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LIÇÃO Nº 11 – O HOMEM VESTIDO DE LINHO

   lição 11 foto

Não podemos ignorar a existência de hostes espirituais da maldade.    

Leitura diária da lição

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INTRODUÇÃO  

– Na sequência do estudo do livro do profeta Daniel, analisaremos hoje o capítulo dez.

– No capítulo dez do livro de Daniel, aprendemos que não podemos ignorar a existência das hostes espirituais da maldade.

I – DANIEL BUSCA A DEUS  

– Na sequência do estudo do livro do profeta Daniel, analisaremos hoje o capítulo dez. Como sabemos, a divisão dos livros da Bíblia em capítulos foi feita muito posteriormente à complementação do texto bíblico. Como ensina o saudoso pastor Severino Pedro da Silva: “…A Vulgata Latina foi a primeira das traduções a ter uma Bíblia dividida em capítulos.

Isso se deve, segundo alguns, a obra do Cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano, em 1250. Entretanto, alguns opinam que ele dera continuidade a um trabalho já começado pelo Cardeal Estêvão Langton, arcebispo de Cantuária [Canterbury], que a introduziu na Bíblia Parisiense em 1226-1227…” (De volta às Escrituras, p.95).

– Assim, quando analisamos o capítulo dez do livro do profeta Daniel, verificamos que este capítulo é apenas uma parte da visão que o profeta teve no terceiro ano do rei Ciro, visão esta que não se sabe se é uma confirmação da que será descrita no capítulo 11, que lhe havia sido dada anteriormente, ou a que se encontra descrita no capítulo 12 do livro e, mesmo assim, que foi selada, como haveremos de estudar na última lição deste trimestre.

– De qualquer maneira, neste capítulo dez, embora não tenhamos a descrição de uma visão profética específica, as circunstâncias mencionadas por Daniel trazem-nos importantes revelações e ensinos a respeito do mundo espiritual, tendo sido este o propósito do Espírito Santo ao inspirar o profeta para registrá-las, a fim de que aprendamos que os desígnios divinos, conquanto soberanos, enfrentam sempre oposição das hostes espirituais da maldade, cuja realidade jamais pode ser menosprezada pelos servos do Senhor que, como disse o apóstolo Paulo, vivem em constante luta contra elas (Ef.6:12).

– Daniel começa este capítulo dizendo que, no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra para o profeta, uma palavra verdadeira, que tratava de uma guerra prolongada, tendo ele entendido esta palavra (Dn.10:1).

– Neste terceiro ano do rei Ciro, Daniel já não se encontrava mais prestando serviço ao rei Ciro, já se encontrava “aposentado”, ante a sua idade bem avançada, pois, em Dn.1:21 está registrado que Daniel serviu ao rei Ciro até o seu primeiro ano, de modo que já fazia dois anos que Daniel se encontrava inativo.

– Segundo Edward Reese e Frank Klassen, esta visão se deu no ano de 537 a.C., dois anos depois da revelação das setenta semanas. Diz o profeta que esteve ele triste por três semanas completas, ou seja, por 21 dias.

– Daniel, mesmo sendo um homem fiel a Deus, passou por tristeza, não sabendo nós qual teria sido o motivo de tal tristeza. Temos, porém, aqui uma demonstração de que, mesmo quando somos fiéis a Deus, podemos passar por momentos de tristeza, de abatimento de espírito.

– Daniel já era um homem idoso, não mais prestava serviços ao rei Ciro e, também, não pôde retornar para a terra de Canaã, talvez em função de sua posição na Corte e da sua idade avançada, o que, certamente, pode ter trazido ao profeta uma certa melancolia, uma certa tristeza. Daniel vira o povo, sob a liderança de Zorobabel (Ed.1:5; 2:1.2), retornar para Jerusalém, em cumprimento à ordem de Ciro, mas não pôde acompanhá-los, o que gerou, evidentemente, certa frustração.

– Daniel era um ser humano e, como tal, apesar de toda sua comunhão com o Senhor, também podia passar por momentos emocionais adversos, ainda mais por ser pessoa de avançada idade, tempo em que a emotividade aflora com maior fulgor como nos explica a psicologia. Ficar triste, portanto, não é sinal de pecado nem de fraqueza espiritual, sendo algo que é normal na vida sobre a face da Terra.

– O pastor Severino Pedro da Silva entende que a tristeza de Daniel resultara das próprias visões proféticas que o profeta havia tido. Diz ele: “…O texto em foco tem seu paralelo em 2Co 7.10, onde o apóstolo Paulo escreve dizendo: ‘Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende’ .

Daniel, já muito experiente, via, nas visões escatológicas, descritos todos os acontecimentos futuros envolvendo Israel; assim, cada visão por ele presenciada não lhe trazia alegria, mas tristeza de alma. Nas palavras de Paulo, podemos observar a similaridade de expressão, tanto no presente versículo como no anterior. Tal tristeza é, de conformidade com a vontade divina, obra de Deus, é fruto de sua atuação, a fim de Ele efetuar os seus propósitos no indivíduo.

Não se trata de uma realização humana. Se porventura for uma operação real não pode ser efetuada sem a cooperação do livre arbítrio humano. Daniel sentiu-se “ triste” em ver diante de si um quadro verdadeiro da sentença divina, confrontado com tanta indignidade.…” (Daniel versículo por versículo, p.186).

