Sem categoria

LIÇÃO 06 – TIATIRA, A IGREJA TOLERANTE I

AS SETE CARTAS DO APOCALIPSE – A mensagem final de Cristo à Igreja

COMENTARISTA: CLAUDIONOR CORRÊA DE ANDRADE
COMENTÁRIO – EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO (ASSEMBLEIA DE DEUS – MINISTÉRIO DO BELÉM – SEDE – SÃO PAULO/SP)
A carta à igreja de Tiatira mostra-nos que não se pode tolerar o pecado.
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo das cartas às igrejas da Ásia Menor, estudaremos hoje a quarta carta, endereçada à igreja de Tiatira.
– Nesta carta, o Senhor Jesus mostra que a verdadeira e genuína igreja não tolera o pecado, embora ame o pecador.
I – O CENÁRIO DA CARTA À IGREJA DE TIATIRA
– Prosseguindo o estudo das sete cartas que o Senhor Jesus mandou enviar às igrejas da província romana da Ásia, que constitui a parte substancial do estudo proposto pela CPAD para este trimestre no livro do Apocalipse, estudaremos a quarta carta, a carta encaminhada ao anjo da igreja e, por conseguinte, à igreja de Tiatira.
– Tiatira, palavra cujo significado é “sacrifício de trabalho”, “sacrifício perpétuo ou contínuo”, “sacrifício de perfume”. “…Era um importante centro comercial na Ásia Menor e foi fundada para ser um posto militar. Foi destruída por um grande terremoto durante o reino de Otávio Augusto (27 a.C.-14 d.C.), mas foi reconstruída com a ajuda do Império Romano. Era famosa pelo seu comércio e por sua produção de têxteis, incluindo o índigo. Segundo o livro de Atos dos Apóstolos, uma das comerciantes de roupas da cidade era uma mulher chamada Lídia, que conduzia negócios em lugares distantes como Filipos (Atos 16:14). Na Antiguidade, a cidade era conhecida pelas suas muitas guildas comerciais. E, para poder trabalhar no comércio era necessário que o cidadão pertencesse a alguma guilda, sendo muito comum que os membros dessas associações participassem de festas dedicadas às divindades pagãs que terminavam geralmente em orgias sexuais.…” (Tiatira. In: WIKIPÉDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/TiatiraAcesso em 26 mar. 2012). Atualmente é a cidade turca de Akhisar (“Castelo Branco”). Situava-se “…no fértil vale do rio Lico, cerca de 59 quilômetros a sudeste de Pérgamo, na estrada que ia para Sardes…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.44).
– Não há como identificar quem era o anjo da igreja de Tiatira. Mais uma vez, como vimos na lição anterior, este silêncio é eloquente, na medida em que nos ensina que o Senhor Jesus não quer, em Suas advertências, jamais humilhar alguém, mas levá-lo ao arrependimento. O que se sabe é que o Evangelho chegou a Tiatira por intermédio de Lídia, a primeira pessoa a crer em Jesus Cristo na Europa, em Filipos, quando o apóstolo Paulo iniciou a evangelização em sua segunda viagem missionária.
– O pastor da igreja de Tiatira era um pastor amoroso, trabalhador e fiel, que também sabia suportar o sofrimento, sendo que seu trabalho havia se intensificado, a ponto de o Senhor Jesus dizer que as suas últimas obras eram mais do que as primeiras. Tratava-se de um obreiro ativo, incansável, que se dedicava, em extremo, nas atividades em prol do reino de Deus. No entanto, era um pastor que tolerava o pecado, que não tomava qualquer providência com uma mulher daquela igreja, chamada Jezabel, que se dizia profetisa e enganava a todos quantos estavam na igreja. A exemplo de seu colega de Pérgamo, vemos que este pastor era negligente com relação aos desvios doutrinários, sendo condescendente com o pecado que se infiltrava no meio do rebanho sob seus cuidados.
– Nos dias difíceis em que vivemos, não tem sido diferente. Há muitos “pastores de Tiatira” em nosso meio, infelizmente. São operosos, fiéis a Deus, que demonstram ter o amor de Deus em seus corações, mas cujo ativismo está infectado pela complacência com o pecado, com uma tolerância com os erros que ocorrem no seu interior, sendo absolutamente negligentes no trato deste assunto, algo que, como vemos nesta carta à igreja de Tiatira, desagrada o Senhor Jesus.
– Já há, mesmo, na atualidade, quem defenda que a postura destes “pastores de Tiatira” é a que deve ser seguida. Já ensinam, sem qualquer respaldo bíblico, que não se pode disciplinar, que a disciplina dos crentes é assunto afeto apenas ao Espírito Santo, que, afinal de conta, é quem convence do pecado, da justiça e do juízo. Não caberia, pois, aos ministros a tomada de qualquer atitude desviante senão a intercessão e o aconselhamento e, mesmo assim, “com todo o cuidado”. Nada mais antibíblico, amados irmãos!
– Esta carta à igreja de Tiatira mostra, claramente, que incumbe ao ministério, que foi posto na Igreja pelo Senhor Jesus (Ef.4:11), o cuidado com o rebanho, o que inclui a disciplina, a intolerância com o pecado. Não há demonstração de verdadeiro amor para com os irmãos se não houver a busca da correção e de arrependimento (Hb.12:6-11).
– O Senhor Jesus Se identifica para a igreja de Tiatira como “o Filho de Deus” (Ap.2:18). Esta identificação é a única que destoa da visão do Cristo Glorificado que João teve na ilha de Patmos. Naquela visão, o apóstolo diz que viu “um semelhante ao Filho do homem”, enquanto aqui o Senhor Jesus Se identifica não como Filho do homem, mas como “Filho de Deus”.
– Temos aqui mais uma demonstração da dupla natureza de Cristo nas Escrituras Sagradas. A mesma personagem que se identificou como “Filho do homem” em Sua aparição glorificada para João(Ap.1:13), agora, ao mandar redigir a carta à igreja de Tiatira, apresenta-Se como “Filho de Deus”, a fim de que não haja qualquer dúvida de que é o Deus que Se fez homem, o homem que nunca deixou de ser Deus. Por isso, inteiramente correta a afirmação do Credo Niceno-Constantinopolitano: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos Deus de Deus, Luz da luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, da mesma substância do Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: Se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem.”
– Mas esta identificação de Jesus como “Filho de Deus” procura realçar, para a igreja de Tiatira, de que Jesus é Deus e que não há outro que se possa adorar como tal. Ao assim Se identificar, o Senhor procurava, de pronto, rechaçar a mistura com a idolatria que se fazia naquela igreja e que era tolerada pelo pastor a quem era endereçada a carta. Russell Norman Champlin assevera, ao comentar este versículo, que, em Tiatira, estava a florescer o “culto ao imperador”, cuja sede se encontrava na vizinha Pérgamo, sendo, também, forte ali o culto a Apolo, o “deus-sol” dos gregos, ele próprio “filho de Zeus”, o deus maior da religião greco-romana. Ao Se identificar como “o Filho de Deus”, o Senhor Jesus mostra que não havia como se compactuar com qualquer forma de adoração a outrem que não o próprio Jesus (CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, v.6, p.406).
