LIÇÃO Nº 10 – O PLANO DE LIVRAMENTO E O PAPEL DE ESTER
INTRODUÇÃO
-Na continuidade do estudo do livro de Ester, hoje analisaremos o trecho de Et.4:1-5:4.
-A Divina Providência não dispensa a ação do ser humano.
I – A CONSTERNAÇÃO E TRISTEZA DOS JUDEUS
-Na continuidade do estudo do livro de Ester, estudaremos os seus capítulos 4 e 5.
-Hamã havia conseguido de Assuero a ordem para destruição de todo o povo judeu. O decreto foi assinado no dia treze do mês de Nisã, ou seja, na véspera da celebração da Páscoa e os judeus que viviam em Susã tiveram esta notícia no mesmo dia (Et.3:15).
-Não era mera coincidência que o decreto tenha sido divulgado nesta data. Notamos aqui um ardil não só de Hamã, que era inimigo dos judeus por ser amalequita, mas do próprio inimigo de nossas almas. Satanás não mede esforços para afrontar o povo de Deus, para tentar debilitar o povo santo, sendo minucioso nas suas tramas, visando sempre fomentar o máximo desânimo entre os servos do Senhor.
-Ele é a antiga serpente (Ap.12:9; 20:2) e, como tal, extremamente astuto e sutil, aproveitando de cada ocasião e situação para abalar a fé dos servos de Deus, mas também é o dragão e isto fala da sua natureza mortífera, pois é homicida desde o princípio (Jo.8:44), de modo que tudo faz para obter a morte espiritual do ser humano. É um ser que não tem a mínima compaixão do homem.
-A divulgação do decreto de destruição do povo judeu na véspera da celebração da Páscoa era uma crueldade sem tamanho, visando gerar, entre os filhos de Israel, um grande desânimo, um abatimento de espírito, uma crise de fé.
Como celebrar a Páscoa, que mostrava a mão forte do Senhor na libertação do povo da escravidão no Egito sabendo que, dentro de onze meses, todo Israel seria morto?
-Já não era fácil aos israelitas, desde o início do cativeiro da Babilônia, celebrar a Páscoa, que fala de libertação, vivendo como servos mesmo em sua própria terra (Ne.9:36,37), e agora, celebrar o poder do Senhor, estando prontos a ser destruídos por ordem de um rei gentio, era, sem dúvida, um grande teste de fé.
-Mardoqueu, ao saber do decreto real, sabendo ser ele o pivô de tudo aquilo, pois, experiente como era nas intrigas palacianas, certamente já tinha sabido que Hamã descobrira que ele não se prostrava diante dele, tomou uma deliberação extrema.
-Mardoqueu, embora abatido e consternado como todos os demais judeus, e, provavelmente, mais do que todos os outros israelitas, já que sabia que ele era o próprio motivo de tudo aquilo, o que lhe trouxe um sentimento de culpa, pois, como um judeu observante da lei, não só amava a Deus, mas também ao próximo (Lv.19:18; Mt.22:36-39), o que o levava a amar a todos os homens, principalmente aos seus compatriotas, sabia que havia alguém maior que Assuero que lhe poderia ajudar.
-Mardoqueu, que tanto primava em observar a lei, também sabia que, antes de entregar o início da lei ao povo no monte Sinai, o Senhor havia Se identificado como o Senhor de toda a terra: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes o Meu concerto, então, sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é Minha” (Ex.19:5).
-Mardoqueu tinha plena convicção de que os filhos de Israel eram propriedade peculiar de Deus dentre os povos e que toda a terra pertencia ao Senhor e que, portanto, poderia, sim, o Senhor impedir que aquele decreto se concretizasse, ainda que fosse irrevogável segundo o costume da lei dos medos e persas.
-Mardoqueu, então, rasgou as suas vestes, vestiu-se de um pano de saco com cinza e saiu pelo meio da cidade, e clamou com grande e amargo clamor (Et.4:1).
-Precisamos aqui bem observar que, no dia em que se publicou o decreto, Mardoqueu rasgou as suas vestes, mas só se vestiu de pano de saco com cinza dois dias depois, no dia quinze de Nisã.
Por quê? Porque não poderia jejuar no dia quatorze, que era o dia da celebração da Páscoa, em que é obrigatória a participação em uma refeição, estatuto perpétuo para os judeus (Ex.12:14) e Mardoqueu era um cumpridor da lei.
-Diante da situação desesperadora, Mardoqueu resolveu clamar ao Senhor, humilhar-se diante do Senhor, pois este era o significado do rasgar as vestes e vestir-se de pano de saco com cinza.
