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Jovens – Lição 10 – O Reino do Messias: O Milênio

O Milênio é a sétima e última dispensação da história humana, a restauração completa deste mundo a ser promovida pessoalmente por Jesus, antes do estado eterno.

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INTRODUÇÃO

– Após o lançamento do Anticristo e do Falso Profeta ainda vivos no lago de fogo e de enxofreo diabo, que os incitara, será preso.

Teremos, então, o início do período mais feliz de toda a história da humanidade, o tempo de justiça e de paz que tem sido desejado por todos os homens desde o início dos tempos: o reino milenar de Cristo.

– No milênio, Deus, na pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo, restaurará todas as coisas e restabelecerá a situação de paz, ordem e justiça que foram perdidos com o ingresso do pecado no mundo.

Será a realização de todos os desejos e sonhos dos homens durante toda a história. Deus, antes de desfazer estes céus e terra, mostrará o Seu caráter, tudo restabelecendo ao que era ao princípio.

I – O JULGAMENTO DAS NAÇÕES

– Antes do início do reino milenial de Cristo, após ter vencido o Anticristo e o Falso Profeta, que serão lançados vivos no lago de fogo e enxofre (Ap.19:20), o Senhor Jesus procederá ao julgamento das nações para definir quem participará do Seu reino milenial.

– Tendo vencido o Anticristo e o Falso Profeta, que governavam o mundo até então, em uma guerra justa, já que terá vindo salvar Israel de uma agressão injusta promovida pelo Anticristo e seus aliados, o Senhor Jesus tomará legitimamente o comando de todo o planeta, podendo, assim, reinar sobre toda a Terra.

– Ocorrida a destruição dos exércitos do Anticristo e do Falso Profeta, o Senhor Jesus passará a julgar as nações consoante a decisão que tomaram durante a Grande Tribulação, filiando-se, ou não, ao Anticristo, voltando-se, ou não, contra Israel.

Se é certo que todos os soldados que estavam a cercar Israel foram mortos (Ap.19:21), os que não participaram diretamente da batalha do Armagedom devem ser julgados e somente poderão ingressar no reino milenar de Cristo se não adoraram a besta nem tiveram em suas mãos o sinal do Anticristo.

– O profeta Daniel recebeu a revelação de que haverá um período de mil duzentos e noventa dias entre a abominação desoladora e o livramento de Israel (Dn.12:11) e que será bem-aventurado quem chegar até mil trezentos e trinta e cinco dias (Dn.12:12).

Como diz o saudoso pastor Severino Pedro da Silva: “…Embora o período final deste tempo sombrio tenha a duração de apenas 1.260 dias (Ap.12:6), um período adicionado de mais trinta dias parece ser exigido para a purificação e restauração do templo (Dn.12:11); e ainda outro período de quarenta e cinco dias antes que seja experimentada a plena bênção do reino milenar (…).

Durante os trinta (30) dias que se seguem, se dará o julgamento das nações; no período dos 45 dias restantes, a terra passará por uma espécie de ‘purificação’…” (Daniel versículo por versículo, p.237).

– Este julgamento é descrito no sermão escatológico do Senhor Jesus, em Mt.25:31-46, quando o próprio Cristo diz que, quando vier em Sua glória, Se assentará no trono da Sua glória e todas as nações serão reunidas diante d’Ele e apartará uns dos autos, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas (Mt.25:31,32).

– O critério do julgamento será o tratamento que deram aos israelitas durante o período da Grande Tribulação.

Aqueles que não auxiliaram os judeus, que terão, após a profanação do templo, sido cruelmente perseguidos pelo Anticristo, serão considerados como “ovelhas” e terão permitida a entrada no reino milenar de Cristo, passando a desfrutar de um período de justiça e de paz, por terem crido nas palavras de todos quantos o Senhor levantou, durante a Grande Tribulação, para falar a Palavra de Deus ( duas testemunhas 144.000 judeus e os três anjos que pregaram o evangelho eterno).

Aqueles que não auxiliaram os judeus, aliaram-se à besta, serão considerados como “bodes” e serão mortos, devendo aguardar o julgamento individual no juízo do trono branco, que ocorrerá ao final do reino milenar de Cristo (Mt.25:45,46).

– Feito este julgamento e decorrido o período de purificação da Terra, seja pelos inúmeros eventos naturais que terão modificado todo o planeta, bem como construído o quarto templo, que é descrito no livro do profeta Ezequiel, terá início a sétima dispensação, o reino milenar de Cristo.

II – O QUE É O MILÊNIO

– Os estudiosos da Bíblia denominam de “milênio” o período de mil anos em que Cristo governará pessoalmente toda a Terra, como vemos escrito explicitamente em Ap.20:4-6.

A palavra “milênio”, que significa período de mil anos, não se encontra na Bíblia Sagrada, mas a expressão “mil anos” é explícita em Ap.20:4-7, de modo que não se pode, em absoluto, desmerecer-se a expressão por ela não constar literalmente na Palavra de Deus.

– Apesar de estar explicitado o período de mil anos apenas no capítulo 20 do livro de Apocalipse, sendo este um dos muitos fatores que somente foram revelados ao homem por Deus por ocasião da escrita deste livro, o fato é que a promessa de uma era de paz e de justiça entre os homens já se encontrava desde os primórdios da história humana.

Várias profecias bíblicas do Antigo Testamento apontam para um período de justiça e de paz em Israel e em todas as nações.

Aliás, o fato de estas profecias ainda não terem se cumprido é, como vimos no início deste trimestre, um dos principais elementos que nos indicam que tem de haver, ainda, na história humana, um período de paz e de justiça, a fim de que todas estas profecias se cumpram, pois, como sabemos, Deus vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12).

– Também já vimos que a discussão sobre o milênio é um dos primeiros pontos discutidos pelos estudiosos da doutrina das últimas coisas, os chamados “escatólogos”, o que fez com que surgissem, no mínimo, três linhas de pensamento de interpretação das Escrituras a respeito do assunto, a saber:

a) os amilenistas – são aqueles que não crêem que haverá um reino milenar de Cristo, que confundem o milênio com a dispensação da graça. É a posição oficial da Igreja Romana e que se alicerça, principalmente, na obra do grande teólogo Agostinho de Hipona.

Para estes, a paz e a prosperidade previstas nas Escrituras para ocorrer durante o milênio serão alcançadas paulatinamente, à medida que o Evangelho for sendo pregado. O reino de Cristo sobre toda a Terra nada mais seria que o domínio da Igreja sobre todos os povos.

(Aliás, por isso a Igreja Romana adotou esta linha de pensamento, pois entende que o domínio do mundo lhe está reservado.) Em seguida a este domínio, seguir-se-ia a vinda de Jesus para julgar os vivos e os mortos.

b) os pós-milenistas – são aqueles que crêem que o milênio vai existir, mas seria implantado após a instauração da paz e da prosperidade no mundo por intermédio da pregação do Evangelho.

Obtida a conversão do mundo pelo evangelho, seguir-se-ia o reino milenial de Cristo e, só depois, o julgamento dos vivos e dos mortos pelo Senhor.

Esta doutrina começou a se desenvolver com o grande pregador norte-americano Jonathan Edwards e encontrou muitos adeptos, principalmente entre os norte-americanos, somente entrando em crise com a Guerra de Secessão que abalou a convicção triunfalista que acompanhava esta linha de pensamento, ou seja, de que as coisas no mundo só tenderiam a melhorar até a chegada do milênio.

c) os pré-milenistas – são aqueles que crêem que o milênio vai existir, mas seria implantado pelo próprio Cristo, após a Grande Tribulação. Esta doutrina foi novamente adotada a partir do século XIX, notadamente após os trabalhos de John Nelson Darby, mas, como vimos neste trimestre em estudos anteriores, era a crença da Igreja até o surgimento da doutrina amilenista.

O milênio é visto como sendo a sétima e última dispensação da história humana: o governo pessoal de Cristo sobre a Terra, onde são cumpridas todas as profecias bíblicas messiânicas do Antigo Testamento, onde há a restauração da natureza e onde se atingem o fim sempre perseguido da justiça e da paz entre os homens. É a redenção terrena, antes que estes céus e terra sejam substituídos e advenha o Estado eterno.

– O milênio é, portanto, o período de mil anos, que virá depois da Grande Tribulação, em que Jesus Cristo reinará sobre toda a Terra, como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Será, também, Rei sobre Israel, ocupando o trono de Davi e instituindo um tempo de justiça e de paz sobre todas as nações. Será o melhor período da história de toda a humanidade.

– O milênio é o período em que Deus governará sem qualquer oposição toda a Terra, uma vez que o diabo estará preso e, portanto, não estará buscando ocasião para enganar o homem e fazer com que ele desobedeça ao Senhor. É importante observar que Deus sempre reina e está no controle de todas as coisas (I Cr.16:31; Sl.99:1), mas, durante o milênio, este domínio será exercido sem qualquer oposição por parte do diabo e de seus anjos, ou seja, as condições para que o homem sirva a Deus serão as mais amplas que já houve em toda a história da humanidade.

A ausência de resistência e de oposição aos desígnios divinos trará inúmeros benefícios aos homens, alcançando-se, assim, a justiça e a paz que tantos desejam e que ninguém encontra.

– O milênio será uma nova dispensação, ou seja, uma nova forma de o homem se relacionar com Deus. O homem se relacionará com Deus através do governo pessoal de Cristo sobre a Terra, através da manifestação visível da justiça e do amor de Deus em todas as coisas.

Enquanto, atualmente, Deus Se mostra aos homens através da Igreja, Deus Se manifesta através do reino de Deus que está em cada um dos salvos, naquela época o reino de Deus se mostrará através de todas as coisas:

  • da Igreja glorificada, que participará do reino de Cristo juntamente com os mártires da Grande Tribulação;
  • do culto ao Senhor no templo que será erigido em Jerusalém, o quarto templo (que já estudamos na lição 5 deste trimestre);
  • da natureza, que deixará de ser maldita por causa do pecado do homem, mas passará a ser a expressão do amor e da soberania divinos e de Israel, que será, enfim, a nação sacerdotal, a propriedade peculiar de Deus dentre os povos.

