LIÇÃO Nº 11 – UMA VIDA CRISTÃ EQUILIBRADA
O cristão tem de ter a mente de Cristo.
INTRODUÇÃO
– Na continuidade do estudo da carta de Paulo aos filipenses, estudaremos hoje mais uma porção do capítulo 4 da epístola.
– O apóstolo Paulo demonstra a necessidade de o cristão ter a mente de Cristo.
I – PRECISAMOS TER A MENTE DE CRISTO
– Na continuidade do estudo da carta de Paulo aos filipenses, abordaremos hoje mais uma porção do capítulo 4 desta epístola. Nosso comentarista volta a tratar dos versículos 5 a 7, já tratados na lição anterior, prosseguindo até o versículo 9.
– Este aparente retrocesso no estudo da epístola tem sua razão de ser. Na lição anterior, abordamos as questões da equidade e da tranquilidade que devem cercar a vida do cristão, bem assim a paz resultante desta vida justa e tranquila pelo aspecto da alegria em Cristo Jesus, que o apóstolo enfatiza no início do capítulo 4 da epístola. Agora, entretanto, falaremos destes mesmos pontos sob outro aspecto, a saber, o da mente do cristão.
– O apóstolo Paulo, consoante temos visto ao longo do trimestre, queria que os filipenses tivessem uma mentalidade totalmente diversa da dos que não esperam nem confiam em Deus. Em vez de verem as suas dificuldades que enfrentava na prisão em Roma, Paulo queria que os crentes de Filipos tivessem uma outra visão, a visão do fortalecimento da pregação do Evangelho na capital do Império e o absoluto controle de Deus em todas as coisas.
– Para que se tivesse a alegria que o apóstolo desfrutava e que queria transmitir aos filipenses, era necessário e indispensável que os cristãos tivessem esta mesma visão, esta mesma mentalidade que tinha o apóstolo, uma mentalidade típica de quem morreu para o mundo e agora vive na fé do Filho de Deus (Gl.2:20).
– Esta visão que tinha o apóstolo era resultado de uma mentalidade obtida pela salvação em Cristo Jesus. E aqui advém um aspecto extremamente importante para a consideração da vida cristã, qual seja, a questão relativa à “mente”, à “mentalidade”.
– Quando vamos aos dicionários, observamos que “mente” é “sistema organizado no ser humano referente ao conjunto de seus processos cognitivos e atividades psicológicas; parte incorpórea, inteligente do ser humano; espírito, pensamento, entendimento; memória, lembrança; faculdade, ato ou modo de compreender algo ou de criar na imaginação; concepção, imaginação, percepção”. Já “mentalidade” é entendido como “conjunto de manifestações de ordem mental (crenças, maneira de pensar, disposições psíquicas e morais), que caracterizam uma coletividade, uma classe de pessoas ou um indivíduo; mente, personalidade”.
– No seu primeiro significado, mente é “sistema organizado no ser humano referente ao conjunto de seus processos cognitivos e atividades psicológicas”. Nota-se, portanto, que a “mente” é uma organização da faculdade do conhecimento, do pensamento, uma das faculdades da alma humana.
– É, portanto, através da mente que se chega ao conhecimento, ao entendimento das coisas, como nos diz Jó: “Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem à mente deu o entendimento?” (Jó 38:36). Sabemos, claramente, que foi Deus quem criou o homem com a capacidade intelectual e que, portanto, sua mente foi concebida pelo próprio Senhor.
– Todavia, a capacidade intelectual do homem foi obnubilada pelo pecado. Como nos registram as Escrituras, o inimigo de nossas almas convenceu o primeiro casal a querer “ser como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn.3:5) e o resultado disto foi a nossa separação de Deus em virtude do pecado, Deus que é a fonte de todo o saber, de todo o verdadeiro conhecimento.
– O pecado trouxe, então, uma distorção imensa no “sistema organizado referente aos conjunto de seus processos cognitivos e atividades psicológicas” e a mente humana ficou incapaz de organizar seus pensamentos a partir d’Aquele que tudo criou. A mente humana ficou cega para a realidade espiritual.
– Como afirma o apóstolo Paulo, “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (II Co.4:4), ou seja, a mente humana, dominada pelo pecado, parte da desconsideração da realidade espiritual, da desconsideração da própria existência de Deus e, por isso, tudo quanto organiza em sua mente não leva em conta o bem, não leva em conta o seu Criador.
– Por isso, o mesmo Paulo, ao retratar a degeneração da humanidade por causa do pecado, no início de sua epístola aos romanos, afirma que o homem, mesmo diante da manifestação visível e invisível do poder e da majestade divinas através da natureza, têm seus discursos, ou seja, a sua linguagem, a sua comunicação, que nada mais é que a exteriorização de seu pensamento, desvanecidos, ou seja, totalmente alheios à realidade, fazendo com que, com o seu coração obscurecido ( e “coração” é mais uma expressão bíblica que indica a “mente”, tanto que é assim que a Versão do Rei Tiago traduz a palavra hebraica “sekviy” – שכוי – que é traduzida por “mente” em Jó 38:36) mudem a glória de Deus incorruptível em semelhança de imagem de homem corruptível e de aves e de quadrúpedes e de répteis (Rm.1:20-23).
– A mente humana, portanto, dominada pelo pecado, é incapaz de verificar a própria existência de Deus, pois O desconsidera em suas elucubrações, e o resultado disto é um conhecimento totalmente distorcido, alheio à realidade tal qual ela é, que não consegue ver “a luz do evangelho de Cristo”, que resulta numa completa “cegueira espiritual”.
– Esta circunstância faz com que os mais “entendidos” não passem, aos olhos de Deus, de simples “ignorantes”, de “néscios”, visto que negam a existência de Deus e procuram viver como se Deus não existisse (Sl.14:1; 53:1). E esta ignorância é provada pelo fato de que a consequência de um tal comportamento é a corrupção generalizada que vive a espécie humana, a ausência da prática do bem.
OBS: “…Mas a pergunta é: a humanidade do nosso tempo espera ainda um Salvador? Tem-se a impressão de que muitos consideram Deus fora dos seus interesses. Aparentemente não precisam d’Ele; vivem como se Ele não existisse e, ainda pior, como se fosse um “obstáculo” a superar para se realizarem a si mesmos. Também entre os crentes temos a certeza há quem se deixa atrair por quimeras aliciantes e distrair por doutrinas desviantes que propõem atalhos ilusórios para obter a felicidade.…” (BENTO XVI. Audiência geral. 20 de dezembro de 2006. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/audiences/2006/documents/hf_ben-xvi_aud_20061220_po.html Acesso em 09 jul. 2013).
– Por isso, o resultado desta “mente” distorcida pelo pecado é o surgimento da “falsa ciência” (I Tm.6:20), que nada mais é que a desesperada tentativa do homem de usar sua capacidade intelectual, sua criatividade para se opor a tudo quanto o Senhor lhe tem revelado. A “falsa ciência” é uma sistemática oposição às verdades reveladas por Deus ao homem através da Sua Palavra, uma tentativa de desmerecer e desacreditar tudo quanto o Senhor tem manifestado ao homem.
– Mas a mente também é “parte incorpórea, inteligente do ser humano; espírito, pensamento, entendimento”. Vemos aqui, claramente, que a “mente” é uma das faculdades da alma, da sede da personalidade de cada ser humano. Ora, o entendimento, o conhecimento, o pensamento precisam ser animados pelo Senhor, que foi quem criou a mente humana. O homem foi criado para se voltar ao seu Criador e d’Ele aprender, como ocorria com o primeiro casal até o dia da queda (Gn.3:8).
– No entanto, por causa do pecado, este aprendizado se dá independentemente de Deus, em verdadeira oposição ao Criador, consoante já verificamos, a ponto de o homem entender que a “mente” é um mero conjunto de reações químicas e de substâncias materiais.
– Todavia, não é assim que ensina a Bíblia Sagrada. Paulo, escrevendo aos coríntios, mostra, com clareza, que a mente é animada pelo espírito, que a faz bem discernir as coisas. A mente conduzida pelo espírito humano, que nos faz ligação com Deus, faz com que possamos entender as coisas espirituais, que sejamos homens espirituais, podendo, então, compreender as coisas que estão além da razão humana, pois são as “profundezas do Espírito de Deus”. Isto se dá quando temos a “mente de Cristo”, que é o que diferencia o “homem natural” daquele que está em comunhão com o Senhor Jesus (I Co.2:9-16).
– A mente é algo que independe do corpo, que não está sujeita ao corpo, não é mero conjunto de reações químicas e de substâncias materiais, mas é a capacidade de conhecer e de organizar o conhecimento, capacidade esta que somente estará sendo exercida de modo correto e pleno quando for conduzida pelo espírito humano, que somente poderá ser vivificado mediante a salvação em Cristo Jesus, quando, então, recebemos o Espírito Santo, que, unido ao nosso espírito, fará com que compreendamos as “coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem”, precisamente “as coisas que Deus preparou para os que O amam” (I Co.2:9).
– Por isso mesmo, o Senhor Jesus, no sermão do monte, disse que os nossos olhos são a “candeia do corpo” e que, quando os olhos forem bons, todo o corpo terá luz, mas se os olhos forem maus, todo o corpo será tenebroso (Mt.6:22,24).
– Os olhos mencionados pelo Senhor não são apenas os olhos carnais, mas, também, se está aqui a indicar o entendimento, a mente humana. Quando ela é iluminada pela Palavra de Deus, quando se está diante de um estado de comunhão com o Senhor, por meio da salvação, o entendimento iluminará toda a vida da pessoa sobre a face da Terra, porque ela poderá discernir espiritualmente tudo, mas, caso contrário, se o pecado a dominar, haverá apenas trevas, o obscurecimento que levará à completa degeneração da pessoa, conforme descrito no já mencionado capítulo 1 de Romanos.
– Em nossos dias, é visível o grau de corrupção e de degeneração da mente humana, totalmente obnubilada pelo pecado, cegada pelo deus deste século. Estamos diante de uma “mentalidade”, ou seja, de “um conjunto de manifestações de ordem mental (crenças, maneira de pensar, disposições psíquicas e morais), que caracterizam uma coletividade, uma classe de pessoas ou um indivíduo”, que, definitivamente, se encontra nos níveis mais baixos da corrupção descrita pelo apóstolo Paulo.
– Os dias da chamada “pós-modernidade” são dias extremamente tenebrosos, pois ela se baseia na ausência de quaisquer “fundamentos”, nega a presença de quaisquer “verdades”, fazendo com que não se tenha sequer o “fundamento da racionalidade”, pois, se não houver princípios básicos, verdades essenciais, não se pode sequer construir um sistema de pensamento. É esta a circunstância em que nos encontramos na atualidade.
OBS: Sugerimos a leitura de importante sermão a respeito disto, o artigo “Fundamentos” no Portal Mackenzie, disponível em http://www.mackenzie.br/fundamentos.html.
– Por isso mesmo, o apóstolo Paulo diz que devemos ser “homens espirituais”, que tenham a “mente de Cristo”, ou seja, uma mentalidade que seja gerada por Cristo em nós, que tenha a visão do Calvário, a visão da necessária observância da vontade de Deus, uma mentalidade que não nos prenda ao domínio do pecado, das coisas desta vida, uma mentalidade que nos faça ver o reino de Deus e nos faça caminhar para nele entrar.
II – UMA VIDA VOLTADA PARA GUARDAR OS CORAÇÕES E SENTIMENTOS EM CRISTO JESUS
– Quando temos esta mentalidade forjada pelo Senhor Jesus em nós, passamos a praticar a justiça em todas as circunstâncias, o que é notado por todos, já que não mais andamos segundo o curso deste mundo (Ef.2:2,3).
– É por este motivo que o apóstolo Paulo diz aos filipenses que a equidade deles deveria ser notória a todos os homens. Quando assumimos a mente de Cristo, nossa justiça excede a dos escribas e fariseus (Mt.5:20) e, destarte, passamos a viver tendo a vontade de Deus expressa na Bíblia Sagrada como critério de julgamento (Jo.7:24).
– Esta nova mentalidade faz com que tenhamos uma vida diferente daqueles que não conhecem a Deus, o que certamente nos acarreta o natural estranhamento por parte dos outros, estranhamento que, indubitavelmente, se torna uma oposição. Por isso, o Senhor Jesus disse que o mundo nos aborrece, assim como O aborreceu (Jo.15:18,19).
OBS: Por sua biblicidade, relevante aqui transcrevermos o que diz a Constituição dogmática Lumen Gentium, o primeiro documento do Concílio Vaticano II, promovido pela Igreja Romana há cinquenta anos: “…Mas assim como Cristo consumou a obra da redenção na pobreza e na perseguição, assim a Igreja é chamada a seguir o mesmo caminho a fim de comunicar aos homens os frutos da salvação. Cristo Jesus ‘como subsistisse na condição de Deus, despojou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo’ (Fp.2:6) e, por nossa causa, ‘fez-se pobre embora fosse rico’ (II Co.8:9): da mesma maneira a Igreja, embora necessite dos bens humanos para executar sua missão, não foi instituída para buscar a glória terrestre, mas para proclamar, também pelo seu próprio exemplo, a humildade e a abnegação.…” (Lumen Gentium, nº 8).
– Daí porque ter o apóstolo afirmado, em seguida a esta constatação, que o Senhor está perto (Fp.4:5), pois somente uma mentalidade de Cristo em nós pode fazer com que suportemos a cruz, bem como desprezemos a afronta que sofremos ao longo de nossa peregrinação terrena (Hb.12:2), pois esta “mente de Cristo” nos faz discernir tudo espiritualmente (I Co.2:14,15), fazendo com que divisemos o reino de Deus (Jo.3:3) e almejemos chegar à cidade celestial, a suprema aspiração do cristão, como Paulo faz questão de insistentemente anunciar aos filipenses ao longo da epístola (Fp.1:23; 2:16; 3:20,21).
– Esta mente de Cristo em nós, que nos concede o discernimento espiritual, faz com que não percamos a tranquilidade, faz com que não nos inquietemos pelas circunstâncias adversas que venhamos a atravessar (Fp.4:6), pois compreendemos claramente que tudo que ocorre, ocorre segundo o propósito divino, contribui para o nosso bem, visto que amamos a Deus, já que guardamos a Sua Palavra (Jo.14:23), bem como fomos chamados pelo Seu decreto (Rm.8:28).
– A mente de Cristo em nós faz-nos sentir a companhia do Senhor ao longo da nossa jornada, o cumprimento de Sua promessa de que jamais nos deixaria (Mt.28:20), sentimento este que o próprio Senhor teve durante o Seu ministério terreno (Jo.16:32). Por isso, em meio às adversidades da vida, o cristão busca o socorro divino, vai ao Senhor em oração, não só pedindo, mas também agradecendo por tudo o que o Senhor lhe tem dado durante sua peregrinação nesta Terra (Fp.4:6).
– A mente de Cristo em nós não permite que nos inquietemos, nem tampouco que venhamos a ter uma vida ansiosa. É certo que, por sermos humanos, feitos de carne e sangue, enquanto aqui estamos neste mundo, a ansiedade bate a porta de nossa existência, mas, quando isto ocorre, devemos lançá-la sobre o Senhor Jesus, sabendo que Ele tem cuidado de nós (I Pe.5:7).
– O que se tem verificado, infelizmente, em nossos dias, é que muitos que cristãos se dizem ser não têm a “mente de Cristo”, permanecem sendo “homens naturais” e o resultado é que acabam tomados pela ansiedade, não têm a devida visão espiritual, e, ao procurar resolver tais situações sem recorrer ao Senhor (até porque que não têm uma vida de comunhão com Deus, não têm uma vida de oração), acabam sendo envolvidos por uma atmosfera de ansiedade crescente, que, não raras vezes, os leva à depressão, ao medo e ao desespero.
– Tendo uma vida de comunhão com o Senhor, tendo a “mente de Cristo”, o discernimento espiritual faz com que experimentemos a “paz de Deus”, paz esta que está além da compreensão humana, além da razão humana, daí porque ter o apóstolo dito que a “paz de Deus excede todo o entendimento” (Fp.4:7).
– Esta paz de Deus é mais do que tranquilidade ou ausência de inquietação, mas, sim, uma demonstração da nossa comunhão com o Senhor, de que não mais vivemos, mas Cristo vive em nós, de que somos um com o Senhor, cumprindo, assim, o propósito que o próprio Senhor estabeleceu para a obra que veio consumar nesta Terra (cfr. Jo.17:22,23).
– É, em virtude desta paz que os nossos corações e os nossos sentimentos são guardados em Cristo Jesus (Fp.4:8). Quando somos um com o Senhor, ou seja, quando temos o discernimento espiritual, o nosso espírito está em comunhão com o Espírito Santo e por Ele somos devidamente orientados e guiados, conseguimos ver o significado espiritual do que nos acontece neste mundo e, em razão disto, não somos abalados, mas entendemos que o que está acontecendo tem um propósito já previamente estabelecido pelo Senhor, ao qual devemos perseguir.
– Era o que ocorria com o apóstolo Paulo, que sabia que sua prisão era necessária para a evangelização de Roma, como também para a própria conscientização missionária da igreja romana, com o fito de se iniciar a evangelização da Espanha, como era o desejo do apóstolo, que havia sido assumido pelo próprio Senhor. Por isso, apesar de as circunstâncias serem humanamente difíceis e extremamente perigosas, o apóstolo podia descansar, manter-se alegre e, ainda, querer contagiar os filipenses com a sua alegria.
– A mente de Cristo traz uma paz que nos permite descansar mesmo diante de aflições do tempo presente. Nossos corações, ou seja, o nosso espírito, assim como os nossos sentimentos, ou seja, a nossa alma, enfim, o homem interior é mantido alheio a todo o sofrimento circunstancial, as dificuldades não conseguem sequer inibir o nosso relacionamento com Deus.
– Nos dias em que atravessamos, onde as dificuldades aumentam, onde o pecado se multiplica, onde a opressão e a perseguição contra a Igreja crescem sobremaneira, é fundamental que busquemos ter a “mente de Cristo”, para que ela possa nos trazer a “paz de Deus”, paz esta que nos permitirá guardar os nossos corações e sentimentos em Cristo Jesus, sem o que não conseguiremos perseverar até o fim e alcançar, assim, a glorificação.
– Daí a extrema urgência para que cada um de nós, neste mundo tão terrível em que vivemos, venhamos a ter uma postura de busca da presença de Deus, de contínua santificação, para que realmente nos unamos ao Senhor, sejamos um com Ele, para que tenhamos a mente de Cristo e desfrutemos da paz de Deus que nos guardará os corações e sentimentos em Cristo Jesus. Temos feito a nossa parte? Temos buscado nos separar do pecado? Pensemos nisto!
III – OS PENSAMENTOS QUE DEVEM SER PERSEGUIDOS PELOS CRISTÃOS
– O apóstolo Paulo, então, dentro da própria lógica da “parte prática” da epístola, procura mostrar aos filipenses como eles podem, no dia-a-dia, no cotidiano, obter esta “mente de Cristo”, mantê-la ativa, a fim de que a “paz de Deus” possa guardar os seus corações e os seus sentimentos em Cristo Jesus.
– Paulo não irá, aqui, voltar ao seu passado de fariseu (Fp.3:5), daquele que prescreve algo e não vive (Mt.23:3), mas, como fará questão de observar aos crentes de Filipos, o que estava a prescrever nada mais era senão aquilo que os filipenses tinham visto nele próprio (Fp.4:9), repetindo aqui o que já dissera aos coríntios (I Co.11:1).
– Mais uma vez, o apóstolo Paulo vai mostrar que a responsabilidade que recai sobre os obreiros do Senhor é muito grande. Aqueles que estão à frente do povo de Deus, os que presidem (I Ts.5:12) (“presidir” vem do latim “praesideo”, cujo significado é o de “estar assentado adiante”), têm o papel de servir de exemplo para os demais fiéis (Hb.13:7; I Pe.5:3), de sorte que há a tendência de eles serem imitados pelos que são liderados. Em sendo assim, é imperioso que sirvam de exemplo ao rebanho do Senhor, tendo uma vida ilibada, que vivam aquilo que ensinam ao povo de Deus.
– Paulo podia dizer aos filipenses que vivessem da mesma maneira que ele e, neste ponto, a respeito de como deveriam ter “a mente de Cristo”, o apóstolo mostra como se deve proceder, a fim de que se possam guardar os corações e os sentimentos em Cristo Jesus.
– O apóstolo dos gentios diz que tudo se deve dar no território da mente, em nossos pensamentos. Os pensamentos do cristão devem ser devidamente policiados, devem ser mantidos em Cristo. Compõem eles uma das faculdades de nossa alma, o que, conforme já vimos supra, a Bíblia costuma denominar de “coração” e que devemos guardar com prioridade (Pv.4:23).
– Por isso, Paulo diz aos filipenses que a “mente de Cristo” deve pensar apenas naquilo que é verdadeiro, que é honesto, que é justo, que é puro, que é amável, que é de boa fama, tudo em que houver alguma virtude e algum louvor (Fp.4:6).
– Como diz Russell Norman Champlin: “Deus nos guarda e nos dá paz como um dom; mas também temos obrigações e precisamos cultivar as virtudes espirituais. Sem essas virtudes, o ideal cristão não pode concretizar-se na vida de uma pessoa. Comenta Robertson (in loc.), acerca dessas diversas virtudes: ‘Elas são pertinentes agora, quando tanta imundícia é exposta perante o mundo, em livros, revistas e filmes, sob o nome de realismo, a fossa mesma das piores iniquidades’. Se Robertson tivesse vivido em nossos dias, mui provavelmente teria adicionado a ‘televisão’ à lista daquelas coisas que servem de elementos corruptores dos homens…” (Novo Testamento interpretado versículo por versículo, v.5, p.63). E nós, tendo em vista que a obra de Champlin é de 1995, podemos, certamente adicionar a “internet”.
– A primeira coisa em que o cristão deve pensar é naquilo que é “verdadeiro”. O texto grego original é “alethe” (άληθή). Deus é a verdade (Jr.10:10), Cristo é a verdade (Jo.14:6), a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17). Assim, “pensar no que é verdadeiro”, é ter a mente voltada para o Senhor, para a Sua Palavra.
– O salmista já indica que a meditação nas Escrituras é um pressuposto para termos uma vida bem-aventurada neste mundo, para não andarmos segundo o conselho dos ímpios, nem nos determos no caminho dos pecadores, nem nos assentarmos na roda dos escarnecedores (Sl.1:1,2).
– Uma mente voltada para as Escrituras, para as coisas referentes ao Senhor é uma mente que pode alcançar a paz de Deus e, deste modo, guardar seu coração e seu sentimento em Cristo Jesus. São as Escrituras que testificam do Senhor Jesus (Jo.5:39) e, assim sendo, quando meditamos nelas, teremos certamente razões para empreendermos uma vida de comunhão com o Senhor, sabendo exatamente o que Ele quer de nós. Afinal de contas, a Palavra nos santifica (Jo.17:17).
– Não é por outro motivo, pois, que o inimigo de nossas almas tenta impedir, de todas as maneiras, que tenhamos nossos pensamentos envolvidos com a Palavra de Deus. O adversário põe uma série de obstáculos a que possamos meditar nas Escrituras, pois não quer, de forma alguma, que venhamos a ter os nossos pensamentos envolvidos com a Bíblia Sagrada, com a verdade, pois isto, certamente, fará que tenhamos a “mente de Cristo” e que não sejamos “homens naturais”, mas “homens espirituais”, que tudo discernem espiritualmente e que, portanto, não se deixem levar pelas ilusões deste mundo.
– Nos dias corridos em que vivemos, onde a agitação e a multiplicidade de tarefas simultâneas é uma constante, em que tudo tem de ser feito de imediato e com velocidade, é um grande esforço este o de reservarmos um período para meditarmos na Palavra de Deus, para que, na quietude, ouçamos a voz do Senhor que nos fala em Sua Palavra e, desta maneira, venhamos a pensar naquilo que é “verdadeiro”, naquilo que é de Deus. Esforcemo-nos, pois precisamos guardar com prioridade o nosso coração em Cristo Jesus!
– A segunda coisa que Paulo que devemos pensar é em tudo que é “honesto”. O texto original grego fala em “semná” (σεμνά), cujo significado é “honroso”, “reverenciável”, “venerável” (como se encontra na Tradução Brasileira). Esta palavra vem do verbo “sebo” (σεβω), que quer dizer “adorar” ou “reverenciar”. Como diz Champlin: “…os crentes devem exibir uma dignidade que se deriva da salvação moral, assim convidando o respeito..…” (ibid., p.63).
– O cristão deve pensar em tudo aquilo que é digno de honra, que é digno de respeito e de reverência. Esta “honestidade” é tudo aquilo que “merece elogios” (como está na Nova Tradução na Linguagem de Hoje), que é “nobre” (como se está na Bíblia de Jerusalém), que é “respeitável” (como se encontra na Versão Almeida Revista e Atualizada).
– Será que nossos pensamentos, se fossem revelados aos outros, seriam dignos de elogios, de respeito e de consideração por parte das pessoas? Será que o que temos pensado é algo que leve as pessoas a nos respeitar e a nos reverenciar? Ou será que nossos pensamentos seriam censurados e repreendidos pelos homens de bem?
– O pecado, como nos mostra a geração antediluviana, faz com que os pensamentos dos homens se tornem continuadamente maus (Gn.6:5), pois são pensamentos que se desprendem do conceito de moralidade, sendo, no mais das vezes, movidos pelos desejos incontrolados, pela concupiscência, pelo absoluto descontrole de nossos instintos, fazendo-nos reagir animalescamente, como se fôssemos seres irracionais.
– No entanto, se temos a “mente de Cristo”, submetemo-nos ao que o Senhor determina ser o certo e o errado e, por conseguinte, passamos a pensar apenas naquilo que é “honroso”, que é “respeitável”, que é “reverenciável”.
– O cristão, em seu pensamento já, manifesta zelo pelo que é moralmente respeitável, por aquilo que é admirado por todos, ainda que não seja praticado, pois, como salienta o apóstolo, o homem, mesmo sendo carnal e vendido sob o pecado (Rm.7:14), sabe o que é o bem e o que deve ser aprovado (Rm.7:15-21).
– Verdade é que os dias em que vivemos são de tanta degeneração que a humanidade tem procurado, de todas as maneiras, alterar seus códigos legais e morais, de forma a retirar deles tudo quanto seja honroso e respeitável, a fim de que não se condene a si mesmo. Mas, bem sabemos, que, apesar das alterações legislativas, dos imensos esforços de dizer que o bem é mal e o mal, bem (Is.5:20), o fato é que, no íntimo de cada ser humano, existe a consciência, aquele “pequena voz” de que falava o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) que não permite que o homem fique inescusável diante do Senhor (Rm.2:14,15), pois sempre lhe diz o que é o certo e o que é o errado.
– A terceira coisa em que devemos pensar é em tudo que é “justo”. Aqui o texto original grego é “dikaios” (δίκαιος), cujo significado é o de “equitativo”, “…satisfatório em todas as obrigações para com Deus, para com nossos semelhantes e para conosco mesmos. Essa é a forma adjetivada da ‘retidão salvadora’ que nos é dada pela fé, a saber, a própria retidão de Deus (Rm.3:21), a qual é lançada na conta dos homens, e realmente é também formada pelo Espírito Santo no homem interior. Todas as nossas ações devem concordar com essa nossa natureza inata…” (CHAMPLIN, Russell Norman, op.cit., pp.63-4).
– Ora, se passamos a ter a “mente de Cristo”, é manifesto que passamos a ter como critério de julgamento de nossas ações, como critério de justiça a Palavra de Deus, pois Cristo é o Verbo de Deus, é a própria Palavra encarnada (Jo.1:1,14). Por isso mesmo, o Senhor disse que não devemos julgar segundo a aparência, mas segundo a reta justiça (Jo.7:24).
– Somente, pois, podemos pensar naquilo que é “justo”, naquilo que está de acordo com a Bíblia Sagrada, com a Palavra de Deus. Assim como o Senhor não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34), de igual maneira, já em nossos pensamentos, não podemos tratar as pessoas com parcialidade, mas dando a cada uma o que é seu, o que é de direito.
– Em sendo assim, à evidência, vemos que o cristão não pode ser movido por desejos de vingança, de inveja e de contenda, como, aliás, ocorria com os falsos pregadores que estavam a evangelizar em Roma, como diz o apóstolo na sua carta aos filipenses. O pensamento do cristão deve ser justo, visar sempre em dar a cada um o que é efetivamente seu.
– A quarta coisa em que devemos pensar é em tudo o que é “puro”. A palavra grega em foco aqui é “agna” (άγνά), que nos fala de “pureza moral”. Temos aqui uma “pureza de motivos”, de “pureza de coração”, o que é reforçado pela própria origem da palavra, que advém da palavra “agos”, que se referia aos sacrifícios expiatórios que eram oferecidos à divindade.
– O pensamento tem de ser movido por boas intenções, por uma vontade de querer fazer o bem, por uma inocência de propósitos, por uma pureza de propósitos. Assim como aquele que levava o sacrifício estava movido por um sentimento sincero de arrependimento, de vontade de mudança de atitude, de modificação de comportamento, todos nós devemos pensar dentro de uma atmosfera de pureza de propósitos, sem segundas intenções.
– Será que temos tido pensamentos sem maldade, sem malícia, onde estão presentes a pureza de motivos e de intenções? Os falsos pregadores mencionados por Paulo no início da sua epístola mostra, claramente, que nem sempre as boas ações são de boa motivação. Pregava-se o Evangelho para acrescentar ainda mais aflições ao apóstolo. Será que não temos procedido de igual maneira? Será que muitos dos nossos esforços têm errônea motivação, mesmo em um terreno tão nobre como é a obra do Senhor? Pensemos nisto!
– Podemos iludir a todos, pois o ser humano não conhece o interior do coração do seu próximo, mas a Deus jamais poderemos enganar. Ele tudo conhece, Ele tudo sabe e, portanto, saberá bem discernir quem está a pensar puramente e quem não o faz. Que Deus nos guarde, amados irmãos!
– A quinta coisa em que devemos pensar é em tudo que é “amável”. Aqui a palavra grega original é “prosphile” (πρσφιλή), cujo significado é “digno de amor”, “…indicando aquilo para o que somos atraídos, devido à sua beleza de caráter. Esse termo é usado exclusivamente aqui, em todo o Novo Testamento, indicando aquilo que, por sua própria beleza, atrai o amor e se torna caro para alguém.(…). Mas essa palavra também era usada com o sentido de ‘amigável’, de ‘agradável’…” (CHAMPLIN, Russell Norman, op.cit., p.64).
– Quem é digno de amor? Quem nos atrai com seu amor? Somente Aquele que é amor, ou seja, o Senhor Deus, que já dizia, através do profeta Oseias, que atrairia, com Seu amor, ao povo de Israel (Os.2:14;11:4). O Senhor Jesus, também, disse que, no Calvário, todos atrairia a Ele (Jo.12:32).
OBS: Este aspecto atraente do amor de Deus foi bem salientado pelo Papa Emérito Bento XVI em sua encíclica Deus caritas est, que, por sua biblicidade, transcrevemos em trecho absolutamente pertinente: “…O eros de Deus pelo homem — como dissemos — é ao mesmo tempo totalmente agape. E não só porque é dado de maneira totalmente gratuita, sem mérito algum precedente, mas também porque é amor que perdoa.
Sobretudo Oseias mostra-nos a dimensão da agape no amor de Deus pelo homem, que supera largamente o aspecto da gratuidade. Israel cometeu « adultério », rompeu a Aliança; Deus deveria julgá-lo e repudiá-lo. Mas precisamente aqui se revela que Deus é Deus, e não homem: « Como te abandonarei, ó Efraim? Entregar-te-ei, ó Israel? O meu coração dá voltas dentro de mim, comove-se a minha compaixão. Não desafogarei o furor da minha cólera, não destruirei Efraim; porque sou Deus e não um homem, sou Santo no meio de ti » (Os 11, 8-9). O amor apaixonado de Deus pelo seu povo — pelo homem — é ao mesmo tempo um amor que perdoa. E é tão grande, que chega a virar Deus contra Si próprio, o seu amor contra a sua justiça. Nisto, o cristão vê já esboçar-se veladamente o mistério da Cruz: Deus ama tanto o homem que, tendo-Se feito Ele próprio homem, segue-o até à morte e, deste modo, reconcilia justiça e amor.…” (Deus caritas est, nº 10. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est_po.html Acesso em 10 jul. 2013).
– Quem tem a “mente de Cristo”, deve ser atraído pelo que é “amável”, ou seja, deve ser atraído pelo amor de Deus, deve ter uma mente voltada para o Calvário, para a abnegação de Cristo, que Se entregou por nós e, portanto, ter um pensamento desprendido do “ego”, voltado para o próximo. Pensar no que é “amável” é pensar em ter uma vida voltada para os outros, para cumprir a vontade de Deus, que é a de, através de nós, fazer o bem e curar a todos os oprimidos do diabo, assim como o Senhor Jesus fez em Seu ministério terreno (At.10:38).
– Em dias de individualismo e de egoísmo crescentes (II Tm.3:2-5), ter uma mente altruísta, que pense no outro, que seja atraído pelo amor ao próximo, que se sinta movido ao outro e não a si mesmo, é algo extremamente difícil, mas absolutamente necessário para quem se diz servo de Cristo Jesus.
– Era este o comportamento tanto de Timóteo quanto de Epafrodito, conforme vimos na lição 6 deste trimestre, pessoas que pensavam no próximo, que não buscavam os seus interesses mas os de Cristo Jesus.
– Recentemente, o chefe da Igreja Romana enfatizou esta circunstância, ao lembrar que o cristão não pode ser levado pela “globalização da indiferença”, quando já não nos sentimos atraídos pelo outro, uma vez que mergulhados em nosso egoísmo e egocentrismo. A “mente de Cristo” tem de nos levar a pensar no outro, a sermos atraídos pelo outro, pelo próximo, assim como o “bom samaritano” se sentiu atraído por aquele desconhecido meio morto (Lc.10:33-35). Temos agido assim ou será que somos como o sacerdote ou o levita da parábola? Pensemos nisto!
OBS: Reproduzimos aqui trecho da mencionada homilia do chefe da Igreja Romana: “…«Adão, onde estás?»: é a primeira pergunta que Deus faz ao homem depois do pecado. «Onde estás, Adão?». E Adão é um homem desorientado, que perdeu o seu lugar na criação, porque presume que vai tornar-se poderoso, poder dominar tudo, ser Deus. E quebra-se a harmonia, o homem erra; e o mesmo se passa na relação com o outro, que já não é o irmão a amar, mas simplesmente o outro que perturba a minha vida, o meu bem-estar. E Deus coloca a segunda pergunta: «Caim, onde está o teu irmão?» O sonho de ser poderoso, ser grande como Deus ou, melhor, ser Deus, leva a uma cadeia de erros que é cadeia de morte: leva a derramar o sangue do irmão! (…)Também hoje assoma intensamente esta pergunta: Quem é o responsável pelo sangue destes irmãos e irmãs? Ninguém! Todos nós respondemos assim: não sou eu, não tenho nada a ver com isso; serão outros, eu não certamente. Mas Deus pergunta a cada um de nós: «Onde está o sangue do teu irmão que clama até Mim?» Hoje ninguém no mundo se sente responsável por isso; perdemos o sentido da responsabilidade fraterna; caímos na atitude hipócrita do sacerdote e do levita de que falava Jesus na parábola do Bom Samaritano: ao vermos o irmão quase morto na beira da estrada, talvez pensemos «coitado» e prosseguimos o nosso caminho, não é dever nosso; e isto basta para nos tranquilizarmos, para sentirmos a consciência em ordem.
A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa!…” (FRANCISCO. Homilia na santa missa em Lampedusa. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/francesco/homilies/2013/documents/papa-francesco_20130708_omelia-lampedusa_po.html Acesso em 10 jul. 2013).
– A sexta coisa em que devemos pensar é em tudo que é de “boa fama”. A palavra grega original aqui é “euphema” (εύφημα), cujo significado é “o que soa bem”, ou seja, o que é “conquistador”, “gracioso”. “…Também podia indicar aquilo que é ‘louvado com palavras’. Também pode significar ‘digno de louvor’, ‘atrativo’. Assim, pois, o crente deve buscar aquelas coisas que criam, para ele, a boa ‘reputação’, aquilo que é ‘digno de louvor’ aos olhos dos outros homens e aos olhos de Deus…” (CHAMPLIN, Russell Norman, op.cit., p.64).
– Aqui voltamos, portanto, àquelas considerações já feitas em lição anterior, a respeito da necessidade de o cristão ser algum “irrepreensível”, ou seja, que não seja passível de censura por parte dos demais homens, não só da Igreja, mas também dos incrédulos. Não podemos ser instrumento de escândalo e, portanto, o nosso pensamento deve se ater, deve estar voltado a tudo aquilo que nos fará ter “boa reputação” no mundo em que vivemos.
– Por fim, o apóstolo resume tudo quanto disse com relação aos pensamentos dos cristãos, dizendo que devemos pensar em tudo em que houver alguma virtude ou algum louvor.
– Na lição 5, quando falamos a respeito das virtudes dos salvos em Cristo Jesus, dissemos que há tanto virtudes provenientes da própria operação divina em nossos interior, as chamadas “virtudes teologais” (fé, amor e esperança), como, também, as chamadas “virtudes humanas”, que são fundamentalmente a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. Portanto, devemos pensar em tudo aquilo que nos levar à prática destas virtudes.De igual maneira, devemos pensar em tudo aquilo que for digno de algum louvor, que for digno de alguma consideração e respeito, por parte daqueles que nos cercam.
– Quem tem a “mente de Cristo” está sempre com tais pensamentos. Será que temos a “mente de Cristo”? Pensemos nisto!
Caramuru Afonso Francisco
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