-As vestes de Mardoqueu deveriam ser de qualidade, porque, afinal de contas, era ele funcionário real e trabalhava à porta do rei e, desta maneira, tinha de ter trajes que dessem uma “boa primeira impressão” para quem chegava ao palácio de Assuero.
-Agora, Mardoqueu trocava aquelas vestes por “pano de saco com cinza”, por “cilício” (Et.4:4). Que é o cilício? “Cilício é uma túnica, cinto ou cordão de crina, que se traz sobre a pele para mortificação ou penitência.
O termo vem do latim “cilicinus”, que quer dizer “feito de pelo de cabra”, ou “cilicium”, que quer dizer “tecido áspero ou grosseiro de pelo de cabra” ou “vestido de gente pobre”. Hoje é conhecido como instrumento de mortificação voluntária, ao lado do jejum e abstinência, dentre outras formas.…” (Cilício. In: WIKIPÉDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cil%C3%ADcio#:~:text=Cil%C3%ADcio%20%C3%A9%20uma%20t%C3% BAnica%2C%20cinto,por%20Jos%C3%A9%20de%20Ribera%2C%201643. Acesso em 17 jun. 2024).
-Era uma prática usual de humilhação diante de Deus. Jó relata que dela fez uso (Jó 16:15), bem como é mencionado que o rei Jorão dela se utilizou quando do cerco de Samaria pelos sírios (II Rs.6:30), assim como o profeta Isaías, a quem o Senhor mandou que cessasse de dele fazer uso para se humilhar ainda mais andando nu e descalço (Is.20:2).
-O mesmo profeta Isaías, aliás, disse que o Senhor convidaria o povo para o choro, o pranto, o rapar da cabeça e o cingir-se do cilício, ao profetizar o cerco e queda de Jerusalém (Is.22:12).
-Ante as dificuldades da nossa peregrinação terrena, temos, a exemplo do pai adotivo de Ester, nos humilhar debaixo da potente mão de Deus (I Pe.5:6), nos humilhar diante do Senhor (Tg.4:10).
-Mardoqueu era um homem humilde, que mantinha a sua posição à porta do rei, não almejando honrarias ou vantagens, ainda que fosse o pai adotivo da rainha, situação que manteve oculta, mas, diante de uma situação em que se mostrava totalmente impotente, recorreu ao Todo-Poderoso (Ex.6:3), Àquele que tudo pode (Jó 42:2).
-Quando somos abalados e abatidos por causa das investidas do adversário, devemos nos humilhar diante do Senhor, buscá-l’O com maior intensidade e fervor, orando e reforçando a oração com jejum, pois este é o caminho da vitória.
-Foi esta a atitude de Nosso Senhor e Salvador, que é o nosso exemplo (I Pe.2:21), a quem devemos imitar (I Co.11:1).
Diz-nos o apóstolo Paulo que Cristo Se humilhou, primeiro Se fazendo homem e, já como homem, continuou a Se humilhar, tornando-se um réu e, como tal, morrendo, demonstrando obediência até a morte e, por ter promovido a máxima humilhação, obteve a máxima exaltação (Fp.2:6-11).
-Mardoqueu não só rasgou suas vestes e se vestiu de pano de saco com cinza, mas saiu pelo meio da cidade, mostrando-se neste estado de humilhação para toda a população de Susã, inclusive e especialmente para os judeus que ali habitavam.
-Mardoqueu procurava obter dos seus compatriotas o mesmo sentimento de humilhação, incentivava-os a buscar a face do Senhor, a não desanimar e se prostar diante daquela situação evidentemente grave e praticamente irreversível, mas, ao revés, deveriam os israelitas clamar ao Senhor pedindo livramento.
-Se Satanás procurava estragar a celebração da Páscoa entre os judeus de Susã, gerando desânimo e incredulidade. Mardoqueu, com o seu gesto, dizia aos israelitas que eles deveriam confiar no Senhor, pois o mesmo Deus que, com mão forte, os havia tirado do Egito, haveria de livrá-los das mãos de Assuero e de Hamã.
-Mardoqueu aqui procedeu assim como descrito pelo apóstolo Paulo na defesa de seu apostolado diante dos coríntios.
-Com efeito, o apóstolo dos gentios declarou que: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal” (II Co.4:8-11).
-Mardoqueu reconhecia o momento delicado em que os judeus passaram a viver diante do decreto real. Estava, sem dúvida, atribulado, mas não perdeu a esperança.
Ao rasgar as suas vestes e se vestir de pano de saco com cinza, demonstrava publicamente, pois assim saiu no meio da cidade, que continuava a confiar em Deus, tanto que a Ele clamava.
-Mardoqueu ficou perplexo com a ordem vinda de Assuero. Sabia que o rei sempre tinha sido favorável aos judeus, havia uma tradição de bem-estar dos filhos de Israel no Império Persa e tudo isto se desfizera de repente, o que não deixa de causar perplexidade, mas isto não fez Mardoqueu desanimar. Pelo contrário, ele foi buscar ao Senhor.
-O desânimo é uma grande arma do adversário para nos fazer fracassar espiritualmente. Por isso, as últimas palavras do Senhor Jesus nas Suas instruções derradeiras aos discípulos foram para que tivessem bom ânimo, observando a própria vitória d’Ele sobre o mundo (Jo.16:33).
-O “bom ânimo” somente é possível quando temos uma visão espiritual, uma visão de fé (II Co.5:7), que é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem (Hb.11:1).
-Mardoqueu, ao ouvir a proclamação do decreto real, não viu a destruição programada para o dia treze de Adar, de forma irrevogável, não se prendeu às circunstâncias estabelecidas, mas se lembrou do poder e da fidelidade divinos, que tudo poderiam reverter.
-Mardoqueu aqui demonstrou a mesma confiança do patriarca Jó que, mesmo sem bens, sem filhos, sem saúde, deixado de lado pela mulher e caluniado por aqueles que diziam ser seus melhores amigos, sem compreender o que se passava e não tendo respostas de Deus sobre seus questionamentos, mesmo assim foi capaz de afirmar: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra.
E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-l’O-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, O verão; e, por isso, o meu coração se consome dentro de mim” (Jó 19:25-27).
-É também a conduta adotada pelo apóstolo Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm.8:18)
-Temos agido assim em meio as aflições que sempre nos reservam este mundo? Ou, diante da perplexidade, temos desanimado e deixado de caminhar para o céu? “Esforçai-vos, e animai-vos; não temais, nem vos espanteis diante deles, porque o SENHOR, vosso Deus, é o que vai convosco; não vos deixará nem vos desamparará” (Dt.31:6).
-Mardoqueu sabia que se iniciava um tempo diferente de tudo o que ocorrera até então no domínio persa. Chegara o tempo da perseguição.
Os judeus passariam a ser vistos como inimigos do rei, o que causaria uma série de problemas. Se é fato que a sorte lançada havia deixado todo o ano para a conservação do povo, não se podia desconsiderar que a existência do decreto já iria causar um sem-número de problemas para os judeus.
-Ora, sabendo todo o povo que os judeus eram execráveis ao rei, certamente, a partir de então, seriam os judeus discriminados, desprezados e hostilizados.
Ficaria praticamente impossível a própria convivência com as demais pessoas, pois quem iria fazer negócios com pessoas tidas como inimigas do rei? Quem manteria amizade ou algum tipo de relacionamento amistoso com quem será brevemente exterminado? Como o próprio Mardoqueu poderia continuar a trabalhar à porta do rei diante deste decreto?
-Entretanto, apesar de ter consciência de que passava a ser perseguido, Mardoqueu não se achou desamparado. Pelo contrário, foi buscar amparo no Senhor, pois Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Sl.46:1).
-Quando formos surpreendidos pela calamidade, lembremos que o Senhor é o nosso amparo (Sl.18:18). Deus é o nosso ajudador (Sl.54:4), por isso não devemos temer o que nos possa fazer o homem (Hb.13:6).
-Precisamos fazer como o rei Asa, que, diante de poderosos inimigos, confiou no Senhor, dizendo: “…Senhor, nada para Ti é ajudar, quer o poderoso quer o de nenhuma força; ajuda-nos, pois, Senhor, nosso Deus, porque em Ti confiamos e no Teu nome viemos contra esta multidão; Senhor, Tu és o nosso Deus, não prevaleça contra Ti o homem” (Ii Co.14:11b).
-Clamemos como Davi: “Ajuda-me, Senhor, Deus meu! Salva-me segundo a Tua misericórdia” (Sl.109:26).
-Diante das calamidades, o que temos feito? Buscado a ajuda do Senhor ou ido atrás de outros meios? Temos procurado ajuda entre aqueles que são inimigos de Deus? Temos procurado auxílio no mundo, que jaz no maligno (I Jo.5:19)?
-Não repitamos o erro dos filhos de Israel que, diante do decreto de Faraó que lhes retirava o fornecimento de palha para a fabricação dos tijolos, exigindo a mesma produção, em vez de clamarem a Deus, foram pedir misericórdia ao próprio Faraó e o resultado disto foi frustrante, porquanto não houve a revogação da ordem e se manteve a aflição (Ex.5:15-19).
-Mardoqueu se abateu diante da proclamação do decreto real, mas não se sentiu destruído, não esmoreceu. Imediatamente, foi buscar ao Senhor, rasgando suas vestes e se vestindo com pano de saco com cinza, e incentivando e estimulando todos os israelitas a fazer o mesmo.
-Diz-nos o texto sagrado que seu clamor era grande e amargo, ou seja, ele demonstrou a todos a grande aflição, mas, ao mesmo tempo, a sua confiança que Deus lhe atenderia.
-As dificuldades, evidentemente, abatem-nos, pois somos de carne e osso, somos meros homens (Sl.9:20), somos vasos de barro (II Co.4:7), mas, por isso mesmo, não podemos desistir, pois sabemos que o poder pertence a Deus (Sl.62:11) e a nossa própria fragilidade é para que sobressaia o poder divino.
-Bem por isso o doutor dos gentios afirmou: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (II Co.12:10).
-Mardoqueu, ao se humilhar, e publicamente, mostrava toda a sua confiança em Deus e, assim, reconhecia a sua impotência e a de todos os judeus para enfrentar aquela situação, aguardando a manifestação da benignidade, misericórdia e fidelidade do Senhor, mortificava a sua carne, atestando a sua nulidade, para que o Senhor tudo fizesse.
-Esta mortificação se confirma ainda mais porque, ao se humilhar desta forma, Mardoqueu se impedia de entrar pelas portas do rei, pois era proibido que alguém vestido de pano de saco pudesse entrar no palácio real.
-A mortificação da carne é precisamente esta atitude de privação das benesses, vantagens e posições neste mundo para que o nome do Senhor seja glorificado em nossas vidas, em nosso corpo. Tudo que fazemos deve ser para a glória de Deus (I Co.10:31), nunca para nossa vanglória.
-É muito elucidativo que não se permitisse que alguém vestido de pano de saco entrasse no palácio do rei da Pérsia, que era o símbolo do poder gentílico, surgido diante da rebeldia de toda a humanidade contra Deus no episódio da torre de Babel.
-No mundo, que é do maligno (I Jo.5:19), não existe lugar para a glorificação do nome de Deus, que exige a nossa mortificação, pois sem a abnegação jamais poderemos servir ao Senhor Jesus (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23).
-No mundo, há sempre a busca da glória dos reinos deste mundo (Mt.4:8) e a ilusão de que o poder sócio- econômico-político faz os homens iguais a Deus (Gn.3:5).
-Entretanto, como diz Davi, ele próprio um rei: “Certamente que os homens de classe baixa são vaidade, e os homens de ordem elevada são mentira; pesados em balanças, eles juntos são mais leves do que a vaidade.
Não confieis na opressão, nem vos desvaneçais na rapina; se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração.
Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi: que o poder pertence a Deus. A Ti, também, Senhor, pertence a misericórdia, pois retribuirás a cada um segundo a sua obra” (Sl.62:9-11).
-A reação de Mardoqueu não foi única. Em todas as províncias, quando chegavam as cartas com o decreto real de destruição dos judeus, os filhos de Israel tomaram a mesma conduta do “porteiro do rei”, que, assim, alcançara o seu objetivo de estimular e incentivar os israelitas a buscarem ao Senhor.
-Os judeus, ao saberem da ordem de sua destruição, oravam, jejuavam e muitos igualmente se vestiam com pano de saco com cinza (Et.4:3). Toda a nação clamava a seu Deus!
-Eis um grande exemplo que nos dá o povo judeu e que deveria ser seguido pela Igreja, notadamente nestes dias tão difíceis como os que estamos a viver, dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja e onde há a multiplicação da iniquidade e o aumento da perseguição contra o povo de Deus.
-Diante de calamidades e medidas que se nos impõem, nitidamente contrárias à vontade de Deus, precisamos clamar ao Senhor, orar e jejuar para que refreemos, retardemos a evolução destas investidas até o momento que nos encontraremos com Cristo nos ares. Afinal, é este povo que, sendo templo do Espírito Santo, resiste ao mistério da injustiça até que seja tirado deste mundo (II Ts.2:7).
II – MARDOQUEU PEDE A INTERCESSÃO DE ESTER
-Mardoqueu expôs-se ainda mais, permanecendo do lado de fora do palácio, já que estava vestido de pano de saco com cinza e, desta forma, não podia entrar. Seu gesto era sábio: havia entendido porque Ester havia se tornado rainha e que era fundamental que ela intercedesse pelos judeus diante de Assuero.
-No entanto, ninguém sabia que Ester era judia e, mais do que nunca, num momento como aquele, ninguém o poderia saber.
-De qualquer modo, Ester tinha de ser alertada para exercer este papel intercessor. Mardoqueu, então, tinha de entrar em contato com Ester, fazer-lhe entender o que deveria fazer, sem que houvesse a denúncia da nacionalidade e parentela da rainha.
-Mardoqueu, então, resolveu ficar na praça da cidade, à frente da porta do rei (Et.4:6) para gerar comentário e alvoroço no palácio, a fim de provocar uma comunicação, ainda que indireta e, mais do que isto, sem despertar suspeitas sobre a nacionalidade e parentela de Ester, a fim de que pudesse orientar sua filha adotiva neste momento tão crucial da história de Israel.
-A estratégia de Mardoqueu deu resultado. Logo as moças e os eunucos de Ester vieram contar à rainha que Mardoqueu, o “porteiro do rei” estava em frente ao palácio vestido com pano de saco com cinza.
-Ao saber disto, Ester, não ficou indiferente a tal cena. Ela “muito se doeu” com tal situação (Et.4:4). Aqui temos a palavra hebraica “chuwl” (ַ֥חל ַ ְל ַח ְת ִּת ַו ), cujo significado é “contorcer-se”, “ficar com muita dor”, “estar em angústia”.
-Ao saber desta situação humilhante em que Mardoqueu se expunha, não resta dúvida de que Ester, que muito amava seu pai adotivo, condoeu-se e não admitia que tal circunstância permanecesse. Determinou, então, que fossem enviadas vestes a Mardoqueu para que ele tirasse o cilício e saísse daquele humilhante estado.
-Notemos aqui que este gesto de Ester mostra que ela era normal e costumeiramente compassiva e que revelava empatia com o próximo, em especial os necessitados.
Ela sabia que não podia denunciar sua nacionalidade nem sua parentela e, portanto, ao mandar vestes para Mardoqueu isto era sinal de que costumava fazer isto e que o fato de ter assim agido em relação ao “porteiro do rei” não era algo que pudesse dar alguma desconfiança com respeito a eventual relacionamento com Mardoqueu.
-Mardoqueu, entretanto, não aceitou as vestes mandadas por Ester. Seu intuito era humilhar-se diante de Deus e estimular Ester a que intercedesse pelo povo judeu. Não estava ele interessado em ter alguma compensação pessoal. Que exemplo a ser seguido!
-Ao saber da recusa de Mardoqueu, Ester, então, quis saber o que estava acontecendo e, por isso, mandou que o eunuco do rei destacado para assessorá-la, Hataque, fosse até Mardoqueu para se informar da situação.
-O significado de “Hataque” é “verdade”. Isto é elucidativo. Ester queria saber a verdade, o que estava acontecendo (Et.4:5). Devemos sempre procurar saber a verdade e isto não só significa que devemos checar e
conferir toda informação que venha até nós antes de passá-la adiante, como também ter conhecimento das Escrituras, porque a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17).
-Como já ensinou o grande filósofo grego Sócrates (470-399 a.C.), antes de recebermos uma informação, devemos nos utilizar das “três peneiras”, ou seja, devemos indagar se a informação que alguém nos quer dar é verdadeira, boa e útil. Se não tiver estas três qualidades, não demos desperdiçar nosso tempo em recebê-la, muito menos em disseminá-la.
-Hataque, instruído por Ester, foi até a praça da cidade para conversar com Mardoqueu. O pai adotivo de Ester, então, contou tudo ao eunuco e, inclusive, lhe entregou uma cópia do decreto real e da carta que o encaminhava a todos os sátrapas, dizendo, inclusive, da oferta de prata feita por Hamã e pedindo a Ester que ela intercedesse pelo povo judeu diante de Assuero (Et.4:7,8).
-Mardoqueu não só contou tudo para Hataque, como provou o que estava a falar. Era uma informação verdadeira, boa e útil.
Verdadeira, porque correspondia aos fatos, e havia cópia da carta e do decreto real para a comprovar; boa, não pelo seu conteúdo, que era trágico, mas porque esta informação era dada para que pudesse haver a intercessão de Ester para o bem do povo judeu; útil, porque, a partir daquela informação, Ester poderia promover a intercessão em favor de Israel diante de Assuero.
-O momento era extremamente delicado e aflitivo, mas Mardoqueu não estava desesperado nem agindo loucamente. Era um servo do Senhor, confiava em Deus e não perdia o autodomínio.
Havia entendido que não era por acaso que Ester chegara àquela posição e que havia uma chance real de que o quadro se revertesse se a rainha agisse.
-Assim, tratou de fazer a sua parte, provando a existência do decreto, a irreversível ordem de destruição dos judeus e a necessidade premente de intervenção da rainha para livramento do povo. E, tudo isto, sem que se suspeitasse minimamente que Ester fosse judia ou sua filha adotiva.
-Precisamos agir sempre desta maneira: fazendo a coisa certa, na hora certa, do jeito certo. Isto é o que é sabedoria, algo que nos é dado liberalmente pelo Senhor, desde que o peçamos (Tg.1:5), algo que advém do temor ao Senhor (Sl.111:10; Pv.9:10).
-Mardoqueu era um homem temente a Deus, tão temente que se recusara a se prostrar diante de Hamã e, por isso, era sábio e agiu com muita sabedoria num momento delicado como aquele.
-Hataque tudo informou a Ester e esta, então, mandou dizer a Mardoqueu que fazia trinta dias que ela não era chamada para se apresentar diante do rei e que ninguém podia se atrever a tentar falar com o rei sem ser chamado.
Quem o fizesse, deveria ser morto, a menos que o rei estendesse seu cetro de ouro, aquiescendo com aquela iniciativa desautorizada do súdito.
-Uma vez mais notamos aqui como Ester era submissa. Ela respeitava rigorosamente as normas e observâncias da vida palaciana. Assim havia feito enquanto era apenas uma das candidatas a rainha na casa das mulheres, e continuava a fazê-lo agora como rainha.
-Ester não foi submissa apenas para conseguir ser rainha, mas prosseguiu sendo submissa como rainha, até porque aprendera com seu pai adotivo Mardoqueu que as mulheres devem se sujeitar a seus maridos, que esta é a atitude agradável a Deus.
-Ester mantinha a sua fidelidade ao Senhor, não importando a posição social que detinha. Assim, devemos agir. Não nos movemos segundo as circunstâncias, mas temos de ter uma conduta inamovível, vez que nosso objetivo é agradar ao Senhor e Ele não muda (Ml.3:6) e n’Ele não há sombra de variação (Tg.1:17).
-Ir até o pátio interior do palácio, onde ficava o rei, para ser por ele atendida sem que tivesse sido chamada era arriscar a própria vida e isto parecia, à primeira vista, para a rainha algo irrazoável, talvez pensando que seria mais prudente aguardar que o rei a chamasse.
Afinal de contas, o decreto marcava para onze meses à frente a destruição e, certamente, durante todo este período, o rei chamaria a rainha e ela, então, aproveitaria a oportunidade para interceder pelo povo judeu.
-A alternativa apresentada por Ester parecia muito razoável e prudente. Entretanto, o que se tinha, em verdade, era uma tentativa de não haver risco de vida para a rainha.
Ester queria interceder pelos judeus desde que não tivesse a ameaça da sentença de morte, já que, por não saberem que ela era judia, não seria, pensava ela, alcançada pelo decreto real.
-Segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, foi exatamente o que fez Ester. Durante trinta dias, esperou ser chamada pelo rei para poder interceder pelo seu povo, pois só teria arriscado sua vida no dia quinze de Zive, que é o segundo mês, daí porque ter ela falado em trinta dias, como veremos daqui a pouco.
-Este pensamento feito pela rainha Ester mostra-nos bem a distinção que há entre envolvimento e compromisso.
-“…Envolver-se é participar de uma ação, causa ou situação parcialmente, estar em parte ou não atuar de forma concreta na situação, estar apenas superficialmente participando de alguma ação.
Já comprometer-se é assumir uma alta responsabilidade, se sujeitar, se empenhar, dar a sua palavra e doar-se pela causa ou projeto.…” (CRUZ, Fábio. O porco e a galinha – comprometido ou envolvido. 18 ago. 2013. Disponível em: https://www.fabiocruz.com.br/o-porco-e-a-galinha-comprometido-ou-envolvido/ Acesso em 17 jun. 2024).
-Nos dias em que vivemos, em termos da obra do Senhor, temos uma grande dificuldade que é o próprio envolvimento. Muitos hoje são os que estão numa total inércia, nada fazendo para o Senhor, comportando-se como aquele servo que recebeu apenas um talento na parábola, que o enterrou e, quando o senhor retornou, devolveu o talento, trazendo prejuízo ao patrão, servo que, por causa disto, foi lançado nas trevas exteriores, onde haveria pranto e ranger de dentes (Mt.25:18, 24-30).
-Estes que nem sequer se envolvem estão assinando a própria sentença de perdição, pois nada fazer quando o Senhor lhe manda é desobediência, insubmissão, ou seja, é pecado, pois quem sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg.4:17) e no céu não entra pecado.
-Mas, entre a minoria que se envolve com a obra do Senhor, devemos observar que não basta apenas o envolvimento.
O envolvimento é participação, mas numa espécie de companheirismo, de ajuda, de auxílio mas que não represente nenhum risco, nenhum perigo, uma ação que permite a manutenção de nossos interesses, de nossa individualidade.
-Não há como agradar a Deus sendo tão somente um envolvido, porque o envolvido mantém o seu ego, a sua individualidade, não arrisca os seus interesses.
-No entanto, o que Deus quer de cada um de Seus servos não é o envolvimento, mas, sim, o comprometimento, o compromisso, que é a assunção de uma responsabilidade, o entregar a própria vida para que se tenha alcançado o objetivo estabelecido.
-Comprometer-se é dar a sua própria vida, renunciar a si mesmo para que se alcance o que se deseja. Foi isto que o Senhor Jesus fez por nós, deu a Sua vida para nos salvar, entregou-Se para nos levar às mansões celestiais.
Como Ele próprio disse: “O Meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando” (Jo.15:12-14).
-O mandamento do Senhor Jesus é que demonstremos o mesmo amor ao próximo que Ele demonstrou e este amor o levou a entregar a Sua vida por nós, ou seja, Ele Se comprometeu conosco e, por isso, devemos nos comprometer com Ele.
Como afirmou o apóstolo João: “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos” (I Jo.3:16).
-Ester estava disposta a se envolver numa ação para livrar os judeus, mas não demonstrou, num primeiro instante, comprometimento com isto.
-Hataque foi levar a resposta a Mardoqueu e, passados trinta dias de inação da rainha, o porteiro do rei mandou uma séria advertência a Ester, revelando, ainda que indiretamente e modo velado, a própria etnia da rainha. Disse ao eunuco que não poderia Ester achar que se livraria do decreto real, porque ele alcançava todo o povo judeu.
-Mais dia, menos dia, sua etnia seria descoberta, ainda mais diante da recusa da rainha em auxiliar os filhos de Israel sem risco da própria vida, o que era desagradar a Deus, e que deveria ela meditar na circunstância que não era por acaso que havia se tornado rainha da Pérsia, mas que estava numa posição estratégica para tentar livrar o povo do Senhor.
-Além do mais, se Ester se calasse, buscasse tão somente envolvimento e não comprometimento, Deus iria livrar o Seu povo, porquanto havia promessas e profecias a respeito do futuro de Israel, o Messias ainda não havia vindo, e, portanto, os israelitas escapariam, mas Ester não escaparia diante de sua omissão (Et.4:13,14).
-Mardoqueu dá importante lição a todos nós. Deus nos põe em posições importantes para que Seus desígnios sejam realizados.
Não é acaso o lugar onde moramos, o lugar onde estudamos, o lugar onde trabalhamos, o lugar onde congregamos. Em todos estes lugares, o Senhor conta conosco para que glorifiquemos o Seu nome.
-Assim, não podemos usar destas posições apenas para termos vantagens ou delas desfrutarmos, mas devemos entender o motivo pelo qual o Senhor ali nos pôs para que cumpramos o Seu desígnio, pois só assim estaremos a glorificá-l’O diante dos homens: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt.5:16).
-Se não agradarmos a Deus, podemos até não perder a posição que d’Ele recebemos, mas deixaremos de fazer a Sua vontade e correremos o risco até de perder a salvação. Pensemos nisto!
III – O PLANO DE ESTER
-Ester recebeu a advertência de Mardoqueu e pôde entender que não era rainha da Pérsia à toa. Estava, sim, numa posição estratégica e que poderia trazer livramento ao povo judeu. Assim, abandonou a sua ideia de mero envolvimento e partiu para o comprometimento para que Israel escapasse da destruição.
-Ester, porém, exigiu de Mardoqueu um envolvimento. Ester sabia que nada poderia fazer sozinha. Embora tivesse tido consciência que estava numa posição estratégica, isto não significava que se achasse autossuficiente ou poderosa.
-Embora tenhamos de nos comprometer e compreender a posição em que estamos, jamais podemos achar que somos fortes o suficiente para dependermos de nossas forças e habilidades.
Como já dizia o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto e não sentirá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor.
Porque ele será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se afadiga nem deixa de dar fruto. Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr.17:5-9).
-Precisamos manter a humildade, mesmo sabendo que o Senhor nos pôs em posições estratégicas e, por isso mesmo, na hora de agirmos com comprometimento, não podemos deixar de pedir a ajuda a Deus, não podemos deixar de reconhecer que somos menos do que nada e que sem o Senhor nada podemos fazer (Jo.15:5).
-Ester iria se apresentar diante de Assuero sem ser chamada, correndo risco de vida, mas, antes disto, oraria e jejuaria durante três dias, pedindo a proteção e a bênção divinas, e Mardoqueu e os judeus de Susã deveriam fazer o mesmo.
Ao término destes três dias, Ester arriscaria sua vida e, se tivesse de morrer, morreria, já que estava comprometida e o comprometido dá a sua vida pela causa.
-Ester sabia que sua vitória viria do Senhor. Se o Senhor a havia posto como rainha da Pérsia, se tinha ela condições de interceder pelos filhos de Israel, era evidente que nada conseguiria ser feito sem o auxílio divino.
-Bem ao contrário de Hamã, que não tinha percebido que havia sido engrandecido por causa de Assuero e não de sua capacidade, como achava, Ester sabia que tudo devia ao Senhor pela sua posição e, portanto, nada podia fazer se antes não clamasse a Deus.
-Temos feito isto, amados irmãos? Temos nos humilhado diante de Deus nos momentos em que temos de agir?
Ou temos confiado em nós mesmos e, diante das adversidades decorrentes de nossas atitudes precipitadas e sem direção do Senhor, queremos, depois, que Deus nos retire da enrascada em que voluntariamente nos pusemos.
-Mardoqueu prontamente atendeu à ordem da rainha Ester. Reuniu-se com os judeus e, durante três dias, oraram e jejuaram, enquanto Ester fazia o mesmo com suas moças no palácio.
-Aqui, uma vez mais, notamos que Ester era uma pessoa de contínua oração e jejum, pois a ordem dada a suas moças não as apanhou de surpresa, nem tampouco causou qualquer admiração, revelando ser algo costumeiramente feito pela rainha.
-Embora, por obediência a seu pai adotivo, Ester não tivesse declarado sua nacionalidade nem sua parentela, não deixou de servir a Deus e de buscar a Sua presença.
Que exemplo a todos aqueles que, por circunstâncias outras, não podem ostentar a sua fé: a falta de ostentação, em absoluto, significa a ociosidade espiritual. Lembremos disto!
-Ao término dos três dias, Ester vestiu-se de suas vestes reais e se pôs diante do pátio interior, defronte do aposento do rei.
Assuero estava assentado sobre o seu trono real diante da porta do aposento (Et.5:1).
-Notemos que Ester se comportou conforme a vontade divina.
O Senhor Jesus ensinou-nos que, quando jejuarmos, não devemos aparentar que o fazemos, mas, fazê-lo em secreto, num negócio entre nós e Deus, para que não haja ostentação de santidade, como costumavam fazer os fariseus (Mt.6:16-18).
-Ester certamente se preparou, banhando-se, pondo as especiarias que se costumavam utilizar, para que se apresentasse bela e radiante diante do monarca, a fim de agradar-lhe para que obtivesse a sua graça e ele lhe estendesse o cetro. Era uma verdadeira e genuína questão de vida e de morte, que exigia toda a preparação e todo o cuidado.
-Por isso mesmo, não tem qualquer cabimento um dos acréscimos feitos ao livro de Ester que narra um desmaio da rainha, um contrassenso diante do que estamos a verificar no texto sagrado.
-Ester bem se preparou para se apresentar diante de Assuero. Temos nós nos preparado para nos apresentar perante o Rei dos reis, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo? Portamos as vestes reais, que recebemos quando entramos pela porta estreita? Pensemos nisto!
-Assuero não resistiu àquela cena. Sua rainha em vestes reais, bela e radiante, querendo falar-lhe. Estendeu o cetro de ouro e, assim, Ester teve garantida a sua vida.
-Mas, ao longo do período de oração e jejum, Ester já havia arquitetado como haveria de fazer para livrar o seu povo e, assim, resolveu convidar o rei e Hamã para um banquete, onde, então, faria o pedido ao rei.
-Foi exatamente o que fez quando o rei lhe perguntou o que queria. Ester disse que o seu pedido, se lhe fosse permitido, ocorreria num banquete que daria ao monarca e a Hamã. Assuero aquiesceu e mandou que dessem ordem a Hamã para participar do banquete.
-Comprometendo-se, buscando a Deus e de forma hábil e discreta, Ester conseguia a oportunidade para interceder pelo seu povo. Sabedoria e prudência, eis as marcas do verdadeiro servo do Senhor.
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/10816-licao-10-o-plano-de-livramento-e-o-papel-de-ester-i