III – QUANDO SERÁ O MILÊNIO

– O milênio terá início logo após a batalha do Armagedom, quando serão derrotados o Anticristo e o Falso Profeta, que serão lançados vivos no lago de fogo e de enxofre (Ap.19:20).

OBS: “…O fato de os dois [Anticristo e Falso Profeta, observação nossa] serem lançados vivos (‘vivos’) no lago de fogo significa, para alguns comentaristas, que não poderão ser (‘homens ordinários’), e, sim, seres demoníacos que se apresentarão como homens. Mas a verdade é que serão homens, embora possuídos por Satanás.…” (Severino Pedro da SILVA. Apocalipse versículo por versículo. 2.ed., p.250).

– Logo em seguida à derrota do Anticristo e do Falso Profeta, as Escrituras nos revelam que o diabo, que já havia sido precipitado para a Terra no início da Grande Tribulação (Ap.12:9,10), sofrerá um outro golpe na sua interminável caminhada descendente: será lançado no abismo, onde ficará preso pelo período de mil anos (Ap.20:1-3).

A Bíblia nos informa que um anjo tomará esta providência, não se identificando que anjo será. Há quem diga que se trate de Miguel, mas isto é apenas especulação, até porque, quando da precipitação do diabo sobre a terra, o nome de Miguel foi mencionado e aqui não o é.

Pode-se, mesmo, entender que não seja Miguel, porque Miguel sempre é mencionado na Bíblia nominalmente ou como arcanjo e nunca como “um anjo”, como consta em Ap.20:1.

Ademais, o fato de um anjo que não Miguel prender o diabo e o selar é a demonstração cabal da perda de poder e de posição por parte do ex-querubim ungido, uma mostra clara e evidente de sua decadência, o que, aliás, é resultado do que lhe foi vaticinado pela própria Palavra do Senhor (Is.14:13-19).

– É interessante observar que esta é ocasião em que a Bíblia diz que o diabo será amarrado, de modo que não é correto que se fale, como se costuma por aí, que o diabo deve ser amarrado pelos servos do Senhor. O diabo somente será amarrado, e por mil anos, por ocasião do início do Milênio (Ap.20:2).

Conforme afirmam alguns estudiosos da Bíblia, esta expressão significa que o diabo ficará imóvel, sem qualquer ação, sem condição de “andar pela terra e passear por ela”, como é seu costume (cfr. Jó 1:7, 2:2).

Os servos do Senhor, na atual dispensação, não devem amarrar o diabo ou os seus agentes, mas, sim, resistir-lhes (Tg.4:7) e expulsá-los em nome de Jesus (Mt.10:8; Mc.16:17).

O diabo será amarrado por um anjo e somente será definitivamente derrotado pelo próprio Jesus, a Quem incumbe com exclusividade esmagar a cabeça da antiga serpente (Gn.3:15; Rm.16:20).

OBS: “…O fato de os dois [Anticristo e Falso Profeta, observação nossa] serem lançados vivos (‘vivos’) no lago de fogo significa, para alguns comentaristas, que não poderão ser (‘homens ordinários’), e, sim, seres demoníacos que se apresentarão como homens.

Mas a verdade é que serão homens, embora possuídos por Satanás.…” (SILVA, Severino Pedro da . Apocalipse versículo por versículo. 2.ed., p.250).

– A destruição do Anticristo e do Falso Profeta e a vitória de Cristo e Seu exército na batalha do Armagedom porá fim ao sistema mundial gentílico que tem governado o mundo desde o início da história humana depois da expulsão do Éden. O sistema político estabelecido pelo Anticristo ruirá por completo e outro deverá ser estabelecido.

Ocorre, então, o que foi profetizado por Daniel, ou seja, a pedra cortada sem mão que feriu a estátua do sonho do rei Nabucodonosor (Dn.2:34), pedra que encheu toda a terra (Dn.2:35).

Esta pedra é Cristo, que passará a ser, de direito, o governante de toda a Terra, uma vez que terá conquistado, pela guerra, todas as nações.

– A prisão de Satanás, por sua vez, representará a eliminação do principal fator de tentação do ser humano.

Embora o ser humano peque porque é atraído e engodado pela própria concupiscência (Tg.1:14), é inegável que praticamente todo processo de pecado se inicia com uma instigação, com uma indução por parte do diabo ou de seus anjos, que, quando encontra guarida no coração do homem, dá início ao processo que leva ao pecado, como vemos na descrição bíblica da primeira tentação, que redundou na queda do homem.

Serão, assim, extremamente favoráveis as condições para que o homem sirva a Deus neste período.

– Vemos, portanto, que não há como o milênio ocorrer senão depois da vitória de Cristo sobre o Anticristo e o Falso Profeta e da prisão de Satanás por mil anos.

 Não se pode, em absoluto, concordar com teorias que fixam o milênio num período histórico diferente, como, por exemplo, as Testemunhas de Jeová, que fixaram a data inicial do milênio como sendo o ano de 1914, precisamente quando começou a Primeira Guerra Mundial.

Como pode um período de paz e justiça ter início com o primeiro conflito mundial que a história humana já conheceu ?

É algo totalmente desarrazoado e que serve tão somente para vermos a falsidade desta seita.

Assim também não há cabimento em que se entender que o milênio é o reino de Deus em cada um dos crentes ou a presente era que vivemos, em que, à evidência, o pecado está em ritmo cada vez mais crescente como também opera, com cada vez maior desenvoltura, o “espírito do anticristo” (I Jo.4:3). Para que o milênio seja estabelecido, nada disso poderá ocorrer.

– Há quem, também, levante dúvidas sobre o tempo do milênio, querendo afirmar que a expressão “mil anos” que se encontra em Ap.20:3-7 é figurativa, alegórica, que não representa um período literal de mil anos. Entretanto, assim não entendemos.

 Em primeiro lugar, é preciso observar que, no livro do Apocalipse, os períodos de tempo são fixados de forma literal, muitas fixações em absoluta consonância com as profecias paralelas do Antigo Testamento (em especial, o livro de Daniel). Portanto, se a revelação fixa tempos literais nos episódios da Grande Tribulação, porque haveria de não ser literal na fixação do tempo de duração do milênio ?

– Em segundo lugar, não deve assustar o suposto longo tempo previsto para o período. Estamos diante de uma dispensação e as dispensações, via de regra, perduraram durante séculos. Só a dispensação da graça já dura há quase dois mil anos, de forma que a objeção de que o milênio seria extremamente longo é argumento que não se sustenta.

– Em terceiro lugar, somente os que não creem na Bíblia podem objetar que um sistema político e governamental possa durar mil anos.

O governo que será estabelecido por Cristo não é para durar mil anos, mas, como afirma a Bíblia Sagrada, é feita para durar para sempre.

O reino de Cristo durará apenas mil anos na Terra em que nós vivemos hoje porque esta Terra durará apenas mil anos e, depois da derrota dos rebeldes, será substituída por novos céus e terra (Ap.21:1).

Na verdade, o reino de Cristo é eterno e continuará além do primeiro céu e da primeira terra (Dn.2:44). Seu reino não é deste mundo (Jo.18:36), ou seja, trata-se de um governo, de um sistema que tem outra natureza, que não pode ser, em absoluto, comparado ou compreendido à luz do que já existiu na história humana.

 Deste modo, de nenhum valor tem qualquer julgamento da narrativa bíblica diante dos fatos históricos ou das análises sócio-econômico-políticas que foram efetuadas.

 IV – QUEM ESTARÁ NA TERRA DURANTE O MILÊNIO

– Visto quando será o milênio, é importante, desde já, observarmos alguns pontos básicos, para que entendamos como se dará esta dispensação, a fim de se evitarem conclusões precipitadas que, muitas vezes, sem qualquer respaldo bíblico, acabam gerando dúvidas e incertezas entre muitos.

– Em primeiro lugar, embora isto esteja pressuposto desde o início de nosso estudo, é importante lembrarmos que o milênio se dará aqui mesmo na Terra, ou seja, trata-se de mais um período da história humana.

Deste modo, o milênio tem como palco a Terra, não sendo um evento que se dará fora deste nosso planeta, como defendem, por exemplo, os adventistas.

OBS: Neste ponto, aliás, interessante aqui deixar registrado o pensamento do padre Antonio Vieira, o maior orador da literatura luso-brasileira, que apresenta um bom argumento para comprovar que o reino milenial de Cristo, que ele denomina “Império de Cristo” será na Terra e não no céu:

“…Contudo a sentença comum dos Santos, e recebida e seguida como certa de todos os expositores, é que este Reino e Império de Cristo e dos Cristãos profetizado por Daniel (qualquer que haja de ser) é Império da Terra e na Terra.

E posto que os autores desta sentença mais supõem que aprovam, nós aprovaremos e demonstraremos com os textos das mesmas visões. Daquela pedra que representava a Cristo e seu Império, diz Daniel, na primeira visão, que cresceu e se fez um monte tão grande que ocupou e encheu toda a terra.

Lapis autem qui percusserat statuam factus est mons magnus et implevit universam terram. Infiro agora assim: Esta pedra e este Império de Cristo, que derribou os outros impérios, cresceu?

Logo, não é império do Céu nem depois de acabado o Mundo; porque o Reino e Império de Cristo, depois de acabado o Mundo, de nenhum modo há-de crescer nem pode crescer.

 Não há-de crescer nem pode crescer no número dos homens, porque, depois de acabado o Mundo e depois do Dia de Juízo, não há-de haver mais homens que vão ao Céu; não há-de crescer nem pode crescer na glória dos bem-aventurados, porque, desde aquele ponto, cada um há-de receber por inteiro toda a glória devida a seus merecimentos; e como se acabou o tempo de mais merecer, assim se acabou o tempo de mais alcançar.

Logo, se o Reino de Cristo e dos Cristãos há-de crescer depois daquele tempo, e crescer a uma grandeza tão imensa, segue-se que esse crescimento há-de ser neste Mundo e não no outro. Mas para que são conseqüências, se as mesmas palavras do texto o dizem claramente? Factus est mons magnus et implevit universam terram.

