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LIÇÃO Nº 3 – O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

O batismo no Espírito Santo é uma experiência distinta da salvação e é válida para os
nossos dias.

INTRODUÇÃO

– O Espírito Santo atua nos nossos dias como atuou desde o dia de Pentecostes, quando desceu sobre os discípulos no cenáculo e, portanto, qualquer salvo pode ter esta experiência.

– Este é o principal ensinamento bíblico pentecostal e que deve não só ser conhecido e pregado por todos os crentes pentecostais, mas experimentado na vida de cada um.

I – A SALVAÇÃO NÃO SE CONFUNDE COM O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

– A primeira operação do Espírito Santo, na atual dispensação, diz-nos Jesus, ao anunciar a Sua vinda a Terra, é o convencimento do pecador:

“E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo” (Jo.16:8). O Espírito Santo atua sobre a alma do pecador, a fim de que ela possa se arrepender dos seus pecados e decidir aceitar a Cristo como Seu único e suficiente Salvador.

Quando isto ocorre, temos a primeira operação que foi atribuída ao Espírito Santo nesta dispensação: o novo nascimento.

– O novo nascimento é o único ato pelo qual alguém pode entrar no reino de Deus (Jo.3:5). Trata-se de um ato sobrenatural, espiritual, que é levado a efeito pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus, como nos esclarece Jesus ao ministrar este ensinamento ao mais sábio dos mestres judeus da época, Nicodemos.

A Palavra de Deus é o veículo pelo qual chega ao conhecimento do homem a fé salvadora (Rm.10:17) e é através dela que o homem é lavado e pode se apresentar limpo na presença de Deus (Jo.15:3).

– No entanto, a atuação da Palavra de Deus para a limpeza espiritual, para a lavagem da regeneração (Tt.3:5), depende de um ato de vontade do homem, da sujeição do homem pela Palavra, algo que não advém simplesmente pelo ouvir pela Palavra de Deus, mas que depende da aceitação da palavra por parte do homem.

É por isso que o salmista adverte que, se ouvirmos a voz de Deus, não podemos endurecer os nossos corações (Sl.95:7,8), numa clara indicação de que alguém pode ouvir a palavra de Deus mas, nem por isso, nascer de novo.

– O próprio Jesus deu-nos conta disso, ao dizer que nem todos os integrantes do corpo apostólico estavam limpos, apesar de todos terem ouvido, à exaustão, os Seus ensinos (Jo.13:10 “in fine”), como também ao comparar ao homem prudente aqueles que ouvem e que praticam a Palavra de Deus (Mt.7:24), enquanto que, quem ouve mas não cumpre, este seria o insensato (Mt.7:26).

– Se a Palavra de Deus é um elemento indispensável para o novo nascimento, mas não suficiente, tem-se que o ser humano, para alcançar a salvação, depende de aceitar esta Palavra e este gesto, também, não é fruto do discernimento do espírito ou da alma humanos, mas é o resultado de uma manifestação da graça divina, qual seja, a atuação do Espírito Santo no convencimento do homem do pecado, da morte e do juízo.

– O Espírito Santo vem junto ao homem e procura convencê-lo de que ele é um pecador, de que ele precisa se arrepender dos seus pecados e aceitar a Cristo como seu único e suficiente Salvador.

O Espírito Santo mostra ao homem, segundo nos ensina Jesus, que deve gerar no homem a crença em Jesus, na justiça de Deus e na sua satisfação através do sacrifício vicário de Cristo e no fato de que este sacrifício foi aceito por Deus e que, a partir de então, Jesus tem as chaves da morte e do inferno em Suas mãos.

– Este é o trabalho do Espírito Santo, que leva o homem a reconhecer que precisa converter-se, ou seja, mudar a orientação da sua vida e deixar a autossuficiência, a busca da vida eterna por seus próprios méritos e crer que somente a sua sujeição a Jesus e, consequentemente, à Sua vontade, poderá lhe trazer o perdão dos seus pecados e a vida eterna.

– Quando o homem se convence do pecado, da justiça e do juízo, aceitando a Jesus como seu único e suficiente Salvador, crendo em Cristo, na Sua obra no Calvário e se arrependendo dos seus pecados, renunciando à impiedade, isto é, ao pecado e às concupiscências do mundo e passa a viver, neste mundo, sóbria, justa e piamente, segundo a vontade do Senhor, que está presente na Sua Palavra (Tt.2:12),

temos o novo nascimento, a geração de um novo homem, de uma nova criatura, pois os pecados são perdoados, o sangue de Jesus purifica o homem de todo o pecado e ele passa a ocupar uma nova posição diante de Deus, justificado pela fé (Rm.5:1),

tendo paz com Deus, pois os pecados, que antes faziam divisão entre ele e Deus (Is.59:2), não mais existem, são removidos (Jo.1:29), lançados no mar do esquecimento (Mq.7:19), voltando o homem, então, a ter comunhão com Deus.

– O espírito do homem, assim, volta a ter vida, é vivificado (I Co.15:22), pois cessa a sua separação de Deus, que o tornava inerte. Passa a dirigir a vida do indivíduo, já que é o canal entre Deus e o homem (Rm.8:14-16), o que faz com que as obras a serem praticadas sejam totalmente distintas (Gl.5:16,17).

– Vemos, portanto, que o novo nascimento é um ato sobrenatural indispensável para que ingresse no reino de Deus. O domínio de Deus na vida de alguém (ou seja, o reino de Deus vem até um ser humano) somente se inicia quando este alguém nasce de novo, e, nascer de novo, exige a atuação conjugada da Palavra de Deus e do Espírito Santo, bem como a aceitação do homem para que esta atuação se faça.

– Esta experiência, também chamada de regeneração (ou seja, nova geração), conversão ou salvação (em sentido estrito, pois a salvação abrange outros aspectos além deste), é uma operação do Espírito Santo e tem, como objetivo, a remoção dos pecados e o estabelecimento de uma vida espiritual, ou seja, de uma comunhão entre Deus e o homem.

– Quando observamos esta experiência, na Bíblia Sagrada, notadamente quando nos é ensinada pelo Senhor da vida, o próprio Jesus, que tornou esta experiência possível e permanente para a humanidade, vemos que ela já se concretiza desde o momento em que alguém tem um encontro pessoal com Cristo, entendido este encontro não como um encontro físico, mas como uma demonstração de sujeição à vontade do Senhor e crença no Seu nome.

– É por isso que Jesus, ao se dirigir às mais diversas pessoas que com Ele se encontraram e que creram n’Ele, não cessava de dizer: ” Vai, a tua fé te salvou”.

Esta expressão de Jesus garante-nos que, quem crer n’Ele, já alcança a salvação, pois deixou que o Espírito Santo o convencesse do pecado, da morte e do juízo e, portanto,

houvesse a vivificação em Cristo, com todas as operações há pouco mencionadas (perdão e remoção dos pecados, restabelecimento do espírito e da comunhão com Deus, mudança de obras).

– Jesus, quando se dirigia aos Seus discípulos, também, sempre Se referia a eles como pessoas que haviam alcançado a regeneração, que estavam num outro patamar diante de Deus pelo fato de terem crido em Seu nome.

Ao enviar aqueles setenta discípulos para pregar em áreas onde não poderia ir, dada a exiguidade de tempo em Seu ministério (sendo, porém, necessário, que fosse anunciado a todo Israel daquele tempo), quando estes retornaram, Jesus revelou-lhes que eles tinham seus nomes escritos nos céus (Lc.10:20), revelação esta, aliás, que Lhe motivou alegria no Espírito Santo, gesto este que nos serve para mostrar que o novo nascimento está ligado a esta Pessoa da Trindade, o atuante direto sobre o homem nesta nossa dispensação.

– Após ter ressuscitado, Jesus apresentou-Se, durante espaço de quarenta dias, aos Seus discípulos (At.1:3). Na primeira vez em que isto ocorreu a todos os discípulos, n atarde do dia mesmo da ressurreição, João diz- nos que o Senhor assoprou sobre eles, dizendo para que eles recebessem o Espírito Santo (Jo.20:22), afirmação que mostra que o Senhor estava restabelecendo a comunhão entre Si e os discípulos, que O haviam abandonado por ocasião dos fatos relativos à Sua paixão e morte.

– Esta expressão de Jesus, única nos evangelhos, existe, exatamente, para nos deixar explícito que a conversão, embora seja obra do Espírito Santo, não se confunde com o revestimento de poder. Os discípulos que se encontravam no cenáculo tiveram esta experiência da regeneração na tarde do domingo da ressurreição, enquanto que só seriam batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes, ou seja, cerca de quarenta e sete dias depois.

– O novo nascimento é a primeira operação do Espírito Santo. Sem ele, ninguém pode entrar no reino de Deus. Estando-se debaixo do domínio do Espírito Santo, o indivíduo passa a desfrutar de outras ações do Espírito em sua vida, uma das quais é o batismo com o Espírito Santo.

Para que alguém seja batizado com o Espírito Santo, é fundamental que tenha nascido de novo, mesmo que este novo nascimento tenha sido, aos olhos humanos, concomitante ao batismo com o Espírito Santo, na verdade é indispensável que alguém tenha se convertido para que possa ser batizado com o Espírito Santo.

– Quando verificamos as narrativas bíblicas referentes a batismo com o Espírito Santo, veremos, sempre, duas características: primeiro, que os batizados já eram convertidos, ou seja, já tinham nascido de novo antes da experiência do batismo com o Espírito Santo; segundo, que não é possível batismo com o Espírito Santo sem o prévio novo nascimento.

– A narrativa do dia de Pentecostes deixa-nos claro que os quase 120 discípulos que se encontravam no cenáculo naquele dia eram todos convertidos e nascidos de novo.

Além de ali estarem todos aqueles que receberam o Espírito Santo por um sopro do Senhor na tarde do dia da ressurreição (Jo.20:22) e que, portanto, haviam sido objeto de regeneração, também se encontravam outros que, como anunciara alguns dias antes o apóstolo Pedro, eram “irmãos” (At.1:16) e que, com os doze, haviam “convivido todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até o dia que dentre nós foi recebido em cima” (At.1:22).

– É importante, ainda, observar que o número de irmãos, ou seja, pessoas convertidas e que seguiam a Jesus, era, já nesta época, segundo podemos inferir das palavras de Paulo, mais de quinhentas pessoas (I Co.15:6), mas somente quase cento e vinte alcançaram o batismo com o Espírito Santo.

Ao chamar estas pessoas que estavam no cenáculo de “irmãos”, Pedro mostra que todos tinham a mesma natureza espiritual, provinham do mesmo Pai, eram filhos de Deus, porque criam em Jesus (Jo.1:12).

– Eram, ademais, pessoas que eram testemunhas do ministério de Jesus, fruto mesmo deste ministério e que tinham seguido a Jesus e, agora, já estavam aguardando a Sua volta (At.1:9-11), o que caracteriza um sincero e fiel servo do Senhor (II Tm.4:7,8).

Temos, portanto, que o número de nascidos de novo, de regenerados, de crentes era diferente do número de batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Assim, nem todo regenerado foi batizado com o Espírito Santo, mas todo batizado com o Espírito Santo havia sido regenerado.

– A narrativa do batismo com o Espírito Santo em Samaria também nos mostra que esta é uma bênção diferente da salvação e necessariamente posterior a ela.

Quando chegou a Samaria, o diácono Felipe começou a pregar o evangelho, tendo Jesus como assunto de sua pregação (uma boa lição que se deve dar aos evangelistas da atualidade) (At.8:5). Vemos, portanto, aqui, a operação da fé salvadora, cujo veículo é a Palavra de Deus.

– Diante desta pregação, houve crença no nome de Jesus e as pessoas confessavam seus pecados e desciam às águas (At.8:12-14).

Temos, portanto, uma nítida descrição da conversão, do novo nascimento dos samaritanos. Só, então, quando Pedro e João são enviados a Samaria é que ocorre o batismo com o Espírito Santo (At.8:17).

Como podemos observar, portanto, mais uma vez, nas Escrituras, vê-se que novo nascimento é distinto de batismo com o Espírito Santo e que o batismo com o Espírito Santo é uma bênção reservada apenas aos nascidos de novo.

– A quinta narrativa de um batismo com o Espírito Santo é a dos discípulos de Éfeso. Aqui, também, o texto esclarece-nos explicitamente que o batismo com o Espírito Santo é uma experiência distinta do novo nascimento.

Paulo encontra doze varões que serviam a Deus, mas que haviam sido batizados apenas no batismo de João (At.19:3), não conhecendo sequer a existência do Espírito Santo (At.19:2).

Paulo, então, pregou-lhes o evangelho e eles creram, pois, ao ouvirem a mensagem do apóstolo, aceitaram batizar- se(At.19:5), o que somente é lícito para quem crer de todo o coração (At.8:37).

– Vemos, assim, que o novo nascimento era presente na vida daqueles varões, varões, aliás, que são chamados de discípulos logo no início da narrativa (At.19:1), expressão que demonstra, claramente, que se tratava de pessoas que gozavam de comunhão com o Senhor, que tinham se arrependido de seus pecados, ainda que não tivessem, ainda, conhecimento da vinda do Messias que havia sido anunciado por João.

Só, então, Paulo ora e impõe as mãos sobre eles e, então, são batizados com o Espírito Santo (At.19:6). Além do caráter explícito deste texto, também é interessante observarmos a conduta do apóstolo que, baseado na sua própria experiência, somente se dispôs a orar para que houvesse batismo com o Espírito Santo depois que estava certo e convicto do novo nascimento daquelas pessoas.

– As Escrituras, portanto, não nos deixam qualquer margem de dúvida quanto a distinção destas duas operações do Espírito Santo, quais sejam, o novo nascimento e o batismo com o Espírito Santo, bem como a necessária anterioridade da regeneração para que haja o batismo com o Espírito Santo.

Embora sejam operações diferentes, há algumas semelhanças entre elas, que são relevantes e que nos impedem alguns conceitos errôneos, a saber:

a) são operações sobrenaturais – Tanto o novo nascimento quanto o batismo com o Espírito Santo são operações do Espírito Santo e, como tal, transcendem o nível natural, são atos sobrenaturais, que vêm diretamente da parte de Deus, são atos espirituais, que fogem a uma percepção meramente natural.

Por isso, não são explicáveis do ponto-de-vista humano, não podendo a mente humana compreendê-las (I Co.2:14,15).

b) são atos do Espírito Santo – Tanto o novo nascimento quanto o batismo com o Espírito Santo são atos do Espírito Santo, ou seja, resultado da vontade divina.

O homem concorre com a sua vontade, mas apenas para o fim de concretização da vontade de Deus. Não se tem, assim, uma imposição divina, mas a realização da vontade divina com a anuência, a aquiescência do homem, mas o ato é fruto de uma atuação que está além da capacidade humana.

Tanto no novo nascimento, quanto no batismo com o Espírito Santo, o homem aceita a manifestação divina em sua vida, mas é realizado algo que o homem, sem o Espírito, jamais conseguiria realizar. Quem salva, perdoa é Deus e o homem não poderia fazê-lo (nem merecia que isto fosse feito por ele).

Quem batiza com o Espírito Santo é Jesus, ninguém mais (Mt.3:11). Por isso, jamais poderemos aceitar que estas operações sejam reduzidas a meros rituais humanos, cuja observância possa, automaticamente, trazer a graça divina.

c) sua ocorrência não dispensa a necessidade da perseverança para a consumação do processo da salvação – Tanto o novo nascimento quanto o batismo com o Espírito Santo são ocorrências pontuais na vida de alguém, isto é, fazem parte da história da vida espiritual do crente, mas não são o ato final desta história,

muito pelo contrário, são acontecimentos que norteiam o início da caminhada com Deus. Assim sendo, nem um nem outro garantem que a pessoa alcançará a vida eterna.

Deve o crente, após ter nascido de novo, bem como, depois disto, ter sido batizado com o Espírito Santo, perseverar até o fim, pois, somente assim, completará o trajeto que o conduzirá, para sempre, às mansões celestiais (Mt.24:13).

– Diante disto, não podemos dizer que a expressão constante de I Co.12:13, que fala que os salvos são “batizados em um Espírito, formando um corpo” refere-se à experiência vivida pelos discípulos no dia de Pentecostes e nas outras quatro passagens que aludem ao revestimento de poder, mas, sim, uma expressão que diz respeito à inserção do salvo, após a conversão, no corpo de Cristo, expressão isolada que não pode ser utilizada, assim, como “prova” de que salvação e batismo com o Espírito Santo são a mesma coisa.

II – O QUE É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

– Verificado que o batismo com o Espírito Santo ou “batismo no Espírito Santo”, como a ele se refere o comentarista da lição (que é, por sinal, a expressão utilizada na Declaração de Fé das Assembleias de Deus) não se confunde com a salvação, o que é, então, esta manifestação?

– A Declaração de Fé das Assembleias de Deus é bem objetiva, ao afirmar que “…o batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder do alto:

‘E eis que sobre vós envio a promessa de Meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder’ (Lc.24:49).

É, também, uma promessa divina aos salvos: ‘e também do Meu Espírito derramarei sobre os Meus servos e Minhas servas, naqueles dias’ (At.2:18).

Trata-se de uma experiência espiritual que ocorre após ou junto à regeneração, sendo acompanhada da evidência física inicial do falar em outras línguas:

‘E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem’ (At.2:4). Nessa passagem, ser ‘cheio do Espírito’ indica ser batizado no Espírito Santo..…” (DFAD, XIX, p.165).

– Além do que diz a Declaração de Fé, olhemos, também, os textos bíblicos e vejamos o que é o batismo com o Espírito Santo.

– Por primeiro, vemos que o batismo com o Espírito Santo é o recebimento da virtude do Espírito Santo necessário para a realização da missão da Igreja após a ascensão de Jesus para os céus.

– Com efeito, Jesus, ao anunciar que os discípulos seriam batizados com o Espírito Santo, disse que eles receberiam a virtude do Espírito Santo para serem Suas testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra (At.1:8).

– “Virtude” aqui, no grego, é “dynamis” (δύναμις) , cujo significado é “força (literal ou figurado), especialmente em referência a um poder miraculoso (normalmente, por implicação, como descrição do milagre em si):— capacidade, abundância, com o sentido de ato poderoso, (operador de) milagre, poder, força, violência, obra de poder (maravilhosa)…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Novo Testamento, p.2157, verbete 1411).

– Nota-se, pois, que, para continuar a obra salvífica de Jesus, os discípulos necessitavam desta “força”, deste “poder miraculoso”, porque Jesus, ao pregar o Evangelho, não só trouxe a mensagem da salvação, mas, também, ensinou os discípulos e fez sinais, prodígios e maravilhas (Jo.3:2; 6:2; 11:47; 12:37; At.2:27).

Afinal de contas, na realização da obra, eles iriam enfrentar as “portas do inferno” (Mt.16:18), as “hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais” (Ef.6:12), “serpentes e escorpiões e toda a força do inimigo” (Lc.10:19), as “fortalezas” que só podem ser destruídas espiritualmente (II Co.10:4).

– Este “recebimento da virtude do Espírito Santo” é, como vimos, algo distinto da salvação, pois os discípulos já eram salvos, mas, embora tivessem recebido o Espírito Santo, não tinham recebido esta “força”, este “dínamo”, lembrando que o dínamo (que vem da mesma palavra grega…) é uma máquina que gera corrente

contínua, transformando energia mecânica em elétrica através de indução eletromagnética, ou seja, os efeitos magnéticos geram corrente elétrica.

– Da mesma maneira, faz-se necessário que a nossa conversão, a nossa entrada em comunhão com Deus gere efeitos neste mundo, proporcione, também, a mudança de direção de outras vidas, revele, aos homens, a mudança operada em nós e que pode, também, levar o poder de Deus a outras pessoas.

Esta mudança de natureza se transforma em poder e força por meio do “dínamo” que é o batismo com o Espírito Santo.

– Por segundo, o batismo com o Espírito Santo é o revestimento de poder do alto, pois o Senhor Jesus disse aos discípulos que eles seriam revestidos de poder do alto em Jerusalém (Lc.24:49).

Eles já eram testemunhas da salvação da humanidade por Jesus Cristo (Lc.24:48) e, por isso mesmo, deveriam levar o conhecimento disto para todas as nações, começando por Jerusalém (Lc.24:46,47). Para isto, era necessário que fossem revestidos de poder do alto.

– Não é possível pregar o arrependimento e a remissão dos pecados de modo eficaz e da maneira querida pelo Senhor Jesus sem o revestimento de poder.

Quando somos salvos, somos vestidos de salvação (Is.61:10) e isto nos dá alegria e regozijo, como também nos traz justiça.

Esta justificação se é suficiente para nos fazer entrar na graça e nos levar até a desfrutar das virtudes teologais (fé, esperança e amor), garantindo-nos que, se perseverarmos, chegaremos à glorificação (Rm.5:1-5), é insuficiente para que, a contento, cumpramos a ordem do Senhor Jesus de ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura.

– Por que dizemos isto? Porque o Senhor da obra o disse! Já ressuscitado e glorificado, afirmou aos Seus discípulos que eles já eram testemunhas desta salvação, mas que, para pregar isto a todas as nações, começando por Jerusalém, tinham de ser revestidos de poder. Ora, se Jesus assim o disse, quem somos nós para contradizê- lo? Não é Ele a verdade (Jo.14:6)?

– Uma evidência disto temos em Éfeso. Ali, alguém (que muitos dizem ter sido Apolo) pregou a salvação na pessoa de Cristo Jesus, sem, contudo, conhecer o Espírito Santo.

Tal pregador era, muito provavelmente, um discípulo de João Batista, que havia dito que Jesus era o Cristo. Não se sabe quanto tempo pregou ali, mas o texto nos mostra que conseguiu a conversão de quase doze pessoas (At.19:7).

– Assim que Paulo ali chegou, encontrou estes discípulos e lhes ensinou a respeito do Espírito Santo e, orando por eles, impondo-lhes as mãos, receberam eles o batismo com o Espírito Santo (At.19:6).

Em três anos, Paulo e estes quase doze discípulos, ganharam multidões para Cristo, a ponto de pôr em xeque o próprio comércio em volta da idolatria a Diana naquela que era a segunda maior cidade do Império Romano na época (At.19:26). Sem o revestimento de poder, não se pode, mesmo, levar a obra de evangelização a contento e modo satisfatório, na plenitude requerida pelo Senhor Jesus.

– O batismo com o Espírito Santo é o sinal que ficaria para testificar que o Cristo tinha vindo, que o reino de Deus tinha chegado com poder.

João Batista disse que havia trazido o batismo com água para arrependimento, como preparação do povo para a vinda do Messias, mas o próprio Messias batizaria com o Espírito Santo e com fogo e, a partir deste batismo, começaria a usar a pá e a limpar a eira, a fim de recolher o seu trigo no celeiro (Mt.3:11,12; Mc.1:7,8; Lc.3:16,17; Jo.1:29-33).

– O batismo com o Espírito Santo apresenta-se, pois, como uma demonstração do poder de Jesus Cristo e como um pressuposto para que Cristo, por meio da Igreja, limpe a eira com o propósito de depois recolher o trigo no celeiro. O próprio Jesus, na parábola do joio e do trigo, traz-nos a explicação do que significa esta limpeza que redunda no recolhimento do trigo e na queima da palha no fogo, ao dizer que esta ceifa é o fim do mundo e a sua consumação (Mt.13:36-43).

Então, o batismo com o Espírito Santo é dado como um pressuposto para que, antes desta consumação, haja a “limpeza da eira”, ou seja, a manifestação da graça de Deus, por meio de Cristo, através do Seu corpo, que é a Igreja, que Ele deixou na Terra para dar continuidade à Sua obra salvífica.

– Por isso mesmo, o batismo com o Espírito Santo é uma manifestação típica do tempo da Igreja, de todo o tempo da Igreja, antes que comece a vir o julgamento, que se inicia logo após o arrebatamento da Igreja, com o Tribunal de Cristo para a Igreja e a Grande Tribulação para os que ficarem na Terra.

– Jesus, ao dizer aos discípulos que eles seriam batizados com o Espírito Santo, fez questão de relembrar esta profecia de João (At.1:5).

– Por fim, o batismo com o Espírito Santo é a “promessa do Pai” (Lc.24:49). O batismo com o Espírito Santo traria para os discípulos a plenitude do Espírito Santo, a fim de que eles não ficassem órfãos e pudessem realizar a continuação da obra salvífica de Cristo na face da Terra. Jesus havia prometido isto nas Suas últimas instruções (Jo.14:16-20,25,26).

– Na tarde do domingo da ressurreição, o Senhor Jesus já havia soprado sobre os discípulos e eles haviam recebido o Espírito Santo. Já eram morada do Espírito Santo, mas ainda não se lhes havia transmitido o poder do Espírito Santo, aquele mesmo poder que havia descido sobre Jesus quando do Seu batismo por João (Mt.3:16; Mc.1:10; Lc.3:22; Jo.1:32), que O havia enchido do Espírito (Lc.4:1), que Lhe havia dado a plenitude que já havia sido profetizada por Isaías (Is.11:1,2).

– Isto somente aconteceu no dia de Pentecostes, quando, então, os discípulos foram cheios do Espírito Santo (At.2:4), tanto que, em Atos, a expressão “cheios do Espírito Santo” sempre tem o significado de “batizados com o Espírito Santo” (At.2:4; 4:31; 6:3; 13:52).

III – O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO ERA ALGO CONSTANTE NA IGREJA PRIMITIVA

– Embora as Escrituras deixem bem claro que as experiências do novo nascimento e do batismo com o Espírito Santo são distintas, sendo que esta última deve ser, necessariamente, antecedida da primeira, a insistência em descrevê-las e mostrar-lhes a distinção não é fruto de um esforço doutrinário dos teólogos ou ensinadores pentecostais, como querem, muitas vezes, fazer crer os teólogos ditos reformados (ou seja, os evangélicos tradicionais) mas é o resultado do próprio contexto da Bíblia Sagrada, uma genuína demonstração de que ambas as experiências eram frequentes e faziam parte do cotidiano da igreja primitiva.

– A experiência do batismo com o Espírito Santo é apresentada, na igreja primitiva, como uma necessidade e uma demonstração da presença de Deus no meio do Seu povo, uma indispensável concessão de poder para que se pudesse cumprir a grande comissão (Mc.16:15)

– Jesus foi o primeiro a anunciar a necessidade do revestimento de poder para que se pudesse realizar a obra que estava destinada aos Seus discípulos. Determinou-lhes que não saíssem de Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder (Lc.24:49).

Para que pudessem levar a efeito o trabalho de evangelização de todo o mundo, como lhes havia sido mandado (Mc.16:15), era indispensável que tivessem, da parte de Deus, o correspondente poder, o que lhes seria trazido pelo batismo com o Espírito Santo:

” Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós e ser-Me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At.1:8)

– Os discípulos haviam aprendido bem a lição do seu Mestre. Ao saberem do avivamento em Samaria, mandaram para lá dois apóstolos, Pedro e João que, ao se inteirarem do que estava ocorrendo, sentiram a necessidade de que aqueles crentes também fossem revestidos de poder para poderem prosseguir na sua vida com Deus, tanto que orou para que eles também fossem batizados com o Espírito Santo, o que ocorreu, numa clara demonstração de que esta era a vontade do Senhor (At.8:15-17).

– O próprio Jesus demonstrou, uma vez mais, que, para que se possa realizar com êxito a tarefa de evangelização, é indispensável o batismo com o Espírito Santo. Assim, para que o seu vaso escolhido pudesse realizar a tarefa para o qual estava comissionado, qual seja, o da pregação do evangelho aos gentios (At.9:15),

havia a necessidade de que Paulo fosse batizado com o Espírito Santo (At.9:17), tanto que, ainda em Damasco, antes que pudesse, com eloqüência, pregar o evangelho (At.9:20), já fora revestido de poder, poder este que o próprio Paulo afirma ter sido fundamental para o seu ministério (I Co.2:4,5).

– Em Cesareia, como vimos supra, o batismo com o Espírito Santo tinha um objetivo primordial, qual seja, o de atestar a Pedro e os que com ele estavam que o evangelho também era dirigido aos gentios e a forma manifesta para tanto era o derramamento do Espírito sobre aqueles novos convertidos.

De qualquer modo, para que aqueles gentios pudessem persistir servindo a Deus, sem o respaldo cultural da tradição judaica, era indispensável o revestimento de poder para que pudessem perseverar até o final.

– Em Éfeso, cidade dominada pelo ocultismo e pela idolatria (At.19:19,24), havia, também, a necessidade que os primeiros discípulos, além de serem instruídos quanto ao verdadeiro caminho, também fossem revestidos do poder do Espírito Santo, ante o ambiente extremamente adverso e hostil que enfrentariam.

Foi graças a uma atuação sempre eficaz do Espírito Santo naquela igreja que Jesus pôde atestar àqueles crentes o seu elevado discernimento espiritual e o seu esforço evangelístico (Ap.2:2,3).

– Como podemos verificar, portanto, o batismo com o Espírito Santo é uma necessidade para a continuidade da obra do Senhor, um fator indispensável para o trabalho de evangelização, para o cotidiano da vida espiritual, que é uma contínua batalha entre a igreja e as hostes espirituais da maldade (Mt.16:18; Ef.6:12).

Neste ponto, o modo primordial pelo qual se transfere poder do Espírito ao homem é o batismo com o Espírito Santo.

IV – LÍNGUAS ESTRANHAS – O SINAL DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

– Jesus havia prometido a vinda do Espírito Santo e tinha determinado aos Seus discípulos que aguardassem em Jerusalém o revestimento de poder. O Senhor não deixou os discípulos sem saber que a manifestação ocorrida no cenáculo naquele dia de Pentecostes era a promessa que havia feito dias antes.

– O Espírito Santo desceu como o som como de um vento veemente e impetuoso, a fim de que os discípulos bem soubessem que se tratava do Espírito de Deus (como sabemos, o vento era associado ao espírito);

os discípulos viram que o Espírito pousava sobre cada um deles como línguas repartidas como de fogo, fazendo, também, lembrar a promessa de João de que o Messias batizaria com o Espírito Santo e com fogo. Deus jamais deixa os Seus servos confusos e sempre os faz conscientes do que está fazendo para o crescimento espiritual do Seu povo.

– Quando analisamos os sinais apresentados pelo Senhor para que os Seus discípulos identificassem a manifestação inédita do derramamento do Espírito Santo, vemos que eles estavam relacionados com a identificação por parte dos discípulos de que se tratava do revestimento de poder prometido por Jesus.

O vento e o fogo eram demonstrações que permitiam aos servos do Senhor saber que estavam sendo batizados com o Espírito Santo, diante do que havia sido pregado e ensinado pelo Senhor no ministério terreno de Jesus, com uma exceção, a saber: a visão das línguas repartidas.

– Com efeito, as línguas repartidas como de fogo que foram vistas pelos discípulos tinham uma função diferente dos demais sinais. Se os outros sinais tinham como objetivo fazer os discípulos não terem qualquer tipo de dúvida de que ali se cumpria a promessa de Jesus (e, por isso mesmo, eram manifestações circunscritas àquela manifestação, que não mais se repetiriam),

as línguas repartidas como que de fogo eram um sinal para que os discípulos bem entendessem porque haveriam de falar sobrenaturalmente em outras línguas e que, dali por diante, este seria o sinal a demonstrar que alguém seria revestida de poder.

– O falar em outras línguas, também, está relacionado com o fato de ter se aberto um novo período para os gentios alcançarem a salvação. As nações haviam fracassado espiritualmente ao término da dispensação, do governo humano, quando resolveram, na comunidade política única então existente, rebelar-se contra Deus no episódio da construção da torre de Babel e, como castigo pela sua desobediência, acabaram sendo confundidas as línguas (Gn.11:1-9).

– A confusão de línguas foi o sinal dado por Deus para reprovar as nações, para dar fim ao relacionamento direto com todos os povos, algo que seria feito, a partir de então, através de uma nação, que seria formada pelo próprio Deus, a partir de Abrão, como se verifica a partir do capítulo 12 do livro de Gênesis: Israel.

Entretanto, Israel rejeitou a salvação oferecida na pessoa de Cristo e, por isso, Deus abre a oportunidade novamente aos gentios e o início desta dispensação aberta aos gentios se daria, também, mediante uma manifestação linguística, como a que ocorreu no dia de Pentecoste. Nada das coisas que acontecem no plano divino são casuais, sempre têm um propósito.

– Como se não bastasse isso, como bem argumenta o pastor Luiz Henrique de Almeida Silva, pioneiro das aulas de EBD na internet, a língua é o órgão mais rebelde à ação do Espírito Santo, é o órgão mais difícil de controle no ser humano (Tg.3:1-12), de modo que, ao estabelecer como sinal do batismo com o Espírito Santo, o falar em línguas estranhas, o Senhor quis deixar bem claro que se alcançou, naquela pessoa, a plenitude do Espírito Santo, tanto que Ele passa a dominar o mais indomável dos órgãos daquela pessoa.

– Como podemos, portanto, concluir, o sinal das línguas estranhas foi estabelecido para ser o sinal característico e identificador do batismo com o Espírito Santo, não havendo qualquer outro sinal que tenha sido indicado nas Escrituras como sendo a prova de que alguém foi batizado com o Espírito Santo.

– O primeiro registro do batismo com o Espírito Santo, como sabemos, nas Escrituras, foi o dia de Pentecostes. Os discípulos, ao serem revestidos de poder, falaram em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (At.2:4).

Foi este falar em outras línguas que deixou a multidão, que fora ver o que estava acontecendo, admirada, pois ouviam os discípulos falar das grandezas de Deus em suas próprias línguas natais, pois ali estavam judeus de várias regiões do planeta (At.2:7-12).

– É interessante notar que o texto bíblico ressalta o sinal dos discípulos falarem em outras línguas e de sua sobrenaturalidade, a demonstrar, pois, que é este o sinal, a evidência, a prova do revestimento de poder. Não é por acaso que esta relevância é dada no texto, precisamente para que não haja qualquer dúvida.

Apesar disto, existe muita celeuma a respeito deste tema, mais uma demonstração da incredulidade humana e do esforço do maligno em querer distorcer esta manifestação inequívoca de fidelidade e de amor por parte do Senhor em relação ao Seu povo.

– O segundo registro do batismo com o Espírito Santo não é explícito quanto ao falar em línguas estranhas. Ao narrar o batismo com o Espírito Santo dos crentes samaritanos, a Bíblia limita-se a dizer que os discípulos impuseram as mãos sobre aqueles irmãos e que eles “receberam o Espírito Santo” (At.8:17).

– Apesar do silêncio do texto bíblico, não podemos deixar de entender o contexto da passagem. A Bíblia afirma-nos que Filipe, enquanto pregava o evangelho, fazia toda sorte de sinais, prodígios e maravilhas (At.8:6,7).

Assim, quando os apóstolos Pedro e João oraram com o objetivo de que aqueles crentes fossem batizados com o Espírito Santo, o que deveria acontecer para que eles considerassem estes crentes como revestidos de poder? Sinais, prodígios e maravilhas, não, pois isto já estava acontecendo diante do ministério de Filipe.

Ocorreu algo que foi identificado não só pelos discípulos mas por todos os crentes, como revela a própria expressão de Simão, o ex-mágico (At.8:19).

– Uma análise fria, imparcial indica-nos que o único fenômeno que pode ter sido considerado para apontar o revestimento de poder é o falar em outras línguas, exatamente porque é este o sinal que o próprio Senhor deu aos discípulos no dia de Pentecoste para conscientizá-los desta manifestação.

– O terceiro registro do batismo com o Espírito Santo também não é explícito quanto ao falar em línguas estranhas. Ao narrar o batismo com o Espírito Santo do apóstolo Paulo, a Bíblia limita-se a dizer que o apóstolo, após uma oração de Ananias, foi cheio do Espírito Santo (At.9:17).

– Entretanto, apesar de o texto bíblico não indicar que Paulo tenha falado em línguas estranhas, outro texto nos permite entender que sim, pois o apóstolo fez questão de dizer aos coríntios que falava mais línguas do que qualquer membro daquela igreja (I Co.14:18).

Quando, então, falou línguas pela primeira vez Logicamente que foi no dia em que foi revestido de poder, ainda na casa de Judas, na rua Direita, na cidade de Damasco, então capital da província romana da Síria.

– O quarto registro do batismo com o Espírito Santo é explícito quanto ao falar em línguas estranhas e ajuda, inclusive, a corroborar o entendimento que apresentamos nos dois registros anteriores.

Na casa de Cornélio, o batismo com o Espírito Santo foi reconhecido por Pedro e pelos discípulos que o acompanhavam pelo fato de Cornélio e os seus falarem em línguas estranhas (At.10:46).

– Temos, aqui, portanto, a prova de que o sinal que era observado e verificado pelos discípulos na igreja primitiva para dizerem que alguém foi batizado pelo Espírito Santo era tão somente o falar em outras línguas, como, aliás, disto dá conta o próprio Pedro, quando justifica o batismo em água de gentios perante a igreja em Jerusalém (At.11:15).

O sinal do batismo com o Espírito Santo, portanto, para os discípulos que vivenciaram o dia de Pentecoste, não era outro senão o falar em línguas estranhas.

– O quinto registro do batismo é, igualmente, explícito quanto ao falar em línguas estranhas. Em Éfeso, após Paulo orar e impor as mãos sobre aqueles discípulos que ele ali encontrou, dizem as Escrituras que os discípulos receberam o Espírito Santo (ou, na expressão literal: “veio sobre eles o Espírito Santo’) e que eles falaram em línguas e profetizaram (At.18:6), ou seja,

a prova de que tinham sido batizados com o Espírito Santo foi o falar em línguas, aqui também acompanhado do dom espiritual de profecia, manifestação, entretanto, que não é a evidência do batismo, mas já era uma consequência da transmissão do poder efetuada pelo batismo com o Espírito Santo.

Como podemos observar, portanto, aqui, também, as Escrituras mostram que o sinal do batismo com o Espírito Santo é o falar em outras línguas.

– Com o devido respeito e acatamento aos estudiosos da Bíblia Sagrada que assim não entendem, não há como, dentro da Bíblia Sagrada, achar que exista outro sinal, outra manifestação que indique o batismo com o Espírito Santo a não ser o falar em línguas estranhas.

Pensar diferentemente é menosprezar a mensagem das Escrituras e abandoná-la em favor de dogmas e preconceitos que não têm qualquer fundamentação bíblica.

IV – O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO É PROMESSA AINDA VÁLIDA PARA NOSSOS DIAS

– A maior parte dos chamados evangélicos tradicionais (ou reformados), ou seja, as denominações evangélicas surgidas durante a Reforma Protestante, movimento de renovação espiritual surgido a partir do século XV na Europa e que teve, entre outros, grandes expressões nas figuras de Martinho Lutero e João Calvino, não aceitam que o batismo com o Espírito Santo seja uma realidade para os nossos dias.

Argumentam que o derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento restrito ao dia de Pentecostes ou, quando muito, aos tempos apostólicos, algo como a própria inspiração do Espírito Santo que resultou na elaboração do Novo Testamento. São “cessacionistas”, porque entendem que estas manifestações cessaram, não mais existem atualmente.

– Entretanto, este entendimento não pode ser aceito, porque não tem respaldo bíblico. Em primeiro lugar, não devemos deixar de considerar que, realmente, certas operações divinas são restritas a um determinado tempo ou época. Entre estas operações, está, sem dúvida, a formação das Escrituras Sagradas, que teve a sua conclusão nos tempos apostólicos.

No entanto, isto não é resultado da vontade humana ou de uma análise histórica, como pode parecer, mas quem o revelou foi a própria Bíblia Sagrada. Com efeito, as palavras registradas em Ap.22:18,19 dizem respeito não apenas ao livro de Apocalipse mas a todas as Escrituras, sendo o verdadeiro selo de fechamento da revelação de Deus ao homem. Deus revelou-Se completamente ao homem através de Seu Filho Jesus (Hb.1:1) e é o próprio Cristo quem encerra a revelação das Escrituras (Ap.22:20).

Mesmo para os que consideram que o Evangelho segundo João é posterior ao livro de Apocalipse, lá, também, há uma passagem que pode ser considerada como selo de fechamento da revelação da Palavra (Jo.20:31 e 21:25).

– Assim, temos certeza de que nada se pode acrescer às Escrituras Sagradas, porque é o próprio Deus que o diz em Sua Palavra. Desta forma, temos de ter a compreensão que o tempo da operação do Espírito Santo de revelação da Bíblia, de inspiração para a redação da Bíblia, era um tempo limitado aos tempos apostólicos.

– Com respeito, porém, ao batismo com o Espírito Santo, o mesmo não se dá. E quem é que o diz? Os teólogos pentecostais? Os líderes das denominações chamadas pentecostais? Claro que não! Quem o diz é a própria Palavra de Deus!

– No dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta operação do Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do derramamento do Espírito.

O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa estava reservada para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20), reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39).

– Pelo que podemos, portanto, concluir, pelas Escrituras, o batismo com o Espírito Santo é uma manifestação que tem sua duração prevista até o “grande e glorioso dia do Senhor”, ou seja,

” …o Juízo Final de Deus sobre toda a impiedade, que incluirá a tribulação dos sete anos e a volta de Cristo para reinar sobre a Terra…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, nota a Jl.1:15, p.1288-9), o que inclui, portanto, toda a dispensação da graça e não apenas os tempos apostólicos.

– Não bastasse isso, vemos que um dos objetivos do batismo com o Espírito Santo é a devida preparação para a obra de evangelização, algo que é próprio e característico da dispensação da graça (Lc.24:49; At.1:8).

– Não eram apenas os discípulos da geração apostólica que deveriam pregar o Evangelho, mas a grande comissão é tarefa de toda a igreja, como nos deixam claro as expressões de Jesus, que são dirigidas a toda a igreja (Mc.16:15 e At.1:8), assim como os ensinamentos de Paulo a este respeito (I Co.9:16; II Tm.4:1,2).

Ora, diante disto, temos que o batismo com o Espírito Santo é uma operação que deve perdurar enquanto a igreja estiver pregando o evangelho, o que acontecerá até o final desta dispensação (Mt.24:14; Ap.22:17).

– A história da Igreja, ademais, tem comprovado que o batismo com o Espírito Santo não é uma realidade circunscrita aos tempos apostólicos. Durante todos os avivamentos ocorridos nestes dois milênios, tem havido registros da manifestação do batismo com o Espírito Santo.

– Grandes homens de Deus, mesmo entre os chamados “reformados”, mostra-nos a história, receberam esta bênção, como, por exemplo, registra-se na Igreja Morávia, num avivamento ocorrido durante cem anos no século XVIII, avivamento, inclusive, responsável pelo despertamento e conversão de John Wesley (o que alguns metodistas renovados indicam como sendo a experiência pentecostal de Wesley, em 24 de maio de 1738, é, em verdade, a experiência de novo nascimento do grande pregador do Evangelho) ou, ante o ministério de Dwight Moody, no século XIX.

– Aliás, são palavras do próprio Moody: “…Se quisermos trabalhar… tendo em vista um propósito definido, precisamos ter o poder do alto. Sem esse poder, nossos esforços não passarão de mero e enfadonho trabalho. Com esse poder, nossa labuta se transformará numa tarefa alegre, num serviço agradável.

Não posso deixar de crer que haja muitos e muitos crentes desejando ser mais eficientes na obra que fazem para o Senhor. Por essa razão, o objetivo deste livro é apresentar maiores esclarecimentos sobre a obra e a Pessoa do Espírito Santo, de modo que todo o crente possa saber de quem esperar receber esse poder …” (O Poder Secreto (sinopse). Disponível em <www.minasdeleitura.com.br/livros/000306 html> Acesso em 11 dez 2003).

– O movimento pentecostal surgido a partir do final do século XIX, de onde surgiram as grandes denominações evangélicas dos nossos dias (entre elas, as Assembleias de Deus) é apenas um destes avivamentos, ainda que seja o mais duradouro de todos os tempos, mais um sinal da proximidade da volta do Senhor.

Diante destes fatos (e contra fatos, não há argumentos), não há como defender que a promessa do batismo com o Espírito Santo seja reservado apenas para os dias apostólicos.

OBS: As evidências de que o batismo com o Espírito Santo é uma promessa para todo o período da dispensação da graça são tantas que os estudiosos que teimam em reconhecer esta realidade, presos a dogmas que hoje estão cabalmente desmentidos, acabam tomando posições absolutamente indefensáveis,

recorrendo a teorias conspiratórias e, o que é pior, procurando identificar o genuíno movimento do Espírito Santo com distorções e desvios doutrinários que têm, também, surgido nos últimos tempos, o que, aliás, nada mais é que cumprimento das próprias Escrituras (II Pe.2:1-3),

como, aliás, se entre os evangélicos tradicionais não tenham, igualmente, aparecido falsos doutores e mestres que, entre outras coisas, tentaram introduzir no meio da Igreja falsos ensinamentos como o ecumenismo, a teologia da libertação ou, como temos visto tristemente, o explícito apoio a práticas pecaminosas como o homossexualismo voluntário e deliberado.

– Os resultados vividos pela Igreja a partir do despertamento espiritual experimentado a partir do final do século XIX e o avivamento mais duradouro que se tem notícia desde então, com a evangelização de praticamente todo o mundo, mostra-nos, claramente,

que nos encontramos no período da “chuva serôdia” descrita pelo profeta Joel e que nos encontramos no término da dispensação da graça e que, portanto, como nunca, estamos vendo que o batismo com o Espírito Santo é algo que é indispensável e necessário para que a Igreja cumpra o seu objetivo e para que, juntamente com o Espírito Santo, encontre-se com o Senhor nos ares. Maranata!

V – O MOTIVO PELO QUAL JESUS QUER BATIZAR TODOS OS CRENTES COM O ESPÍRITO SANTO

– A necessidade do batismo com o Espírito Santo apresenta-se como uma verdade sempre presente seja no ministério de João, seja no ministério de Jesus, tendo tal necessidade se tornado patente e comprovada no dia de Pentecoste, quando, diante das primeiras conversões, ficou demonstrado, à saciedade, que, sem tal experiência, a obra evangelizadora que se exigia da igreja jamais poderia ser alcançada a contento.

– Não é, portanto, coincidência que, na história da igreja, sempre tenham surgido avivamentos e manifestações pentecostais como molas propulsoras dos grandes saltos de evangelização entre os povos, até porque, se este evangelho não for pregado a todas as gentes, não poderá vir o fim da atual dispensação (Mt.24:14).

Assim, ao lado do ressurgimento de Israel como nação politicamente organizada no mundo, na Palestina, temos que a constância do movimento pentecostal há mais de um século, desde o final do século XIX, e o consequente trabalho missionário da igreja são os sinais mais evidentes da proximidade do término desta dispensação e do iminente retorno de Jesus Cristo para buscar a Sua igreja.

– Quando, porém, observamos estes mesmos textos das Escrituras que nos indicam a indispensabilidade do batismo com o Espírito Santo como uma realidade a ser vivenciada pela igreja, a fim de que ela possa cumprir o seu papel, também notamos que é o desejo de Jesus que todos os crentes sejam alcançados por esta promessa.

Ao anunciar que os discípulos deveriam aguardar o revestimento de poder, Jesus não fez qualquer restrição a respeito de quem deveria aguardar o batismo com o Espírito Santo.

– Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até do que do alto sejais revestidos de poder” (Lc.24:49), foram as palavras proferidas pelo Senhor, palavras estas que foram ditas, segundo nos dá conta o apóstolo Paulo, há mais de quinhentos crentes, que o ouviam no monte das Oliveiras, neste seu último discurso antes de ascender os céus (cfr. I Co.15:6; At.1:12; Lc.24:50,51).

Assim, a promessa foi feita para todos quantos criam em Jesus e professavam Seu nome naquele tempo, ou seja, a toda a igreja então existente.

– Isto nos mostra, de modo claro, que não havia qualquer restrição de Jesus, a quem quer que fosse, para que recebesse o batismo com o Espírito Santo, mas que, a exemplo do que acontecera com relação ao novo nascimento, também todos pudessem ter esta mesma experiência.

Lamentavelmente, dos mais de quinhentos que ouviram a promessa, apenas quase cento e vinte perseveraram até o dia de Pentecostes (At.1:15) e, por isso, só estes, naquela oportunidade, foram revestidos de poder.

Entretanto, e isto é muito importante, tantos quantos perseveraram e creram nas palavras do Senhor, alcançaram a bênção, mesmo se não eram do colégio apostólico (então com onze integrantes, tendo sido escolhido Matias para complementação do número original),

se eram homens ou mulheres (sim, mulheres também estavam entre os que foram batizados com o Espírito Santo, cfr. At.1:14), se eram crentes antigos (como os primitivos discípulos, como Pedro, João e André) ou se eram crentes recentemente convertidos (como os irmãos de Jesus, que se converteram apenas depois da ressurreição do Senhor, cfr. I Co.15:7). A vontade de Jesus é batizar a tantos quantos creiam na promessa e nela perseverem!

– Entretanto, como tudo relacionado a Deus, há de existir um propósito para que Jesus tivesse querido que os discípulos recebessem o batismo com o Espírito Santo.

As bênçãos de Deus não são dadas a esmo nem as experiências sobrenaturais colocadas à disposição dos servos de Deus existem por si sós ou para exaltação e soberba dos que a vivenciam.

Muito pelo contrário, as experiências proporcionadas por Deus têm como objetivo trazer condições ao Seu servo para que realize os sublimes propósitos divinos, bem como sirvam para a glorificação do nome do Senhor.

– O primeiro objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é, precisamente, fazer com que o crente possa ser Sua testemunha.

É o que verificamos no texto de At.1:8. Alguém só pode ser testemunha de alguém se tiver presenciado o fato, se conhecer a pessoa ou a sua vida e obra.

Tanto assim é que a lei brasileira, por exemplo, diz que não pode ser considerada como testemunha aquele que nada souber sobre os fatos que estão sendo analisados num determinado processo (artigo 209, § 2º do Código de Processo Penal).

Como poderia um crente falar a respeito do amor e do poder de Deus, se não os presenciasse, se não os vivenciasse? Somente o crente batizado com o Espírito Santo é testemunha plena e completa da obra de Deus através de Jesus Cristo, pois não só desfruta do amor de Deus, pois é salvo, como também foi envolvido pelo poder de Deus através do revestimento de poder.

– O segundo objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de proporcionar ao crente a alegria do Espírito Santo. A Bíblia fala-nos que, uma vez cheios do poder do Espírito, os discípulos passaram a falar das grandezas de Deus (At.2:11). Estavam todos alegres, glorificando a Deus e exaltando o nome do Senhor.

– A alegria no Espírito Santo é uma característica indispensável para quem quer ser semelhante a Cristo (Lc.10:21). A alegria é resultado da ação do poder de Deus nas nossas vidas (cfr. Lc.10:17) e, como bem afirmou Neemias, quando o povo chorava enquanto ouvia a Palavra de Deus, ” a alegria do Senhor é a nossa força” (Ne.8:10).

Quando somos salvos, recebemos a alegria da salvação (Sl.51:12), mas se trata de uma alegria introspectiva, interna, enquanto que o gozo advindo da experiência pentecostal faz com que ela jorre para os outros, se expresse com ousadia e seja capaz de compungir os corações dos que nos ouvem.

– O terceiro objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de transmitir poder sobrenatural a eles, propiciando a recepção dos dons espirituais. Com o batismo com o Espírito Santo, o crente passa a ser portador de porção do poder divino, que o torna capaz de operar maravilhas, sinais e prodígios para a glorificação do nome do Senhor.

– Cheios do Espírito Santo, Pedro e João puderam conceder a cura ao coxo da porta Formosa, dando-lhe aquilo que tinham obtido mediante o revestimento de poder. Aliás, a concessão deste poder está tão relacionada ao batismo com o Espírito Santo, que o próprio Jesus o denominou de “revestimento de poder”.

– É importante, aqui, observar a expressão bíblica “revestimento”, ou seja, o crente já é vestido de poder, pois recebeu o Espírito Santo, foi por ele gerado, é uma nova criatura, contra a qual nada pode fazer o mal (I Jo.5:18), mas, quando batizado com o Espírito Santo, passa a ter um poder todo especial, que lhe permite efetuar obras maiores até que as que foram feitas por Jesus em Seu ministério terreno (cfr. Jo.14:12).

– O quarto objetivo de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é o de criar um ambiente de maior intimidade entre o crente e o Espírito Santo, que cria um outro patamar espiritual seja na oração, seja no serviço.

– O batismo com o Espírito Santo é um “mergulho”, uma “imersão” no Espírito. A pessoa passa a estar envolvida pelo Espírito Santo, a estar integralmente sob a influência do Espírito Santo, a desfrutar de uma intimidade tal que dispensa até mesmo a intermediação de nossa alma neste relacionamento espiritual (como ocorre quando falamos em línguas estranhas, cfr. I Co.14:2).

– Em consequência desta intimidade, o crente pode ser usado mais eficazmente pelo Espírito Santo e lhe compreende os desígnios com muito mais facilidade, o que não ocorre com o que não é batizado com o Espírito Santo. Enquanto Apolo teve de ser orientado por Priscila e Áquila, Paulo não teve dificuldade em discernir onde o Espírito Santo queria que ele pregasse o Evangelho.

– O teólogo Dr. James W. Dale estudou exaustivamente o termo “batismo” e chegou à conclusão de que, além de “mergulho”, esta palavra tem, também, o significado de “… aquilo que é capaz de mudar completamente o caráter, o estado ou a condição de qualquer objeto; é capaz de batizar aquele objeto; e por tal mudança de caráter, de estado, ou de condição, ele de fato batiza-o” (Classic Baptism. 2.ed., p.354 apud CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática, v.6, t.III, p.481). Assim, o crente batizado no Espírito Santo é um crente que está totalmente modificado pelo Espírito, totalmente envolvido por Ele, algo que, como afirma Chafer, ” …não é para um momento, mas dura para sempre.” (op.cit., v.6, t.III, p.482).

VI – O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO: UMA BÊNÇÃO QUE DEVE SER BUSCADA

– Quem nos ensina que o batismo com o Espírito Santo deve ser uma bênção que deve ser buscada pelo crente é o próprio Jesus. A Bíblia informa-nos que, embora tivesse feito a promessa do revestimento de poder, o Senhor determinou aos Seus discípulos que aguardassem o cumprimento desta promessa em Jerusalém, não precisando quando nem como ela viria.

Os discípulos, diz-nos o texto sagrado, foram, então, para o cenáculo e lá ficaram orando durante sete dias até que, no dia de Pentecostes, foram revestidos de poder.

– A Bíblia, também, nos informa que, em Samaria, o batismo com o Espírito Santo somente veio quando os discípulos impuseram as mãos sobre os crentes samaritanos e começaram a orar.

Isto mostra, claramente, que foram batizados aqueles que, sabendo da promessa e do intuito da oração dos discípulos, dispuseram-se a orar e a permitir que fossem alvo da imposição de mãos dos apóstolos.

– Com relação a Paulo, também não foi diferente. Paulo estava orando já há alguns dias, desde a sua conversão e, quando Ananias chegou, este fez uma oração e Paulo acabou sendo cheio do Espírito Santo, sendo de se observar que tal circunstância, ante o silêncio do texto bíblico, não causou surpresa a Ananias, o que nos permite inferir que era algo comum que alguém que estivesse orando e buscando a Deus, obtivesse esta bênção de poder.

– Na casa de Cornélio, não houve uma busca consciente do batismo no Espírito Santo, operação que tinha, da parte de Deus, um propósito de superação de barreiras culturais que poderiam impedir a conversão e reconhecimento daqueles novos crentes por parte da igreja primitiva, mas não é de se desprezar a circunstância de que o texto sagrado nos dá conta de que Cornélio e a sua casa estava ansiosa e toda reunida à espera da chegada de Pedro, numa clara demonstração de que buscavam eles a presença de Deus, ainda que o fizessem, como gentios que eram, na forma do tatear (cfr. At.17:27).

– Por fim, a mesma disposição encontrada na casa de Cornélio e entre os crentes samaritanos, vamos presenciar nos discípulos de Éfeso que, após terem sido batizados em água, aceitaram ter a imposição de mãos e, conscientemente, buscaram e obtiveram o batismo com o Espírito Santo.

– Como talvez em nenhum ponto das Escrituras, temos, quando o assunto é o batismo com o Espírito Santo, a plena aplicação do ensino da insistência de que nos fala Jesus no sermão do monte (Mt.7:7-11). Aliás, não poderia ser diferente, pois, como vimos já nesta lição, o batismo com o Espírito Santo é uma continuidade, um prosseguimento na carreira espiritual do cristão.

Mas é importante observar que, embora seja um estágio a mais na vida do cristão, de forma alguma o batismo com o Espírito Santo é um estágio final, como, infelizmente, tem sido considerado pela esmagadora maioria dos crentes pentecostais nos nossos dias.

– Não são poucos os crentes que menosprezam e até descreem do batismo com o Espírito Santo nos nossos dias, confundindo-o com a experiência da conversão (ou novo nascimento) ou, então, dizendo ser uma experiência que ficou circunscrita aos tempos apostólicos.

– O batismo com o Espírito Santo, desde a pregação de João, foi considerado uma necessidade para que a igreja pudesse cumprir o seu papel, para que o crente pudesse desempenhar, com eficiência e eficácia, aquilo que o Senhor determinou que fizesse.

– Em momento algum, vemos que o Senhor considerou como sendo biblicamente aprovada uma vida cristã sem a presença do batismo com o Espírito Santo. Se é verdade que a falta do batismo com o Espírito Santo não compromete a salvação do crente, também não é menos verdadeiro que tudo o mais na vida espiritual apresenta-se comprometido e prejudicado pela ausência desta bênção.

– Ora, se assim era nos dias apostólicos, quando a igreja dava os seus primeiros passos, quando se iniciava a dispensação da graça, que diremos dos nossos dias, dias que a Bíblia chama de “tempos trabalhosos” (II Tm.3:1), de dias de multiplicação da iniquidade que esfriará o amor de muitos (Mt.24:12), de apostasia (II Ts.2:3; I Tm.4:1), dias comparáveis aos de Noé e de Ló em termos de maldade (Lc.17:26,28)?

– Será que, diante de tamanho risco para a nossa salvação, quando já começa a operar com cada vez maior desenvoltura o espírito do anticristo (I Jo.4:3; II Ts.2:7), podemos abrir mão desta promessa que o Senhor nos deixou, exatamente para nos dar maior intimidade com Ele, para nos dar poder, para nos dar ousadia? Obviamente que a resposta é não!

– O batismo com o Espírito Santo continua sendo o instrumento indispensável e necessário para que possamos enfrentar o nosso adversário e ganhar almas para o reino do Senhor, a começar da nossa própria (pois de nada adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma – Mt.16:26).

– Jesus é o mesmo (Hb.13:8) e, deste modo, não haveria de mudar. Se determinou aos discípulos que aguardassem o revestimento de poder para que, com êxito, cumprissem a Sua vontade, se é Seu desejo que todos os crentes sejam batizados com o Espírito Santo, não haveria de, agora, às vésperas de Sua volta, alterar os Seus desígnios, modificar a Sua vontade.

– Sendo assim, se o(a) querido(a) irmão(ã) ainda não é batizado(a) com o Espírito Santo, o que está a esperar? Comece, agora mesmo, a buscar esta promessa, que é para tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39b).

– Se, porém, o(a) irmão(ã) já tiver recebido esta promessa, verifique se ela ainda está viva em você, ou se é apenas um quadro na sua memória.

O batismo não é para ser um instante de nossa história, mas uma realidade atual e viva a cada manhã. Tem este batismo com o Espírito Santo sido atuante?

– E ter o batismo com o Espírito Santo atuação não significa, como muitos pensam, estar a falar constantemente em línguas estranhas. Não resta dúvida que o falar em línguas, o orar em línguas é elemento importante e relevante em nossa vida espiritual, mas o batismo com o Espírito Santo, como bem afirma o escritor Gutierres Fernandes Siqueira, é um “dom de capacitação evangelística”, ou seja, quem mantém acesa a chama do batismo do Espírito Santo é alguém que se empenha em ser testemunha de Jesus, em ganhar almas para o Senhor.

OBS: “…Sem a crença do Batismo no Espírito, seja ele evidenciado com o sinal da glossalalia ou não (logo porque não há consenso entre os pentecostais nesse aspecto), não é possível alguém afirmar que alguém é pentecostal. O dom do Batismo, como capacitador evangelístico, é essencial para a crença pentecostal.

O pentecostalismo é uma pneumatologia missiológica. É uma teologia que vai além da eclesiologia dos carismas, embora seja esse o segundo ponto mais importante de sua modesta estrutura. O continuísmo, repito, é parte essencial do pentecostalismo, mas o pentecostalismo não se resume ao continuísmo.

O pentecostalismo não está voltado apenas para a capacitação espiritual dos dons que visam a edificação da igreja no contexto litúrgico, mas, acima de tudo, busca o revestimento de poder para sair às ruas e vielas deste mundo numa proclamação evangelística com autoridade, coragem sobrenatural e milagres…” (SIQUEIRA, Gutierres Fernandes. Existe ‘pentecostalismo reformado’. Disponível em: https://ocristaopentecostal.wordpress.com/2018/09/20/existe-pentecostalismo-reformado/ Acesso em 08 nov. 2020).

– Este, aliás, é o entendimento da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, “in verbis”, “…O falar em línguas é a evidência inicial desse batismo, mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como “o fruto do Espírito” (Gl.5:22) e a manifestação dos dons [I Co.14:1]…” (DFAD, XIX, p.165).

– Se não temos esta atuação do batismo na atualidade das nossas vidas, ainda é tempo de buscarmos a renovação e de fazermos com que esta bênção nos conduza a caminhos mais excelentes. Amém!

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://portalebd.org.br/classes/adultos/6128-licao-3-o-batismo-no-espirito-santo-i

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