Jovens – Lição 14 – Deus continua realizando milagres
O milagre é elemento indispensável na obra de Deus, pois, através dele, percebemos que Deus intervém na ordem natural das coisas por amor ao homem, sente por ele compaixão.
É um dado que confirma que Deus ama o ser humano e que está disposto a salvá-lo.
– No entanto, embora seja elemento indispensável e necessário para a realização da obra de Deus, o milagre não vale em si mesmo, não pode ser considerado separadamente, nem como elemento autenticador isolado da presença e do agrado de Deus no ministério de alguém. Faz-se absolutamente necessário que o milagre sirva para a glorificação do Senhor e como sinal confirmador da Sua Palavra.
– “Milagre” é uma palavra de origem latina, de “miraculum”, “algo espantoso, admirável, extraordinário”. No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais”.
Na Bíblia On Line da Sociedade Bíblica do Brasil, milagre é conceituado como “fato ou acontecimento fora do comum, que Deus realiza para confirmar o Seu poder, o Seu amor e a Sua mensagem.”
OBS: É interessante a definição dada por um texto islâmico de milagre que, por sua biblicidade, aqui transcrevemos:
“Um milagre é definido como um acontecimento extraordinário que não seria possível sob condições normais e que é realizado por Deus através dos Profetas que Ele enviou como Seus Representantes para confirmar sua veracidade.…” (ZIAD, Mohamad. Que é um milagre? Disponível em: http://br.geocities.com/slidesislamicos/jesus_missao1.htm Acesso em 10 jan. 2008)
– A palavra “milagre”, na Versão Almeida Revista e Corrigida, surge apenas seis vezes (Ex.7:9; Mc.6:52;9:39; Jo.4:54; 6:14 e At.4:22), mas a Bíblia registra, no Antigo Testamento, 67 milagres e, em o NovoTestamento, 20 milagres dos discípulos de Jesus, além de descrever 36 milagres de Jesus, embora faça menção a milagres do Senhor em outras 17 oportunidades, sem mencionar os milagres não registrados.
Os milagres, entretanto, nem sempre são traduzidos para “milagre”, sendo comum o emprego de outras palavras como “maravilhas”, “sinais”, “prodígios” e “obras”.
– Em Ex. 7:9, a palavra “milagre” é tradução do hebraico “môphet” (מןפת), cujo significado é, precisamente, o de “algo admirável”, “uma demonstração do poder de Deus”.
Em Mc. 9:39, a palavra “milagre” é tradução de “dynamis” (δύναμις), que tem o significado de “poder”, “poder em ação”, enquanto que, nas outras três referências (Jo.4:54; 6:14 e At.4:22), a palavra “milagre” é tradução de “semeion” (σημειον), cujo significado é “sinal”, “marca”, “acontecimento extraordinário, incomum que manifesta que alguém é vindo da parte de Deus”.
OBS: Não fizemos menção de Mc.6:52, pois a palavra “milagre”, neste texto, não se encontra no original, tanto que está em itálico na Bíblia, pois é um acréscimo feito pelo tradutor para que o texto tivesse sentido claro na língua portuguesa.
– O que se percebe, pois, é que “milagre” é um acontecimento que causa admiração, que não é comum.
Por quê? Porque é um fato que foge à explicação das leis naturais, é uma ocorrência que não se consegue explicar, que aparentemente contradiz a ordem natural das coisas.
Por isso, o milagre é uma demonstração de que Deus criou o mundo, não Se confunde com a Sua criação e, além disso, participa desta criação, fazendo intervenções que modificam as leis por Ele mesmo estabelecidas, quando isto é da Sua vontade e atende aos Seus sublimes propósitos.
– Não é por outro motivo, aliás, que os que não reconhecem a existência de Deus (ateus), ou entendem que Deus e natureza se confundem (panteístas) ou, então, que Deus, embora seja distinto da natureza, nela não intervém (deístas) sejam, também, pessoas que não admitem a existência de milagres, incluídos nestes grupos, pasmemos todos, até supostos “evangélicos” e “teólogos”.
