LIÇÃO Nº 2 – A NATUREZA DOS ANJOS – A BELEZA DO MUNDO ESPIRITUAL
Os anjos são seres espirituais, criados por Deus, superiores aos homens, mas que não têm qualquer papel na salvação do ser humano.
INTRODUÇÃO
– A Bíblia Sagrada ensina-nos que os anjos são seres reais, plenamente espirituais, que, embora superiores aos homens, não têm qualquer função na salvação do homem.
– Na atualidade, há ensinos falsos a respeito dos anjos, fruto do desconhecimento da verdadeira doutrina bíblica a respeito.
I – A NATUREZA DOS ANJOS
– Os anjos são seres celestiais criados por Deus. A palavra “anjo” vem do grego “ângelos” (άγγελος), cujo significado é “mensageiro”, “portador de notícias” (note-se que a raiz é a mesma de “evangelho”), palavra que encontramos tanto na versão grega do Antigo Testamento (a Septuaginta) quanto em o Novo Testamento para designar estes seres celestiais e que corresponde ao hebraico “mal’ãkh” (ךאלמ), cujo significado etimológico é, também, o de “mensageiro”.
– Logo no primeiro versículo da Bíblia Sagrada, em Gn.1:1, temos conhecimento de que há duas ordens de criações: a celestial e a terrena.
“No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Esta afirmação bíblica não diz respeito à criação do firmamento, isto é, deste céu azul que vemos quando levantamos nossas cabeças, azul este que não é do céu mas da própria Terra, como nos deu conta o astronauta russo Yuri Gagarin, o primeiro homem a rodear o planeta em uma espaçonave.
– Quando a Bíblia se refere aos “céus”, está a nos falar da dimensão celestial, da dimensão espiritual da criação, formada por Deus, o Criador, que é o único Deus mas que também são as Três Pessoas Divinas, bem como pelos anjos, precisamente estes seres celestiais que, com Deus, formam os “céus” e para onde, aliás, está prometido ir o “povo dos santos do Altíssimo” (Dn.7:18), o local onde Jesus já está e para onde nos levará (Jo.14:2,3).
– Ao falar a Bíblia que Deus criou os céus e a terra, dá-nos não só conta de que existem duas dimensões de existência, como também que os céus precederam à criação da terra. Não se trata de uma afirmação descuidada, mas bem definida. Deus criou primeiro os céus e só depois a terra, a nos indicar que os anjos foram criados antes do homem.
Esta mesma ordem de criação vemos em Cl.1:16, onde o apóstolo Paulo, aliás, diz quais seriam estes seres celestiais, denominando-os de tronos, dominações, principados e potestades, que, como veremos infra, são classes de anjos.
– No livro que é considerado o mais antigo da Bíblia, qual seja, o livro de Jó, também verificamos que os anjos foram criados antes dos homens.
Na série de perguntas que o Senhor faz a Jó, este é indagado onde estava o homem quando Deus lançava os fundamentos da terra, oportunidade em que, ao testemunhar este ato, as “estrelas da alva juntas alegremente cantavam e os filhos de Deus rejubilavam” (Jó 38:7), texto que nos mostra que, no instante da criação da terra (ou seja, do universo físico e material como o conhecemos), os anjos, aqui indicados pela expressão de “estrelas da alva” e “filhos de Deus” já existiam.
– Vemos, pois, que os anjos pertencem à dimensão celestial, sendo, pois, esta uma diferença entre eles e os homens. Por pertencerem à dimensão celestial, os anjos também foram criados antes dos homens e testemunharam não só a criação da terra como também a criação do homem.
– Da análise dos textos bíblicos já indicados, também vemos que os anjos são, assim como os homens, criaturas de Deus.
Gn.1:1 e Cl.1:16 são incisivos ao mostrar que Deus foi o criador dos anjos, de forma que os anjos são criaturas, ou seja, seres inferiores a Deus, embora sejam superiores aos homens.
Isto é muito importante, pois não temos como confundir os anjos com o próprio Deus, nem podemos atribuir a anjos quaisquer atributos divinos, pois Deus é o criador, enquanto os anjos são apenas criaturas.
– Outra indicação bíblica de que os anjos são criaturas divinas é o fato de serem chamados de “filhos de Deus”, expressão esta que é a forma pela qual o livro de Jó denomina os anjos (Jó 1:6; 2:1; 38:7), os “benehã Elohim”, ou seja, os “filhos de Deus”, o “Deus Criador” (Elohim é o nome referente a Deus em Gn.1:1), a indicar que os anjos foram feitos por Deus, criados por Deus, que, por isso mesmo, é chamado de “o Pai dos espíritos” (Hb.12:9).
– A Bíblia, também, mostra-nos que os anjos são seres espirituais, ou seja, ao contrário do homem que é formado de uma parte material (corpo) e de outra parte imaterial (o espírito), os anjos são puro espírito.
O escritor da carta aos hebreus diz que os anjos são “espíritos ministradores” enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hb.1:14).