– Não podemos jamais nos esquecer da dupla natureza de Cristo, que é base fundamental de nossa fé. Jesus é Deus que Se fez homem e, como tal, permanece para todo o sempre. Se Jesus é Deus, temos de adorá-l’O com exclusividade, pois só a Deus devemos adorar (Mt.4:10). Se Jesus é Deus, não podemos adorá-l’O senão em espírito e em verdade (Jo.4:24), não podendo, em absoluto, fazermos imagens de escultura ou de pintura d’Ele para realizarmos tal adoração (Ex.20:4,5; Dt.5:8,9).
– Mas, se Jesus é Deus que Se fez homem, não há outro mediador que possa nos levar a Deus senão o próprio Jesus (I Tm.2:5; Hb.8:6; 9:15; 12:24), o único que desceu do céu e subiu ao céu (Jo.3:13), o único que pode interceder por nós junto ao Pai (Is.53:12; Rm.8:34).
– Mas, além de Se identificar como “o Filho de Deus”, o Senhor Jesus também disse, no introito da carta, que era Aquele que “tem Seus olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente” (Ap.2:18). “…Olhos como chama de fogo fala de visão profunda. O Senhor vê não apenas o exterior, aquilo que é aparente ou atrativo aos olhos carnais, mas Ele vê o âmago, o mais recôndito, o mais profundo da alma, as intenções do coração. Pés semelhantes ao bronze polido fala do julgamento divino. O Senhor Jesus é o supremo juiz.…” (OLIVEIRA, José Serafim. Desvendando o Apocalipse: o livro da revelação, p.20).
– O Senhor Jesus apresenta-Se para a igreja de Tiatira como Aquele que vê todas as coisas e que é o supremo juiz. A situação daquela igreja não era boa, visto que a tolerância com o pecado a caracterizava como uma “igreja corrupta”, para se utilizar aqui de expressão muito bem cunhada pelo pastor José Serafim de Oliveira em sua obra já mencionada.
– De nada adianta um ativismo, ainda que motivado por um sincero amor aos perdidos e à própria obra, se não houver separação do pecado. Tiago ensina-nos que “…a religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg.1:27). É essencial, fundamental que os servos de Cristo Jesus ajudem os necessitados, demonstrem seu amor a Deus com obras efetivas e concretas, mas isto de nada vale se não houver separação do pecado, se não houver intolerância com o pecado.
– A igreja de Tiatira era ativa, amorosa para com os que precisavam, mas, infelizmente, não se separava do pecado. Jesus Se apresentava como o supremo juiz a indicar que esta postura O desagradava e, caso não houvesse uma mudança de comportamento, se seguiria o juízo decorrente de tal ação contrária à Sua vontade.
– Qual tem sido, amados irmãos, o nosso comportamento com relação ao pecado? Temos sido condescendentes com a sua prática? Cuidado, pois Jesus Cristo é o mesmo (Hb.13:8) e, deste modo, também nos chamará à prestação de contas, pois continua sendo Aquele cujos pés são semelhantes ao latão reluzente!
II – O EXAME DAS QUALIDADES DA IGREJA DE TIATIRA PELO SENHOR JESUS
– Após Se identificar como o Filho de Deus e o Supremo Juiz, o Senhor Jesus começa a apreciação das obras do pastor da igreja de Tiatira e, por conseguinte, de toda aquela igreja, com a expressão “Eu conheço as tuas obras”. Apesar de, na Versão Revista e Corrigida, a expressão ser diferente da de Ap.2:2,9 e 13, o fato é que, no texto original grego, o verbo utilizado aqui é o mesmo daqueles outros versículos (“oida” – οίδα), de sorte que a expressão “eu conheço as tuas obras” é idêntica à expressão “eu sei as tuas obras”, tanto que, na Tradução Brasileira, o texto é traduzido por “sei as tuas obras”. O Senhor Jesus, que já Se identificara como Aquele que tudo sabe a esta igreja, reforça que tem pleno conhecimento do que se passa no meio do Seu povo. Temos consciência disto, amados irmãos?
– A primeira característica que o Senhor Jesus enaltece na conduta do anjo da igreja em Tiatira é a sua “caridade”, ou seja, o seu amor. Aquele servo de Deus era alguém que tinha comunhão com o Senhor, pois tinha o amor de Deus que é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm.5:5). Só pode ter o amor de Deus quem é filho de Deus, quem recebeu a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, pois uma das características do servo de Deus é o amor (I Jo.3:10,14).
– A segunda característica que o Senhor Jesus enaltece na conduta do pastor de Tiatira era o seu “serviço”, que era consequência deste amor de Deus que nele habitava, pois o verdadeiro amor não se dá em palavras, mas, sim, em obras (I Jo.3:18). A igreja de Tiatira, a começar de seu pastor, servia a todos, tinha consciência de que, neste mundo, somos chamados para servir e não para ser servidos, seguindo, assim, os passos de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Mt.20:28).
– A presença de um efetivo serviço por parte da igreja local é algo que agrada ao Senhor Jesus. Nos dias em que vivemos, porém, pelo que temos observado, compreendemos que muito pouco se faz pelo que poderia ser feito em nossas igrejas locais. O mundo, como nunca antes, tem apresentado necessidades de toda ordem e é à igreja que se reserva esta tarefa de serviço, que, no entanto, tem sido negligenciada por muitos.
– O Senhor Jesus fez questão de mostrar que observava o amor e o serviço apresentados por esta igreja de Tiatira, Tiatira que, das sete cidades da Ásia Menor, era, segundo os estudiosos da Bíblia, a menos notável. Apesar de ser a cidade menos importante, a sua igreja era uma igreja que se caracteriza pelo seu serviço, pelo seu desprendimento em relação aos outros homens.
– Não era fácil exercer o serviço em prol dos outros, demonstrar o amor de Deus na ajuda aos necessitados numa cidade como Tiatira que, como vimos supra, era uma cidade em que havia “guildas comerciais”, ou seja, corporações, onde somente se podia exercer uma profissão e ter o seu ganha-pão se se estivesse vinculado a uma determinada associação, a um determinado grupo.
– Numa cidade assim, onde predominava o corporativismo, a tendência era a de estes grupos se fecharem em si mesmos, em somente se ajudarem aos membros de sua corporação. A cidade toda era construída na base desta mentalidade fechada ao outro e tal mentalidade contrastava com a proposta evangélica do “dar a sua vida em resgate de muitos” que era pregada pelos cristãos.
– No entanto, apesar desta mentalidade tacanha, a igreja de Tiatira pode se destacar pelo seu serviço, pela ultrapassagem destas fronteiras culturais e sociais, mostrando que não há impedimento para que a igreja de Cristo, em nossos dias de extremo individualismo e de retração das relações sociais, possa se notabilizar aos olhos de Sua cabeça como uma instituição servidora, que honra os passos terrenos de seu Mestre e Senhor.
– Mas, além do amor e do serviço, a igreja de Tiatira notabilizava-se, também, pela sua fé. Aqui vemos, uma vez mais, que a fé não é apenas algo intelectual, afeto à mente, mas, bem ao contrário, é algo concreto e que se traduz por boas obras. O pastor da igreja de Tiatira era ativo precisamente porque tinha uma fé genuína, pois, como nos ensina Tiago, “…a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg.2:17).
– O pastor da igreja de Tiatira demonstrava a sua fé porque era operoso, desempenhava muitas atividades naquela cidade, ajudando os necessitados e, assim, provando, com suas atitudes, não só o seu amor a Deus, como a posse do amor de Deus e a fé em Cristo Jesus. Podemos receber os mesmos encômios que o Senhor Jesus deu ao anjo da igreja em Tiatira?
– Mas havia, ainda, uma outra característica que o Senhor Jesus exaltou àquele ministro e, por consequência, a toda aquela igreja. Era a sua “paciência”. A Bíblia de Jerusalém(BJ), a Versão Almeida Revista e Atualizada(ARA), a Tradução Brasileira(TB) e a Nova Versão Internacional(NVI) traduzem a palavra grega original (“ypomoné” – “ύπομονή”) por “perseverança”. A palavra tem o sentido de “firmeza, paciência, perseverança”.
– Esta demonstração de amor, serviço e fé não era algo fácil para aquela igreja, vivendo, como vivia, numa cidade corporativista, fechada em suas guildas comerciais. Como se não bastasse isso, Tiatira, por ser menor e próxima a Pérgamo, sofria grande influência daquele centro idolátrico, verdadeiro “trono de Satanás”, o que aumentava, ainda mais, as dificuldades para que os servos de Jesus praticassem o seu amor, o seu serviço e a sua fé cristãos, mas nada disto desanimou aquela igreja, que era perseverante, que insistia em pregar o Evangelho e em viver uma real e sincera vida cristã.
– A situação de Tiatira não é muito diferente da que vivemos em nossos dias. Nada poderemos fazer na obra do Senhor se não formos persistentes, se não perseverarmos, se não “aguentarmos o sofrimento com paciência”, como traduz o texto a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH). Num mundo corrompido como é o que este em que vivemos, não se poderá fazer o bem sem muitos obstáculos e impedimentos, não se poderá fazer o bem se não se insistir nisto.
– A igreja de Tiatira se notabilizava porque, em meio a tantas dificuldades de toda ordem, mantinha-se firme no seu propósito de exercer o amor, o serviço e a fé, de continuar a levar o bem para as pessoas. Assim também devemos agir, pois tal atitude agrada ao Senhor Jesus.
– A prova desta perseverança está no fato de que o Senhor Jesus reconhece que, em Tiatira, “as últimas obras são mais do que as primeiras” (Ap.2:19). Vemos, claramente, que há um contraste entre a igreja de Éfeso e a igreja de Tiatira. Enquanto aquela se caracterizava pela diminuição do serviço, decorrente do abandono do primeiro amor, esta tem aumento do serviço, este se intensifica, precisamente porque há a manutenção do amor e da fé.
– Não há segredo para o crescimento da obra de Deus. Esta crescerá se houver aumento do amor e da fé. Se os crentes não abandonam o primeiro amor, se mantém o fervor espiritual do encontro pessoal com Cristo, se aumentam a sua fé em Jesus, certamente o serviço aumentará. O crescimento da obra de Deus está vinculado ao amor de Deus que exista entre os crentes.
– O que se verifica, nos dias hodiernos, é que temos tido o decréscimo do amor. O próprio Jesus Cristo disse, em Seu sermão escatológico, que, por se multiplicar a iniquidade, o amor de quase todos se esfriará (Mt.24:12 ARA). O resultado desta diminuição de amor é a diminuição do crescimento das igrejas locais que temos contemplado em todo o mundo.
– Queremos que a igreja local onde congregamos volte a crescer ou mantenha o crescimento que está tendo atualmente? Façamos tudo para que aumentemos o amor de Deus em nossos corações!
– Como podemos ter o amor de Deus aumentado em nossos corações? Através de uma vida de oração e de meditação na Bíblia Sagrada. Por meio da oração, crescemos na graça e, buscando a Deus, buscando o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais, teremos o derramamento do Espírito Santo em nossas vidas e, quando isto acontece, o amor de Deus é derramado mais abundamentamente em nossos corações (Rm.5:5).
– Quando lemos, meditamos e praticamos cada vez mais a Palavra de Deus, temos aumentado nosso amor para com Deus, pois provamos que amamos a Deus quando guardamos a Sua Palavra (Jo.14:23,24; 15:14). Conhecendo as Escrituras e as cumprindo em cada aspecto de nossas vidas, estaremos aumentando em amor para com Deus e isto levará ao crescimento da obra de Deus.
– Nos dias atuais, quando se fala em crescimento, pensa-se tão somente em números, quando não em rendas. No entanto, para que haja um verdadeiro crescimento, que também se traduz em número, em quantidade de crentes, torna-se, antes de mais nada, crescermos em qualidade, crescermos espiritualmente, por intermédio de uma maior aproximação a Deus, por meio da oração e da Palavra de Deus.
– A igreja de Tiatira tinha obras maiores do que as primeiras, porque havia crescido em amor, serviço e fé e, para tanto, precisava ter uma vida dedicada a uma maior comunhão com o Senhor. Estas eram as suas qualidades que foram enaltecidas pelo Senhor Jesus. Podemos receber os mesmos elogios da parte do Senhor?
– Na perspectiva histórica que é dada às cartas endereçadas às igrejas da Ásia Menor, a igreja de Tiatira representa a chamada “igreja medieval”, cuja data inicial considerada é o ano 800, data em que, em Roma, o papa Leão III coroou Carlos Magno, rei dos francos, como “imperador do Ocidente”, dando origem ao chamado “Sacro Império Romano-Germânico”. Com esta atitude, ficou cristalizado que o Papado era o principal poder do Ocidente, consolidava-se a proeminência da Igreja Romana sobre a Europa, o que perduraria até o final da Idade Média.
– Este período da história da igreja é caracterizado, indiscutivelmente, por uma grande e intensa atividade de ajuda aos necessitados em toda a Europa. Toda a rede de assistência social que hoje caracteriza o continente europeu cristão, onde estão hoje os conhecidos “Estados do Bem-Estar Social” e que muito explica a crise vivida hoje na União Europeia, teve sua origem neste período da história, quando se iniciaram entre outras atividades a abertura de instituições como hospitais, orfanatos e asilos.
– Neste período, também, temos o desenvolvimento das ordens religiosas, surgidas algumas no período anterior (como os beneditinos, os agostinianos) e outras nascidas ao longo dos séculos da Idade Média (franciscanos, dominicanos, entre outros), que foram as grandes responsáveis pela assistência aos desvalidos, pelo surgimento de uma piedade religiosa no meio dos povos europeus e pela preservação e disseminação da cultura, inclusive pela preservação das Escrituras Sagradas ao longo daqueles séculos, por meio dos chamados “monges copistas”.
– Na Idade Média, pois, vemos que não fosse “o amor, o serviço, a fé e a perseverança” destes integrantes da Igreja, não teria havido a cristianização do “modus vivendi” na Europa, nem tampouco a fé cristã teria se consolidado e sido passada de geração a geração durante mais de sete séculos. Longe de ser “uma noite de mil anos”, como a Idade Média foi caricaturada a partir do Renascimento, nos séculos XIII e XIV, a Idade Média representou o instante em que a Europa veio a cristalizar e consolidar a sua matriz cristã e, como ela passou à proeminência da história mundial a partir do século XIII e XIV, com as grandes navegações, a levar o Evangelho e o cristianismo aos quatro cantos do planeta.
