Sem categoria

Jovens – Lição 10 – Os Cuidados e Deveres da Nova Geração

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Mostrar o propósito do censo que foi ordenado pelo Senhor;

Explicar a importância das leis divinas para os hebreus;

Reconhecer a importância da adoração.

Palavras-chave: Peregrinação no deserto.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Reynaldo Odilo:

INTRODUÇÃO

Depois de um terrível ato de apostasia, em que milhares de hebreus morreram, Deus determina a realização de um novo censo.

Aqueles que saíram do Egito, que tinham mais de 20 anos, haviam caído prostrados no deserto.

A sentença divina executara-se perfeitamente. Moisés, portanto, não “mudou a opinião” de Deus acerca da morte dos hebreus incrédulos, mas apenas retardou o acontecimento.

Restava, assim, daquela geração, apenas Moisés, Josué e Calebe. Os capítulos 26 ao 30 do livro de Números seguem o mesmo padrão da perícope dos capítulos 1 ao 10, na medida em que Deus mandou contar o povo nessas duas ocasiões, porque havia chegado o tempo de entrarem em Canaã e, para tanto, além de conhecer o poderio bélico da nação, essa base de dados serviria para a divisão da Terra Prometida.

Ressalte-se, por oportuno, que a segunda geração era composta por pessoas com, no máximo, 59 anos, pois os mais velhos saíram do Egito com até 19 anos de idade e os demais nasceram posteriormente. 

Conforme observado, pela fé que aquele grupo de pessoas entraria na Terra Prometida, Deus manda fazer o censo (Nm 26.1-51). Entretanto, outras providências também foram tomadas:

lembrou leis estabelecidas e criou outras (Nm 26.52-56; 27.1-11; 30.1-16; 36.1-13), além de falar sobre a importância da adoração (Nm 28–29). 

Assim, Deus estava mostrando os cuidados e deveres da nova geração de hebreus, e, por isso, repetiu algumas obrigações cívicas, morais e espirituais.

Os novos hebreus precisavam conhecer sua identidade e força (censo), suas responsabilidades civis e familiares (leis) e o dever de adorar ao Senhor de todo o coração.

I – A IMPORTÂNCIA DAS PESSOAS 

1) Um Censo Providencial

Por qual razão Deus mandou fazer um segundo recenseamento? É que, como dito, havia uma nova geração que precisava ser conhecida (e sabe-se que todo homem honrado tem uma família, tem uma história).

Eles não eram apenas números, nem compunham simplesmente uma estatística. Eles eram pessoas escolhidas por Deus.

Ressalte-se, por oportuno, que, por ocasião do censo, os nomes eram escritos, conforme a família e tribo, pois Deus não trata o seu povo “no atacado” — como se fosse um amontoado de pessoas —, mas (usando uma linguagem coloquial) “no varejo”.

Ele conhece e valoriza seus servos pelo que eles são e conhece-os pelo nome (Jo 10.27). Não é demais mencionar, nesse sentido, que há, na Bíblia, milhares de nomes próprios de indivíduos, a grande maioria dos quais sem nenhuma expressão histórica.

Os recenseados, da mesma forma, estavam sendo apresentados ao Senhor, e passando a fazer parte da história da maior conquista do povo hebreu!

Contar o povo foi providencial para aquela geração e também para as vindouras. Deus também estava demonstrando a sua fidelidade, pois a quantidade de homens adultos apresentava-se bastante aproximada do censo acontecido quatro décadas antes.

Os hebreus, portanto, numericamente, não tinham sido afetados pela caminhada no deserto. Deus, na verdade, os deixou em compasso de espera, até que os rebeldes fossem destruídos. Deu-se com os hebreus o mesmo que acontece com o homem que anda em desobediência: anos de vida são perdidos!

2) Um Exército Poderoso

A ordem de Deus dava conta de que “todo [homem] que, em Israel, vai para o exército” fosse contabilizado no censo (Nm 26.2).

Era uma multidão de homens que, diferentemente dos guerreiros que atravessaram o Mar Vermelho a pé enxuto, possuíam certa experiência bélica, afinal eles havia destruído reis poderosos como Seom e Ogue.

Esse exército precisava estar preparado emocionalmente, para as lutas vindouras. O Senhor havia falado aos patriarcas hebreus que a semente deles possuiria “a porta dos seus inimigos” (Gn 22.17), por isso Israel precisava conhecer sua força militar e habilitar-se para as guerras que adviriam.