– Outros entendem que o motivo da tristeza de Daniel estava relacionada com as tentativas que os adversários do povo de Judá faziam contra a reconstrução do templo (Ed.4:1). Daniel já não mais exercia qualquer função ativa no governo de Ciro e viu como os conselheiros do rei eram assediados para que convencessem o rei da Pérsia a mandar parar a obra da reconstrução (Ed.4:4,5).

Daniel não tinha como interceder em favor dos judeus diante daquele “lobby” e estava temeroso de que houvesse o embargo da obra, motivo por que foi buscar ao Senhor para que isto não ocorresse e, com efeito, como nos mostra a história, o embargo somente se deu algum tempo depois, no reinado de Cambises, chamado de Artaxerxes e de Assuero, consoante se vê em Ed.4:6,7.

OBS: O embargo da construção do templo deu-se, segundo Edward Reese e Frank Klassen, somente em 528 a.C., quando o rei era Cambises, filho de Ciro, ou seja, nove anos depois desta visão, quando, muito provavelmente, Daniel já estava morto.

– É esta a posição do pastor Antonio Gilberto, “in verbis”: “…A razão do seu lamento e retraimento acompanhado de jejum é certamente explicada pela data mencionada no versículo 1: “No terceiro ano de Ciro”. É que por volta do terceiro ano de Ciro, a obra iniciada, de reconstrução do templo, fora embargada.

(Ed 1-3; 4.4,5). Daniel, como patriota e membro da nação eleita, preocupava-se com o futuro dela, como já vimos patenteado na sua oração do capítulo 9.…” (Daniel e Apocalipse: como entender o plano de Deus para os últimos dias, p.53). Com todo o acatamento, entretanto, não chegou a haver o embargo, que somente ocorreu no reinado seguinte de Cambises.

– Outros, como o reverendo Hernandes Dias Lopes, entendem que a tristeza de Daniel tem a ver com suas razões, “in verbis”: “…Daniel jejua e ora por duas razões: muitos judeus haviam se esquecido de Jerusalém e mostravam pouco interesse em voltar do exílio; os poucos que voltaram, enfrentavam dificuldades sem precedentes para reconstruir o templo e a cidade.

Os samaritanos haviam apelado ao rei da Pérsia e a obra ficou paralisada. Parecia que os poucos que haviam retornado, fizeram-no sem um verdadeiro motivo. Parecia que tudo fora em vão (Stuart Olyott. Ouse ser firme. O livro de Daniel, Editora Fiel. São José dos Campos,SP. 1996: p. 147). Por essa razão, Daniel orava ejejuava.…” (Daniel: um homem amado no céu, pp.128-9).

– Seja qual seja o motivo da tristeza, entretanto, Daniel, ao ser tomado de tristeza, não se deixou vencer por ela. Bem ao contrário, ao notar a presença deste sentimento em seu coração, o profeta foi buscar a Deus com mais intensidade, passando a orar e jejuar. Que exemplo nos dá o profeta: quando acometido de tristeza, Daniel foi orar, foi buscar a Deus mais intensamente! Que todos nós aproveitemos as adversidades da vida para nos aproximarmos mais do Senhor, pois aproximar-se de Deus é sempre algo bom (Sl.73:28).

– Temos aqui um importante ensinamento de que como devemos agir quando nos defrontarmos com tristezas, decepções ou adversidades: buscar a Deus em oração e jejum. Nos dias em que vivemos, a depressão tem se tornado uma das maiores endemias, ou seja, uma doença que está se alastrando de tal maneira que entendem alguns que, em poucos anos, será a maior doença a afligir a humanidade. Contra a depressão, que é um estágio de impossibilidade de superação de tristezas, temos este remédio eficaz que nos apresenta o profeta Daniel: a busca ao Senhor quando somos acometidos de tristeza.

– Daniel foi buscar a Deus com oração e jejum. Fez o que se costuma chamar de “jejum parcial”, visto que afirma que “manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas” (Dn.10:3).

– Este “jejum parcial” de Daniel tem sido utilizado por muitos que querem inovar em termos de jejum nos dias hodiernos. Não são poucos os que querem praticar o “jejum de Daniel”, transformando a prática de jejum em uma simples “dieta”, em uma abstenção dos pratos prediletos, algo que, entretanto, não tem qualquer respaldo bíblico.

– É bíblico o “jejum parcial”. Trata-se de uma abstenção parcial de alimentos, mas este episódio de Daniel não é suficiente para que se criar uma “doutrina” ou para se banalizar a prática do jejum conforme temos visto ultimamente, em mais um dos falsos ensinos que têm perturbado a Igreja nestes dias de apostasia espiritual.

– Por primeiro, lembremos que Daniel era, neste tempo, um ancião de mais de noventa anos de idade e que, portanto, já não tinha a vitalidade de um jovem, um homem que necessitava de cuidados especiais com a sua saúde. Isto explica o “jejum parcial” adotado pelo profeta, que, como bom servo de Deus, devia bem cuidar de sua saúde física.

– Por segundo, somente vemos Daniel adotar esta prática neste episódio. Dois anos antes, quando percebeu que estava para findar o cativeiro da Babilônia, ele foi buscar a Deus com um jejum total, com completa abstenção de alimentos (Dn.9:3), prova de que não se tratava o “jejum parcial” de uma prática corriqueira, mas excepcional.

