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LIÇÃO Nº 11 – ÉTICA CRISTÃ, VÍCIOS E JOGOS

O cristão é pessoa que é dotada de liberdade, porque alcançou a salvação e a liberdade do cristão é incompatível com qualquer vício, vez que o vício escraviza o homem. Por isso, o cristão sincero e verdadeiro não se deixa dominar por qualquer vício. 


INTRODUÇÃO 

– Na história da humanidade, o homem sem Deus, imerso no pecado, é cegado pelo deus deste século (II Co.4:4) e, assim, não vê a realidade da vida. Em consequência disto, deixa-se dominar por coisas banais e por ilusões.

Surgem daí os vícios que têm perpassado a história humana, sendo um eficaz instrumento para a destruição de preciosas vidas.

Por isso, vemos que o vício é uma arma satânica, pois dele é o trabalho para roubar, matar e destruir as pessoas (Jo.10:10). Não nos deixemos, pois, enganar com eles!

OBS: Neste sentido, aliás, cumpre aqui transcrever elucidativo texto do Alcorão, que encerra uma verdade:

 “…Crentes, vinho e jogos de azar, ídolos e adivinhações (ou apostas) são abominações planejadas por Satã. Evitem-nos e então vocês poderão prosperar.

Satã busca incitar inimizade e ódio entre vocês por meio do vinho e do jogo, com o fim de privar de vocês a lembrança de Deus e as orações. Vocês não se absterão deles ?…(5:90, texto traduzido da versão inglesa de N.J. Dawood, publicada pela Penguin Classics). 

Vício, dizem os lexicógrafos, é “

1 Defeito físico ou moral; deformidade, imperfeição.

2 Defeito que torna uma coisa ou um ato impróprios, inoperantes ou inaptos para o fim a que se destinam, ou para o efeito que devem produzir.

3 Falta, defeito, erro, imperfeição grave, viciação, viciamento.

4 Disposição ou tendência habitual para o mal.

5 Hábito de proceder mal; ação indecorosa que se pratica por hábito.

6 Costumeira.

7 Costume condenável ou censurável.

8 Degenerescência moral ou psíquica do indivíduo que, habitualmente, procede contra os bons costumes, tornando-se elemento pernicioso ao meio social, ou com este incompatível” (DICMAX Michaelis).

Ora, bem se vê, por estes oito significados, que um crente não pode ter vícios, pois é filho de Deus, que anda segundo o Espírito (Rm.8:1), que caminha para a perfeição (Ef.4:12,13), que não pratica o mal, mas o bem (II Co.13:7), que não se deixa dominar por coisa alguma (I Co.6:12), que está liberto por Jesus Cristo (Jo.8:31-36).  

I –  ALCOOLISMO  À LUZ DA BÍBLIA  

– O primeiro vício que se apresenta na história humana, e as próprias Escrituras o registram, é o vício do alcoolismo, ou seja, a dominação do álcool sobre o homem.

 O primeiro registro de embriaguez nas Escrituras encontra-se no livro do Gênesis, quando Noé se embriagou ao tomar do suco da vinha que havia plantado (Gn.9:20,21).

Esta embriaguez trouxe vergonha para o patriarca, bem como dissensão familiar (Gn.9:22-27). 

– Noé não se embebedou voluntariamente. Pela narrativa do texto, vê-se que Noé plantou a vinha e, como talvez tenha feito antes do dilúvio, tomou do seu suco, após alguns dias de sua fabricação, para beber.

Verdade é que foi imprudente e acabou se embebedando, mas isto mostra apenas que houve alteração climática na Terra após o dilúvio, que levou à fermentação do vinho, o que não ocorria até então.

Com efeito, dizem os estudiosos da Bíblia e alguns cientistas que, antes do dilúvio, a temperatura da Terra era amena, não se alterava, tanto que não havia chuva, mas um orvalho que regava a terra diariamente (Gn.2:5,6).

Contudo, após o dilúvio, com a precipitação da camada de vapor d’água que existia na atmosfera e propiciava esta estabilidade climática (as ‘águas do céu’ relatadas em Gn.7:11), passou a haver mudanças climáticas consideráveis, surgindo as quatro estações (Gn.8:22), de forma que, com isto, não foi mais possível o estoque do suco da vide sem que houvesse fermentação.

Aliás, isto explica a diferença, que sempre há na Bíblia, entre o fruto da vide e o vinho fermentado, que, na nossa língua, é traduzido por “vinho”, mas que são substâncias diferentes. 

– A Bíblia condena a embriaguez e o alcoolismo com veemência. Várias são as passagens em que se condena o consumo do álcool, que não traz qualquer benefício ao organismo humano, que é templo do Espírito Santo(Pv.20:1; 23:29-35; 31:4-7; Is.5:11,12; Ef.5:18; I Tm.3:3).

Verdade é que o organismo humano necessita de certa quantidade de álcool, mas esta quantidade vem através de alimentos e não da ingestão de bebidas alcoólicas.

Não existe o que se denomina de “beber social”, pois, como afirmam os próprios Alcoólicos Anônimos, a única forma de se libertar deste vício é jamais tomar o primeiro gole e é nesta abstenção total que está a essência da recuperação do alcoólatra.

Ora, se os entendidos no assunto dizem isto, como poderemos afirmar que é possível ao cristão “beber socialmente” ?  

– Não desconhecemos que o vinho era alimento utilizado normalmente entre os israelitas, mas este vinho mencionado nas Escrituras não é o vinho fermentado, que, via de regra, era utilizado em cerimônias idólatras, mesmo entre os israelitas (Os.7:5,14), como se vê, por exemplo, nas cerimônias gregas em homenagem ao deus do vinho, Dionísio (entre os romanos chamado de Baco), que foram denominadas de “bacanais” e cuja licenciosidade e imoralidade eram tantas que hoje a palavra tem, exatamente, o sentido de orgias sexuais.  

– O vinho mencionado na Bíblia nos trechos em que seu uso é recomendado ou é noticiado é, como dissemos supra, o fruto da vide, ou seja, o vinho não fermentado, um suco de uva concentrado. Foi este vinho que Jesus tomou com os discípulos na instituição da Ceia do Senhor(Mt.26:29).

Com relação ao vinho produzido por Jesus nas bodas de Cana, o texto utiliza a expressão de vinho fermentado, mas o contexto indica-nos que este vinho era de baixíssimo, quase nenhum teor alcoólico, de boa qualidade, pois a ida do mestre-sala ao noivo bem demonstra que se tratava deste tipo de vinho(Jo.2:9,10).

Com relação à recomendação de Paulo a Timóteo (I Tm.5:23), o texto original fala em vinha fermentado, mas, no texto, é dito que deverá ser tomado um pouco daquele vinho e como remédio, não como bebida.

 

II – POSICIONAMENTO CRISTÃO  

– De qualquer modo, o episódio ocorrido na vida de Noé mostra, claramente, que a embriaguez é um fator de desagregação social, é um importante instrumento para destruição da dignidade, da moral e da família.

Noé, apesar de ser um homem que achou graça diante de Deus, de ser o patriarca da humanidade que recomeçava sua caminhada, perdeu a vergonha, sua dignidade e sua autoridade perante sua família por causa da embriaguez.

O alcoolismo é uma verdadeira desgraça, pois retira do homem estes predicados que são essenciais para a sua sobrevivência.

As estatísticas mostram, claramente, que o álcool é o principal fator da violência na sociedade, a principal causa de destruição das famílias, de ruína sócio-econômica, não só do indivíduo, mas, também, da família e da sociedade.

Como se trata de uma droga cujo comércio, por interesses poderosos, é livremente permitido e até incentivado (observe como o mundo jaz no maligno: uma dose de pinga sempre foi mais barata do que um pãozinho), seus efeitos deletérios são cada vez mais frequentes.

