade”, Lamentações 3.27.

Jerônimo observa que Isaías, que era mais velho que Jeremias, teve a sua língua tocada com uma brasa viva para ter a sua iniquidade tirada (Is 6.7), mas que quando Deus tocou a boca de Jeremias, que era bastante jovem, nada foi dito quanto a tirar a sua iniquidade (Is 1.9), porque, devido à sua tenra idade, não tinha tantos pecados pelos quais responder.

2. Que Jeremias continuou por muito tempo como um profeta. Alguns cal­culam cinquenta anos, outros mais de quarenta.

Ele começou no décimo terceiro ano de Josias, quando as coisas iam bem sob o reinado deste bom rei, mas continuou durante todos os reinados maus que se seguiram.

Nisto vemos que quando nos empenhamos para realizar a obra de Deus, embora então o vento possa ser bom e favorável, não sabemos quando ele pode mudar e tornar-se tempestuoso.

3. Que ele foi um profeta reprovador. Enviado em nome de Deus para anun­ciar a Jacó a respeito dos seus pecados e para adverti-los dos juízos de Deus que se aproximavam deles.

E os críticos observam que, portanto, o seu estilo ou maneira de falar é mais claro e rude, e menos gentil, do que o de Isaías e alguns dos outros profetas.

Aqueles que são enviados para revelar o pecado devem se manter à distância das atraentes palavras de sabedoria do homem. Quando estamos tratando com pecadores, a abordagem direta é a mais indicada, se a intenção é levá-los ao arrependimento.

Deus Adverte ao seu Povo sobre o Juízo

A situação do povo de Deus era bem difícil no aspecto espiritual. A liderança espiritual de Israel deveria colaborar com Deus no sentido de pre­servar os seus mandamentos, mas eles mesmos sequer consideravam válida a fé em Deus. Como se fosse pouco, a liderança e o povo de Deus trocaram o Eterno por outros deuses, prestando-lhes um culto devido somente a Deus.

O Discurso do Evangelho Nominal

Nem sempre o que Deus diz tem um caráter tão agradável aos ouvidos humanos. Antes de ouvirmos as Boas Novas do evangelho, disse certo es­critor, é preciso ouvir as más novas sobre nós mesmos.

Antes de os hebreus entrarem na Terra Prometida, Deus os havia advertido a que não seguissem os mesmos caminhos dos povos que estavam sendo desalojados de Canaã.

Deus prometeu ao seu povo bênção e proteção se eles lhe obedecessem, mas igualmente juízo de não andassem nos seus caminhos.

Quem não gosta de ouvir palavras que abençoam? Preferimos natu­ralmente um discurso que massageia o ego e que nos garante que Deus está sempre ao nosso favor.

Um evangelho sem responsabilidades, baseado em um pacto entre Deus e o homem no sentido de este ser abençoado sem restrições nem contrapartidas.

Somente homens interesseiros buscam pregar e ensinar esse tipo de evangelho, e Paulo comenta que já em seus dias havia falsificadores da Pa­lavra, que pregavam por interesses (2 Co 2.17).

O mesmo ocorre em nossos dias, em que pregadores desprezam mensagens que exigem arrependimento de pecados e uma submissão ao senhorio de Jesus Cristo.

Sempre é bom ouvir sobre bênçãos da parte de Deus, e essas bênçãos são para os que o temem e lhe obedecem.

Mas para os que andam em de­sobediência para com Deus, como esperar que Ele estenda a sua mão para abençoar, como se não permitisse que as consequências dos atos do povo se materializassem nos julgamentos que Ele havia advertido séculos antes?

Com o passar do tempo, os hebreus não somente deixaram a Deus, mas também passaram a perseguir os profetas de Deus, enviados para trazer ad­vertências e cobrar dos hebreus um arrependimento genuíno de seus pecados, mas esses profetas não foram ouvidos.

O próprio Senhor Jesus disse acerca da Cidade Santa em seus dias: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados!” (Lc 13.34a).

O juízo que viria, nos dias de Jesus, era que aquela casa ficaria deserta. O Senhor Jesus se deparou com um povo de difícil trato na Cidade Santa, e com Jeremias não foi diferente.

Depois de tantas advertências, não haveria mais espaço para a gene­rosidade. O povo seria julgado por seus pecados.

A Busca pela Ajuda dos Egípcios

Quando o povo de Deus se viu na iminência do julgamento divino, por meio dos babilônios, tentaram buscar ajuda com outras nações.