– O “jejum parcial”, portanto, embora esteja previsto neste episódio, não deve ser tomado como uma alternativa ao jejum, como um “jejum mais fácil”, mas, sim, como uma prática excepcional, plenamente justificada, quando houver alguma dificuldade ou impossibilidade para se praticar o jejum, mas se tiver a necessidade de sua prática em vista de uma atitude de busca mais intensa ao Senhor.

– Daniel começou a orar e a praticar o “jejum parcial”, tendo-o feito por três semanas completas, ou seja, por vinte e um dias, tendo apenas cessado de buscar ao Senhor quando o Senhor lhe respondeu, a demonstrar, também que não tem respaldo bíblico a adoção de práticas de número determinado de dias, como têm feito estes inovadores em nossos dias.

– Daniel fez oração e jejum por vinte e um dias porque foi este o prazo em que recebeu a visitação divina. Se a resposta tivesse demorado mais um tempo, Daniel teria continuado a sua prática. Não devemos, por isso, fazer “oração e jejum” por um número determinado de dias, mas, se estivermos a buscar ao Senhor mais  intensamente por força de alguma circunstância, devemos perseverar neste propósito até que venha a resposta do Senhor para nós.

– Daniel dá-nos outra lição importante, demonstrando que praticava um jejum conforme a vontade do Senhor, porque recebeu a resposta divina aos seus clamores quando se encontrava à borda do grande rio Hidequel, que é o rio Tigre, como explica o pastor Severino Pedro da Silva, “in verbis”: “…O rio que traz este nome é o mesmo que o “ Idiklart” em assírio, e, grego, ‘Tigre’. Era um dos rios que assinalavam a localização do jardim do Éden (Gn.4.2,14).…” (op.cit., p.187).

– Daniel fazia-se acompanhar de algumas pessoas naquele lugar, prova de que sua vida devocional não era excludente de sua vida social. Daniel devia estar a fazer um “passeio” às margens do rio Tigre, quando recebeu a resposta de suas orações acompanhadas de jejum.

Ninguém sabia que Daniel estava nesta intensa busca ao Senhor, algo que era uma peculiaridade, uma particularidade entre ele e Deus, exatamente como o Senhor Jesus nos ensina no sermão do monte (Mt.6:16-18).

– Em nossos dias, muitos estão a retomar a prática farisaica do jejum, aquele jejum feito para que as pessoas o contemplem, para que as pessoas digam que aquele que jejua é um “santo homem” ou “santa mulher”, mas que visa tão somente a ostentação própria. O jejum bíblico é aquele jejum discreto, feito em secreto com o Senhor, que não se deixa transparecer aos que estão à nossa volta. Era assim que Daniel jejuava, como nos indica o texto que estamos a estudar.

– Daniel encontrava-se às margens do rio Hidequel, que é o rio Tigre, no dia vinte e quatro do primeiro mês, quando levantou o seus olhos e viu um homem vestido de linho, cujos lombos eram cingidos com ouro fino de Ufaz, cujo corpo era como turquesa e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como cor de bronze açacalado e a voz de suas palavras como a voz duma multidão (Dn.10:6).

– Daniel teve, então, uma visão grandiosa, cuja grandiosidade foi tanta que, mesmo não tendo tido esta visão, os homens que estavam com ele foram tomados de um grande temor e fugiram, escondendo-se (Dn.10:7).

Tratava-se de uma real manifestação da divindade, tão real que Daniel pôde observar que, embora só ele tivesse abertos os seus olhos para ela, os que os acompanhavam foram tomados de um grande temor e fugiram escondendo-se.

– Este “homem vestido de linho” outro não é senão o Senhor Jesus, pois a descrição que faz o profeta é muito similar a que João faz no primeiro capítulo do livro de Apocalipse, quando o Cristo glorificado se lhe apresenta (Ap.1:13-16).

A veste de linho fala da justiça deste ser celestial e o esplendor que O cercava revelava a glória que Ele possuía, que Lhe era inerente e que gerou tanto o pânico dos homens que acompanhavam Daniel como a própria reação que teve o profeta, que desfaleceu diante de tamanha manifestação (Dn.10:8,9), a mesma reação, aliás, que teve o apóstolo João na ilha de Patmos séculos depois (Ap.1:17).

– Conforme já aludimos na lição 9 deste trimestre, esta reação do profeta Daniel é compreensível, visto que o homem não pode, enquanto estiver nesta dimensão terrena, resistir à manifestação da glória de Deus. Por mais que tenhamos comunhão com o Senhor, somos ainda carne e sangue e, diante desta nossa estrutura, não temos como resistir à glória de Deus. É por isso que, quando ocorrer o arrebatamento da Igreja, seremos transformados e ganharemos um corpo glorificado (Rm.8:30; I Co.15:49-54), para podermos, então, participar plenamente da glória do Senhor para todo o sempre.

– Mais uma vez reafirmamos que esta experiência que teve Daniel não pode ser considerada como um “respaldo bíblico” para o “cair no Espírito”, também chamado de “cai-cai”, tecnicamente chamada de “fanerose”, que tem sido intensamente buscada por certos segmentos da igreja nos dias difíceis em que estamos a viver.