Hoje em dia, segundo algumas estatísticas no Brasil, a iniciação no alcoolismo se dá por volta dos quatorze, treze anos de idade e tudo feito impunemente, com o beneplácito das autoridades. 

– O alcoolismo é considerado hoje uma doença e, como tal, é tratado pelos organismos internacionais.

Existem vários movimentos que buscam recuperar os alcoólatras, tendo destaque os Alcoólicos Anônimos que, embora sejam uma organização não religiosa, têm em sua doutrina de recuperação o princípio segundo o qual não é possível a libertação do vício a não ser mediante a crença em um Ser Superior.

Mais uma vez vemos o conceito de que só Deus pode libertar o homem do vício. 

II – O CRISTÃO E O FUMO  

– Muitos incautos procuram dizer que o fumo não tem qualquer proibição na Bíblia Sagrada, porquanto ali não se acha escrito em lugar algum algo como “Não fumarás”. O fato é que o tabagismo, na forma em que existe atualmente, é fruto de absorção de um costume que foi encontrado no continente americano, com as grandes navegações, no século XVI e, obviamente, tratava-se de um hábito totalmente desconhecido da época da elaboração da Bíblia Sagrada. 

– Entretanto, o fato de não haver dispositivo explícito a respeito do fumo não permite, em absoluto, considerar que o tema não é tratado pelas Escrituras, pois a Palavra de Deus é atemporal e se aplica a todos os tempos e épocas (Mt.24:35; I Pe.1:25).

Assim, trata, sim, a Bíblia a respeito do vício do fumo, que, como qualquer vício, é algo incompatível para o cristão, como vimos supra. 

– Embora seja uma droga legal, em virtude dos grandes interesses comerciais envolvidos, a nicotina causa dependência assim como qualquer outra droga ilícita, sendo, segundo os especialistas, uma das drogas de maior poder de causar dependência, mais até que a maconha.

Vê-se, portanto, logo de início, que não se pode conceber um cristão verdadeiro que seja fumante, pois será, na verdade, um escravo da nicotina, circunstância incompatível com a do verdadeiro servo de Deus, pois Jesus disse que se formos libertos do pecado por Ele, seremos verdadeiramente livres (Jo.8:36) e isto implica em não sermos dependente de qualquer substância química. 

– O fumo é vício que destrói o organismo humano aos poucos. Todos os anos, milhões de vidas têm sido ceifadas no planeta única e exclusivamente por causa do cigarro.

Estão diretamente relacionadas ao fumo uma série de doenças, em especial, o câncer do pulmão e a grande maioria das doenças cardiovasculares e respiratórias. O fumo é um suicídio lento e gradual.

Tanto é o prejuízo causado pelo fumo para os serviços de saúde pública em todo o mundo que os países têm se esforçado para restringir o fumo, seja diminuindo os locais em que ele pode ser praticado, seja inibindo a propaganda dos produtos, sem se falar que o cigarro é um dos produtos de maior taxação.

Os Estados Unidos têm liderado este movimento, mormente a partir da década passada.

O Brasil, recentemente, adotou legislação inibidora da propaganda do cigarro, até para cumprir dispositivo constitucional neste sentido.

Um vício que tanto prejuízo causa à população não poderia, mesmo, ser admitido pelas Escrituras Sagradas.

 

– A Bíblia diz que nosso corpo é templo do Espírito Santo e não podemos, em hipótese alguma, concordar com um hábito que tem por finalidade a destruição e o enfraquecimento progressivo do organismo humano.

Somos mordomos de nosso corpo e dele prestaremos conta ao Senhor, que é seu verdadeiro dono.

Deste modo, não temos liberdade para dele fazermos um depósito de nicotina e alcatrão, como fazem os fumantes.

Este comportamento é totalmente contrário ao que ensina a Palavra de Deus. Nossos corpos devem ser instrumento de glorificação a Deus, que nos deu a vida, não instrumentos de nossa própria morte e destruição.  

– Não bastasse isso, temos que os fumantes prejudicam os seus semelhantes, pois o veneno que ingerem, não fica somente para si.

Com efeito, estudos têm mostrado que alguém que fica perto de um fumante durante uma jornada de trabalho é intoxicado mais do que o próprio fumante, pois, principalmente o alcatrão é, em grande parte, expelido pelo fumante e vem contaminar o semelhante que está ao seu lado.

O cristão é alguém que vem para trazer o bem ao próximo, para trazer o anúncio da salvação, não para provocar a intoxicação e a destruição do organismo do semelhante.

Neste sentido, além de ser um suicida lento e gradual, o fumante também acaba sendo um homicida, provocando o mal e a morte daquele que está a seu lado.

 É por isso que a legislação dos países tem, cada vez mais, restringindo os locais públicos em que se permite o fumo e buscado separar fumantes de não-fumantes.

Como alguém que se diz membro do corpo de Cristo, que é embaixador de Cristo para a reconciliação entre o homem e Deus ( II Co.5:20), pode estar contribuindo, com a fumaça de seu cigarro, para o mal do próximo?

O comportamento do cristão sincero e verdadeiro é bem outro: subjugar o corpo e reduzi-lo à servidão para que, pregando aos outros, não venha ele mesmo de alguma maneira ficar reprovado (I Co.9:27). 

IV – O CRISTÃO E AS DROGAS 

– Outro mal que tem assolado a sociedade moderna tem sido o do vício das drogas, assim entendidas todas as substâncias que causam dependência física ou psíquica e cujo uso é proibido, normalmente, pelas legislações ao redor do mundo, tendo em vista os grandes males que causam à saúde.

Na verdade, o que se disse a respeito do fumo serve para as demais drogas que, embora, ao contrário da nicotina, não sejam permitidas pelas legislações (em alguns países, até, algumas delas já tem uso permitido), causam o mesmo mal que aquela, destruindo o ser humano em todos os aspectos. 

– Com efeito, todas estas substâncias, que têm sido consumidas cada vez mais, gerando um comércio que só perde para o tráfico de armas em magnitude no mundo de hoje, são altamente nocivas ao organismo, criando um sem-número de problemas, pois,

além da dependência química, que faz com que a pessoa não consiga mais viver sem ela e, para obtê-la, pratique toda a sorte de arbitrariedades, inclusive crimes da mais variada espécie, há uma destruição do organismo, de modo que, mais cedo ou mais tarde, há graves comprometimentos na saúde do corpo, quando não ocorre a morte. 

– Naturalmente que um cristão sincero, que não se pode deixar dominar por coisa alguma desta vida, muito menos permitir a destruição do nosso corpo, que é templo do Espírito Santo, jamais pode se envolver com tais substâncias.

O uso destas substâncias está relacionado à falta de perspectiva na vida, à falta de esperança, ao desencanto com a existência, ou seja, à falta de Deus na vida do homem.  

– A droga sempre se apresenta para o usuário (que depois vira viciado) como um escape da realidade triste e dura que está vivendo, como uma forma de alcançar alegria, de realizar sonhos e fantasias.

Na verdade, o uso da droga só é possível na medida em que o homem descarta a dimensão espiritual e desconsidera o amor de Deus.

É por isso que somente a igreja tem condições de fazer um trabalho eficaz e permanente que liberte as pessoas do vício e das garras do narcotráfico. Cristo é a esperança da glória (Cl.1:27) e quem n’Ele crer não será confundido (Rm.9:33).

Quem conhece e aceita a Cristo não precisa correr atrás de fugazes momentos de euforia ou de prazer, pois é uma alma satisfeita e plena do amor de Deus.

Como diz conhecido cântico, para o cristão, Jesus é a dose mais forte dentro de nós! 