Para eles, a chegada da Babilônia era somente um movimento das nações. Eles não perceberam como real o castigo que lhes estava reservado, da mesma forma que o Reino do Norte foi punido por sua impiedade.

Isaías comenta: “Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro e se estribam em cavalos! Têm confiança em carros, porque são muitos; e nos cavaleiros, porque são poderosíssimos; e não atentam para o Santo de Israel e não buscam ao Senhor” (Is 31.1).

Se o povo de Deus se afasta do Senhor, vai ver no seu entorno uma ajuda para passar por momentos difíceis.

Da mesma forma que olharam para outros deuses quando chegaram à Terra Prometida, voltaram seus olhares para o Egito a fim de se livrarem do julgamento de Deus.

O Egito era uma opção militar que certamente poderia fazer frente à Babilônia, na ótica dos hebreus. Já que Deus se tornara um opositor, os hebreus bus­cariam ajuda nos homens. Se Deus vai enviar a Babilônia, os hebreus se defenderiam com a ajuda dos egípcios.

II – MALDITO O HOMEM QUE CONFIA NO HOMEM

Contando com a Ajuda dos Homens para Fugir do que Deus Determinou

Jeremias havia escrito uma carta para o povo, orientando-os a se sujeitar aos babilônios. A Babilônia já havia invadido Judá, obrigando-os a pagar impostos e oferecer reféns da casa real para serem levados (entre esses reféns, encontram-se Daniel e seus amigos).

Após três anos, o rei Jeoaquim decidiu se rebelar, mesmo tendo sido advertido pelas profecias de Jeremias.

Então veio o segundo cativeiro de Judá, quando Nabuco­donosor colocou como Zedequias para governar. Zedequias, então, vai buscar apoio no Egito.

Isso nos mostra que a liderança do povo estava disposta a pagar o preço de sua falta de fé e de sua desobediência a Deus.

A sujeição à Babilônia deveria ser vista como uma sujeição à disciplina de Deus. Mas um povo que não ouvia Deus, também não perceberia que o julgamento deveria ser aceito por ter sido enviado pelo Juiz de toda a terra.

Devemos observar ainda que o julgamento de Deus foi uma retribuição prevista pelo Eterno aos hebreus quando entraram em Canaã, e que, por amor à sua Palavra, pois Deus não pode mentir, Ele exerceu o juízo contra o seu próprio povo.

Eles fugiram de Deus seguindo outros deuses, e agora tentavam fugir de Deus para não serem julgados.

Maldito o Homem que Confia no Homem

Deus usa Jeremias e diz: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!”.

Esse verso é bem claro e deve ser interpretado em seu devido con­texto: é maldito aquele que precisa passar pela disciplina de Deus, mas busca ajuda em recursos e capacidades humanas para fugir do julgamento de Deus.

Dentro desse contexto, vemos que a maldição determinada por Deus não é para qualquer pessoa, mas para aqueles que são desobedientes, que não aceitam a repreensão divina e que buscam uma solução humana para um problema de cunho espiritual.

Deus julgaria Israel de forma ainda mais grave, e o Egito seria derrotado também. Quando Deus determina um juízo, seja individual, seja coletivo, até quem se aproxima para ajudar a fugir desse juízo é derrotado.

Os hebreus não seriam malditos somente por desobedecerem a Deus, mas por buscar auxílio em pessoas de carne e osso, contando com exércitos e carros de combate que seriam inócuos ao que Deus já havia determinado.

A palavra “maldito” traz a ideia de uma pessoa que foi alcançada por uma maldição. Em dias em que as pessoas só querem ouvir palavras de bênçãos e nenhuma reprimenda por seus pecados, “maldito” é uma palavra que fere os ouvidos, mas que espelha a realidade de como Deus enxerga essas situações e essas pessoas.

Para se Afastar do Senhor

Não bastava ser mal-visto por Deus pelo fato de desobedecer-lhe e depositar sua confiança nos homens. Os israelitas ainda se afastaram do Senhor.

É curioso como as pessoas vivem de abismo em abismo, ou de glória em glória. Os habitantes de Judá deveriam aceitar o cativeiro como um ato da misericórdia de Deus, mas se distanciaram do Senhor. Eles não somente rejeitaram os mandamentos de Deus, mas também os seus juízos.

A ajuda humana sempre será bem-vinda quando há união entre os irmãos, e se essa união não estiver em desacordo com o que Deus deter­minou.

Mas, no caso dos hebreus, que já haviam perdido a proteção do Senhor, aquela confiança não apenas ia contra o que Deus havia determi­nado, mas acrescentava um juízo ainda maior.

Os homens podem ser auxiliadores uns dos outros, no entanto jamais podem substituir o lugar de Deus para ser a força de outras pessoas.

Cabe aqui outra observação: É preciso ouvir a Deus não somente quando Ele nos chama a atenção, mas principalmente no início da vocação com a qual fomos contemplados, a fim de que não sejamos reprovados, ou conside­rados indignos da generosidade de Deus. Quantas pessoas em nosso meio desenvolvem amizades que se tornam ruins aos olhos de Deus?

III – É MELHOR CONFIAR NO SENHOR

O Coração É Enganoso

O interior do ser humano pode abrigar diversos pecados, e, entre eles, o da rebeldia é um dos principais. Deus sonda os nossos corações (Jr 17.10) e sabe o que vai em nosso interior. Jeremias nos alerta a que nunca confiemos uns nos outros? Não.

A advertência de Jeremias não é para que deixemos de confiar uns nos ou­tros, mas, sim, quanto a confiar nos homens como nosso recurso, quando deveríamos confiar em Deus, e nos afastamos dEle

Aquele que Confia no Senhor

“Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Por­que ele será como a árvore plantada junto às águas…” (Jr 17.7, 8a).

Da mesma forma que Deus considera maldito o que se afasta dEle e busca auxílio nos homens, como Israel buscou ajuda no Egito para desobedecer a Deus, considera bendito aquele que confia nEle e cuja esperança vem dEle.

A profecia de Jeremias nos mostra que existem dois tipos de homens: aqueles que confiam em Deus e os que não confiam. Ou a pessoa confia em Deus e é abençoada, ou não confia em Deus.

O Senhor compara aquele que o busca e nEle confia a uma árvore que foi plantada junto a ribeiros de águas. Diferente dos processos naturais, em que uma planta nasce e se desenvolve em um determinado terreno, a árvore à qual Deus se refere não nasceu naquele lugar, mas foi colocada ali, plantada, para crescer e se desenvolver até dar frutos.

Sua existência não é um acidente de percurso, uma obra do acaso, mas a concretização do plano de Deus.

O Senhor É Juiz

“Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações” (Jr 17.10).

Uma das verdades mais rejeitadas em nossos dias é que Deus é um juiz. O amor de Deus não anula a verdade de que Deus exerce o seu juízo no mundo, e mesmo entre os santos.

O apóstolo Pedro deixa claro que “já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fi m daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pe 4.17).

Deus não deixaria de julgar o seu povo por causa de seus pecados, e o julgamento se concretizou quando a fortaleza de Jerusalém e o Templo do Senhor foram destruídos, e o povo levado cativo.

Notemos que tentar fugir do que Deus determinou como consequência de nossas próprias ações sempre terá o seu preço, pois é uma fuga ingló- ria.

Uma pessoa que não cuida de sua saúde pode imaginar que Deus vai impedir que as leis da natureza cumpram seu dever na fisiologia humana.

Uma pessoa que gasta sem necessidade e sem planejamento pode crer que o Senhor vai ser obrigado a suprir suas necessidades financeiras por ser essa pessoa um filho de Deus.

Devemos ter esse nível de cuidado em nossa vida, para não nos envolvermos em situações nas quais Deus não nos ordenou a entrar.

CONCLUSÃO

Deus sempre nos adverte, por meio de sua Palavra, sobre o que devemos e o que não devemos fazer, e mesmo quando permite que as consequências de nossos pecados nos atinjam, Ele espera que acatemos a sua disciplina e aprendamos com ela.

Entretanto, quando rejeitamos a sua Palavra e os seus juízos, buscando apoio em homens mortais para nos afastarmos de Deus, caímos não apenas em tentação, mas também em um juízo ainda mais sério.

Tentar fugir do julgamento predito por Deus, buscando a ajuda de homens, custou muito caro aos hebreus rebeldes.

E o exemplo deles nos serve de lição, primeiramente para que andemos da forma como Deus deseja que andemos, obedecendo à sua Palavra. Portanto, jamais deso- bedeçamos a Deus, e jamais nos associemos com pessoas que não amam a Deus nem respeitam os seus estatutos.

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. O Perigo das Tentações: As Orientações da Palavra de Deus de Como Resistir e Ter uma Vida Vitoriosa. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2022/05/16/licao-8-a-tentacao-de-fugir-do-julgamento-de-deus/

Vídeo: https://youtu.be/JaC1XvCROe8

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