– Usando de argumentos aparentemente lógicos, muitos dizem não ser possível a existência de milagres, pois, sendo Deus imutável e não contradizente, não poderia mudar as leis que criou.
Se o milagre é uma mudança, uma alteração das leis da natureza, um acontecimento extraordinário, fora do normal, tem-se que não pode existir, diante da imutabilidade de Deus.
Assim, ou o milagre é um acontecimento natural, que o homem não tem conhecimento suficiente para explicar e, portanto, rigorosamente não é um milagre, mas um fato natural que o homem, por ignorância, não sabe explicar, ou, então, é apenas uma fantasia, uma ilusão, pois Deus não pode negar-Se a Si mesmo e, portanto, não pode modificar as leis que criou.
– Este argumento, que não é novo, mas se encontra muito em voga em nossos dias, notadamente naquilo que o pastor Ciro Sanches Zibordi denominou de “evangelho filosófico” e “evangelho teologicocêntrico”, embora tenha a sua lógica, não corresponde à verdade dos fatos.
Por primeiro, a própria ciência admite a sua insuficiência e precariedade, tanto que muitos filósofos da ciência estão a dizer que a “verdade científica” é, por natureza, “provisória”.
Se assim é, não há como considerar que a ciência possa invalidar os milagres ou negá-los, se admite a sua própria ignorância sobre tudo o que ocorre no universo. Como dizia Shakespeare, “há entre os céus e a terra mais mistérios do que possa imaginar a nossa vã filosofia”.
Assim, como considerar que os milagres não existem porque não se podem violar as leis naturais, se nem conhecemos estas mesmas leis?
OBS: “…Enquanto o evangelho teologicocêntrico (…) se fundamenta no que os teólogos dizem de Deus e Sua obra, o filosófico se baseia no conhecimento adquirido por meio do exercício do raciocínio humano.
No entanto, estes evangelhos se misturam, haja vista terem como principal característica a negação parcial das verdades da Palavra de Deus…” (ZIBORDI, Ciro Sanches. Evangelhos que Paulo jamais pregaria, p.117).
– Por segundo, este raciocínio parte do princípio de que Deus não pode mudar as leis que estabeleceu, como se a criação não tivesse como pressuposto o fato de que o Criador é o dono da criação (Sl.24:1).
Ora, a soberania divina não pode ser anulada pelo Senhor, pois Ele não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).
Portanto, a intervenção de Deus na criação é sempre uma possibilidade, pois Deus está acima da criação, visto que ela Lhe é sujeita (I Co.15:27,28).
Deus tem propósitos que, ou nos são revelados, ou permanecem ocultos para nós, mas o fato é que, para cumpri-los, mantendo a Sua fidelidade e senhorio, sem qualquer dificuldade altera as leis naturais, pois acima delas está o caráter divino e a Sua soberania.
Tanto assim é que este universo desaparecerá (Ap.21:1), para que o Senhor cumpra o Seu propósito de habitar com os homens num ambiente sem qualquer injustiça (Ap.21:3).
OBS: “…Deus indica, com os milagres, os limites do conhecimento e a tecnologia que o gênero humano pode alcançar.
A diferença entre um milagre e os avanços tecnológico-científicos é que, enquanto os Profetas são capazes de realizar milagres sem instrumentos ou tecnologia, as pessoas simples e normais podem ter sucesso em atos similares somente com ajuda do material e a tecnologia que eles produziram.…” (ZIAD, Mohamad. op.cit.)
– Os milagres existem, pois estão narrados na Bíblia Sagrada, que é a verdade (Jo.17:17), sendo, ademais, uma demonstração de que Deus não só existe, é distinto da Sua criação, como também é um participante dela.
Os milagres mostram, assim, a participação divina na criação e, mui especialmente, na vida dos seres humanos, a coroa da criação terrena. São uma prova do desejo de Deus de nos fazer companhia e de estabelecermos com Ele um relacionamento pessoal e eterno.
OBS: Por sua biblicidade, transcrevemos aqui o que diz a respeito o Catecismo da Igreja Romana: “156.
O motivo de crer não é o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz de nossa razão natural. Cremos ‘por causa da autoridade de Deus que revela e que não pode nem enganar-se nem enganar-nos’. ‘
Todavia, para que o obséquio de nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados das provas exteriores de sua Revelação.