– Daniel caiu adormecido diante da manifestação da glória de Deus por conta da sua própria natureza humana. Tratava-se de uma compreensível reação diante da presença do Senhor Jesus de forma gloriosa, reação esta que também ocorreu entre os que estavam com Daniel, que fugiram, escondendo-se, sem que sequer tivesse visto a visão. É uma demonstração do poder de Deus diante da fraqueza humana, é uma prova da superioridade divina em relação ao homem, do Criador em relação à criatura.

– Não se tem aqui qualquer ação que trouxesse edificação espiritual ao profeta, não se trata de uma operação que deve ser buscada e procurada por quem serve a Deus. É uma reação natural diante da sobrenatural manifestação divina, nada mais do que isto.

Portanto, não devemos buscar “cair no Espírito” para termos maior espiritualidade, pois não é este um meio pelo qual obtenhamos maior comunhão com Deus. Não se trata de algo que esteja à disposição dos servos do Senhor, mas se trata de uma reação natural à demonstração do poder de Deus.

– Por isso, amados irmãos, não devemos jamais querer “cair no Espírito”, querer ter a experiência da fanerose, pois esta não é uma operação que nos dê edificação espiritual, embora seja uma reação natural a todo que tiver uma experiência de manifestação da glória de Deus.

 OBS: “…Daniel cai prostrado diante do fulgor do anjo. Diante da manifestação da glória de Deus os homens se prostram e se humilham. A glória de Deus é demais para o frágil ser humano suportar.…” (LOPES, Hernandes Dias. Daniel: um homem amado no céu, p.130).

– Tanto assim é que, assim como ocorreu no episódio da visão do carneiro e do bode, assim que Daniel caiu adormecido, foi ele imediatamente levantado, pois u’a mão o tocou e fez que com o profeta se levantasse (Dn.10:10), prova de que não é desejo de Deus que, diante de uma tal reação natural, a pessoa fique prostrada e desacordada, mas, sim, que seja posta em pé e, conscientemente, desfrute das visões e revelações do Senhor, exatamente o contrário do que fazem os apologistas da fanerose. João teve a mesma experiência na ilha de Patmos (Ap.1:17).

– O objetivo de Deus não é nos fazer prostrar, nos fazer cair adormecidos, embora isto possa acontecer por causa da nossa estrutura humana, mas, sim, que nós estejamos de pé e, desta maneira, tenhamos condição de receber da parte do Senhor o discernimento, o entendimento espirituais, a fim de que prossigamos nossa vida de fidelidade a Deus.

II – O HOMEM VESTIDO DE LINHO TRAZ REVELAÇÕES DO MUNDO ESPIRITUAL A DANIEL  

– O homem vestido de linho, após ter levantado o profeta, reafirmou aquilo que o anjo Gabriel havia dito ao profeta na revelação das setenta semanas, ou seja, de que o profeta era “homem mui desejado” no céu. O próprio Senhor Jesus dá aqui testemunho da fidelidade de Daniel, que o fazia um homem “mui amado” no céu. O que o Senhor tem dito a nosso respeito, amados irmãos? Será que Lhe temos agradado?

– Isto nos faz recordar o que diz o apóstolo Paulo no início da parte prática da epístola aos romanos, ou seja, em seu capítulo doze, quando conclama a todos os salvos a se apresentarem os seus corpos diante de Deus com um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, o seu culto racional (Rm.12:1), o que somente será possível se não se conformarem com este mundo mas se transformarem pela renovação do seu entendimento, para que possam experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm.12:2).

– Daniel, durante todos aqueles mais de setenta anos no cativeiro, sempre havia se comportado de maneira a agradar ao Senhor, de modo que o próprio Senhor, em uma manifestação gloriosa, faz questão de atestar ao profeta que ele era “homem mui desejado”, pois, durante todas aquelas décadas, quase um século de vida, sempre havia se portado diferentemente dos demais, sempre havia se mantido fiel ao Senhor.

– Para sermos “mui desejados” pelo Senhor, precisamos ter o mesmo comportamento, a mesma postura que teve Daniel em meio a cortes idólatras e incrédulas: mantermo-nos fiéis ao Senhor, cumprindo a Sua Palavra e nos entregando como um verdadeiro sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Devemos cultuar a Deus em todos os instantes de nossa vida, em todos os momentos devemos ser motivo para que os homens vejam Cristo em nós e glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16; II Co.3:18). Devemos ser testemunhas de Cristo (At.1:8).

– Enquanto aquele homem vestido de linho falava com o profeta, Daniel estava tremendo. No entanto, aquele ser, que conhecia o coração de Daniel, trouxe-lhe uma mensagem poderosa: “Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-se perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras, e eu vim por causa das tuas palavras” (Dn.10:12).

– Daniel estava tremendo diante da manifestação da glória de Deus, algo perfeitamente compreensível. Mas, aquele ser glorioso lhe faz saber que não tinha razões para ter medo, pois ele era ouvido no céu. Desde o primeiro momento que resolvera orar e jejuar, a sua petição tinha sido ouvida e havia sido determinado que lhe fosse dada a resposta. Aquele que teme a Deus é sempre ouvido pelo Senhor (Jo.9:31).

– No entanto, se, quando Daniel foi buscar ao Senhor quando entendeu que o cativeiro estava a se findar, antes mesmo de terminar a sua oração (se bem que, conforme vimos na lição anterior, entendemos que tenha sido a terceira oração do dia com este propósito), o anjo Gabriel já trouxe a resposta ao profeta (Dn.9:21), nesta oportunidade, embora Daniel tivesse sido ouvido desde o primeiro momento, a resposta somente chegou vinte e um dias depois.

– Esta circunstância, amados irmãos, mostra que não existe uma “rotina” no mundo espiritual, que não podemos nos basear em experiências passadas para poder discernir ou entender novas experiências ou situações que estejamos a passar. As coisas espirituais estão acima da nossa capacidade intelectual, tratase de uma dimensão diversa da que vivemos sobre a face da Terra, de sorte que jamais poderemos raciocinar humanamente em termos espirituais.

– Este tem sido um laço que muitos têm caído ao longo de sua jornada espiritual, qual seja, o de tentar usar o raciocínio humano, a lógica humana para poder discernir e entender episódios ou experiências espirituais. Jamais podemos ter esta presunção ou pretensão de reduzir as coisas espirituais a parâmetros humanos, pois, se assim fizermos, corremos sério risco de nos enganarmos. Trata-se, aliás, de um conhecido ardil do inimigo que, diante do uso de elementos da lógica humana, têm levado muitos ao engano, pois ele é um “expert” nas coisas referentes aos homens (Mt.16:23).

– Não é porque Deus mandou Gabriel dar a resposta da oração ao profeta Daniel quando este ainda estava falando, em um dia de oração apenas, que sempre se daria desta maneira. Daniel estava há vinte e um dias orando e jejuando e parecia que sua oração não “passava do teto” de sua casa, mas a verdade era bem outra. Desde o instante em que Daniel começara a buscar a Deus, fora determinado que se desse a resposta, mas houve impedimentos provenientes do maligno, motivo por que se demoraram aquelas três semanas completas para a chegada da resposta a Daniel.

– Devemos ter a convicção de que sempre somos ouvidos pelo Senhor quando buscamos a Sua presença, ainda mais, nós que servimos ao Senhor depois que Cristo abriu para nós um novo e vivo caminho, que nos permite adentrar no Santo dos santos, que nos permite chegar até o trono da graça (Hb.4:16; 10:19-22). As orações dos santos são levadas à presença do Senhor (Ap.8:1-4).

– Entretanto, nem sempre a resposta destas orações vem de imediato para nós. O homem vestido de linho veio especialmente dizer a Daniel o porquê da demora de três semanas completas para a chegada da resposta, como que “dando uma satisfação” àquele servo tão amado pelo Senhor.

– Este episódio ensina-nos que não é por falta de resposta que devamos entender que Deus nos esqueceu ou que estejamos em pecado. Devemos manter nossa oração perseverante, quando clamamos a Deus, tendo a convicção que, desde o primeiro momento em que nos apresentamos ao Senhor, já somos ouvidos, conquanto nem sempre esta resposta nos chegará prontamente. Entendamos isto, amados irmãos, pois temos o dever de orar e nunca desfalecer (Lc.18:1).

– O homem vestido de linho disse que foi especialmente enviado para trazer a resposta à mensagem do profeta por causa das palavras de Daniel. Vemos aqui, amados, como Daniel era amado por Deus, a ponto de ter o Pai deslocado o próprio Filho para trazer ao profeta uma mensagem de consolação.

– Este homem vestido de linho, então, revela a Daniel que, tendo sido destacado, desde o primeiro instante para que trouxesse a resposta às orações, diante dele se pôs o “príncipe do rei da Pérsia”, tendo, então, Miguel, um dos “primeiros príncipes” ido ajudar o homem vestido de linho, tendo, então, ficado este homem durante todo aquele tempo na companhia dos “reis da Pérsia” (Dn.10:13).

– Ao dar esta “satisfação” ao profeta, na verdade o homem vestido de linho estava a revelar ao profeta uma realidade do mundo espiritual, qual seja, a de que havia seres celestiais hierarquicamente estabelecidos, tanto a serviço de Deus, quanto a serviço do inimigo de nossas almas.

– Na revelação progressiva de Deus ao homem, vemos que a realidade a respeito dos anjos somente foi melhor compreendida pelos judeus a partir do cativeiro da Babilônia. “…O Talmud afirma categoricamente: ‘Os nomes dos anjos chegaram a Israel pela Babilônia.’…” (AUSUBEL, Nathan. Anjos. In: A JUDAICA, v.5, p.32).

– Daniel era alguém que tinha conhecimento de todas as letras babilônias e, certamente, havia sido instruído a respeito das crenças babilônias a respeito de “mediadores”, “espíritos do bem e do mal”, que existiam na religião babilônia e, com esta revelação, ficava a saber algo do mundo espiritual, a fim de que soubesse da existência desta hierarquia entre os seres celestiais, sem as crendices e fantasias criadas pelas religiões politeístas de seu tempo.

– Daniel ficou sabendo que, entre a Terra e o trono de Deus, existem “regiões celestiais” que são habitadas por seres celestiais malignos, cujo objetivo é impedir o pleno acesso dos homens a Deus, perturbar a obra do Senhor.

É o que vemos bem revelado no livro do Apocalipse, que nos dá conta de que o diabo e seus anjos habitam as “regiões celestiais” desde o instante em que foram expulsos do céu (Ef.6:12), local onde habitarão até a Grande Tribulação, quando serão precipitados para a Terra (Ap.12:7-9).

– Estes seres espirituais malignos estão hierarquicamente estabelecidos, pois, embora sejam anjos caídos, continuam sendo anjos e os anjos são organizados de modo hierárquico, tanto que são chamados nas Escrituras de “exércitos” (Sl.103:21; 148:2), sendo este, aliás, um dos motivos pelos quais Deus é chamado de “o Senhor dos Exércitos” (I Sm.1:3; II Sm.6:2; I Cr.17:24; Sl.24:10; 46:7 etc.). Exército significa uma estrutura fundada na hierarquia, hierarquia esta que existe tanto entre os anjos fiéis ao Senhor quanto entre as hostes espirituais da maldade.

– Quando o homem vestido de linho saiu para consolar o profeta, um anjo da alta hierarquia maligna, denominado aqui de “príncipe do reino da Pérsia” se posicionou diante do homem de linho por vinte e um dias (Dn.10:13).

– Diante desta revelação do homem vestido de linho, muitos chegam a duvidar que se tratava de uma manifestação de Cristo antes de Sua encarnação, pois se teria uma situação  em que se teria uma inferioridade inadmissível da Pessoa Divina do Filho em relação a um anjo caído.

– Todavia, aqui não se tem qualquer indicação da fraqueza do homem vestido de linho em relação ao “príncipe do reino da Pérsia”. Este se posicionou diante do homem vestido de linho e este homem simplesmente permitiu que ele ali ficasse durante vinte e um dias.

A “ajuda” de Miguel não era uma necessidade, isto não se depreende do texto, mas foi apenas algo querido pelo próprio homem vestido de linho, a fim de trazer algumas verdades ao profeta Daniel, entre elas, a revelação a respeito do arcanjo Miguel, que tem, entre suas atribuições, o cuidado do povo de Israel, tanto que é chamado de “o grande príncipe dos judeus” em Dn.12:1.

– Assim como Daniel havia tido a revelação da existência do anjo Gabriel, agora era “premiado” com a revelação da existência de Miguel, o “grande príncipe”, que, mais tarde, seria revelado como aquele que cuida dos filhos de Israel.

Não se tem, portanto, qualquer demonstração de fraqueza do homem vestido de linho diante do “príncipe do reino da Pérsia”, mas, sim, de uma ação deliberada daquele homem para que o profeta, que continuava a orar e jejuar, tivesse excelente revelação a respeito do mundo espiritual e da existência desta dimensão e de como Deus cuidava também nesta dimensão para que o Seu povo, a Sua propriedade peculiar dentre os povos pudesse alcançar a redenção.

– Tanto assim é que o homem vestido de linho, durante estes vinte e um dias, ficou com os “reis da Pérsia” (Dn.10:13), ou seja, na companhia de outros anjos, estes fiéis ao Senhor, numa prova de que não havia qualquer inferioridade, mas uma deliberada espera que tinha por objetivo trazer maiores revelações ao profeta, que havia sido escolhido pelo Senhor para manter viva a esperança messiânica e a convicção de que Deus estava no absoluto controle de todas as coisas, inclusive do mundo espiritual.

– Nesta revelação, ficamos a saber que, na disposição hierárquica existente no mundo espiritual, certos seres são escalados para cuidar de assuntos relacionados com determinadas regiões do planeta. O “príncipe do reino da Pérsia” era um anjo caído que estava designado para implementar atitudes contrárias à vontade de Deus no reino da Pérsia, o segundo império mundial do sistema gentílico que a Daniel já havia sido revelado seja no sonho de Nabucodonosor, seja nas visões dos quatro animais simbólicos e do carneiro e do bode.

– O sistema gentílico de poder, como temos visto ao longo deste trimestre, é um sistema de rebeldia contra Deus e, como tal, se encontra imerso no maligno, pois é, propriamente, o que a Bíblia denomina de “mundo” (I Jo.5:19).

Como se trata de um sistema que está no maligno, não é surpresa que seja capitaneado pelo diabo, chamado pelo Senhor Jesus de “príncipe deste mundo” (Jo.14:30) e que, em sendo assim, escale alguns de seus anjos para cuidar mais de perto de uma determinada região ou situação governamental, como uma espécie de “ministro” seu.

OBS: Alguns, como Antonio Neves de Mesquita, entendem que o “príncipe dos reis da Pérsia” seria o próprio Satanás. “in verbis”: “…Quem seria este príncipe que resistiu ao personagem celeste ao ponto de carecer da ajuda de Miguel? Eis uma pergunta difícil de responder. Haverá alguém ou alguma coisa capaz de obstar a obra divina? Há.

Satanás, que aqui aparece como príncipe dos reis da Pérsia, atrapalhou a obra de Deus e a tem atrapalhado muitas vezes. Ele tem muito poder e muita liberdade no reino moral em que vivemos, e Deus, até o poderia destruir com o sopro da sua boca, não o faz agora; só fará no fim de tudo (Apoc. 20:10). De qualquer maneira somos informados da obra destruídora de Satanás, que se coloca na frente do seu Criador para atrapalhar a obra da revelação.…” (Estudos no livro de Daniel, p.83).

– Este “príncipe do reino da Pérsia”, portanto, nada mais era do que um auxiliar do inimigo de nossas almas na sua tarefa de dirigir este sistema gentílico de rebeldia contra Deus, anjo este que quis se interpor diante do homem vestido de linho para que o profeta Daniel não tivesse novas revelações a respeito do futuro de Israel, pois, como ensina o pastor Antônio Gilberto, “…Estes três capítulos finais de Daniel revelam a culminância da crescente experiência espiritual do profeta, a qual é para todos nós um chamamento para uma vida profunda com Deus.