– Por serem espirituais, os anjos não estão sujeitos às leis da física e é por isso que os vemos, ao longo do texto bíblico, imunes às leis físicas, podendo:
aparecer e desaparecer (Jz.6:21; Lc.1:11; 2:13),
contrariar a lei da gravidade (Jz.13:20),
ter poder de ferir milhares de pessoas ao mesmo tempo (II Sm.24:16,17; II Rs.19:35; I Cr.21:16; II Cr.32:21; Is.37:36),
fechar a boca de leões famintos (Dn.6:22),
remover grandes pedras (Mt.28:2),
fazer emudecer (Lc.1:20),
entrar e sair de lugares que estavam e continuaram fechados (At.5:19; 12:7-11),
ferir uma pessoa em particular de modo fulminante e fatal (At.12:23), entre outros poderes, a mostrar que as leis vigentes para o mundo físico e material não atingem estes seres, já que são puramente imateriais.
– Outro dado que nos mostra a imunidade dos anjos frente a dimensão terrena é a circunstância de eles não estarem sujeitos ao tempo, tanto que, nas visões de anjos que são relatadas nas Escrituras, os anjos sempre aparecem como jovens, ou seja, seres sobre os quais o tempo não tem qualquer influência (Mc.16:5).
– Por serem plenamente espirituais, os anjos também são assexuados, ou seja, não são nem do gênero masculino, muito menos do gênero feminino.
A Bíblia diz que os homens é que foram criados macho e fêmea (Gn.1:27), a exemplo de grande parte das criaturas animais da dimensão terrena (Gn.2:19,20).
Assim, a sexualidade é uma característica exclusiva da dimensão terrena (e, assim mesmo, há criaturas desta dimensão que são assexuadas), sendo algo que não tem correspondência na dimensão celestial, como, a propósito, bem nos ensinou o Senhor Jesus em Seu diálogo com os saduceus (Mt.22:29,30; 12:25). Não há, portanto “anjos do sexo masculino” nem tampouco “anjas”.
– Alguns procuram “provar” a existência de “anjas” (como se fosse possível uma “prova bíblica” que contrarie um ensino de Jesus…) por intermédio do texto de Zc.5:9, que relata uma visão do profeta em que “duas mulheres saíram, agitando o ar com as suas asas, pois tinham asas como as da cegonha e levantaram a efa entre a terra e o céu”. Entendem que estas duas mulheres seriam “anjas”, pois “teriam asas”.
Trata-se, evidentemente, de uma grande deturpação do texto bíblico. Por primeiro, estamos diante de uma visão, que não pode ser tomada ao pé da letra na interpretação. Mas, não bastasse isso, na própria visão vemos que estas duas mulheres vistas pelo profeta simbolizam a “impiedade”.
Temos, ainda, a equivocada ideia de que “anjo tem asas”, ideia esta que é resultado de influência da cultura babilônica sobre os judeus, comoveremos infra, e que resultou, também, na caracterização de figuras demoníacas como “mulheres”, como é o caso de “Lilith”, mencionada literalmente em Is.34:14 em texto que é traduzido como “monstros da noite” ou “animais noturnos” na maior parte das versões em língua portuguesa (a Bíblia de Jerusalém e a Tradução Ecumênica Brasileira traduzem por “Lilith”).
– Como não há reprodução de anjos, eles persistem com o mesmo número desde o momento em que foram criados (Dn.7:10 e Ap.5:11).
– Por serem seres espirituais, os anjos são dotados de consciência, sentimento, vontade e entendimento, ou seja, assim como os homens, são seres morais.
No episódio da criação, é dito que os anjos cantavam e rejubilavam, ou seja, demonstraram ter noção do que estava a acontecer e louvavam a Deus.
Isto só é possível para seres que têm consciência de si mesmos e de quem é Deus a ponto de reconhecerem Sua soberania e Sua dignidade para ser adorado. Os anjos têm plena consciência de que devem adorar a Deus e de que somente Deus deve ser adorado (Sl.103:20; Ap.22:9).
– Além de consciência, os anjos são dotados de sentimento. Em Jó, vemos que os anjos estavam alegres enquanto Deus criava o mundo e, por isso, cantavam, tendo, também, com alegria, trazido a mensagem do nascimento de Jesus (Lc.2:10).
Também, embora não demonstrem compaixão pelos homens (pois isto lhes é impossível, vez que, para sentir a compaixão, seria preciso que os anjos assumissem o lugar dos homens, algo que somente Cristo fez – Hb.2:10-18), lamentam a sorte daqueles que sofrem o juízo divino, como estão a demonstrar os “ais” angelicais mencionados no livro do Apocalipse (Ap.8:13).
– Mas os anjos também são dotados de entendimento, ou seja, sabem o que são, o que fazem e o que está acontecendo ou vai acontecer. Os anjos, diz-nos a Bíblia, são seres que obedecem à voz de Deus (Sl.103:20), que transmitem fielmente as mensagens divinas, bem sabendo o seu teor (Dn.8:16; 9:22; 10:14; Lc.1:19), como também conhecem como funciona a dimensão celestial a que pertencem (Dn.10:12,13; Jd.9).