– No entanto, não podemos alicerçar a nossa salvação em obras. “…As obras que Éfeso deixou de fazer, e Tiatira fazia ainda mais do que no começo da igreja, não serviram de motivos para sua justificação, santificação e salvação para com Deus. As obras  precisam ser feitas porque somos salvos e amamos ao nosso próximo, mas não servem de meios para salvação de ninguém.…” (SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.7, p.46). Eis porque tais obras não livraram Tiatira de severa repreensão, como veremos a seguir.
III – O EXAME DOS DEFEITOS DA IGREJA DE TIATIRA PELO SENHOR JESUS
– Dentro de Sua imparcialidade essencial, contudo, o Senhor Jesus, após ter enaltecido as qualidades do anjo da igreja em Tiatira e, por conseguinte, de toda a igreja que estava sob sua responsabilidade, apontar o grande e fatal defeito que havia naquele homem: “tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os Meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria” (Ap.2:20).
– A exemplo do pastor de Pérgamo, o anjo da igreja em Tiatira era censurado não pelo que fazia, mas que pelo deixava de fazer. Se, em Pérgamo, o pastor tinha deixado infiltrar-se os seguidores da doutrina de Balaão e os nicolaítas (Ap.2:14), em Tiatira, a negligência, a leniência era em relação a uma só pessoa, Jezabel, mulher que se dizia profetisa.
– Muito se discute se “Jezabel” aqui seria uma pessoa concreta, real, de carne e osso, ou se se trataria apenas de uma figura simbólica. “…A Jezabel do presente texto trata-se de uma pessoa e não apenas de uma figura ou personificação do mal. A passagem fala claramente de uma pessoa, pelo uso do pronome ‘ela’ (…). Em alguns manuscritos antigos é acrescentada a palavra grega “SOU” [σου – observação nossa], isto é, “tua”, antes da palavra ‘mulher’ (…) O Dr. Carroll (…) aceita esta posição: ‘Tratava-se da mulher do pastor…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.45). “…A igreja tolerava, em seu seio, uma mulher chamada Jezabel, que se dizia profetisa, que além de ensinar doutrinas heréticas, ainda seduzia os crentes à prostituição.…” (OLIVEIRA, José Serafim de. op.cit., p.20).
– Temos, também, que a mulher mencionada pelo Senhor Jesus é uma mulher real, de carne e osso, um membro da igreja de Tiatira, que estava a afetar, perigosamente, a saúde espiritual daquela igreja local. Bem pode ser que o nome daquela suposta profetisa não fosse exatamente Jezabel e que este nome que lhe tenha sido dado pelo Senhor Jesus seja uma espécie de “nome espiritual”, até para que se evitasse a humilhação que, como já vimos, não é a conduta adotada pelo Senhor na Sua repreensão e disciplina para com o homem.
– Ao chamar esta mulher de “Jezabel”, o Senhor faz a necessária alusão com esta terrível personagem do Antigo Testamento, mulher do rei Acabe, filha do rei Etbaal, rei de Sidom, responsável pela oficialização do culto de Baal em Israel. A Bíblia é claríssima ao indicar que o casamento de Acabe com Jezabel representou uma abominação a mais além da tolerância com os pecados de Jeroboão, ou seja, além do culto dos bezerros de Dã e de Berseba, o casamento de Acabe com Jezabel representou a submissão do governo de Israel ao culto a Baal (I Rs.17:31).
– O nome “Jezabel” significa “casta”, havendo estudiosos que também identificam como significado deste nome “montão de lixo”. “Casta” tem, entre outros significados, “grupo de cidadãos que se destaca dos demais por seus privilégios, ocupações, costumes e/ou preconceitos”. A Jezabel do Antigo Testamento criou, em Israel, um grupo de privilegiados, ou seja, os profetas de Baal e de Asera, que viviam às custas do tesouro real e que “estavam acima do bem e do mal”. Este privilégio dado a tais profetas fez com que a grande e esmagadora maioria do povo fosse servir a Baal para ter prestígio na sociedade e ser bem visto pelo poder.
– A Jezabel do Novo Testamento era uma mulher (provavelmente a própria mulher do pastor) que se dizia profetisa, ou seja, alguém que tinha o “monopólio da revelação”, alguém que se queria distinguir dos demais crentes, entendendo-se a “depositária dos oráculos divinos”, como se ainda vivêssemos no tempo do Antigo Testamento, onde o Espírito Santo atuava sob medida, de modo parcial, habitando apenas em profetas, através dos quais o povo tinha acesso às palavras do Senhor.
– Na igreja de Tiatira, em virtude do ativismo intenso do pastor, o povo estava carente de palavra, carente de ouvir a voz de Deus e, ante a omissão do ministro, a quem incumbia prioritariamente o ministério da palavra (At.6:4), surgiu no meio do povo esta “espertalhona”, que “se dizia profetisa” e que estava a dar “os ensinos” em lugar do ministro, daquele que havia sido posto pelo Senhor para este mister.
– É importante observar que o Senhor Jesus nega este suposto “ministério” de Jezabel. Afirma que aquele mulher “se dizia profetisa”, a indicar, pois, que não o era, visto que quem constitui profetas para a Igreja é o próprio Cristo (Ef.4:11), como também quem dá o dom espiritual de profecia à Igreja é o Espírito Santo (I Co.12:10,11).
– Jezabel havia “se feito profetisa” e, o que é pior, o anjo da igreja tinha “engolido” isto, permitido que Jezabel atuasse livremente, passando a ser uma “ensinadora” no meio do povo, passando a deter o real poder de persuasão entre os crentes, enquanto que o pastor apenas se dedicava a um ativismo, sendo completamente omisso em questões doutrinárias.
– Não são poucos os “pastores de Tiatira” na atualidade, que têm permitido o surgimento de inúmeras “Jezabéis” no meio do povo de Deus, que não só se intitulam “profetisas”, mas que, também, ultimamente, têm querido usurpar as demais funções ministeriais, como se o ministério fosse atribuído a mulheres. Já em Corinto, o apóstolo Paulo tinha negado às mulheres o ministério da palavra (I Co.14:34,35), que é privativo daqueles que o Senhor constitui como pastores, presbíteros e diáconos, necessariamente homens, como nos mostra, com absoluta clareza, o mesmo apóstolo Paulo em suas epístolas pastorais (I Tm.3:2,12; Tt.1:6).
– Não se está aqui diante de “machismo” algum, como têm se expressado alguns “defensores do ministério feminino”, mas única e exclusivamente a se seguir os ensinos da Bíblia Sagrada. O ministério da palavra foi dado aos homens, porque eles foram escolhidos por Deus para exercer o governo na igreja, cabendo às mulheres outras tarefas no corpo da igreja, tarefas que exerceram desde o ministério terreno de Cristo (Lc.8:3), onde se destacam, entre outras, a adoração (Mt.26:7; Mc.14:3; Lc.7:37), a assistência social (Lc.8:3; I Tm.5:10), a evangelização (Lc.24:9,10,22-25; At.18:26) e o exercício da hospitalidade (Rm.16:1,6,12; I Tm.5:10) e dos dons espirituais, entre os quais, a profecia (At.21:9).