De início, ele interpretou os sonhos e eventos de outros (caps. 2,4,5). A seguir, descreve visões suas (cap. 7). Depois é transportado em visão a outra terra (cap. 8). A isso segue-se a visita de um dos mais celebrados anjos (cap. 9). Por fim o profeta vê em visão o próprio Filho de Deus na sua pré-encarnação (cap. 10). Foi portanto uma experiência espiritual sempre crescente. Assim deve ser a de cada um de nós.…” (Daniel e Apocalipse: como entender o plano de Deus para os últimos dias, p.53).

OBS: “…Esse príncipe não era de origem terrena. Tratava-se de um anjo diabólico tão forte, que a vitória, no caso aí abordado, só foi decidida quando Miguel, o poderoso arcanjo, entrou em ação e assim a resposta da oração chegou a Daniel. Houve pois conflito no ar entre anjos bons e maus. Assim como Deus tem anjos que protegem nações, Satanás também tem os dele, que operam, mas a seu modo. Esse anjo mau da Pérsia controlava os destinos desse país, mas foi desbancado pelos anjos de Deus. “E eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (v. 13).…” (GILBERTO, Antonio. Daniel e Apocalipse: como entender o plano de Deus para os últimos dias, p.55).

– Esta passagem foi a base da criação da “doutrina da batalha espiritual”, defendida, entre outros, por Peter Wagner e que se baseia na ideia de “espíritos territoriais”. Segundo este falso ensinamento, os espíritos malignos atuam por “território” e devemos, portanto, expulsar os “espíritos territoriais” para que alcancemos vitória sobre as hostes espirituais da maldade.

Por causa disso, muitos têm cometido verdadeiros desatinos, como ungir com óleo regiões inteiras de cidades e países, usando, para isso, de aeronaves ou, mesmo, pasmem todos, chegado a urinar, após dias de jejum e oração, em certas regiões de uma cidade, para “marcar território”, afugentando os espíritos malignos.

– Tudo isto, amados irmãos, é pura fantasia e que não deve ser acolhida, de forma alguma, pelos fiéis servos do Senhor. Não resta dúvida de que a passagem nos dá conta de que o inimigo escala anjos caídos para cuidar de assuntos relacionados a determinada região ou sistema governamental, mas isto, de modo algum, nos autoriza fazer “batalha espiritual” contra tais seres, pois tal sistema de rebeldia contra Deus somente será debelado por ocasião do estabelecimento do reino milenial de Cristo.

Vivemos, sim, em contínua batalha contra as hostes espirituais da maldade, mas esta vitória não se dá por conquista de “territórios” neste mundo, até porque o reino de Cristo não é deste mundo (Jo.18:36).

– Notemos que toda esta batalha se empreendeu no mundo espiritual, sem qualquer participação de Daniel no episódio, que orava e jejuava por causa da tristeza que tivera, não por causa da oposição que o homem vestido de linho tivera diante do príncipe do reino da Pérsia, até porque, até ter a revelação a respeito, o profeta nem sabia da existência desta realidade espiritual.

Devemos orar e jejuar constantemente, para reforçarmos nossa comunhão com o Senhor e, certamente, esta nossa atitude trará repercussões no mundo espiritual, mas não é nossa a tarefa de retirar estes seres de suas funções que lhe tenham sido dadas pelo nosso adversário. É tema que não nos cabe.

OBS: “…Deus levanta a cortina e mostra para Daniel que há dois andares no mundo: o físico/material e o espiritual. Muitas vezes, só enxergamos as coisas no plano físico. Mas sobre nossas cabeças desenrola-se outra cena, uma batalha espiritual, no mundo invisível, espiritual. Há guerra espiritual entre os anjos de Deus e os anjos do mal. Enquanto a igreja ora, trava-se uma batalha nas regiões celestes.…” (LOPES, Hernandes Dias. Daniel: um homem amado no céu, p.131).

– Depois de vinte e um dias, Miguel veio ajudar o homem vestido de linho e o impedimento foi retirado, tendo, então, o homem vestido de linho se manifestado a Daniel a fim de lhe fazer entender o que haveria de acontecer com o povo de Israel nos derradeiros dias (Dn.10:14). Daniel, que não entendera bem a visão das tardes e manhãs alguns anos antes (Dn.8:26,27) chegava ao estágio final de seu ministério profético, onde, pelo amor que Deus lhe tinha, teria plena compreensão do tempo do fim.

– Vemos, pois, como é a oração e jejum, bem como a meditação frequente nas Escrituras, que nos dá crescimento espiritual, que nos permite aproximar cada vez mais do Senhor. Não foi o “cai-cai” que trouxe a Daniel tal entendimento, mas, sim, o seu esforço em buscar mais ao Senhor. Amados irmãos, somente pela santificação, que se dá, entre outros meios, pela oração e pela leitura devocional das Escrituras, que nos aproximaremos cada vez mais do Senhor, que alcançaremos o crescimento espiritual. Temos feito isto?

– Daniel, ao receber tamanhas revelações, abaixou o seu rosto e emudeceu. “…Daniel, diante daquele personagem celestial, sentiu também um grande temor, que o fez até emudecer, mas ele era a pessoa escolhida por Deus para aquela tão grande missão de desvendar o futuro para nós. Seja como for, a presença de Deus inspira medo dos ímpios que os faz fugir; mas em seus filhos, porém, inspira temor que os faz adorar e servir. (Ver Is cap 6 e Ap cap 1.)…” (SILVA, Severino Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo, p.192).

– Daniel não quis falar, pois sabia que era tempo de estar calado (Ec.3:7), tempo de aprender do Senhor. Era ele um profeta experimentado, um ancião de mais de noventa anos, mas não tinha ainda deixado de ter vontade de aprender e somente aprendemos quando escutamos, quando ouvimos aquilo que nos é dito. Como é importante quando nos encontrarmos diante do Senhor deixarmos que Ele fale conosco. Nossa oração, nossa vida devocional deve ser um diálogo com Deus, em que O deixemos falar conosco. Temos agido assim? Pensemos nisto!

– Daniel estava deveras enfraquecido, não tinha forças nele, mas o homem vestido de linho tocou os seus lábios, com “algo que se parecia com a mão de um homem”, como se encontram nos manuscritos do Mar Morto e na Septuaginta (a versão grega do Antigo Testamento, a primeira versão da Bíblia para outra língua que não as originais) e, diante deste toque, Daniel pôde recobrar as suas forças e dizer que não conseguia falar porque lhe faltara forças (Dn.10:16).

– Diante desta afirmação do profeta, houve novo toque por parte do homem vestido de linho e foi ele confortado. Como explica o reverendo Hernandes Dias Lopes, “…Daniel recebe três toques especiais de Deus. Em primeiro lugar, recebe o toque para se levantar (v.10-14). O anjo do Senhor toca em Daniel.

 Ele estava prostrado com o rosto em terra e enfraquecido. Deus o levanta por meio de Sua voz e de Seu toque. Mas o que pode levantar esse homem? Saber que é amado no céu (v. 11); saber que os céus se movem em resposta a suas orações (v. 12); saber que o futuro está nas mãos de Deus (v. 14). Em segundo lugar, recebe o toque para abrir a boca e falar (v.16,17).

Daniel é tocado nos lábios como Isaías. Quando é tocado, ele sente dores (como de parto).[ A mesma palavra aparece em l Samuel 4.19 e Isaías 13.8]. Ele se sente fraco e desfalecido. Apenas aqueles que se quebrantam diante de Deus têm poder para falar diante dos homens. Daniel está extasiado diante do fulgor da revelação do anjo que o tocou (v. 17).

Apenas podem falar com poder aos homens, aqueles que ficam em silêncio diante de Deus. Em terceiro lugar, recebe o toque para ser fortalecido (v.18-21). O anjo de Deus toca Daniel agora para o fortalecer. O anjo lhe diz: ‘Não temas’ (v. 19). O anjo reafirma que ele é amado no céu (v. 19). O anjo ministra paz àquele que está aturdido por causa do fulgor da revelação. Duplamente o anjo lhe encoraja: ‘Sê forte, e tem bom ânimo’.…” (Daniel: um homem amado no céu, pp.131-2).

OBS: “…Daniel ficou de fato fortalecido com a assistência do anjo. Quando entre os seres humanos o crente não encontra fortalecimento, os anjos de Deus lho podem dar. Três vezes está dito nos versículos 18,19 que Daniel foi fortalecido. Que privilégio é termos os anjos de Deus a nosso favor!…” (GILBERTO, Antonio. Daniel e Apocalipse: como entender o plano de Deus para os últimos dias, p.56).

– Este três toques mostram-nos que aquele ser celestial era, sim, o Senhor Jesus, porque é Ele o nosso Consolador, como Ele mesmo Se identificou ao dizer que nos mandaria o Espírito Santo, o “outro” Consolador (Jo.14:16), prova de que Ele próprio era  Consolador, Aquele que Se comprometeu a estar conosco, ao nosso lado, todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20). Ele é o Deus de toda consolação (II Co.1:3).

– Daniel foi fortalecido pelo homem vestido de linho e, diante deste fortalecimento e conforto, pôs-se à disposição para as novas revelações que se seguiriam. O profeta agora dizia ousadamente: “Fala, meu Senhor, porque me confortaste” (Dn.10:19).

– O homem vestido de linho, então, diz a Daniel que tornaria a pelejar contra o príncipe dos persas e, saindo ele, viria o príncipe da Grécia, mas isto não impediria de declarar ao profeta o que estava escrito na escritura da verdade e que ninguém além de Miguel iria se esforçar com o homem vestido de linho contra aquelas forças espirituais malignas (Dn.10:20,21).

– A luta espiritual prosseguiria, a batalha espiritual entre os anjos fiéis e os anjos malignos continuaria, mas isto seria irrelevante para o profeta, porquanto o desígnio divino de lhe revelar o futuro de seu povo não seria impedido pelas hostes espirituais da maldade.

– Nós temos de ter esta mesma convicção, amados irmãos. Há uma batalha espiritual que se trava por causa dos servos do Senhor, mas estejamos certos que nada disso nos conseguirá separar do amor de Deus que há em Cristo Jesus, nosso Senhor, como deixou bem claro o apóstolo Paulo (Rm.8:39,39). Creiamos nisto e prossigamos a correr com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé (Hb.12:1-3). Amém!    

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco 

Sitehttp://www.portalebd.org.br/files/4T2014_L11_caramuru.pdf

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