– Por fim, os anjos são dotados de vontade. Assim como os homens, os anjos foram criados com o livre-arbítrio, ou seja, com o poder de escolher entre servir a Deus ou não. Tanto é assim que o “querubim ungido” escolheu o mal, quis ocupar o lugar de Deus e, por isso, pecou, tendo sido achada iniquidade nele, a ponto de ter perdido toda a glória que possuía neste lugar de proeminência diante do Senhor (Is.14:12-16; Ez.28:12-19).
Isto só foi possível porque os anjos são dotados de livre-arbítrio. Entretanto, este livre-arbítrio só pode ser exercido uma única vez, visto que os anjos estão na dimensão celestial, onde não existe o tempo e, portanto, o arrependimento se torna impossível.
Tendo feito a sua escolha, quando do pecado do “querubim ungido”, os seres angelicais a fizeram para sempre e, por isso, podemos, hoje, falar em “santos anjos” (Mt.25:31; Mc.8:38; Lc.9:26; At.10:22; Ap.14:10) ou “anjos de Deus” (Jó 4:18; Sl.91:11; Sl.148:2; Mt.4:6; 13:41; 16:27; 18:10; 24:31; Mc.13:27; Lc.4:10; Hb.1:7; Ap.3:5), como também em “anjos do diabo” (Mt.25:41; Ap.12:7,9), também chamados de “anjos que não guardaram o seu principado” (Jd.6).
– A partir desta escolha feita entre servir a Deus, ou não, os anjos se dividiram em dois grupos, dando o texto bíblico a entender que o número dos anjos que seguiu ao “querubim ungido”, agora transformado em “Satanás” (palavra hebraica que significa “adversário”) e “diabo” (palavra grega que significa “acusador”), tenha sido de um terço dos seres angelicais, já que, em Ap.12:4 é dito que a “terça parte das estrelas do céu” foram levadas pelo “grande dragão vermelho”, que é identificado como o próprio diabo em Ap.12:7,9, que se faz ali acompanhado dos “seus anjos”.
– A Declaração de Fé das Assembleias de Deus é bem clara com relação à doutrina dos anjos, “in verbis”:
“CREMOS, professamos e ensinamos que os anjos são uma ordem sobrenatural de seres celestiais criados por Deus antes da fundação do mundo.
2 Que eles são seres espirituais:
“Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.14).
O termo “anjo” significa “mensageiro”; nas línguas originais, hebraico e grego, era usado para designar seres celestiais, seres terrestres, como os humanos.
3 e também para designar os anjos maus.
4 Os anjos são organizados em milícias espirituais que povoam os céus: “E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo” (Lc 2.13).
Eles não são meras figuras de retórica, nem emanações cósmicas, mas são reais e habitam os céus. Jesus disse: “os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18.10).
De todas as criaturas, os anjos e os homens possuem uma natureza racional e espiritual que os torna superiores às demais criaturas irracionais.” (cap.VIII, p.85).
II – OS ANJOS BONS: SUAS CARACTERÍSTICAS E SEU OFÍCIO
– Tendo em vista que os anjos, desde o instante em que usaram o seu livre-arbítrio, se dividiram em dois grupos, devemos, pois, estudá-los separadamente, porquanto suas características morais são distintas, bem como as suas relações com Deus e os homens. Iniciemos o estudo, assim, com os chamados “anjos bons”, simplesmente chamados de “anjos”.
– Os anjos que se mantiveram fiéis ao Senhor são santos, pois estão separados do pecado, uma vez que escolheram o bem na única oportunidade que podiam usar o seu livre-arbítrio.
Por isso, não podem mais pecar e estão eternamente separados do mal. É, por isso, aliás, que os salvos que perseverarem até o fim e forem glorificados no dia do arrebatamento da Igreja serão como os anjos, pois desfrutarão desta mesma condição dos anjos fiéis, ou seja, a de estarem livres do mal para sempre, separados eternamente do pecado e em comunhão igualmente eterna com Deus (Lc.20:36).
– Os anjos, além de serem santos, uma vez que optaram por servir a Deus, opção permanente e imutável, visto que feita na dimensão celestial, também são inteiramente sujeitos ao Senhor, incapazes de Lhe desobedecer.
Por isso, sujeitaram-se a Cristo, quando o Pai assim o determinou, depois que Jesus venceu o pecado e o mundo na cruz do Calvário (Ef.1:22,23; I Pe.3:22).
Eis a razão pela qual os anjos se identificam como servos do Senhor, assim como os seres humanos fiéis ao Senhor (Ap.22:9), como também o título de “espíritos ministradores” que lhes dá a Bíblia (Hb.1:14).
– Em estando em comunhão com o Senhor, sendo Seus servos, os anjos possuem sabedoria (pois o temor do Senhor é a sabedoria), como se lê em II Sm.14:20, sabedoria, aliás, demonstrada em relatos bíblicos (Jd.9).