Por isso, os milagres de Cristo e dos santos, as profecias, a propagação e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade ‘constituem sinais certíssimos da Revelação, adaptados à inteligência de todos’, ‘motivos de credibilidade’ que mostram que o assentimento da fé não é ‘de modo algum um movimento cego do espírito’.
No AT estão registrados 67 milagres (Gn 5.21-24; 11.6-9; 19.1-11,24-25,26; Êx 3.1-6; 4.1-5,6-8; 7.9-13; caps. 7—12; 13.20-22; 14.21-28; 15.25; 16.12-36; 17.6; Lv 10.1-2; Nm 12.9-15; 16.24-35,46-50; 17.1-13; 20.7-13; 21.4-9; 22.28-30; Js 3; 6; 10.12-13; Jz 6.36-40; 1Sm 5; 6.19-21; 12.16-18; 2Sm 6.6-8; 1Rs 13.1-6; 17.3-7,14,22; 18.1-40,41-45; 2Rs 1.1-18; 2.8,11,12-14,19-22; 3.16-20; 4.1-7,32-37,38-41,42-44; 5.1-19,20-27; 6.1-7,15-23; 7.1-20; 13.20-21; 19.35-36; 20.7-11; 2Cr 7.1-3; 26.19-21; Dn 3.19-30; 5.30; 6.1-28; Jn 1).
O NT mostra que Jesus realizou muitos milagres (Mt 8.16-17; 12.15; Lc 7.18-23; Mt 14.34-36).
Os Evangelhos registram 36, alistados a seguir na ordem provável em que aconteceram:
a água feita vinho (Jo 2.1-12);
o filho de um funcionário público (Jo 4.46-54);
uma pesca maravilhosa (Lc 5.1-11);
o endemoninhado de Cafarnaum (Lc 4.31-37);
a sogra de Pedro (Lc 4.38-39);
o leproso (Mc 1.40-45);
o paralítico descido pelo telhado (Mc 2.1-12);
o paralítico de Betesda (Jo 5.1-18);
o homem da mão aleijada (Mt 12.9-14);
o empregado do oficial romano (Lc 7.1-10);
o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17); Maria Madalena (Lc 8.2);
o endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22-37);
a tempestade (Mc 4.35-41);
os endemoninhados gadarenos (Mc 5.1-20);
a filha de Jairo (Mc 5.21-43);
a mulher que tinha hemorragia (Mc 5.25-34);
os dois cegos (Mt 9.27-31);
o mudo endemoninhado (Mt 9.32-34);
a primeira multiplicação dos pães (Mc 6.30-44);
Jesus anda sobre a água (Mt 14.24-33);
a filha da siro-fenícia (Mc 7.24-30);
o surdo-mudo (Mc 7.31-37);
a segunda multiplicação dos pães (Mc 8.1-10);
o cego de Betsaida (Mc 8.22-26);
o menino epiléptico (Mc 9.14-29);
a moeda na boca do peixe (Mt 17.24-27);
o cego de nascença (Jo 9.1-41);
a mulher encurvada (Lc 13.10-17);
o hidrópico (Lc 14.1-6);
a ressurreição de Lázaro (Jo 11.1-44);
os dez leprosos (Lc 17.11-19);
o cego Bartimeu (Mc 10.46-52);
a figueira sem frutos (Mt 21.18-22);
a orelha de Malco (Lc 22.50-51);
outra pesca maravilhosa (Jo 21.1-13).
Os apóstolos também fizeram milagres (Mt 10.1-8; Lc 10.9; 9.6; 10.17-20).
Em Atos são mencionados 20 milagres (2.1-4; 3.1-8; 5.1-11,16,19; 6.8; 8.6-13; 9.3-8,13-18,32-35,36-41; 12.6-10; 13.8-12; 14.8-10; 16.16-18; 19.11, v. 2Co 12.12; At 20.9-12; 28.1-6,7-9).
E hoje não é diferente pois, Jesus Cristo é o mesmo ontem hoje e eternamente (Hb. 13:8), Ele continua fazendo milhagres.