Se a pedra, crescendo, se fez um grande monte, o qual grande monte encheu e ocupou toda a Terra, e este é o Império profetizado de Cristo, bem claro se mostra que é Império da Terra e não do Céu e que na Terra e não no Céu há-de ter toda esta sua grandeza.…” (Antonio VIEIRA. História do futuro. http://www.google.com/search?q=cache:P35BW3Ce9SIJ:www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/futuro2.html+%22hist%C3%B3ria+do+futuro%22,+Vieira&hl=pt-BR Acesso em 16 set.2004).

– Em segundo lugar, sendo um período histórico, o milênio se desenvolverá dentro da história humana, isto é, a humanidade continuará a viver como sempre viveu até então, ou seja, haverá nações, governos, vida social, econômica e religiosa.

 As pessoas nascerão e morrerão, casar-se-ão, cultuarão a Deus, trabalharão, enfim, terão uma vida em tudo semelhante ao das gerações passadas.

Evidentemente que a qualidade de vida, neste período, será imensamente superior à dos períodos anteriores (notadamente com relação ao período imediatamente anterior da Grande Tribulação), uma vez que as condições espirituais e políticas serão as mais favoráveis já existentes em toda a história.

Jesus estará reinando, ou seja, o mundo será governado pelo próprio Príncipe da Paz (Is.9:6), pelo Justo (Is.53:11) e o diabo estará preso, de maneira que tudo será feito para o bem de todos. Mas o fato de a vida ser incomparavelmente a melhor de todos os tempos é apenas a prova de que será uma vida cotidiana como as das demais épocas históricas.

– Em terceiro lugar, sendo um período histórico, continuaremos a ter duas dimensões: a terrena e a espiritual. Ao longo de toda a história da humanidade, sempre conviveram estas duas dimensões: a terrena, que se refere a este mundo, ao mundo material, e a espiritual, que se refere às regiões celestiais, que, na atual dispensação, são ocupadas, em parte, pelas hostes espirituais da maldade (Ef.6:12).

 No milênio, isto será mantido, ainda que com grandes modificações em relação à nossa atual dispensação, modificações, aliás, que, como já tivemos ocasião de estudar, se iniciarão com o desencadear das últimas coisas, ou seja, com o próprio arrebatamento da Igreja, no final da dispensação da graça.

OBS: Cabe aqui, mais uma vez, registrar outra lúcida explanação de Antonio Vieira: “…o Império de Cristo é juntamente espiritual e temporal, e que, segundo estas duas jurisdições, ambas supremas, se compõem; a coroa de Cristo, Sacerdote Supremo, e outra coroa de universal Senhor e Legislador in temporalibus, segundo a qual se chama propriamente Supremo Rei.

Este é o Reino universal que Daniel veio dar ao Filho do Homem (que é Cristo), e este o Reino que Nabucodonosor também tinha visto encher o Mundo, posto que não viu nem lhe foi mostrado a quem se havia de dar.

Este é o que viu mais distintamente que todos Zacarias na sua terceira visão; porque Nabucodonosor viu sòmente o Reino e sua grandeza, Daniel viu o Reino e a pessoa que o havia de dominar, e Zacarias viu o Reino e a pessoa, e o número e distinção das coroas.…” (Antonio VIEIRA. História do futuro. http://www.google.com/search?q=cache:P35BW3Ce9SIJ:www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/futuro2.html+%22hist%C3%B3ria+do+futuro%22,+Vieira&hl=pt-BR Acesso em 16 set.2004).

– Com efeito, a partir da ressurreição de Cristo, a Bíblia nos indica que houve alterações na dimensão espiritual.

Diz-nos a Escritura que, com Sua ressurreição, Jesus já provocou mudanças no estado das coisas no campo espiritual, uma vez que desceu às partes mais baixas da terra (Ef.4:8), tendo, em Suas mãos, as chaves da morte e do inferno (Ap.1:18).

Também, após a Sua ressurreição, a testemunhar estas mudanças no além, muitos santos ressuscitaram (Mt.27:52,53). Em seguida, após a ascensão do Senhor, o Espírito Santo iniciou uma atuação ampla na face da Terra, resistindo pessoalmente às hostes malignas e impedindo a manifestação do iníquo (II Ts.2:7).

No término da dispensação da graça, o diabo e seus anjos são desalojados das regiões celestiais e precipitados sobre a Terra (Ap.12:9,10).

Com a batalha do Armagedom, o iníquo e seu porta-voz são precipitados no lago de fogo e enxofre, que é, então, inaugurado e o diabo lançado no abismo, onde ficará amarrado por mil anos.

– Diante deste quadro, vemos, assim, que as regiões celestiais serão plenamente ocupadas pelo Senhor e Seus exércitos, o que envolve tanto os anjos quanto os crentes arrebatados antes do início da Grande Tribulação e os mártires da Grande Tribulação, que ressuscitarão logo após a batalha do Armagedom (Ap.20:4).

Diante da ausência da atuação do diabo e de seus anjos, não haverá o que impeça um contacto permanente e salutar entre a dimensão celeste e a dimensão terrena, que, como nunca em período algum da história, estarão em perfeita harmonia. Entretanto, apesar desta harmonia, ainda serão duas dimensões.

– Isto é importante afirmar para que não haja confusão. A Igreja arrebatada, já glorificada e galardoada, e os mártires da Grande Tribulação vivem já a dimensão da eternidade, ou seja, estão glorificados e sem condição de pecar.

São os bem-aventurados que pertencem à primeira ressurreição (Ap.20:5), ressurreição que se iniciou com Jesus, as primícias (I Co.15:23), o primogênito dentre os mortos (Cl.1:18) e que prosseguiu com os santos ressuscitados depois dEle (Mt.27:52,53), com os que morreram em Cristo e foram arrebatados com os que estavam vivos (I Ts.4:16,17) e será completada apenas sete anos depois, com a ressurreição das duas testemunhas (Ap.11:11,12) e dos demais mártires da Grande Tribulação (Ap.20:4,5).

Todas estas pessoas já serão como os anjos (Lc.20:36), sendo sacerdotes de Deus e de Cristo.

– Os outros, ou seja, os que permanecerem vivos depois da batalha do Armagedom, tanto os judeus que aceitarem a Cristo como o Messias no instante de Sua volta triunfal quanto os gentios que tiverem sobrevivido (que serão aqueles que tiverem crido no evangelho eterno pregado antes do derramar das sete taças da ira de Deus – Ap.14:6-13, entre os quais se incluem os que glorificaram a Deus após a ressurreição das duas testemunhas – Ap.11:13), bem como aqueles que nascerem ao longo do milênio, estarão na dimensão terrena, isto é, estarão sujeitos ao tempo e ao espaço, necessitando, pois, crer em Jesus para alcançar a salvação.

São seres humanos que estarão na mesma situação que nós atualmente vivemos, ainda que sob condições muito mais favoráveis ao serviço a Deus do que nós.

– Os homens da época do milênio serão, portanto, primeiramente, homens que terão se negado a adorar a besta durante a Grande Tribulação, por força da pregação do evangelho eterno, como já vimos. Por terem se negado a adorar a besta, não morrerão com as pragas da consumação da ira de Deus nem na batalha do Armagedom(Ap.14:9,10).

Por isso, as nações ainda subsistirão no milênio, ainda que o sistema político pecaminoso tenha sido destruído com a vitória de Cristo no Armagedom.

 As nações ainda existirão, porque crerão no evangelho eterno pessoas de várias nações, já que a pregação, como nos diz a Bíblia, será feita em toda a Terra (Ap.14:6).

A existência das nações, ademais, está prevista em diversas passagens bíblicas a respeito do Milênio, como, por exemplo, em Is.49:7, 60, 66:20-21, Ml.1:11.

– Estes seres humanos, após ingressarem no Milênio, terão uma vida social assim como a temos atualmente, ainda que, como já dissemos supra, em condições muito mais favoráveis. Por isso, casar-se-ão e formarão famílias, pois este é o objetivo de Deus para a espécie humana desde o princípio (Gn.1:28; 7:16,17; Ex.1:7).

Tanto é verdade isto que as Escrituras, ao descreverem o reino milenial de Cristo, falam em crianças (Is.11:6; 65:20; Zc.8:5), a comprovar, pois, o que estamos a dizer. Mas, também, morrerão, porque não estarão, ainda, na dimensão da eternidade.

 Serão homens sujeitos ao tempo, tanto assim que entre eles haverá anciãos (Is.65:20), ainda que, diante das condições extremamente favoráveis de vida, voltaremos a ter uma longevidade similar àquela desfrutada pela geração antediluviana, a ponto de alguém com cem anos ser considerado jovem (Is.65:20).

Cabimento não tem, portanto, o pensamento segundo o qual não haverá morte durante o milênio.

 A morte estará presente, sim, até porque é uma necessidade para a boa ordem da natureza, depois do ingresso do pecado no mundo, tanto que uma das pragas que será derramada sobre a Terra na Grande Tribulação será, precisamente, a suspensão da morte por cinco meses (Ap.9:1-12), o que causará imensos transtornos à humanidade.

– Estes homens, por fim, são pessoas dotadas de livre-arbítrio e, por não estarem ainda na dimensão da eternidade, terão de escolher entre o bem e o mal.

Verdade é que o diabo estará preso e, por isso, não atuará de forma incessante para induzir o homem ao mal, mas não nos esqueçamos de que ele é apenas um indutor, que o pecado é gerado pela nossa própria concupiscência.

Portanto, mesmo ante as condições favorabilíssimas criadas pelo Senhor neste período, haverá aqueles que pecarão, tanto que a Bíblia nos diz que será uma maldição a morte antes dos cem anos, ou seja, a morte prematura (Is.65:20), o que nos permite vislumbrar que a existência de um ambiente amplamente favorável à santidade fará com que o pecado produza seus efeitos deletérios com muito mais rapidez que nos nossos dias atuais, pois, ao contrário do que acontece hoje, o pecado, naqueles dias, não será a regra, mas, sim, a exceção.

– Muito propriamente o pastor Aldery Nelson Rocha, teólogo e diretor do Seminário Hosanna Internacional (www.meujesus.com.br), diz que a situação espiritual do milênio corresponde à parábola do joio e do trigo, ensinada por Jesus, enquanto que a situação espiritual da dispensação da graça corresponde à parábola do semeador.

 Na dispensação da graça, o semeador leva a semente, que é a Palavra de Deus, para um campo hostil, um campo inimigo, tanto que, em várias oportunidades, a semente não consegue gerar fruto, precisamente porque ali é o campo do adversário, que tem o que lhe é próprio (Satanás e seus agentes, representados pela ave que come a semente, o terreno pedregoso, os espinhos).

No milênio, porém, a situação estará invertida: o campo será propício ao Senhor, é a plantação de trigo da parábola do joio e do trigo e que não conterá nenhuma impureza até o instante em que o inimigo lançar o joio no meio dela, pois o intruso será o que for posto pelo inimigo, não o que vier da parte de Deus.

V – OS OBJETIVOS DO MILÊNIO

– Por que Deus instituirá o milênio? Por que Cristo, após vencer o Anticristo e o Falso Profeta, não institui, de pronto, o Estado eterno e põe fim à história da humanidade?

Esta é uma questão que chega a intrigar muitos que meditam na Palavra do Senhor, mas, quando bem analisamos as Escrituras, vemos, claramente, que o Milênio é uma necessidade para que Deus mostre Seu caráter e seja fiel, pois não pode negar-Se a Si mesmo. (II Tm.2:13).

– Em primeiro lugar, a Bíblia diz que Jesus veio desfazer as obras do diabo (I Jo.3:8). Ora, o diabo induziu o primeiro casal a pecar e, por ele, o pecado ingressou na humanidade, com todas as suas sequelas. Jesus, então, tem de desfazer todas as obras do diabo. Morrendo na cruz do Calvário, o Senhor pagou o preço da nossa salvação e nos trouxe a paz com Deus, desfazendo a grande obra que o diabo havia feito. Mas não cessou aí o que diabo havia feito.

– Quando vemos o juízo de Deus sobre o primeiro casal, por causa do pecado, notamos outras consequências do pecado além da morte espiritual, isto é, da separação entre Deus e o homem, o que se resolveu com o sacrifício vicário de Cristo no Calvário.

 O pecado gerou uma situação de injustiça, de desigualdade entre os homens. Como explica a Bíblia, todo pecado é iniquidade (I Jo.5:17) e, por causa do pecado, a começar da família, foi gerada uma situação de domínio egoístico entre os homens.

 Portanto, para que Jesus desfaça todas as obras do diabo, é necessário que se instale, ainda nesta Terra, um governo de justiça, de equidade, um governo onde não haja dominação egoística e exploradora de homens sobre homens. Por isso, é necessário que haja o Milênio, para instaurar, nesta Terra onde vivemos, a justiça entre os homens.

– Mas não foi apenas a injustiça que foi obra do diabo, mediante a entrada do pecado entre os homens. Por causa do pecado, como dissemos, surgiu a injustiça e, com ela, a competição, o egoísmo, que é o fator que gera o ódio e a violência.

 Não demorou muito e Caim matou o seu próprio irmão e, daqui a pouco, a violência sobre a face da Terra se generalizou tanto que Deus resolveu destruir toda a humanidade de então (Gn.6:5).

A violência, portanto, tem de ser desfeita, tem de ser banida, ainda nesta Terra, para que se diga que Jesus desfez as obras do diabo. Por isso, faz-se preciso que se institua um reino de paz, um reino onde não haja guerras nem violência. Este reino é o Milênio.

– Diz a Bíblia, porém, que, além da injustiça e da violência, o pecado também trouxe a maldição sobre a Terra. Toda a criação geme por causa do pecado e aguarda a sua redenção (Rm.8:20-22).

A natureza, que foi deixada aos cuidados do homem (Gn.1:26), sofreu as consequências do ingresso do pecado na humanidade, passando a produzir espinhos e cardos(Gn.3:17) e, o que é pior, sendo cada vez mais desrespeitada e degradada pelo homem.

 Por isso, se Jesus veio desfazer as obras do diabo, tem, também, de promover a redenção da natureza, de restaurá-la, de retirar-lhe a maldição e, por isso, tem de haver o milênio.

– Mas, entre outras coisas que sempre foram tentadas pelo diabo, está a de impedir que Israel existisse como nação e, mais, que cumprisse com o seu propósito de ser a nação sacerdotal do Senhor, de ser a principal nação do mundo e instrumento de adoração do mundo a Deus(Ex.19:5,6).

O diabo sempre lutou contra Israel, por mais de uma vez, como tivemos ocasião de estudar neste trimestre, armou ciladas para destruir o povo formado e escolhido por Deus, sem êxito.

Mas, também, durante toda a história, jamais Israel atingiu a proeminência de nação mais importante do mundo, nem cumpriu o propósito de ser o instrumento de adoração a Deus para as demais nações.

 Assim, se o diabo não conseguiu destruir Israel, também impediu que Israel cumprisse o seu propósito.

Por isso, faz-se necessário que Israel seja colocado como principal nação do mundo e seja o meio pelo qual as demais nações adorem a Deus, cumprindo seu fim de nação sacerdotal.

Por isso, é necessário que haja o milênio, para que Israel cumpra o seu propósito de nação sacerdotal.

– Ainda com relação a Israel, Deus prometeu que Israel teria um governo eterno, que seria regido pela casa de Davi para sempre (II Sm.7:16; Lc.1:32,33). Ora, como Deus é fiel, faz-se necessário que o trono de Davi seja restabelecido e que haja um reino terreno e literal em Israel do descendente de Davi, um reino, ademais, que não tenha fim.

Por isso, Jesus tem de assumir o trono de Davi, ocupar a posição literal de rei de Israel, ainda que este reino seja eterno e, portanto, ultrapasse a dimensão do tempo. Por isso, terá de haver o Milênio, para que Deus cumpra o que prometeu no chamado “pacto davídico” e que, inclusive, foi reclamado pelos próprios discípulos de Jesus antes da Sua ascensão (At.1:6).

– Ao ser vitorioso sobre a morte e o pecado, Jesus disse aos Seus discípulos que Lhe tinha dado todo o poder no céu e na terra (Mt.28:18).

Ora, se Jesus tem todo o poder, é mister que venha, também, a exercer o poder político sobre a Terra, pois o poder político é parte deste poder que Lhe foi dado, já que todas as autoridades são constituídas por Deus (Rm.13:1).

Tendo todo o poder, é necessário que Jesus o exerça pessoalmente, sem qualquer delegação, até porque os delegados que o têm exercido desde o início do governo humano, têm-no feito por permissão divina e sob o signo da rebelião, que é resultado do pecado introduzido no mundo por indução de Satanás.

Assim, é necessário que Jesus seja, efetivamente, de fato e de direito, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, o que ocorrerá no Milênio.

– Por ter todo o poder no céu e na Terra, Jesus tem de ser exaltado soberanamente sobre todo o nome (Fp.2:9), sendo necessário que todo o joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai (Fp.2:11).

Ora, no céu, ao retornar triunfante, Jesus já foi glorificado e adorado, como, aliás, vemos na descrição belíssima dos capítulos 4 e 5 do livro do Apocalipse.

Posteriormente, foi glorificado e louvado pela Sua Esposa, a Igreja glorificada, que comprou com o Seu próprio sangue, após o arrebatamento da Igreja e durante as bodas do Cordeiro.

Faz-se necessário que seja exaltado e adorado pelos homens que estão na Terra, para depois, por ocasião do juízo do trono branco, ser exaltado e reconhecido por aqueles que morreram e não participaram da primeira ressurreição.

 Esta exaltação na Terra somente se pode dar mediante o Seu governo pessoal, ou seja, no Seu reino milenial.

– O milênio, ainda, servirá de prova de que Deus é a verdade (Dt.32:4; Jr.10:10), porque, mediante o reino milenial de Cristo, Deus mostrará ao homem de que o único caminho para a justiça, a paz, a fraternidade e a felicidade é a obediência à Sua Palavra.

Durante toda a história, embora o homem tenha, muitas vezes, falado em praticar a justiça, em buscar a paz, a fraternidade e a felicidade, em sua contínua rebelião contra Deus, tentou construir doutrinas, filosofias e modos de vida que trouxessem estes valores tantas vezes desejados sem que recorresse a Deus.

No entanto, através do milênio, depois de o homem ter levado a Terra, dentro de sua auto-suficiência decorrente de sua natureza pecaminosa, ao caos total, o Senhor provará, com fatos, que não há outro caminho a seguir senão o da obediência a Deus e à Sua Palavra.

Através do milênio, portanto, Deus provará ao homem de que nada que seja feito sem Deus pode ser justo, fraterno, pacífico ou feliz.

– Por fim, o Milênio provará que Deus é fiel e é perfeito, ou seja, que tudo o que faz é bom e completo. Todas as promessas e profecias bíblicas alcançarão cumprimento, sem que nada seja deixado por cumprir.

Deus mostrará a Sua fidelidade ao homem, fruto de Seu imenso amor por esta Sua criatura e, também, revelará que Deus jamais deixou algo por fazer ou acabar.

Por isso, inclusive, alguns estudiosos da Bíblia entendem até que a referência de Gn.2:2 diz respeito a este período da história humana, ao período em que Deus finalizou a obra da Criação, restaurando-a por completo e mostrando ao homem que não há outro meio de o homem atingir a sua plenitude a não ser no seu Criador.

VI – RESTAURAÇÃO ESPIRITUAL DE ISRAEL E DEMAIS NAÇÕES

– O primeiro grande acontecimento do Milênio é o da restauração espiritual de Israel. Israel, ao ver Jesus descer em glória acompanhado dos Seus santos, aceitará Jesus como o Messias. É o remanescente de Israel que, por causa desta aceitação, será salvo (Rm.9:27;11:24-26).

 Sendo salvo, Israel será restaurado espiritualmente, pois passará a ter vida, pois, quem aceita a Cristo, passa da morte para a vida (Jo.5:24).

– Este remanescente de Israel, que se apresenta como um exército grande em extremo e em pé (Ez.37:10), como um povo salvo, será a nação sacerdotal planejada por Deus desde o momento em que foi selado o pacto entre Deus e Israel (Ex.19:5,6).

Para que Israel seja nação sacerdotal, porém, era necessário que se arrependesse dos seus pecados, aceitasse a Cristo como seu Salvador, o que terá, então, ocorrido. Como um povo santo (Is.60:21; Sf.3:13), porém, faz-se necessário que, para exercer o sacerdócio, seja ungido com óleo.

Por isso, logo após ser restaurado espiritualmente, Israel receberá um grande derramamento do Espírito Santo (Zc.12:10), a fim de habilitá-lo para o exercício do sacerdócio durante o período milenar.

Isto demonstra que, durante todo o milênio, Israel viverá um período de avivamento contínuo do Espírito Santo, com as gerações seguintes sendo continuadamente ungidas pelo Espírito do Senhor, como, aliás, se encontra profetizado por Joel (Jl.2:28).

O Espírito Santo, então, voltará a ter uma atuação plena e indiscriminada, mas agora em relação a Israel, que é a nação sacerdotal do Milênio, para onde os homens das demais nações deverão acorrer para servir ao Senhor.

– Restaurado e constituído como nação sacerdotal, Israel será para o mundo como a tribo de Levi foi para Israel durante a dispensação da lei.

Israel ocupará um território que será o território que havia sido dado a Abraão por Deus e que nunca chegou a ser ocupado em virtude do pecado do povo (Jz.2:20-23), como se encontra profetizado na parte final do livro de Ezequiel (Ez.40-48).

– Restaurado e constituído como nação sacerdotal, Israel terá, novamente, um templo, mas não um templo construído sem a aprovação divina, como fora o terceiro templo, mas um templo em que estará a glória de Deus (vide lição 5 deste trimestre).

O quarto templo, o templo do milênio, é o templo descrito no livro de Ezequiel, dotado de dimensões distintas e de um cerimonial também distinto dos dois primeiros templos, pois estaremos em uma nova dispensação.

– Muitos se embaraçam com a existência deste novo templo e pelo restabelecimento do culto com sacrifícios e demais cerimônias, achando que isto não se coaduna com a redenção operada por Cristo, o sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, que cumpriu a lei e, com isto, instaurou um novo concerto, um concerto eterno.

Todavia, é preciso que nos lembremos disto, na dimensão terrena, teremos, ainda, a necessidade de um culto, de uma religião, pois ainda não estaremos na eternidade.

Faz-se, também, preciso que Deus cumpra a Sua promessa para com Israel de lhe tornar uma nação sacerdotal e, portanto, deverá haver um sacerdócio nesta vida religiosa da dimensão terrena.

Por isso, a fim de cumprimento das promessas divinas, torna-se preciso que haja um Templo e um culto, o que, em momento algum, representa qualquer invalidade do sacrifício de Cristo no Calvário.

Os sacrifícios terão apenas um efeito simbólico, retrospectivo, assim como a Ceia do Senhor é apenas um símbolo do sacrifício de Cristo. O fato de Jesus ter nos perdoado e nos salvado no Calvário não nos dispensa da necessidade de, na dispensação da graça, celebrarmos a Ceia do Senhor, bem como nos submetermos ao batismo nas águas.

 O mesmo papel que estas ordenanças hoje representam na nossa dispensação, todo o cerimonial constante do templo de Ezequiel representará na dispensação milenar.

– As nações adorarão ao Senhor, até porque seus “pais”, na nova dispensação, serão aqueles que terão crido no evangelho eterno, que foi pregado no final da Grande Tribulação.

As nações também serão alcançadas pelo Senhor e estarão em comunhão com Ele, vindo continuamente a adorar em Jerusalém, que será, então, a capital do mundo.

 Jerusalém, hoje em dia, já é considerada a cidade que representa a confluência da adoração do Deus único, uma vez que é considerada sagrada pelas três grandes religiões monoteístas do mundo (judaísmo, cristianismo e islamismo), mas somente nesta época será o verdadeiro altar do Deus Altíssimo, como nos tempos de Melquisedeque, que não é senão figura do próprio Jesus, o sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, o Rei de Israel, que será a nação sacerdotal, a nação que mediará a relação das nações com o Senhor e cuja obediência ao Senhor, como disse Paulo, trará enormes benefícios para a humanidade (cfr. Rm.11).

Estará, portanto, restabelecida a comunhão entre Deus e as nações, que havia sido estabelecida pelo pacto noaico e quebrada, logo a seguir, com a rebelião de Babel.

Esta é a prova indelével de que a “grande Babilônia” (ou seja, o sistema mundial gentílico estabelecido em Babel) terá, realmente, sido destruída na batalha do Armagedom.

– É importante salientar, por fim, que, ante esta restauração espiritual, não haverá qualquer outra religião senão a verdadeira, isto porque, como sabemos, o Anticristo e o Falso Profeta terão destruído todas as religiões e as assimilado à religião da adoração à besta.

Como os adoradores da besta terão sido mortos ao término da Grande Tribulação, bem como o diabo, que era o verdadeiro adorado, preso, não restará nem adorado nem adorador deste credo maligno e, assim, vigorará somente a verdadeira religião até que os mil anos se completem.

VII– A RESTAURAÇÃO POLÍTICA DA TERRA: ISRAEL E AS DEMAIS NAÇÕES

– Vencidos o Anticristo e o Falso Profeta, terá ruído o sistema político mundial implantado por eles, até porque, em sendo um regime baseado na força, com a destruição e morte completa dos exércitos do terrível ditador, não haverá como se sustentar o regime político que, então, terá chegado ao fim. Israel, que era o grande inimigo do Anticristo, será o grande beneficiário da vitória de Cristo.

 Espiritualmente, terá nascido de novo, cumprindo-se, assim, o que está profetizado em Ez.37:10, uma vez que terão aceitado a Jesus como o Messias, quando O virem triunfante pondo os pés sobre o Monte das Oliveiras (Zc.14:4).

– Aceitando a Jesus como o Messias, Israel entregar-lhe-á o governo e será restaurado o reino de Israel, algo que tem sido esperado há séculos, desde o retorno do cativeiro da Babilônia, como deixaram claro os próprios discípulos de Jesus pouco antes de Sua ascensão (At.1:6).

Israel, assim, restaura a sua independência e se apresenta como a nação mais importante do mundo, porquanto passa a ser governada por Aquele que venceu o então ditador mundial. Israel será a potência mundial e de lá sairão as orientações do novo sistema político-administrativo (Is.2:2,3).

– Ainda em termos políticos, vemos que, nas demais nações, somente sobrarão os homens e mulheres que não aceitaram adorar a besta nem a sua imagem, aqueles que creram na pregação do evangelho eterno, já que todos os demais foram exterminados ou pelas pragas derramadas pela ira de Deus ou pela batalha do Armagedom e os eventos que decorreram concomitantemente a ela.

 Tais nações, apressadamente, tratarão de fazer aliança com Israel e de se submeterem a sua influência, o que farão voluntariamente, pois não haverá opressão no milênio como houve durante a Grande Tribulação.

 As nações servirão a Israel e lhe trarão tributos (presentes) anualmente, por ocasião da festa dos tabernáculos (Is.60, 66:19,20) voluntariamente.

Como dizemos que isto se fará voluntariamente ? Porque a Bíblia afirma que nações não o farão (Is.60:12), prova de que não serão obrigadas a isso. Verdade que, quem não o fizer, sofrerá as conseqüências desta ingratidão diante de Deus, mas isto não significa que serão obrigadas a fazê-lo.

Quão diferente é o reino milenial de Cristo da ditadura implacável do Anticristo ! Haverá liberdade de consciência e de crença, pois, onde está o Espírito do Senhor, aí há sempre liberdade ! (II Co.3:17).

– O governo será exercido diante de uma nova concepção, totalmente diferente da atual. O governo será sempre entendido como serviço, onde o maior será o menor, aquele que serve, não aquele que quer ser servido, como é a característica dos nossos dias (Mt.20:25-28).

Dentro desta concepção, vemos que o governo, naqueles dias, será tanto exercido por pessoas da dimensão terrena (Israel, por exemplo, terá um príncipe, como nos mostra a descrição do culto no templo milenar em Ezequiel – Ez.45:7, v.g.), como também pelos que tomaram parte na primeira ressurreição, pois é dito que reinaram com Cristo por mil anos, tendo, também, sido dito que os doze apóstolos, por exemplo, estarão à testa de cada uma das tribos de Israel (Lc.22:30).

Não temos como precisar como será este sistema administrativo inteiramente novo, mas podemos entender que será uma máquina administrativa que, ao contrário das atuais, não servirá ao bem-estar de poucos, nem à disseminação da corrupção ou da transgressão, mas onde, efetivamente, será obtido o bem comum, o bem-estar da população, onde se tornarão realidades os ideais tão lindamente colocados nos mais diversos diplomas legais e declarações de direitos de todos os tempos(Is.60:17,18).

VIII– A RESTAURAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA

– Mas a redenção proporcionada pelo Milênio não será apenas de natureza política. A economia, também, sofrerá grandes transformações.

No Milênio, a política econômica terá como primazia não o acúmulo de riquezas e o desfrute do prazer pelos poderosos, como tem sido na atualidade e se intensificará durante o governo do Anticristo, que será um governo voltado apenas para os interesses dos “grandes mercadores”.

O capitalismo desumano, ganancioso, belicista e aviltante do regime da besta, descrito em Ap.18, será substituído pela primazia da dignidade da pessoa humana, pelo uso da produção com o único objetivo de propiciar condições dignas de vida ao ser humano.

 No reino milenial, não haverá corrida armamentista. O tráfico de armas, uma verdadeira indústria da morte e da violência, que tem sido o negócio mais lucrativo do mundo e que o será, ainda mais, durante a Grande Tribulação, simplesmente desaparecerá e, em seu lugar, terá prioridade a produção de alimentos (Is.2:4; Mq.4:3).

Com isto, a fome desaparecerá da face da Terra, este que tem sido um dos grandes escândalos para a humanidade em todos os tempos.

– A guinada econômica e a solução da questão social mais urgente, que é a fome, trará, inevitavelmente, consequências sobre a qualidade de vida das pessoas.

As condições naturais favoráveis, ademais, também contribuirão para que não haja fatores complicadores da saúde, o que também terá seus efeitos econômicos e sociais.

A vida de comunhão com Deus, por sua vez, terá consequências inevitáveis nos aspectos moral e familiar, de modo que muitos dos problemas que temos hoje, como criminalidade, violência, desestruturação familiar, prostituição, estarão reduzidos a níveis marginais, insignificantes neste feliz período da história humana(Is.60:18).

– A prosperidade econômica das nações será patente, pois as vemos todas trazendo presentes para Israel por ocasião da festa dos tabernáculos (Is.66:20), de modo que Israel viverá exclusivamente destas dádivas (Jl.2:18,19), o que demonstra como serão abundantes as riquezas das nações naqueles dias.

 Mas, e aqui vem mais uma demonstração da prosperidade econômica daqueles tempos, pelo fato de as nações serem generosas para com Israel e de dizimarem perante o Senhor, serão ainda mais abençoadas, pois é dito que as nações que não vierem adorar a Deus serão as únicas que sofrerão assolações e problemas que lhes acarretarão dificuldades econômicas, como a falta de chuva (Is.60:12; Zc.14:17).

Mais uma vez percebemos que o dízimo é um instituto que permeia todas as dispensações, pois é uma forma de adoração a Deus, cujo cumprimento assegura a bênção da abastança.

 – Como dissemos, somente haverá, no Milênio, a religião verdadeira. Ora, como ensina Tiago, a verdadeira religião, a religião pura e imaculada para com Deus é visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo (Tg.1:27).

Em sendo assim, os poucos necessitados que existirem naqueles dias (porque haverá, sim, pessoas pobres e necessitadas, pois Jesus disse que eles sempre existiriam no mundo – Jo.12:8) serão devidamente acudidos pelos seus semelhantes, pois estaremos num tempo de fraternidade e solidariedade entre os homens.

Deste modo, a pobreza e a necessidade não se traduzirão em indigência, miséria ou abandono, funcionando perfeitamente o serviço de assistência social.

Além disso, como já falamos, como os homens procurarão se guardar da corrupção, do pecado, não teremos a disseminação dos destruidores efeitos do pecado, como temos nos nossos dias.

IX– A RESTAURAÇÃO DA NATUREZA

– Como temos dito não só nesta lição mas em outras anteriores, um dos objetivos do milênio é promover a redenção da natureza, que geme desde que o pecado entrou no mundo por força da desobediência do primeiro casal.

– A situação ecológica do mundo estará, após a batalha do Armagedom, em situação de calamidade total.

O governo desumano, belicista e ganancioso do Anticristo e as pragas divinas lançadas durante a Grande Tribulação causarão um enorme transtorno em toda a natureza, mas isto será a preparação para a redenção que se operará durante o reino milenial de Cristo.

 Assim como a mulher sofre dores antes de dar à luz um filho, assim, também, antes de promover a restauração da natureza, esta gemerá como nunca por causa do pecado e da rebeldia do ser humano.

– As mudanças na natureza já se farão sentir na iminência da batalha do Armagedom. A Bíblia diz-nos que haverá um grande terremoto, o maior terremoto de toda a história, que trará imensas modificações em todo o planeta (Ap.16:18-20).

Este terremoto, em seguida, será acompanhada de uma grande chuva de granizo, chuva esta em que as pedras chegarão a pesar cerca de 35 quilos cada (Ap.16:21 NVI), algo que nunca terá acontecido antes.

– Concomitantemente a estas profundas mudanças na natureza, Jesus descerá em grande glória e, ao pôr Seus pés no Monte das Oliveiras, este monte se fenderá em dois(Zc.14:4-10), o que é outra grande mudança geográfica e, em razão deste fenômeno, surgirá um curso d’água que ligará as águas do Mar Morto ao Mar Mediterrâneo(Ez.47:1-12; Jl.3:18) , alterando completamente a geografia da Palestina, o que já será a Providência para trazer prosperidade econômica para Israel e para permitir a ocupação do território prometido a Abraão e nunca ocupado pela nação israelita, nos moldes preconizados no livro de Ezequiel (Ez.47:13-48:35).

– Com estas mudanças, o Mar Morto, que é um local sem qualquer vida, voltará a ter vida e isto faz parte da redenção da natureza, pois o Mar Morto é o que é hoje por causa do pecado das cidades da planície (Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim) e há necessidade de Deus restaurar aquele local de forma especial.

– Não bastasse isso, as modificações que serão ocasionadas pelo grande terremoto e pela grande chuva de granizo trarão grandes mudanças climáticas para o planeta, que voltará a ter uma situação extremamente favorável, como havia antes do dilúvio.

Deus operará mudanças de tal sorte que não haverá mais os efeitos nocivos da radiação solar (o chamado “efeito estufa”, o desaparecimento da camada de ozônio), não só porque já terão ocorrido pragas durante a Grande Tribulação que desencadearão processos que eliminarão estes males, mas também porque, segundo alguns estudiosos, a Nova Jerusalém, a cidade celestial, terá entrado na atmosfera terrestre, o que trará condições para que haja esta alteração climática na Terra, que explicará, inclusive, a longevidade prometida para os homens deste período nas Sagradas Escrituras, pois dela irradia uma luz que fará as vezes da camada de ozônio (Ap.22:5).

Há, até, quem diga que a iluminação se fará diretamente da Nova Jerusalém, baseando-se em Is.60:19,20. Por isso, é profetizado em Joel que se enviarão as primeiras chuvas regularmente e, como antes, será enviada a chuva temporã e a chuva serôdia (Jl.2:23).

Este novo clima da Terra, como se vê na profecia de Joel, será um dos principais responsáveis pela fartura na agricultura, que ocasionará o fim da fome no planeta (Jl.2:24-27).

– Um dos grandes problemas na atualidade e que se intensificará como nunca na Grande Tribulação é o da água.

Se hoje já começa a faltar água para a humanidade, a Bíblia diz que, na Grande Tribulação, a água dos mares e dos rios tornar-se-á imprestável para uso, notadamente após o derramamento das taças da consumação da ira de Deus. Mas, no milênio, a Bíblia diz que haverá abundância de águas (Is.30:25) e simplesmente desaparecerão os desertos (Is.35:1,2,7). Tudo isto contribuirá muitíssimo para a fertilidade do solo e o desaparecimento da fome.

– Mas não será apenas a natureza sem vida que será restaurada. Também os seres vivos irracionais serão alcançados pela restauração da criação a ser promovida no Milênio.

Além dos vegetais, que, com as mudanças climáticas, terão melhores condições de vida e não sofrerão mais o ataque depredador do homem, pois que a produção será voltada para a alimentação e a satisfação das necessidades, sem ganância, o que fará com que seja respeitado naturalmente o equilíbrio ecológico, os animais todos serão, como eram ao princípios, herbívoros e será retirada a ferocidade atualmente existente, que nada mais é que a reação da natureza ao homem que a violenta diariamente e a violentou permitindo o ingresso do pecado no mundo.

A Bíblia fala-nos que, durante o milênio, o lobo e o cordeiro pastarão juntamente, o leão comerá palha como o boi e pó será a comida da serpente (Is.65:25), assim como o leopardo se deitará com o cabrito e um menino pequeno guiará tanto o bezerro, quanto a ovelha e o filhote de leão (Is.11:6) e os animais jamais farão qualquer dano ao ser humano (Is.11:9; 65:25 “in fine”).

 Um ambiente de perfeita harmonia e paz entre o homem e a natureza. Jesus provará, assim, que é o maior ecologista de todos os tempos !

X – O QUARTO TEMPLO

– Nas profecias bíblicas que se referem ao milênio, quando se cumprirá a esperança messiânica de Israel no sentido aguardado até hoje pelo povo judeu, há, sempre, menções ao templo de Jerusalém, como local de adoração. Em Is.66:20,21, por exemplo, é dito que, neste período, as nações virão adorar em Jerusalém e que haverá sacerdotes e levitas dentre os gentios. Se assim relata, é porque haverá um templo em Jerusalém nesta época.

Em Mq.4:1-4, então, a mensagem profética é explícita e afirma que,nos últimos dias, o monte da casa do Senhor será estabelecido no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros e concorrerão a ele os povos, num tempo em que a lei sairá de Saião e a palavra do Senhor de Jerusalém.

Em Zc.14:16, é dito que as nações, anualmente, virão celebrar a festa das cabanas em Jerusalém, a indicar que haverá um templo neste período, templo, aliás, que é expressamente mencionado em Zc.14:20,21.

OBS: “…na Amidá, a oração recitada três vezes ao dia, rogamos a D’us que “restitua nossos juízes, como no passado, e nossos conselheiros, como outrora”.

Por trás desse rogo sente-se a nostalgia judaica que clama pela reconstrução do Templo Sagrado de Jerusalém, para que todos os judeus voltem a se reunir na Terra de Israel e D´us contemple a humanidade com uma era de prosperidade e paz absoluta. …” (Revista Morashá. A restauração do Sanhedrin. http://www.google.com/search?q=cache:n1H8M55MaAIJ:www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp%3Fa%3D461%26p%3D5+reconstru%C3%A7%C3%A3o,+templo,+Messias&hl=pt-BR Acesso em 22 set. 2004).

– O templo foi construído para que todas as nações venham adorar a Deus ali, o que não ocorreu nos dois templos anteriores e, portanto, trata-se de profecia que ainda não se cumpriu.

 Ora, para que tais profecias se cumpram, é mister que haja um novo templo, vez que, no tempo dos dois anteriores, não ocorreu esta adoração universal da humanidade no templo de Jerusalém.

Ademais, este novo templo, como já observamos na lição 8 deste trimestre, não pode, em hipótese alguma, ser o terceiro templo, que é um templo de legalismo, humanismo e apostasia. De tudo isto, extraímos a necessidade de que haja um quarto templo, onde se cumpram as profecias messiânicas do Antigo Testamento.

– Este novo templo, o quarto a ser edificado em Jerusalém, é precisamente aquele que foi profetizado por Ezequiel e que se encontra descrito a partir do capítulo 40 até 44, texto que, inclusive, foi de difícil aceitação por parte dos escribas e sacerdotes judeus, já que contemplava uma alteração no cerimonial conforme a lei mosaica.

Aliás, esta compreensível resistência dos rabinos judeus com respeito a este texto é uma comprovação de que o templo mencionado em Ezequiel é um templo diferente do segundo templo, que foi construído depois do cativeiro da Babilônia, como também do terceiro templo, que há de ser construído durante a Grande Tribulação.

– Eis o motivo pelo qual não podemos concordar com os intérpretes que entendem que as visões de Ezequiel sejam simbólicas ou se refiram ao segundo templo. Segundo a Bíblia de Aplicação Estudo Pessoa (cfr. Com. Ez.40:1ss, p.1077), há quatro tipos de interpretação para este trecho das Escrituras, a saber:

a) o templo descrito por Ezequiel seria o templo de Zorobabel no seu projeto original, que não teria sido observado pelos edificadores por desobediência – Não aceitamos esta interpretação, pois a Bíblia, expressamente, afirma que Deus Se agradou da edificação do templo, tornando isto público por intermédio dos seus profetas Ageu e Zacarias.

Ora, Deus não é Deus de confusão e não iria se agradar com uma obra que fosse fruto de desobediência.

Além do mais, Flávio Josefo afirma que o templo de Zorobabel foi, efetivamente, construído com dimensões distintas das do templo de Salomão, por força das autoridades persas, mas que, na reforma empreendida por Herodes, reforma esta que terminou cerca de dez anos antes do nascimento de Jesus, as dimensões originais foram restauradas.

A propósito, como já dissemos, as dimensões, o cerimonial e até as peças do templo descrito por Ezequiel não coincidem com as do templo de Salomão, o que é mais um argumento contrário a este ponto-de-vista.

b) o templo descrito por Ezequiel seria o símbolo da verdadeira adoração a Deus oferecida pela Igreja cristã no presente – Esta interpretação seria, como diz conhecida expressão popular “chover no molhado”. Todos sabemos que o tabernáculo e, por conseguinte, os templos representam, em figura, Cristo e a Sua Igreja, pois, como nos ensina Paulo, a Igreja é o corpo de Cristo e o templo do Espírito Santo. O fato de o templo representar a Igreja, portanto, não significa que ele não venha a existir literalmente, pois os dois primeiros templos e o tabernáculo existiram fisicamente e, nem por isso, deixaram de ser figuras ou tipos da Igreja.

c) o templo descrito por Ezequiel seria o símbolo do futuro e eterno reinado de Deus, quando Sua presença e Suas bênçãos encherão a Terra – Esta linha de pensamento também está equivocada.

Em primeiro lugar, o período em que haverá um reinado de Deus nesta Terra outro não é senão o reino milenial de Cristo.

Portanto, se se entender como estes intérpretes, por que este templo não pode ser literal, se o reinado de Cristo o será?

 Em segundo lugar, se se pensar que este futuro e eterno reinado será o Estado Eterno, estar-se-á contrariando as Escrituras, porque elas afirmam explicitamente que este Estado se dará com novos céus e terra e mediante a descida do céu da Jerusalém celestial, onde não há templo (Ap.21:1-3,22).

d) o templo descrito por Ezequiel se refere ao templo que existirá durante o período milenar – É a linha de pensamento que perfilhamos e que entendemos ser a única biblicamente possível.

Com efeito, como as profecias messiânicas exigem a existência de um templo em Jerusalém para o seu cumprimento e como elas terão este cumprimento durante o reino milenar de Cristo, tem-se que este novo templo, visto e descrito por Ezequiel, cuja profecia tinha, precisamente, o propósito de manter acesa a esperança do povo judeu que estava cativo em Babilônia, é o templo que se erguerá no reino milenial de Cristo, para o cabal cumprimento das Escrituras.

Aí se explicam as diferenças entre ele e os dois primeiros templos, bem assim a presença nele da glória do Senhor e de estrangeiros cultuando e oficiando.

– A primeira observação a fazer com relação a este templo é a sua localização. O templo foi visto por Ezequiel de um monte muito alto e ocupando a parte central do lugar santo da terra de Israel, uma topografia que hoje nos é desconhecida e que exige uma prévia mudança nos acidentes geográficos da Palestina, o que somente se explica ante os acontecimentos noticiados por Zacarias por ocasião da batalha do Armagedom (que nada mais é que o vale de Hinom, em Jerusalém, já mencionado por nós neste estudo, onde Acaz instituiu o horrendo culto a Moloque).

Como se encontra localizado em outro lugar que os outros três templos, vemos que se trata de um templo diverso dos demais. Ademais, esta localização é em tudo coerente com a descrição feita no capítulo 4 de Miqueias, que trata do reino milenar.

– A segunda observação é a de que, a exemplo dos três templos anteriores, este templo terá três partes: o átrio externo (Ez.40:17), o santuário do lugar santo (Ez.41:1-2) e a santidade das santidades (Ez.41:3-4).

– A terceira observação é a de que, neste templo, haverá sacrifícios pelo pecado (Ez.40:39). Esta circunstância deixa muitos intérpretes embaraçados e, por isso, muitos resistem em aceitar a literalidade deste templo, porque entendem que, diante do sacrifício de Cristo no Calvário, não teria cabimento haver sacrifícios de animais no reino milenial de Cristo, invocando, para tanto, Hb.10:1-12.

Todavia, não há como escapar do caráter literal deste templo e do fato de que haverá sacrifícios, pois assim diz o texto sagrado.

A solução deste impasse está naqueles que, como o pastor Antonio Gilberto, consultor teológico da CPAD, entendem que haverá sacrifícios, mas com valor de memorial do sacrifício de Cristo, “…assim como hoje a Igreja celebra a Ceia do Senhor, com sentido retrospectivo, i.e., como memorial da obra redentora já consumada uma vez para sempre, por Cristo, o sacrifício perfeito”.(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Nota do editor à nota de Ez.43.18-27, p.1233).

– A quarta observação a respeito deste templo refere-se à figura do príncipe, que é várias vezes mencionado, a começar de Ez.44:3.

Quem seja este príncipe é outro ponto de discussão entre os intérpretes. Muitos o identificam com o próprio Cristo, já que Ezequiel denomina de príncipe ao servo de Davi (Ez.34:24), mas tal entendimento não parece ser o mais correto, já que este príncipe é mostrado fazendo sacrifícios por si mesmo (Ez.45:22) e como alguém que tenha filhos biológicos (Ez.46:16).

Assim, parece ser alguém que será constituído como responsável pela adoração no templo (Ez.45:17). Neste sentido, aliás, o texto mais uma vez corrobora o pensamento de que se trata do templo do reino milenial.

 Este príncipe é alguém que executa tarefas que seriam do sumo sacerdote, mas, neste templo, não haverá sumo sacerdote. E por que não terá sumo sacerdote? Precisamente porque o sumo sacerdote é Jesus Cristo.

Destarte, este príncipe será alguém que estará incumbido das tarefas administrativas na dimensão terrena do reino milenial de Cristo em Israel.

– A quinta observação a respeito deste templo é de que este, a exemplo do que ocorreu com o tabernáculo e com o primeiro templo, este tornará a ter a glória de Deus a enchê-lo.

O profeta Ezequiel, o mesmo que vira a glória do Senhor ser retirada do templo de Salomão, teve a visão da glória do Senhor enchendo esta nova casa (Ez.43:4), glória esta que entrará por uma porta que jamais será aberta (Ez.44:2).

Retornará, então, a glória do Senhor ao templo, e ali ficará até se completar o reino milenar de Cristo. A presença desta glória, ademais, explica a ausência, neste templo, de três peças que existiram nos dois primeiros templos, a saber:

a) a arca da aliança, que era o próprio símbolo da glória de Deus. A arca não é mencionada no templo descrito por Ezequiel, porque a glória de Deus estará representada pelo próprio Cristo que estará entronizado em Jerusalém.

b) o candelabro, que simboliza Jesus, a “luz do mundo”. Cristo estará entronizado em Jerusalém e estará reinando sobre todo o mundo, de modo que desnecessário que haja este símbolo no templo do reino milenar.

c) o altar do incenso, que representa a intercessão de Cristo na glória. Ora, o Senhor Jesus estará entronizado em Jerusalém e, portanto, também desnecessário que o templo possua este altar.

OBS: “…Por que a porta do leste deveria permanecer fechada ? Várias razões têm sido sugeridas: (1) seria a porta através da qual Deus havia entrado no Templo, e ninguém mais poderia caminhar por onde Deus andou (43.4); (2) a porta fechada indicaria que Deus nunca mais deixaria o Templo (10.19; 11.23); (3) impediria que as pessoas adorassem o sol que nascia a leste do Templo (8.16).…” (BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL. com. a Ez.44.2, p.1082).

– A sexta observação a respeito deste templo é de que a sua existência será a mais longa de todos os templos anteriores.

Enquanto o templo feito pela soberba humana terá a duração de apenas sete anos e, mesmo assim, funcionará regularmente em apenas metade deste período, este novo templo terá a duração de mil anos.

As coisas feitas segundo a vontade do Senhor são muito mais perenes, mais estáveis e muito melhores do que o que possa ser feito pelo ser humano(I Jo.3:20; 4:4 e 5:9).

– A sétima observação a respeito deste templo é a de que este templo, ao contrário dos anteriores, terá como lei a santidade (Ez.43:120,11).

Logicamente que, nos dois primeiros templos, havia, também, esta exigência de santificação por parte do Senhor em relação ao Seu povo, mas, como vimos supra, logo esta exigência era deixada de lado pelo povo, que, quase que imediatamente, promovia a corrupção em suas vidas, o que repercutia no templo.

O terceiro templo, então, já nascerá ou será mantido sob o manto da profanação, da mistura com o mundo e o pecado.

O quarto templo, porém, será um templo onde a santidade persistirá até o fim, pois, mesmo com a rebelião final, que será motivada pelo adversário, quando for solto (Ap.20:7,8), esta não atingirá nem Israel, nem Jerusalém e, muito menos, o templo (Ap.20:9).

– Por fim, este templo cessará a sua atividade quando, após a rebelião final dos homens, houver o juízo do trono branco, quando, então, os atuais céus e terra serão extintos, surgindo novos céus e nova terra (Ap.21:1).

Nesta passagem, o templo, que, apesar de ser e ter sido mantido santo em toda a sua milenar existência, como pertence à dimensão terrena, também passará.

 No Estado Eterno, não haverá mais templo, pois na Jerusalém celestial, a própria cidade é o “tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o Seu Deus” (Ap.21:3), cidade onde João não viu “…templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-poderoso e o Cordeiro.” (Ap.21:22).

Aleluia ! “Não almejas viver, ó amigo, nessa formosa Jerusalém?” (parte final da quarta estrofe do hino 26 da Harpa Cristã).

XI – A REBELIÃO FINAL E O TÉRMINO DO MILÊNIO

– Quando os mil anos se cumprirem, Deus continuará a execução de Seu plano para o homem.

O diabo ainda não terá sido executado, pois foi mantido apenas aprisionado por um tempo, o tempo suficiente para que todas as suas obras malévolas fossem desfeitas por Cristo Jesus.

Entretanto, como tudo está no controle do Senhor e como Ele é o único soberano, o diabo ainda executará um serviço para Deus, que será o de testar a fidelidade dos homens que nasceram durante o Milênio.

– Com efeito, a geração da dispensação milenar, ao contrário de todas as outras gerações da história da humanidade, viveu sem que o tentador a estivesse perturbando e tentando.

Ao contrário dos nossos pais que, mesmo no Éden, sofreram a tentação, bem como de todos os descendentes deles que, ao longo da história, sempre tiveram de enfrentar o diabo e seus anjos, a geração do milênio não terá tido esta experiência e seria uma injustiça para com todos os homens se não fosse, a exemplo dos outros, também submetida à prova.

Assim, as nações hão de experimentar a mesma tentação que os demais homens de todos os tempos terão experimentado. Por isso, para que a justiça de Deus seja praticada, o diabo foi preservado e, ao final dos mil anos, será solto (Ap.20:7).

– Uma vez solto, Satanás mostrará que não alterou seu caráter de forma alguma, mesmo depois da violenta derrota que lhe foi infligida pelo Senhor Jesus ao término da Grande Tribulação.

Assim como antes de sua prisão, o diabo sairá, novamente, a rodear a terra e passear por ela e, mais uma vez, fará o que lhe é próprio, ou seja, mentir, vindo a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra (Ap.20:8).

– Este gesto do diabo serve-nos para demonstrar, claramente, duas verdades bíblicas que, vez por outra, são questionadas e que têm sido devidamente distorcidas, certamente sob inspiração deste supremo enganador. Senão vejamos:

a) Se Deus é bom e perdoador, por que não perdoará o diabo e seus anjos ? Este tem sido um dos poderosos argumentos dos satanistas nos nossos dias.

Pintam Deus como um ser injusto, pois perdoa a todos os homens, mas não perdoa ao diabo ou, então, dizem que, se Deus é justo, o diabo será perdoado e, com ele, todos os que o seguirem.

Sutil mentira satânica que tenta enganar os pecadores. Entretanto, esta passagem bíblica mostra, claramente, que Deus não perdoa o diabo simplesmente porque ele nunca irá sequer pedir perdão. O diabo nunca se arrependeu do que fez e, assim, não há qualquer possibilidade de perdão.

Depois de ter ficado preso por mil anos, solto, volta a pecar, como se nada tivesse acontecido, a mostrar que não tem qualquer arrependimento do que fez e que, por isso mesmo, não faz jus a qualquer perdão.

b) A fidelidade a Deus está relacionada com a prosperidade material. Muitos, nos nossos dias, têm insistido que a fidelidade ao Senhor traduz-se necessariamente por uma prosperidade material, que o crente tem de ter prosperidade material se estiver em comunhão com o Senhor.

 O milênio parece demonstrar isto, pois a humanidade gozará de uma prosperidade sem igual, precisamente num período de comunhão com Deus e santidade. Entretanto, sem que Deus mude coisa alguma a respeito da prosperidade, mesmo assim, muitos se desviarão e se rebelarão contra Deus.

– Enganados pelo diabo, que certamente convencerá as nações a guerrearem contra Israel e a se libertarem do que dirá ser uma indevida submissão à nação sacerdotal, fará com que, uma vez mais, sejam formados exércitos e efetuados gastos militares, bem como que seja feita uma expedição militar para destruir Israel.

O diabo, mesmo tendo sido fragorosamente derrotado mil anos antes, voltará a insistir na sua tese de destruir Israel, de “lançá-lo ao mar”.

 Retornará, com toda a sua ênfase, o antigo anti-semitismo e se propagandeará uma era de alegria e prosperidade ainda maiores que o período então vivido, desde que não seja mais necessário levar os tributos a Israel, desde que seja debelado o domínio que Israel tem contra as nações.

– Estas ideias e estes pensamentos serão lançados pelo diabo como joio no meio do campo de trigo e, lamentavelmente, encontrarão milhões de adeptos, pois a Bíblia afirma que serão eles como a areia do mar (Ap.20:8).

Serão liderados por Gogue e Magogue, locais que têm sido identificados como distintos do Gogue e Magogue mencionados em Ez. 38 e 39. A expressão “Gogue e Magogue”, em Ap.20:8, como ensina o pastor Antonio Gilberto, consultor teológico da CPAD, “…é empregada simbolicamente, representando os últimos inimigos de Deus e do Seu povo.

É também evidente que Ezequiel trata de um evento, e Apocalipse, de outro.…” (O calendário da profecia:conhecendo o fim dos tempos e o tempo do fim, p.90).

OBS: “…As nações rebeladas são aqui identificadas como Gogue e Magogue. Tais nomes são emprestados a Ezequiel 38 e 29. Esta batalha, contudo, será bem diferente. É uma simples comparação para mostrar que os tais agem exatamente como os povos que seguiram a Gogue e a Magogue.…” (HORTON, Stanley M.. A vitória final: interpretação exegética do Apocalipse, p.297).

– Os exércitos das nações rebeldes serão uma vez mais congregados contra Israel. O diabo, na sua fúria e cegueira, mal sabendo que serve apenas de instrumento nas mãos de Deus para julgar aqueles que, apesar de todo o bem recebido, não resistirão à indução de Satanás e se rebelaram contra Deus, cerca o lugar santo, que é a porção central da terra de Israel, dentro da qual se encontra o templo.

Não haverá qualquer resistência por parte de Israel, porque Israel não terá exército neste tempo, vez que estará integralmente dedicada ao serviço sacerdotal.

Também não haverá qualquer apóstata entre o povo de Israel, pois se estará diante do remanescente que é salvo, formado só de justos e sem qualquer pecado.

Quando os rebeldes tiverem cercado o lugar santo e se prepararem para o que pensam ser o assalto final, o próprio Deus Se encarregará de pelejar pelo Seu povo, descerá fogo do céu e consumirá a todos os rebeldes, de uma só vez (Ap.20:9).

OBS: “ …O comandante do norte na sua invasão a Terra Santa não chegou a cercar “…o arraial dos santos (Israel) nem “…a cidade amada” (Jerusalém), mas foi derrotado por Deus nas montanhas da Judéia e, ainda por um ato de misericórdia divina, teve ‘um lugar de sepultura’ ao oriente do mar Morto (Ez.39.11) [isto na guerra de Gogue e Magogue, observação nossa].

Nesta seção, porém, Gogue e Magogue aqui repreentados, serão tragados por fogo que ‘desceu do céu’ e os devorou.…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 2.ed., p.257).

– Neste mesmo instante, o diabo será, finalmente, executado e fará companhia ao Anticristo e ao Falso Profeta no lago de fogo e enxofre, onde serão atormentados para todo o sempre (Ap.20:10).

Após ter cumprido o último propósito divino para si, o diabo será executado, pois condenado já foi desde o dia em que se achou iniquidade nele, quando ainda estava no chamado Éden mineral (Ez.28:15).

Vemos, portanto, quão mentiroso é o inimigo, que tem enganado a muitos, dizendo-se ter domínio sobre algo ou alguma coisa, quando, na verdade, apenas está a rodear a terra e passear por ela por permissão divina, porque, com isso, está tão somente a servir ao plano de Deus.

Quando não houver mais esta serventia, o diabo será simplesmente retirado do cenário deste universo, sendo, então, executada a sentença de sua condenação.

 Como diz o pastor Antonio Gilberto, “…sua carreira nefanda termina aí, após um rastro de muitos milênios de males de toda espécie perpetrados contra a humanidade…” (O calendário da profecia: conhecendo o fim dos tempos e o tempo do fim, p.109).

– A dispensação do milênio, portanto, como as outras dispensações, também terminará com apostasia e juízo.

Uma vez solto Satanás, muitos seres humanos, tão numerosos quanto a areia do mar, de todas as nações, rebelar-se-ão contra Deus a Quem tinham servido, o que nada mais é que apostasia, como vimos na lição 2 deste trimestre.

E, no instante em que pretenderem invadir o lugar santo, descerá fogo do céu e os consumirá, o que nada mais é que um juízo divino, juízo este que porá fim a esta dispensação e iniciará o acerto de contas final da história da humanidade, o juízo do trono branco ou julgamento final, que será o tema de nossa próxima lição.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

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