Aliás, antes de pecar, esta era uma das principais características do “querubim ungido” (Ez.28:12).
– Por serem submissos a Deus, os anjos fiéis não agem por conta própria, são sempre “enviados” (Lc.1:19; Hb.1:14). Em virtude disto, os anjos jamais desrespeitam a Palavra de Deus (I Rs.13:18,26; Sl.103:20; Gl.1:8), como também não se ocupam de assuntos doutrinários (Ef.3:9,10; I Pe.1:12; Mt.24:36).
– Ora, se os anjos são submissos a Deus e não se ocupam de assuntos doutrinários, tem-se que não podem ser mediadores entre Deus e os homens e reside aqui uma grande lição que a Bíblia nos dá a respeito dos anjos e que, desde cedo, ainda no meio do povo de Israel, causou grande confusão a respeito do verdadeiro e autêntico papel dos anjos, confusão que até hoje perdura.
– Com efeito, os anjos logo foram assimilados, principalmente quando os judeus ficaram setenta anos cativos na Babilônia, a personagens religiosas dos gentios, chamadas de “demônios”, “gênios”, “espíritos protetores”, “semideuses”, que, dentro das religiões dos povos idólatras, faziam a “mediação” entre os deuses e os seres humanos.
Por serem os anjos superiores aos homens (como, aliás, confirmou, mais tarde, o próprio Senhor, em Mt.11:11), mas inferiores a Deus, logo foram postos como sendo “intermediários” entre
Deus e os homens, a exemplo daquelas figuras mitológicas dos demais povos, fazendo com que muitos começassem a achar que os anjos pudessem “mediar” o relacionamento entre Deus e os homens.
– Este pensamento, porém, não tem respaldo bíblico, pois as Escrituras jamais deram aos anjos um papel de
“mediador” entre Deus e os homens, papel este que é exclusivamente de Jesus Cristo (I Tm.2:5). Esta circunstância é tão marcante no texto bíblico que, por exemplo, no caso de Cornélio, um anjo é mandado para falar àquele centurião romano, mas o anjo tão somente manda que Cornélio traga Pedro, pois é a Pedro, integrante da igreja, que cumpria trazer o anúncio do único mediador entre Deus e os homens (At.10:5,6).
Vemos que Jesus, enquanto homem, também não poderia se dirigir diretamente aos anjos, mesmo para por eles ser auxiliado, sendo necessário que rogasse ao Pai para que anjos fossem enviados em Seu auxílio (Mt.26:53).
OBS: A influência babilônica sobre os judeus com respeito à doutrina dos anjos é explicitamente reconhecida pelos próprios judeus, como se vê neste texto:
“…O Talmud afirma categoricamente: ‘Os nomes dos anjos chegaram a Israel pela Babilônia’. Durante os últimos e tumultuados séculos que antecederam a destruição do Templo, quando o pensamento religioso foi tomado por um delírio de expectativa messiânica e de visões apocalípticas, o número e variedade de anjos se multiplicaram de maneira fantástica.
Dessa época em diante, passaram a ser cuidadosamente arregimentados em categorias segundo sua importância e função.…” (AUSUBEL, Nathan. Anjos. In: A JUDAICA, v.5, p.32-3).
– Esta mesma “mistura” de pensamento gentílico e pagão, totalmente divorciado do texto bíblico, infelizmente, também se manteve na Igreja, como, aliás, atestam os ensinos dos apóstolos contra o gnosticismo, em especial na carta que Paulo escreveu aos colossenses,
onde se encontravam falsos mestres gnósticos que procuravam assimilar os seus “aeons”, supostos “espíritos intermediários e evoluídos” aos anjos constantes da Bíblia Sagrada, introduzindo um “culto aos anjos” (Cl.2:18), o que, lamentavelmente, volta a ocorrer na atualidade, inclusive entre pessoas que até pouco tempo atrás estavam entre nós (para não dizer aqueles que, apesar do “culto aos anjos”, continuam a dizer que pertencem à nossa denominação).
– Com a “paganização” desenfreada que se seguiu ao término da perseguição romana aos cristãos, a partir do reinado do imperador Constantino, este “culto aos anjos” acabou por se introduzir de vez em muitos segmentos ditos “cristãos”,
o que resultou na posição de “mediadores” que os anjos ocuparam no romanismo e nas igrejas ortodoxas, sem se falar na figura dos “anjos da guarda”, outra crença babilônica e pagã que veio encontrar guarida, primeiramente entre os judeus e, depois, também entre os “que cristãos se dizem ser”.
– A propósito, sobre o “anjo da guarda”, importante reproduzir o claríssimo texto a respeito da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, que bem elucida esta questão: “A ideia de que todas as pessoas possuem um anjo da guarda designado para acompanha-las durante toda a sua vida não tem sustentação bíblica.
Tal pensamento vem da tradição judaica antiga; e não é somente isso. Segundo essa tradição, o suposto anjo da guarda assume a semelhança da pessoa que a acompanha. Note que a menina Rode conheceu “a voz de Pedro” (At.12:14); os discípulos, no entanto, interpretaram como o “seu anjo” (At.12:15).