– Nos dias tão difíceis que vivemos é necessário que a igreja seja particularmente vigilante com relação à sua juventude e adolescência, orientando-a a respeito das drogas e impedindo que os conflitos naturais desta faixa etária façam com que os jovens e adolescentes acabem caindo nas garras dos traficantes, cuja falta de escrúpulos e ganância desmedidas são cada vez mais ousadas e crescentes.

Os pais devem estar sempre atentos ao comportamento de seus filhos e ministrar-lhes a Palavra de Deus, o único antídoto para as drogas.

Devem ser companheiros de seus filhos e ajudar-lhes a administrar os conflitos e angústias, típicos da adolescência e juventude, impedindo, assim, que sejam enganados pela ilusão das drogas. 

– A igreja deve ter particular atenção aos seus membros que são oriundos de lares desajustados.

Normalmente neoconversos que ainda não ganharam seus familiares para o Senhor, ou mesmo, pessoas que aceitaram a Cristo, mas que já se encontravam envolvidas com as drogas.

A estes, a igreja deve agir no lugar dos pais e familiares que estão a faltar, bem assim ajudar o viciado a vencer o mal e a desfrutar de uma vida de plena comunhão com Cristo.

Neste ponto, lamentamos o pouco empenho que as igrejas locais têm demonstrado junto a diversos irmãos que, tocados pelo Senhor, têm montado casas de recuperação de drogados, instituições cada vez mais necessárias na nossa sociedade e que, se estiverem dirigidas e coordenadas por ovelhas do Senhor com este chamado, serão poderosos instrumentos de evangelização. 

– No mundo de hoje, de tanta maldade e profunda imersão no pecado, tem surgido crescente número de vozes defendendo a descriminalização das “drogas leves”, em especial a maconha, ou a criação de “áreas de permissão de uso de drogas”, atitudes que têm sido tomadas nos países da Europa Ocidental.

Tais medidas têm sido propagandeadas como atitudes que diminuiriam o consumo de drogas, pois, com a legalização, cessariam os grandes lucros dos traficantes, bem como permitiria a identificação dos drogados e uma melhor política de prevenção e de tratamento destas pessoas.

Entretanto, os países que têm adotado estas medidas não têm encontrado resultado algum nestas medidas. Muito pelo contrário, o consumo tem sido incentivado e o número de viciados tem aumentado.

É mais uma tática satânica que tenta confundir o que é certo e o que é errado, para, com isto, continuar a fazer seu trabalho de matar, roubar e destruir vidas humanas, levando-as para o inferno.  

V – O CRISTÃO E OS JOGOS DE AZAR 

– O jogo é uma atividade que existe desde a Antiguidade, como demonstram achados arqueológicos.

Sendo uma aposta ou uma busca no acaso de algum resultado ou conclusão, o jogo, não poucas vezes, esteve relacionada naquela época a práticas religiosas de adivinhação ou de busca de vontade dos deuses. 

– Muitos são os conceitos de jogo, mas “… parece melhor afirmar que um jogo é qualquer atividade onde o elemento do acaso ou sorte é o elemento primordial.

Especialmente, se estiver envolvido algum dinheiro, então estará havendo jogo, sem importar se aquela atividade seja ou não chamada, oficialmente, de jogo…

De acordo com a definição mais comum, entretanto, um jogo é um risco que envolve dinheiro, que se pode ganhar ou perder mediante uma aposta…”(R.N. CHAMPLIN, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.3, p.568-9).

– Assim sendo, o jogo sempre envolve ganho em dinheiro mediante uma aposta, ou seja, arrisca-se certa quantia na sorte, no acaso, para que se possa obter mais do que se arriscou.

Logo se percebe que o intento do jogo é amealhar dinheiro, obter ganho sem que se tenha esforço algum, apenas por força da sorte, do acaso.

Não é este, entretanto, o padrão divino estabelecido para o homem. Após a queda, Deus determinou ao homem que, do suor do seu rosto haveria ele de obter a sua sobrevivência (Gn.3:19).

