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LIÇÃO Nº 3 – A SANTÍSSIMA TRINDADE: UM SÓ DEUS EM TRÊS PESSOAS

CREMOS

(…)

  1. Em só Deus, eternamente subsistente em três pessoas distintas que, embora distintas, são iguais em poder, glória e majestade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; Criador do Universo, de todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, e, de maneira especial, os seres humanos, por um ato sobrenatural e imediato, e não por um processo evolutivo (Dt.6.4; Mt.28:19; Mc.12:29; Gn.1:1; 2:7; Hb.11:3 e Ap.4:11). (Cremos da Declaração de Fé da CGADB) (destaque nosso).

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INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo do nossa Declaração de Fé, analisaremos a doutrina da Trindade, uma das mais difíceis doutrinas bíblicas, pois mostra, na sua exposição, a grande limitação da razão humana para compreendermos a essência e a estrutura de Deus, cujos pensamentos são muito mais elevados do que os nossos (Is.55:8,9).

Assim, como nas outras doutrinas das Escrituras, necessitamos exercitar nossa fé e não a nossa razão, aceitando a verdade bíblica, sem querer entendê-la plenamente.

– A doutrina da Trindade somente pôde ser exposta claramente aos homens após a vinda de Cristo, o Deus Filho, a este mundo e o envio do Espírito Santo para ficar com a Igreja até a volta de Jesus.

Por isso, antes destes eventos, não havia tanta clareza quanto a triunidade do nosso Deus. Não espanta, pois, que os judeus não a compreendam, assim como todos quantos não têm o Espírito de Deus.

I – O SIGNIFICADO DA TRINDADE OU TRIUNIDADE DE DEUS

– A palavra “trindade” não se encontra na Bíblia Sagrada, como, aliás, muitos outros termos criados pelos estudiosos das Escrituras para descrever os ensinos bíblicos.

A ausência desta palavra na Bíblia, porém, não significa, em absoluto, como defendem algumas seitas e heresias, que a “doutrina da trindade” seja uma criação humana, algo que não corresponde à verdade bíblica.

A realidade da Trindade encontra-se presente na Bíblia desde o seu primeiro versículo, Gn.1:1, onde vemos, no texto original, a presença de “Elohim”, palavra hebraica que significa “Deus” e que se encontra no plural, embora o verbo “criou” esteja no singular.

Assim, logo no limiar da revelação divina ao homem, encontramos um Deus que é, ao mesmo tempo, plural e singular, um único Deus, mas mais de uma Pessoa.

– A palavra “trindade” foi cunhada pelos primeiros estudiosos da Bíblia depois dos apóstolos, os chamados “pais da Igreja”, com especial destaque para Tertuliano, que viveu entre os anos de 155 e 222, um dos principais defensores da fé cristã em meio às perseguições tanto do Império Romano quanto dos intelectuais pagãos do seu tempo.

Tertuliano, como, aliás, todos os chamados “pais da Igreja”, viram-se forçados a ter de enfrentar a questão da essência e da natureza de Deus, uma vez que os cristãos, assim como os judeus, proclamavam que havia um único Deus, mas também diziam que Jesus era Deus, assim como o Espírito Santo.

Deste modo, tinham, a um só tempo, de enfrentar tanto as indagações dos judeus, que acusavam os cristãos de politeístas, ou seja, de crerem, ao exemplo dos gentios, em mais de um Deus, como também de mostrar aos gentios de que havia um único Deus, apesar de crerem no Pai, no Filho e no Espírito Santo.

– Foi esta necessidade de defender os ensinos das Escrituras diante das objeções levantadas por judeus e gentios que fez com que os estudiosos e defensores da fé cristã se debruçassem sobre a Bíblia Sagrada e verificassem o que ela ensinava a respeito de Deus e das Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Este estudo levou à formulação da “doutrina da Trindade”, que nada mais é do que uma sistematização, uma organização do que as Escrituras ensinam a respeito. Por isso, não é verdade que a “doutrina da Trindade” tenha sido criada pelos “pais da Igreja”, nem que tenha sido uma “inovação” seja de Tertuliano, seja dos demais “pais da Igreja”, mas é o resultado de um estudo profundo da Bíblia para que se pudesse responder às críticas e às objeções tanto de judeus quanto de gentios.

Vê-se, aliás, neste episódio, a importância de se fazer um estudo sistemático da Palavra de Deus, pois isto se faz necessário para que possamos saber responder, com mansidão e temor, a razão da esperança que há em nós (I Pe.3:15).

– Assim, se é verdade que a sistematização, a organização racional dos ensinos bíblicos a respeito da essência e da natureza de Deus se deu a partir do século II, principalmente por intermédio de Tertuliano e que tais estudos acabaram sendo oficialmente reconhecidos no século IV, no famoso Concílio de Niceia, onde, inclusive, foi aprovado o conhecido “Credo”, feito por Atanásio, não podemos nos esquecer que tudo o que foi sistematizado e organizado não foi, em absoluto, uma criação humana, uma construção teórica originária da mente do homem, mas, sim, o que foi revelado na Bíblia Sagrada, o que já se encontrava na Palavra de Deus.

Por isso, a doutrina da trindade não é fruto da mente humana, mas expressão do que já havia sido revelado por Deus aos homens por meio da inspiração do Espírito Santo.

Tudo o que se ensina a respeito da Trindade, portanto, é o que Deus revelou em Sua Palavra, é doutrina bíblica e não teoria do homem. Jamais nos esqueçamos disto!

– Tertuliano, em seus escritos, fez questão de frisar que Deus é único, ou seja, há apenas um Deus, como, aliás, é claríssimo o texto bíblico, em especial em Dt.6:4.

O caráter distintivo do povo de Israel em relação a todos os demais povos da Terra estava, precisamente, no fato de que, ao contrário das outras nações, os hebreus criam na existência de um único Deus, que criou os céus e a terra.

O “monoteísmo”, isto é, a crença em um único Deus, é a característica principal do judaísmo e, por não ser uma invenção de Israel, mas o fruto da revelação divina a Seu povo, é, também, a crença de cada um dos servos do Senhor que, na atual dispensação, formam o “Israel de Deus” (Gl.6:16), ou seja, a Igreja.

– Deste modo, falarmos na “doutrina da Trindade”, não é, em absoluto, negar que só exista um Deus. Todo cristão sabe que só há um Deus, um único Deus (Jo.17:3; Rm.16:27; I Tm.1:17; Jd.25), não só porque o Antigo Testamento já o dizia, mas, também, porque este foi o ensino de Jesus e dos apóstolos a respeito, como se viu pelas referências há pouco indicadas.