Outra passagem bíblica que parece fundamentar a ideia de anjo da guarda é: ‘Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque Eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre veem a face de Meu Pai que está nos céus’ (Mt.18:10).
Aqui, porém, temos a informação de que os anjos estão na presença de Deus, adorando e louvando ao Pai, e não que cuidam individualmente das pessoas neste mundo.” (cap.VIII, p.88).
– A equivocada ideia levantada pela “teologia da batalha espiritual” de que haveria “espíritos territoriais”, que procura se basear em Dn.10:13, onde se fala de um ser espiritual que seria “o príncipe do reino da Pérsia”; em Dn.10:20, que fala de um “príncipe da Grécia” e, por fim, que trata Miguel como “o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo” em Dn.12:1, está embebida destes conceitos babilônico-persas e que foram, posteriormente, acolhidos pelo gnosticismo, da existência de “mediadores”, de “instâncias espirituais intermediárias” entre Deus e os homens. Nada mais falso:
os anjos existem, são seres espirituais, superiores aos homens, habitam uma dimensão celestial, mas não há qualquer mediação da parte deles com nosso relacionamento com Deus, como também não há uma necessária correlação entre o mundo físico e o mundo espiritual em termos de poderes e de ações.
– A missão dos anjos é a de serem “espíritos ministradores a favor da Igreja” (Hb.1:14), ou seja, eles servem a Deus e, entre as suas funções, está a de favorecer os homens fiéis ao Senhor, de serem instrumentos divinos para o bem-estar dos que creem em Jesus Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador.
Assim, não se pode pedir a anjo algum que interceda junto a Deus em favor de alguém, mas, sim, se deve pedir a Deus que nos favoreça e o Senhor, entre outros instrumentos, pode nos favorecer através de anjos, mas o anjo será acionado única e exclusivamente por Deus e se o Senhor assim o quiser.
– Este é o quadro que vemos nas Escrituras. Deus, ao longo da história, usou anjos para beneficiar o Seu povo, mas nem sempre agiu assim. Deus não precisa dos anjos para favorecer e ajudar o Seu povo, mas tem os anjos como um dos instrumentos que estão à Sua disposição.
Assim, por exemplo, na vida de Israel, para derrotar Senaqueribe e seu exército, utilizou-se de um anjo que, em uma só noite, matou cento e oitenta e cinco mil soldados (II Rs.19:35), mas, numa outra ocasião, para dar vitória a Israel, fez com que os próprios inimigos se matassem uns aos outros (Jz.7:22).
Deus é soberano e opera quando e como quer. Os anjos, portanto, são meros instrumentos nas mãos de Deus, nunca mediadores entre Deus e os homens.
– Constitui-se, portanto, num grave erro doutrinário a oração que se faz a Deus para que ponha anjos aqui e acolá, para que escale este ou aquele anjo para guardar esta ou aquela pessoa.
Conhecimento temos de pessoas que pedem a Deus que se ponham um determinado número de anjos em cada reunião de adoração e já ouvimos até pessoas determinando que Deus escale “o arcanjo Miguel” para guerrear por ele em determinado problema ou dificuldade.
Tais orações não têm qualquer respaldo bíblico, sendo, antes de tudo, um atrevimento da parte de quem assim ora. Somos servos de Deus e devemos a Ele pedir que opere em nosso favor, mas a forma desta operação é assunto que cabe ao único Senhor, que é Deus e não cada um de nós.
Além do mais, como veremos infra, os anjos estão organizados em classes e em hierarquia, com distribuição de funções, não podendo nós, simples mortais, querer mudar aquilo que foi estabelecido no céu pelo Senhor.
Ocupemos o nosso lugar na ordem divina e não cometamos o mesmo erro do “querubim ungido” e dos anjos que o seguiram, que “deixaram a sua habitação”, que tentaram sair do seu lugar e, por causa disso, estarão para todo o sempre no lago de fogo e enxofre, preparado para eles mesmos (Mt.25:41).
– Outro gravíssimo erro doutrinário, cada vez mais encontradiço entre os que “cristãos se dizem ser” é o de formular petições aos anjos, em especial aos “anjos da guarda”, que seriam anjos destacados especialmente para guardar a cada um.
A Bíblia é claríssima ao nos ensinar que devemos orar a Deus, em nome de Jesus Cristo, como o Senhor deixou bem claro ao nos dar o modelo de oração que é o Pai nosso (Mt.6:9-13).
Todas as orações de Jesus registradas nas Escrituras são dirigidas ao Pai (Mc.15:34; Lc.10:21; 23:34; Jo.17) e, mesmo quando disse que poderia pedir legiões de anjos para livrá-l’O, disse que o poderia fazer dirigindo-Se ao Pai (Mt.26:53). Portanto, sem qualquer fundamento a ideia de que podemos fazer petições ou orações aos anjos, mesmo aos “anjos da guarda”.