O jogo é, portanto, uma tentativa humana de escapar ao juízo divino, mais uma ilusão trazida pelo adversário para que o homem ache poder ser autossuficiente e se libertar de uma ordenação divina.

 

– Não é por outro motivo, pois, que ao jogo sempre se associa o que é reprovável e abjeto na sociedade.

As grandes cidades de cassinos e de toda sorte de jogos (Las Vegas e Atlantic City, v.g., nos Estados Unidos) são também verdadeiros antros de prostituição e de comércio de substâncias entorpecentes.

O jogo é um chamariz para toda atividade maléfica e danosa à moral e aos bons costumes, pois ele próprio o é.

No Brasil, é o jogo do bicho o grande financiador do narcotráfico e do crime organizado, que hoje está sem controle, formando um poder paralelo nas grandes metrópoles, em especial São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. 

– O jogo somente existe por causa da ganância do homem, por causa da avareza, que a Bíblia diz ser idolatria (Cl.3:5).

Como ensina R.N. Champlin, “um forte argumento cristão contra o jogo é que exibe falta de fé no suprimento dado pelo Senhor.

No entanto, os aficcionados do jogo retrucam que Deus é capaz de suprir algum dinheiro através do jogo.

Mas, não devemos nos esquecer que o Novo Testamento exalta o trabalho árduo e a boa mordomia, o que elimina totalmente a prática do jogo, em qualquer de suas formas. Ver II Ts.3:10-12; Ef. 4:28; I Co.10:23; Gl.5:13,14; Mt.22:37; I Ts.5:22 e Rm.12:9…” (CHAMPLIN. Russell Norman, op.cit., v.3, p.569). 

– Quem joga está dizendo que não confia em Deus e nas Suas promessas de que dará sempre o necessário aos Seus servos.

Quem joga, portanto, não pode orar como o Senhor nos ensinou, pedindo o pão nosso de cada dia, pois não confia que Deus possa dar-lhe e recorre ao jogo para obtê-lo.

Quem jogo está dizendo que prefere o dinheiro a qualquer outra coisa na vida, pois está usando dinheiro para ganhar mais dinheiro e, assim, corre o risco de trazer para si grandes tribulações e problemas (I Tm.6:9,10).

 Quem joga arrisca dinheiro esperando ganhar mais dinheiro, mas, com certeza, por dinheiro, perde a sua dignidade e o seu caráter. 

– O jogo é um ótimo negócio, para quem banca o jogo. Exemplo disso são os cassinos americanos e os bingos brasileiros, que enriquecem apenas seus donos; o jogo do bicho no Brasil, que enriquece apenas os banqueiros do bicho; as loterias, que só enchem as burras do governo. Enquanto isso, milhares e milhares de jogadores são lançados à penúria e à ruína. 

– O Brasil é um país em que o jogo é veiculado principalmente pelo Governo que, embora proíba o jogo do bicho (que fomenta, entre outras coisas, a corrupção policial e o narcotráfico), criou inúmeras loterias e as administra.

Na Constituição da República,  ficou estabelecido, inclusive, que a previdência social viverá, dentre outros recursos, dos provenientes das loterias (art.195, II ). Aliás, apesar (ou por causa disso), o déficit da Previdência Social seja cada vez mais crescente… 

– A obtenção do dinheiro pelo jogo é tão agradável aos olhos do mundo que, não raro, se criam jogos, sorteios, rifas e concursos para se angariar recursos para obras beneméritas e filantrópicas.

Com efeito, se não houver a promessa de vantagem, as pessoas não se dispõem a ajudar uma obra de caridade pública. Entretanto, nem mesmo assim, o crente deve praticar esta atividade.

Se quiser ajudar uma obra pia, que o faça sem querer nada em troca, pois o amor do cristão é desinteressado.

Deste modo, não podemos concordar com práticas que, lamentavelmente, têm aumentado no meio evangélico, de se criarem sorteios, concursos, verdadeiros jogos com o objetivo de angariar recursos para a obra do Senhor.

Se os crentes não se dispõem a ajudar a obra de Deus voluntariamente, para que angariar recursos por estes meios?

A Bíblia ensina que Deus ama ao que dá com alegria, ao que dá de coração, não ao que ajuda buscando, com isto, levar vantagem, obter ganho ou lucro.

Se não haverá bênção nesta espécie de contribuição, para que nos conformarmos com o mundo, praticando seus atos que resultado espiritual benéfico algum trará para a igreja ? (Rm.12:1,2).

OBS: “…Governos, escolas e até mesmo igrejas têm apelado para o jogo a fim de pagarem suas despesas, construírem instalações, promoverem caridades, dirigirem sistemas escolares etc.

O sucesso desses empreendimentos depende do fator humano em que as pessoas dispõem-se a gastar dinheiro em seu autointeresse, embora não fossem comovidas, de qualquer outro modo, a contribuírem financeiramente para alguma boa causa…”(CHAMPLIN, Russell Norman. op.cit., p.569)             

O Alcorão, aliás, em outra passagem elucidativa, mostra o erro em se proceder deste modo:

“… Eles lhe perguntam sobre a bebida e o jogo. Diga: ‘Há um grande prejuízo em ambos, embora eles tenham algum benefício para os homens, seu prejuízo é muito maior do que seu benefício’…” (2:219, tradução da versão inglesa de N.J. Dawood, da Penguin Classics). 

– Quanto a este ponto, aliás, extremamente elucidativo o ensino que se encontra num dos artigos mais antigos das Assembleias de Deus no Brasil que falava sobre as nossas doutrinas fundamentais, de autoria do missionário norte-americano Theodoro Stohr, publicado no jornal “O Mensageiro da Paz” da segunda quinzena de outubro de 1938, intitulado “Em que creem os pentecostais”, resgatado pelo pastor Altair Germano, que transcrevemos em partes pertinentes ao presente estudo:

“…Cremos na vida santa dos discípulos (mesmo contemporâneos nossos).(…).

Excluímos da comunhão (em absoluto) aquele que seja fumante, ou seja bebedor ou frequente teatros, cinemas, bailes e jogos e tantas outras misérias do mundo.

Os tais não podem fazer parte do santo corpo de Cristo, que é a Igreja. Acerca do necessário para a manutenção do trabalho, também não nos afastamos das Escrituras, cumprindo assim a doutrina do dízimo e ofertas voluntárias.

Jamais consentimos nos bazares e nas reuniões sociais, como chás etc. para incentivo de obra.

Não precisamos disto. Deus é o nosso incentivo. Aleluia!…” (Apud GERMANO, Altair. A origem do “Cremos” das Assembleias de Deus no Brasil.  11 out. 2011. Disponível em: http://www.altairgermano.net/2011/10/origem-do-cremos-das-assembleias-de.html Acesso em 27 dez. 2016) (destaques nossos). 

– Bem se vê, portanto, que, no princípio da história de nossa denominação, havia uma perfeita noção de que a vida no vício é completamente contrária à comunhão com Deus e que não pode a igreja local lançar mão de expedientes praticados pelo mundo, como bingos, rifas e coisas que tais para amealhar recursos para a realização da obra do Senhor ou do que é necessário para a própria manutenção da igreja local. 

– Por se estar perdendo, nestes dias hodiernos, a separação entre o que é santo e o que é profano, que se tem mitigado, e de forma absolutamente irresponsável e antibíblica, tais divisores de condutas, o que somente tem contribuído para a perda da santidade e para o aumento da apostasia. Voltemos aos princípios bíblicos e não tenhamos qualquer tolerância com o pecado, e pecado são os vícios, inclusive a prática de jogos de azar. 

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/2308-licao-11-etica-crista-vicios-e-jogos-i

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