Em Números 22, 23 e 24, quando Balaque tentou empreender um ataque espiritual em desfavor de Israel, por intermédio do suborno ao profeta Balaão, o rei dos moabitas afirmou que os hebreus formavam um grande e poderoso povo!

Que análise interessante, principalmente porque, sob o prisma da análise circunstancial de viver no deserto, e, ademais, por ser Israel um povo sem terra, certamente a percepção geral deveria ser outra; porém, as recentes vitórias nas guerras tinham criado esse marketing positivo. Portanto, conclui-se, que, no meio da crise, o Senhor fez seu povo crescer e se fortificar.

O Altíssimo tornou os hebreus poderosos na guerra, todavia não pela vocação beligerante do povo, mas por causa da operação divina maravilhosa (Sl 44.1-3), como está escrito:

“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6) promovendo, assim, a fama de Israel perante seus inimigos, caindo, por isso, um temor sobre eles. O exército de Israel, diante de tal circunstância, não podia exalar a presunção fétida e nociva da autossuficiência, mas o dom perfumado da dependência de Deus! 

3) Um Povo Abençoado 

Deus trabalha com os seus filhos, no desiderato de que eles creiam que suas promessas são tão seguras, e reais, quanto os próprios fatos; a única diferença existente é o tempo, mas isso não tem significado para o Altíssimo, o qual está fora do tempo.

Paulo, acerca disso, mencionou que “Deus chama as coisas que não são como se já fossem” (Rm 4.17). Noutra ocasião, mencionei que “sendo Deus transcendental, a questão do tempo não se apresenta relevante para Ele”, na medida em que o tempo está em Deus, mas Deus não está adstrito, preso, a ele.1 

Dessa forma, uma única promessa do Senhor deve ser suficiente para sustentar um homem de esperança por toda a vida, como aconteceu com Simeão, cujo anelo em ver o Messias dava-lhe força para permanecer vivo (Lc 2.27-30).

Ora, Israel precisava crer desse modo, para ter a visão correta das coisas, pois, como disse Paulo, ressoando um ensinamento do Antigo Testamento: “o justo viver da fé”.

Os hebreus, portanto, precisavam ter uma nova forma de pensar, racionar e, consequentemente, confiar. Assim, por tal razão, depois que foi concluído o recenseamento, “falou o Senhor a Moisés, dizendo: A estes se repartirá a terra em herança, segundo o número dos nomes” (Nm 26.52,53).

Deus estava dando uma extraordinária visão aos hebreus: Mesmo, atualmente, não tendo nada de concreto, vocês podem aguardar o recebimento de uma grande herança em Canaã.

O Senhor poderia ter dado essas instruções após a conquista da terra, mas preferiu animar e fortalecer o coração e a fé de todos previamente. Israel deveria esperar, confiar e descansar nas promessas de Deus! 

II – A IMPORTÂNCIA DAS LEIS 

1) Leis sobre a Divisão da Terra 

Deus estava formando, durante aquela longa viagem desértica, um povo que fosse exclusivamente seu, zeloso e de boas obra. Para tanto, o povo de Israel precisava de norte para o estabelecimento da contracultura do Espírito Santo, calcada numa cosmovisão recebida por Deus.

Por óbvio, para implantar no inconsciente coletivo da nação uma cosmovisão distinta da que se vivenciava nos países vizinhos, e no Egito, eram necessárias leis que trouxessem a essência do céu à Terra.

Deus sabia que muitas leis de outros povos eram injustas, e, diante de tal fato, não instituiriam comportamentos que agradassem a Ele.

Por isso, de vez em quando, no livro de Números, as narrativas se estancam e surge a informação sobre as mais diversas normas de condutas, algumas dadas anteriormente e outras novas. Em Números 26.52-65, por exemplo, o Senhor deu regras para a divisão das terras que seriam conquistadas.

O Altíssimo sabia que aquele povo de dura cerviz poderia criar sérios obstáculos políticos e administrativos, caso pensassem que havia privilégios na repartição da herança em favor de uma ou outra tribo.

Dessa maneira, ao tempo em que ditava o direito, o Senhor incutiu fé em cada hebreus. Não é de admirar que, desde a conquista de Jericó, não houve hesitação ou medo dos hebreus em relação a quaisquer das nações cananitas.