– Ainda sobre a questão da mediação dos anjos, cumpre-nos, também, repelir os falsos ensinos da atualidade de que os anjos seriam coparticipantes da obra de Deus nestes últimos dias e que, portanto, estariam presentes em nossas reuniões de oração e fazendo um trabalho conjunto na pregação dos últimos dias, ditos do “grande e último avivamento do tempo do fim”.
– Trata-se de mais uma balela que não tem qualquer respaldo bíblico. Como os anjos são espíritos ministradores para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação, é natural que haja anjos nas reuniões coletivas de adoração dos servos do Senhor, pois, se Deus está presente quando estiverem reunidos dois ou três em Seu nome (Mt.18:20), certamente que também ali estarão os Seus exércitos (Sl.103:21), ou seja, os Seus anjos (Sl.148:2), pois Ele é o Senhor dos exércitos (I Sm.1:3; II Sm.6:18; Sl.24:10)
No entanto, e isto é que é relevante, se Deus está presente, é Ele quem deve ser adorado, É Ele quem deve ser buscado, é Ele quem deve ser glorificado. Os anjos estarão ali apenas para servi-l’O e, se Ele o quiser, servir a favor de algum salvo que ali estiver.
– Portanto, não tem cabimento pôr-se uma cadeira para anjos, entregar a direção do culto a anjos, nem levar toda a multidão a procurar ver anjos, como se eles fossem o foco e o objetivo de um culto.
O culto se faz a Deus e o nosso objetivo será o de, sob a direção do Espírito Santo, cultuarmos e adorarmos única e exclusivamente a Deus, vendo a Sua glória. Quem dirige o culto não é anjo algum, mas o Espírito Santo que, para tanto, se servirá daquele ministro, um ser humano, que Deus constituiu na Sua igreja para este mister.
OBS: A propósito, uma vez mais nos lembramos do episódio ocorrido com Cornélio. Se era para se dar direção de culto a anjos, por que Cornélio teve de chamar Pedro para que este lhe pregasse o evangelho?
Por que Cornélio e os de sua casa só foram batizados com o Espírito Santo depois que o homem de Deus, guiado pelo Espírito, ali chegou e pregou o evangelho?
Alguém procurou saber onde estava o anjo ou se o anjo ainda estava na casa de Cornélio? Bem se vê que não há qualquer fundamento nestas “invencionices” que, infelizmente, estão levando muitos a se desviar da fé, pois o culto aos anjos nada mais é que idolatria e os idólatras não herdarão o reino de Deus. Fujamos disto enquanto é tempo!
– Além de servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação, a Bíblia nos mostra que os anjos também têm como função a de adorar a Deus na beleza da Sua santidade e louvar o Seu santo nome.
Os anjos têm como sua principal função a de louvar ao Senhor (Ne.9:6; Sl.103:21; 148:2; Is.6:3; Lc.2:13,14). O “querubim ungido” possuía uma função proeminente no céu precisamente porque era o encarregado de dirigir o louvor ao Senhor (Ez.28:13).
Quanto mais elevada a categoria angelical, maior é a tarefa de adoração a Deus, como se vê dos serafins e dos querubins, categorias superiores de anjos que estão vinculados à adoração e ao louvor (Is.6:3; Ez.1:24,25).
– Os anjos, pois, são adoradores de Deus e, por isso, jamais aceitam adoração (Ap.22:8,9). Eis o motivo por que as personagens que surgem na Bíblia e que são denominadas de “Anjo do Senhor” e que aceitam adoração não são anjos, mas, sim, “teofanias”, ou seja, manifestações de Jesus antes de Sua encarnação, visto que só Deus aceita adoração e, como os anjos não a aceitam, estas personagens não são anjos, mas, sim, “aparições prévias” do Senhor Jesus antes de Sua humanização.
Não nos esqueçamos que a palavra “anjo” significa “mensageiro” e não houve maior mensageiro de Deus ao homem do que o próprio Deus, na Pessoa do Filho, a própria Palavra (Jo.1:1), a própria mensagem que depois, por inspiração do Espírito Santo, foi reduzida a escrito (Jo.5:39).
– A tarefa da evangelização somente será cometida aos anjos na segunda metade da Grande Tribulação, quando, o Senhor, demonstrando toda a Sua graça e misericórdia, dará uma “última chance” aos homens antes que eles aceitem o sinal da besta e se percam.
Como, a esta altura, todos os servos de Deus escalados para a evangelização nesta época estarão destruídos (Dn.7:25; Ap.13:7,10), não havendo, pois, ser humano que possa pregar o evangelho eterno, o Senhor escalará três anjos para fazê-lo (Ap.14:6).
– Somente nesta ocasião, para demonstrar o Seu grande amor para com o homem, o Senhor permitirá que os anjos proclamem o evangelho, levando uma palavra de convite a temer a Deus e Lhe dar glória (Ap.14:7), de anúncio da queda do sistema controlado pelo Anticristo (Ap.14:8) e da perdição daqueles que adorassem a besta e aceitassem seu sinal (Ap.14:9-11).
III – A ORGANIZAÇÃO ANGELICAL
– Os anjos estão diante da face de Deus. Ora Deus não é um Deus de confusão (I Co.14:33) e, portanto, a ordem é uma de Suas características. Por isso mesmo, um dos aspectos encontradiços no mundo espiritual, que é tão próximo à glória divina, que contempla a própria majestade do Senhor, é a forte hierarquização dos anjos.
– Um dos nomes pelos quais o Senhor é chamado é “Senhor dos exércitos” e esta nomenclatura tem a ver diretamente com o Seu relacionamento com os Seus anjos, pois são eles que são denominados de “exércitos” (Sl.103:21).
– Ao chamar os anjos de “exércitos”, as Escrituras mostram que há uma nítida organização hierárquica, pois o exército é uma instituição que existe em função da hierarquia e disciplina, onde há uma definição clara de posições e de funções, havendo classes distintas com diferentes serviços, tudo muito organizado e sob o absoluto controle do Senhor.
– A primeira classe angelical mencionada é a do “arcanjo”, ou seja, do “anjo chefe”. Apenas um anjo é assim denominado nas Escrituras.
Trata-se de Miguel (Jd.9). É ele quem comanda as hostes celestiais na batalha que expulsará o diabo e seus anjos das “regiões celestiais” hoje por eles habitadas, precipitando-os sobre a Terra (Ap.12:7), bem como aquele que foi incumbido de permitir que a mensagem angelical viesse até Daniel (Dn.10:13), ocasião em que é chamado de um dos “primeiros príncipes”.
– As Escrituras também afirmam que, no arrebatamento da Igreja, o Senhor virá com “voz de arcanjo” (I Ts.4:16), a indicar, portanto, que Miguel estará à frente do séquito (muito provavelmente, após a vitória sobre a batalha no céu já mencionada), o que ressalta, uma vez mais, sua proeminência.
– As Escrituras, também, indicam que Miguel é responsável pelos assuntos concernentes ao povo de Israel, a “propriedade peculiar de Deus dentre os povos”, já que é dito que ele é o “grande príncipe que se levanta pelos filhos do povo de Israel” (Dn.12:1), o que explicaria porque teria sido ele designado para combater o “príncipe do reino da Pérsia” que tentava impedir que Daniel tivesse a revelação do futuro de Israel (Dn.10:13), bem como teve atuação no episódio da tentativa de Satanás de descobrir o corpo de Moisés (Jd.9) e terá a atuação de proteger os israelitas durante a Grande Tribulação (Dn.12:1).
– Nenhum outro anjo é chamado de “arcanjo” nas Escrituras, ainda que Miguel seja tido como “um dos primeiros príncipes”. A tradição judaica faz menção de “sete arcanjos’, algo que foi acolhido por alguns segmentos cristãos, como as Igrejas Romana e Ortodoxa, que, inclusive, consideram como arcanjo a Gabriel, o que é antibíblico, já que jamais a Bíblia chama Gabriel de arcanjo.
Também é considerado como “arcanjo”, o suposto anjo Rafael, mencionado no livro apócrifo de Tobias, cuja existência não pode ser admitida, já que não é mencionado em textos inspirados do Espírito Santo, sem falar que tal “anjo” seria um anjo bem heterodoxo, já que, no texto do mencionado livro apócrifo, mente e ensina feitiçaria.…
– A Declaração de Fé das Assembleias de Deus, embora admita que Miguel seja o maioral dos anjos, uma espécie de “primeiro-ministro”, aceita a ideia da existência de outros arcanjos, na medida em que reconhece Miguel como sendo apenas um deles, baseando-se em Dn.10:13 para dizer que há uma ordem de arcanjos.
– A próxima classe de anjos mencionada nas Escrituras é a dos “querubins”.
A figura do querubim já surge no Éden, quando é dito que o Senhor escalou alguns deles para impedir o retorno do homem àquele lugar (Gn.3:24) e, desde então, a figura do querubim ficou associada à presença e glória de Deus e ao impedimento que os homens tinham, por causa do pecado, de ter acesso ao Senhor, tanto que, quando da determinação para a construção do tabernáculo, foi mandado que fossem feitos dois querubins de ouro, que faziam parte da tampa da arca (Ex.25:18-22; 37:7-9), como lembrança de que o homem não tinha acesso ao Senhor, à Sua glória e à Sua presença.
– Os querubins, portanto, são seres celestiais que estão diante da glória do Senhor, que contemplam a Sua face, que estão diante da Sua glória, o que os faz estarem diante do trono de Deus.
– A palavra “querubim” tem significado incerto, mas alguns estudiosos entendem que significaria “intercessores”. Entretanto, razão está com a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, que afirma: “…O termo ‘querubim’, plural de ‘kerub’, na Bíblia Hebraica, vem de um verbo que quer dizer: ‘bendizer, louvar, adorar’. …” (cap.VIII.5, p.88).
