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LIÇÃO Nº 13 – O TEMPO DA PROFECIA DE DANIEL

   foto lição 13

Como Daniel, mesmo sabendo o que está por vir, devemos perseverar até o fim.

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INTRODUÇÃO

 – Na conclusão do estudo do livro do profeta Daniel, estudaremos o capítulo doze, o último deste livro.

– Como Daniel, mesmo sabendo o que está por vir, devemos perseverar até o fim.

I – A CONCLUSÃO DA REVELAÇÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO  

– Estamos a concluir o estudo do livro do profeta Daniel e, com ele, a encerrar mais um ano letivo da Escola Bíblica Dominical, agradecendo ao Senhor pela oportunidade que tivemos de aprender mais da Sua Palavra e rogando a Deus, nestes dias tenebrosos em que vivemos, máxime em nosso país, que nos seja dada a oportunidade de prosseguirmos tendo liberdade para pregar o Evangelho e promover o ensino da Bíblia Sagrada para a edificação espiritual dos salvos em Cristo Jesus.

– O último capítulo do livro de Daniel, embora alguns estudiosos entendam ser um “capítulo deslocado”, é, sem dúvida, a continuidade da revelação do homem vestido de linho a Daniel, a respeito do “…que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias” (Dn.10:14).

– Como diz o reverendo Hernandes Dias Lopes, “…O capítulo 12 de Daniel é uma sequência cronológica do capítulo 11. O anjo ainda está revelando a Daniel uma brilhante descrição do tempo do fim. Deus levanta a ponta do véu e revela o fim da história com nuanças gloriosas. As cortinas se fecham e o fim desse drama é a vitória gloriosa do povo de Deus.…” (Daniel: um homem amado no céu, p.147).

– O homem vestido de linho prossegue falando a respeito daquele rei que faria conforme a sua vontade e se levantaria e se engrandeceria sobre todo o deus, e contra o Deus dos deuses falaria coisas maravilhosas (Dn.11:36), que sabemos tratar-se do Anticristo. Por isso, usa da expressão “naquele tempo”, que dá início ao capítulo 12.

– “Naquele tempo” é, precisamente, o tempo em que este rei estará a governar, afrontando a Deus e ao Seu povo, como, aliás, já fora revelado ao profeta Daniel na visão dos quatro animais simbólicos, quando foi dito que a “ponta pequena” do quarto animal terrível e espantoso proferiria palavras contra o Altíssimo e destruiria os santos do Altíssimo (Dn.7:25).

– O pastor Antônio Gilberto é bem categórico ao comentar esta passagem bíblica de Dn.12:1: “…que tempo se refere a profecia? Certamente ao tempo em que emergirá o Anticristo, a partir de 11.36.

O versículo 1 do capítulo 12 está diretamente relacionado com a Grande Tribulação.…” (Daniel e Apocalipse: como entender o plano de Deus para os últimos dias, p.62).

– Este tempo outro não senão a Grande Tribulação, ou seja, a septuagésima semana da revelação dada pelo anjo Gabriel a Daniel, a semana que ainda não ocorreu e que brevemente terá início, quando a Igreja for arrebatada, pois há promessa de Cristo Jesus de que a Igreja não passará pela “hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo para tentar os que habitam na terra” (Ap.3:10).

– É revelado a Daniel pelo homem vestido de linho que, “naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até aquele tempo” (Dn.12:1).

– O homem vestido de linho mostra a Daniel, então, que Miguel, aquele anjo que havia retirado o obstáculo para que ele recebesse esta revelação, era o ser celestial incumbido de tratar das coisas concernentes ao povo de Israel, é o anjo protetor da nação de Israel.

 Daniel poderia ficar tranquilo porque Deus havia destacado seres celestiais para cuidar do Seu povo, impedindo que as hostes espirituais da maldade pudessem levar a cabo seus intentos de destruir Israel.

– Percebemos, assim, que há uma nítida influência maligna por detrás de todo o ódio que Israel sofre ao longo dos séculos na história da humanidade. O antissemitismo é uma manifestação diabólica, é algo que tem sua inspiração nas hostes infernais, motivo por que não podemos, como servos de Deus, compactuar com tal sentimento que, infelizmente, está arraigado em muitos segmentos ditos cristãos, como revela a própria história da Igreja.

– Aliás, nosso tempo vê ressurgir com grande intensidade este sentimento antissemita que está se disseminando inclusive em países como o Brasil, que, desde a década de 1970, tem imprimido uma política contrária a Israel, política esta que tem se exacerbado cada vez mais nos últimos anos, a demonstrar, pois, a verdadeira inspiração que tem nosso atual governo espiritualmente falando.

OBS: “…A maior parte das nações do mundo será contra Israel. Estamos vendo isso, na atual guerra de Israel contra o Hamas. Infelizmente até o Brasil, sob o governo de P. T., posicionou-se contra o povo judeu.…” (OLIVEIRA, José Serafim de. Panorama teológico e histórico do livro de Daniel e Apocalipse, p.29) (no prelo, cópia para revisão).

– Esta atuação de Miguel na proteção a Israel é retomada no livro de Apocalipse, em seu capítulo 12, quando se relata uma batalha no céu entre Miguel e os seus anjos e o dragão e seus anjos, ocasião em que Satanás e seus anjos perderão o seu atual lugar nas regiões celestiais, sendo precipitados na terra (Ap.12:7-12), ocasião em que o diabo irá se voltar, furioso, contra o povo de Israel (Ap.12:13-17).