Não tem qualquer respaldo bíblico, portanto, o chamado “triteísmo”, que é a crença de que há “três deuses”, a saber, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Não são três deuses que concordam entre si e que estão sempre de acordo, mas se trata de apenas um Deus, de um único Deus.

Sabemos que isto é complicado, pois equivale a dizer que 1=3, o que, para a mente humana, é um absurdo inconcebível.

Todavia, como já dissemos no início deste estudo, se usarmos da razão como critério para entendermos esta doutrina, que diz respeito à própria essência e natureza de Deus, não chegaremos a lugar algum, pois nossa razão é deveras limitada para podermos compreender, na sua totalidade, quem é Deus e qual é a Sua estrutura.

OBS: Aliás, por falarmos em matemática, lembremo-nos de que, desde a década de 1930, os lógicos demonstraram que a matemática nem sequer consegue provar que sua base mais elementar, a aritmética, é imune a contradições.

Se a matemática não consegue provar que não tem contradições, como poderemos usar a matemática como critério para entendermos Deus?

– A palavra “trindade” (em latim, língua na qual escreveu Tertuliano, “trinitas”), bem como a palavra “triunidade”, que também foi utilizada posteriormente para descrever este fenômeno, portanto, “…fala-se da essência de Deus, como algo que está sujeito à distinção em três pessoas, mas sem qualquer divisão que permita a distinção em três pessoas diversas.

Não há ‘três deuses’ e nem meramente três modos de manifestação divina. Antes, todas as pessoas são co-extensivas, co-iguais e co-eternas.…” (CHAMPLIN, R.N. Trindade. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.6, p.497).

– Quando falamos que há três Pessoas divinas, não estamos dizendo que existam três deuses, que vivem sempre em harmonia, mas que há um único Deus. Este único Deus, porém, não é apenas uma Pessoa, ou seja, não se trata de um Ser dotado de apenas um núcleo de vontade, de sensibilidade e de entendimento.

Quando abrimos a Bíblia Sagrada, percebemos que este Deus, embora seja único, possui três núcleos de vontade, de sensibilidade e de intelecto. Por isso, não se trata de apenas uma Pessoa, mas, sim, de três Pessoas, que embora sejam o único Deus, distinguem-se uma da outra.

Tanto assim é que, nas três lições anteriores, estudamos cada uma destas Pessoas, sem que confundíssemos uma com a outra.

– A Bíblia mostra-nos, com clareza, que o único Deus é, ao mesmo tempo, três Pessoas, denominadas de Pai, Filho e Espírito Santo. Não se trata do mesmo Ser que, uma vez se apresenta como Pai, outra vez como Filho e outra, como Espírito Santo. Não, não e não!

Se Deus fosse uma única Pessoa que Se apresentasse ora como Pai, ora como Filho e ora como Espírito Santo, como defendem os chamados “modalistas” (muito atuantes na atualidade em segmentos ditos “evangélicos”, como, por exemplo, o grupo formado em torno do conjunto “Voz da Verdade”), não se teria como entender passagens bíblicas como, por exemplo, o batismo de Jesus no rio Jordão ou, mesmo, a promessa de Jesus da vinda do Espírito Santo, já que, em tais textos bíblicos, há a simultaneidade de ações do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o que destrói, por completo, a idéia do “modalismo”.

– A doutrina da trindade ou triunidade de Deus, portanto, fala-nos que Deus é único, que só há um Deus, mas que, ao mesmo tempo, este único Deus são três Pessoas, cada qual dotada de sensibilidade, de vontade e de intelecto, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Para tentar expressar em palavras esta verdade bíblica que, nitidamente, foge ao alcance de nossa mente, Tertuliano se valeu de conceitos da filosofia de seu tempo e afirmou que “havia uma substância, três pessoas”, ou seja, apenas um ser (é isto que significa a expressão “substância” na filosofia do tempo de Tertuliano), mas três núcleos de vontade, sentimento e entendimento.

Esta expressão de Tertuliano, que somente iria despertar a atenção da igreja cristã em meio às discussões relacionadas com a doutrina de Ário que negava a divindade de Jesus, logo após o término da perseguição romana (recomendamos leitura a respeito da lição 3 deste trimestre), acabou sendo acolhida e sintetizada na célebre declaração de fé atribuída a Atanásio, que seria uma explicação da declaração aprovada no Concílio de Nicéia e que passou a fazer parte dos “credos”, a saber:

 “…adoramos um Deus em trindade, e a trindade em unidade: nem confundindo as pessoas e nem dividindo a substância. Pois há uma pessoa do Pai, outra do Filho e outra do Espírito Santo.

Mas a deidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é apenas uma; a glória é igual, a majestade é coeterna. Tal como é o Pai, assim é o Filho, e assim o Espírito Santo; a saber, não criado, incompreensível, eterno.

O Pai não foi feito de ninguém, nem criado e nem gerado. O Filho é apenas do Pai; nem feito e nem criado, mas gerado. O Espírito Santo é do Pai e do Filho: nem feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.…” (apud CHAMPLIN, R.N. Credo atanasiano. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.1, p.949).

II – A DOUTRINA DA TRINDADE NO PENTATEUCO, NOS LIVROS HISTÓRICOS E POÉTICOS

– Mais importante do que a síntese atribuída a Atanásio, que organiza o significado da Trindade Divina, devemos verificar com base em que se chegou a esta afirmação, pois, como já se disse, a doutrina da Trindade não nasceu da mente dos “pais da Igreja”, mas é algo que eles extraíram da própria Bíblia Sagrada, da Palavra de Deus, pois, caso contrário, seria tão somente uma “teoria”, mas jamais uma “doutrina”, como de fato o é.

OBS: “…A doutrina da trindade não é um resultado de mera especulação, não uma teoria ou hipótese inventada por teólogos como produto de suas fantasias, e ainda menos, como alguns escritores eminentes sustentariam, o resultado da importação da metafísica grega para a teologia cristã.

Primeiramente, ela é o resultado de um simples processo de indução dos fatos da revelação cristã…A concepção triúna de Deus é justificada, quando é mostrada como a concepção que forma a base da revelação triúna que Deus deu de Si próprio, e a atividade triúna na obra da redenção…” (ORR, James. The Christian View of God and the World, p.303-4 apud CHAFER, Lewis S. Teologia sistemática. Trad. de Heber Carlos de Campos, t.1, p.305).

– Precisamos, portanto, buscar, nas Escrituras, a base para esta doutrina, pois só elas são a verdade (Jo.17:17). E, quando abrimos as páginas sagradas, verificamos, sem qualquer sombra de dúvida, de que o que foi sintetizado pelos “pais da Igreja” é expressão daquilo que foi revelado por Deus ao homem na Sua Palavra.

– Logo no relato da criação, vemos apresentada a Trindade Divina. Como já se disse, em Gn.1:1, o termo “Deus” está no plural, enquanto o verbo “criou” se encontra no singular, a mostrar que, já na Sua apresentação ao homem, Deus mostra-Se como um Ser que é, ao mesmo templo, singular e plural.

Não bastasse isso, vemos, no relato da Criação, que ela se faz por Deus, mediante a Palavra (até a criação do homem, todas as demais criaturas foram criadas pelo “dizer de Deus”, ou seja, por Sua Palavra), que sabemos nós que é o Verbo, ou seja, o Filho (Jo.1:1; Cl.1:16,17; Hb.1:2,3) e pela sustentação do Espírito de Deus (Gn.1:2).

– No tocante à criação do homem, então, vemos, uma vez mais, a demonstração da Trindade Divina, mediante o emprego do plural no desígnio criador do homem. Em Gn.1:26, há o emprego do plural quando quem diz é Deus. “E disse Deus:

Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança”. Quem diz é o único Deus, mas há o emprego do plural para este único Deus, bem como a demonstração de que o titular da imagem e da essência divinas é um “nós” (“nossa” imagem, “nossa” semelhança), a indicar assim que uma pluralidade, que é, ao mesmo tempo, unidade, criou o homem, como, aliás, se diz textualmente no versículo seguinte (Gn.1:27).

– Esta mesma pluralidade do único Deus é demonstrada depois da queda do homem, vez que o Senhor,ao determinar que o homem não estendesse sua mão à árvore da vida, constata que ele, após pecar e ter experimentado o pecado, corria o risco de morrer eternamente, sem chance de salvação, já que era como um deles (“Eis que o homem é como um de nós” – Gn.3:22).

Deus, novamente, mostra que a imagem e semelhança do homem se dava a uma pluralidade, “como um de nós”, embora quem o estivesse a dizer era o único Deus.

– Outra demonstração desta unidade plural ou desta pluralidade una que é o nosso Deus se encontra no instante do juízo de Babel, momento em que os gentios são rejeitados pelo Senhor por causa de sua rebeldia e de seu desafio contra a divindade.

A Bíblia diz que o Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam (Gn.11:5) e, ao descer, decide confundir a sua língua e dispersá-los por toda a terra.

Quando Deus assim delibera, como Se expressa. Vemos em Gn.11:7: “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro”. Quem desceu para ver a cidade? Deus, o único Deus.

Entretanto, este único Deus Se expressa como uma pluralidade: “desçamos e confundamos ali a sua língua”. Mais uma vez, mostra-nos a Bíblia de que o único Deus é um Ser plural.

– Quando Israel (Jacó) abençoa José bem como seus netos Efraim e Manassés, pouco antes de sua morte, com sua larga experiência com Deus, também faz vislumbrar a triunidade divina.

O velho patriarca, ao abençoá-los, sintetiza sua experiência e convivência com Deus, da seguinte maneira: “O Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia, o anjo que me livrou de todo o mal, abençoe estes rapazes, e seja chamado neles, o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque, e se multipliquem, como peixes em multidão, no meio da terra.” (Gn.48:15,16). O único Deus, com quem Israel agora tinha intimidade, era uma pluralidade. Senão vejamos:

a) o Deus em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque – há uma referência ao Pai, Aquele que chamou aos patriarcas, para formar um novo povo, que seria Sua propriedade peculiar.

b) o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia – há uma referência ao Filho, Aquele que é “Deus conosco”, Aquele que sustenta todas as coisas pelo Seu poder (Cl.1:17; Hb.1:3).

c) o anjo que me livrou de todo o mal – há uma referência ao Espírito Santo (anjo aqui é mensageiro e não se trata de um ser angelical, pois o patriarca não iria pedir a bênção de um anjo, pois se dirigia apenas a Deus), Aquele que nos orienta e nos guia, impedindo-nos de sermos tragados pelo mal (Jo.14:26; 16:13).

– A triunidade divina também se manifesta quando observamos a chamada “bênção arônica”, como é conhecida a bênção que o Senhor determinou que os sacerdotes ministrassem ao povo de Israel. A bênção de Deus sobre o povo é dotada de três partes, a saber:

a) O Senhor te abençoe e te guarde – Aqui notamos nitidamente a pessoa do Pai, Aquele que havia chamado Abrão para fazer dEle uma bênção (Gn.12:1-3) e que prometera guardar não só a ele, mas também os seus sucessores, Isaque e Jacó, daí porque Se apresentar a Moisés, no monte, como o “Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó” (Ex.3:6).

b) O Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti – Aqui temos a pessoa do Filho, o resplendor da glória do Pai e a expressa imagem da pessoa do Pai (Hb.1:3), o Deus conosco (Emanuel – Is.7:14; Mt.1:23), Aquele que permitiu que Seus contemporâneos vissem a glória do Pai (Jo.1:14), Aquele cuja misericórdia foi tão extrema a ponto de morrer por nós e impedir que fôssemos consumidos (Lm.3:22; Mc.5:19).

c) O Senhor sobre ti levante o Teu rosto e te dê a paz – Aqui temos a pessoa do Espírito Santo, Aquele que está sempre no salvo para consolá-lo (Jo.14:16,17), Aquele que é o Espírito de paz (Rm.14:17; Ef.4:3).

– É interessante que, mediante a bênção tríplice, o Senhor diz que seria colocado o Seu nome sobre os israelitas (Nm.6:27), a demonstrar, pois, claramente, que o único Deus é plural e esta pluralidade é de três. “…A seguinte citação do livro Person of Christ, de J. Pye Smith apresenta bem esse aspecto da verdade:’

A primeira parte da fórmula expressa o benevolente ‘amor de Deus’, o Pai de misericórdias e a fonte de todo bem; a segunda concorda bem com a redentora e reconciliadora ‘graça do nosso Senhor Jesus Cristo’; e a última é apropriada à pureza, consolação e alegria que são recebidas da ‘comunhão do Espírito’(apud Watson, Institutes, I, 470).

Aqui há uma correspondência notável com as bênçãos registradas nas epístolas do Novo Testamento, que tão claramente denominam as pessoas da Trindade e lhes atribuem os seus respectivos ministérios (cf. 2 Co. 13:4)…” (CHAFER, Lewis S. Teologia sistemática. Trad. de Heber Carlos de Campos, t.1, p.316).

– Davi, rei e profeta, nas suas últimas palavras, inspirado pelo Espírito Santo, do qual estava cheio, também nos deixou descrita a realidade da Trindade Divina.

O cântico derradeiro dos muitos de sua autoria, que lemos em II Sm.23:1-5, a revela: “O Espírito do Senhor falou por mim, e a Sua palavra esteve em minha boca. Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus”. (II Sm.23:2,3).

Temos aqui, além de mais uma profecia messiânica, a descrição da operação deste Deus triúno sobre Davi. O Espírito falava por ele, o Deus de Israel (o Pai) e a Rocha de Israel (o Filho) falavam ao rei e profeta e falavam do justo que surgiria da sua dinastia, ou seja, do próprio Filho, até porque é este mesmo o assunto do Espírito (Jo.16:14).

A propósito, não foi apenas às vésperas de sua morte que Davi teve a revelação da Triunidade Divina.

Ela está presente, de modo bem delineado, em um de seus salmos, o Salmo 110, quando se observa a pluralidade divina no diálogo entre o Senhor e o Senhor (“Disse o Senhor ao meu Senhor”), revelando, assim, mais de uma Pessoa divina, uma das quais é o sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque (Sl.110:4), que o escritor da carta aos hebreus mostrará que se trata do próprio Jesus, exaltado pelo Pai e glorificado pelo Espírito (Hb .7:28-8:2).

III – A DOUTRINA DA TRINDADE NOS LIVROS PROFÉTICOS

– Outra amostra da triunidade divina no Antigo Testamento é encontrada na manifestação da glória divina na visão que teve o profeta Isaías, descrito no capítulo 6 de seu livro. Ali, o profeta diz que viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono e o Seu séqüito enchia o templo (Is.6:1).

Vemos, pois, de pronto, que o profeta Isaías, ao relatar sua visão, não tem dúvida de dizer que se trata de uma revelação do único Deus, do Deus de Israel. Nesta visão, o profeta viu seres angelicais, os serafins, que glorificavam incessantemente a Divindade, mas ao fazê-lo, chamavam ao Senhor dos exércitos, ao único Deus, de “santo,

santo, santo” (Is.6:3). O único Senhor dos exércitos, o único Deus é “santo, santo, santo”, ou seja, é três vezes santo. Percebemos, pois, que, ao se observar a glória de Deus, de modo tão profundo, o profeta tem a demonstração de que Deus é único, mas, também, plural, pois é três vezes santo.

– Mas, não bastasse a exclamação dos serafins, seres que habitam na parte mais gloriosa dos céus, que contemplam a face do Senhor noite e dia, dia e noite e que, portanto, como ninguém, sabem e conhecem a natureza e a essência divinas que não cessam de ver e louvar, o próprio Deus, nesta visão do profeta, Se revela como uma unidade plural, como uma pluralidade uma:

“A quem enviarei e quem há de ir por nós?” (Is.6:8 “in medio”). Este Deus, três vezes declarado santo, identifica-Se a um só tempo como unidade (“A quem enviarei” está no singular), mas, também, como pluralidade (“quem há de ir por nós?”, “nós” é plural).

E o profeta, já purificado e em comunhão com este único Deus, não titubeia em reconhecer que há apenas um único Deus: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is.6:8 “in fine”).

– Este único Deus, entretanto, não Se revelou a Isaías apenas como o Senhor único. Também o fez em Sua pluralidade.

Como podemos saber isto? São as próprias Escrituras que no-lo dizem. Nesta visão, temos, por evidência, que o Pai Se dirigiu a Isaías, até porque quando se fala em enviar (e o “enviarei” está no singular), temos, certamente, a figura do Pai, Aquele que envia o Filho (Jo.3:17;5:23) e o Espírito Santo (Jo.14:16;15:26).

 No entanto, também o Filho Se dirigiu ao profeta, como se verifica de Jo.12:41, assim como também o Espírito Santo Se dirigiu a Isaías, como se vê de At.28:25. Temos, pois, evidenciado que, na visão da glória divina, a Trindade Se dirigiu ao profeta.

– Isaías, aliás, por ser o “profeta messiânico”, aquele homem a quem Deus, com mais pormenores, revelou todo o ministério do Filho, é, sem dúvida, o escritor do Antigo Testamento a quem mais se revelou o mistério da triunidade divina, ainda que, como sabemos, os profetas do Antigo Testamento não tenham podido entender e compreender muito do que lhes foi revelado(Lc.10:21-24; I Pe.1:10-12), o que seria somente totalmente esclarecido após a suprema revelação de Deus aos homens na pessoa de Jesus Cristo(Jo.14:6-11;Hb.1:1), revelação esta cujo teor completo é, presentemente, alvo de contínua e ininterrupta lembrança por força da atuação do Espírito Santo em nós (Jo.14:26).

– Assim é que, além da visão correspondente à sua chamada, o profeta Isaías chama o Messias de “Deus conosco” (Emanuel), em Is.7:14-16, ainda que a Ele se refira como um menino, sendo este menino, ao mesmo, sinal do Senhor e concebido no ventre de uma virgem.

Tal afirmativa era a uma antecipação da realidade que seria descrita pormenorizadamente pelo anjo Gabriel a Maria no anúncio do nascimento de Jesus. Ali, o anjo esclarece Maria que por ela ter achado graça diante de Deus, ou seja, o Pai, viria sobre Maria a virtude do Altíssimo, isto é, o Espírito Santo e ela conceberia, por obra e graça do Espírito, em seu ventre o Filho (Lc.1:30-35).

Enviado pelo Pai, concebido pelo Espírito Santo, o Filho viria realizar a obra de redenção da humanidade. Podemos ter maior demonstração da Trindade Divina?

OBS: Para que não houvesse qualquer dúvida a respeito da pré-existência do Filho e de Sua divindade, mesmo no instante mesmo de Sua encarnação, o escritor da carta aos hebreus descreve bem a circunstância deste singular momento da história, “a plenitude dos tempos”, como diz Paulo em Gl.4:4, quando o Filho, que só poderia ser o Deus Filho e não o ovo que se formava no ventre de Maria, demonstra a razão de ser de Sua encarnação, como se lê em Hb.10:5-9.

– Em Is.9:6, o profeta, novamente, fala que a Divindade estaria num menino, que seria feito nascer e cujo zelo do Senhor dos Exércitos faria com que este principado e esta paz jamais tivessem fim, inclusive com este menino ocupando o trono de Davi. Tinha-se uma antecipação da Trindade Divina.

O menino nascido por obra e graça do Espírito Santo, para cumprir a vontade do Pai, menino este que, Ele mesmo, é Deus forte e Pai da Eternidade.

A propósito, em Is.11:2, diz-se claramente que se trata de um rebento do tronco de Jessé que receberá o Espírito do Senhor, identificando-se, pois, a um só tempo, o Filho (o rebento do tronco de Jessé), o Espírito Santo, que repousará sobre Ele e o Pai, o Senhor, de onde procederá o Espírito.

É o que se repete em Is.42:1, onde o Servo, chamado de Eleito, tem sobre Si o Espírito, que vem do Senhor.

– Em Is.48:16, temos mais uma demonstração da Triunidade Divina. Deus chama o povo, fala para que ele se chegue a Ele, diz que desde o princípio, desde o início da criação ali estava e que o Senhor Jeová havia enviado o Seu Espírito.

Ora, quem estava a falar? Não era o próprio Deus? Sim, era o próprio Deus e, o que é importante, Deus que estava com o povo, tanto que pedia que eles se chegassem até ele. Entretanto, embora este Deus estivesse com eles, dizia que o Senhor Jeová Lhe havia mandado o Seu Espírito.

Temos, assim, sob o nome de “Senhor Jeová”, Aquele que envia, ou seja, o Pai, aqui identificado com o nome com que Se revelou a Moisés, Pai que enviara o Espírito ao Deus que estava com o povo, ou seja, ao Emanuel, ao Filho.

Estas três pessoas, porém, identificam-Se como o único Deus no versículo seguinte (Is.48:17), o único Deus que é, mas que é Senhor (Pai), Redentor (Filho) e Santo de Israel (Espírito Santo).

OBS: É importante observar que a expressão “Jeová” que se encontra na Versão Almeida Revista e Corrigida não é originalmente hebraica. “Jeová” é uma combinação de “YHWH”, o nome original de Deus, tal como revelado a Moisés no monte Horebe, e “Adonai”, que significa “Senhor”.

– Em Is.61:1, temos o texto que será reproduzido pelo próprio Jesus na sinagoga de Nazaré (Lc.4:14-30).

Aqui a personagem que fala, que é o Servo do Senhor, diz que foi ungido pelo Espírito do Senhor Jeová, produzindo, então, a identificação das três Pessoas Divinas: o Ungido (o Filho), o Espírito e o próprio Jeová.

Jesus repete estas mesmas palavras na sinagoga de Nazaré e diz que, naquele dia, estava se cumprindo aquela profecia, mostrando, claramente, que era o Messias, que havia sido ungido pelo Espírito Santo (o que ocorreu quando de Seu batismo no rio Jordão, acontecido pouco tempo antes de Seu retorno a Nazaré) e que estava ali para fazer a vontade do Pai, ou seja, apregoar o ano aceitável do Senhor.

– Ainda em Isaías, encontramos mais uma descrição da Triunidade Divina no cântico que se segue à descrição da vitória do Armagedom, à libertação de Israel que estava prestes a ser destruído, no capítulo 63 do livro deste profeta.

O cântico, em sua parte introdutória (Is.63:7-10), descreve-nos, com grande clareza, a Triunidade divina. Senão vejamos:

a) “As benignidades do Senhor mencionarei, e os muitos louvores do Senhor, consoante tudo o que o Senhor nos concedeu; e a grande bondade para com a casa de Israel, que usou com eles segundo as Suas misericórdias, e segundo a multidão das Suas benignidades” – Temos aqui uma nítida descrição do Pai, a Pessoa dotada de amor, a Pessoa que envia (concede) os benefícios e as bênçãos, Aquele que tem a Israel como Sua propriedade peculiar.

b) “Porque dizia: Certamente eles são Meu povo, filhos que não mentirão; assim Ele foi seu Salvador. Em toda a angústia deles foi Ele angustiado, e o anjo de Sua face os salvou; pelo Seu amor, e pela Sua compaixão, Ele os remiu; e os tomou, e os conduziu todos os dias da antigüidade” – Percebamos que o cântico continua a falar do único Deus, não se trata de outro ser, mas não se tem aqui a mesma Pessoa.

Quem está em foco é Aquele que está com os filhos, Aquele que é o Salvador, Aquele que fala a verdade e espera ser correspondido, ou seja, o Filho. Como Salvador, sente a mesma dor dos filhos de Israel, tem “compaixão”. Como Salvador, resgata os filhos, é o seu remidor.

c) “Mas eles foram rebeldes, e contristaram o Seu Espírito Santo; pelo que Se lhes tornou em inimigo, e Ele mesmo pelejou contra eles” – Temos aqui explícita a Pessoa do Espírito Santo.

Não tendo aceitado o Filho, Israel Se tornou inimigo do Espírito Santo, a Quem cumpre glorificar o Filho. O Espírito de verdade que o mundo não pode receber, mas que só os que se submetem a Deus, crendo em Jesus, recebem. Eis a terceira Pessoa Divina revelada no cântico de Isaías.

– Em Daniel, temos, também, uma passagem que descortina a Triunidade Divina. Na sua visão dos quatro animais simbólicos, o profeta vê, ao término da visão, Daniel contempla duas personagens: uma como o filho do homem, que se dirige ao ancião de dias (Dn.7:13,14), a quem fazem com que se chegue.

Temos, então, um como o filho do homem, a quem é entregue o governo do mundo, que outra personagem não é senão o mesmo Messias que foi descrito por Isaías, Aquele cujo principado está sobre Seus ombros (o Filho), que é levado à presença do ancião de dias, que outro não é senão o Pai, Aquele que envia o Filho para governar o mundo (At.17:31).

Quem leva o filho do homem ao ancião de dias? Quem o separa, quem o unge para esta tarefa? Ora, o Espírito Santo (Is.61:1; Lc.4:18; At.10:38).

IV – A DOUTRINA DA TRINDADE E O NOVO TESTAMENTO

– Se no Antigo Testamento já temos, apesar de ainda não se ter revelado a plenitude da Divindade em Cristo Jesus, uma demonstração eloquente da doutrina da Triunidade Divina, ainda que, até hoje, para cumprimento da própria Palavra (II Co.3:14-16), o judaísmo rejeite categoricamente a doutrina da Trindade, considerando-a uma forma de idolatria e de politeísmo (no que é seguido pelo islamismo), o fato é que, com a vinda de Cristo, a doutrina, como todo o mais nas Escrituras Sagradas, se mostrou de forma evidente e clara, sob a luz do Sol da Justiça.

– Como já tivemos ocasião de estudar supra, já no anúncio do nascimento de Jesus, temos a demonstração da Triunidade Divina neste instante importantíssimo do plano da salvação, que foi o da concepção de Jesus no ventre de Maria.

Este clímax da obra da redenção revela como Deus é único e, ao mesmo tempo, plural, e porque Jesus é chamado de último Adão, a nos comprovar, também por esta denominação, que a criação do homem é, mesmo, obra de um Deus único e que é, também, três Pessoas.

– Se o início da existência terrena do “Emanuel” (o “Deus conosco”) já demonstra a própria natureza triúna de Deus, não se dará de modo diferente quando se inicia o Seu ministério terreno.

O ministério terreno de Jesus começa quando Ele é batizado no rio Jordão por João Batista. É este o momento em que o Senhor começa a Se revelar ao Seu povo, às ovelhas perdidas da casa de Israel.

Pois bem, neste exato instante, temos uma grandiloquente demonstração da Triunidade. Ao lermos as narrativas dos Evangelhos sobre o batismo de Jesus, vemos que, enquanto o Filho era batizado, o Pai, dos céus, proclamava Seu agrado para com o Filho e o Espírito Santo descia, sobre o Filho, na forma de uma pomba, ungindo-O para a obra para que havia vindo ao mundo (Mt.3:13-17; Mc.1:9-11; Lc.3:21,22; Jo.1:32-34).

– Esta passagem é uma das maiores e irrefutáveis demonstrações a respeito da Triunidade Divina.

Sua clarividência em mostrar como as Pessoas divinas são distintas, embora Deus seja único, são a sempre presente pedra de tropeço para os “unitaristas” ou “modalistas”, que insistem em negar a realidade da Triunidade Divina e que se encontram na atualidade em segmentos ditos falsamente de “evangélicos” ou “cristãos”.

Não há como negar que, no batismo de Jesus, as três Pessoas atuaram distintamente, sem qualquer confusão, embora sejam Elas o único e verdadeiro Deus.

O Filho não é a pomba; a pomba não é a voz que vem do céu, que tampouco é o homem que está sendo batizado por João Batista.

– Alguns dias depois deste evento, como também já vimos, em Sua própria terra em que foi criado, Jesus, ao pregar na sinagoga, alude à Triunidade Divina, tomando o texto de Is.61:1 e dizendo que a profecia tinha se cumprido nele e naquele dia, porquanto estava a iniciar a pregação do Evangelho, o Seu ministério, ungido pelo Espírito, a mando do Pai.

– Nas Suas últimas instruções, Jesus foi explícito com os Seus discípulos. Falou-lhes a respeito do Espírito Santo, distinguindo-O claramente d’Ele mesmo e do Pai.

Até então havia falado única e exclusivamente do Pai, dizendo ter a mesma natureza d’Ele (“Eu e o Pai somos um” – Jo.10:30), ter uma concordância eterna com o Pai (Jo.8:16), ter sido enviado pelo Pai (Jo.6:29,38,39), o que já não deixava de ser um ensino da pluralidade das Pessoas Divinas, mas, ao falar do Espírito Santo, completa este ensino, apresentando todas as Pessoas divinas e demonstrando que cada uma é distinta, embora todas sejam o único Deus.

Assim, o Espírito para vir precisa que o Filho vá(Jo.16:7), tendo sido ambos enviados pelo Pai (Jo.7:28,29; 14:26), O Filho, que glorifica o Pai(Jo.17:4), será glorificado pelo Espírito (Jo.16:14), que não falará de Si mesmo, mas lembrará tudo quanto o Filho tem anunciado (Jo.16:13), o que, aliás, foi ouvido do Pai (Jo.15:15).

– Na morte de Jesus, temos, uma vez mais, demonstrada a Triunidade Divina. Jesus, na cruz, morre por nós. É, no momento crucial, desamparado pelo Pai (Mc.15:34), prova de que, até ali, o Pai O acompanhava, o que, aliás, havia sido predito (Is.53:10-12). E o Espírito? Também ali estava, pois, se não fosse por Ele, como o centurião teria reconhecido que Jesus era o Filho de Deus (Mc.15:39; Jo.16:8-11; I Jo.4:2) ?

– Na ressurreição de Cristo, então, temos mais uma manifestação da Triunidade Divina. Jesus, o Filho, é ressuscitado. Quem O ressuscitou? Diz-nos a Bíblia Sagrada:

o Espírito Santo (Rm.8:11). E por que o Espírito ressuscitou a Jesus? Porque o Pai Se agradou do sacrifício do Filho (At.13:32; 17:31; Ef.1:20), entregando-O todo o poder nos céus e na terra (Mt.28:18), até o instante em que o Filho voluntariamente Se sujeitará ao Pai (I Co.15:24-28), para que Deus seja tudo em todos.

– Na ascensão de Jesus, também, temos mais uma demonstração da Triunidade Divina. O Filho sobe aos céus, para Se assentar à destra de Deus, enquanto o Espírito Santo é enviado pelo Pai e pelo Filho para ficar com a Igreja até o dia do arrebatamento.

Aliás, antes de subir aos céus, Jesus fez questão de demonstrar aos Seus discípulos de que todo aquele que confessasse publicamente a fé em Jesus deveria ser batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt.28:19).

Foi, certamente, esta a fórmula empregada pelos discípulos desde o início dos batismos nas águas, o que se deu a partir do dia de Pentecostes (At.2:41), ou seja, em pleno ano 30, bem antes, muito antes do Concílio de Nicéia ou de qualquer credo que tenha sido elaborado durante a história da Igreja.

Portanto, a doutrina da trindade é, pelo próprio ensinamento de Cristo, essencial, fundamental, indispensável para quem queira crer em Jesus, tanto que é explícita e verbalmente pronunciada no exato instante do batismo nas águas. Como, então, querer negá-la? Como, então, se dizer cristão sem aceitá-la?

– Já no dia de Pentecostes, no sermão inaugural da evangelização que seria iniciada pela Igreja, agora revestida de poder, Pedro dá-nos conta da Triunidade Divina. No seu sermão, o apóstolo, cheio do Espírito Santo, fala das três Pessoas Divinas.

Lembra da profecia de Joel, dizendo que Deus haveria de derramar o Espírito sobre toda a carne (At.2:17,18).

Em seguida, fala de Jesus Nazareno, o Filho, ressuscitado por Deus (At.2:22,24) e identificado como Aquele que está à direita de Deus, como profetizado pelo salmista Davi (At.2:25-30) e, por fim, mostrando que o Cristo estava já exaltado pela destra de Deus, tendo recebido a promessa do Pai de que seria enviado o Espírito Santo, como se cumpria naquele instante (At.2:33), inclusive retomando o texto do Sl.110, já aludido supra.

Como podemos, pois, verificar, desde o seu primeiro ato evangelístico, a verdadeira Igreja sempre pregou e reconheceu a Triunidade Divina.

– Na segunda grande pregação registrada nas Escrituras, a que Pedro fez após a cura do coxo da porta Formosa do templo de Jerusalém, vemos, mais uma vez, referenciada a Triunidade Divina.

Em seu sermão, Pedro fala abertamente que “O Deus de Abraão, e de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a Seu Filho Jesus” (At.3:13a) e Lucas, o escritor do livro de Atos, faz questão de nos informar que, após proferir este sermão, ao ser levado à presença do Sinédrio, estava cheio do Espírito Santo (At.4:8). Vê-se, pois, presente a Triunidade Divina uma vez mais.

– Quando abriu as chaves da pregação aos gentios, o apóstolo Pedro também não se esqueceu de fazer referência à Triunidade Divina.

Em casa de Cornélio, o apóstolo, em seu sermão, disse que Deus havia ungido a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo, mostrando, assim, a presença da Triunidade Divina no ministério terreno de Cristo:

o Pai separa o Filho e o unge com o Espírito Santo para fazer a obra da redenção (At.10:38). Apesar desta distinção de Pessoas, não devemos nos esquecer que Pedro, ao iniciar seu sermão, fez questão de dizer que Deus não fazia acepção de pessoas (At.10:34), mostrando, assim, que há um único Deus, e que este único Deus tinha interesse na salvação de Cornélio e dos seus.

– Também a Triunidade Divina é mencionada na pregação de Estêvão, registrada no capítulo 7 do livro de Atos dos Apóstolos.

Estêvão, após fazer uma síntese histórica do povo de Israel, concluiu que aquele povo era de dura cerviz, pois sempre haviam resistido ao Espírito Santo (At.7:51), inclusive os que o acusavam, tendo, então, tido uma visão em que viu os céus abertos e o Filho à direita do Pai (At.7:56). Mesmo no instante duro de um martírio, não se deixa de referenciar a Triunidade Divina.

– Outra demonstração de que a doutrina da trindade sempre foi uma constante na igreja se vê na conversão e no início do ministério de Paulo.

Paulo converteu-se depois que o próprio Jesus a ele apareceu no caminho de Damasco. Quando Ananias foi orar por ele, já em Damasco, disse-lhe que ali estava por ordem do Senhor Jesus e que fazia aquela oração para que Saulo recebesse o Espírito Santo.

Alguns dias depois, já encontramos Saulo pregando nas sinagogas de Damasco e dizendo que Jesus era o Filho de Deus (At.9:20), ou seja, o recém-convertido Saulo já reconhecia a Triunidade Divina, tanto que seu tema era, precisamente, a de que havia o Deus Pai e o Deus Filho.

Não é de se admirar, portanto, o grande número de referências a respeito da Triunidade Divina nos escritos de Paulo, pois se trata de uma verdade por ele experimentada desde os primórdios da sua vida espiritual.

– É de Paulo, aliás, a referência mais explícita à Triunidade Divina do Novo Testamento depois da fórmula do batismo nas águas dada pelo próprio Jesus e registrada por Mateus.

Está-se a falar da “bênção apostólica”, como ficou conhecida a bênção que põe término à segunda epístola que Paulo escreveu aos coríntios e que é a base da bênção que, comumente, encerra todos os cultos cristãos há séculos:

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos. Amém” (II Co.13:13).

– O texto da bênção apostólica é uma inegável demonstração de que a igreja, ao contrário do que dizem os adversários da doutrina da trindade, desde os seus primórdios cria e ensinava a doutrina da trindade, ainda que não com este nome.

O apóstolo, ao encerrar a sua epístola aos coríntios, uma epístola vigorosa, onde o apóstolo tratou de assuntos muito sérios com aquela igreja local, dá aos seus irmãos, de uma igreja que havia sido fundada por ele, uma bênção e põe em nítida posição de igualdade, o Filho, o Pai e o Espírito Santo, distinguindo-os claramente, mas, também, dizendo serem Eles um, já que mantém uma unidade entre a graça do Filho, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo.

Nesta bênção, aliás, temos reproduzida a triplicidade da bênção arônica e até mesmo as características de cada Pessoa naquela antiga bênção sacerdotal.

Trata-se de um texto sucinto mas muito rico, que nos mostra, com uma propriedade que só se explica em virtude da inspiração do Espírito Santo para a redação das Escrituras, como se dá a Triunidade Divina, uma perfeita unidade, um único Deus, mas que é, ao mesmo tempo, Pessoas distintas umas das outras.

– A realidade da Trindade também é atestada pelo escritor da carta aos hebreus. Escrevendo para judeus convertidos e, portanto, pessoas que, por questões culturais teriam maior resistência a aceitar esta verdade, o autor da carta não hesita em dizer que a salvação que desfrutam os cristãos é resultado do trabalho de evangelização, iniciado pelo Filho, confirmada pelos que ouviram a mensagem, testificada pelo Pai, mediante sinais e maravilhas, inclusive dons distribuídos pelo Espírito Santo (Hb.2:3,4).

Há uma exata compreensão de que há um único Deus, em três Pessoas, a trabalhar em favor da humanidade perdida.

– Tiago, o irmão do Senhor, outro escritor do Novo Testamento, também não deixa de fazer referência à Triunidade Divina. Já no limiar da sua carta, identifica-se como “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo”, fazendo, assim, referência tanto ao Pai quanto ao Filho, a quem reconhece explicitamente a condição divina, tanto que O chama de Senhor.

Que Deus é o Pai, não deixa qualquer dúvida ao dizer que a religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e se guardar da corrupção do mundo (Tg.1:27), Deus e Pai que é bendito pelas nossas línguas (Tg.3:9). E, para completar, diz que o Espírito que habita em nós tem ciúmes (Tg.4:5).

– O apóstolo João, outro escritor do Novo Testamento, cujo Evangelho faz abundantes referências à Triunidade Divina, como já vimos, também dela fala bem explicitamente em sua primeira epístola. Em I Jo.5:7, assim escreveu: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo e estes três são um”.

Temos aqui um texto explícito, extremamente claro, dando-nos conta de que Deus é um e que, ao mesmo tempo, são três: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo.

– Tal afirmação de João, aliás, está perfeitamente em consonância com o texto do Evangelho por ele escrito, Evangelho que, segundo os estudiosos da Bíblia, teria sido escrito posteriormente a esta epístola.

Diante da meridiana clareza deste texto, não demorou para que os adversários da doutrina da trindade, como não poderiam questionar o significado do texto e seu respaldo à Triunidade Divina, procurassem lutar contra este texto, querendo considerá-lo como apócrifo, como não autêntico, como tendo sido um acréscimo posterior de algum defensor da doutrina da trindade que, assim, ao adulterar o texto, encontraria base para a sua tese.

– Por primeiro, cumpre-nos dizer que, ainda que não seja verdadeiro o texto de I Jo.5:7, esta circunstância em nada muda a verdade bíblica da doutrina da trindade, pois o que vimos até aqui, em textos tanto do Antigo como do Novo Testamento, é mais do que suficiente para comprovar que a doutrina da trindade não se encontra, de forma alguma, construída em cima deste texto de I Jo.5:7.

Pelo contrário, este texto vem apenas corroborar o ensino das Escrituras a respeito.

OBS: Aliás, só por este fato, já teríamos um elemento a nos permitir concluir que o texto é autêntico, pois ele está de acordo não só com os outros escritos do apóstolo João, como também com todo o restante das Escrituras.

– Os que entendem que este versículo foi um acréscimo efetuado pelo chamado “Texto Recebido” de Erasmo, que foi a base para as traduções da Bíblia feitas durante e logo após a Reforma Protestante (inclusive a Versão de João Ferreira de Almeida) baseiam-se no fato de que este versículo só se encontra em apenas quatro manuscritos gregos, manuscritos que seriam, segundo se entende, revisões posteriores da Vulgata Latina (que, no seu original, não tem também este versículo), sendo todos posteriores ao século XII, circunstância que os tornaria indignos de crédito; que nenhum “pai grego da Igreja” (i.e., os teólogos e ensinadores cristãos dos primeiros séculos que escreveram em grego, normalmente de igrejas situadas no Oriente) jamais mencionou esta passagem; pelo fato de que sua omissão não se justificaria por nenhum dos comuns erros de cópia de manuscritos.

Em virtude disto, aliás, a Nova Versão Internacional não aceitou como autêntico este texto, pondo-o apenas em nota de rodapé. R.N. Champlin, também, em seu Novo Testamento Interpretado versículo por versículo, não aceita este texto como autêntico.

A Versão Almeida Revista e Atualizada põe o texto entre colchetes, reconhecendo que o texto não existe nos manuscritos mais abalizados.

– Por causa disto, os adversários da doutrina da trindade procuram se aproveitar deste suposto acréscimo para dizer, sem qualquer base bíblica, que a doutrina da trindade estaria alicerçada nesta “adulteração”, o que, como vimos à exaustão neste estudo, não corresponde em absoluto à verdade bíblica.

Aliás, é interessante observar que, mesmo sendo este versículo, considerado espúrio por muitos, o contexto do capítulo 5 de I João nos fala claramente a respeito da Triunidade Divina.

Em I Jo.5:5, é dito explicitamente que quem vence o mundo é aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus, declaração que nos permite, a um só tempo, reconhecer que Deus tem as pessoas do Pai e do Filho e, como se isto fosse pouco, no versículo seguinte, diz que quem testifica estas duas Pessoas é o Espírito, porque o Espírito é a verdade (I Jo.5:6).

Assim, mesmo sem o versículo controvertido, vemos que o contexto nos fala de um único Deus, que é, ao mesmo tempo, as Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

A seqüência do capítulo trata, precisamente, da necessidade que temos de reconhecer que Jesus é Deus e que isto é indispensável para alcançarmos a salvação.

– Outro escrito de João é o Apocalipse, o livro profético do Novo Testamento. Ali, também, em várias ocasiões, temos a manifestação da Triunidade Divina.

Na abertura do livro, já é dito que ele será uma revelação de Jesus Cristo, dada por Deus (Ap.1:1), que é o Pai, para quem Jesus nos fez reis e sacerdotes (Ap.1:6).

Quando Jesus glorificado manda escrever as cartas para as igrejas da Ásia Menor(Ap.1:17-20) , em todas elas, ao seu término, não esquece de dizer que devemos ouvir o que o Espírito diz às igrejas (Ap.2:7,11,17,29; 3:6,13,22). Aliás, nas quatro últimas cartas, são explicitamente mencionadas as três Pessoas Divinas, já que quem fala é o Filho, que faz menção tanto do Pai quanto do Espírito (Ap.2:27-29; 3:5,6; 3:12,13; 3:21,22).

– Judas, outro irmão do Senhor, mesmo em sua pequena epístola, também fez referência à Triunidade Divina.

Logo na sua apresentação, diz que os crentes, a quem denomina de “chamados” são queridos em Deus e conservados por Jesus Cristo (Jd.1).

Também afirma que os ímpios que se introduzem no meio dos santos, convertendo em dissolução a graça de Deus, negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo (Jd.4), realçando que Deus é um só, embora tenha as Pessoas do Pai e do Filho.

Por fim, ainda falando sobre estes falsos mestres, Judas diz que são sensuais, causam divisões, porque não têm o Espírito (Jd.19).

Na batalha que se tem de empreender para mantermos a nossa fé, conservarmos a nossa salvação, que é o tema da carta de Judas, não podemos nos esquecer da Triunidade Divina: Pai, Filho e Espírito Santo.

– Diante de tanta demonstração da presença da Trindade nas Escrituras Sagradas, não temos senão que reconhecer que esta é uma verdade bíblica incontestável, como o ilustre comentarista intitulou esta lição e, por fé, aceitá-la. “Ao grande Trino Deus, louvem os anjos Seus e nós também. A Deus nosso Senhor, Pai, Filho e Condutor, louvemos com fervor, para sempre. Amém” (quarta estrofe do hino 185 da Harpa Cristã).

– “Cremos, professamos e ensinamos o monoteísmo bíblico, que Deus é uno em essência ou substância, indivisível em natureza e que subsiste eternamente em três pessoas – O Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e majestade e distintas em função, manifestação e aspecto:

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt.28:19).

As Escrituras Sagradas claramente revelam que a Trindade é real e verdadeira. Uma só essência, substância, em três pessoas.

Cada pessoa da Santíssima Trindade possui todos os atributos divinos — onipotência, onisciência, onipresença, soberania e eternidade.

A Bíblia chama textualmente de Deus cada uma delas; as Escrituras Sagradas, no entanto, afirmam que há um só Deus e que Deus é um: “Todavia, para nós há um só Deus” (I Co.8:6); “mas Deus é um” (Gl.3:20); “um só Deus e Pai de todos, O qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef.4:6). (Início do Capítulo III – Sobre a Trindade da Declaração de Fé da CGADB).

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/600-licao-3-a-santissima-trindade-um-so-deus-em-tres-pessoas-i

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