2) Leis sobre Relacionamentos

Em certa ocasião, afirmei que “Deus vê a família mais que um mero ajuntamento, mas como um canal de bênçãos para a sociedade”, pois é “nesse grande laboratório divino” que o homem conhece a si mesmo, e, a partir daí, com o crescimento pessoal, suas aptidões são desenvolvidas, aprendendo a ser forte, bem como a superar todos os obstáculos da vida.2

A importância dada por Deus aos relacionamentos familiares pode ser perfeitamente observada nalguns dos regramentos outorgados, conforme se vê em Números 30.1-16 — Deus criou diversas normas, dizendo aquilo que é justo no âmbito do que, nos dias atuais, seria considerado como “direito de família”, evitando, com isso, conflitos intermináveis, vinganças, desentendimentos constantes, etc.

Como se sabe, um grande povo só se constrói com famílias fortes e unidas. Dessarte, se no seio da sociedade hebraica as famílias estivessem fragmentadas, a nação, sem dúvida, enfraqueceria. 

3) Leis sobre a Guerra

No famoso livro A Arte da Guerra, orienta-se que “para evitar os descontentamentos, reparte sempre, de forma meticulosa e justa, todos os despojos”. 

Um forte padrão de justiça e equidade, em todas as condutas perpetradas entre os homens, apresenta-se como um instrumento de integração e, concomitantemente, de pacificação social.

Assim, “dar a cada um o que é devido”, como falou Paulo (Rm 13.7), ou atinar para a regra de ouro ensinada por Jesus: “tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12), constitui-se no ponto de partida de uma civilização próspera, justa e feliz. Era isso que o Senhor queria para os israelitas.

Destarte, o Senhor criou um critério bastante justo, e também espiritual (pois parte seria dada como oferta ao Senhor), a fim de regulamentar os despojos da guerras (Nm 31.25-47). Ninguém ficaria com tudo, nem ninguém ficaria sem nada. Era um equânime paradigma que glorificava a Deus.

Em Números 31.48-54 há uma cena comovente: os capitães do exército de Israel trouxeram ao Senhor, dos despojos de guerra, uma oferta alçada, voluntária.

Aqueles homens, jovens combatentes, compreendiam que as vitórias vinham por intervenção e milagre de Deus. Eles estavam vivendo um novo padrão de comportamento cultural e espiritual — perseveravam na doutrina de Moisés.

Eles representavam muito além de números… eram vidas em crescimento que se desenvolviam no solo sagrado da fé genuína.

III – A IMPORTÂNCIA DA ADORAÇÃO 

Deus nunca faltará ao seu povo, mas Ele requer, para tanto, que se reconheça a importância dos relacionamentos, a começar pela família, a necessidade da observância das suas leis, para que haja coesão e justiça social e, sobretudo, a atitude de consideração, respeito, prestígio, à adoração ao Eterno.

No livro de Levítico, Deus apresenta o manual de adoração do sacerdote, ensinando todas as condutas a serem tomadas quando da realização dos cultos no Tabernáculo.

Em Números, porém, essa noção é ampliada. O povo acha-se convocado para participar da adoração. Isso faria não apenas trazendo ofertas, purificando-se, mas também aprendendo a servir ao próximo, pois o serviço voluntário é uma das marcas do verdadeiro adorador.

Henrietta C. Mears aduz que, em Levítico, Deus convoca o povo à adoração e, em Números, ao serviço. Portanto, Números trata prioritariamente sobre o andar do crente.

“Esta foi a ordem estabelecida pelo Senhor. Só o salvo pode servir e adorar a Deus. Lembre-se, fomos salvos para servir. Não somos salvos por obras, e, sim, para as boas obras (Ef 2.10)”4

1) Uma Vida Bem Cuidada

Na medida em que Israel, sob a batuta de Moisés, assumiu o papel de povo de Deus, passou a ser protegido pelo Senhor, pois estava debaixo de muitas promessas.

O livro de Números demonstra à exaustão milagres os mais diversos, demonstrando de maneira inequívoca uma verdade que permeia todas as Escrituras: Deus provê as necessidades daqueles que o servem e adoram. Apresenta-se inacreditável como, num ambiente hostil daquele, ninguém morreu desidratado ou desnutrido.

Eles entraram na escola de Deus e ali aprenderam que, mesmo diante das provações, deveriam continuar confiando no Senhor (Nm 13.26–14.25).

O Senhor deu-lhes alimento (Nm 11.6-9), carne (Nm 11.31-33), água (Nm 20.8). Além disso, protegeu-os durante toda a viagem de fortes inimigos que se interpunham no caminho, deu-lhes direção, guardou-os do frio e do calor (através da nuvem e da coluna de fogo), proveu-lhes líderes (Nm 1.1,3),

apresentou-lhes um extraordinário e revolucionário ordenamento jurídico, o qual abrangia todos os aspectos da vida cotidiana, assim como lampejos da eternidade, e, também, garantiu-lhes em possessão uma terra que mana leite e mel (Nm 14.7,8). A vida deles estava sendo minuciosamente bem cuidada.