– “…O texto em foco deve ser confrontado com Marcos 13.19, onde lemos: ‘Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá’ . Todos os estudiosos das profecias sabem claramente que período está em foco.

— É o da Grande Tribulação. Este período de sete anos, que chamamos de contagem regressiva, é um período de acontecimentos singulares.…” (SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo, p.227).

– A revelação mostra que será o pior tempo da história humana, com aflições que nunca antes ocorreram. É um tempo tenebroso, em que o Senhor não oferecerá resistência à atuação do inimigo de nossas almas (II Ts.2:6-12), cujo papel é matar, roubar e destruir (Jo.10:10).

Como se não bastasse isso, será, também, o tempo do juízo de Deus sobre judeus e gentios que não quiseram receber a salvação na pessoa de Cristo Jesus, o tempo que o profeta Isaías chama de “o dia da vingança do nosso Deus” (Is.61:2).

– O homem vestido de linho limita-se a indicar a Daniel que será um “tempo de angústia”, não revelando a ele como seria este tempo, quais os juízos que estavam reservados para as nações, inclusive os judeus, pois isto ficou “selado” (Dn.12:9).

Este selo somente seria tirado pelo Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, como nos revela o livro do Apocalipse (Ap.5:1-5), pois seria necessário que houvesse, antes, a vitória sobre a morte e o pecado, o que somente o Senhor Jesus faria oportunamente.

OBS: “…O Cordeiro é o Senhor Jesus que, com Sua morte na cruz e Sua gloriosa ressurreição, conquistou o direito do domínio total sobre a terra…” (OLIVEIRA, José Serafim de. A revelação do Apocalipse. 2.ed.ampl., p.49).

– É oportuno aqui indicar como o homem vestido de linho, que entendemos ser o Senhor Jesus, deixa bem claro que o período da Grande Tribulação será o pior momento de toda a história da humanidade. Isto nos mostra que não passa de insensatez o pensamento de alguns servos do Senhor no sentido de que, caso não estejam preparados quando do arrebatamento da Igreja, podem ainda ser salvos, já que sabem que, sete anos após o arrebatamento, terminará o período da Grande Tribulação.

– O período da Grande Tribulação é apresentado como um período terrível, em que nunca antes se terá tanta operação demoníaca. Será extremamente difícil resistir num período como este, notadamente por parte daqueles que, em plena dispensação da graça, não conseguiram ser fiéis ao Senhor, mesmo tendo a plenitude do Espírito Santo à sua disposição.

Trata-se tal pensamento de mais um ardil satânico, que devemos repreender, pois, como diz o profeta Jeremias, “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com cavalos?

Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, que farás na enchente do Jordão?” (Jr.12:5). OBS: “…A vinda da Grande Tribulação sobre a terra será de repente, inesperada; virá sobre todos os moradores da terra, num tempo em que disserem: “H á paz e segurança” .

Aquele dia virá como uma destruição do Senhor; isso está em toda a extensão profética, tanto dos profetas como dos apóstolos do Senhor; ele virá como um fogo devorador; será um dia de angústia, de aflição; será o dia da vingança do nosso Deus, conforme está escrito; será um dia de ira e de nuvens, um dia de tristeza e de escuridão, de negrura e de trevas. As estrelas e as constelações do céu não darão a sua luz.

O sol escurecerá ao nascer (Is 13.10; Zc 14.7; Ap 19.17). A lua se tornará em sangue. Os céus e a terra serão abalados e a terra será removida do seu lugar (Is 24.20). A indignação do Senhor cairá sobre todos os povos. Ele castigará o mundo p ela maldade existente e os ímpios, pela sua iniquidade. Trará aflição sobre os homens, porquanto pecaram contra Deus.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.228).

– Entretanto, ao mesmo tempo em que é dito que se terá o pior tempo de angústia para o povo judeu, também é prometido que haverá o livramento. Daniel era, uma vez mais, informado de que as promessas messiânicas se cumpririam, que poderia ficar sossegado que, apesar da indiferença que presenciava na maior parte dos judeus quanto ao retorno à Terra Prometida, bem como das dificuldades para a reconstrução do Templo, Deus não havia Se esquecido de Seu compromisso de tornar Israel um reino sacerdotal e povo santo.

– “Naquele tempo se livrará o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro”, disse o homem vestido de linho para Daniel. Esta mesma promessa é reafirmada na revelação de Cristo a João, quando, no capítulo 12 do livro de Apocalipse, é dito que, embora o diabo fosse perseguir Israel, o povo que é propriedade peculiar de Deus entre os povos seria preservado pelo Senhor (Ap.12:13-17).

– O apóstolo Paulo também reafirma esta promessa de livramento e de redenção de Israel no capítulo 11 de sua carta aos romanos. No devido tempo, que Paulo denomina “até que a plenitude dos gentios haja entrado”, “…todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E este será o Meu concerto com eles, quando Eu tirar os pecados” (Rm.11:26,27).

O apóstolo aqui reproduz profecias de Isaías e de Jeremias, que eram, certamente, de pleno conhecimento de Daniel.