– Em Tiatira, havia o desvirtuamento das funções eclesiásticas e Jezabel assumiu, indevida e ilegitimamente, o governo da igreja, dizendo-se profetisa e trazendo imenso transtorno para a saúde espiritual daquela igreja local. Assim como Jezabel, no Antigo Testamento, havia se imiscuído indevidamente no governo de Israel e, em vez de ser apenas a princesa consorte, acabou assumindo o real governo do povo de Deus, levando-o, a começar por Acabe, à apostasia, ao culto a Baal.
– Muitas “Jezabéis” têm se levantado nas igrejas locais, usurpando o governo da igreja. Não estamos a dizer necessariamente de mulheres (conquanto boa parte da usurpação dos dias de hoje esteja relacionada ao indevido e ilegítimo ministério feminino), mas de todos quantos “se dizendo profetas”, têm sem serem chamados pelo Senhor, tomado as rédeas das igrejas locais, diante da permissividade e da omissão daqueles que foram efetivamente chamados para tanto. Isto ainda mais se intensifica quando se está diante de um ativismo por parte dos legítimos ministros que se envolvem com tantas coisas que deixam de lado o que lhes é prioritário, ou seja, a oração e o ministério da palavra (At.6:2,4).
– O Senhor denomina estes oferecidos de “Jezabel” pelo fato de que o efeito de tais pessoas na igreja é o mesmo que a mulher de Acabe causou em Israel, ou seja, é um fator de apostasia, pois jamais alguém que não foi chamado por Deus poderá levar o povo ao encontro do Senhor. Pelo contrário, é um fator de estímulo e incentivo à apostasia, ao desvio espiritual.
– Não é surpresa, pois, que o Senhor Jesus tenha dito que o trabalho de Jezabel tenha sido ensinar e enganar os servos do Senhor para que se prostituíssem e comessem dos sacrifícios da idolatria. “…Não se trata de prostituição carnal, práticas sexuais. Trata-se de prostituição espiritual, infidelidade à sã doutrina.…” (OLIVEIRA, José Serafim de. op.cit., p.20).
– Quem já é chamado pelo Senhor ao ministério e passa a exercer esta função, usurpa uma posição que não é a sua e, deste modo, age contrariamente à cabeça da Igreja, que é Cristo Jesus. Sabemos todos que quando algumas células de um corpo passam a agir em detrimento do comando deste corpo temos o início de um câncer,  que é “…uma doença caracterizada por uma população de células que cresce e se divide sem respeitar os limites normais, invade e destrói tecidos adjacentes, e pode se espalhar para lugares distantes no corpo, através de um processo chamado metástase…” (Cancro. In: WIKIPÉDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/CancroAcesso em 26 mar. 2012).
– O papel de Jezabel em Tiatira era destruidor, extremamente danoso, assim como o é em os nossos dias. Não se pode permitir que pessoas ilegítimas usurpem o comando das igrejas locais, sob pena de sofrermos com a apostasia, com este “câncer espiritual”. Como está a saúde de nossas igrejas locais sob este aspecto?
– O ensino de Jezabel era enganador, ou seja, não era baseado na verdade, que é a Palavra de Deus. Daí a extrema necessidade que temos de fomentar o ensino da Bíblia Sagrada nas igrejas locais, pois somente assim poderemos nos defender dos enganos, das falsas doutrinas, das “Jezabéis” que se levantam no meio do povo de Deus para transtornar a vida espiritual dos crentes.
OBS: Por falar nisto, um dos pressupostos da defesa do “ministério feminino” é precisamente a falta de crença nas Escrituras Sagradas. Como diz o pastor presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes: “…Várias denominações começaram a aceitar que o cristianismo havia incorporado em seus valores uma atitude patriarcal dominante da cultura de suas origens. Muitos católicos, metodistas, batistas, episcopais, presbiterianos, congregacionais e luteranos concordaram: a mulher na Igreja precisa de libertação. Com esta conclusão em mente, de que a mulher precisava de libertação dentro da Igreja, estabeleceu-se um curso de ação que tinha como alvo abrir as avenidas para o ministério ordenado das mulheres tanto quanto para os homens. Para as feministas cristãs, era preciso reinterpretar a Bíblia, considerada como sexista e patriarcal. Elas precisavam de um método de interpretação que lhes permitisse ler de outra maneira os textos que impediam que as mulheres exercessem autoridade ou igualdade com os homens em todas as esferas. E este método já estava pronto, à mão:  o método histórico-crítico do liberalismo teológico…” (A apostasia na Igreja no contexto mundial. In: SANTANA, Uziel (org.). Apostasia, Nova Ordem Mundial e Governança Global. Campina Grande: VCP,  2012, pp.89-90)
– O ensino de Jezabel levou os crentes de Tiatira a se envolverem com a infidelidade espiritual, a comerem dos sacrifícios da idolatria. Assim como a Jezabel do Antigo Testamento levou quase todo o povo de Israel (reino do norte) a deixar a Deus e passar a cultuar a Baal, esta Jezabel de Tiatira também estava fazendo com que grande parte dos crentes deixassem de servir a Cristo para passar a servir aos ídolos, entre os quais o próprio imperador romano. E, o pior de tudo isto, é que, a exemplo da Jezabel do Antigo Testamento, fazia o povo crer que, assim fazendo, não estavam deixando de servir a Deus.
– Quando verificamos o período de Acabe em Israel, observamos que, apesar de o povo servir a Baal, eles achavam que ainda serviam a Deus. Tanto é assim que, no episódio da vinha de Nabote, observamos que Jezabel, na sua astúcia para dar cabo à vida de Nabote, mandou convocar um jejum onde se acusou Nabote de ter blasfemado contra o Senhor (I Rs.21:9,10). Havia, portanto, uma espécie de sincretismo, ou seja, de mistura de crenças, uma religião em que Deus Se tornava mais um entre tantos deuses. Não foi por outro motivo que o profeta Elias conclamou o povo a deixar de “coxear entre dois pensamentos” (I Rs.18:21).
– O ensino de Jezabel era enganador porque fazia os crentes acreditar que, mesmo comendo dos sacrifícios da idolatria, ainda eram servos de Cristo Jesus, que podiam ser infiéis e, mesmo assim, estavam com sua salvação garantida. Estavam no pecado achando que estavam caminhando para o céu mesmo assim!
– É precisamente o que ocorre em nossos dias. Não faltam aqueles que defendam que se pode ser cristão mesmo tendo uma vida envolvida com o pecado e com o mundo. Não faltam as “Jezabéis” que estão a enganar o povo, levando-os a uma vida mundana e em nada diferente dos demais pecadores, fazendo-os crer que são apenas “crentes modernos”, que se livraram das “amarras do atraso e do fanatismo”, mas, que, na verdade, a exemplo do que aconteceu em Tiatira, estão a trilhar, a exemplo de sua “profetisa” o caminho da perdição. Tomemos cuidado com isto, amados irmãos!
– O Senhor Jesus, então, mostra toda a Sua misericórdia. Apesar de censurar severamente Jezabel, diz que lhe deu tempo para que se arrependesse da sua prostituição, mas ela não se arrependeu (Ap.2:21). Jesus, amados irmãos, é misericordioso, não tem prazer na morte do ímpio, mas, antes, que o ímpio se converta e viva (Ez.18:23; 33:11). Por isso, o Senhor Jesus, apesar de toda a impiedade de Jezabel, deu-lhe oportunidade para que se arrependesse. Todos os homens têm uma real oportunidade de arrependimento, pois Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34).
