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LIÇÃO Nº 8 – A MULHER VIRTUOSA

lição  08

A mulher virtuosa é a que teme ao Senhor.

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INTRODUÇÃO

– Encerrando o estudo do livro de Provérbios, estudaremos o que o sábio diz a respeito da mulher.

 A mulher virtuosa é a que teme ao Senhor.

I – O PAPEL DA MULHER NA BÍBLIA SAGRADA

– Encerramos hoje o primeiro bloco do trimestre e, por conseguinte, estamos a encerrar o estudo do livro de Provérbios, o primeiro dos livros sapienciais que estamos a estudar nestes últimos três meses de 2013.

– O último tema que estaremos a estudar no livro de Provérbios é o papel da mulher, em especial, o cântico da mulher virtuosa, este poema de autoria de Lemuel, que se encontra no último capítulo do livro de Provérbios.

– A presença de um cântico a respeito da mulher virtuosa e de diversas alusões a respeito da mulher no livro de Provérbios já são uma demonstração de que é absolutamente mentirosa a afirmação de que a Bíblia é um livro machista, que discrimina a mulher, como têm afirmado exaustivamente a mídia e os “intelectuais” de nossos dias. Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34) e trata igualmente a homens e mulheres, tendo-os, à evidência, criado diferentes, com funções específicas e estruturas que se completam entre si para formar uma unidade a fim de ser possível o cumprimento do propósito divino estabelecido para a espécie humana sobre a face da Terra (Gn.1:27; 2:24).

– Deus criou o homem como um ser sexuado, macho e fêmea (Gn.1:27), e, ante esta diferenciação, é evidente que homem e mulher têm estruturas diferentes, que são complementares, formando uma unidade (Gn.2:24). É esta diferença existente entre homem e mulher que não é compreendida pelos inimigos da sã doutrina e que dão vazão a movimentos revolucionários, como, por exemplo, o movimento feminista, que tantos males têm causado às mulheres em nossos dias, pois, lamentavelmente, hoje a situação da mulher na sociedade tem sido das mais deploráveis, basta ver episódios como a violência doméstica crescente, a frustração das mulheres causadas por abortos, negação da maternidade, sem falar na redução da mulher a mero objeto sexual e ao crescente tráfico de mulheres nos dias hodiernos.

– Deus criou a mulher para resolver o problema da solidão que havia no homem (Gn.2:18), para que esta fosse adjutora, auxiliar do varão, ou seja, aquela que complementaria o homem, que permitiria a realização do propósito divino estatuído para a espécie humana (Gn.1:28). OBS: Por sua biblicidade, oportuno aqui transcrever trecho da Carta às mulheres do Papa João Paulo II: “…Depois, diz que ele, desde o início, é criado como « varão e mulher » (Gn 1, 27). A mesma Sagrada Escritura fornece a interpretação deste dado: o homem, mesmo encontrando-se rodeado pelas inumeráveis criaturas do mundo visível, dá-se conta de estar só (cf. Gn 2, 20). Deus intervém para fazê-lo sair desta situação de solidão: « Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele » (Gn 2, 18). Portanto, na criação da mulher está inscrito, desde o início, o princípio do auxílio: auxílio — note-se — não unilateral, mas recíproco. A mulher é o complemento do homem, como o homem é o complemento da mulher: mulher e homem são entre si complementares. A feminilidade realiza o « humano » tanto como a masculinidade, mas com uma modulação distinta e complementar.…” (Carta às mulheres. n.7. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/documents/hf_jp-ii_let_29061995_women_po.html Acesso em 10 out. 2013).

– A criação da mulher, de pronto, mostra-nos que o homem depende da mulher e vice-versa. Como ensina o apóstolo Paulo, “nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão, no Senhor” (I Co.11:11). Assim, qualquer filosofia ou teoria sócio-política que defenda a independência do homem em relação à mulher ou vice-versa não passa de um engano, de uma grande mentira, pois homem e mulher precisam se unir para que cumpram o propósito divino estatuído à espécie humana, para que possam ser bem- aventurados, ou seja, mais do que felizes.

– Na Nova Versão Internacional e na Bíblia de Jerusalém, é dito que Deus criou a mulher para que esta “correspondesse” ao homem (Gn.2:18). “Corresponder” significa “apresentar relação mútua; apresentar similitude, parecença com; apresentar equivalência em relação a; responder a (gesto, favor, sentimento etc.) de maneira semelhante; retribuir”. Vemos, portanto, que o papel destinado à mulher é de formar uma parceria com o homem, construir com ele uma unidade que permita a satisfação do propósito divino. É interessante ver que a raiz da palavra “corresponder”, a saber, “spend-“, tem o sentido de “fazer uma libação, firmar um tratado, assumir um compromisso, responder a um chamado”, o que nos mostra, com absoluta clareza, que mulher e homem são chamados a se completar para satisfazer a vontade divina.

– A mulher foi criada com este propósito de trazer ao homem o fim da solidão, para trazer-lhe a comunhão, sendo este o motivo pelo qual a mulher tem uma estrutura baseada na sensibilidade, no sentimento, pois foi criada exatamente para pôr fim à solidão do varão, para dar-lhe a visão do presente, das circunstâncias da vida, complementando, assim, a racionalidade e a visão para o futuro, que são características próprias da masculinidade. OBS: Ainda aqui repetindo as palavras do ex-chefe da Igreja Romana em sua Carta às mulheres: “…Quando o Génesis fala de « auxiliar », não se refere só ao âmbito do agir, mas também do ser. Feminilidade e masculinidade são entre si complementares, não só do ponto de vista físico e psíquico, mas também ontológico. Só mediante a duplicidade do « masculino » e do « feminino », é que o « humano » se realiza plenamente.…” (JOÃO PAULO II. Carta às mulheres. n.7. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/documents/hf_jp- ii_let_29061995_women_po.html Acesso em 10 out. 2013).

– Eis o motivo pelo qual a mulher é chamada pelo apóstolo Pedro de “vaso mais fraco” (I Pe.3:7), pois é sensível, mais delicada do que o varão, sendo esta a sua estrutura. Esta fragilidade não é apenas física, mas, também, no campo emocional e
sentimental. A mulher é mais sensível que o homem e este homem deve levar isto em conta, até porque depende desta sensibilidade para se completar e poder receber a bênção de Deus.

– Esta igualdade de tratamento de Deus para com homem e mulher está presente até mesmo no plano da redenção do homem. Se foi por uma mulher que o pecado teve inserção na espécie humana, também foi por uma mulher que o Salvador adentrou na humanidade, a nos mostrar, portanto, que não há qualquer menosprezo à figura da mulher diante de Deus.

– Mas, se é assim, por que a mulher tem sido, ao longo da história da humanidade, discriminada? Por primeiro, lembremos que a humanidade está debaixo do pecado e pecado é iniquidade, ou seja, injustiça (I Jo.3:4). Assim sendo, não pode ser motivo de surpresa o fato de haver injustiça, como é a posição de inferioridade da mulher na sociedade, nas ordens sociais construídas pelo homem. Por segundo, tem-se aqui o cumprimento de um juízo divino por causa do pecado dos primeiros pais, pois a inferiorização da mulher na ordem humana é uma das consequências da entrada no pecado no mundo (Gn.3:16). OBS: Verdade é que, em Israel, a posição da mulher era a melhor que havia no Oriente, como podemos verificar deste trecho de estudo bíblico da professora Rosana Figueredo Beda Francisco: “…Entre os judeus, a igualdade social do homem e da mulher fazia contraste com os costumes que de um modo geral prevaleceram no oriente, especialmente em tempos mais modernos. As mulheres hebraicas ainda assim gozavam de considerável liberdade. Não eram encerradas dentro de haréns, nem eram obrigadas a aparecer de face coberta – misturavam-se com os homens e os jovens nos trabalhos e nas amenidades da vida simples. As mulheres efetuavam todo o trabalho da casa (*veja Mulher casada). iam buscar água e preparavam o alimento (Gn 18.6 – 24.15 – 2 Sm 13.8) – fiavam e faziam a roupa (Êx 35.26 – 1 Sm 2.19). Também se metiam em negócios (Pv 31.14 a 24). Participavam da maior parte dos privilégios da religião, e algumas chegaram a ser profetisas. (*veja Débora, Hulda, Miriã.) o lugar que as mulheres tomam no N. T. mostra o efeito igualador de um evangelho, no qual ‘não pode haver… nem homem nem mulher’ (Gl 3.28). Serviam a Jesus e a Seus discípulos (Lc 8.1 a 3 – 23.55) – participaram dos dons do Espírito Santo, no dia de Pentecoste(At2.1a4 – cf. 1.14) – e foram preeminentes em algumas das igrejas paulinas (At 16.14 – 17.4 – cf. Fp 4.2,3). o ponto de vista de S. Paulo a respeito da igualdade dos sexos aparece de um modo especial em 1 Co 7, não sendo inconsistente com isso o ato de reconhecer que a mulher deve estar sujeita a seu marido (Ef 5.21 a 33 – Cl 3.18, 19 – cf. 1 Pe 3.1 a 9).…” (FRANCISCO, Rosana Figueredo Beda. A posição da mulher na Bíblia. Texto fornecido pela autora para a elaboração deste estudo).

– Jesus Cristo veio tirar o pecado do mundo (Jo.1:29) bem como as suas consequências e, por isso mesmo, veio também restabelecer a mulher, pôr fim a esta injustiça existente no mundo em relação a ela. Era cercado por mulheres, que Lhe ajudavam em Seu ministério (Lc.8:3), não permitiu que uma mulher adúltera fosse apedrejada em desconformidade com a lei de Moisés (Jo.8:1-11), apareceu primeiramente a mulheres depois da ressurreição (Mt.28:1-10; Mc.16:1-8; Lc.24:1-10; Jo.20:11-18).

– Não é por outro motivo que, ao longo da história da humanidade, as mulheres sempre tenham sido maioria entre os cristãos, precisamente porque somente a doutrina cristã dá à mulher a devida dignidade, restabelecendo-lhe o igual tratamento. Vemos aqui, mais uma vez, a mentira que procura associar ao cristianismo o tratamento inferior dado à mulher em todo o mundo.

– E, para mostrar o igual tratamento que Deus dá tanto a homens como mulheres, dedica o livro de Provérbios, em diversas passagens, à mulher, mostrando que tanto quanto o homem, a mulher precisa adquirir a sabedoria divina para que seja uma “mulher virtuosa”, uma mulher bem-aventurada.

II – PROVÉRBIOS SOBRE A MULHER

– Temos dito aos amados que a Bíblia Sagrada é maravilhosa, pois, em seus mínimos detalhes, reflete ser um livro que não é humano, mas, sim divino. Tanto assim é que o autor que mais vezes se detém a respeito da mulher, nas Escrituras, é precisamente aquele que teve contato com o maior número delas, Salomão, que o texto sagrado diz ter tido setecentas mulheres e trezentas concubinas (I Rs.11:3).

– Salomão teve uma intensa experiência com a feminilidade e pôde, assim, ao lado da inspiração do Espírito Santo, com a sabedoria que Deus lhe deu, bem perscrutar o universo feminino, retratando-o nos três livros e no salmo que escreveu (Provérbios, Eclesiastes, Cantares e Salmo 127).

– Na Versão Almeida Revista e Corrigida, a palavra “mulher” aparece 25 (vinte e cinco) vezes, prova de que Salomão se dedicou a este tema em seu livro, sem falar que tomou a figura da mulher para representar certas personagens de seus escritos, como a própria sabedoria, a “mulher estranha”, a “mulher louca”, a revelar, mais uma vez, a total ausência de “machismo” nos escritos sagrados.

– A mulher é, no livro de Provérbios, a pessoa que Deus envia ao homem para que possa cumprir o propósito divino estatuído para a humanidade, em perfeita conformidade, pois, com o plano divino da criação. Achar uma mulher é uma benevolência do Senhor (Pv.18:22).

– Salomão já nos apresenta aqui a noção de que há uma mulher apropriada e adequada para cada homem, mulher esta que deve ser procurada e que representa uma bênção de Deus para o que a acha. É “uma coisa boa” encontrar esta mulher, que Salomão denomina de “mulher da mocidade” (Pv.5:18), aquela mulher com quem o homem institui a comunhão de vida, por meio do matrimônio.

– Esta “coisa boa”, este “algo excelente” (NVI), esta “felicidade” (BJ) é a mulher da mocidade, aquela mulher que se dispõe a se unir a um homem e com ele cumprir o propósito divino para a humanidade. Bem se vê, de pronto, que a mulher a que Salomão alude como “coisa boa”, como semente de felicidade é aquela que aceita observar a lei do Senhor, aquela que aprende com o Senhor, que lhe é temente, ou seja, aquele que, tanto quanto o homem, busca a sabedoria.

– É por isso que o mesmo Salomão vai dizer que se deve afastar da “mulher estranha”, da “mulher estrangeira”, como vimos na lição 2 deste trimestre, que nada mais, nada menos é a mulher que anda segundo a carne, a “mulher carnal”, que vive das lisonjas, do estímulo à concupiscência da carne e que não pensa senão em satisfazer seus instintos descontrolados (Pv.2:16; 5:3; 6:24; 7:5,10).

– Esta mulher, que não teme ao Senhor, é chamada pelo proverbista de “má mulher”, de “mulher alheia”, de “mulher estranha”, precisamente porque é a mulher que não tem qualquer intenção de formar uma comunhão de vida com um varão, que quer ter vida independente, descompromissada, sem firmar qualquer aliança seja com um homem, seja com Deus. É a “mulher independente” tão louvada e enaltecida em nossos dias, mas que representa uma anomalia, uma fonte de frustração e destruição de si própria e dos outros.

– Esta “má mulher” é aquela que, aceitando a proposta satânica que foi apresentada à primeira mulher, tenta construir uma vida sem Deus, à parte de Deus, querendo saber o bem e o mal(Gn.3:5). Tal mulher nada mais faz senão, como diz o proverbista, perder-se e fazer com que outros se percam nas suas veredas, veredas que conduzem à perdição eterna (Pv.6:32,33; 7:25-27).

– Temos aqui, por parte do livro de Provérbios, uma clara demonstração do poder de percepção aguda de que a mulher foi dotada por Deus. A mulher, em virtude de sua sensibilidade, é pessoa que sente muito bem os outros e, assim, tem a capacidade de envolver os outros por intermédio de seus sentimentos, tendo um poder de sedução inegável. Tal poder, quando exercido para a satisfação da natureza pecaminosa, acaba gerando grandes prejuízos, tanto à mulher, quanto aos que por ela são envolvidos, num rastro de destruição e morte.

– Já na civilização caimita, conforme a tradição judaica, tal se verificou a partir da sétima geração, quando exsurgiu a prostituição, a “mais antiga profissão do mundo”, que nasce, precisamente, deste mau uso do poder de sedução feminino (Gn.4:22 – “Naamá” é considerada a primeira prostituta, pois seu nome significa “doce, agradável”, a entender que usou de sua beleza e formosura para prostituir-se).

– Em nossos dias, todo o feminismo e discurso da “independência e emancipação” da mulher não tem resultado senão na mais deslavada redução da mulher a mero “objeto sexual”, numa degradação da dignidade da mulher aviltante e cada vez maior. Quando a mulher se deixa levar por este mau uso de seu poder de sedução, nada mais temos senão a sua própria indignidade, o seu próprio aviltamento. OBS: Transcrevemos, aqui, ainda, oportuna observação do ex-chefe da Igreja Romana: “Pensando, depois, a um dos aspectos mais delicados da situação feminina no mundo, como não lembrar a longa e humilhante história — com frequência, « subterrânea » — de abusos perpetrados contra as mulheres no campo da sexualidade? No limiar do terceiro milênio, não podemos permanecer impassíveis e resignados diante deste fenómeno. Está na hora de condenar vigorosamente, dando vida a apropriados instrumentos legislativos de defesa, as formas de violência sexual, que não raro têm a mulher por objecto. Mais, em nome do respeito pela pessoa, não podemos não denunciar a difusa cultura hedonista e mercantilista que promove a exploração sistemática da sexualidade, levando mesmo meninas de menor idade a cair no circuito da corrupção e a permitir comercializar o próprio corpo.…” (JOÃO PAULO II. Carta às mulheres, n. 5. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/documents/hf_jp- ii_let_29061995_women_po.html Acesso em 10 out. 2013).

– A mulher temente a Deus não abre mão de sua dignidade, de sua honra. Diz o proverbista que “a mulher aprazível guarda a honra, como os violentos guardam as riquezas” (Pv.11:16), demonstrando, portanto, que uma das características principais da mulher que teme a Deus é a guarda da sua honra, da sua dignidade, com o mesmo afinco com que os violentos guardam as riquezas. Basta ver como há, por parte dos “valentes” (como traduz a NVI), a luta para guardar as riquezas adquiridas.

– A mulher deve preservar a sua dignidade, o seu respeito, e isto em todas as áreas, não somente na moralidade sexual. Nesta guarda da honra, aliás, está o de preservar-se virgem até o casamento, algo que tem sido extremamente combatido pelo mundo pecaminoso e imoral de nossos dias.

– A mulher não deve se deixar levar pela sua formosura, pela sua beleza, predicados que aumentam ainda mais seu poder sedutor, pois a mulher formosa que se aparta da razão é como “joia de ouro em focinho de porca” (Pv.11:22), ou seja, alguém que, apesar de sua preciosidade, lamentavelmente cairá no “lixo da sociedade”, no “lixo deste mundo”, vivendo de forma desregrada e sendo, posteriormente, totalmente descartada até mesmo pela sociedade que tanto a exaltou em sua estultícia. Como afirma Lemuel: “Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada” (Pv.31:30). OBS: Recentemente, a mídia revelou, quando da morte da primeira atriz que fez nu frontal no cinema brasileiro, que esta se sentiu solitária e abandonada nos últimos anos de sua vida, apesar de ser considerada “musa” no auge de seu sucesso…

– A mulher prudente, a mulher sábia é uma bênção do Senhor (Pv.19:14) e sua sabedoria contribuirá decisivamente para o bem-estar de toda a sociedade, visto que é ela quem edifica a sua casa (Pv.14:1) e “edificação”, como bem lembrou o pastor Antônio Gilberto, em sua ministração na 67ª Escola Bíblica de Obreiros da Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede, em São Paulo/SP, na manhã de 7 de outubro de 2013, é muito mais que construção, pois se trata de construção com qualidade, seja nos materiais, seja na dedicação e zelo. A mulher prudente, a mulher sábia, portanto, constrói um lar com qualidade, bem arrumando os materiais, bem escolhendo os materiais e tudo pondo em ordem, com zelo e dedicação e, como resultado disto, forma uma família que tem condições de ser base segura de toda uma sociedade.

– Vemos, portanto, que o papel da mulher em uma família é a sua edificação, o seu levantamento, o seu desenvolvimento, motivo por que o proverbista Lemuel faz questão de mostrar que é à mulher que deve ficar a responsabilidade de “olhar pelo governo da casa”, a sua administração cotidiana, pois é ela quem tem o poder de percepção necessário para construir o ambiente de comunhão e unidade que é indispensável para que se tenha uma saudável e exitosa vida familiar.

– Por isso mesmo, a mulher tola tem a capacidade de derrubar a casa com suas próprias mãos (Pv.14:1). Quando não teme a Deus, a mulher é a principal responsável pelo desmonte da vida familiar, pela sua destruição, pois, ante seu poder agudo de percepção, certamente saberá onde derrubar as vigas que mantêm o lar de pé. Todos nós, certamente, temos visto como isto se dá, e cada vez mais, em nossos tão difíceis dias.

– Aqui, aliás, temos de fazer referência às alusões que o proverbista dá para a “mulher rixosa”, a “mulher contenciosa”, aquela que fica atrás de contendas, discussões e debates, aquela mulher que é pior do que o “gotejar contínuo”, que só sabe transtornar o ambiente em que vive, que a todos aborrece e irrita. Trata-se de um verdadeiro sofrimento, de um martírio a convivência com tal espécie de mulher que vai solapando e derrubando, aos poucos, a própria estrutura familiar.

– “Melhor é morar num canto de umas águas-furtadas do que com a mulher rixosa numa casa ampla” (Pv.21:9; 25:24). “Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda” (Pv.21:19).”O gotejar contínuo no dia de grande chuva e a mulher rixosa, um e outro são semelhantes” (Pv.27:15). Nestes provérbios de Salomão, vemos quanto mal causa a mulher que fomenta a ira e a contenda, que sempre está a reclamar. Sua atitude representa a transformação de sua casa em um lugar pior do que “um canto de teto”, “canto de um telhado”, a revelar que a mulher rixosa gera um incômodo que pode levar à própria destruição do lar.

– Como se não bastasse isso, a mulher que fomenta a discórdia e a contenda faz da casa um lugar pior do que o deserto, local que é totalmente avesso ao desenvolvimento da vida. Isto nos mostra que a mulher rixosa fomenta a morte, contribui muito mais que um deserto para que as pessoas percam a vida, percam a esperança de viver, significando aqui, em primeiro lugar, a própria possibilidade do crescimento e do desenvolvimento da vida em comum.

– Por fim, ao dizer que a mulher rixosa é pior do que um “gotejar contínuo do dia de chuva”, o proverbista mostra que a mulher que fomenta a ira e a contenda tem um comportamento tal que torna a vida extremamente irritante e sofrida. Quem não se irrita com um gotejar contínuo, com uma goteira em casa? Aquele gotejar irritante faz com que qualquer um perca a calma e tranquilidade. Aliás, este gotejar é tão torturante, que é conhecida a chamada “tortura chinesa”, um dos métodos mais terríveis de tortura conhecidos e que se baseia única e exclusivamente no uso de gotas d’água na cabeça do torturado. OBS: Eis uma descrição da referida tortura: “o torturado era amarrado sentado em baixo de uma torneira que pingava água em sua cabeça, constantemente, durante muitos dias. no início apenas incomoda por estar molhando, depois o barulho dos pingos na cabeça começam a se tornar insuportável e mais tarde começa a abrir uma ferida no alto da cabeça, com os pingos constantes. Isso acontecia numa solitária” (Descrição disponível em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061030062057AA7ORqT Acesso em 10 out. 2013).

– A mulher sábia e prudente jamais pode se tornar uma “goteira”, que transforme a casa em um lugar incômodo, hostil à vida e torturante. Pensemos nisso, amadas irmãs!

III – O CÂNTICO DA MULHER VIRTUOSA

– Mas não há passagem mais bela no livro de Provérbios sobre a mulher que o “cântico da mulher virtuosa”, poema com que se encerra o próprio livro, escrito por Lemuel e que se encontra em Pv.31:10-31.

– Pouco se sabe a respeito deste “rei Lemuel” que é apontado, no início do capítulo 31 do livro de Provérbios. Seu nome significa “dedicado a Deus”, segundo o pastor Evandro de Souza Lopes em seu livro “Nomes bíblicos e seus significados”. Russell Norman Champlin diz que o significado da palavra é “devotado a Deus”, o que, aliás, repete o que nos diz o primeiro escritor.

– Quem seria este Lemuel? Responde-nos Champlin: “…Ele teria sido um rei — para nós desconhecido — a quem sua mãe dirigiu seus conselhos. Porém, os estudiosos mais antigos acham que estava em vista a pessoa de Salomão. Outros eruditos, no entanto, dizem que devemos pensar no rei Ezequias, conforme pensavam Eichborne, Ewald e alguns outros. Ainda outros afirmam que está em foco uma personagem inteiramente desconhecida, pensando que Lemuel é apenas uma apelação poética de um rei imaginário, por meio de quem as máximas em questão podem ser aplicadas a todos os monarcas. …” (Lemuel. In: Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. v.3, p.785) (destaques originais).

– Seja quem for Lemuel, o fato é que se tratava de alguém que era temente a Deus e que tinha uma ligação muito grande com sua mãe, pessoa sábia que lhe ensinou a servir a Deus e, pelo seu exemplo, fez com que o rei profetizasse, ou seja, se tornasse um mensageiro do Senhor (Pv.31:1).

– Esta ligação de Lemuel com sua mãe e o fato de ter profetizado diante do ensino que recebeu de sua mãe, mostra-nos que o “cântico da mulher virtuosa” é um poema que,
além de inspirado pelo Espírito Santo, é fruto de uma experiência com uma mulher sábia, é produto mesmo de uma mulher sábia, a nos mostrar, portanto, que não se trata de uma “opinião masculina” a respeito da mulher, mas de uma descrição divina de como deve ser a “mulher virtuosa”, descrição esta que foi vivenciada pelo seu próprio autor pela marcante presença que teve sua mãe.

– Neste poema, portanto, vemos como se tem tanto a inspiração divina, quanto a participação humana, e uma participação fruto de uma comunhão entre homem e mulher, de uma comunhão entre o ser humano e Deus, a indicar, portanto, sem qualquer sombra de dúvida, de que se está diante de um padrão plenamente conforme à vontade divina.

– O cântico da mulher virtuosa é um cântico alfabético, ou seja, trata-se de um poema em que cada verso se inicia com uma das letras do alfabeto hebraico, motivo pelo qual, na maior parte das traduções, aparece, antes de cada verso, a letra hebraica correspondente.

– Esta forma de composição (que encontramos em outras passagens da Bíblia, como o Salmo 119 e o livro de Lamentações) mostra-nos, além da genialidade do autor, uma profundidade: a mulher virtuosa perpassa todo o alfabeto, ou seja, sua presença é necessária em todos os quadrantes da vida, sua presença está debaixo da vontade divina, visto que Deus é o princípio e o fim, o Alfa e o Ômega (Ap.1:8; 21:6; 22:3).

– Ao cantar a mulher virtuosa em cada letra do alfabeto hebraico, o rei poeta está a nos mostrar que a mulher virtuosa é a pura expressão de uma comunhão com Deus, é uma personagem que exsurge da sua comunhão com o Senhor, é Sua imagem e semelhança sobre a face da Terra. Como dizer, então, que as Escrituras Sagradas desprezam a mulher?

– Não é por outro motivo que Salomão já anunciara que “a mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como apodrecimento nos seus ossos” (Pv.12:4).

– Esta personagem que é louvada é chamada de “mulher virtuosa”, expressão traduzida na Nova Visão Internacional como “esposa exemplar” ou “mulher de valor” na Bíblia de Jerusalém. A palavra hebraica é “chayil” (חיל), cujo significado é de “forte”. Como explicam os comentaristas da Bíblia de Jerusalém: “…a expressão hebraica que o grego e a Vulgata traduzem literalmente por ‘mulher forte’ evoca ao mesmo tempo a eficiência e a virtude. É a perfeita dona-de-casa.” (com. Pv.31:1, nota h, p.1068).

– O poema começa com uma pergunta: “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede o de rubins” (Pv.31:10). Isto nos retoma o que já dissemos, sobre o fato de que a mulher virtuosa é um verdadeiro achado, precisa ser procurada, o que revela que para que se tenha a sua companhia é preciso um exame, é preciso o exercício da sabedoria. Por isso mesmo, somente a acha quem for sábio e ela mesma é equiparada à sabedoria, visto que por seu valor exceder mais do que os rubins, temos que ela é o próprio reflexo da sabedoria, que também vale mais que os rubins (Pv.3:15).

– No verso correspondente à letra “´álefe”, que é a letra representativa de Deus, vemos que a mulher virtuosa é aquela que se faz o perfeito reflexo de Deus, ou seja, aquela que, sendo temente ao Senhor, pode refletir a glória de Deus em sua vida terrena.

– Mas, depois de revelar que a “mulher virtuosa” é a mulher sábia, aquela que serve a Deus e se constitui em Sua imagem e semelhança, o poeta nos afirma que ela possui uma outra importante qualidade: ela é digna de confiança. “O coração do seu marido está nela confiado, e a ela nenhuma fazenda faltará” (Pv.31:11). Trata-se de uma mulher que é digna de confiança de seu marido, cujo testemunho faz até com que o marido não se importe em lhe dar recursos financeiros, tanto quanto ela os pede, pois assumiu uma confiança total nela.

– Como diz o proverbista, a mulher sábia edifica a sua casa (Pv.14:1) e esta edificação é feita com base na confiança, na fidelidade, no cumprimento dos deveres, que cria um ambiente de absoluta confiança, material fundamental para a construção, para a edificação de um lar. A mulher precisa ser digna de confiança para que a casa seja edificada. Aliás, a letra hebraica “bete”, com que se inicia este verso significa, precisamente, “casa”.

– No verso correspondente à letra “bete”, a letra correspondente à “casa”, vemos que a mulher virtuosa, ao ser digna de confiança, ao conquistar a confiança do marido e dos filhos, tem condições de edificar a sua família e, com isso, edificar a própria sociedade.

– Em seguida, o poeta diz que a mulher virtuosa “faz bem ao seu marido e não mal, todos os dias da sua vida” (Pv.31:12). Vê-se, portanto, que a mulher virtuosa tem como objetivo “fazer bem”. Temos aqui o retrato de uma mulher que, a exemplo de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, passa seus dias terrenos “fazendo bem” (At.10:38). A letra “guimel” representa “dádiva”, “beneficio”, a indicar que a mulher virtuosa é um dom divino para os que com ela convivem.

– No verso correspondente à letra “guimel”, letra correspondente à “dádiva”, “benefício”, vemos que a mulher virtuosa, ao fazer bem e não mal ao seu marido, é uma “dádiva” divina ao que com ela convivem, é um “presente dos céus”.

– Em seguida, o poeta diz que a mulher virtuosa “busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com as suas mãos”. Mostra-nos, de pronto, que a mulher virtuosa é afeita ao trabalho, residindo aí mais uma característica de quem aprende com o Senhor, Ele próprio um trabalhador (Jo.5:17).

– Vemos, portanto, que a mulher foi feita, sim, para o trabalho, o que torna totalmente inverídica a assertiva de que as Escrituras proíbem o trabalho da mulher fora de casa. No entanto, o primeiro trabalho da mulher é em casa, pois é ela quem deve edificar a família, usando a sua sensibilidade para a construção da comunhão, absolutamente necessária para que a família cumpra o seu papel. Bem se vê, portanto, que o discurso feminista que retira a mulher de casa é satânico, visa a destruição da família como base da sociedade, precisamente o que temos verificado nas últimas décadas.

– Esta mulher virtuosa busca “lã e linho”, ou seja, está preocupada com a vestimenta dos seus familiares, com as suas vestes, a fim de impedir que a família fique à mercê das intempéries da vida. Seu trabalho é voluntário, fá-lo com prazer e querendo o bem-estar de todos.

– Esta mulher é bem diferente da “mulher estranha”, que não para em casa, vive andando inquieta de um lado para outro, buscando quem lhe possa satisfazer a concupiscência (Pv.7:11), não fica fora de casa buscando a quem possa tragar com suas astutas palavras (Pv.9:14,15). É alguém que não é ociosa, mas que emprega seu tempo em obter meios de proteger a sua casa.