– Muitos se perguntam sobre a salvação dos judeus e aqui o homem vestido de linho deixa isto bem claro. Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17) e, portanto, embora tenha escolhido Israel como Sua propriedade peculiar dentre os povos (Ex.19:5), não iria promover a salvação dos judeus única e exclusivamente por causa da sua etnia.

– A salvação dá-se pelo fato de crermos que Jesus é o Salvador, não há outro meio para salvação (At.4:12). Este Evangelho é válido tanto para judeus quanto para gentios (Rm.1:16).

– Assim, quando as Escrituras falam da salvação de “todo o Israel”, está a falar do remanescente de Israel, daqueles judeus que, durante a Grande Tribulação, tendo rompido com o Anticristo, milagrosamente preservados no deserto da Judeia, acabarão por reconhecer que Jesus é o Messias, n’Ele crendo quando surgir nas nuvens para livrar os judeus da iminente destruição na batalha do Armagedom.

– Estes judeus clamarão ao Senhor quando estiverem na iminência de serem destruídos pelo Anticristo e seus exércitos (inclusive os exércitos do rei do norte e do oriente – Dn.11:44,45), conforme se vê de Jl.2:12-18.

Como esclarece o pastor Aldery Nelson Rocha, ao falar sobre esta passagem bíblica do livro de Joel: “…Um chamado à conversão: essa conversão será vista nesse dia, quando Ele aparecer em glória com a Sua Esposa (Zc.12:4-13), tempo em que Israel chorará o Primogênito e o Unigênito…” (Santa Bíblia Versão Di Nelson anotada e ilustrada com elucidações textuais e expositivas, p.1687).

– Estes judeus, ao verem o Senhor, que Se apresentará a eles na região de Edom. Moabe e das primícias dos filhos de Amom, que o homem vestido linho disse que ficará livre do poder do Anticristo (Dn.11:41), como se vê de Is.63:1, crerão em Jesus, reconhecê-l’O-ão como o Messias e, por isso, será derramado sobre eles o Espírito Santo (Jl.2:28,29), quando então se dará a redenção de Israel, cumprindo-se, então, o que foi revelado a Daniel por Gabriel quanto às setenta semanas (Dn.9:24).

Estes judeus, portanto, serão salvos porque creram em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, não por causa de sua etnia. Por isso, têm seus nomes escritos no livro da vida, que é o livro de que fala o homem vestido de linho em Dn.12:1.

OBS: “…O Livro da Vida vem citado nas Escrituras, nas seguintes passagens: Êx 32.33; SI 69.28; Lc 10.20; F1 4.3. Em Isaías 4.3 e Daniel 7.10 e 12.1 (o texto em foco), deve ter o mesmo sentido. Este livro é chamado de ‘O Livro da Vida’ porque, do ponto divino de observação, é o que ele é (A p 3.5; 5.13; 8.17; 20.12,15). N o Livro da Vida constará o nome da nação israelita. Por essa razão, a Grande Tribulação não apagará o seu nome da face da terra. (Ver Mt 24.34.)…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.229).

– Em seguida a esta revelação deste período angustiante por que passará o povo de Israel antes de sua redenção, mas, também, desta promessa de livramento, o homem vestido de linho traz outra grande revelação ao profeta Daniel: a ressurreição. Esta revelação é realmente profunda, pois, até então, não havia sido apresentada de forma tão explícita a nenhum dos profetas.

– Como o profeta do “tempo do fim”, Daniel recebeu esta importantíssima revelação, que representava uma nova concepção para os servos do Senhor. Até então, não se tinha a ideia de que haveria uma ressurreição onde se definiria o destino da eternidade de cada ser humano. Tal ideia, revelada a Daniel, passou a ser de pleno conhecimento de todo o povo judeu, como nos dá conta Marta em seu diálogo com o Senhor Jesus antes da ressurreição de Lázaro (Jo.11:23,24).

– É revelado a Daniel que “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn.12:2), revelação esta que seria, também, explicitada na revelação de Cristo ao apóstolo João no livro do Apocalipse, quando ficamos a saber das “duas ressurreições”:

a primeira ressurreição, iniciada com Cristo, as “primícias dos que dormem” (I Co.15:23) e que, passando pelos que morreram em Cristo no dia do arrebatamento (I Ts.4:14-16), concluirse-á com os que morreram durante a Grande Tribulação por causa do Senhor Jesus (Ap.20:4,5), cujos participantes são bem-aventurados, porque terão a vida eterna e estão livres da segunda morte, ou seja, da morte eterna (Ap.20:6);

a segunda ressurreição, que ocorrerá quando do estabelecimento do juízo do trono branco, após o final dos tempos, onde seus participantes poderão sofrer o dano da morte eterna (Ap.20:1115).

– “…A expressão muitos deve ser entendida aqui por todos. E uma maneira hebraica de chamar a atenção para a grandeza dos números envolvidos. Embora todos ressuscitem, nem todos têm o mesmo destino.…” (LOPES, Hernandes Dias. op.cit., p.151).

“…Que este capítulo se refere ao tempo do fim está bem claro logo no v.2. Daniel já fala de duas ressurreições.

A primeira ressurreição, por ocasião do arrebatamento da igreja ( I Ts.4:13–16,  I Co.15:51–52, Ap. 20:4–6);

a segunda ressurreição, no fim do milênio. Os primeiros, para a vida eterna; os últimos, para vergonha e desprezo eternos.…”(OLIVEIRA, José Serafim de. Panorama teológico e histórico do livro de Daniel e Apocalipse, p.29) (no prelo, cópia para revisão).

– Até então, só se tinha a ideia da “ressurreição de mortos”, ou seja, milagres que haviam trazido à vida pessoas que já tinham morrido, como ocorreu com o filho da viúva de Sarepta de Sidom, com o filho da sunamita e com o homem que foi lançado na sepultura de Eliseu. Agora, porém, é revelado que, no fim dos tempos, haveria não só a “ressurreição dentre os mortos”, como também a “ressurreição dos mortos”.

– Mas, além desta revelação, que trazia esperança de vida eterna para todos os que cressem no Senhor, dando a Daniel a devida extensão da redenção de seu povo, algo que traspassava os limites desta vida e atingia a eternidade, o homem vestido de linho descreveu a recompensa dos salvos, daqueles que ressuscitariam para a vida eterna.

– O homem vestido de linho afirma que “os entendidos, pois, resplandecerão, como o resplendor do firmamento” (Dn.12:3). Ora, somente são entendidos aqueles que têm o temor do Senhor (Sl.111:10; Pv.1:7; 9:10). Tem-se aqui uma promessa para todos quantos temem ao Senhor e, por isso, obedecem aos Seus mandamentos e às Suas leis.

Eles “resplandecerão como o resplendor do firmamento”. Como diz a poetisa sacra Ingrid Anderson Franson: “…Mudados nós vamos ficar, quais astros por Deus espalhados, no céu, para sempre brilhar” (parte da terceira estrofe do hino 422 da Harpa Cristã).

Aqui se tem o cumprimento daquilo que fala o proverbista: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv.4:18).

– Aqueles que temem a Deus alcançarão a glorificação, passarão a ser semelhantes ao Cristo glorificado, que João pôde contemplar na ilha de Patmos (Ap.1:13-17) e que o próprio Daniel havia visto no início desta revelação (Dn.10:5,6). É esta a esperança de todos quantos temem ao Senhor, esperança que nos faz viver apartados do pecado (I Jo.3:1-3).

– Enquanto nesta peregrinação terrena, já somos a luz do mundo (Mt.5:14-16), já resplandecemos como astros no mundo (Fp.2:15), mas o homem vestido de linho promete a Daniel que os que temem o Senhor “resplandecerão como o resplendor do firmamento”, serão “dia perfeito”, como o proverbista. Aleluia!

– Mas, além da promessa da glorificação aos que temem o Senhor, o homem vestido de linho também afirma que “…os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente” (Dn.12:3). Não só os que temem ao Senhor, mas também “os que ensinam a justiça” serão galardoados e atingirão a glorificação.

“…Daniel fala de dois grupos: os sábios e os que a muitos conduzirem à justiça. Ambos os grupos falam daqueles que resistirão à sedução ou à perseguição do sistema do mundo ou mesmo do anticristo nas mais diversas fases da história.

Falam também daqueles que em meio à tribulação pregam a Palavra e anunciam a salvação em Cristo (Dn 11.33; Tg 5.19,20). Esses sábios são aqueles que quando o inferno agir livremente, não desistirão. Eles entendem que o sofrimento do tempo presente não poderá ser comparado com a glória com que se deleitarão eternamente.…” (LOPES, Hernandes Dias.op.cit., p.151).

– Após estas duas importantíssimas revelações, o homem vestido de linho manda que Daniel selasse as palavras e o livro, dizendo, ainda, em mais uma revelação, que “muitos correrão de uma parte para outra; e a ciência se multiplicará” (Dn.12:4).

– “Muitos correrão de uma parte para outra” tem sido interpretado por alguns, como o pastor Antonio Gilberto, como grandes avanços nos transportes, algo que temos visto em nossos dias e que é prenúncio evidente de que se aproxima, e muito, este período terrível por que passará a história da humanidade.

Outros, como o pastor Severino Pedro da Silva, veem nesta passagem a repatriação dos judeus na Palestina, “in verbis”: “…O presente texto fala do arrependimento de Israel, no tempo do fim. Eles de fato ‘ correrão’ em direção à Terra Santa.

 Em maio de mil novecentos e quarenta e oito (1948) houve o primeiro estádio dessa grande profecia, e, logo a seguir, veio ao mundo o “multiplicar da ciência” em escala assombrosa. O leitor deve observar que, não só o repatriamento de Israel, tem prenunciado o retorno do Messias nas nuvens para o arrebatamento da Igreja, mas outros sinais correlatos estão também predizendo a mesma coisa…” (op.cit., p.231).

– A multiplicação da ciência é outro sinal que indica a proximidade daquele tempo de angústia revelado ao profeta pelo homem vestido de linho. Com efeito, este tempo imediatamente anterior à Grande Tribulação, que o Senhor Jesus denomina de “princípio de dores” (Mt.24:8) é marcado por duas multiplicações: a multiplicação da iniquidade (Mt.24:12) e a multiplicação da ciência (Dn.12:4).

– O grande avanço científico e tecnológico que temos contemplado é prenúncio de que estamos muito próximos deste tempo final para a redenção de Israel. Serve-nos de importante demonstração de que a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e que devemos tê-la como nossa única regra de fé e prática.

– A determinação do homem vestido de linho para que Daniel selasse as palavras e o livro não deve ser entendida como uma determinação para que tudo ficasse em segredo: “…a expressão não significa que as coisas reveladas a Daniel deviam permanecer em segredo.

O costume persa era que, uma vez copiado um livro e trazido a público, selava-se uma cópia e colocava-se na biblioteca. Assim, as futuras gerações poderiam lê-lo. Dessa forma, na antiguidade, quando se mandava selar um livro, isso significava que o livro estava completo e recebia o selo de sua integridade, utilidade e proveito para o povo.

 Depois, uma cópia era disponibilizada para a biblioteca e estava disponível para ser examinada pelos estudiosos. O último ato profético de Daniel foi assegurar-se de que as profecias que lhe haviam sido reveladas se tornassem conhecidas não apenas de sua geração, mas das gerações vindouras. Eis a razão porque muitos o esquadrinharão.…” (LOPES, Hernandes Dias. op.cit., p. 152).

– Verdade é que a determinação de selo do livro também envolvia, num outro aspecto, a necessidade de maior explicitação daqueles acontecimentos vindouros, algo que somente seria obtido com o livro do Apocalipse, onde tudo seria revelado, onde os selos seriam tirados e explicitado qual seria o juízo que Deus mandaria sobre a Terra para que os reinos do mundo viessem a ser do Nosso Senhor e do Seu Cristo (Ap.11:15), o que, como já dissemos supra, exigia previamente a vitória do Senhor Jesus sobre o pecado e a morte (Ap.5:5).

– Por isso, temos aqui a complementaridade que existe entre os livros de Daniel e de Apocalipse. Um livro é selado, não só no sentido dito pelo reverendo Hernandes Dias Lopes, para que pudesse ser considerado autêntico e lido pelas gerações vindouras, mas, também, no sentido de que deveria aguardar ainda uma revelação complementar, vindoura, que abrisse aquilo que não havia ficado claro ainda. Tanto assim é que, se para Daniel, o homem vestido de linho manda selar o livro (Dn.12:4), para João, é dito para que fizesse exatamente o contrário (Ap.22:10).

OBS: “…Um livro que não é selado está aberto ao exame e benefício de todos. O que foi selado nos dias de Daniel (12:4) agora é exposto aqui. Daniel viveu cerca de 600 anos antes da introdução do ‘…tempo do fim’. Eis a razão por que era necessário a Daniel selar o livro, mas João, no contexto geral, pertencia a uma geração da ‘…última hora’, e não podia fazer o mesmo. Porque próximo está o tempo.…” (SILVA, Severino Pedro da Silva. Apocalipse versículo por versículo, pp.283-4).

II – COMPLEMENTO DA REVELAÇÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO  

– Após a determinação do homem vestido de linho para que fechasse as palavras e selasse o livro, o profeta, então, relata qual foi a sua reação após esta mais longa revelação que já tinha tido em toda a sua vida.

– Diz o profeta que olhou e eis que estavam outros dois seres celestiais, um na margem em que ele se encontrava no rio Hidequel e outro na outra margem, enquanto que o homem vestido de linho se encontrava sobre as águas do rio. Um destes seres, então, perguntou ao homem vestido de linho que tempo haveria até o fim das maravilhas (Dn.12:6).

– Logo percebemos que o homem vestido de linho, a exemplo da personagem que se apresentou a Daniel na visão do carneiro e do bode e a quem se perguntou quanto tempo duraria a visão do contínuo sacrifício e da transgressão assoladora (Dn.8:13), mostrou aqui ser onisciente, a ponto de revelar algo que um dos dois outros seres, que só agora eram vistos por Daniel, não sabiam. Temos aqui mais uma demonstração de que o homem vestido de linho é o Senhor Jesus.

– “…’Esse mensageiro’ bem pode ser ‘ O arcanjo Miguel’ (Ver Jd v 9), enquanto que o “ homem vestido de linho” é o próprio Cristo. Se realmente é o ‘arcanjo Miguel’ , trata-se de um ser de elevado poder, e que tem autoridade para exercer missões especiais ou mais importantes. Aqui, no texto em foco, ele é o arauto de uma proclamação de grande importância para o povo de Deus.

No decorrer da grande visão, Daniel observa ainda o “homem vestido de linho” a andar ‘sobre a face das águas’ à semelhança do Espírito de Deus no princípio da criação (G n 1.2). Ezequiel, o profeta do cativeiro, em sua visão sobre a cidade de Jerusalém, contempla também ‘entre seis (6) personagens, um homem vestido de linho’ (Ez cap 9).

Comparando Ezequiel cap 9, com Daniel cap 12 vv 5-7, e com Apocalipse cap 10.5 e 6, podemos afirmar que o ‘homem vestido de linho’ é o próprio Cristo em uma de suas missões pré-encarnatórias.…” (SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo, p.233).

– Devemos aqui observar que a indagação daquele ser celestial, que o pastor Severino Pedro da Silva entende ser o arcanjo Miguel, diz respeito ao “tempo das maravilhas”, ou seja, daquela demonstração de poder que fará o rei mencionado em Dn.11:36, ou seja, o tempo em que se “falará coisas maravilhosas e será próspero até que a ira se complete’ (Dn.11:36).

– Esta indagação tinha sua razão de ser, porquanto se queria precisar ao profeta que o tempo de sofrimento seria momentâneo, embora fosse o pior tempo de angústia que Israel passaria em toda a sua história.

Assim como Deus havia revelado ao profeta Jeremias que o cativeiro da Babilônia duraria setenta anos, e realmente Daniel pôde verificar como testemunha ocular a precisão desta determinação temporal, seria, também, oportuno dizer-se ao profeta quanto tempo o povo judeu padeceria nas mãos daquele rei até que a ira se completasse.

– O homem vestido de linho levantou a sua mão direita e a sua mão esquerda ao céu e jurou por Aquele que vive eternamente que depois de um tempo, de tempos e metade de um tempo, e quando tiverem acabado de destruir o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas (Dn.12:7).

– Vemos a presteza do homem vestido de linho de revelar a Daniel o tempo em que duraria a grande angústia do povo de Israel, precisamente para que não houvesse qualquer desfalecimento na fé durante aquele período tão difícil, o mais difícil da história do mundo.

Nosso Deus, amados irmãos, sempre quer deixar o Seu povo ciente de que “a Sua ira dura só um momento; no Seu favor está a vida; o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl.30:5).

– Uma das coisas que concede esperança ao servo de Deus é saber que as coisas deste mundo são absolutamente passageiras, inclusive os juízos divinos, mas que aquele que for fiel gozará da eternidade, pois a companhia com o Senhor, a recompensa pela fidelidade é algo que não tem nem nunca terá fim.

 Como diz o apóstolo Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm.8:18). Temos esta confiança, amados irmãos?  

– “…Em virtude deste feito pelo ‘homem vestido de linho’ , que jurou em nome de outro, alguns teólogos chegam até a discutir que este personagem não seja o Cristo, baseando- se em Hebreus cap 6.13, que diz:

“ …quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurar, jurou por si mesmo’ . Assim pensam alguns: Jesus sendo igual a Deus, não podia jurar por outro como fez o “homem-sacerdote” na margem do rio.

Nosso ponto de vista na presente passagem é: Jesus levantando sua mão ao céu e, jurando em nome do Pai, é evidentemente lógico, que “jurou por si mesmo” (Comp Jo 14.10,11,28.), a fim de confirmar um juramento, como era costumeiro; talvez mostrando o ‘livrinho’ que trazia na sua mão direita. A mão foi levantada ao céu, lugar da habitação de Deus, chamando-o como testemunha.

O leitor deve também observar a eternidade de Deus. Neste ponto encontramos a fórmula “pelos séculos dos séculos” , uma expressão de uso frequente no Apocalipse; é uma expressão idiomática comum no grego para exprimir o conceito de ‘eternidade’ .

Neste caso, a eternidade é encarada como uma “ interminável série de ciclos” . Isto é, o infinito quanto ao tempo, colocando, assim, a pessoa de Deus, como sendo o  ‘mesmo’ quanto ao tempo e à importância. …” (SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo, p.234).

– O tempo da angústia seria de três anos e meio (“um tempo, e tempos e metade de um tempo”), o que nos remete, obviamente, à segunda metade da septuagésima semana da revelação que Gabriel havia dado a Daniel (Dn.9:27), precisamente o instante em que o diabo quererá destruir o povo judeu (Ap.12:13), usando, para tanto, o Anticristo, que se voltará contra Israel, inclusive profanando o Terceiro Templo e ali se fazendo adorar como Deus e ali colocando a sua imagem, episódios que darão início ao período dos grandes tormentos que passará a humanidade, como nos é revelado no livro de Apocalipse, seja com as trombetas (Ap.8, 9, 11:15-19), seja com as taças (Ap.15,16).

– Nesta revelação, o homem vestido de linho ainda indica que o poder do povo santo será totalmente destruído. Israel não terá condições humanas algumas para reagir ao cerco que será feito pelo Anticristo.

Somente o poder de Cristo Jesus será capaz de impedir que Israel seja “lançado ao mar”, “riscado do mapa”, como defendem os inimigos do povo judeu em nossos dias. Fica bem patente, portanto, que a vitória a ser alcançada pelo Senhor Jesus será totalmente sobrenatural, é, realmente, a “pedra cortada sem mão” (Dn.2:34,35), que atuará, pois, humanamente falando, seria impossível que o povo judeu não fosse eliminado da face da terra. “Porque  para Deus nada é impossível” (Lc.1:37).

– Daniel, porém, não entendeu as palavras que foram ditas pelo homem vestido de linho. Com efeito, este “complemento” viera depois que o homem vestido de linho determinara que as palavras fossem seladas.

Daniel as escreveu mas, como um homem íntegro que era, disse que não as havia entendido. As coisas de Deus discernem-se espiritualmente e não era, mesmo, o tempo para que fossem devidamente compreendidas.

 OBS: “…O grande profeta Daniel, chamado de “mui amado” no Céu, mostra aqui a sua humildade, dizendo que não entendeu. Em 8.27 ele diz que não havia quem entendesse a visão. Não devemos ficar desapontados por não entender tudo destas profecias, porque o próprio Daniel confessou suas dificuldades.

Em Mateus 24.15, quando Jesus fez referência a uma dessas profecias de Daniel, Ele disse: “Quem lê, entenda”. Para não inventar é preciso entender, mas se não entendermos, não devemos jamais inventar. Temos, pois, aqui, uma grande lição e uma advertência para todos os que lidam com profecias e que estudam a doutrina bíblica em geral.…” (GILBERTO, Antonio. op.cit., p.63).