– Diante da dureza de cerviz de Jezabel, que não quis se arrepender, o Senhor disse que a poria numa cama (Ap.2:22a). É interessante observar que, mesmo diante de uma resposta negativa à proposta de arrependimento, o Senhor não destruiu de pronto a Jezabel, mas a pôs numa cama, dando-lhe, ainda, oportunidade para que, antes da morte, viesse a se arrepender. Estamos no tempo da graça, onde o Senhor leva ao extremo a Sua longanimidade, a fim de que nenhum homem se perca! “…O Senhor é longânimo e misericordioso. Quando alguém é punido por Deus, é simplesmente por causa da dureza do seu coração impenitente.…” (OLIVEIRA, José Serafim de. op.cit., p.21).
– Além do juízo sobre Jezabel, o Senhor Jesus também advertiu os seguidores dos ensinos dela. Para eles, disse o Senhor, viria “grande tribulação, se não se arrependerem de suas obras” (Ap.2:22b). Cada um tem responsabilidade pessoal diante de Deus (Ez.18). Desta forma, tanto Jezabel quanto aqueles que seguiram os seus ensinos falsos tinham de responder por seus pecados diante do Senhor. Ninguém paga pelo pecado de outrem. Cada um deve sofrer o dano do seu próprio pecado.
– No entanto, Jezabel, por ser a fomentadora de todos os males causados naquela igreja, tinha maior responsabilidade. Por isso, o Senhor disse que sua pena seria maior: seria posta numa cama. “…O comentador Charles declara que as expressões ‘cama e tribulação’ nesta passagem expressam a mesma ideia. Além disso, supõe que ‘porei numa cama’ equivale no grego hodierno a ‘infligir uma enfermidade’ (cf. Ex.21:8) e que aquela primeira expressão é o hebraico especificado por trás do grego. Jezabel teve como paga de seu engano e prostituição ‘um leito de pestilência’. O resultado de tudo isso foi a morte (Rm.6:23).…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.46).
– Já os que a seguiram, embora fossem igualmente responsáveis, tinham uma diminuição na sua pena, uma vez que haviam sido induzidos ao erro, não uma indução total, já que eram conhecedores da Palavra e deviam tê-la observado. De qualquer maneira, sobre eles viria “grande tribulação”, caso não se arrependessem. Temos aqui, pela vez primeira, a ideia da “grande tribulação”, da ira divina que virá sobre o mundo a tantos quantos rejeitarem a proposta do Evangelho, que é o arrependimento dos pecados e a fé em Jesus Cristo. O fato de os seguidores dos ensinos de Jezabel serem tratados como os incrédulos é a prova viva de que a aceitação dos ensinos desta mulher iníqua os fez perder a condição de filhos de Deus. Como afirma o pastor Severino Pedro da Silva, “…Não eram filhos de Deus mas da semente iníqua, gerada do engano e, como tais, estavam candidatos tanto a primeira como a segunda [morte, observação nossa]. Seja como for, o pecado tem consigo a pena aqui e na eternidade…” (op.cit., p.46).
– Tanto a cama quanto a grande tribulação, no entanto, embora já fossem manifestação do juízo divino, ainda era, por incrível que possa parecer, expressão da misericórdia e longanimidade de Cristo. Na cama e na grande tribulação, ainda poderiam se arrepender, mas, se não o fizessem, seriam feridos de morte, para que todas as igrejas soubessem que Jesus Cristo sonda os corações e os rins, dando a cada um segundo as suas obras (Ap.2:23).”…Através deste julgamento de Deus sobre Jezabel (esta pseudoprofetisa que estava na igreja de Tiatira) e sobre seus filhos, todas as igrejas saberiam que o Senhor não Se deixa levar pelas aparências, mas sonda as intenções do coração…” (OLIVEIRA, José Serafim de. op.cit., p.21).
– Na perspectiva histórica, que vê cada carta endereçada a uma igreja da Ásia Menor um período da história da Igreja, conforme vimos, temos o período chamado da “igreja medieval”. Ao lado da ação social e meritória ocorrida naquela época, a que nos referimos, tivemos, também, os ensinos de Jezabel vindo a habitar a Cristandade.
OBS: “…Tiatira representa uma época escura da Igreja. De 500 a 1500 anos depois de Cristo houve realmente um período de trevas na igreja. Nesse tempo, instituíram dogmas e uma enorme perseguição aos cristãos que não aceitaram as ordens do clero. Ele tornou-se mais forte que o Estado e queria dominar os reis da terra, sujeitando-os a seu líder, como se fosse infalível e um deus entre os homens.…” (SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.7, p.46)
– Com efeito, é no período medieval que vamos encontrar a consolidação das práticas idolátricas que já se haviam iniciado no período anterior, consoante estudamos na lição anterior. Na Idade Média, temos a consolidação da idolatria no meio dos que cristãos se diziam ser, sendo consolidada a chamada “doutrina dos sacramentos”, que hoje, aliás, constitui um dos quatro principais pilares da doutrina católica romana. Eis o que se criou como “doutrina” neste período no seio da Cristandade (Fonte: TESTA, Stephen L. Lista dos desvios doutrinários da Igreja Católica Romana. Disponível em: http://ibb.nbrasil.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1023:lista-dos-desvios-doutrinarios-da-igreja-catolica-romana&catid=59:varios&Itemid=154Acesso em 27 mar. 2012) (as datas com asterisco indicam que a fonte é: DESMASCARANDO as Seitas. Desmascarando o Catolicismo Romano (Parte 02). Disponível em: http://desmascarandoseitas.blogspot.com.br/2009/02/desmascarando-o-catolicismo-romano_25.htmlAcesso em 30 mar. 2012).
Ano 819* – Introdução da Festa de Assunção de Maria
Ano 850 – Foi criada a chamada “água benta”, misturada a uma pitada de sal, abençoada pelo sacerdote, sendo mais uma cópia do paganismo. 
Ano 880* – Introdução da canonização dos santos.
Ano 890 – Início da veneração a São José.
Ano 965 – Batismo dos sinos, instituído pelo Papa João XIV.
Ano 998 – Jejum e abstinência de carne, às sextas-feiras, durante a quaresma. Alguns pesquisadores da história da ICAR afirmam que os hierarcas que criaram esta lei estavam interessados na comercialização do pescado. (Esta prática é contrária à Bíblia, conforme Mateus 15:10; 1 Coríntios 10:25 e 1 Timóteo 4:1-3).
Ano 998* – Estabelecimento do Dia de Finados
Ano 1000* – Cânon da Missa
Ano 1079 – Decretado o celibato obrigatório dos padres e freiras, pelo Papa Bonifácio VII.
Ano 1090 – O rosário (separação de contas) foi instituído por Pedro, o Eremita. Ele copiou tal costume dos hinduístas e muçulmanos, sendo mais uma prática pagã, com a repetição de palavras, condenada por Cristo, conforme Mateus 6:1-5. 
Ano 1100* – Introdução do culto aos anjos e do pagamento da missa.
Ano 1115* – A confissão é confirmada como artigo de fé.
Ano 1160* – São estabelecidos os sete sacramentos.
Ano 1184/1186* – Início da Inquisição contra os hereges, pelo Concílio de Verona.
Ano 1190 – Começa a venda de indulgências, como forma de apagar os pecados, incentivando, assim, a legalidade dos mesmos.
Observação – A Bíblia condena este tipo de transação e foi por causa da venda de indulgências que Martinho Lutero pregou as 95 teses no portão da Igreja de Wittenberg, dando início à Reforma Protestante.
Ano 1200* – Uso do rosário por São Domingos, chefe da Inquisição.
Ano 1215* – A transubstanciação é transformada em artigo de fé.
Ano 1220 – Começou a adoração à hóstia, por decreto do Papa Honório. 
Ano 1226* – Introdução da elevação da hóstia.
Ano 1229 – A ICAR proíbe aos leigos a leitura da  Bíblia e coloca o LIVRO SANTO no Índice dos livros proibidos.
Ano 1264* – Introdução da Festa do Sagrado Coração de Jesus.
Ano 1287 – Foi inventado o escapulário por Simão Stock, um monge britânico. Trata-se de um pedacinho de tecido marrom, com a imagem da Senhora dos católicos, levando o usuário à crença (antibíblica) de que quem usar este escapulário em contato com a pele, ficará protegido de todo o mal e ainda será retirado do purgatório (pois creem que o usuário deste objeto  jamais irá para o inferno), no primeiro sábado, após sua morte. 
Ano 1303* – proclamação da Igreja Católica Apostólica Romana como a única verdadeira e onde se encontra a salvação.
Ano 1311* – Introdução da Procissão do Santíssimo Sacramento e primeira notícia da oração da Ave-Maria.
Ano 1414 – No Concílio de Constança, foi proibido aos leigos o vinho “consagrado” na Missa, ficando a comunhão restrita ao pão e o vinho permitido somente ao celebrante.
Ano 1439 – A doutrina do Purgatório é transformada em dogma no Concílio de Florença, assim como os sete sacramentos são tornados artigos de fé.
– Na Idade Média, temos a consolidação da idolatria e a “prática cristã” passa a ser baseada em “sacrifícios”. Daí porque Tiatira significa “sacrifício de trabalho”. A começar pela criação da missa, que passa a ser “o sacrifício incruento de Cristo”, temos toda a criação de um sistema de “salvação pelas obras”. Havendo prática de boas obras, mesmo que se “coma dos sacrifícios da idolatria”, crê-se que há salvação. “…Foi8 nesta época que uma cópia do paganismo de Tiatira foi introduzido na igreja e, sobretudo, no campo comercial, sob a forma de imagens em profusão, surgido sob uma forte representação feminina pela introdução do culto a Maria, a mariolatria e com o desvirtuamento do merecido respeito e admiração à pessoa da virtuosa mãe de Jesus. Maria passou a ser corredentora. Cristo deixou, também, de ser o único Mediador entre Deus e os homens no pensamento deles…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.46).
– Esta “igreja medieval” teve sua chance de arrependimento, ante o levantamento de vários homens de Deus que, ao longo do período, lutaram para que este estado de coisas se alterasse, tais como John Wycliff (1329-1384) e Jan Huss (1369-1415). No entanto, isto não se deu pois, com a Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero em 1517, foi convocado o Concílio de Trento (1545-1563), que ratificou todas estas doutrinas, o que significou o ferimento de morte dos seguidores dos ensinos de Jezabel.
IV – AS PALAVRAS DO SENHOR JESUS À IGREJA DE TIATIRA
– Nem tudo, porém, estava perdido na igreja de Tiatira. Além da manifestação da misericórdia e longanimidade do Senhor Jesus para que tanto Jezabel quanto seus seguidores se arrependessem, o Senhor indica que havia entre aqueles crentes “os restantes”, que eram “todos quantos não têm esta doutrina e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás” (Ap.2:24).
– Sempre, amados irmãos, há um remanescente fiel no meio do povo de Deus. Assim como, nos dias de Jezabel, havia sete mil que não havia dobrado seus joelhos a Baal nem tampouco suas bocas o tinham beijado (I Rs.19:18), também em Tiatira havia aqueles que não haviam seguido os ensinos de Jezabel e continuavam vivendo em santidade, sem comer dos sacrifícios da idolatria, sem se prostituírem, ou seja, mantendo-se fiéis ao Senhor.
– Por mais apostasia que possa surgir no meio das igrejas locais, sempre é possível se manter fiel ao Senhor e não se contaminar com aqueles que se deixam envolver pelos falsos ensinos, que se deixam envolver pelo pecado e pelo mundanismo. Não se deve sair da congregação, como é costume de alguns, mas, antes, se torna indispensável que, no local onde o Senhor nos manda servi-l’O, façamo-lo com dedicação e fidelidade.
– Os seguidores dos ensinos de Jezabel bem como a própria Jezabel jactavam-se de terem “conhecimentos misteriosos”, de terem acesso às “profundezas de Satanás”. “…Os mestres gnósticos atribuíram à sua doutrina o caráter de ‘profundidade’ e a ‘mulher Jezabel’ invocava para sua doutrina o mesmo sentido. De acordo com a expressão ‘profetisa’ encontrada no versículo vigésimo deste capítulo, esta senhora, Jezabel, era portadoria de uma ‘teomania aguda’, espécie de loucura em que o doente se julga Deus ou por Ele inspirado…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., pp.47-8).
– Muito do que se introduziu na Idade Média indevidamente na doutrina cristã é fruto de experiências místicas e sobrenaturais vividas por pessoas que, aliás, foram, no mais das vezes, tidas como “santas” ou “bem-aventuradas”, trazendo práticas para a igreja sem qualquer respaldo bíblico. A adoração pública da hóstia, por exemplo, é resultado da visão de uma freira agostiniana francesa que foi transmitida a um sacerdote de sua diocese e que, posteriormente, se tornaria o Papa Urbano IV, que, assim, instituiu a festividade de Corpus Christi em 1264.
– Como diz o apóstolo Paulo, não podemos ir além do que está escrito (I Co.4:16), nem podemos transformar experiências místicas e sobrenaturais privadas em doutrinas aplicáveis a toda a igreja, visto que tudo quanto deveria ter sido revelado a nós o foi na Bíblia Sagrada. Tiatira representa a igreja que deixou os ensinos das Escrituras para se apegar a ensinos despidos de autoridade e que, por isso mesmo, são falsos e falaciosos. Tomemos cuidado com isso, amados irmãos!
– A este remanescente, o Senhor Jesus promete que “outra carga não vos porei” (Ap.2:24).  Com esta expressão, o Senhor Jesus confirmou aos “restantes” que eles não teriam peso algum para carregar na sua vida espiritual, a não ser o “jugo de Jesus”, que é suave, bem como Seu fardo, que é leve (Mt.11:30). Como diz o pastor José Serafim de Oliveira, “…O Senhor não coloca um jugo pesado sobre os crentes, dogmas e preceitos religiosos.…” (op.cit., p.21). “…Sobre os que não seguem essa doutrina, o Senhor não colocará outra carga; estes são os que já têm a Sua Palavra e devem conservá-la: “Conservem Minha palavra que vocês conhecem – isto é suficiente.…”(NEE, Watchman. A ortodoxia da igreja, p.23).
– Nos dias hodiernos, não são poucos os que, como modernas “Jezabéis”, têm criado uma série de encargos e pesos sobre os que cristãos se dizem ser. No entanto, o Senhor foi bem claro ao dizer que aos Seus servos não impõe carga alguma além do Seu jugo e fardo, que é o que consta nas Escrituras, que d’Ele testificam (Jo.5:39). Nada além do que consta nas Escrituras é exigível do servo de Deus. Por isso, não podemos admitir que mandamentos de homens ou doutrinas de demônios venham querer limitar ou, até mesmo, eliminar a nossa liberdade em Cristo Jesus, liberdade que vem pelo conhecimento da verdade (Jo.8:32), que é a Palavra de Deus (Jo.17:17).
– Para estes restantes, o Senhor Jesus dá apenas uma advertência: “o que tendes, retende-o até que Eu venha” (Ap.2:25). É fundamental que mantenhamos a nossa vida de comunhão com o Senhor, que nos mantenhamos separados do pecado e do mundo e que não nos envolvamos com a prostituição espiritual nem com os sacrifícios da idolatria. Precisamos seguir a santificação, sem o que não veremos a Deus (Hb.12:14), o que implica, entre outras coisas, mantermo-nos fiéis ao que se encontra na Palavra de Deus, que é meio de santificação (Jo.17:17). “…Somente quando a Igreja se firma na Palavra de Deus é que se pode combater a apostasia no contexto mundial. É necessária uma postura teológica firmemente enraizada nas Escrituras para fazer face aos desafios do liberalismo apóstata…” (LOPES, Augustus Nicodemus. A apostasia na Igreja no contexto mundial. In: SANTANA, Uziel (org.). Apostasia, Nova Ordem Mundial e Governança Global, p.97).
– Para combatermos a apostasia e não sermos envolvidos por ela, torna-se imperioso que mantenhamos o que recebemos de nossos pais na fé, que mantenhamos a Bíblia Sagrada como nossa única regra de fé e prática. O apóstolo Paulo disse falou quando ensinou aos tessalonicenses a respeito da volta de Cristo, explicando que ela seria precedida pela apostasia, mas que os verdadeiros e genuínos crentes em Jesus deveriam, “em santificação do Espírito e fé da verdade” (II Ts.2:13),  “estar firmes e reter as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa” (II Ts.2:15). Temos seguido este sábio conselho do apóstolo? “…Não nos apartemos da pureza e da simplicidade do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo…” (OLIVEIRA, José Serafim de. op.cit., p.21).
V – AS PROMESSAS DE VITÓRIA FEITAS À IGREJA DE TIATIRA
– Após esta advertência, o Senhor Jesus faz a Sua promessa aos vitoriosos. Diz o Senhor: “Ao que vencer, e guardar até o fim as Minhas obras, Eu lhe darei poder sobre as nações. E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de Meu Pai” (Ap.2:26,27).
– Para vencer, o Senhor Jesus diz que é preciso “guardar até o fim as Minhas obras”. É interessante observar que não se trata aqui de fazer as nossas obras, mas de “guardar as obras de Cristo”. Vemos, claramente, que a salvação não vem pelas obras que venhamos a fazer, mas, bem ao contrário, que a salvação é decorrência de passarmos a fazer a vontade de Cristo e, por isso, fazermos as obras d’Ele, sermos Seus imitadores (I Co.11:1). A propósito, uma obra de grande importância para o “renascimento espiritual” ao término da Idade Média foi um livro de Tomás de Kempis (1379/80-1471), chamado “Imitação de Cristo”.
– Aquele que renuncia ao seu próprio “eu” e passa a obedecer a Cristo incondicionalmente, aquele que permite que o reino de Deus venha sobre si terá como recompensa a participação no reinado de Cristo sobre a face da Terra. “Eu lhe darei poder sobre as nações” é a promessa dada pelo Senhor. Todos quantos forem fiéis ao Senhor e seguirem a Sua Palavra participarão do reinado milenial de Cristo (Ap.20:4,6). Aquele que não se casa com Jezabel será desposado por Cristo, fará parte da Sua esposa (Ap.19:7) e, como tal, participará do Seu reinado quando Ele voltar dos céus para governar e restaurar esta Terra.
– Neste reinado, o Senhor governará “com vara de ferro”, ou seja, “…Isto não quer dizer um reino ou governo de extrema ‘dureza’, mas, sim, um método inquebrantável (Sl.2:8,9; Ap.12:5)…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.49). As nações, que haviam se estabelecido num sistema hostil a Deus, desde a rebelião ocorrida em Babel (Gn.11:1-9), serão “quebradas como vasos de oleiro”, o que, aliás, já fora revelado pelo profeta Daniel ao interpretar o sonho da estátua que tivera o rei Nabucodonosor (Dn.2), pois o Senhor Jesus é a pedra que “…foi cortada sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou” (Dn.2:34), Aquele que estabelecerá “…um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo, esmiuçará e consumirá todos estes reinos, e será estabelecido para sempre”(Dn.2:44).
– Por isso, amados irmãos, vale a pena sermos fiéis ao Senhor Jesus, não nos envolvermos com os poderes políticos deste mundo, nem tampouco corrermos atrás de benesses advindas de nossa comunhão com o sistema pecaminoso que está a governar as nações, pois, “…Este sistema iníquo terá fim e os reinos deste mundo, então, serão de Nosso Senhor e de Seu Cristo (Ap.11:15)…” (OLIVEIRA, José Serafim de. op.cit., p.22).
– O Senhor Jesus diz que recebeu este reino de Seu Pai. Por isso, aliás, já havia aparecido a João como Cristo Glorificado, para confirmar o que dissera antes de subir aos céus, ou seja, que todo o poder Lhe fora dado nos céus e na terra (Mt.28:18). Não temos o que temer: servimos ao Senhor Todo-Poderoso. Aleluia!
– Mas, antes que isto aconteça, o Senhor Jesus diz que daria aos “restantes” de Tiatira a “estrela da manhã”. Esta estrela é o próprio Jesus Cristo (Ap.22:16). A “estrela da manhã” é o planeta Vênus que, antes do romper do dia, continua a brilhar no céu, antes que venha o Sol. O que o Senhor Jesus está a dizer aqui, portanto, é que, antes que venha o dia em que reinará sobre toda a face da Terra, no milênio, para a Igreja Ele já brilhará. Nós já contemplaremos a Sua glória, já desfrutaremos dela, seja aqui na Terra, enquanto peregrinamos, seja mesmo antes do estabelecimento do milênio, quando seremos arrebatados, sete anos antes, para não sofrermos a ira do Cordeiro sobre este planeta.
– Receber a “estrela da manhã”, portanto, é receber, já aqui e no arrebatamento, a presença gloriosa de Cristo. É esta a promessa que Jesus nos deixou, de vermos a Sua face gloriosa antes dos demais homens. “…Antes que o dia amanheça e brilhe o Sol da Justiça (Ml.4:2), aparecerá, nos ares, a Estrela da Manhã e somente os que estiverem acordados espiritualmente a verão e serão arrebatados para seu Senhor.…” (OLIVEIRA, José Serafim de. op.cit., p.22). Somos um dos tais?
– A carta encerra-se com a extensão do seu destino a todos os crentes de todos os lugares e de todas as épocas: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap.2:29). Temos prestado atenção a esta mensagem que o Senhor nos deixou? Temos nos apartado dos ensinos de Jezabel? Que Deus nos guarde e que, o quanto antes, nos arrependamos de nossas condutas desagradáveis ao Senhor. Amém!
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL – EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Iesus Kyrios

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading