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LIÇÃO 3 – A CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO

A conversão de Paulo é um momento importantíssimo da história da Igreja.

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo da vida do apóstolo Paulo, estudaremos a sua conversão a Cristo.

– A conversão de Paulo é a demonstração de que Jesus salva até o pior dos pecadores (I Tm.1:15,16).

I – O ZELOSO FARISEU TORNA-SE UM CRISTÃO

– Deixamos Saulo de Tarso na sua aparentemente exitosa campanha de grande perseguição contra os cristãos. Depois de ter convencido o Sinédrio a abandonar a política de tolerância para os cristãos que, paradoxalmente, havia sido obra do seu mestre Gamaliel, o jovem fariseu parecia ter “acertado”.

– Com efeito, os cristãos haviam sido expulsos de Jerusalém, com exceção dos apóstolos, e tudo indicava que a “seita dos nazarenos” estava com os seus dias contados, pois os cristãos, sem recursos e sem liderança, não tinham mais como dar continuidade a sua pregação.

– Saulo, então, resolve atacar em Damasco, cidade da Síria onde havia uma importante comunidade judaica, e onde havia também um grupo de cristãos, visando intimidar as populações judias da diáspora, a fim de impedir que os cristãos foragidos de Jerusalém tivessem eventualmente algum sucesso em uma evangelização.

– Como sinal de que tinha prestígio junto ao sumo sacerdote, conseguiu autorização dessa autoridade para prender os cristãos judeus que encontrasse em Damasco e, caso não abandonassem a fé em Jesus, trazê-los até Jerusalém onde poderiam ser validamente justiçados.

– Entretanto, se esta era a ideia nutrida pelo implacável perseguidor de cristãos, era bem outro o plano do Senhor Jesus para aquele homem.

– O nosso Deus já havia escolhido Paulo desde o ventre de sua mãe (Gl.1:15) e é no caminho para Damasco que Jesus Se lhe revela e ocorre a extraordinária conversão (At.9:1-18).

– Percebemos, assim, nitidamente, que Deus permitiu que Paulo fosse formado nas letras judaicas, gregas e romanas, para que fosse um eficaz vaso na propagação do Evangelho entre os gentios.

Tudo não passara de uma preparação para o ministério que Paulo iria desenvolver a partir de sua conversão. Tudo quanto aprendera seria utilizado no ministério, tanto que Paulo denomina a todo este conhecimento de “esterco”

(Fp.3:8), ou seja, como fertilizante, como material que serve para fortalecer, corroborar o conhecimento que adquiriu de Cristo Jesus.

Eis uma demonstração cabal de que o conhecimento secular não é obstáculo, mas um auxiliar poderoso no ministério de cada cristão e como não têm razão alguma os inimigos do estudo, os anti-intelectualistas, que, lamentavelmente, ainda existem aos milhares nas igrejas locais. Se o estudo secular fosse um mal, um entrave na obra do Senhor, por que Deus teria preparado durante décadas o apóstolo Paulo?

– A conversão de Saulo é tão importante que ela é relatada em três oportunidades no livro de Atos dos Apóstolos: Lucas a narra na sequência histórica do seu livro em At.9:1-18.

Depois, Paulo a menciona em seu discurso de defesa perante a multidão que havia tentado matá-lo no templo em Jerusalém (At.22:1-16). Por fim, Paulo torna a lembrar do episódio em seu discurso perante o rei Agripa (At.26:12-19).

– A insistência do Espírito Santo em fazer Lucas registrar, por três vezes, este fato já é suficiente para nos mostrar a importância de tal episódio, não apenas do ponto de vista histórico, mas, também, doutrinário.

– O relato da conversão de Paulo é uma narrativa que muito nos esclarece a respeito da salvação. É certo que foi uma experiência única, que não deve ser tomada como uma “doutrina”, mas as suas características nos permitem verificar o que significa o novo nascimento, a regeneração do pecador, a transformação de uma criatura de Deus em filho de Deus.

– Assim como acontece com os evangelhos, as três narrativas apresentam aparentes incongruências, mas que, quando analisadas de forma mais detida, permitem-nos ver serem narrativas complementares, sem quaisquer contradições.

– A narrativa da conversão de Paulo mostra que, antes de se encontrar com o Senhor, o então perseguidor da Igreja era alguém que “respirava ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor”. Paulo, no seu zelo religioso, apenas trazia ameaças e mortes contra o próximo.

O zelo religioso, sem a presença de Jesus Cristo na vida do religioso, somente redunda em ameaças e mortes.

– Muitos têm, ao longo dos séculos, e, principalmente, a partir do século XVII, criticado as religiões e a religiosidade, considerando-as culpadas pelas guerras e pelos sofrimentos causados por elas.

Estes pensadores, cada vez mais ousados, culpam a religião por todo o sofrimento da humanidade, pregando, aos quatro ventos, que somente haverá paz e felicidade sobre a face da Terra quando não mais houver religiões ou, então, quando todas as religiões se fundirem em uma só, que tenha, de preferência, o ser humano como alvo de adoração.

– Esta mensagem, cada vez mais sedutora e que ganha inúmeros adeptos, nada mais é que o pré-lançamento da religião do Falso Profeta, que levará o mundo todo a adorar o Anticristo, na Grande Tribulação, depois que a Igreja for arrebatada por Cristo Jesus, o que não demora ocorrer.

No entanto, apesar de se estar diante de um pensamento nitidamente distorcido pelo inimigo de nossas almas, as Escrituras confirmam que o zelo religioso, sem Jesus, somente redunda em ameaças e mortes. O exemplo disto é o zeloso Saulo.

“Zelo” é, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “grande cuidado e preocupação que se dedica a alguém ou algo”, “forte disposição, diligência, empenho aplicado na realização de algo (ao bom desempenho de tarefas, deveres, obrigações religiosas etc.)”, “afeição intensa, amor por alguém ou algo”.

Ora, quando alguém se dedica a religiões, a doutrinas de homens (Mt.15:9; Mc.7:7; Cl.2:22; Hb.13:9), temos que outro resultado não pode haver senão ameaças e mortes, pois o ser humano, em seu pecado, está morto em suas ofensas e pecados (Ef.2:1,5; Cl.2:13), encontra-se do lado da morte (Jo.5:24; I Jo.3:14), de forma que, de tal fonte, somente pode surgir a morte.

– O “zelo religioso” sem Cristo Jesus nada mais é que “ódio”, que, aliás, era um dos significados da palavra grega “zêlos” (ζηλος), que deu origem à palavra em língua portuguesa.

Não é de surpreender, portanto, que o “zelo religioso” tenha promovido mortes e tragédias ao longo da história da humanidade e continuará a fazê-lo, inclusive o fará durante o tenebroso governo da besta durante a Grande Tribulação.

Não nos esqueçamos das palavras de Jesus: “…vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.”(Jo.16:2).

– Saulo era mais um destes milhões de fanáticos religiosos que, em seu zelo sem Cristo, apenas alimentam a violência, o ódio e a dor.

De posse das cartas recebidas do sumo sacerdote com autorização para prender os cristãos que encontrasse em Damasco e os levasse presos a Jerusalém, tem um encontro no caminho com o Senhor Jesus.

– Somente um encontro pessoal com Jesus Cristo pode mudar o caráter de uma pessoa. Não há conversão sem que se encontre pessoalmente com Jesus Cristo.

Jesus Cristo é uma pessoa e, por isso, devemos ter um relacionamento com Ele, um diálogo, uma comunicação.

Precisamos ter uma experiência contínua com Deus, sem o que não seremos, verdadeiramente, Seus filhos.

Saulo, após se converter, iniciou esta experiência, que alcançou um patamar tão profundo que, certa vez, afirmou:

“…vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus…” (Gl.2:20 “in medio”).

– Podemos repetir estas palavras de Saulo ou, ainda, apesar de nos chamarmos “cristãos”, “evangélicos” ou “crentes”, ainda não tivemos um encontro pessoal com o Senhor?

Não nos esqueçamos da vida de John Wesley, o fundador da Igreja Metodista, que admitiu que somente quando retornava de sua primeira viagem missionária à América, já como ministro do Evangelho, em um navio, teve um verdadeiro encontro pessoal com Cristo, considerando ter aí ocorrido a sua conversão.

– O encontro pessoal com Jesus na vida de Saulo começou com um esplendor de luz do céu, símbolo do Evangelho de Cristo que o próprio Paulo, mais tarde, diria ser a iluminação que elimina a cegueira espiritual dos incrédulos (II Co.4:3,4).

Era uma luz que excedia o esplendor do Sol (At.26:13), a nos indicar algo que está além da natureza, talvez para retirar de Saulo a concepção filosófica estoica de que o “Logos” era a própria natureza.

– Saulo, envolvido por este clarão, caiu na terra (não se diz, no texto sagrado, que estivesse sobre algum animal quando a luz se lhe apareceu, embora se possa inferir que, numa viagem desta natureza, estivesse a montar um animal) (At.9:4; 22:7; 26:14), gesto que também simboliza outro requisito indispensável para uma conversão: a submissão a Deus, a renúncia de si mesmo, a rendição ao Senhor.

– Em seguida, já no solo, Saulo ouviu a voz de Jesus que lhe perguntou porque ele O perseguia (At.9:4; 22:7; 26:14).

Temos aqui outra característica na conversão das pessoas: elas passam a ouvir as palavras de Jesus, a Palavra de Deus, até porque, como explicaria o próprio Paulo, na sua epístola aos romanos, a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17).

– Não é possível que haja conversão sem que a pessoa ouça e observe a Palavra de Deus. Todos quantos se digam filhos de Deus mas insistem em não ouvir a voz do Senhor ou, pior do que isto, ouvem-na mas não a observam, sendo ouvintes esquecidos (Tg.1:22), não são verdadeiros servos do Senhor, mas tão somente insensatos, cuja ruína espiritual não demora (Mt.7:26,27).

– É importante observar que Paulo esclarece que o Senhor Jesus lhe falou em hebraico, língua então morta, só conhecida por estudiosos das Escrituras, como o próprio Saulo, de modo que aí se entende porque é dito em At.22:9 que os que o acompanhavam não ouviram a voz e, em At.9:7 é dito que eles não ouviram a voz.

O que ocorreu, na verdade, é que os companheiros de Saulo ouviram algo, mas não entenderam, já que Jesus falou em hebraico (At.26:14).

– Temos, então, o início da conversão de Saulo. Tendo sido inquirido pelo próprio Jesus, Saulo responde, chamando a Jesus de Senhor, num sinal de submissão e reconhecimento da soberania divina de Cristo:

“Quem és tu, Senhor?” Saulo, apesar de toda a sua erudição, inclusive na lei judaica, reconhece com esta pergunta a sua ignorância, sem falar que admite a condição de Cristo como Deus, o que somente se faz pelo Espírito Santo (I Jo.4:3,15).

– A conversão é obra do Espírito Santo na vida do homem. É o Espírito que convence o pecador do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8), não sendo uma tarefa que se faça por força ou violência (Zc.4:6).

O violento e zeloso Paulo, que, por meio de ameaças e mortes, procurava levar os judeus de volta ao judaísmo, começa a descobrir que a transformação do homem se dá pelo Espírito Santo.

Será que temos já esta compreensão da realidade espiritual, mormente quando procuramos evangelizar nossos familiares e conhecidos?

– Mostrando-se maior que a natureza, demonstrando ser uma pessoa viva e poderosa, falando desde o céu, Nosso Senhor e Salvador mostra-Se a Paulo como Deus e, deste modo, pôde Saulo constatar que aqueles ditos de Estêvão, que tanto lhe haviam marcado, eram verdadeiros. Jesus, sim, estava à direita de Deus, nos céus, vitorioso e reinante.

– Jesus não faz rodeios. Identifica-se como o perseguido: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (At.9:5).

Temos aqui o Jesus que não muda, cuja mensagem continuava a ser, mesmo após estar glorificado e à destra do Pai, a mesma que proferiu a partir da prisão de João Batista (Mc.1:15).

Jesus chama Saulo ao arrependimento de seus pecados. Saulo tinha de reconhecer que era o perseguidor, embora isto fosse extremamente penoso para sua mente, concepções e viver.

– Este chamado ao arrependimento é reforçado pela expressão “dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões” (At.26:14), ou seja, é duro resistir a obedecer a Deus, chegar ao ponto da ferida, retirar o “aguilhão”, ou seja, a ponta de ferro da aguilhada, ao orgulho próprio, a vaidade pessoal, o que sempre ocasionará dor (na NVI, a expressão é “resistir ao aguilhão só lhe trará dor” e na NAA, “É duro para você ficar dando coices contra os aguilhões!”), mas que é absolutamente indispensável para que sigamos a Cristo. Sem renúncia de nós mesmos, sem tomarmos a nossa cruz, é impossível seguir o Senhor Jesus (Mc.8:34; Lc.9:23).

OBS: A expressão “duro é recalcitrar contra os aguilhões” é encontrado, na ARC, também em At.9:5 mas é considerado espúrio ali, um erro de Erasmo na elaboração do chamado “Texto Recebido”, não sendo a expressão encontrada em qualquer outra tradução das Escrituras, salvo as baseadas na Vulgata Latina, como a Versão do Pe. Antonio Pereira de Figueiredo. Entretanto, o relato de At.26:14 confirma que foi dito pelo Senhor.

– Sem arrependimento de pecados, não há genuína conversão, mas Saulo se arrependeu e, tremendo e atônito, rende-se ao Senhor Jesus, perguntando-lhe o que Ele queria que fosse feito (At.9:6; 22:10). Jesus, então, mandou que Saulo entrasse na cidade e ali se lhe diria o que deveria fazer.

– Saulo estava, então, cego, tendo sido guiado pelos homens que o acompanhavam, o qual haviam ouvido a voz, mas não na haviam compreendido, visto que o Senhor Jesus falou em hebraico com Saulo (At.9:7; 22:9 e 26:14), língua já, então, morta, conhecida apenas dos estudiosos das Escrituras, como era o caso de Saulo.

– A presença de companheiros na viagem, que viram a luz mas não entenderam a mensagem dada por Jesus a Saulo, mostra que a experiência da conversão é individual, que faz parte da intimidade de cada um com Deus. Não adianta queremos “ir de carona” na experiência de nossos irmãos em Cristo, precisamos nós mesmos de ir ao encontro com Jesus. A salvação é individual.

– Saulo entra na cidade de Damasco e, cego, vai para a casa de Judas, na rua chamada Direita, onde ficou três dias sem comer nem beber. Como bom fariseu, buscou a Deus em jejum, não mais o jejum ritual e formalista que costumava fazer (cfr. Lc.18:12),

mas uma intensa busca de Deus, para saber qual era a vontade do Senhor para a sua vida, tanto que teve uma visão em que Ananias orava por ele e lhe restabelecia a vista (At.9:12), que foi precisamente o que aconteceu, oportunidade em que, demonstrando ser uma pessoa realmente convertida, aceitou ser batizado nas águas e, nesta ocasião, também foi cheio do Espírito Santo, ou seja, batizado com o Espírito Santo (At.9:17,18).

OBS: Os fariseus jejuavam todas segundas e quinta-feiras.

– Aqui temos preciosas lições: a conversão genuína leva a pessoa a ter uma vida de oração e consagração a Deus.

Paulo passou a buscar a Deus assim que se converteu, querendo saber qual a vontade do Senhor para a sua vida. A conversão genuína leva a pessoa a aceitar o batismo nas águas, a cumprir as ordenanças do Senhor.

A conversão genuína e a busca incessante do Senhor levam-nos ao revestimento do poder, ao batismo com o Espírito Santo, indispensável para um ministério eficaz.

Por fim, a obra do Evangelho não se limita a salvar a alma, mas também a curar o corpo. Saulo foi curado da cegueira, para que pudesse exercer a obra do Senhor. Jesus continua o mesmo, amados irmãos: salva, cura e batiza com o Espírito Santo!

II – PAULO, O VASO ESCOLHIDO PARA LEVAR O NOME DE JESUS AOS GENTIOS

– Ananias, ao orar por Saulo, traz-lhe também uma mensagem da parte do Senhor Jesus. Cristo havia dito ao seu servo Ananias que Paulo era um vaso escolhido para levar o nome de Jesus diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel e que lhe seria mostrado quanto deveria padecer pelo Seu nome (At.9:15).