– É muito triste verificarmos que, em nossos dias, há muitas “mulheres de Deus”, que andam de um lado para outro, “fazendo a obra”, mas se esquecem de suas casas, não são presentes ali e, deste modo, suas famílias ficam expostas às intempéries deste mundo, sofrem com o calor e o frio intensos deste mundo pecaminoso e acabam por se arruinar. Não são senão mulheres tolas, mulheres que não merecem o epíteto de “virtuosas”. Pensemos nisso, amadas irmãs!

– A letra “dálete”, que inicia este verso do poema, significa “porta”, mais precisamente, “a folha da porta”, sendo que a letra representa “a pobreza”, a “humildade”, a “consciência da necessidade”. Assim, a mulher virtuosa é aquela que reconhece e tem consciência da sua necessidade e, por isso, vai buscar a lã e o linho para seus familiares, esforça-se para suprir as necessidades de sua família.

– A “mulher virtuosa” reconhece a sua dependência de Deus e, por isso, constitui-se numa “pobre de espírito” (Mt.5:3), em alguém que recorre sempre a Deus, que é quem supre as nossas necessidades. É uma mulher de oração, que está constantemente na dependência do Senhor.

– Em seguida, no verso que começa pela letra “hê”, o poeta diz que a mulher virtuosa é “como o navio mercante, de longe traz o seu pão” (Pv.31:14). O significado desta letra é “olhe”, sendo associada ao “sopro divino”, à “vida”, visto que sua pronúncia exige tão somente um “sopro”.

– A “mulher virtuosa” é aquela que “como um navio mercante”, providencia o necessário para o alimento da família, para a sua sobrevivência. Isto não significa que seja a provedora, papel destinado ao homem, mas que, com a provisão dada pelo homem, obtém o sustento do lar, o que nos mostra que cabe à mulher a aquisição dos produtos para tal sustento, pois é ela quem “traz de longe o pão”, ou seja, tem as condições de sensibilidade suficientes para fazer boas aquisições que não comprometam o próprio sustento da casa.

– A “mulher virtuosa” mostra-se, portanto, como aquela que traz o pão, quem pode bem administrar a provisão proporcionada pelo trabalho do marido, que tem esta sensibilidade para fazer as compras. Isto não deve ser interpretado somente em termos materiais, mas, também, espirituais. É à mulher que está destinada a aplicação daquela provisão trazida pelo sacerdote do lar, o marido, a todos os familiares, que põe e faz pôr em prática os ensinamentos divinos recebidos da Palavra de Deus, aliás, como fez a mãe de Lemuel.
– Ao “trazer de longe o pão”, a mulher consegue traduzir em ações convertas a jornada rumo aos sonhos, projetos e planos idealizados pelo marido, que, como homem que é, pensa à frente, no futuro. Cabe à mulher trazer este longínquo da imaginação do varão para o dia-a-dia, para o presente. Vemos aqui a perfeita integração entre marido e mulher na consecução dos objetivos. Aleluia!

– No entanto, o que temos visto, lamentavelmente, é que, em nossos dias, as mães não têm aplicado qualquer doutrina a seus filhos, não têm carregado a provisão divina vinda do pai aos filhos, seja porque o pai nada lhes proveu em termos espirituais, seja porque, ao invés de trazer o pão, tem a mãe trazido para casa o veneno daquilo que a mídia tem oferecido, em especial, as telenovelas. Tomemos cuidado, amadas irmãs!

– Mas o rei Lemuel prossegue, dizendo que a mulher virtuosa “ainda de noite se levanta e dá mantimento à sua casa, e tarefa às suas servas” (Pv.31:15). Vemos aqui que a mulher virtuosa se constitui num “link”, num elo de ligação entre a provisão dada pelo marido, que ela adquiriu e distribui para todos os da casa, como aquela que organiza as tarefas de todos, que “faz a casa funcionar”.

– É precisamente este o sentido da letra “vau”, com que se inicia este verso, cujo significado é “ganho”, “ligação”. A mulher virtuosa é o elemento que liga a todos os demais familiares, que zela e mantém a unidade e a comunhão. Daí a importância de que a mulher tenha contato com todos os integrantes da casa, para que possa forjar esta comunhão. A mulher ausente do lar e do contato com seus entes queridos é fator de forte desestabilização da família e, por consequência, de toda a sociedade. Percebemos, pois, o que significa a “emancipação” da mulher nos termos feministas? Nada mais que a desestabilização dos lares, como temos observado em nossos dias.

– Mas, prosseguindo Lemuel em seu poema, diz que a mulher virtuosa “examina uma herdade e a adquire: planta uma vinha com o fruto de suas mãos” (Pv.31:16). Aqui vemos a mulher virtuosa utilizando-se da grande arma que Deus lhe deu, qual seja, a sua perspicácia, o seu agudo poder de percepção, para adquirir uma herdade, após analisar todos os seus pormenores, todas as suas minúcias. É também aquela que, após ter feito a aquisição, esforça-se para que ela dê frutos. Não apenas compra a propriedade, após exame, mas a transforma numa vinha, num lugar de produção.

– A mulher virtuosa é, portanto, aquela que, após ter comprado algo, faz com que este algo produza. Ela não cansa em se esforçar para que aquilo que adquiriu, que examinou, que planejou seja devidamente executado e produza resultado. A mulher virtuosa não é apenas uma sonhadora, mas alguém que usa toda a sua sensibilidade para que tudo o que adquiriu, o que desejou se realize.

– A letra “zaiin” com que se inicia este verso significa “arma”, “espada” e a mulher tem de usar o poder de sensibilidade aguçada que o Senhor lhe deu para que sua família produza os frutos almejados pelo Senhor, o cumprimento da vontade divina em sua casa. Para tanto, ela deve aguardar o tempo certo, pois tudo tem o seu tempo, como haveremos de estudar na próxima lição.

– É interessante, ainda, que a letra “zaiin” está também relacionada com a ideia de “alimentação”, de “nutrição”, a indicar que a mulher virtuosa é aquela encarregada de manter devidamente nutridas e alimentadas as esperanças dos familiares, no decorrer do tempo, para que se atinjam os objetivos traçados. É ela a “nutriz” da vida dos sonhos e projetos familiares.

– O poeta, então, diz que a mulher virtuosa “cinge os seus lombos de força e fortalece os seus braços” (Pv.31:17). Aqui, a letra “hete”, com que se inicia o verso, significa “cerca, grade, divisa”, sendo uma letra que representa a “amizade”, o “companheirismo”.

– A mulher virtuosa não mede esforços para que o bem-estar de sua família, daquela com quem ela convive seja alcançado, “entregando-se com vontade ao trabalho, com seus braços fortes e vigorosos (Pv.31:17 NVI). É alguém que se faz companheira não só do marido mas dos filhos, esforçando-se para que o bem comum seja alcançado. Quão diferente é esta mulher daquela mulher egoísta, individualista e que não se preocupa senão consigo mesma que é pintada como a “mulher ideal” do movimento feminista.

– A mulher virtuosa “prova e vê que é boa a sua mercadoria, e a sua lâmpada não se apaga de noite” (Pv.31:18). Aqui, a mulher virtuosa é aquela que experimenta o bem, que é a prova do próprio bem no meio de seus familiares. Ela é boa, promove a bondade no meio de sua família, é a própria encarnação do bem. A letra “tete” reflete, precisamente, o “bem”, a “bondade”, ainda que abarque também a questão do mal. É à mulher que incumbe fazer a discriminação entre o que é bom e o que é mal no dia-a-dia do lar.

– A mulher virtuosa “estende suas mãos ao fuso e as palmas de suas mãos pegam na roca” (Pv.31:19). Ela não é somente a organizadora das tarefas, mas o exemplo da sua execução. Ela não só busca lã e linho, o pão de longe, mas também confecciona as roupas, cria as vestimentas, tomas as primeiras medidas de execução. É trabalhadora, faz com suas mãos aquilo que ordena seja feito.

– O verso inicia-se com a letra “jode”, a menor das letras hebraicas e que faz parte de todas as demais, daí porque é considerada a letra que representa “a onipresença divina”, a “mão de Deus”. As mãos falam das obras, das atividades de cada um e a mulher virtuosa é a primeira a trabalhar, a mostrar aos seus familiares, com seu exemplo, o que deve ser feito para que se alcancem os objetivos, para que se cumpra a vontade do Senhor.

– A mulher virtuosa “abre a sua mão ao aflito e ao necessitado estende as suas mãos” (Pv.31:20). Aqui, numa linda sequência do texto, aprendemos que a mulher virtuosa, em suas obras, não se cinge somente aos seus familiares, mas também alcança o próximo, ao necessitado. É alguém que, realmente, está em comunhão com o Senhor e, por isso, ama o próximo como a si mesmo, ama ao outro assim como Jesus a amou.

– A sensibilidade da mulher faz com que a ela seja destinada, em primeiro plano, a obra da assistência social, da ajuda ao necessitado. É ela que tem a sensibilidade apropriada e adequada para tal serviço, notando as dificuldades e carências, a fim de poder transmiti- las aos que administram este importante negócio (na igreja, os diáconos). Assim já ocorria no ministério de Jesus, onde as mulheres traziam suas fazendas para abastecimento da bolsa dos pobres, bolsa esta administrada pelos discípulos do Senhor.

– A letra “cafe”, com que se inicia este verso, significa “palma”, “mão”, designando, precisamente, este gesto de ajuda ao necessitado, a quem precisa. A mulher virtuosa ama o próximo e põe a sua família para ajudar quem precisa. Quão diferente é esta mulher consumista, que somente pensa em si e impede que o outro seja ajudado porque sempre gasta o que tem e o que não tem para seus caprichos e deleites!

– A mulher virtuosa “não temerá, por causa da neve, porque toda a sua casa anda forrada de roupa dobrada (Pv.31:21). Temos aqui a descrição da prudência da mulher virtuosa, de sua sabedoria que, como a formiga, prepara-se para o inverno, para o dia mau. A mulher virtuosa é previdente, prevê as dificuldades, sabe que o dia da adversidade sempre vem e, por isso, protege seu lar, com antecedência, dos problemas e dificuldades, que são inerentes à vida terrena.

– A letra “lâmede” com que se inicia este verso é a letra mais alta do alfabeto hebraico e, também, a letra central do mesmo. Está relacionada com o “conhecimento”, com o “ensino”. Assim, ao mostrar o poeta que a mulher virtuosa é prudente, está a nos indicar que ela tem a “ciência do Santo” (Pv.9:10), que ela possui intimidade com o Senhor, a fonte de toda a sabedoria. Somente tendo aprendido com o Senhor, poderá a mulher alcançar a prudência e bem preparar a sua casa para as intempéries da vida.

– A mulher prudente vem do Senhor (Pv.19:14), de forma que precisa ela se manter constantemente em comunhão com Deus para poder bem exercer as suas funções. Esta comunhão faz com que a mulher virtuosa seja alguém que leia constantemente as Escrituras, medite nelas, como também busque constantemente a presença do Senhor em oração.

– A mulher virtuosa “traz para si tapeçaria; de linho fino e de púrpura é o seu vestido” (Pv.31:22). Ela não apenas veste os demais, mas também se veste, e se veste bem. Está sempre coberta, está sempre vestida. Isto nos fala a respeito da própria respeitabilidade da mulher e de seu exemplo, que lhe dá autoridade. Por isso, pode ela fomentar a virtude e o cumprimento da vontade divina em casa, pois ela mesma dá o exemplo.

– A letra “mem”, com que se inicia este verso, tem o significado de “água”, “fonte”, “povo” e “nações”. Isto nos mostra que a mulher virtuosa, por estar em comunhão com o Senhor, é uma “fonte de águas vivas”, é quem fornece a vida para a família, quem traz este elemento essencial à vida que é a “água” para o recôndito de seu lar. Vemos aqui que esta mulher é bem diferente da rixosa, que transforma sua casa em lugar pior do que o deserto (Pv.21:19). A mulher virtuosa é pacificadora e procura construir a paz no seu lar.

– A mulher virtuosa é conhecida pelo seu marido nas portas, quando ele se assenta com os anciãos da terra (Pv.31:23). Vê-se, portanto, que o exemplo da mulher virtuosa não se circunscreve ao interior do seu lar, mas até seu marido, quando se assenta com os anciãos da terra, dá testemunho desta mulher. Cabe aqui o famoso dito popular de que “atrás de um grande homem, há uma grande mulher”. Com efeito, o trabalho da mulher se espraia em seu marido, cuja respeitabilidade é fruto da sua dedicação e da sua comunhão com sua mulher.

– O trabalho da mulher é observado por todos, por toda a sociedade. A mulher virtuosa, mesmo não aparecendo, aparece, pois o fruto de sua dedicação e zelo são perceptíveis nas vidas de seu marido e de seus filhos. O próprio Lemuel é uma prova disto, pois suas palavras, embora proferidas por ele, enquanto rei, são atribuídas aos ensinos de sua mãe (Pv.31:1).

– A letra “nun”, com que se inicia este verso, significa “fidelidade, posteridade, continuidade”, como também a “recompensa da fidelidade, posteridade e continuidade”. A mulher virtuosa alcança a recompensa pelo reconhecimento público de seus esforços, de sua dedicação. Por isso, é importantíssimo que todos a considerem, a elogiem e louvem, a começar do marido.

– Os maridos e filhos devem, portanto, para dar a devida honra à mulher virtuosa, lembrar sempre que suas imagens entre os outros será, também, a imagem da mãe e da esposa e, por isso mesmo, devem zelar para que atendam a todas as exigências e conselhos da mulher virtuosa, pois ela não estará se intrometendo na vida alheia, mas, sim, compartilhando de seus temores, já que a imagem que passaremos para a sociedade é também a imagem dela.

– A mulher virtuosa “faz panos de linho fino e os vende, dá cinta aos mercadores” (Pv.31:24). Temos aqui a mulher que negocia, que faz acordos, que sabe proteger seu lar dos demais grupos, que adquire o que está faltando em casa com aquilo que ela mesma fabricou com o que está sobrando. É, portanto, alguém que ajuda, a um só tempo, quem está dentro e quem está fora de casa. É aquela que se faz de anteparo, de ordenadora dos relacionamentos dentro e fora do lar.

– A letra “sâmeque”, com que se inicia este verso, significa “escudo”, “suporte”, “ajuda”, dando bem o sentido do papel da mulher virtuosa nos relacionamentos externos da família. É a mulher que deve suportar os entraves, mediar os conflitos e administrar os sentimentos nos relacionamentos externos do lar, o dia-a-dia do contato com o mundo externo.

– Bem se vê que a mulher virtuosa valoriza o que está dentro de casa, defende os seus, mas também fornece “cintas aos mercadores”, ou seja, reconhece também o papel dos que estão de fora do lar, realçando os seus lugares. A mulher virtuosa, na defesa dos seus, jamais desconsiderará a autoridade de que se reveste os que estão fora de sua casa. Quão diferente é a mulher virtuosa daquelas superprotetoras, que ignoram a autoridade do professor, do diretor de escola, do policial etc. etc. etc.

– A mulher virtuosa tem por vestes a força e a glória e se ri do dia futuro (Pv.31:25). Sobre este texto, os comentaristas da Bíblia de Jerusalém assim se expressam: “ela encara o futuro com confiança, seja o destino de sua família, seja a recompensa que Deus dará um dia ao seu cuidado” (com. Pv.31:25, nota b, p.1069). Temos aqui uma “mulher de visão”, ou seja, aquela que, tendo os “olhos da fé”, sabe que está na direção de Deus e que não somente Deus existe, mas é galardoador daqueles que O buscam (Hb.11:6).

– A mulher virtuosa tem visão para o futuro, o que, como sabemos, é algo que foge da natureza feminina propriamente dita, feita para olhar para o presente, para as circunstâncias da vida, do dia-a-dia. No entanto, como ela tem fé, agrada a Deus e, por isso, não olha apenas com os olhos físicos, mas, também, com os olhos espirituais. Não anda por vista, mas por fé (II Co.5:7).

– A letra “aiin”, com que se inicia este verso, significa precisamente “olhos”, “visão”, mostrando-nos que não há como se ter uma mulher virtuosa senão entre aquelas que creem em Cristo Jesus.

– A mulher virtuosa “abre a sua boca com sabedoria e a lei da beneficência está na sua língua” (Pv.31:26). Temos, de pronto, aqui, mais uma demonstração de que Deus não faz acepção de pessoas. O que exige do homem no tocante ao falar, também o faz com relação à mulher que, aliás, é mais propensa a falar do que o homem, sendo esta uma distinção característica entre homens e mulheres. OBS: Pesquisa revelou que a mulher fala cerca de 20 mil palavras por dia, contra apenas 7 mil dos homens (Mulheres falam mais do que os homens. Disponível em: http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/mulheres- realmente-falam-mais-do-que-os-homens/ Acesso em 10 out. 222013).

– A mulher virtuosa fala dentro dos ditames já estudados na lição 5 deste trimestre, sabendo o momento, o modo e o conteúdo do que deve ser falado, falando apenas aquilo que edificar, aquilo que fizer bem. A propósito, a letra “pê”, com que se inicia este verso, significa precisamente “boca”.

– Bem se vê, naturalmente, que a “mulher fofoqueira”, a “mexeriqueira” não é, à evidência, uma mulher virtuosa.

– A mulher virtuosa “olha pelo governo da sua casa e não come o pão da preguiça” (Pv.31:27). Uma vez mais se mostra que a mulher virtuosa é trabalhadora, não é preguiçosa, o que revela, mais uma vez, que se trata de algo que Deus exige tanto de homens como de mulheres. A “dupla jornada”, uma realidade na vida das mulheres que trabalham dentro e fora de casa, é uma prova indubitável do que se está a afirmar.

– A mulher é a “chefe de governo” da casa, ou seja, aquela que executa, que toma as atitudes do dia-a-dia da administração da casa, a exemplo do que fazem os primeiros- ministros nos regimes parlamentaristas. É ela quem deve observar, em primeiro plano, o dia-a-dia do lar, o seu andamento cotidiano, algo que tem sido sensivelmente prejudicado com a ida da mulher ao mercado de trabalho.

– É à mulher que incumbe tal governo, pois só ela tem a sensibilidade e o olhar voltado para o cotidiano, algo que falta ao homem. A mulher que trabalha fora de casa tem de ter sabedoria para poder se desincumbir desta tarefa intransferível, sob pena de estar a se comportar como uma mulher tola, que brevemente derrubará o seu lar. Tomemos cuidado, amadas irmãs!

– “Olhar pelo governo da casa” é a tarefa da mulher virtuosa, de sorte que pode, sim, determinar ao marido o desempenho de algumas tarefas domésticas. Ela “olha pelo governo”, não “faz todas as tarefas do lar”. Não é senão puro machismo e sem respaldo bíblico a defesa de que, mesmo em se tendo a mulher trabalhando fora de casa, não deva o marido fazer coisa alguma em casa. A distribuição das tarefas está com a mulher, como vimos em Pv.31:15.

– A letra “tsadê”, com que se inicia este verso, tem o significado de “retidão”, “obediência”, “justiça”. A mulher virtuosa é aquela que ocupa a sua justa posição no lar, que obedece aos ditames divinos de distribuição de atribuições dentro da família, assumindo o governo de sua casa, desempenhando o seu papel de edificadora do lar.

– Lamentavelmente, muitas mulheres que cristãs se dizem ser têm faltado com os seus deveres domésticos, têm cedido aos clamores do feminismo e de outros movimentos revolucionários, considerando “machismo” e “atraso” aquilo que as Escrituras Sagradas falam a respeito da mulher e de seu papel. Que Deus nos ajude a que tais mulheres retornem ao lugar de “justas”, sirvam fiel e obedientemente ao Senhor, podendo, assim, colher os frutos da obediência, edificando lares saudáveis e dando retos ensinamentos e exemplos a seus filhos, que possam, assim, como Lemuel, ser profetas do Senhor.

– A mulher virtuosa é chamada de bem-aventurada pelos seus filhos, como também pelo seu marido (Pv.31:28), repetindo-se aqui a necessidade de reconhecimento do trabalho e esforço desta mulher diante de seus familiares. Se o testemunho anterior é dado pela sociedade, este aqui é dado dentro de casa. A mulher virtuosa é bem-aventurada, porque é sábia, porque é prudente, porque tem aprendido do Senhor.

– A letra “cofe” com que se inicia este verso, cujo significado é de “olho da agulha”, tem o sentido de “grito”, “chamado”. A mulher virtuosa, tanto quanto o varão, é chamada por Deus para a felicidade, para a bem-aventurança e, cumprindo seu papel de acordo com a Bíblia Sagrada, alcança a felicidade. Quão diferente é a mulher virtuosa da “mulher independente e emancipada” do movimento feminista, que não passa de um poço de frustrações e insatisfação.

– O louvor do marido à mulher virtuosa é que ela é a todas superior, embora as muitas filhas tenham obrado virtuosamente (Pv.31:29). Temos aqui o reconhecimento do marido que põe a sua mulher como exclusiva, como aquela que é “superior”. Por ser submissa ao marido, por ter cumprido a missão desencadeada pelo planejamento do marido, a mulher é reconhecida por ele como “superior a todas as demais mulheres”. É na submissão que a mulher é reconhecida e valorizada por seu marido. Vê-se, pois, com absoluta clareza, que a emancipação da mulher, o seu reconhecimento não está numa vida de independência e separação do homem, mas na sua comunhão com ele, no compartilhamento de aspirações e objetivos.

– A letra “reche”, com que se inicia este verso, significa “cabeça”. A mulher virtuosa, tendo o marido por cabeça, torna-se também “cabeça”, alcança a sua superioridade, uma posição sublime que jamais pode alcançar se lutar contra o homem, se dele quiser viver independentemente.

– Diz, então, Lemuel que “enganosa é a graça e vaidade a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada” (Pv.31:30). Tem-se aqui o “segredo da virtude da mulher”, que já havia sido antecipado, ainda que implicitamente, quando do anúncio da prudência da mulher, ou seja, a presença do temor ao Senhor, que é o princípio da sabedoria (Pv.9:10).

– A mulher virtuosa, antes de mais nada, teme ao Senhor, não se deixa levar pelos seus predicados físicos, pela sua própria natureza, mas, sabendo que depende de Deus em todas as coisas que fizer (Jo.15:5), teme a Deus e, por isso mesmo, alcançar o louvor e o reconhecimento por todo o seu esforço.

– O segredo da mulher não está em se voltar contra o homem, em exigir que se lhe faça justiça numa ordem social perversa, pecaminosa que a sempre deixa em situação de inferioridade, mas, sobretudo, em temer a Deus, sabendo que é o Senhor, Aquele que não faz acepção de pessoas, que a levará a um lugar de honra e louvor, apesar de toda a iniquidade existente no mundo.

– Quanto as mulheres não têm sido enganadas, achando que indo trabalhar fora de casa, dando vazão a uma “posição independente”, alcançarão a devida valorização que a ordem social lhes nega. Temos visto, claramente, que a adoção dos princípios do feminismo não tem senão aviltado ainda mais a figura feminina na sociedade, como supra já se disse. Somente quando a mulher passa a temer a Deus, a obedecer a Sua Palavra, poderá alcançar o reconhecimento e a valorização de que tanto necessita e é carente. Não é à toa que somente o Cristianismo deu à mulher o seu devido valor. Pense nisso, amada irmã! OBS: Por sua biblicidade, transcrevemos trecho da Carta Apostólica Mulieris dignitatem do Papa João Paulo II: “…O modo de agir de Cristo, o Evangelho de suas obras e palavras é um protesto coerente contra tudo quanto ofende a dignidade da mulher. Por isso, as mulheres que se encontram perto de Cristo reconhecem-se a si mesmas na verdade que ele « ensina » e que ele « faz », também quando esta verdade versa sobre a « pecaminosidade » delas. Sentem-se « libertadas » por esta verdade, restituídas a si mesmas: sentem-se amadas de « amor eterno », por um amor que encontra direta expressão no próprio Cristo. No raio da ação de Cristo, a posição social delas se transforma. Sentem que Jesus lhes fala de questões sobre as quais, naquele tempo, não se discutia com uma mulher.…” (JOÃO PAULO II. Carta Apostólica “Mulieris dignitatem” n.15. Disponível em: http://www.paroquiasantoantoniopatos.com.br/admin/documentos/Carta-Apostolica-MULIERIS-DIGNITATEM- sobre-a-dignidade-e-a-voca%C3%A7ao-da-mulher—Joao-Paulo-II.pdf Acesso em 10 out 2013).

– A letra “chim”, com que se inicia este verso, significa “dentes”, expressão que, nas Escrituras, sempre é utilizada com o significado daquilo que corta, esmaga e devora. Somente temendo a Deus, a mulher poderá desfazer tudo quanto o pecado se lhe impôs na ordem humana, somente temendo a Deus poderá alcançar a devida dignidade sobre a face da Terra.

– Por fim, ao terminar seu poema, Lemuel diz que à mulher virtuosa deve ser dado o fruto das suas mãos e suas obras louvadas nas portas (Pv.31:31). Tem-se, então, o convite a que todos reconheçam e elogiem o trabalho e a pessoa da mulher virtuosa, que todos deem a devida honra à mulher, por ser ela temente ao Senhor.

– Como cristãos, não podemos, de forma alguma, deixar de louvar a mulher virtuosa, aquela mulher que teme ao Senhor, garantindo-lhe o devido lugar na ordem cósmica, sem acepção de pessoas, cumprindo, assim, a vontade divina.

– Isto não significa, em absoluto, adotar a mentalidade revolucionária e contrária à ordenação divina, que procura dar à mulher papéis que ela não tem. Ela foi feita para auxiliar o homem, complementar-lhe, ser aquela que cuida predominantemente da edificação das famílias, a quem foi dado um poder agudo de percepção e de sensibilidade. Valorizar a mulher é, portanto, sobretudo, reforçar as funções que o Senhor lhe atribuiu, de forma a que toda a sociedade possa se sustentar com base na família e na própria sensibilidade que só a figura feminina pode dar. OBS: Oportuno aqui transcrever trecho da Carta Apostólica Mulieris dignitatem do Papa João Paulo II: “…Nos nossos dias a questão dos « direitos da mulher » tem adquirido um novo significado no amplo contexto dos direitos da pessoa humana. Iluminando este programa, constantemente declarado e de várias maneiras recordado, a mensagem bíblica e evangélica guarda a verdade sobre a « unidade » dos « dois », isto é, sobre a dignidade e a vocação que resultam da diversidade específica e originalidade pessoal do homem e da mulher. Por isso, também a justa oposição da mulher face àquilo que exprimem as palavras bíblicas: « ele te dominará » (Gen 3, 16) não pode sob pretexto algum conduzir à « masculinização» das mulheres. A mulher—em nome da libertação do « domínio » do homem— não pode tender à apropriação das características masculinas, contra a sua própria « originalidade » feminina. Existe o temor fundado de que por este caminho a mulher não se « realizará », mas poderia, ao invés, deformar e perder aquilo que constitui a sua riqueza essencial. Trata-se de uma riqueza imensa. Na descrição bíblica, a exclamação do
primeiro homem à vista da mulher criada é uma exclamação de admiração e de encanto, que atravessa toda a história do homem sobre a terra. Os recursos pessoais da feminilidade certamente não são menores que os recursos da masculinidade, mas são diversos. A mulher, portanto, — como, de resto, também o homem — deve entender a sua « realização » como pessoa, a sua dignidade e vocação, em função destes recursos, segundo a riqueza da feminilidade, que ela recebeu no dia da criação e que herda como expressão, que lhe é peculiar, da « imagem e semelhança de Deus ». Somente por este caminho pode ser superada também aquela herança do pecado que é sugerida nas palavras da Bíblia: « sentir-te-ás atraída para o teu marido, e ele te dominará ». A superação desta má herança é, de geração em geração, dever de todo homem, seja homem, seja mulher. Efetivamente, em todos os casos em que o homem é responsável de quanto ofende a dignidade pessoal e a vocação da mulher, ele age contra a própria dignidade pessoal e a própria vocação.…” (JOÃO PAULO II. Carta Apostólica “Mulieris dignitatem” n. 10. Disponível em: http://www.paroquiasantoantoniopatos.com.br/admin/documentos/Carta-Apostolica-MULIERIS-DIGNITATEM- sobre-a-dignidade-e-a-voca%C3%A7ao-da-mulher—Joao-Paulo-II.pdf Acesso em 10 out. 2013).

– A letra “tau”, com que se inicia o verso, tem o significado de “marca, selo, sinal”, é a letra final do alfabeto hebraico, significando o fim de todas as coisas. A mulher virtuosa tem uma “marca”, um “fim”, que é o de ser louvada pelas suas obras, reconhecida pelos frutos de suas mãos.

– Como afirma a professora Rosana Figueredo Beda Francisco: “…Um dos exemplos bíblicos femininos mais ricos em diversidade de tarefas, atuações e desempenhos é o da Mulher Virtuosa. Quando analisamos todas as suas ações, entendemos como ela se torna feliz por ser tão ativa, útil, participativa, conectada, tratável, entre outras características.…” (Duas mulheres bem diferentes. Estudo gentilmente cedido ao autor deste estudo para sua elaboração).

– Esta felicidade, que é a bem-aventurança, é o próprio propósito de Deus para o homem, como bem afirma o Catecismo da Igreja Romana, que aqui transcrevemos por sua biblicidade: “Deus, infinitamente Perfeito e Bem-aventurado em Si mesmo, em um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar de Sua vida bem-aventurada. Eis por que, desde sempre e em todo lugar, está perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-l’O, a conhecê-l’O e a amá-l’O com todas as suas forças. Convoca todos os homens, dispersos pelo pecado, para a unidade de Sua família, a Igreja. Faz isto por meio do Filho, que enviou como Redentor e Salvador quando os tempos se cumpriram. N’Ele e por Ele, chama os homens a se tornarem, no Espírito Santo, Seus filhos adotivos, e portanto os herdeiros de Sua vida bem-aventurada” (§ 1º CIC).Que todas as mulheres virtuosas sejam reconhecidas não só aqui pelo que fazem, mas, também, naquele dia, pelo Reto e Supremo Juiz. Amém! OBS: Como disse o Papa João Paulo II na Carta Apostólica Mulieris dignitatem: “…A dignidade da mulher está intimamente ligada com o amor que ela recebe pelo próprio fato da sua feminilidade e também com o amor que ela, por sua vez, doa. Confirma-se assim a verdade sobre a pessoa e sobre o amor.…” (JOÃO PAULO II. Op.cit., n.30, end. cit.).
Caramuru Afonso Francisco

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