Sua associação com a glória divina se reforça quando analisamos as duas visões que teve o profeta Ezequiel, quando viu quatro destes seres, descrevendo-os minuciosamente (Ez.1 e 10). A descrição dada por Ezequiel faz com que se entendam sejam querubins os quatro animais mencionados em Ap.4, que eram também seres que estavam diante do trono divino.
– Satanás, antes de cair, era desta classe, pois é chamado de “querubim ungido”, ou seja, um querubim que teria sido separado dos demais, para um serviço especial, que parece ter sido o da coordenação do louvor nos céus (Ez.28:13,14).
– A descrição destes animais em Ap.4 e o fato de os querubins serem descritos como seres dotados de asas, faz com que muitos entendam que os “serafins” mencionados em Isaías 6 sejam querubins, o que faria com que as duas denominações se referissem ao mesmo tipo de ser.
– Alguns, porém, tendo em vista que o texto de Isaías diz que aqueles seres eram chamados de “serafins”, entendem tratar-se de uma classe distinta, que, embora estejam, também, diante do trono de Deus, têm uma função distinta, que seria a de exaltar incessantemente o nome do Senhor, sendo, igualmente, alados, mas de descrição completamente distinta da dos querubins.
O único texto em que os serafins são mencionados é em Is.6:2-7. “…O termo ‘serafim’ significa ‘flamejantes, ardentes, brilhantes, refulgentes’…” (Declaração de Fé, VIII.5, p.89), significado que reforça o entendimento daqueles que acham que serafins e querubins seriam a mesma classe. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus entende serem uma classe distinta, parecida com os querubins.
– Em Cl.1:16, o apóstolo Paulo, ao mencionar a criação, denomina os seres celestiais de “tronos”, “dominações”, “principados” e “potestades”, elencando, assim, outras classes de anjos, que são apenas mencionados, não havendo qualquer informação mais aprofundada das Escrituras.
– Sem qualquer respaldo bíblico, os adeptos da “teologia da batalha espiritual”, procuram ver nesta nomenclatura base para a sua doutrina dos “espíritos territoriais”, ou seja, tais anjos chamados de “tronos”, “dominações”, “principados” e “potestades” seriam seres que “reinariam” em certas regiões geográficas, havendo uma hierarquia entre cada uma destas classes, seja em ordem crescente, seja em ordem decrescente, dependendo do autor.
– Não resta dúvida de que, como estamos a ver, há, sim, uma hierarquia muito bem estabelecida entre os anjos, de modo que a denominação de “tronos”, “dominações”, “principados” e “potestades”, efetivamente denota que há anjos que comandam grupos maiores ou menores, mais ou menos como se determinou se estabelecesse em Israel segundo o conselho de Jetro, em que se teriam maiorais de mil, de cem, de cinquenta e de dez (Ex.18:25), algo como os oficiais e os graduados das forças armadas.
– No entanto, a partir desta constatação, perfeitamente bíblica, querer-se criar uma doutrina de “espíritos territoriais”, como se o destino de aldeias, vilas, cidades, regiões e países estivessem nas mãos de seres celestiais designados para tanto, é admitir uma indevida intermediação destes seres e negar o fato de que, embora haja um mundo espiritual, onde há um conflito entre seres fiéis a Deus e seres desobedientes a Deus, e onde se tenha uma oposição dos seres desobedientes ao Senhor a cada salvo,
haja uma necessária atuação “territorial” para que o salvo possa ter o desenvolvimento de sua comunhão com Deus que, por se firmar em Cristo, independe de qualquer outra intermediação ou da retirada de qualquer obstáculo, pois, quando Jesus morreu, o véu do templo se rasgou, a mostrar que não havia mais qualquer impedimento para que se construísse uma amizade entre Deus e o homem, apesar da atuação das hostes espirituais da maldade.
– Interessante aqui falar sobre o “Anjo do Senhor”, personagem que aparece algumas vezes no texto sagrado. Muito se discute sobre este “anjo”.
Seria ele um anjo ou, na verdade, seria uma manifestação de Cristo antes de Sua encarnação, o que se costuma denominar de “teofania”? Em meio a este debate, deve-se, sempre, verificar o texto e o contexto em que é mencionada esta personagem.
– Vezes há em que parece mesmo se estar diante de uma manifestação pré-encarnada do Senhor Jesus, como, por exemplo, no episódio do anúncio do nascimento de Sansão, pois o “anjo do Senhor” ali se identifica como “maravilhoso” (Jz.13:17,18) e Manoá e sua mulher não são repreendidos por se prostrarem ao ver que o anjo subiu na chama do altar (Jz.13:20), sendo certo que Maravilhoso é um dos nomes de Cristo (Is.9:6).
– Situações, porém, existem nas Escrituras em que a expressão “anjo do Senhor” parece indicar que se trata de um anjo fiel a Deus, de um anjo enviado por Deus, proveniente de Deus, como é o caso do anjo que dá alimento a Elias (I Rs.19:7).
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/3361-licao-2-a-natureza-dos-anjos-a-beleza-do-mundo-espiritual-i