– Ananias não desobedeceu à ordem do Senhor. Ao se encontrar com Saulo, disse ao novo convertido que de antemão havia sido designado pelo Deus dos seus pais para que conhecesse a Sua vontade e visse aquele Justo e ouvisse a voz da Sua boca, porque seria Sua testemunha para com todos os homens do que tinha visto e ouvido (At.22:14,15).

– Estas palavras vieram como confirmação para Saulo do que ele próprio havia ouvido do Senhor Jesus, que lhe dissera que seria ele ministro e testemunha tanto das coisas que tinha visto como daquelas que veria em outras aparições do Senhor, prometendo ainda livramento tanto dos judeus quanto dos gentios, a quem seria ele enviado para abrir os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a Deus, a fim de que recebessem a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé n’Ele (At.26:16-18).

– O zeloso e exclusivista fariseu era avisado de que levaria a mensagem do Evangelho para os gentios e que seria ministro e testemunha do Senhor Jesus.

A experiência do senhorio de Cristo sobre a vida de Saulo tinha sido extremamente marcante e isto se faria sentir de imediato na vida daquele crente que já tinha sido cientificado de que tinha sido chamado para ser “o apóstolo dos gentios”.

– Começa, então, o ministério do apóstolo, que será marcado pelo sofrimento por causa do nome de Jesus (At.9:16).

– Tendo sido revestido de poder e se batizado nas águas, Saulo passa a ser um membro da igreja e, naturalmente, alguém credenciado para pregar o Evangelho com toda a eficácia querida pelo Senhor Jesus.

– Com efeito, o batismo com o Espírito Santo tem como finalidade precípua o de tornar a pessoa testemunha de Jesus Cristo (At.1:8).

“…Somos mergulhados no Espírito Santo por Jesus Cristo para que possamos sair dessa experiência vestidos de coragem e intrepidez no anúncio vocativo do Evangelho.

Sim, não é à toa que os pentecostais associam o falar em línguas e, algumas vezes, a profecia, como sinais do Batismo no Espírito.

Ambos são dons de elocução e marcam, dessa forma, a lembrança que o revestimento de poder serve como capacitação espiritual do cristão como anunciante do Evangelho.

Não é uma experiência pela experiência, ou seja, não é misticismo, no sentido pejorativo do termo, mas é uma experiência missiológica, um impulso à obra de evangelização.

É, também, um sinal que Deus está conosco nessa missão.…” (SIQUEIRA, Gutierres. A glossolalia: o sacramento pentecostal. Disponível em: https://overbo.news/a-glossolalia-o-sacramento-pentecostal/ Acesso em 04 ago. 2021).

– Não se poderia esperar, pois, de Saulo outra atitude senão a de imediatamente começar a pregar o Evangelho, indo às sinagogas de Damasco e pregando a Jesus, que este era o Filho de Deus (At.9:20).

– Paulo inicia a sua vida cristã como um pregador e, assim como fizera Estêvão, começou a ir às sinagogas para ali mostrar que Jesus era o Filho de Deus, começou a pregar a Cristo.

– Evangelizar é pregar a Cristo. Assim fizeram os apóstolos e discípulos nos primórdios da Igreja, assim devemos fazer nós na atualidade, porque “a palavra do Senhor permanece para sempre e esta é a palavra que entre vós foi evangelizada” (I Pe.1:25). Desde o início, Paulo tinha apenas um assunto em sua pregação: Cristo, e Este crucificado (I Co.2:2).

– É muito triste vermos hoje dezenas e dezenas de sedizentes pregadores que têm modificado a sua mensagem, que têm preferido trazer fábulas, mensagens de autoajuda, filosofias e tantas outras coisas, deixando de lado Jesus Cristo. Entretanto, somente evangelizamos quando pregamos a Cristo.

– Quem tem um encontro com o Senhor Jesus, quem alcança a salvação na pessoa bendita de Nosso Senhor e Salvador não se contém e passa a levar adiante a mensagem de que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e brevemente voltará.

– Saulo havia tido uma genuína experiência de salvação e, por isso mesmo, não deixava de anunciá-la aos outros, desejoso de que todos pudessem desfrutar da mesma salvação que o alcançara. Será que temos tido a mesma atitude? Será que realmente temos a experiência da salvação? Quando se a tem, impossível que seja ela trancafiada a sete chaves.

– Os seus ouvintes ficaram confusos. Como aquele que tinha vindo a Damasco para prender os cristãos agora era um deles?

– Temos aqui uma outra demonstração cabal da salvação. Ela transforma a pessoa, faz com que ela mude a tal ponto que mesmo os incrédulos percebem esta mudança.

A salvação é uma realidade patente, que não pode ser escondida por ninguém. Quando nos tornamos luz do mundo, ao recebermos Jesus Cristo, todos veem nosso brilho, pois “não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte, nem se acende uma candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa” (Mt.5:14b,15).

– É importante observar que Paulo se fez conhecido como cristão no anúncio do Evangelho. É certo que seu comportamento também se modificou, pois agora não mais “respirava ameaças e morte”, mas foi na proclamação da Palavra nas sinagogas que revelou que agora se tornara um cristão.

– Dizemos isto porque, lamentavelmente, está a surgir um pensamento, que, inclusive, é abertamente defendido e apregoado pelo atual chefe da Igreja Romana, Francisco, segundo o qual a evangelização deve se fazer apenas por comportamento, por conduta, devendo-se deixar de lado a proclamação, considerada como um “proselitismo”, que deve ser evitado em nome da “liberdade religiosa”, da “fraternidade universal”.

– Tal pensamento não tem qualquer respaldo bíblico e deve ser combatido veementemente. Pedro nos diz que somos o povo de Deus para anunciar as virtudes d’Aquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pe.1:9,10) e o próprio Jesus disse a Paulo que ele seria ministro e testemunha do Senhor para abrir os olhos de judeus e gentios e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a Deus (At.26:16-18).

– Nestes dias em que vemos se aproximar celeremente o arrebatamento da Igreja, é momento de nos dedicarmos ainda mais à evangelização, sabendo que nos resta pouquíssimo tempo, sendo os “trabalhadores da última hora”, com um empenho que leve ao reconhecimento de Nosso Senhor e Salvador, o dono da vinha.

– Diante da admiração e da confusão surgidas com esta nova e diametralmente oposta posição de Saulo em relação a Jesus, Saulo reagiu com um esforço ainda maior para provar que Jesus era o Cristo (At.9:22) e aí nós vemos como o Espírito Santo agiu na vida deste pregador novo convertido, fazendo com que todo o seu conhecimento escriturístico passasse a ser cristocêntrico.

– Este esforço de Saulo dá-nos importantes lições. A primeira é a de que devemos estar atentos à reação do auditório à nossa pregação.

Muitos são obedientes à ordem de pregação do Evangelho e, neste ponto, agem muito bem, pois, infelizmente, já não é o que a maioria dos salvos tem feito. No entanto, são completamente desatentos à reação do auditório, poucos nem sabem a que tipo e qualidade de gente estão a pregar, de modo que todo seu esforço é vão.

– Não resta dúvida de que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16), mas a palavra encontra reações e um pregador deve entender qual é a reação e, assim, providenciar para que a mensagem seja anunciada de forma a superar resistências surgidas.

– Paulo, ao notar que seus ouvintes estavam confusos com o fato de que ele, anteriormente, era um antagonista do Evangelho, procurou se esforçar por mostrar, nas Escrituras, que Jesus era o Cristo, a fim de mostrar que sua posição anterior era despida de fundamentação e que, agora sim, estava ele de acordo com a Palavra de Deus, que mostrava que Jesus era o Cristo.

– Temos tido este esforço de buscar no estudo das Escrituras, na oração, no jejum e na busca e preservação do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais para que sejamos ganhadores de almas? Pensemos nisto!

– Dia após dia, Paulo se esmerava, nas sinagogas, a mostrar que Jesus era o Cristo e o resultado foi de que os judeus resolveram matá-lo.

É sempre assim, quando não se tem argumentos para enfrentar um servo de Deus, quando não se pode enfrentar o poder de Deus existente na vida de um salvo, o inimigo busca eliminá-lo, tentar matar o corpo, que é o que está a seu alcance fazer (Lc.12:4).

– Porventura, não tinha sido este o estratagema do próprio Saulo quando ainda perseguia a Igreja? O adversário de nossas almas sempre vai procurar intimidar o povo de Deus com ameaças e mortes, mas, neste momento, devemos antes temer a Deus, sabendo que o máximo que o diabo poderá fazer será tirar a nossa vida física, mas não nos impedirá jamais de, a exemplo de Estêvão, sermos recebidos pelo Senhor Jesus nos céus após o nosso martírio.

– No entanto, o Senhor, que sabe todas as coisas, fez conhecidos todos os planos forjados para tirar a vida de Saulo que, ao ter tido conhecimento disto, acabou por sair de Damasco dentro de um cesto pelo muro, já que, de dia e de noite, havia guardas nas entradas da cidade para poderem tirar a vida do pregador novo convertido, pois os judeus haviam conseguido o apoio do governador da cidade neste intento (At.9:24,25; II Co.11:32).

– Saulo, então, volta para Jerusalém e lá ele tem uma dura experiência. Ao chegar a Jerusalém, em vez de ser bem recebido pelos cristãos, é rejeitado por eles.

Experimentava Saulo a lei da ceifa. Ele havia semeado pavor e medo entre os cristãos de Jerusalém com a sua cruel e impiedosa perseguição e, portanto, recebia agora dos irmãos a mesma reação.

Ninguém acreditava que tivesse ele se convertido, todos achavam que estava a tentar mais um meio de aprisionar, maltratar e matar cristãos (At.9:26).

– Notamos aqui a imperfeição que existe entre os membros da igreja. O texto bíblico não apresenta qualquer juízo de valor com relação a esta atitude dos cristãos de Jerusalém.

Não diz que agiam bem ou mal, mas simplesmente relata um fato, faz uma constatação. Os discípulos não criam na conversão de Saulo.

– Tinham razões para não crer? Sim, e muitas! Mas tinham razões para crer? Sim, pois, se pregamos o Evangelho, temos de crer que Jesus pode salvar até o mais vil pecador.

– Barnabé, novamente, entra em ação. Este homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé (At.11:24), tinha uma visão espiritual.

As coisas de Deus se discernem espiritualmente e precisamos ser homens espirituais (I Co.2:9-16). Não procurou fazer seu juízo com base na biografia de Saulo nem tampouco no histórico de suas atitudes, mas, sim, procurou ver em Saulo a graça de Deus na vida dele e, ao notar que Saulo realmente havia se convertido, era um salvo, foi ao encontro dele e, ao tomar conhecimento das circunstâncias da sua conversão, tratou de levá-lo aos apóstolos e promover a sua integração à igreja (At.9:27,28).

– A integração fez-se de forma completa. Paulo começou a entrar e a sair com os demais irmãos, continuando a pregar ousadamente em o nome de Jesus, disputando contra os gregos, o que nos permite inferir que substituía, anos depois, Estêvão no ministério que ele havia desenvolvido até a sua morte, ou seja, a de pregar o Evangelho nas sinagogas dos judeus gregos (At.9:28,29).

– No mesmo ambiente onde outrora havia se voltado contra Estêvão e onde havia urdido o plano para eliminar não só aquele diácono da Igreja mas a Igreja como um todo, Saulo agora pregava a Cristo. Não tardou para que, uma vez mais, experimentasse da lei da ceifa.

Assim como ele havia planejado a morte de Estêvão, também começaram a planejar a sua morte, mas, ao saberem disto os irmãos, o acompanharam até Cesareia e de lá o mandaram de volta para Tarso (At.9:29,30).

– Paulo precisava, a exemplo de Moisés, de um tempo para ficar a sós com Deus, com o Senhor Jesus, que disse que ainda Lhe iria aparecer.

Havia já estado um tempo nas sinagogas dos judeus gregos, naquele mesmo ambiente onde tivera contato com o Evangelho e o rejeitara.

Agora já havia pregado a Cristo ali, mas era preciso esmerar-se, pois ainda era um neófito e Jesus o queria como “apóstolo dos gentios”.

 Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6790-licao-3-a-conversao-de-saulo-de-tarso-i

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