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LIÇÃO Nº 2 – ADVERTÊNCIAS CONTRA O ADULTÉRIO

lição 02

A sabedoria divina leva o homem a ser um cônjuge fiel.

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INTRODUÇÃO

– Na continuidade do estudo de temas sobre o livro de Provérbios, veremos o que o proverbista fala a respeito do adultério, da fidelidade conjugal.

– A sabedoria divina leva o homem a ser um cônjuge fiel, a respeitar a instituição do casamento.

I – A FAMÍLIA E O CASAMENTO

– Dando continuidade ao estudo de temas no livro de Provérbios, estudaremos hoje o que o proverbista fala a respeito do adultério, da infidelidade conjugal.

– O pastor presbiteriano Daniel Santos Jr., especialista no livro de Provérbios, afirma que um dos temas mais recorrentes do livro é a questão da promiscuidade, da imoralidade sexual, que é duramente combatida pelo proverbista (como se vê no vídeo “O perfil do ‘Filho meu’ em Provérbios – Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=0sWiEVKsC58 Acesso em 27 ago. 2013).

– Vê-se, portanto, que, como o livro de Provérbios foi escrito como sendo um “guia da sabedoria” aos seres humanos, um ensino divino a respeito de como devemos conviver sobre a face da Terra de modo a agradar a Deus e a alcançar a eternidade, um dos pontos principais desta convivência é a moralidade, o respeito aos ditames estabelecidos por Deus com relação ao sexo e, por conseguinte, à família.

– Sim, quando falamos em comportamento sexual, em moralidade sexual, é inegável que estamos a falar de família, porquanto é a família o lugar onde se tem o regramento do sexo e, mais, a própria determinação para a sua realização e consequente perpetuação da espécie humana.

– Ao criar a família, o Senhor estabeleceu que nela se deveria efetuar um dos propósitos que Deus estabeleceu para o homem, que era a multiplicação da espécie (Gn.1:28), multiplicação esta que se faria a partir da reprodução entre um homem e uma mulher, já que quis o Criador que o homem fosse um ser sexuado, macho e fêmea (Gn.1:27).

– A propósito, o ser humano é o único ser moral que é também sexuado, pois os demais seres morais, Deus e os anjos, são seres assexuados (Mt.22:30). A moralidade sexual, portanto, é uma peculiaridade da humanidade, algo que a distingue dos demais seres, motivo pelo qual totalmente desarrazoado o comportamento em nossos dias de querer “provar” a “naturalidade” de certas condutas, como o “homossexualismo”, a partir do estudo de outras espécies animais, como alguns têm feito.

– A família, para poder cumprir este propósito de multiplicação, exige a união entre um homem e uma mulher, que foi exatamente o que Deus estabeleceu, ao determinar que toda família se iniciasse pelo casamento, este máximo compromisso entre homem e mulher, que estabelecem uma comunhão de vida (Gn.2:24).

– O casamento, portanto, é, precisamente, este gesto pelo qual um homem e uma mulher, deixando os seus pais, resolvem estabelecer uma comunhão de vida, a fim de cumprir o propósito estabelecido pelo Senhor ao ser humano. Estabelece-se, assim, uma aliança entre o homem e a mulher e entre ambos e Deus, a fim de que, por meio desta comunhão de vida, seja cumprido o que Deus exige de cada ser humano sobre a face da Terra. É, por isso, que Salomão denominará esta situação de “cordão de três dobras” (Ec.4:12) e que Malaquias indicará que, em todo casamento, Deus Se faz testemunha do concerto feito entre os cônjuges (Ml.2:14).

– O casamento, portanto, apresenta-se como uma comunhão que homem e mulher estabelecem entre si, na presença de Deus, para cumprirem o propósito estatuído pelo Senhor à humanidade, comunhão esta que estabelece uma aliança, onde um dos aspectos mais relevantes é a fidelidade.
– Esta comunhão que homem e mulher estabelecem não é apenas para a multiplicação, mas, em primeiro lugar, para a frutificação, que é o primeiro dos cinco propósitos estabelecidos à humanidade pelo Senhor (Gn.1:28).

– A frutificação mencionada no texto bíblico não se confunde com a multiplicação que se segue, senão teríamos uma inexplicável redundância no texto. Quando o Senhor fala que homem e mulher, devidamente abençoados pelo Senhor após se terem unido em casamento, devem “frutificar”, está a exigir deles a produção do que o apóstolo Paulo denominará de “fruto do Espírito” (Gl.5:22).

– O homem, criado para ser a coroa da criação terrena (Sl.8:5), deveria, nesta mesma Terra, produzir frutos de justiça (Fp.1:11), a fim de que o Senhor fosse glorificado pela sua mais perfeita criação sobre a face da Terra. Não é por outro motivo, aliás, que Jesus, ao vir restaurar a humanidade, disse que havia vindo e escolhido os Seus discípulos para que dessem fruto e fruto permanente (Jo.15:16).

– Para que possa produzir fruto, é indispensável que o ser humano esteja em comunhão com Deus (Jo.15:1,2), ou seja, que esteja separado do pecado, que é o que faz divisão entre Deus e os homens (Is.59:2).

– Destarte, para que se tenha a frutificação, faz-se mister que o casal esteja não só em comunhão entre si, mas também em comunhão com Deus. Esta dupla comunhão, necessária para que se tenha o cumprimento dos propósitos estabelecidos pelo Senhor à humanidade, exige, portanto, fidelidade do homem a Deus, a sua obediência aos preceitos estatuídos pelo Criador, fidelidade que também deve se refletir na vida conjugal.

– É por isso mesmo que as Escrituras Sagradas põem o casamento como uma figura, um símbolo, um sinal da própria comunhão que existe entre o homem e Deus. Assim, a aliança existente entre Deus e Israel é comparada ao casamento (Ez.23; Os.2:2,16), bem como a aliança entre Cristo e a Igreja (Ef.5:22-33).

– A mesma fidelidade que se exige no relacionamento entre Deus e o ser humano (Gn.2:16,17; 9:2-7; Ex.5:5-8; Dt.28; Mc.16:16) é igualmente necessária no relacionamento entre marido e mulher, vez que estão em comunhão de vida, devendo, assim, refletir no seu relacionamento a mesma unidade que se requer entre Deus e o homem (Jo.17:21).

– Por isso, o casamento foi instituído como uma união entre um homem e uma mulher, ou seja, uma união monogâmica (Gn.2:24; Mt.19:5; Ef.5:33) e que dure até a morte (Gn.2:24; Mt.19:6; Rm.7:1,2). I

I – A SABEDORIA LIVRA DA MULHER ESTRANHA

– É, portanto, dentro desta perspectiva instituída por Deus para a família e para o seu ato fundante, que é o casamento, que o proverbista falará a respeito da fidelidade conjugal.

– Conforme já se disse, o livro de Provérbios, em mais de uma passagem, mostra a preocupação de seu autor para com a manutenção da fidelidade conjugal e dos princípios divinos estatuídos por Deus para a vida familiar, porquanto é a família o lugar primeiro onde devemos demonstrar nossa comunhão com Deus e a base de toda a convivência social do ser humano sobre a face da Terra.

– Se o intuito do livro de Provérbios, como nos ensinava o saudoso pastor Severino Pedro da Silva, é nos ensinar a nos relacionar com os demais seres humanos sobre a face da Terra, de modo a agradarmos ao Senhor, uma tal convivência tem de começar em casa, na família, este primeiro grupo social a que pertencemos e que se constitui na “célula mater” da sociedade.

– É interessante notar que, como afirma o já mencionado pastor Daniel Santos Jr. (cujo blog pessoal é http://danielsantosjr.com/ ), o próprio livro de Provérbios se apresenta como um “manual de conselhos” que é dado aos filhos pelos pais, pais que, aliás, mostram que além deles mesmos, existe algo superior que lhes pode ensinar, que é a sabedoria, sabedoria esta que, como já dissemos na lição anterior, nada mais é que o próprio Cristo (I Co.1:30). OBS: “…No livro de Provérbios, Salomão aconselhou o sábio a ouvir e crescer em ciência.

-Salomão se refere à Sabedoria como tendo morada, como possuindo conhecimento, agindo com discrição, dando autoridade aos reis e governadores; como possuída por Jeová; estando presente no princípio com Jeová, antes da criação; a Sabedoria, como arquiteto, enchia-se de gozo dia após dia; convidava para banquete etc. Ora, considerando que o Verba estava no princípio com Deus e tudo foi feito por Ele, e sendo Ele o Unigênito de Deus, e vendo aqui a Sabedoria mencionada nas mesmas circunstâncias do Verbo, vemos necessariamente nela a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho de Deus, Pv cap.8.…” (NYSTRÖM, Samuel. Jesus Cristo, nossa glória. 2.ed., p.40).

– Assim, já na terceira série de conselhos dados ao “filho meu”, no capítulo 2 de Provérbios, já temos a menção à questão da pureza sexual, da necessidade de termos uma vida moral regrada segundo a sabedoria.

– Os dedicados pais avisam ao “seu filho” que buscasse a sabedoria do Senhor (Pv.3:6), sabedoria que o faria entender a justiça, o juízo, a equidade e todas as boas veredas (Pv.3:9), a fim de o livrar da mulher estranha e da estrangeira, da que lisonjeia com as suas palavras (Pv.2:16).

– A primeira observação que se faz, portanto, com relação à pureza sexual, é que um dos perigos existentes é a “mulher estranha”, a “mulher estrangeira”, ou seja, a pessoa que não pertence à mesma nação, à mesma linhagem, à mesma origem.

– Cumpre observar, por primeiro, que a utilização da palavra “mulher” não significa que se está apenas a considerar que o sexo feminino seja capaz de fomentar a impureza. Aqui, como se está a dirigir ao “filho meu”, utiliza-se a palavra “mulher” precisamente para se dar a entender que se trata de considerações a respeito da formação de família, que se dá necessariamente entre um homem e uma mulher, mais uma demonstração de que as chamadas “uniões de pessoa do mesmo sexo” são uma aberração, que está além de qualquer consideração por parte de quem queira servir ao Senhor, de que a natureza das coisas impõe a heterossexualidade na formação de famílias.

– A sabedoria livra-nos da “mulher estranha”, da “mulher estrangeira” (Pv.2:16). A sabedoria vinda da parte de Deus ensina-nos que somente devemos assumir compromisso de formação de família com quem for da mesma nação, com uma “mulher nacional”, ou seja, com quem pertença a esta “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes d’Aquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (I Pe.2:9).

– A sabedoria leva-nos, assim, a evitar o “jugo desigual”, a criação de um convívio de comunhão de vida com alguém que não seja salvo, que não esteja pertencendo ao corpo de Cristo, o que, naturalmente inclui aqueles que, embora se digam cristãos, não o são autenticamente.

– Somente podemos estabelecer uma aliança de comunhão de vida, um casamento com quem tenha sido igualmente escolhido pelo Senhor Jesus para frutificar permanentemente neste mundo, com quem tenha sido lavado no sangue de Cristo e, com isso, se tornado rei e sacerdote (Ap.1:5,6), que tenha se separado do pecado, que tenha sido comprado pelo Senhor e, assim, esteja servindo a Deus com espírito, alma e corpo (I Co.6:20; I Ts.5:23) e que esteja, neste mundo, dando bom testemunho e evangelizando.

– A “mulher estranha”, a “mulher estrangeira” não tem qualquer destes requisitos. Não pertence ao povo de Deus, não tem qualquer compromisso com o Senhor e, por isso, está voltada unicamente aos prazeres da carne, pois não anda segundo o espírito, mas, sim, segundo a carne, jamais podendo agradar ao Senhor (Rm.8:7,8).

– Tanto assim é que a “mulher estranha” tem como atividade principal “lisonjear com suas palavras” (Pv.2:16) aquele com quem pretende pecar. Sua tática é, precisamente, o de fazer prevalecer o “ego” do pretenso parceiro, envaidecê-lo, fazê-lo dar voz ao “eu” em detrimento da voz do Senhor, pois isto é propriamente a ação de quem anda segundo a carne.

– A ação da carne sobre nós busca, quase sempre, fazer com que deixemos de lado aquilo que nos é ensinado por parte do Senhor e dar vazão a nossos próprios sentimentos e argumentos, ou seja, trata-se de uma artimanha pela qual deixamos de atender ao que manda o espírito, que está em comunhão com o Espírito Santo, para deixar “descer da cruz” o “velho homem”, a natureza pecaminosa que, embora “crucificada com Cristo” (Gl.2:20; Cl.2:14), ainda não foi retirada de nosso interior, o que somente ocorrerá na glorificação (I Co.15:50-54).

– A “mulher estranha” é guiada pela carne, é inimiga de Deus e, portanto, da sabedoria, tanto que “deixou o guia da sua mocidade e se esqueceu do concerto do seu Deus” (Pv.2:17). Aqui temos uma explicitação daquilo que já dissemos supra, ou seja, de que a infidelidade conjugal é mera decorrência da infidelidade para com Deus.

– A “mulher estranha”, diz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje, “esquece os votos sagrados do casamento e é infiel ao marido”, ou, na Tradução Brasileira, “abandona o amigo da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus”. A King James Atualizada em português denomina esta mulher como aquela que “abandona aquele que desde a juventude foi seu companheiro dedicado, ignorando a aliança que pactuou diante de Deus”.

– Temos, portanto, que uma característica de quem não pertence ao povo de Deus é, precisamente, o de não respeitar o casamento, de não venerar o matrimônio, como exigido dos servos do Senhor (Hb.13:4), partindo, então, em direção ao adultério, que nada mais é que a infidelidade conjugal, a prática sexual de uma pessoa casada com quem não é seu cônjuge. OBS: “Isto é, a mulher do próximo. Esta primeira parte dos Provérbios, a mais recente em sua redação, sempre adverte contra o adultério (2,16- 19; 5,2-23; 6-24-7,27). O adultério aí é igualado (2,17) à ruptura da aliança com Deus (cf. também 5,15+); conduz ao Xeol (2,18;5,5-6; 7,26-27). Nesses textos, somente uma vez se faz alusão à prostituição (6m26), que os antigos provérbios igualam ao adultério (cf.23,27; 29,3; 31,3), com a advertência comum de que corrompe os reis e enfraquece os guerreiros.” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, nota a, p.1024).

– A prática do adultério é consequência de quem não tem mais qualquer compromisso com Deus. É a demonstração de uma vida descompromissada com o Senhor, pois somente quem quebra a sua aliança com Deus é capaz de, também, quebrar a sua aliança com o seu cônjuge.

– Assim, não é surpresa que o terceiro mandamento voltado para a nossa convivência com o próximo, o sexto mandamento, seja, precisamente, “não adulterarás” (Ex.20:14), porquanto revela que, depois de se ter estabelecido a necessidade de honra aos pais (Ex.20:12) e de respeito à vida do próximo (Ex.20:13), o próximo passo é o de respeitar a aliança firmada com aquele com quem assumimos o compromisso de ter comunhão de vida sobre a face da Terra. Todos estes três mandamentos decorrem de estarmos a ter um relacionamento fiel com o Senhor, que representa os quatro primeiros mandamentos do Decálogo (“não terás outros deuses diante de Mim”, “não farás imagem de escultura”, “não tomarás o nome do Senhor em vão”, “não trabalharás no sábado” – Ex:20:1-11).

– A “mulher estranha” é, portanto, uma adúltera, alguém que, desprezando completamente a aliança que fez com seu marido, corre atrás de uma aventura, de um novo parceiro sexual. Age, assim, da mesma forma que os sacerdotes que, nos dias do profeta Malaquias, também deixavam a “mulher da sua mocidade” em busca de novos relacionamentos (Ml.2:14).

– O adultério, diz o proverbista, tem como resultado a morte. A casa da “mulher estranha” inclina-se para a morte e as suas veredas para os mortos (Pv.2:18), pois ela se deixa guiar pela carne e a “inclinação da carne é morte” (Rm.8:6). Portanto, não nos iludamos: quem abre brecha em sua vida para o adultério, como, lamentavelmente, tem acontecido muito entre os que cristãos se dizem ser, está caminhando para a morte eterna. Tomemos cuidado!

– Diz o proverbista que todos os que se dirigem a estas veredas, não voltarão e não atinarão com as veredas da vida (Pv.2:18). Alguns procuram aqui uma base bíblica para dizer que o adultério é um pecado imperdoável, pois se estaria a dizer que quem adulterar não poderá voltar ao caminho da vida, ou seja, não alcançaria o perdão do Senhor.

– Por primeiro, embora o texto realmente indique esta impossibilidade de retorno ao caminho da vida, não se pode aqui fazer uma interpretação isolada, tirando o texto tanto do contexto em que foi escrito quanto do restante das Escrituras, sob pena de criarmos um “pretexto”.
– Temos de verificar que o texto é poético, ou seja, não pode ser admitido literalmente, tanto que se está a dizer que aquele que vai ao encontro desta “mulher estranha”, vai para “as veredas dos mortos”, ou seja, dos que habitam as “sombras”, dos que estão no “além”, o que, à evidência, não pode ser entendido literalmente.

– O que o texto está a dizer que quem aceita comunhão com a “mulher estranha”, quem se adapta ao seu “modus vivendi”, também perderá a aliança com Deus e, portanto, em se mantendo assim, não terá como obter a vida eterna. A perspectiva não é a de que o pecado não tem perdão, mas que a assunção de uma maneira de viver igual a da mulher estranha, sem arrependimento, conduzirá à perdição.
– Além do mais, não temos como considerar que o texto diga que o adultério é imperdoável, se temos exemplo bíblico de pessoa que adulterou e obteve o perdão de Deus, como foi o caso do rei Davi.

– De qualquer modo, o texto indica a seriedade da questão relativa ao adultério e que tal atitude põe em grave risco a salvação de nossas almas. Pensemos nisto, notadamente num mundo tão corrompido do ponto-de-vista moral como é o que estamos a viver.

III – AS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS DE SER ATRAÍDO PELA MULHER ESTRANHA

– Após ter mostrado que a sabedoria livra da mulher estranha, o proverbista, também em forma de conselho paternal, torna ao assunto na décima série de conselhos ao “filho meu”, o que cobre todo o capítulo 5 de Provérbios.

– Nesta nova abordagem do tema do adultério, o proverbista começa indicando que o adultério proporciona, sim, um grande prazer. O autor é enfático ao dizer que “os lábios da mulher estranha destilam favos de mel e o seu paladar é mais macio do que o azeite” (Pv.5:3).

– É inegável que o adultério está vinculado ao prazer, à obtenção de sensações que satisfaçam a concupiscência da carne, os instintos que se encontram sem controle por parte de alguém. Tem-se no adultério uma fórmula para saciar o “apetite desordenado”, para se satisfazer aquilo que não se consegue controlar.

– Nos dias em que vivemos, então, isto acaba sendo até um imperativo, um mandamento para aqueles que não servem a Deus. Vivemos uma época em que predomina o “hedonismo”, ou seja, a busca do prazer a qualquer custo, que, unido ao individualismo e ao egoísmo, leva os homens a quererem satisfazer suas necessidades, suas fantasias e seus caprichos independentemente de qualquer controle, limite ou regra.

– Em dias assim, é evidente que o adultério se apresenta como algo que é visto com normalidade e, pior ainda, algo até necessário, a fim de que se possa ter satisfação e prazer. Não é por outro motivo que já começa a encontrar cada vez maior número de adeptos o chamado “casamento aberto” em que os cônjuges se liberam a ter aventuras sexuais com terceiros, como forma de “impedir o tédio” e o “desgaste da relação”.

– Num primeiro instante, o adultério provoca, mesmo, esta sensação de prazer e de satisfação. O cônjuge adúltero sente-se alguém com capacidade ainda de sedução, de atração e de quem se sente valorizado em seu “ego”. No entanto, como diz o proverbista, “o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois fios, os seus pés descem à morte; os seus passos firmam-se no inferno” (Pv.5:5).

– O prazer proporcionado pela prática do adultério, voltado à satisfação do “ego”, dos instintos carnais incontrolados, não vale a pena. Em virtude da sua prática, a pessoa acaba perdendo, por primeiro, a comunhão com Deus, passando a caminhar para a morte eterna, já passando a sofrer a morte espiritual.

– Como se isto fosse pouco, o adúltero, também, acaba trazendo para si sórdidas e terríveis consequências, porquanto tal atitude trará a destruição do seu casamento e, por conseguinte, a desintegração familiar, sem falar que sua própria credibilidade diante da sociedade ficará sensivelmente abalada, quando não irremediavelmente comprometida e/ou perdida.

– Tanto assim é que a “mulher estranha” é mostrada como sendo uma pessoa “que não pondera a vereda da vida”, ou seja, uma pessoa inconsequente, que não tem qualquer preocupação com a vida espiritual, que vive única e exclusivamente para as coisas terrenas, para as coisas desta vida (Pv.5:6). Assim, quem passa a praticar o adultério com uma tal pessoa, está também rejeitando toda e qualquer consideração com respeito à vida eterna, o que é altamente preocupante para quem filho de Deus se diz ser.

– Mas, além disso, ou por causa disso, a “mulher estranha” é também apontada como sendo alguém que tem “carreiras variáveis, que não são conhecidas” (Pv.5:6), que a Bíblia de Jerusalém traduz como sendo “trilhos que se extraviam, sem que isto seja percebido”.

– A prática do adultério leva, como disse o texto já estudado no capítulo 2, a uma vida de “cegueira espiritual”, quando não se sabe para onde se está indo, quando não se tem a mínima consciência do que se está a fazer. O adúltero, em nome de um prazer fugaz, começa a “atirar no escuro”, a construir circunstâncias e condições dos quais não tem a mínima noção e que trarão consequências imprevistas e que causarão enorme mal.

– Não podemos nos esquecer, aliás, que o proverbista alude ao fato que o fim do adúltero é “agudo como a espada de dois fios”, ou seja, trará enormes feridas, enormes estragos para a pessoa. A “espada de dois fios”, que corta dos dois lados, faz-nos lembrar a Palavra de Deus, que é assim figurada pelo escritor aos hebreus (Hb.4:12), Palavra esta que julgará a todo ser humano no último dia (Jo.12:48), contexto de julgamento que também se encontra no contexto da carta aos hebreus (Hb.4:13).

– O adultério é julgado diretamente por Deus (Hb.13:4), e isto deve ser algo que nos faça vigiar constantemente para não entrarmos nesta verdadeira “arapuca” satânica, pois se trata de um assunto realmente sério, a ponto de deixar tomar para si o julgamento. Quem entra na senda do adultério não tem a mínima ideia das desastrosas consequências que está a criar para si próprio. Veja-se, aliás, o que ocorreu a Davi por causa de seu adultério com Bateseba.

– O próprio proverbista, ao aconselhar que se deve afastar da mulher estranha, nem sequer se aproximando da porta de sua casa, é claro ao afirmar que uma das consequências do adultério é a perda da honra e a entrega dos anos aos cruéis (Pv.5:9).
– Aquele que adultera perde a sua honra, a sua dignidade. Ao quebrar a aliança com o seu cônjuge, ele perde completamente a sua autoridade moral diante daqueles que o cercam, a começar do cônjuge traído e dos filhos. Sua credibilidade, inclusive, fica abalada na sociedade como um todo, mesmo a sociedade pecaminosa, porque não será mais visto como uma pessoa digna de confiança, pois foi incapaz de cumprir a aliança que assumira com quem estabelecera comunhão de vida.

– Aquele que adultera também entrega a sua vida a pessoas cruéis. O clima de desconfiança criado faz com que não se tenha mais sossego nem tranquilidade, todos terão receio do adúltero e o adúltero, de todos, gerando traumas e dificuldades de relacionamentos que comprometem todos os quadrantes da vida.

– Como se não bastasse isso, o adultério também faz ressaltar os “instintos primitivos” e, não raras vezes, os adultérios geram como “filhotes” homicídios, assassinatos e derramamento de sangue, como demonstram as tristes estatísticas brasileiras a respeito da violência doméstica. Tais fatos apenas corroboram o que dizem as Escrituras Sagradas e comprovam que ela é, verdadeiramente, a Palavra de Deus.

– O adultério, ainda, diz o proverbista, causa o empobrecimento daquele que adultera, pois suas riquezas, suas fazendas vão para estranhos, fazendo com que o fruto de seu trabalho seja desviado para benefícios de outros (Pv.5:10). Ora, quem não sabe que o adultério sempre traz penúria para a vida familiar, já que o cônjuge passa a desviar o fruto do suor do seu rosto para o sustento do romance ilícito? Quem não conhece a história de pessoas que se endividaram e gastaram todas as suas reservas para sustentar amantes? O próprio proverbista mostra que à prostituição segue o desperdício da fazenda (Pv.29:3). Aliás, foi assim que o filho pródigo gastou tudo quanto recebera de seu pai (Lc.16:13).

– Pesquisas têm comprovado, ainda, que, além de o adultério trazer penúria para a família e para o seu praticante, a desintegração familiar decorrente desta atitude também enseja, por si só, uma perda patrimonial. As estatísticas comprovam que todo o casal que se separa empobrece na separação, na cessação da vida em comum. OBS: “…Fora o custo emocional, o divórcio também empobrece o casal, ao menos num primeiro momento. Começa pelas despesas do processo em si – principalmente se a separação não for amigável –, passando pela partilha dos bens, o custo de se manter dois lares e as tentações da nova vida de solteiro.…” (WILTGEN, Júlia. Divórcio deixa casal mais pobre; saiba enfrentar a situação. Exame, 28 maio 2013. Disponível em: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/divorcio-deixa-casal-mais-pobre-saiba-enfrentar-a-situacao Acesso em 27 ago. 2013).

– Mas o proverbista prossegue, dizendo que, além de todo este mal, o adultério ainda proporcionará o “consumo da tua carne e do teu corpo” e com “gemidos ao final” (Pv.5:11). O adultério leva a um final doloroso, onde o corpo certamente padecerá, ou seja, o adultério leva a pessoa também a uma deterioração da saúde, tanto física quanto mental, levando-a a um sofrimento atroz até os derradeiros momentos de sua existência terrena.

– Pessoas que vivem uma vida sexual desregrada estão mais propícias, mesmo, a contrair enfermidades terríveis, como a “aids” e tantas outras doenças incuráveis e que causam grande sofrimento, sem falar na própria questão emocional e psíquica, diante de todo um mundo destruído à sua volta, não raras vezes com mágoas e ressentimentos de familiares que jamais se conseguem superar.

– Dentre estes males que acompanharão o adúltero até a morte, está o chamado “peso da consciência”, que é bem explicitado pelo proverbista em Pv.5:12-14, uma terrível sensação de remorso que causará enormes dores na alma e que não poderá ter qualquer reversão. Quantos males causa o adultério! Que possamos fugir deste laço demoníaco para que não sejamos acometidos deles!

– Por isso, o proverbista diz com toda proficência: “E por que, filho meu, andarias atraído pela estranha, e abraçarias o seio da estrangeira?” (Pv.5:20).

IV – A VIGILÂNCIA CONTRA O ASSÉDIO DA MULHER ESTRANHA

– O proverbista volta a tocar no assunto do adultério na décima quinta série de conselhos ao “filho meu”, agora no capítulo 7, a última série desta parte chamada introdutória do livro de Provérbios, que abrange os nove primeiros capítulos deste livro.

– Aqui o proverbista pede que o “seu filho” guardasse as suas palavras e chamasse a sabedoria de “sua irmã” (Pv.7:4), pois só assim ele seria guardado da “mulher alheia, da mulher estranha, que lisonjeia com as suas palavras” (Pv.7:5).

– Temos aqui, portanto, a mesma figura a que o proverbista já havia aludido no capítulo 2, mostrando, uma vez mais, que, para Deus, cada homem tem de ter a sua própria mulher, e cada mulher o seu próprio marido (Ef.5:33).

– A “mulher estranha” aqui é chamada de “mulher alheia”, ou seja, “mulher de outro”, a indicar que, no casamento, não podemos ter intimidade nem comunhão com pessoa alguma a não ser o nosso cônjuge.

– Isto é importante observar, porque muitos, nos dias de hoje, acham que a comunhão a que alude o texto bíblico é apenas o relacionamento íntimo, a conjunção carnal, o sexo genital, quando, na verdade, está-se a falar de uma comunhão de vida que abrange todos os aspectos da vida, até porque a sexualidade não se reduz à genitalidade.

– A “mulher alheia” é o cônjuge do outro, é alguém que está destinado para alguém que não é a pessoa que já se casou, que já tem a sua própria mulher, o seu próprio marido. Por isso, não se pode estabelecer “comunhão de vida” com pessoa que não seja nosso cônjuge. Não podemos ter “confidentes”, “companheiros de desabafo”, “guardadores de segredos” entre pessoas que não sejam nossos cônjuges. Somente ao nosso cônjuge devemos “abrir nossos corações”; somente ao nosso cônjuge, devemos ter plena e irrestrita intimidade.

– Nesta nova advertência contra o adultério, o proverbista se utilizará de um novo método didático. Ele trará uma ilustração, um caso que ele mesmo disse ter visto “da janela de sua casa”, para mostrar a necessidade de se evitar a conduta do adultério.

– Diz o proverbista que, estando na janela de sua casa, viu um “simples”, um “falto de juízo”, um jovem que passava pela rua junto à esquina da mulher estranha, jovem que seguia o caminho de sua casa, no crepúsculo, à tarde do dia, na escuridão e trevas da noite (Pv.7:7-9).

– Como o proverbista, da janela de sua casa, poderia saber que aquele jovem era “falto de juízo, simples”? (lembrando que “simples”, no livro de Provérbios, tem o sentido de “louco”, “sem juízo”, “sem sabedoria”, “tolo”). Era um seu conhecido? Não, não parece ser um conhecido do proverbista, que a ele se refere de modo vago e incerto. Como, então, poderia julgá-lo ser um “simples”?

– O proverbista verificou que aquele mancebo era “falto de juízo” por causa de seu comportamento. Por primeiro, o jovem passava na esquina da casa da mulher estranha, cujas más qualidades já eram de todo conhecidas ou, pelo menos, eram evidentes, já que o próprio proverbista mostra a sua conduta de mulher imoral, vez que portava “enfeites de prostituta” (Pv.7:10) e “seus pés não paravam em casa” (Pv.7:11).

– Tratava-se de alguém que não vivia com prudência, que não receou se aproximar de uma situação embaraçosa, que não fez caso de se aproximar do mal. O próprio proverbista já dissera, antes, que se deve evitar de se aproximar da porta da casa da mulher estranha (Pv.5:8).

– Muitos, na atualidade, se conduzem da mesma maneira. Não se afastam de situações embaraçosas e que podem levar ao adultério. Mesmo sabendo da licenciosidade de muitas pessoas, de sua má conduta moral, de seu desapreço pela pureza sexual, “brincam com fogo” e acham que jamais irão se queimar. Sejamos como José que, embora tenha enfrentado situação assaz embaraçosa, não a produziu (Pv.39:11) e, por isso mesmo, pôde se livrar dela, ainda que tenha sido levado ao cárcere injustamente.

– Nos dias em que vivemos, precisamos deixar todo o embaraço para que não venhamos a cair nas ciladas da “mulher ou do homem alheios”. Temos de ser cuidadosos e não darmos lugar ao diabo. Vivemos numa sociedade cada vez mais libertina, onde os costumes procuram enxergar “radicalismos” e “fanatismos” em certos cuidados e condutas, mas que o proverbista nos mostra serem atitudes de prudência, que não só nos impedirá de chegar à “esquina da casa da mulher alheia”, como também a nos fazer fugir “da aparência do mal” (I Ts.5:22).

– Mas, além de estar o jovem “falto de juízo” na esquina da casa da mulher alheia, também ali se encaminhou “no crepúsculo, à tarde do dia, na escuridão e trevas da noite” (Pv.7:9), ou seja, num instante em que a iluminação já desaparecia, quando havia pouca luz, quando se estava a predominar as trevas.
– Precisamos, amados irmãos, para nos prevenirmos do adultério, estar sempre como “filhos da luz e filhos do dia” (I Ts.5:5), e, para tanto, como diz o apóstolo Paulo, precisamos vigiar e ser sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação (I Ts.5:8).

– Somente mantendo uma vida espiritual equilibrada, fervorosa, alimentando-nos com a Palavra de Deus, tendo uma vida de oração e de busca do poder de Deus, poderemos nos comportar como “filhos da luz e filhos do dia”, não deixando que “o crepúsculo, a tarde do dia, a escuridão e as trevas da noite” venham a perturbar a nossa visão espiritual e, por causa disso, sejamos enganados pelas astutas ciladas do inimigo.

– Como escapar do adultério, da impureza sexual, se nossas mentes estiverem dominadas pela pornografia e não pela esperança da salvação? Como escapar do adultério, se nossos olhos estiverem a cobiçar os corpos da mulher alheia, em vez de se concentrarem em outras coisas? Como disse o Senhor Jesus: “A candeia do corpo são os olhos, de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mt.6:22,23).

– O mancebo “falto de juízo”, que estava na hora errada, no lugar errado e em condições erradas, não resistiu ao ataque da “mulher alheia”, que dele se aproximou e o beijou, fazendo-lhe a oferta de com ela ir para a sua casa (Pv.7:13-15). Como afirma o pastor e missionário sueco Nils Kastberg (1896-1978): “Lembra- te, amigo, de que o Maligno trabalha, segundo um plano bem preparado, e avançando na hora da tua fraqueza” (Lição 3 – A queda e o arrependimento de Pedro. 20 jan. 1935. Coleção Lições Bíblicas, v.1, p.174).

– Nas lisonjas da “mulher alheia”, vemos quais as armas utilizadas pelo inimigo para atrair as pessoas “faltas de juízo”, já sensivelmente enfraquecidas por terem se envolvido com o embaraço e não se portarem como “filhos da luz e filhos do dia”.

– A primeira delas é a “aproximação”. Como o “falto de juízo” já está “na esquina da casa”, torna-se fácil à “mulher alheia” dele se aproximar. Assim como quando nos aproximamos de Deus, Ele Se aproxima de nós (Tg.4:8), de igual modo quando nos aproximamos do pecado, ele também se aproxima de nós.

– A segunda arma é o “beijo”. A “mulher alheia” se aproximou do mancebo e o beijou. O beijo era cumprimento comum e corriqueiro na cultura hebraica, mas ele foi dado com más intenções, com aspecto sedutor. De igual maneira, a aproximação da “mulher alheia” sempre se dá dentro de “parâmetros culturais aceitáveis e toleráveis”, que não indicam, aparentemente, “nada de mal”, mas cujas intenções são malévolas.
– Muitos têm enveredado pela prática do adultério a partir deste “comportamento normal”, “que não tem nada de mal”, máxime em nossos dias em que a libertinagem e a corrupção normal têm tornado “normais” condutas absolutamente inadmissíveis para quem segue uma vida de santidade. Tomemos cuidado!

– A terceira arma é a impudência, ou seja, a “falta de pudor”. O texto diz que a mulher “esforçou o seu rosto”. Na Bíblia de Jerusalém consta que ela “o agarrou”, enquanto que, na Tradução Brasileira, está escrito que ela possuía uma “cara sem vergonha”, e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje traduz a expressão como “olhar atrevido”, ao passo que a King James Atualizada prefere dizer que o “beijo foi sem pudor”.

– De qualquer sorte, após uma primeira demonstração de comportamento moralmente aceitável, logo se revela a má intenção, a malícia, a falta de pudor, a busca de uma intimidade que somente se pode ter com o cônjuge, o único ambiente onde se tem ausência de pudor (Gn.2:25).

– A aproximação recíproca e a aceitação de uma conduta aparentemente tolerável leva ao início de uma intimidade que não se pode ter, em absoluto, a não ser com o cônjuge. Permitir-se uma situação desta com quem não é seu cônjuge já configura adultério (cfr. Mt.5:28,29). Tomemos cuidado!

– A quarta arma é a aparência de seriedade. A “mulher estranha” mostrou ter cumprido seus votos e efetuado sacrifícios pacíficos, dando, pois, aparência de se tratar de uma pessoa cumpridora de seus deveres, responsável e que sabe bem medir seus atos, embora, conforme já tenhamos dito ao analisar outra passagem deste livro de Provérbios, seja, na verdade, uma pessoa descompromissada com Deus e que não tem a mínima consciência de onde está a andar (Pv.2:17; 5:6).

– Muitos se iludem com a “seriedade” do que convida ao adultério, com a sua “responsabilidade” e “segurança”. Muitos acreditam piamente que o sentimento apresentado pelo adúltero é sincero, sublime e, mais ainda, que tudo será feito sem qualquer perspectiva de descoberta. Ledo engano. Mais cedo ou mais tarde, perceberão que foram usados como mero instrumento de satisfação do outro, que agiram irresponsavelmente e que tudo foi descoberto, trazendo a desonra, a destruição da família e as demais consequências a que já aludimos.

– Quanto ao aspecto “segurança”, a “mulher estranha” é mestra em ofertar-lhe. Ao mancebo falto de juízo, não cessou de dar garantias de que nada aconteceria ao jovem, pois o marido não estava em casa, havia viajado para longe, tinha dia marcado para voltar, dia ainda distante daquela noite (Pv.7:19,20).

– A quinta arma é a oferta do prazer. Já dissemos que o prazer, realmente, comparece como o primeiro elemento de um adultério, a satisfação da concupiscência, o “saciar de amores, a alegria com os amores” de que fala a “mulher estranha” (Pv.7:18), tudo isto dentro de um ambiente sedutor e convidativo (Pv.7:16,17). Todavia, como já se disse, este momento prazeroso traz um sem número de dissabores e tragédias.

– Diante de tanta astúcia, o jovem não resiste, é seduzido pela “mulher estranha” e se comporta como “um boi que vai ao matadouro, como o louco ao castigo das prisões” (Pv.7:22) e, completamente enganado pelo pecado, assim prossegue neste caminho de morte, “até que a flecha lhe atravesse o fígado, como a ave, que se apressa para o laço, e não sabe que ele está ali contra a sua vida” (Pv.7:23). O jovem, assim, é mais um morto pelo inimigo de nossas almas (Pv.7:26).

– O resultado de tudo isto é a morte, diz o proverbista, pois a casa da “mulher estranha”, o lugar da prática do pecado, é “caminhos de sepultura”, “os quais descem às câmaras da morte” (Pv.7:27). Não é à toa que o proverbista chama a “mulher estranha” de “poço estreito” (Pv.23:27).

– Por isso, atentemos para o sábio conselho do proverbista para que não desviemos nosso coração para o caminho do pecado, para o caminho da “mulher estranha” e não venhamos a nos perder nas suas veredas (Pv.7:25), perdendo inclusive a nossa dignidade real como filhos de Deus (cfr. Pv.31:3).

– Que estas palavras do proverbistas calem profundamente em nossos corações e que, assim fazendo, saibamos fugir deste terrível pecado que tantos têm conseguido derrubar em nossos dias. Amém!

 Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Site: http://www.portalebd.org.br/files/4T2013_L2_caramuru.pdf

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