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LIÇÃO Nº 7 – A NECESSIDADE DO NOVO NASCIMENTO

CREMOS

(…)

Na necessidade absoluta do novo nascimento pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus para tornar o homem aceito no Reino dos Céus (Jo.3:3-8; Ef.2:8,9).

No perdão dos pecados, na salvação plena e na justificação pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At.10:43; Rm.10:13; 3:24-26; Hb.7:25; 5:9).

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INTRODUÇÃO

– Na lição passada, vimos que o pecado havia, de modo inevitável e invencível, separado o homem de Deus. Diante desta triste realidade, nada poderia o homem fazer.

Mas, antes que o homem se desesperasse, ainda no dia da queda, Deus lhe revela que, como é um ser presciente, já havia elaborado um plano para que o homem pudesse retornar ao seu estado original de comunhão com Deus.

– O item 5 do nosso Cremos já prenuncia como se dá esta salvação, ao dizer que a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo pode restaurar o homem a Deus, o que é concluído nos itens 6 e 7, que nos mostram que, para ser salvo, é preciso nascer de novo pela graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo, que permite o perdão dos nossos pecados.

I – A ORIGEM DA SALVAÇÃO ESTÁ EM DEUS

– Na lição anterior, vimos que o homem, ao se envolver com o pecado, entrou em um verdadeiro “beco sem saída”. Ao pecar, tornou-se servo do pecado (Jo.8:34), dominado totalmente por ele (Gn.4:7), sem condição alguma de modificar esta situação.

– Entretanto, a história não terminou com esta tragédia. Bem ao contrário, a Bíblia Sagrada nos ensina que, mesmo antes da fundação do mundo, dentro de Sua presciência, Deus já havia elaborado um plano para retirar o homem desta situação tão delicada (Ef.1:4; Ap.13:8).

Este plano, já existente mesmo antes da criação do mundo, foi revelado ao homem no dia mesmo de sua queda, quando o Senhor anunciou que haveria de surgir alguém da semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente e tornaria a criar inimizade entre o homem e o mal e, consequentemente, amizade, comunhão entre Deus e o homem (Gn.3:15).

Vemos, pois, claramente, que a salvação é algo que sua origem em Deus, que o homem não poderia, por si só, alcançar meios para restaurar a sua comunhão original com o seu Criador.

Deus, pelo Seu grande amor, providenciou um plano para trazer o homem de volta ao convívio com Ele.

– Este plano de Deus para a salvação do homem, revelado à humanidade no momento mesmo da aplicação da penalidade pela prática do pecado, foi sendo executado desde então.

O primeiro gesto deste plano foi a proibição de o homem ter acesso à árvore da vida por causa do pecado (Gn.3:22), acompanhado da expulsão do Éden (Gn.3:23).

Com estas medidas, Deus impediu que o homem, a exemplo dos anjos pecadores, vivesse numa dimensão eterna, condenado à inevitável e sempiterna separação de Deus, possibilitando ao homem que, mediante o arrependimento enquanto estivesse na dimensão terrena, pudesse desfrutar de uma eternidade com o Senhor.

– A partir de então, o Senhor iniciou a execução de Seu plano que alcançou o seu ápice quando da própria encarnação do Deus Filho, momento que as Escrituras denominam de “a plenitude dos tempos” (Gl.4:4), instante em que Deus cumpre a Sua promessa de providenciar, da semente da mulher, o único e suficiente Salvador, Jesus, o Seu próprio Filho (Mt.1:21; Lc.2:11; Jo.3:16,17; At.4:12).

Eis a razão pela qual a Bíblia, mais de uma vez, diz que Deus é o Deus da nossa salvação (I Cr.16:35; Sl.24:5; 51:14), bem como que a salvação dEle provém (Sl.3:8; 37:39; 62:1).

– A salvação, uma vez mais se mostra, foi obtida por intermédio da iniciativa divina. Não só Deus enviou o Seu Filho, como a obra da salvação somente se consumou porque o Filho deu a Sua vida pela humanidade (Jo.10:15-18).

A salvação foi consumada na cruz do Calvário, quando Jesus morreu por nós (Jo.19:30;Cl.1:20; Ef.2:13,16). Como diz a poetisa sacra Frida Vingren:

“O meu perdão foi consumado lá na cruz” (primeira estrofe do hino 397 da Harpa Cristã).

– Não é à toa, portanto, que o nosso Cremos, ao anunciar a restauração do homem a Deus, no item 5, fala, de imediato, na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo como o fator que permite tal restauração.

Nossa Declaração de Fé, aliás, tem um capítulo específico para falar das “obras de Cristo” (Capítulo V), cujo início assim salienta:

“CREMOS, professamos e ensinamos que a morte e a ressurreição corporal de Cristo são a viga mestra e o pilar da fé cristã.

Esses eventos distinguem o cristianismo de todas as religiões do mundo, pois o seu fundador continua vivo e vive para sempre:

“Não temas, Eu sou o Primeiro e o Último e O que vive: fui morto, as eis aqui estou vivo para todo o sempre” (Ap.1:17,18).

Sem a Sua morte, não haveria redenção:

“E, sendo Ele consumado, veio a ser causa de eterna salvação para todos os que Lhe obedecem” (Hb.5:9).

Sem a ressurreição, não haveria esperança para a humanidade:

“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.

E também os que dormiram em Cristo estão perdidos” (I Co.16:17,18).…” (Início do Capítulo V – Sobre as obras de Cristo da Declaração de Fé da CGADB).

– As Escrituras mostram que Deus é a fonte, a base da nossa salvação. Em diversas passagens, o Senhor é identificado como a “rocha” ou o “rochedo” da salvação, expressão que não apenas revela que Deus dá livramentos aos homens, mas que também n’Ele se encontra o mais importante livramento de que carece o homem depois que pecou: o livramento do domínio do pecado sobre a sua vida (Dt.32:15; II Sm.22:47; Sl.18:46; 62:2,6; 89:26).

– O homem não tem condições de salvar-se a si próprio. Esta é uma das grandes verdades anunciadas pela doutrina bíblica (Sl.146:3).

A Bíblia diz que Deus, ao contemplar os homens desde os céus, não viu justo algum (Sl.14:2,3) e aqueles que, por sua justiça, pudessem, de algum modo, achar graça aos olhos do Senhor, somente o fariam para si mesmos, sem condição alguma de transmitir sua justiça aos demais seres humanos (Ez.14:13-20).

Por isso, se a salvação não viesse por intermédio de Deus jamais o homem poderia ter esperança de voltar a ter um convívio eterno com o seu Criador.

– Mas, precisamente porque a salvação tem origem em Deus, podemos buscá-la e ter a certeza de que seus efeitos são permanentes e duradouros, pois, como qualquer outra obra do Senhor, a salvação apresenta algumas características que demonstram a sua sublimidade e grandeza.

– A salvação, por ter origem em Deus, é boa.

Tudo quanto Deus fez é muito bom (Gn.1:31) e a salvação não é exceção.

A salvação é boa porque demonstra a bondade e misericórdia de Deus para com o homem.

Porque a salvação é boa, quando dela somos vestidos, alegramo-nos do bem (II Cr.6:41).

Porque a salvação é boa, quando a conquistamos, somos separados do mal e passamos a fazer o bem (Mt.5:16; Rm.12:9-21; Gl.5:22; Ef.4:20-32).

– A salvação, por ter origem em Deus, é eterna (Is.45:17; Hb.5:9).

Deus é eterno e tudo quanto faz é, também, eterno e a salvação não é exceção.

A salvação permite ao homem que, tendo seus pecados perdoados, passe a desfrutar de uma nova comunhão com Deus, uma comunhão que é eterna, e, por isso mesmo, é chamada pela Bíblia de “vida eterna” (Jo.3:16; I Jo.2:25).

– A salvação, por ter origem em Deus, é perfeita (Tg.1:17).

A salvação veio do alto, foi-nos dada por Deus e, por isso, é perfeita.

A salvação é tão perfeita que Jesus tirou o pecado do mundo (Jo.1:29), resolvendo, com o Seu sacrifício, a questão que atormentava a humanidade desde a queda no jardim do Éden, de uma só vez, removendo os pecados e permitindo restabelecer a comunhão com Deus (Ef.2:13-16; Hb.9:26-28).

– A salvação, por ter origem em Deus, é única (At.4:12).

A salvação é obra do único Deus, do Deus imutável, e, portanto, só pode haver uma forma de salvação, um meio de salvação, que é através de Jesus Cristo.

Não existe outro modo de alcançarmos a salvação a não ser pela fé em Cristo, pela aceitação do Seu único sacrifício.

– A salvação, por ter origem em Deus, é um ato de amor (Jo.3:16).

A salvação é a maior demonstração do amor de Deus ao homem.

Há, mesmo, quem diga que Deus permitiu o pecado para revelar este que é um dos Seus principais atributos, que não se revelaria sem que houvesse o pecado.

Sem adentrarmos nesta discussão, que está além do que possamos compreender, o certo é que, através da salvação, Deus revela o Seu grande amor para com o homem, este amor incondicional e incompreensível, que se encontra muito além do nosso entendimento.

O fato é que Deus nos ama tanto que Se fez homem para pagar o preço dos nossos pecados e nos salvar, para que vivamos com Ele eternamente.

– A salvação, por ter origem em Deus, é uma manifestação da graça de Deus (Tt.2:11).

Deus, por intermédio da salvação, mostra que oferece ao homem um “favor imerecido”, a “graça”.

A salvação não vem ao homem porque o homem a mereça (e reside aqui uma das grandes dificuldades dos homens em compreenderem a salvação, pois sempre associam a salvação a algum mérito, o que, evidentemente, está completamente fora dos padrões bíblicos e da revelação divina sobre o assunto), mas porque Deus quis favorecer o homem, por ser um Deus de graça, manifestada em Jesus Cristo (I Co.1:4).

– A salvação, por ter origem em Deus, é um ato de justiça (Sl.65:5; 78:21,22; 98:2).

Deus é justo (Ex.9:27) e, por isso, a salvação é, também, a manifestação da Sua justiça.

Por isso, a salvação se fez mediante a morte de Cristo na cruz do Calvário, para pagar o preço da justiça divina, pois não há perdão sem derramamento de sangue (Hb.9:22) e o salário do pecado é a morte, de forma que se fazia necessário um sacrifício para o perdão de todos os pecados.

Também, como a salvação é um ato de justiça, não há como escapar da ira divina se não se atentar para esta salvação (Hb.2:1-4).

A salvação permite-nos vislumbrar, com absoluta clareza, que aos homens que a aceitarem, aproximar-se-ão do Senhor (Sl.85:9), mas está longe dos ímpios (Sl.119:155) e só os que alcançarem a salvação estarão livres da ira de Deus (Sl.85:4).

II – O PROCESSO DA SALVAÇÃO

– A salvação é o ato de salvar e “salvar” é “livrar”, “escapar”, “retirar de uma situação de risco de morte”.

A palavra “salvação” lembra-nos “salvamento” e “salvamento” nos traz à mente a ideia dos bombeiros militares, esta corporação cuja missão é retirar as pessoas de perigo de morte, de situações em que estão arriscadas a perder a sua vida, seja por causa de incêndios, acidentes, inundações e outros desastres. É esta precisamente a situação espiritual do homem quando pecou.

– Como o salário do pecado é a morte (Rm.6:23), assim que o homem desobedeceu a Deus, morreu espiritualmente, ou seja, ficou sem comunhão com o Senhor, exatamente como Deus lhe havia falado (Gn.2:16,17).

Estava, pois, arriscado a ficar eternamente separado de Deus, mas o Senhor, na Sua infinita misericórdia, não o permitiu, em primeiro lugar, prometendo restaurar a comunhão perdida e, em segundo lugar, impedindo que esta situação de morte adentrasse, de imediato, para o âmbito da eternidade (como ocorrera com os anjos rebeldes), impedindo o acesso do homem à árvore da vida e o expulsando do jardim do Éden.

– Dentro desta situação de risco de vida, deste perigo de ficar eternamente separado do seu Criador, Deus inicia a execução do plano da “salvação”, isto é, do “livramento”, do “escape”, a fim de levar-nos do poder das trevas para o reino do Filho do Seu amor (Cl.1:13; At.26:18).

– A salvação, porém, ao contrário do que muitos pensam, não é um ato único, um instante isolado, mas envolve todo um processo, ou seja, uma sequência de atos, com origem em Deus, mas também com participação humana, para que se tenha a sua consumação.

Tanto a salvação é um processo, que o próprio Jesus nos ensina que é preciso “perseverar até o fim” para que seja salvo (Mt.24:13), isto é, é preciso uma continuidade, uma constância até o instante final da nossa permanência nesta dimensão terrena, onde fomos postos pelo Senhor, por Sua misericórdia, para termos a chance e oportunidade de sermos salvos.

– O primeiro ato do processo da salvação foi, como vimos, a deliberação divina, a decisão de Deus, tomada ainda antes da fundação do mundo, de salvar o homem.

Se Deus não tivesse querido salvar o homem, jamais o homem poderia ter a oportunidade da salvação.

Movido pelo Seu amor, o Senhor decidiu que o homem teria esta chance e, por isso, planejou a salvação humana.

É neste sentido, portanto, que devemos entender as expressões bíblicas da “eleição” (I Ts.1:4; I Pe.1:2; II Pe.1:10) e da “predestinação” (Rm.8:29,30; Ef.1:5,11) divinas, que tanta celeuma tem gerado ao longo dos séculos entre os estudiosos da Bíblia.

– “Eleição” é o ato de eleger, o ato de escolher, ou seja, trata-se de uma manifestação de vontade. “Predestinação” é o ato de predestinar, ou seja, fixar previamente o destino de alguém.

A Bíblia mostra-nos que a salvação é fruto de uma manifestação da vontade soberana de Deus.

O Senhor escolheu salvar o homem, mesmo sabendo que ele haveria de pecar, e previamente determinou que todos aqueles que crerem em Cristo serão salvos e os que não o crerem, serão condenados.

 A salvação é para todos os homens (Is.55:1; Tt.2:11), sem qualquer distinção, tanto que o primeiro casal foi expulso do Éden e impedido de tomar da árvore da vida para que toda a humanidade tivesse a mesma oportunidade de salvação, até porque Deus é imparcial e não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34), mas,

já antes mesmo da fundação do mundo, o Senhor estipulou condições para que tal salvação se desse, mas nem por isso deixou de querer que todos os homens se salvem (I Tm.2:4).

– O segundo ato deste processo da salvação é a comunicação desta vontade divina, que é o que se denomina de “vocação” ou “chamamento”(I Co.1:26; Gl.1:6; Ef.1:18; Fp.3:14; II Tm.1:9).

Deus revelou a Sua vontade ao homem de salvá-lo, esta boa-nova, esta boa notícia, este “evangelho”, desde o instante mesmo da queda, como se lê em Gn.3:15, que, por isso mesmo, é conhecido como o “protoevangelho”, ou seja, a primeira boa-nova.

Para executar a obra da salvação, o Senhor chama o homem, traz-lhe o conhecimento da Sua vontade de salvá-lo. Por isso, Jesus veio anunciar o evangelho (Mc.1:14,15) e incumbiu a Sua Igreja, que é o Seu corpo (I Co.12:217; Ef.4:12), de ter como prioritária a pregação do Evangelho (Mc.16:15).

– Assim como a eleição de Deus é para todos os homens, embora já os tenha predestinado, aos que aceitarem Sua salvação à vida eterna e aos que não a aceitarem ao desprezo eterno (Dn.12:2), assim também é o chamamento.

A chamada é para todos os homens, por isso se deve pregar o evangelho a toda a criatura(Mc.16:15).

 A chamada é para todas as nações, por isso só virá o fim desta dispensação, instaurada pela consumação da salvação(Jo.1:17; Hb.10:19-23), depois que este evangelho for pregado a todas as nações (Mt.24:14).

Não é, aliás, por outro motivo que a Bíblia afirma que “muitos são os chamados” (Mt.22:14), porquanto a palavra do texto original grego é “polloi” (πολλοί) cujo significado é “quase todos”, a “esmagadora maioria”.

O objetivo de Deus é, portanto, chamar a todos os homens para a salvação. Este chamamento é universal.

– O terceiro ato do processo da salvação é a fé salvadora, esta virtude, ou seja, esta disposição de caráter que não nasce no homem, mas que também vem de Deus, um dom de Deus (Ef.2:8).

A fé é levada até o homem por intermédio da pregação do Evangelho, pela palavra de Deus (Rm.10:17).

 Daí a importância da pregação do Evangelho, da exposição da Palavra de Deus e por isso a grande luta que o inimigo de nossas almas trava para que a palavra não seja exposta, não seja pregada.

‘Como ouvirão se não há quem pregue?”, pergunta o apóstolo Paulo (Rm.10:14 “in fine”). Infelizmente, esta pergunta é assaz pertinente em milhares de igrejas locais, onde já quase não mais se prega a palavra do Senhor…

– O quarto ato do processo da salvação é o convencimento do Espírito Santo (Jo.16:8).

Diz-nos Jesus que o Espírito Santo teria como uma de suas principais atividades nesta dispensação a do convencimento do mundo, entendido aqui mundo como o conjunto dos homens perdidos, a humanidade sem Deus e sem salvação.

Jesus ensina-nos que o Espírito Santo convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo. O convencimento do pecado seria devido ao fato de os homens não crerem em Jesus.

Ora, é por isso que Deus concede aos homens a fé salvadora, que é a aptidão para crer em Jesus.

– O trabalho de convencimento do mundo é do Espírito Santo e não dos homens. Por isso, na nossa tarefa de evangelização do mundo, não devemos ter a presunção de “convencer” as pessoas.

Certa feita, vimos alguém declarar que a salvação é um processo simples, pois se reduz a um exercício racional dos mais evidentes.

O que é melhor: viver eternamente ou morrer eternamente? Evidentemente que a pessoa dirá que é viver eternamente. Entretanto, não é algo tão simples assim.

Não há raciocínio humano que consiga gerar a fé salvadora. Ela é um dom de Deus e somente é recebida em nosso homem interior se formos convencidos pelo Espírito Santo, somente se nos dispusermos a crer em Cristo.

– Todavia, para que isto ocorra, faz-se necessário que o homem assuma a sua condição pecaminosa.

É preciso ser convencido do pecado, ou seja, o homem precisa reconhecer que é um pecador, que desobedece a Deus e que deve servi-l’O.

Este gesto somente será tomado se a pessoa atender ao Espírito de Deus, se abrir o seu coração a Deus e permitir que Ele faça morada (Jo.14:23).

– O quinto ato  do processo da salvação é este reconhecimento de que se é pecador e que é preciso mudar seu comportamento diante de Deus, é o arrependimento, o primeiro que depende única e exclusivamente do homem.

Até aqui todo o processo da salvação tem nascimento em Deus e d’Ele depende exclusivamente (eleição, predestinação, vocação, fé e convencimento), mas, quando chegamos ao arrependimento, vemos que este ato é exclusivo do homem.

É por este motivo que todos não serão salvos, pois a salvação não depende exclusivamente de Deus, mas tem participação humana, que é a apropriação da fé e, consequentemente, o reconhecimento de que se é um pecador e que se precisa de um Salvador.

– O arrependimento é o que devemos proclamar. Jesus, ao iniciar a pregação do Evangelho, não tinha outra mensagem senão “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc.1:15 “in fine”).

A palavra grega para “arrependimento” é “metanoia” (μεταυοια), cujo significado é “mudança de mentalidade”, “mudança de pensamento”, “mudança de atitude”.

O arrependimento, pois, envolve uma modificação de desejos, ações e concepções de vida. Não é possível uma salvação sem arrependimento. Não é possível uma salvação com base em emoções passageiras.

Não é possível uma salvação em que as pessoas continuam a praticar as mesmas coisas do passado.

– Por isso, devemos diferenciar entre arrependimento e remorso. O remorso é, assim como o arrependimento, uma tristeza que vem ao homem por causa de atos praticados.

Entretanto, enquanto o arrependimento gera uma mudança de atitudes, o remorso é tão somente esta tristeza, sem qualquer mudança de comportamento. O remorso é incapaz de gerar salvação, como nos mostram os exemplos bíblicos de Caim (Gn.4:13,14), Esaú (Hb.12:7), Faraó ( Ex.10:16,17) e Judas Iscariotes (Mt.27:3-5).

– O sexto ato do processo de salvação é o perdão dos pecados.

Quando nos arrependemos e cremos que Jesus é o nosso único e suficiente Senhor e Salvador, temos os nossos pecados perdoados (At.10:43).

O sacrifício de Jesus foi feito para que o preço dos nossos pecados fosse pago. Por isso, João Batista declarou

que Jesus era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo.1:29), ou seja, a vítima escolhida por Deus para ser a propiciação dos pecados de todo o mundo (I Jo.2:2).

– Deus, mediante o sacrifício de Jesus, perdoou os pecados de todo o mundo, de todas as épocas. Um justo morreu por todos e, por isso, a justiça de Deus foi satisfeita.

Entretanto, o perdão para que tenha efeito é preciso ser aceito por parte do perdoado.

Faz-se, pois, necessário que os homens creiam em Jesus, aceitem que são pecadores, mas que Jesus jamais pecou, que eles mereciam morrer mas não, Jesus. Assim fazendo, alcançam o perdão dos seus pecados.

Quando nos arrependemos de nossos pecados e cremos em Jesus e em Seu sacrifício, temos os nossos pecados perdoados, pois somos purificados pelo sangue de Jesus vertido na cruz do Calvário (I Jo.1:7).

– O item 7 do nosso Cremos é explícito ao dizer que cremos no perdão dos pecados e, portanto, não podemos, em absoluto, duvidar que Deus perdoa os nossos pecados.

Não há que se falar, portanto, em “maldição hereditária” ou necessidade de “purgação dos pecados” na eternidade. O sangue de Jesus nos purificou de todo o pecado e, portanto, este perdão é completo. Cremos no perdão dos pecados!

– O sétimo ato do processo de salvação é a justificação.

O que é justificar? O que significa Deus ser justificador daquele que tem fé em Jesus? Diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa que “justificação” é “ação ou efeito da graça divina, que torna os homens justos”, “restituição à inocência original”.

Como afirma J.I. Packer, “…é um termo forense que significa ‘absolver’, ‘declarar justo’, o oposto exato de ‘condenar’ (cf. Dt.25:1; Pv.17:15; Rm.8:33).

A justificação é um ato próprio do juiz. Do ponto de visto do litigante, por conseguinte, ‘ser justificado’ significa ‘obter o veredicto’ (Is.43:9,26)…” (Justificação. In: DOUGLAS, J.D. (org.). O novo dicionário da Bíblia, v.II, p.896).

– Os homens, por causa do pecado, estavam condenados à morte, ou seja, à separação de Deus, estavam impedidos de desfrutar da glória de Deus, da qual haviam sido excluídos, mas, como Jesus morreu em lugar dos homens, fez-Se propiciação dos nossos pecados, ou seja, permitiu que recebêssemos o favor divino, pois, ao crermos em Cristo, nossos pecados são perdoados, pois o castigo que merecíamos é atribuído a Jesus e, em virtude disto, não mais somos condenados, mas somos absolvidos, ou seja, declarados justos diante de Deus.

Esta declaração de justiça, esta mudança de posição que ocorre, pois de perdidos e excluídos da presença de Deus, passamos a ser salvos e a ter comunhão com Deus novamente, é o que denominamos de justificação.

– Esta justificação não se dá por causa das obras que tenhamos praticado, nem tampouco é fruto da lei concedida a Israel por intermédio de Moisés, mas, única e exclusivamente, resultado do sacrifício de Jesus que, sem pecado, fez-Se pecado pelos homens, morrendo em nosso lugar, pagando o preço da morte para nos libertar do pecado.

Como alcançamos a justificação? Diz o apóstolo: pela fé em Jesus (Rm.3:24,28).

OBS: “…Para Paulo, a justificação significa o ato de Deus que redime os pecados de homens culpados e que os reputa retos, gratuitamente, por Sua graça, mediante a fé em Cristo, à base, não de suas próprias obras, mas do representante obediente à lei, que derramou seu sangue a favor dos mesmos, o Senhor Jesus Cristo. (quanto às diversas porções desta definição, vd Rm. 3:23,26; 4:5-8; 5:18 e seg.).

A doutrina de Paulo sobre a justificação é sua maneira característica de formular a verdade central do evangelho — Deus perdoa os pecadores crentes. Teologicamente, é a mais altamente desenvolvida expressão desta verdade no Novo Testamento.…” (PACKER, J.I. op.cit., p.896-7) (negrito original)

– Quando o homem se arrepende dos seus pecados e crê que Jesus é o Salvador, não somente obtém o perdão dos seus pecados, como, a partir daquele momento, é declarado justo por Deus, ou seja, o castigo que merecia receber pelos seus pecados, isto é, a morte, a separação de Deus, é atribuído a Cristo e, por causa disto, o homem fica sem pecado algum.

Não tendo pecado, é declarado justo pelo Senhor, é absolvido e, por isso, está justificado.

– Esta justificação, como se verifica, é gratuita (Rm.3:24), ou seja, não depende de nenhuma ação que tenha de ser feita pelo pecador.

Quando vamos à ciência do direito, aprendemos que os atos gratuitos são aqueles em que apenas uma das partes pratica um ato, assume obrigações, enquanto que a outra parte nada faz em troca.

É o que acontece, por exemplo, com a doação, em que alguém entrega o bem a outrem, que nada precisa fazer para ser beneficiado, a não ser aceitar o bem que lhe é dado.

A justificação é um ato gratuito, ou seja, o homem nada faz para obter a salvação, a não ser aceitar aquilo que já foi feito, ou seja, a morte de Jesus em nosso lugar.

– A justificação, também, é feita por intermédio da graça de Deus (Rm.3:24), ou seja, é um favor imerecido do Senhor Por isso, ao escrever aos efésios, o apóstolo Paulo diz que, pela graça, somos salvos, e isto não vem de nós, mas é dom de Deus (Ef.2:8).

Pelas suas próprias obras, ninguém alcança a salvação. Tudo decorre de um favor que Deus nos dá, favor que não merecemos, pois, pelas nossas obras, todas pecaminosas, mereceríamos a morte, mas, pelo contrário, somos agraciados com a vida.

– A justificação é feita mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm.3:24). Ao morrer por nós, Cristo abre a oportunidade de nos libertarmos do pecado. Jesus pagou o preço da nossa salvação e, por isso, nos comprou a liberdade.

Este ato é conhecido por “redenção”, ou seja, “o ato de remir”, o “resgate”, ou seja, “o ato de livrar (algo) de ônus por meio do pagamento”, o “ato de comprar para libertar”.

Por isso, o apóstolo Pedro nos lembra que não fomos comprados com ouro, mas com o precioso sangue de Jesus (I Pe.1:18,19).

Como fomos comprados por Cristo, libertamo-nos do jugo do pecado e, por isso, não mais estamos sob condenação, alcançamos a justificação.

Por isso, bem disse o poeta sacro: “… Jesus comprou-me da escravidão, a paz eu gozo por Seu perdão.(…) Jesus comprou-me, e eu fiquei pra sempre livre da dura lei!…” (primeira parte da 2ª e 3ª estrofes do hino 13 da Harpa Cristã).

– É a justificação que nos permite entrar em comunhão com Deus (Rm.5:1), que faz com que as nossas vestes sejam vestes de justiça (Is.61:10), vestes que nos permitirão entrar na cidade celeste pelas portas (Ap.22:14).

– A justificação, por fim, aplica-se tanto a judeus quanto a gentios, pois resolve o problema do pecado, que é tanto de um quanto de outro povo (Rm.3:29-31).

Na verdade, a justificação faz surgir um novo povo, a igreja, formada tanto por judeus, quanto gentios, que, pelo sangue de Cristo, agora estão perto de Deus, não mais separados pela muralha do pecado (Ef.2:10-19).

– O oitavo ato do processo de salvação é a conversão, que é a mudança de direção na vida.

O homem, quando se arrepende, muda a sua concepção a respeito da vida, modifica seus desejos, seus sentimentos e seus pensamentos.

Reconhece que Deus deve governar a sua vida e que deve, a partir daquele momento, passar a agradar a Deus. Crê que Jesus é o único e suficiente Salvador.

Crê que é um pecador e que não poderia continuar mais daquela maneira, crê que é possível viver justamente no presente século, seguindo a direção do Espírito Santo, que nos transmite tudo aquilo que Jesus anunciou e ensinou, crê, por fim, que o príncipe deste mundo já está julgado, que o adversário está derrotado e que se aproxima o dia da execução da sua sentença e que, por isso, nada temos com ele nem ele conosco.

– Diante desta fé posta em prática a partir do instante do arrependimento, o homem passa a ter novas ações, novas atitudes, dá uma meia-volta em sua vida.

 A conversão é esta modificação de postura, passando o homem a ter um novo caráter, que é totalmente oposto ao anterior. Tornamo-nos inimigos do mundo e amigos de Deus (Tg.4:4).

Não mais andamos segundo a carne, mas passamos a andar segundo o espírito (Rm.8:1-9).

Deixamos as trevas e passamos a andar na luz (Jo.3:20,21). Por mudarmos de direção de vida, não mais sentimos a ira divina sobre nós, mas passamos a desfrutar da proteção, do amparo e do consolo do Senhor (Mt.28:20; Jo.10:28; II Ts.2:16).

– O nono ato do processo de salvação é a regeneração ou novo nascimento.

A salvação produz o novo nascimento, como nos ensinou Jesus em Seu diálogo com Nicodemos (Jo.3:3-8).

Considerada como um novo nascimento, a salvação faz surgir uma nova criatura (II Co.5:17; Gl.6:15).

Ser “nova criatura” é ter, agora, um espírito vivificado, isto é, ter comunhão com Deus, ter vida, pois, antes, só se tinha morte, ou seja, separação entre o indivíduo e Deus por causa dos seus pecados (Is.59:2).

Ser “nova criatura” é ter um novo caráter, pois passa a realizar boas obras (Mt.5:16), a produzir o “fruto do Espírito” (Gl.5:22) e não mais as velhas obras, as “obras da carne” (Gl.5:19-21).

A salvação traz uma nova geração, pela qual passamos a ter uma viva esperança (I Pe.1:3). Eis o motivo pelo qual o salvo já não espera mais nas coisas desta vida, mas passa a pensar nas coisas que são de cima (Cl.3:1-3).

– O item 6 do nosso Cremos mostra que é “absoluta” a necessidade do novo nascimento para que tenhamos a salvação.

Se não nos tornarmos uma “nova criatura”, jamais seremos salvos. Sem arrependimento e conversão, não há este novo nascimento. Somente assim, poderemos chegar aos céus. Lembremos sempre disso!

– O décimo ato do processo de salvação é a adoção.

A salvação torna-nos filhos de Deus (Jo.1:12).

Como deixamos de ter pecados, como passamos a ser considerados justos, como passamos a ter comunhão com Deus, recebemos o poder de sermos filhos de Deus, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm.8:17).

 A nova vida que recebemos pelo perdão dos pecados faz com que tenhamos comunhão com Deus e o Espírito de Deus testifica com o nosso espírito, que volta a ter relacionamento com Deus, que somos filhos de Deus (Rm.8:16).

– A adoção traz-nos a condição de filhos de Deus, mas somos filhos de Deus para sermos participantes da Sua natureza (II Pe.1:4), ou seja, para passarmos a ter as mesmas qualidades de nosso Pai, para sermos testemunhas Suas no meio de uma geração incrédula e perversa (Fp.2:15).

É este o objetivo de Deus quando nos adotou como Seus filhos, algo muito diferente daquilo que apregoam por aí nestes dias de apostasia, em que a condição de “filhos de Deus” ou, como preferem dizer, “filhos do Rei”, é um estímulo e incentivo para se procurar o enriquecimento material e o suplante de tudo quanto represente adversidade na nossa vida debaixo do sol.

– O décimo primeiro ato do processo de salvação é a santificação.

Quando somos salvos, temos os nossos pecados perdoados e, por isso, somos santificados, ou seja, tornados santos, pois passamos a ficar sem pecado, a sermos separados do pecado.

Esta é a nova posição que assumimos diante de Deus. Esta é a chamada “santificação posicional”, ou seja, a posição de santidade que Deus nos coloca quando somos retirados do mundo e do pecado.

Esta nova posição é muito bem simbolizada e figurada pelo salmista no Sl.40:2.

– No entanto, a santificação não se esgota na “santificação posicional”, mas nela tem apenas o seu início.

A santificação é um processo contínuo, é a continuação da obra salvadora na vida do salvo para que ele permaneça na posição de santidade em que foi posto quando de seu arrependimento, do perdão de seus pecados, de sua conversão, de sua justificação, de sua regeneração e de sua adoção.

 É a chamada “santificação progressiva”, segundo a qual o salvo vai se santificando a cada dia, ou seja, a cada instante e a cada momento de sua vida vai se distanciando do pecado e se aproximando do Senhor.

É o que as Escrituras denominam de “aperfeiçoamento dos santos” (Ef.4:12). Daí porque a Bíblia recomenda que nos santifiquemos ainda mais (Ap.22:11).

O próprio Jesus revelou a Seus discípulos, em Sua oração sacerdotal, que vivia em um contínuo processo de santificação (Jo.17:19).

Deus exige de cada salvo uma contínua santificação, pois Ele é santo e exige que também o sejamos (I Pe.1:15,16), exigência, aliás, que vem desde a antiga aliança (Lv.11:44; 19:2; 20:7).

– A santificação é o ato do processo da salvação que mais nos dá a ideia de que a salvação é um processo que se protrai no tempo, ou seja, que se desenvolve num intervalo de tempo de nossa vida debaixo do sol.

É por isso que a Bíblia nos manda perseverar até o fim e que devemos ser fiéis a Deus até a morte (Ap.2:10).

Esta realidade da santificação, aliás, é um dos pontos que nos permitem entender que a salvação não é algo que já esteja conquistado de antemão pelo ser humano, como defendem os adeptos da “doutrina da predestinação”, pois seria totalmente inexplicável tal recomendação divina, tantas vezes repetida no texto bíblico, se fosse impossível alguém perder a salvação uma vez obtida.

– Ao analisarmos a santificação, vemos, uma vez mais, a questão a respeito do que cabe a cada um no processo da salvação.

Já vimos que a eleição, a predestinação, a vocação, a fé salvadora e o convencimento são atos divinos, enquanto que o arrependimento seria um ato humano.

O perdão dos pecados e a justificação são atos divinos. No que concerne à conversão, tem-se outro ato humano no processo da salvação. A regeneração e a adoção são atos divinos. E a santificação?

Não há dúvida de que a santificação posicional é um ato divino, mas a santificação progressiva é um ato em que há uma cooperação entre Deus e o homem.

Deus contribui para a santificação progressiva do ser humano seja através da Palavra, que tem poder santificador (Jo.17:17), seja através dos dons ministeriais (Ef.4:11-13) e dos dons espirituais (I Co.14:1-4), cujo objetivo é, precisamente, auxiliar na santificação progressiva dos salvos.

No entanto, se Deus dá esta contribuição aos salvos, de nada adiantará se os próprios salvos não se mantiverem apartados do mal. A eles cabe a atitude, a decisão de se desviar do mal, como ocorreu com o patriarca Jó (Jó 1:1).

A santificação depende da atitude, da decisão de cada ser humano. Por isso, alguns, não vigiando, desviam-se da fé (Sl.119:118; Jr.5:5; Ez.18:26; 33:18; Lc.8:13; I Tm.6:10; Tt.1:14).

– O décimo segundo e último ato do processo de salvação é a glorificação.

Como o propósito da salvação é o retorno ao estado original do homem, em que ele desfrutava da plena comunhão com o seu Senhor e, portanto, também da Sua glória, glória da qual está destituído por causa do pecado (Rm.3:23).

Temos, pois, que a salvação não se completaria se esta situação de glorificação não viesse, também, a ser restaurada. Por isso, o fim do processo da salvação é, precisamente, esta glorificação.

Por isso, aliás, o apóstolo Pedro disse que a salvação era o fim da nossa fé (I Pe.1:9), expressão que, tomada isoladamente, causa até um certo espanto, pois parece nos dizer que Pedro, mesmo no final de seu ministério, ainda não seria salvo.

Entretanto, quando vemos o processo da salvação, entendemos claramente que Pedro estava se referindo a este momento final do processo da salvação, que é a glorificação.

Este é o alvo que perseguimos, como fazia o apóstolo Paulo (Fp.3:14), apóstolo, aliás, que tinha plena compreensão de que a salvação é um processo, uma carreira (II Tm.4:7).

– A glorificação é o último estágio da salvação, porquanto, quando cremos em Jesus e alcançamos o perdão dos nossos pecados, somos salvos do poder do pecado, visto que não mais somos escravos do pecado, mas fomos libertos pelo Filho (Jo.8:36).

Quando somos regenerados e adotados como filhos de Deus, somos salvos da natureza do pecado, visto que, agora, somos participantes da natureza divina(II Pe.1:4), andamos segundo o espírito e não mais segundo a carne(Rm.8:1), que é a natureza pecaminosa que herdamos dos nossos primeiros pais (Sl.51:5).

Entretanto, enquanto estivermos neste mundo, ainda estamos com o corpo do pecado, corpo este que não pode herdar o reino de Deus (I Co.15:50).

Como o apóstolo, então, perguntamos:

“quem nos livrará do corpo desta morte?” (cfr. Rm.8:24 “in fine”).

– Quando do arrebatamento da Igreja, o Senhor Jesus completará o processo da salvação.

Aqueles que dormiram no Senhor, ou seja, mantiveram-se em santidade até o instante de sua morte física, ressuscitarão primeiro e receberão um corpo glorioso.

Os que estiverem vivos naquela oportunidade, serão transformados e, assim, todos atingirão o estágio final da salvação: a glorificação(I Co.15:51-57).

Por isso as Escrituras nos dizem que Cristo é as primícias dos salvos( I Co.15:20), pois foi o primeiro a ressuscitar e a receber a glorificação que nós também receberemos naquele grande dia (I Co.15:23).

– Por isso, o apóstolo João disse que, apesar de sermos filhos de Deus, ainda não somos semelhantes ao Filho, mas um dia o seremos (I Jo.3:1,2).

Não nos esqueçamos de que João foi um dos que O viu já ressuscitado e podia, portanto, falar o que falou. A propósito, para confirmar o que escreveu nesta carta, viu o Filho glorificado na ilha de Patmos, quando o Senhor bem demonstrou como é diferente o ser glorificado daquele que ainda não o foi (Ap.1:12-19).

Com razão, pois, a Bíblia nos diz que “…As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam…” (I Co.2:9).

– Entretanto, para alcançarmos a glorificação é mister que nos mantenhamos em santidade, que permaneçamos separados do pecado, que nos santifiquemos ainda.

O próprio apóstolo João, ao falar do que nos aguarda, foi incisivo ao dizer que quem tem esta esperança deve purificar-se a si mesmo (I Jo.3:3).

Só quem estiver no décimo primeiro passo da salvação, naquele dia, alcançará o décimo segundo e último passo, que é a glorificação.

Como diz o poeta sacro: “Em santidade nos deve achar, eis que Ele pode vir” (início da 3ª estrofe do hino 125 da Harpa Cristã).

– Vemos, assim, que, ao contrário do que ensinam algumas correntes teológicas, que respeitamos mas que delas discordamos, não existe uma “doutrina da predestinação”, ou seja, pessoas que previamente estejam salvas ou perdidas segundo um decreto eterno do Senhor, mas, sim, o que as Escrituras nos ensinam é a “doutrina da preservação na salvação”, ou seja, que Deus dá uma real e concreta oportunidade de salvação a todos os homens e que todo aquele que aceitar esta oferta da salvação e nela perseverar até o fim será salvo.

– Por isso, também, não podemos concordar com aqueles que, ao negar a predestinação, também negam a “certeza da salvação”.

Embora não possamos dizer, com antecedência, pois não somos prescientes, quem se salvará, ou não, isto não significa, em absoluto, dizer que não temos condição de saber neste exato momento se somos, ou não, salvos.

A salvação, como vimos, traz-nos a adoção de filhos de Deus e o Espírito Santo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.

Desta maneira, é evidente que, se estamos em comunhão com o Senhor, isto é de pleno conhecimento nosso, pois temos o testemunho do Espírito em nosso interior, dizendo que somos filhos de Deus (Rm.8:16; I Jo.3:2).

Cada salvo tem, portanto, a certeza da sua salvação atual (Lc.7:50; 19:9; 23:43; II Tm.1:12; 4:7,8).

– Mas, não bastasse esta evidência interna, também temos evidências externas que nos permitem verificar se alguém é salvo, ou não.

Jesus nos disse que pelos frutos conheceríamos quem é verdadeiramente salvo e quem não o é (Mt.7:15-20), o mesmo tendo sido ensinado pelos apóstolos (II Pe.2; Jd.4,11-13,18,19).

Assim, é possível também sabermos se alguém está, ou não, salvo, pelo comportamento, pela conduta que demonstrar diante dos homens.

Verdade é que não podemos ter acesso ao coração do homem, algo que só Deus pode fazer (I Sm.16:7) e, por isso, devemos ter muito cuidado para não julgarmos segundo a aparência, mas apenas segundo a reta justiça (Jo.7:24).

Todavia, ainda que, como bem explana o pastor A. Nelson Rocha, o julgamento pelos frutos exija uma convivência bem próxima às pessoas, o que nem sempre se dá, notadamente nos dias em que vivemos, o que é certo é que, havendo tal convivência, certamente saberemos se alguém é, ou não, salvo.

– A salvação é grande, como dizem as Escrituras, “uma tão grande salvação”, que já se bastaria para glorificarmos sempiternamente o nosso Deus Mas não cessou aí a revelação divina ao homem, ainda há outros ensinamentos que decorrem desta salvação e é o que estaremos a estudar nas próximas lições.

– “CREMOS, professamos e ensinamos que a salvação é o livramento do poder da maldição do pecado e a restituição do homem à plena comunhão com Deus, a todos os que confessam a Jesus Cristo como seu único Salvador pessoal, precedidos do perdão divino:

“A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que n’Ele creem receberão o perdão dos pecados pelo Seu nome” (At.10:43).

Trata-se da restauração do relacionamento do ser humano com Deus por meio de Cristo: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (II Co.5:19).

Somente a fé na morte expiatória de Jesus e o arrependimento podem remir o pecador e leva-lo ao Criador.

Essa salvação é um ato da graça soberana de Deus pelo mérito de Jesus Cristo e não vem das obras:

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós: é dom de Deus.

Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2:8,9). (Início do Capítulo X – Sobre a salvação da Declaração de Fé da CGADB).

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/741-licao-7-a-necessidade-do-novo-nascimento-i

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