– “…O anjo também ficou sem entender aquela visão tão sublime. O apóstolo João entendeu muito bem o sentido da voz dos sete trovões, porém, a exemplo de Paulo, foi-lhe vedado escrever ou revelar a mensagem (2 Co 12.4 e Ap 10.4). Porém a Daniel, nem isso lhe foi concedido. Existem, no eterno propósito de Deus, mistérios desconhecidos até mesmo pelos anjos.

Mas Daniel sabia que “ as coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus” , por isso, com toda a humildade, pediu a interpretação dessas coisas (Dt 29.29).…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.235). OBS: “…Em outras palavras, o que foi revelado terá seu cumprimento no tempo do fim.

A profecia não nos foi dada a fim de satisfazer nossa curiosidade, mas para nos trazer à fé e nos sustentar nessa fé. O objetivo da profecia não é alimentar nossa curiosidade escatológica, mas nos preparar para entender que Deus é soberano e está no controle da história.…” (LOPES, Hernandes Dias. op.cit., p.154).

– Demonstrando toda a intimidade que tinha com Deus, entretanto, o profeta ousou perguntar também ao homem vestido de linho, que é aqui chamado de “Senhor meu”, e mais uma evidência de que se tratava do Senhor Jesus. O profeta, no auge de seu conhecimento de Deus, pudera identificar naquele homem vestido de linho a divindade, já que sabedor de todas as coisas.

– O profeta, então, indaga a respeito de quando seria o fim daquelas coisas (Dn.12:8), tendo, então, o homem vestido de linho voltado a afirmar que as palavras estavam fechadas e seladas até o tempo do fim (Dn.12:9).

Temos aqui, nesta afirmação do Senhor Jesus, uma nítida declaração de que a revelação de Deus não se findava com Daniel, mas prosseguiria ainda, algo que os rabinos judeus tiveram dificuldade de entender ao estabelecer o cânon do Antigo Testamento, visto que viram com reservas os livros pós-exílicos, inclusive o de Daniel. No entanto, aqui fica bem claro que a revelação divina não havia se esgotado, ainda que a Daniel havia sido revelado parte do chamado “tempo do fim”.

– O homem vestido de linho tranquiliza, então, o profeta Daniel. Daniel, que estava registrando o que lhe fora revelado, ficara, certamente, apreensivo, visto que, se ele não entendera a visão, como poderiam entender aqueles que lessem o seu livro?

Vemos aqui que Daniel tinha a legítima preocupação de que o seu povo pudesse, nas gerações vindouras, manter viva a esperança messiânica. Mas como poderiam desfrutar deste renovar de esperança se não compreendessem o que estavam a ler, algo que nem mesmo o seu escritor estava a fazer? Recordamos aqui a expressão do eunuco ao responder à pergunta de Filipe se entendia o que lia: “…Como poderei entender se alguém me não ensinar?…” (At.8:31).

– Diante de tão legítima preocupação, o homem vestido de linho avisa a Daniel que muitos seriam purificados, e embranquecidos, e provados, mas os ímpios procederiam impiamente, e nenhum dos ímpios entenderia, mas os sábios entenderiam (Dn.12:10), ou seja, o profeta poderia ficar tranquilo porque, no tempo certo, quando dos acontecimentos preditos, aqueles que temessem a Deus iriam entender, ainda que o próprio profeta não estivesse entendendo no momento do registro da revelação.

– As Escrituras discernem-se espiritualmente e, portanto, somente os que temem a Deus podem compreender o que nelas está escrito. Os ímpios são incapazes de realmente compreender o conteúdo da Bíblia Sagrada, pois não é a erudição, o muito estudo que faz com que compreendamos este divino livro, mas, sim, a operação do Espírito Santo em nós.

Por isso, o Senhor Jesus foi bem claro ao dizer que os fariseus eram incapazes de entender “os sinais dos tempos” em virtude de sua hipocrisia (Mt.16:3). OBS: “…O escritor do livro de Eclesiastes descreve que ‘…o  coração do sábio discernirá o tempo e o modo’ (Ec 8.5).…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.235).

– Isto ocorreu, por exemplo, quando da destruição de Jerusalém pelo general Tito. Como bem observa o pastor Severino Pedro da Silva: “…Todos sabem, através de historiadores contemporâneos, que, na destruição de Jerusalém pelo general Tito, no ano 70 d.C., não pereceu nenhum crente.

Eles estavarn avisados de antemão pelo próprio Salvador, para fugirem da cidade em tempo. Antes do grande assalto, eles fugiram (Lc 21.20,21). Fugiram para a cidade de Pela na Pereia, logo no início do sítio. O exército invasor tomou conta da cidade num dia de sábado, enquanto os fiéis cristãos tinham deixado a cidade na quartafeira.

Eram ‘os sábios’ que não ignoravam os sinais dos tempos. Mas, segundo Flávio Josefo, os judeus incrédulos se deram por seguros e zombaram da advertência do Filho de Deus, e, assim, pereceram, morrendo sem misericórdia.…” (op.cit., p.236).

– De qualquer modo, o homem vestido de linho, ante a legítima preocupação do profeta Daniel, esclarece que aquele período final para a redenção de Israel, em que haverá terrível angústia, seria de “mil duzentos e noventa dias”, ou seja, o período que decorreria desde o momento em que o sacrifício contínuo fosse tirado e posta a abominação desoladora até que a ira se completasse e se desse “o fim das maravilhas” (Dn.12:11).

– Temos aqui, então, a exata compreensão do que seriam as “duas mil e trezentas tardes e manhãs”, que aquele ser celestial havia perguntado e recebido a resposta quando da visão do carneiro e do bode (Dn.8:14), que o profeta não havia entendido (Dn.8:15,27) e que, vemos claramente, ao contrário do que pensou William Miller, fundador do movimento adventista, não foi esclarecida por ocasião da revelação das setenta semanas.

– Como bem assinala o pastor Antonio Gilberto: “…”mil duzentos e noventa dias” (v. 11). E a Grande Tribulação acrescida de um mês (1.260 dias mais 30 dias). Os 1260 dias certamente serão os mesmos de Apocalipse 11.3 e 12.6. Talvez nesses 30 dias ocorra o Juízo das Nações.…”(op.cit., p.63).

– Este é o período em que o Anticristo procurará destruir a nação de Israel depois de ter exitosamente conquistado Jerusalém e profanado o templo. Por isso, o Senhor Jesus afirma que, quando houver a “abominação da desolação de que falou o profeta Daniel”, deve-se fugir para a região de Edom, Moabe e das primícias dos filhos de Amom, onde se terá a proteção divina que impedirá a aniquilação da nação de Israel (Mt.24:15-21).

– Em seguida, o homem vestido de linho diz que é bem-aventurado quem espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias (Dn.12:12).

“…1) Um período de 1.260 dias (três anos e meio) até a destruição e prisão da Besta (Dn 12.7,11; Ap 19.19,20).

 2) Um período de 1.290 dias (Dn 12.12), acrescentado de mais 45 dias. Está escrito em Mateus 24.22, que, ‘se aqueles dias (1.335) não fossem abreviados (para 1.260), nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos (os judeus), serão abreviados aqueles dias’.

O leitor deve observar bem a frase: ‘abreviados’. Com a interpretação que pode ser depreendida dos versículos acima, podemos chegar à seguinte conclusão: A Grande Tribulação terminará no final dos 1.260 dias (parte final dos sete anos)

– Ap 12.6,14. Durante os trinta (30) dias que seguem, se dará o julgamento das nações; no período dos 45 dias restantes, a terra passará por uma espécie de ‘purificação’. (O número 30 e 40 fazem parte da LEI da purificação.) E a bem-aventurança, descrita no cap 12.12 deste livro, terá seu cumprimento na introdução do reino milenar de Cristo.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.237).

OBS: “…Outros exegetas como Walvoord e Wood sugerem que a diferença de tempo entre 1.260, 1.290 e 1.335 dias se relaciona com os eventos que se seguirão à segunda vinda de Cristo. De acordo com esses expositores, os 1.260 dias se referem à duração da grande tribulação que culminará com a vinda em glória de Jesus Cristo.

Os trinta dias seguintes (1.260 a 1.290 dias) se relacionam com a duração dos juízos mencionados em Mateus 25.31-46. Os 45 dias que restam (1.290 a 1.335 dias) têm a ver com o tempo que transcorre entre o término desses juízos e o começo do reino messiânico…” (LOPES, Hernandes Dias. op.cit., p.155).

– Após ter tranquilizado o profeta, o homem vestido de linho encerra a sua revelação, dizendo a Daniel que deveria ele ir até o fim, porque ele repousaria e estaria na sua sorte no fim dos dias (Dn.12:13).

Embora a Daniel tivesse sido revelado todo o futuro do povo judeu, isto era insuficiente para que o profeta obtivesse, desde já, a certeza de que desfrutaria da redenção. Para que isto ocorresse, era necessário que Daniel prosseguisse em sua fidelidade, que estivera sempre presente nos mais de noventa anos de idade que já ostentava, à época desta revelação, o profeta.

– Como haveria de fazer no Seu sermão profético (numa prova de que Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente – Hb.13:8), aqui é dito ao profeta que ele deveria perseverar até o fim para ser salvo (Mt.24:13). De nada adianta termos uma vida totalmente dedicada ao Senhor e de íntima comunhão com ele se, no final de nossa vida, viermos a pecar e a viver em pecado.

Como ensina o profeta Ezequiel: “Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá” (Ez.18:24).

– Daniel tivera uma vida toda dedicada a Deus, é um exemplo de fidelidade, mas o homem vestido de linho manda que ele assim prosseguisse até o fim, pois só deste modo poderia desfrutar do gozo que está reservado aos que temem ao Senhor.

Que importantíssima advertência no instante em que termina o livro de Daniel para todos nós. Que legado final para todos os que servem ao Senhor.

Que sejamos fiéis até o fim, como foi Daniel, pois, assim como ele, teremos a glorificação que foi prometida pelo homem vestido de linho, ainda que tenhamos de padecer agruras e aflições nesta vida, cientes de que, ao contrário do povo judeu, estaremos, sim, livres da Grande Tribulação. Amém!  

– Feliz 2015!   

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco 

Site: http://www.portalebd.org.br/files/4T2014_L13_caramuru.pdf

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