2) O Dever de um Povo Agraciado

Não importa nosso grau de espiritualidade ou intelectualidade, jamais compreenderemos a medida do amor de Deus por nós. É inexplicável.

O que devemos fazer, como forma de gratidão, pelo que Ele fez e faz por nós, é entregarmos, sem reservas, nossa vida a Ele.

O Senhor nos ama profundamente… apesar de nós. De igual modo, assim se dava com Israel: sendo extremamente beneficiados pelo Senhor, inclusive pela segunda oportunidade que Deus lhes oferecia, pois a primeira geração já morrera. Eles deveriam ser sumamente agradecidos, mas não eram.

Deus, mais uma vez, com toda a paciência (Nm 28–29), deixou bastante claro que o povo deveria ser agradecido, trazendo ofertas em cultos de adoração todos os dias, semanalmente, mensalmente, além das festas anuais.

O servir a Deus, na Terra Prometida — e também nos últimos dias de deserto —, deveria ser marcado pelo compromisso, diante da aliança estabelecida, fazendo emergir muitas responsabilidades para o povo de Deus.

A especificação de rituais solenes para o recebimento de ofertas, na ambiência da presença do Senhor, demonstra que as coisas no Tabernáculo não poderiam funcionar como bem quisessem os hebreus.

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, sofreram pela imprudência e irreverência, na quebra das regras solenes do culto divino, as quais deveriam ser cumpridas reverentemente, sob pena de, como visto, acontecerem danos terríveis aos adoradores.

As mortes de Ananias e Safira servem de exemplo para os adoradores deste tempo presente, a fim de que se entenda o que pode acontecer com alguém que desobedece voluntariamente dentro de uma ambiência litúrgica cultual divina.

3) Um Deus que Merece Ser Adorado

Está escrito: “Rogo-vos […] irmãos […] que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1).

A vida de todo servo de Deus deve ser como um culto contínuo de adoração; esse era e é o propósito do Deus de Israel. O cerne da existência e das atividades do povo de Deus.

Não era por acaso que o Tabernáculo encontrava-se no centro do acampamento e tudo se movia ao seu redor, dando a entender que o relacionamento com Deus deveria ocupar a parte mais importante da vida.

Números 28 começa com uma grave advertência de Deus: “Dá ordem aos filhos de Israel e dize-lhes: Da minha oferta, do meu manjar para as minhas ofertas queimadas, do meu cheiro suave, tereis cuidado, para mas oferecer a seu tempo determinado” (v. 2).

O Senhor estava convocando o povo a viver à altura da sua fé, advertindo que não seria mais admitida uma vida descuidada, pois eles haviam sido chamados para servir em adoração, e adorar enquanto serviam, e isso deveria ser levado a sério.

Deus demonstrou, ao longo de todo o período de caminhada, sua fidelidade em relação ao cumprimento da aliança com seu povo; todavia, nesse instante, o Senhor estava deixando claro que as falhas da jornada no deserto não deveriam se repetir — tereis cuidado — e que a adoração dos hebreus, na Terra Prometida, deveria se transformar num estilo de vida.

CONCLUSÃO

A partir da morte dos últimos representantes da antiga geração, uma nova geração de israelitas, que conquistaria a terra dos cananeus, precisava entender uma série de cuidados e deveres que pesavam sobre seus ombros, em relação a fazer vontade de Deus.

Por isso, o Senhor determinou um novo censo, estabeleceu leis e fez um apelo incisivo sobre a necessidade de que Israel adorasse ao Senhor voluntariamente, de todo o coração. A conquista de Canaã exigiria muitos esforços dos israelitas.                                                                         

Que Deus o(a) abençoe.

 


1 SOARES, Reynaldo Odilo Martins. Tempo para todas as coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 15.
2 SOARES, Reynaldo Odilo Martins. Eu e minha casa. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 14-16. 
3 TZU, Sun. A arte da guerra. Porto Alegre: L&PM, 2006, p. 39. 
4 MEARS, Henrietta C. Estudo panorâmico da Bíblia. São Paulo: Vida, 1996, p. 56.

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/1395-li%C3%A7%C3%A3o-10-os-cuidados-e-deveres-da-nova-gera%C3%A7%C3%A3o.html

Video: https://www.youtube.com/watch?v=X71Ff0B2mRU

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Iesus Kyrios

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading