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LIÇÃO Nº 12 – CRIANDO FILHOS SAUDÁVEIS

INTRODUÇÃO
-Na sequência sobre o estudo dos relacionamentos familiares, abordaremos a criação dos filhos pelos pais.

-Os pais devem criar seus filhos.

I – A CRIAÇÃO SAUDÁVEL DE FILHOS

-Na sequência sobre o estudo dos relacionamentos familiares, abordaremos a criação saudável de filhos.

-Quando nosso comentarista fala em criar “filhos saudáveis”, logo nos vem a ideia do que é ter “saúde”, o que é ser “saudável”.

-Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, saúde é “estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para a forma particular de vida (raça, gênero, espécie) e para a fase particular de seu ciclo vital”, é o “estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar”. Vem do latim

“salus, salutis”, que significa “salvação, conservação da vida”.

-Como se pode perceber, pelas definições dadas, a saúde é um quadro de manutenção da vida, de pleno funcionamento de todos os órgãos e de uma harmonia entre todas as funções do organismo.

Nada mais é, portanto, do que a realização daquilo que foi projetado para o organismo, o cumprimento de todo o propósito estabelecido para aquele ser vivo.

-É, portanto, claro que o estado de saúde exige, para sua ocorrência, que se tenha a perfeita realização do propósito divino para o homem.

A saúde é o pleno funcionamento do organismo humano, o cumprimento do propósito divino, pois foi Deus quem criou o homem (Gn.1:26,27), como, aliás, estudamos na lição anterior.

-Para que houvesse plena saúde, porém, seria preciso que o homem se mantivesse de acordo com o propósito divino, que era, como vemos no relato da criação, o de manter uma comunhão com Deus e de, a partir desta comunhão, dominar sobre a criação terrena. Temos aqui a síntese do que se chamou de “mordomia”, ou seja, o homem deveria ser servo de Deus, cuidando da Terra para o Senhor.

-Contudo, o homem não obedeceu a este propósito divino e pecou. Ao desobedecer a Deus, o homem perdeu este estado de equilíbrio, tanto que um dos juízos lançados por Deus sobre ele foi o da morte física:

“…maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também de produzirá e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás…” (Gn.3:17 “in fine”-19).

-Sendo a saúde um estado criado pelo próprio Deus e que se encontra precarizado, tornado imperfeito e insuficiente por causa do pecado, logo percebemos que se trata de um bem que deve ser preservado pelo ser humano.

Quando o homem se conscientiza que a saúde é uma dádiva divina, é um estado que corresponde ao propósito de Deus, um dentre tantos dons que o Senhor nos concede, reconhece a necessidade que tem, diante do Senhor, de se esforçar para a sua manutenção, sabendo que, como tudo é do Senhor (Sl.24:1), terá de prestar contas do que fez com o seu organismo durante o tempo de peregrinação sobre a face da Terra (Sl.119:19a).

-O cuidado com a saúde insere-se, portanto, dentre aquelas tarefas que foram cometidas ao ser humano na sua qualidade de “mordomo-mor” sobre a face da Terra. Temos de cuidar de nosso organismo, porque a vida é um dom dado por Deus (Gn.2:7; I Sm.2:6) e

que nos está “emprestado”, que nos foi dado em confiança, motivo por que deveremos prestar contas do que tivermos feito com ele, em especial aqueles que alcançarem a salvação na pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (II Co.5:10).

OBS: Maimônides, o grande filósofo judeu da Idade Média e grande comentarista das Escrituras hebraicas, bem aludia, em sua obra “Mishneh Torah”, um comentário a respeito da lei, esta necessidade de bem cuidarmos do corpo (Maimônides, por sinal, era médico), em trecho que vale a pena transcrever:

“…9.,Todo o que leva sua vida de acordo com a medicina – se pensar que o faz somente para que estejam seu corpo e membros perfeitos, ou a pessoa que pensa em procriar para que seus filhos estejam ocupando-se de seu trabalho e esforçando-se por suas necessidades – não está em um bom caminho.

Deve por sua atenção que seu corpo esteja perfeito e forte, para que esteja sua alma reta para o conhecimento de Deus -sendo impossível que a pessoa entenda e dê atenção às ciências estando doente, ou sentindo dores em um de seus membros. [Igualmente, ao gerar,] que tenha um filho – e, talvez se torne um sábio de Torá e uma grande personalidade no povo de Israel. 10.

A pessoa que assim fizer por todos seus dias – estará permanentemente servindo a Deus, mesmo em seus negócios, ou quando mantém relações sexuais, pois seu pensamento em tudo – para conseguir suas necessidades, que se ache seu corpo perfeito para servir a Deus.11.

Mesmo quando dormir – se foi dormir consciente que o faz para que seus nervos e sua mente descansem, descansando também o corpo, evitando que lhe sobrevenha alguma enfermidade – pois como poderá servir a Deus, estando doente?! – estará também seu sono serviço a Deus, Bendito é Ele. Acerca disto ordenaram e disseram os Sábios:

“Em todos teus caminhos, conhece-O, e Ele endireitará tuas veredas!” – Pv 3:6. …” (Mishneh Torah I,3, 9 a 11. Disponível em: http://www.judaismo-iberico.org/mtp/ciencia/dt/dt003.htm Acesso em 21 set. 2007).

-A saúde envolve, também, a mente, esta faculdade que não é do corpo, mas, sim, da alma. Voltando ao

Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, vemos que “saúde mental” é “estado caracterizado pelo desenvolvimento equilibrado da personalidade de um indivíduo, boa adaptação ao meio social e boa tolerância aos desafios da existência individual e social”.

A saúde mental é o mesmo estado de equilíbrio que caracteriza a saúde física, mas que está voltada para a personalidade do indivíduo.

-A alma é aquela porção do homem que nos permite perceber que somos diferentes dos demais seres, que nos permite conhecer a nós mesmos, que faz com que sejamos portadores de um entendimento, de um sentimento, de uma vontade. Esta junção de entendimento, sentimento e vontade é o que se denomina de “PERSONALIDADE”.

-A palavra “personalidade” vem de “pessoa” que, por sua vez, vem de ” persona”, palavra latina que significa ” pelo som”.

“Persona” é o nome que recebiam as máscaras dos atores no teatro antigo. Ao contrário do que ocorre hoje, nos teatros da Grécia ou de Roma, na Antiguidade, os atores não mostravam seus rostos, mas faziam suas apresentações segurando máscaras que escondiam as suas faces, exatamente para que o público soubesse que não eram as pessoas que estavam encenando que viviam aquelas situações mas as “personagens” da peça teatral.

A “pessoa”, portanto, era a personagem, um ser diferente daquele ator que a estava representando no palco.

-A nossa alma, portanto, é a nossa “pessoa”, é aquilo que nos faz diferentes dos demais, é a nossa parte que nos identifica diante de Deus e dos homens.

É a nossa alma que contém a nossa “personalidade”, aquilo que nós somos e que, através do corpo, tornamos conhecidos aos homens e a Deus (se bem que Deus não necessita da exteriorização do nosso corpo para nos conhecer, pois Ele bem sabe o que há no nosso íntimo, antes que isto venha à tona no mundo exterior – I Sm.16:7; Jo.2:25).

-Esta personalidade do homem precisa estar sob o governo de Deus. É algo que também nos foi dado por Deus e do qual também deveremos prestar contas diante do Senhor de todas as coisas.

Que esta personalidade, que esta individualidade é de Deus não há qualquer dúvida pelo que está nas Escrituras, como, por exemplo, no Sl.24:1, onde, textualmente, diz-se que é do Senhor “aqueles que nele (i.e., no mundo) habitam”, ou seja, cada indivíduo, cada alma. Em Ez.18:4, o texto é ainda mais enfático, ao afirmar que ” Eis que todas as almas são Minhas (é o Senhor quem está falando, observação nossa).

-Quantas vezes ouvimos alguém dizer que não pode mudar, que esta é a sua personalidade, é o seu modo de ser, é o seu temperamento, é o seu caráter, que Deus o fez assim e assim ele será para sempre, tendo os outros de aceitá-lo “por amor ao próximo”.

Entretanto, tais pensamentos são totalmente contrários ao que nos ensina a Palavra de Deus. Esta personalidade, esta “nossa” individualidade, este “nosso” jeito de ser não é ” nosso”, mas de Deus.

Foi Deus quem nos criou, inclusive a “nossa” alma e ela tem de estar sob o Seu senhorio. Eis um dos grandes, senão o maior desafio do homem na sua busca de Deus: renunciar-se a si mesmo, renunciar ao seu “eu”, à “sua” personalidade e colocá-la à inteira disposição do Senhor.

-Não há outro caminho para o fiel mordomo do Senhor, não há outro modo para que possamos agradar a Deus e servi-l’O verdadeiramente.

É este o sentido da palavra que Jesus proferiu ao dizer que ” quem achar a sua vida (ou alma) perdê-la-á e quem perder a sua vida por amor de Mim achá-la-á” (Mt.10:39).

Se negamos a nossa própria personalidade, se deixamos de viver para que Cristo viva em nós(Gl.2:20), ou seja, tenha pleno controle de nossa alma, teremos encontrado a verdadeira vida, que é a comunhão perfeita com o Senhor, pois a alma é do Senhor e não podemos querer nos afastar d’Ele, o que será morte e a pior de todas as mortes, a morte eterna, a morte espiritual, a chamada segunda morte (Ap.20:14,15).

-Assim, também temos de cuidar da saúde mental, ou seja, mantermos um equilíbrio em nossa personalidade, equilíbrio este que está diretamente relacionado com a nossa submissão voluntária a Deus e à Sua vontade.

Sem que renunciemos a nós mesmos e aceitemos o plano de Deus para as nossas vidas, teremos imensos conflitos em nosso interior e sucumbiremos às enfermidades mentais, aos males psicopatológicos, que, não raras vezes, gerarão doenças físicas, o que se costumou denominar de “doenças psicossomáticas”, males físicos que são causados por problemas psíquicos, distúrbios nas funções orgânicas que têm origem na mente das pessoas, em problemas psicológicos.

-Ora, quem nos introduz no mundo e tem a missão de nos ensinar a nele viver são os nossos pais e são eles os primeiros responsáveis por preservar a nossa saúde física e mental, até porque os seres humanos, ao contrário dos demais seres, não nasce sabendo nem tem condições de, por si só, durante um bom tempo, cuidar da sua própria subsistência.

-São os pais escalados por Deus para que promovam a saúde física e mental de seus filhos, dando-lhes o devido equilíbrio para que, posteriormente, quando tiverem condições de se manter, vivam de modo agradável a Deus durante a sua peregrinação terrena.

-Veja que, logo depois de ter nascido, Jesus é envolto em panos e deitado na manjedoura por Maria, Sua mãe (Lc.2:7), precisamente para que não viesse a ter problemas de saúde, já que se tratava de um bebê recém-nascido indefeso. Eram Seus pais que deveriam zelar por este cuidado.

-A criação dos filhos pelos pais, portanto, é esta tarefa de preservação da vida dos filhos, seja por intermédio do seu sustento material, como também da própria criação de um sustentáculo psíquico e moral, que dê aos filhos a condição de viver em sociedade, tendo um relacionamento com o próximo, como também viver para Deus, tendo um relacionamento com o Senhor.

-Os pais, portanto, têm este indeclinável dever de fazer de seus filhos um cidadão da terra, alguém que saiba conviver com as demais pessoas, que se comporte como um indivíduo inserido na sociedade, contribuindo para o bem-estar de todos e para que tenha uma convivência que lhe permita seu desenvolvimento e o desenvolvimento do próximo.

-Mas os pais, também, têm de fazer de seus filhos um futuro cidadão dos céus, alguém que já pertença, neste mundo, ao reino de Deus, que saiba estabelecer uma comunhão com Deus, tudo fazendo para a glória do Senhor, sendo um instrumento de justiça e de glorificação do seu Criador.

-Os pais devem, então, na criação dos filhos, fazer com que estes amem a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, que é a síntese da lei mosaica (Mt.22:34-40), que não sem motivo deveria ser ensinada pelos pais israelitas a seus filhos em todas as ocasiões em que eles mantivessem a convivência com eles, ou seja, desde o nascimento até eles próprios formarem as suas próprias famílias (Dt.6:6-9; 11:18-21).

-A criação saudável dos filhos pelos pais, portanto, nada mais é que o ensino do amor, que levar os seus filhos a amar a Deus e ao próximo e, como tal, deve ser dado exemplo Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pois devemos nos amar uns aos outros como Ele nos amou (Jo.15:12).

-Não há, pois, como se ter uma criação saudável dos filhos se não lhes ministrarmos as Escrituras, pois são elas as testemunhas de Jesus (Jo.5:39), pois só nelas os pais poderão mostrar aos filhos quem é o Senhor Jesus, como Ele viveu, como Ele deve ser imitado, para que, então, aprendendo com Jesus a serem mansos e humildes de coração, encontrem descanso para as suas almas (Mt.11:29), obtendo, então, aquele equilíbrio que lhes trará saúde física, mental e espiritual.

-Jesus tem de estar presente no lar, tem de ser ouvido em casa, pois somente assim os pais poderão dar a seus filhos as diretrizes corretas e necessárias para que se tenha um crescimento e desenvolvimento saudáveis.

-Os pais devem instruir seus filhos no caminho em que devem andar (Pv.22:6) e este caminho outro não é senão o próprio Jesus (Jo.14:6). Não é à toa que os crentes da igreja primitiva eram conhecidos como aqueles do Caminho (At.19:9; 19:23; 22:4; 24:14,22).

-Os pais devem mostrar este caminho aos filhos? Não! O proverbista diz que se deve instruir o menino NO caminho, ou seja, os pais precisam primeiro estar no Caminho, estar em Jesus, para, então, ensinar os seus filhos a também trafegar por ele.

-A criação dos filhos parte do exemplo dos pais, pois é aí que se tem a autoridade capaz de influenciar e de neutralizar eficazmente a natureza pecaminosa do filho. O Pai escolheu Maria para ser a mãe de Jesus porque ela era “serva do Senhor” (Lc.1:48) e José, por ser ele “justo” (Mt.1:19).

-Para que os pais cumpram a contento a tarefa de educar e criar seus filhos, faz-se mister que sejam justos e servos do Senhor, sem o que terão deixado de cumprir o dever que Deus lhes deu ao fazê-los pais, ao fazê-los coparticipantes da geração de um novo ser humano.

II – CASUÍSTICA BÍBLICA: A SAGRADA FAMÍLIA

-O comentarista do trimestre escolha para ilustrar a criação de filhos saudáveis a criação de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo em Sua família, que os estudiosos denominam de “Sagrada Família”, formada por José, Maria, Jesus, Tiago, José, Simão, Judas e as irmãs, cujo número e nomes a Bíblia não menciona (Mt.13:55; Mc.6:3), e que, muito provavelmente, era conhecida como a “família do carpinteiro” em

Nazaré, onde José e Maria foram morar, quando voltaram do Egito, após a morte de Herodes, o Grande (Mt.2:22,23).

-Alguém poderá dizer que falar da criação de Jesus “não vale”, porquanto Jesus, como Deus, evidentemente seria um filho saudável, exemplar, como o foi, de modo que usar este exemplo seria inócuo e até desencorajador, na medida em que nossos filhos jamais seriam como Jesus.

-Entretanto, não é assim que devemos raciocinar. Jesus é Deus, mas Se fez homem e, como homem, teve de ser criado e educado, pois, ao Se humanizar, fê-lo integralmente, tanto que foi ovo, embrião, feto e criança, tanto que o texto sagrado diz que “cresceu em sabedoria, e em estatura e em graça para com Deus e os homens”
(Lc.2:52).

-Em Se fazendo homem, Jesus precisava, também, ser educado e criado pelos Seus pais e, tanto isso é verdade, que Deus Se preocupou em pôr Jesus em uma família, tendo uma mãe que o parisse, como acontece com todo ser humano.

-Esta humanidade é retratada na genealogia de Lucas, que dá o seu lado “biológico”, por meio da linhagem de Maria e, por isso, é ele conhecido como “filho de Maria” (Mc.6:3).

-Mas Jesus não era apenas filho de Maria, não tinha apenas uma mãe para reafirmar sua condição biológica de ser humano. Deus Lhe deu também um pai, que lhe fosse a referência social e que lhe desse a necessária linhagem real, o que se mostra na genealogia de Mateus, que dá condição de Jesus como herdeiro do trono de Davi, pois José era descendente de Davi (Mt.1:20). Por isso, era tido como “o filho do carpinteiro” (Mt.13:55), como o “filho de José” (Jo.1:45; 6:42).

-Esta experiência de aprendizado foi real em Jesus, real e inédita, tanto que o escritor aos hebreus disse que Cristo aprendeu a obediência (Hb.5:8), sendo este também um dos aspectos da humilhação a que Se submeteu para nos salvar (Cf. Fp.2:5-8).

-José e Maria tinham consciência deste papel que o Senhor lhes havia dado. Sempre foram escrupulosos no cumprimento da lei, circuncidando o menino (Lc.2:21), oferecendo o sacrifício da purificação de Maria no templo e o resgate de Jesus no templo, primogênito que era do casal (Lc.2:22-24), bem como o trazendo para assumir o compromisso diante de Deus da observância da lei, quando fez doze anos de idade (Lc.2:42), sem falar que, desde cedo, o levavam à sinagoga (Cf. Lc.4:16).

-José e Maria cumpriram o mandamento de ensinar a lei do Senhor a Jesus (Dt.6:6-9; 11:18-21), e isto fica bem evidenciado quando vemos o Senhor com os doutores (Lc.2:46-48).

-Se é certo que esta sabedoria demonstrada aos doutores era sobrenatural, não é menos certo que houve, neste episódio, todo o resultado da criação e educação recebidas pois, se o teor da Palavra era de pleno conhecimento de Cristo, que é o próprio Verbo de Deus, não o eram a maneira de se comportar, falar, enfim, as convenções sociais e culturais, que foram adquiridas pelo ensino dado pelos Seus pais.

-Jesus, também, aprendeu a profissão de Seu pai social, tendo passado a ser um carpinteiro, o que também teve de aprender enquanto homem, já que o exercício de uma profissão é algo puramente humano (Cf. Mc.6:3).

-Neste gesto de José, vemos como o carpinteiro tinha plena consciência de seu papel de “pai social” do Cristo e de como procurou, com esmero, desempenhar esta missão que lhe foi confiada pelo Senhor.

-Mas não é só José que tem esta missão da parte de Deus, mas todo e qualquer pai, pois são os pais que devem fazer com que os filhos se tornem cidadãos tanto dos céus quanto da terra, algo que, lamentavelmente, não se está mais observando, inclusive entre os que cristãos se dizem ser.

-José e Maria tiveram outros filhos e nada nas Escrituras mostra que tivessem dado predileção a Jesus em relação aos demais, mesmo sabendo que Jesus era o Filho de Deus (Mt.1:20,21; Lc.1:35).

-Tratavam a todos os filhos igualmente, tanto que chegaram eles mesmos a convencer Maria de que Jesus havia enlouquecido e deveria ser retirado do convívio entre os homens ao Se disser o Messias (Cf. Mt.3:21,31).

-Evidentemente que se tratou de uma fraqueza de fé de Maria, mas não deixa de ser um elemento a nos mostrar a imparcialidade que este casal teve com seus filhos, mesmo um deles sendo o Filho de Deus, em mais um exemplo que devemos aprender com José e Maria sobre a criação de filhos.

-Aqui também Jesus nos dá uma grande lição sobre a necessidade de bem separarmos a vida familiar de nosso ministério. Na oportunidade em que Seus irmãos e mãe vieram prender-Lhe, Ele não os atendeu e ainda disse que quem fizesse a Sua vontade seria Seu irmão, irmã e mãe (Mt.12:48-50; Mc.3:32-35; Lc.8:19-21).

-Jesus não renegou a Sua família, nem ensinou que se deva abandonar a família para servir a Deus, mas, sim, que, quando há uma tentativa de se utilizar a família para impedir a realização da vontade divina, devemos impedir que a família seja obstáculo para que cumpramos o que o Senhor quer de nós.

-A família de Jesus estava sendo usada pelo inimigo para impedir a continuidade do ministério de Jesus e Nosso Senhor, sabendo disto, não permitiu que isto se fizesse.

Foi, também, o que ocorreu quando foi para Jerusalém, para a Festa dos Tabernáculos, apartado de Seus irmãos, que queriam que Jesus tivesse uma atitude de chamariz de atenção, um comportamento que não se adequava a Sua mansidão e humildade de coração (Jo.7:1-10).

-Observemos que, tendo criado igualmente os filhos, José e Maria tiveram, de um lado, o seu Salvador, que fazia a vontade divina, que bem aprendera tudo o que eles Lhe haviam ensinado; de outro, os demais filhos que não só rejeitaram Jesus como o Cristo, como também se deixaram usar pelo inimigo para impedir o ministério do Messias.

-Isto mostra, uma vez mais, que os pais não salvam os filhos, o que não os exime de cumprir o seu papel de educação e criação e vemos que José e Maria foram cuidadosos neste quesito, tanto que, mesmo incrédulos, os filhos participavam das festividades judaicas, cumpriam o dever de estarem três vezes ao ano em Jerusalém (Ex.23:14,17; 34:23; Dt.16:16).

-Não se sabe quando, mas o fato é José morreu prematuramente, tendo deixado a Jesus a tarefa de sustentar Seu lar, tanto que Cristo era conhecido em Nazaré como “o carpinteiro, filho de Maria” (Mc.6:3).

-Notamos, pois, que a criação e educação dadas a Jesus permitiram que Ele pudesse Se tornar arrimo de família, tanto que o texto sagrado diz que Ele seria “experimentado nos trabalhos” (Is.53:3).

-A criação dada por José e Maria a Jesus mostra como devemos criar nossos filhos. É dito, por primeiro, que Jesus “crescia”.

Precisamos entender que nosso filhos vão crescendo e que, portanto, dia após dia, têm de ser ensinados, consoante o seu desenvolvimento intelectual, como também tendo de assumir responsabilidades compatíveis com sua idade e seu desenvolvimento.

-Nos dias em que vivemos, infelizmente, está a prevalecer um pensamento antibíblico que procura afastar as crianças e adolescentes da assunção de responsabilidades, sob o pretexto de respeitar a sua condição de “pessoa em desenvolvimento”.

Assim, tem sido perseguida a prática de trabalhos domésticos pelos filhos e se dificultado, mesmo, a inserção delas no mercado de trabalho, a pretexto de se proibir o “trabalho infantil” e coisas quetais.

-Qual o resultado disso? O surgimento de milhões de jovens e adolescentes que nem trabalham, nem estudam, os chamados “nem nem”, que enormes transtornos têm gerado à sociedade, como também têm comprometido seriamente a inserção das novas gerações na vida social.

-Precisam os pais prestar atenção no crescimento de seus filhos, detectando algum problema, alguma anomalia, como também verificando, minuciosamente, as companhias dos filhos e o que estão a aprender “fora de casa”, notadamente diante do sistema educacional nefasto que temos na atualidade. Neste crescimento, todos os aspectos devem ser analisados.

-Jesus crescia em sabedoria. Enquanto Deus, Jesus é a própria sabedoria (Pv.8:22-36; Lc.11:49; I Co.1:30), mas, enquanto homem, deveria ser ensinado a ter sabedoria e cresceu em sabedoria, sabendo fazer as coisas certas, no momento certo, do modo certo. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Sl.111:10; Pv.9:10).

-Notamos, portanto, que José e Maria preocuparam-se sobretudo em incutir em Jesus o temor do Senhor, pois isto é a própria sabedoria (Jó 28:28), a lição mais importante que deve ser ensinada aos meninos (Sl.34:11).

-Os pais devem se esmerar em ensinar a seus filhos o temor do Senhor, que é aborrecer o mal, a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa (Pv.8:13). É esta educação que temos dado aos nossos filhos? Pensemos nisto!

-Quando ensinamos nossos filhos a temer ao Senhor, estamos investindo na sua longevidade (Pv.10:27), proporcionamos a eles uma fonte de vida que os preserva dos laços da morte (Pv.14:27), fazendo com que eles efetivamente, de forma real e verdadeira, possuam riquezas, honra e vida (Pv.22:4).

-É fundamental que os pais incutam em seus filhos o temor do Senhor, o que os permitirá ter uma dimensão espiritual na sua peregrinação terrena, que os permitirá ver a relevância da vida espiritual e da comunhão com Deus, dando-lhes plenas condições para que alcancem a salvação e tenham a vida eterna.

-Lamentavelmente, em nossos dias, são poucos os pais que têm cumprido este papel junto a seus filhos. Querem que os filhos tenham excelentes condições para competir no mercado de trabalho, tenham bens, estejam na moda, sobressaiam dentre os demais, mas sem qualquer perspectiva de eternidade, valorizando tão somente as coisas desta vida e, portanto, não crescem em sabedoria, não se desenvolvem espiritualmente.

-Mas Jesus também cresceu em estatura e isto nos fala do seu desenvolvimento físico. Os pais precisam também acompanhar o desenvolvimento biológico de seus filhos, evitando que eles tenham uma vida desregrada que lhes traga enfermidades e doenças.

-Nos dias hodiernos, é preocupante os problemas de saúde que andam assolando as crianças e adolescentes.

A vida sedentária que levam, o demasiado envolvimento com a mídia digital têm trazido cada vez mais problemas de saúde física e mental para as novas gerações, sendo que os pais não têm agido para que haja um crescimento saudável.

-Os pais não devem permitir que seus filhos deixem de ter atividades físicas, pratiquem esportes, participem de brincadeiras com pessoas de sua idade, não só fazendo o corpo funcionar como deve, mas também proporcionando a socialização.

-Devem também ocupar-se para que seus filhos tenham uma alimentação saudável, não vivendo à base de “fast food”, o que tem contribuído para que, ainda em tenra idade, os filhos desenvolvam males que eram, até bem pouco tempo atrás, próprios de pessoas idosas, como diabetes e problemas cardiovasculares.

-Como se isto fosse pouco, o envolvimento das crianças e adolescentes no mundo digital de forma desmedida e descontrolada tem aguçado a solidão destes, dificuldades de socialização e problemas psíquicos que, não raro, levam à depressão e outros males, o que, inclusive, foi grandemente intensificado na pandemia do COVID-19. Nunca houve taxas tão altas de suicídios nestas faixas etárias como na atualidade.

-Jesus, mesmo sendo um homem sem natureza pecaminosa, soube muito socializar-Se e O encontramos, durante Seu ministério terreno, sempre participando de eventos sociais, prova de que foi corretamente educado pelos seus pais neste aspecto biossocial.

-Jesus crescia, também, em graça, ou seja, tendo temor do Senhor, que Lhe trazia a sabedoria, também progrediu no aspecto espiritual, aproximando-se do Pai, construindo uma vida de adoração ao Senhor, porque Seus pais nunca descuidaram deste aspecto da Sua formação.

-Jesus frequentava a sinagoga, foi assim ensinado pelos Seus pais (Lc.4:16), como também a cumprir a lei, indo, desde os doze anos, às festividades em Jerusalém. Teve, pois, dadas todas as condições para que construísse a Sua intimidade com Deus.

-Esta mesma condição vemos em Tiago, o irmão do Senhor, que, tendo se convertido após Jesus lhe ter aparecido após a ressurreição em circunstâncias não reveladas (I Co.15:7), logo demonstrou toda uma estrutura espiritual que o levou a se tornar o pastor da igreja em Jerusalém, a ser considerado uma das “colunas” daquela igreja (At.15:13; 21:18; Gl.2:9,12).

-Estas passagens bíblicas são corroboradas pelo testemunho do historiador judeu Flávio Josefo, que, ao narrar a morte de Tiago, mostra o quanto ele era referência espiritual em Jerusalém ainda no início da década de 60 (Antiguidades Judaicas XX, 8, 856. In: História dos hebreus. Trad de Vicente Pedroso, v.2, p.203), como também do historiador da igreja Eusébio de Cesareia que, em sua História Eclesiástica, diz que Tiago era chamado Justo por todos (op.cit. Trad. de Lucy Iamakami, II.XXXII, p.72).

-Tiago era tanto uma “coluna” da igreja em Jerusalém que o Espírito Santo o inspirou para que escrevesse a epístola em que dava importantíssimas orientações às suas ovelhas, que haviam se dispersado pelo mundo (Tg.1:1).

-Tais qualidades de Tiago não se desenvolveram única e exclusivamente quando se converteu, mas eram o fruto da educação e criação que lhe haviam dado José e Maria.

-Tiago tinha tamanhos respeito e consideração que Judas, seu irmão, ao se identificar na sua epístola, afirma ser servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago (Jd.1:1) e o fato de este outro irmão do Senhor ter sido também inspirado pelo Espírito Santo para escrever um livro das Escrituras, mostra-nos, uma vez mais, quão preciosa foi a criação que José e Maria deram a seus filhos.

-Vemos, então, aqui como importantíssimo foi o papel desempenhado por José e Maria como pais, não só em relação a Jesus mas também aos irmãos d’Ele, de modo que temos aqui o segredo porque a chamada Sagrada Família é um exemplo a ser seguido por todos nós.

 

Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/9263-licao-12-criando-filhos-saudaveis-i

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