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LIÇÃO Nº 4 – O ALTAR DO HOLOCAUSTO   

O altar de sacrifícios tipifica a morte vicária de Cristo. 

INTRODUÇÃO 

– Na continuidade do estudo do tabernáculo, analisaremos o altar de sacrifícios.

 – O altar de sacrifícios tipifica a morte vicária de Cristo.

 I – O ALTAR DE SACRIFÍCIOS

 

 

 

 

 

 

Fonte: https://marcoscaetanoblog.wordpress.com/2016/07/07/o-tabernaculo-e-seus-objetos/ Acesso em 06 fev. 2019. 

– Na continuidade do estudo do tabernáculo, analisaremos o altar de sacrifícios, que é uma das duas peças que se encontram no pátio, ao lado da pia de cobre, que será estudada na próxima lição. 

– O altar de sacrifícios é a primeira peça do tabernáculo que é vista por quem entra em seu interior.

 “…Observe que o altar do holocausto é a peça que está logo à porta do átrio. Estava ali como sendo a oportunidade primeira para quem quisesse adentrar às profundezas de Deus, teria que primeiro aceitar o sacrifício.…” (MACHADO, Célio. Tabernáculo e sua tipologia. Disponível em: https://www.estudosgospel.com.br/estudo-biblico-evangelico-diversos/tabernaculo-e-sua-tipologia.html Acesso em 06 fev. 2019). 

– Ao se entrar no tabernáculo, encontrava-se este altar, que era de madeira de cetim, tendo cinco côvados de comprimento e cinco côvados de largura, ou seja, era um altar quadrado, tendo três côvados de altura (Ex.27:1), medidas que correspondem segundo a Nova Almeida Atualizada (NAA) a 2,10 metros de comprimento e largura e 1,30 m de altura. 

– Embora fosse de madeira, o altar era revestido de cobre (ou bronze), metal que simboliza o juízo de Deus, pois ali eram feitos os sacrifícios, era pago o preço pelos pecados do povo. 

– O fato de logo que se adentrava no pátio se tinha a visão do altar e se tinha de chegar a ele, necessariamente, é a demonstração de que não há como nos aproximarmos de Deus se, antes, não resolvermos a problemática do pecado.

Não é por outro motivo que a mensagem do Evangelho é sempre um chamamento ao arrependimento (Mc.1:15; Lc.24:47; At.2:38; 3:19; 10:42,43; 13:38-41).

– Quando alguém ouve a mensagem do Evangelho, precisa reconhecer-se pecador e pedir perdão dos seus pecados, crendo que Jesus morreu em seu lugar, derramou o Seu sangue e, por isso, temos agora possibilidade de ter pleno acesso a Deus e de iniciar uma nova vida, libertos do poder e da natureza do pecado. 

– Por isso, não tem qualquer fundamento o que se tem visto nos últimos tempos com muito maior intensidade, qual seja, a pregação de um Evangelho que não fala em pecado, que não aborda esta problemática, que se esquiva de afirmar em alto e bom som que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm.3:23), necessitando, assim, de um Salvador. 

– O apóstolo Paulo diz que pregava a “palavra da cruz” (I Co.1:18), que o tema da sua pregação era “Cristo crucificado”, que ele sabia que era escândalo para os judeus e loucura para os gregos (I Co.1:23). No entanto, não há verdadeira pregação do Evangelho se não for enfrentada a questão do pecado, pois para isto veio o Senhor Jesus, para tirar o pecado do mundo (Jo.1:29). 

– Retirar a temática do pecado e não mostrar a necessidade que as pessoas têm de confessar ao Senhor Jesus com a boca e, no coração, que Deus O ressuscitou dos mortos (Rm.10:9), o que implica reconhecer que se é pecador e que Jesus morreu por nós, é simplesmente deixar de pregar o Evangelho, deixar de anunciar a salvação.

– Lembremos de que quando o rei Acaz mandou tirar o altar de sacrifícios do átrio do templo de Salomão, em pouco tempo depois, o próprio templo foi fechado, pois perdeu ele toda a sua utilidade, todo o seu objetivo, que era o de aproximar o homem de Deus e isto não se pode fazer sem que, antes, haja o perdão dos pecados (II Rs.16:14; II Cr.29:24).

Igualmente inútil é a pregação que retira a questão do pecado e da morte vicária de Cristo de seu conteúdo. 

– O altar de sacrifícios era relativamente grande e, segundo Luiz Mattos, “…a finalidade desse tamanho tão grande era caber os animais de grande porte como o boi e o motivo do revestimento de cobre era a resistência ao fogo, no sentido de proteger a madeira.…” (A tipologia bíblica do tabernáculo, p.31. Disponível em: https://luizdemattos.files.wordpress.com/2010/05/tipologia-biblica.pdf Acesso em 06 fev. 2019).

– O tamanho do altar de sacrifícios possibilitava que todo e qualquer sacrifício fosse realizado e é sabido que, conforme a posição da pessoa, seja econômica, seja social, os sacrifícios eram diferenciados.

Havia, portanto, da parte de Deus a disposição de perdoar todo e qualquer pecado, seja de quem quer que fosse e o altar já era posto logo na entrada do pátio para demonstrar essa acessibilidade, esta prontidão divina, pois, como diz o profeta Isaías,

devemos buscar ao Senhor enquanto se pode achar, invocá-l’O enquanto está perto, deixando o ímpio o seu caminho e o homem maligno os seus pensamentos, convertendo-se ao Senhor, que Se compadecerá dele, pois o Senhor é grandioso em perdoar (Is.55:6-7). 

– O tamanho do altar de sacrifícios revela a grandiosidade do amor de Deus, este amor “de tal maneira” que enviou o Seu Filho Jesus Cristo para morrer em nosso lugar (Jo.3:16). Não é à toa que se trata da maior peça do tabernáculo.

 

– Mas, ao mesmo tempo em que o altar de sacrifícios nos fala do amor de Deus pelo seu tamanho, também nos fala da justiça divina, por ser revestido de cobre (ou bronze). Daí também porque é chamado de “altar de cobre” ou “altar de bronze”. 

– Este duplo revestimento revela, uma vez mais, a dupla natureza de Cristo. A madeira, de que é feito o altar, revela a humanidade do Senhor Jesus, enquanto que o cobre (ou bronze) do revestimento revela o juízo divino, pois, como já dito na citação de Luiz Mattos, o bronze se fazia necessário para a resistência ao fogo, pois neste altar eram efetuados sacrifícios e o fogo deveria arder ininterruptamente (Lv.6:13).

– Neste altar eram efetuados os sacrifícios, ou seja, animais eram mortos, o seu sangue era derramado para a cobertura dos pecados, para a expiação das transgressões cometidas pelos israelitas em relação aos mandamentos divinos, à lei do Senhor. 

– Em virtude dos pecados cometidos, era necessário derramamento de sangue de um ser que assumia o lugar do pecador, solenemente se admitia que a consequência do pecado era a morte e que somente com o derramamento do sangue, que representa a vida,

se poderia aplacar a ira de Deus até que a questão do pecado viesse a ser resolvida pela “semente da mulher” prometida no Éden (Gn.3:15), pelo “profeta” que Deus prometeu dar a Israel para restabelecer a plena e perfeita comunhão entre Deus e os homens (Dt.18:1519). 

– No altar de sacrifícios, portanto, também se demonstrava a justiça divina, a necessidade do pagamento de um preço pelos pecados para que não ficasse impune a transgressão à lei de Deus.

Este pecado, entretanto, como bem diz Davi, era apenas coberto, ainda que tal cobertura já propiciasse uma bem-aventurança, o perdão (Sl.32:1,2). 

– Esta ideia da substituição fica bem evidenciada quando o cerimonial exigia que, antes de o animal ser imolado pelo sacerdote, deveria o pecador que o levava para o sacrifício impor suas mãos na cabeça do animal, como que transferindo a ele a sua culpa (Lv.1:4; 3:2,8,13; 4:4,24,29,33). 

– O pecador levava o animal até o sacerdote e impunha as mãos sobre ele, entregando-o, então, ao sacerdote, que, então, imolava o animal, seguindo todo um ritual, derramando o sangue no altar, sangue que era completamente queimado, assim como a gordura, para, só então, assar a carne do animal no altar,

que tinha como que uma grelha, um crivo de cobre em forma de rede, que teria quatro argolas de metal nos seus quatro cantos (Ex.27:4) e cuja rede chegaria até a metade da altura do altar (Ex.27:5), carne que era inteiramente consumida, quando se tratava de um “holocausto”, ou seja, um sacrifício em que a oferta era totalmente queimada. 

– Também eram queimados neste altar os sacrifícios que não eram sacrifícios pelo pecado e os sacrifícios que não eram de animais, pois também poderiam ser ofertados vegetais, conforme toda uma ritualística instituída por Deus e que tem seu registro, na sua maior parte, no livro de Levítico.

– O fato é que tudo que era levado ao altar de sacrifícios era queimado e, por isso, ali ardia continuadamente o fogo, como já se disse, fogo que era abastecido por lenha, que, diariamente, era ali colocada, bem como mantido pela remoção das cinzas, o que, também, era feito diariamente (Lv.6:8-12). 

– O que ia para o altar de sacrifícios se convertia em fumaça, diante da queima, e em cinza, que era diariamente removida e lançada num lugar fora do arraial, nunca mais retornando para o convívio dos israelitas e muito menos para o tabernáculo. 

– A fumaça subia e se dissipava, numa bela simbologia de que, quando somos perdoados por Cristo, temos a vivificação do nosso espírito (e a palavra “espírito” significa “sopro”), que estava morto, pois estava separado de Deus e, como sua função é precisamente fazer a ligação com Deus, estava como que “desativado”, sem qualquer serventia. 

– Entretanto, o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário devolve-nos a vida. Quando morremos para o pecado e para o mundo (Rm.6:2), passamos a ter novidade de vida (Rm.6:4) e, nesta nova vida, passamos a ter comunhão com Deus, nosso espírito se une ao Espírito Santo (Rm.8:1,9-17). Tornamo-nos um com o Senhor e a invisibilidade da fumaça que se dissipa no sacrifício tipifica tal comunhão, tal união, em virtude do perdão dos pecados e da justificação.

– Entretanto, na queima, ficava a cinza, que era removida e levada para um lugar limpo fora do arraial.

A cinza simboliza o pecado perdoado, que é esquecido pelo Senhor, que não mais se lembra de nossas iniquidades (Jr.31:34; Hb.8:12; 10:17), lançando os pecados no “mar do esquecimento” (Mq.7:19).

Havia caldeirinhas para recolher a cinza, bem como pás (Ex.27:3), evitando-se, assim, contato físico com as cinzas, que eram consideradas imundas, já que representavam o pecado. 

– Deus perdoa e esquece e disto podemos ter convicção e a simbologia do tabernáculo serve como mais um argumento para que retenhamos esta verdade bíblica, inclusive quando o nosso acusador vier a “desenterrar” transgressões passadas e já devidamente perdoadas pelo Senhor.  

– Mesmo no Antigo Testamento, onde havia tão somente a cobertura do pecado por sacrifícios imperfeitos, os homens de Deus não cessavam de declarar a misericórdia e o amor de Deus em perdoar os nossos pecados quando os confessamos e pedimos perdão por eles, o que, na lei, se dava mediante a oferta dos sacrifícios no altar de cobre (Sl.103:3,10; 130:3,8).

Havia nas Escrituras uma nítida confiança na misericórdia divina (Sl.51:9; 65:3; 79:8; Jr.33:7,8). Como, pois, em plena dispensação da graça, podemos esmorecer nossa confiança na misericórdia e no perdão divinos? Não caiamos em mais esta cilada do inimigo!

– No dia da expiação, este esquecimento dos pecados era representado pelo bode emissário, que era mandado para o deserto carregando os pecados do povo (Lv.16:10,21,22).

Tal bode, aliás, ao contrário que dizem alguns, representa o Senhor Jesus, tanto quanto o bode expiatório, ou seja, aquele que era sacrificado pelos pecados do povo, pois Cristo levou sobre Si os pecados de toda a humanidade, fazendo-Se pecado por nós (Is.53:4,11,12; II Co.5:21). 

– A altura do altar de sacrifícios, portanto, é explicada pelo fato da necessidade de espaço para o acúmulo das cinzas dos sacrifícios que eram feitos durante todo o dia, a começar do sacrifício contínuo da manhã até o sacrifício contínuo da tarde, o primeiro às nove horas da manhã e o segundo, às três horas da tarde (Nm.28:1-8),

tudo prefigurando o sacrifício de Cristo, que, crucificado às nove horas da manhã, morreu às três horas da tarde (Mc.15:25; Lc.23:44-46), sem falar nas festividades, quando havia uma série de sacrifícios especiais, lembrando que estes sacrifícios eram rituais, pois, ao lado destes, havia os mais variados sacrifícios dos israelitas. 

–  Tratava-se de um altar e, portanto, ele tinha de estar num lugar mais alto e o acesso ao altar não poderia ser feito por meio de escadas, pois o Senhor proibira isto a fim de impedir que se visse a nudez dos sacerdotes (Ex.20:26), motivo por que se entende que o acesso ao altar se fazia por meio de uma rampas.

Que o altar ficava em um lugar alto, disto temos a confirmação em Lv.9:22, quando é dito que Arão desceu depois de oferecer o sacrifício.

Entendem alguns que havia apenas uma rampa principal, situada no lado sul, já que o animal tinha de ser levado ao lado do altar, do lado norte, para ser degolado (Lv.1:11). A tradição judaica diz que esta rampa tinha uma altura de 8,83 côvados e estava inclinado mais de 32 côvados. 

– A rampa além de dar a ideia de recato, que é explícita em Ex.20:26 e que nos mostra que devemos comparecer diante de Deus com toda reverência e respeito, algo que tem sido esquecido por muitos na atualidade e que é relembrado pelo pregador em Ec.5:1, também, segundo muitos rabinos judeus, revela que a vida espiritual não tem “paradas”, mas, sim, ou é uma subida, ou é uma descida.

Não existem posições ou situações neutras em nosso relacionamento com o Senhor: ou crescemos, ou decrescemos espiritualmente.

OBS: “…A outra razão pela qual não havia escadas no Altar era para nos ensinar que, assim como numa rampa, não há degraus para parar (ou você está subindo ou está descendo), da mesma forma na vida também não há escadas; A ideia de fazer uma parada não é real, já que o relógio continua funcionando … o tempo não para.…” (BLOG Emunah de Asturias. La rampa del Templo. Disponível em: http://sefaradasturias.org/wp/la-rampa-del-templo/ Acesso em 06 fev. 2019) (tradução nossa de texto em espanhol). 

– O altar possuía quatro pontas, em forma de chifre, em cada uma de suas quatro extremidades, chifres estes que faziam parte do altar, não eram peças sobrepostas à moldura, mas faziam parte da moldura do altar (Ex.27:2).

– A forma de chifre das pontas permitia que se amarrassem os animais que iam ser sacrificados, mas, também, simbolizam poder, pois o chifre, a ponta é símbolo de poder.

Tem-se, assim, a figura do poder perdoador do Senhor, da Sua soberania, do Seu senhorio. Tanto é assim que era costume segurar nas pontas do altar para se pedir misericórdia ou clemência (I Rs.1:50,51; 2:28). 

– Quando da consagração dos sacerdotes, o altar foi expiado quando se pôs sangue nas pontas do altar (Lv.8:15), o mesmo ocorrendo quando os sacerdotes foram consagrados (Lv.9:9), o que se repetia, no dia da expiação, quando se fazia o sacrifício pelos pecados do povo (Lv.16:18).

Vê-se, pois, que as pontas do altar simbolizavam este poder perdoador do Senhor e que se estende pelos quatro cantos da terra, dizendo, portanto, da universalidade da salvação, pois Cristo é a propiciação pelos pecados de toda a humanidade (I Jo.2:2). 

– Tudo o que era levado ao altar dos sacrifícios era objeto de transformação. Tudo ali era assado ou consumido, nada ficava como antes, o fogo do altar não permitia, de modo algum, que tudo permanecesse como antes. 

– Quando cremos em Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, quando reconhecemos ser pecadores e aceitamos a Sua morte vicária, ocorre uma mudança de mentalidade em nós.

Nós nos arrependemos de nossos pecados e, portanto, passamos a ser novas criaturas (II Co.5:17; Gl.6:15), somos transformados e, deste modo, não podemos mais ser quem éramos antes deste encontro com Cristo no Calvário. 

– Eis o motivo pelo qual não se pode admitir que pessoas que se digam salvas tenham o mesmo comportamento de antes da suposta conversão.

Conversão significa mudança de direção; arrependimento, mudança de mentalidade (é o significado da palavra grega “metanoia”, que é traduzida por arrependimento em o Novo Testamento).

Pessoas que persistem na prática do pecado ou nos mesmos hábitos de antes não tiveram um real encontro com Cristo, não foram purificadas pelo sangue do Cordeiro. 

– O sangue de Jesus, derramado uma só vez num sacrifício perfeito, tirou o pecado do mundo, permite a propiciação de todo e qualquer pecado.

O sacrifício de Cristo era tipificado no altar dos sacrifícios, tanto que, muito propriamente, é dito que o altar dos sacrifícios aponta para a cruz de Cristo, onde havia tanto a madeira (literalmente, por ser a cruz de madeira e tipologicamente, pelo corpo humano de Jesus entregue por nós ali como oferta), quanto o cobre (ou bronze), já que se fazia o julgamento do pecado da humanidade, o “fogo do juízo divino”. 

– Ora, se nos sacrifícios imperfeitos de animais, já havia a transformação, como podemos admitir que alguém se diga atingido pelo sacrifício perfeito de Cristo e prossiga vivendo em pecado, como outrora? Trata-se nitidamente de uma impossibilidade. Não nos deixemos, pois, enganar com estas “falsas conversões”. 

– Deve-se observar que uma prática inventada pelos filhos de Eli, Hofni e Fineias, que buscou deturpar esta tipologia da transformação foi incluída entre as atitudes que fizeram o Senhor abominar aqueles dois sacerdotes, qual seja,

a de se tirar a parte do sacerdote nos sacrifícios antes que houvesse a assadura no altar (I Sm.2:12-17), o que o texto sagrado considera ser “grande pecado”, precisamente porque fazia “tabula rasa” da tipologia da transformação no altar de sacrifícios, como muitos, hoje em dia, querem viver da mesma maneira, como se a salvação em Cristo nada representasse… 

– É importante observar que o fogo do altar de sacrifícios tinha origem divina. Quando da inauguração do tabernáculo, veio fogo do céu, que consumiu o holocausto e, a partir de então, como o fogo não podia mais se apagar, foi este fogo de origem divina que se manteve aceso durante todo o tempo do tabernáculo (Lv.9:24).

– Este fogo divino tipifica o Espírito Santo que, a um só tempo, não só promove o consumo do mal, na medida em que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8-11), como também o purifica, fazendo-o morada de Deus no Espírito (Ef.2:22), guiando-o (Jo.16:13) e o santificando a cada dia (II Ts.2:13; I Pe.1:2). 

– Assim, a um só tempo, o Espírito Santo vai removendo as cinzas de nossa vida, como vai nos tornando cada vez mais “fumaça”, ou seja, homens espirituais, em plena unidade com a Trindade. 

II – LIÇÕES QUE NOS DÁ O ALTAR DE SACRIFÍCIOS 

– Havia uma ordem estrita de que somente seriam aceitos sacrifícios que fossem realizados no altar de sacrifícios (Dt.12:11-14).

Certo que é se tratou de um dos mandamentos que mais foi desrespeitado pelos israelitas (I Rs.3:2,3; 15:14; 22:43; II Rs.12:3, 14:4; 15:4,35; 16:4; 17:9; 23:5,8,9,13,19,20; II Cr.15:17; 20:33; 21:11; 28:4,25; 31:1; 33:3,17; 34:3), mas havia tal disposição na lei. 

– Diante disso, tem-se aqui uma perfeita figura de que o único sacrifício perfeito que conduz ao perdão dos pecados é o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário. O escritor aos hebreus bem o diz quando afirma que o único sacrifício de Cristo foi suficiente para redimir a humanidade (Hb.9:26; 10:12). 

– Os sacrifícios eram repetidos diariamente, independentemente de que alguém os viesse oferecer por seus próprios pecados, pois o sacrifício contínuo mostrava a pecaminosidade do ser humano e a necessidade que o pecado fosse coberto para aplacar-se a ira divina,

ira esta que era sobremaneira realçada no dia da expiação, quando, inclusive, o sangue do sacrifício era levado até a tampa da arca da aliança, até o propiciatório, na única vez em que o sumo sacerdote era autorizado a ultrapassar o véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo.

– Assim, todo o sangue derramado diariamente no altar dos sacrifícios anunciava a necessidade de um sacrifício melhor, que não só cobrisse as transgressões, mas a retirasse.

O altar dos sacrifícios, portanto, mostra-nos a insuficiência da lei para a salvação, a necessidade de um novo concerto que trouxesse uma perfeita, estável e eterna comunhão com o Senhor. 

– O altar de sacrifícios, situado no pátio, faz-nos referência da primeira grande mudança que deve ocorrer na vida cristã, qual seja, a do encontro com o Cristo crucificado, ao acolhimento da “mensagem da cruz”, a compreensão do significado da morte vicária de Jesus. 

– Não há como iniciarmos uma vida cristã sem que tenhamos a confissão ao Senhor Jesus e não crermos que Deus O ressuscitou dos mortos (Rm.10:9). Temos de ter sido convencidos do pecado, da justiça e do juízo e isto está tipificado no altar de sacrifícios. 

– Se não formos convencidos do pecado, jamais poderemos nos dizer cristãos. Temos de admitir que somos pecadores e que só Jesus Cristo pode salvar o pecador, que somente a Sua morte na cruz do Calvário pode nos trazer a remissão dos pecados. 

– É preocupante vermos hoje sedizentes cristãos que admitem ser pessoas boas, merecedoras das bênçãos de Deus, porque “nunca fizeram mal a ninguém”.

Muitos adotam hoje a ideia de que o “homem é naturalmente bom”, surgida no Iluminismo, como se isto fosse uma verdade patente, quando a Palavra de Deus nos mostra exatamente o contrário, tanto que o Senhor Jesus disse que somos maus (Mt.7:11). 

– A primeira experiência de um cristão é a experiência de que é um pecador e que precisa se arrepender dos seus pecados para não sofrer a condenação eterna.

É o sentimento que Cristão teve ao ter acesso à Palavra de Deus que lhe dada por Evangelista na feliz alegoria do Peregrino de John Bunyan.

 OBS: “…Evangelista – Por que choras?

Cristão – (Assim se chamava ele). – Porque este livro me diz que eu estou condenado à morte, e que depois de morrer, serei julgado (Hebreus 9:27), e eu não quero morrer (Jó 16:21-22), nem estou preparado para comparecer em juízo! (Ezeq. 22:14).

Evangelista – E por que não queres morrer, se a tua vida é cheia de tantos males?

Cristão – Porque temo que este pesado fardo que tenho sobre os ombros, me faça enterrar ainda mais do que o sepulcro, e eu venha a cair em Tofete (Isaías 30:33).

E, se não estou disposto a ir para este tremendo cárcere, muito menos para comparecer em juízo ou para esse suplício. Eis a razão do meu pranto.

Evangelista – Então, por que esperas, agora que chegaste a esse estado?

Cristão – Nem sei para onde me dirigir.

Evangelista – Toma e lê. (E apresentou-lhe um pergaminho no qual estavam escritas estas palavras: “Fugi da ira vindoura”). (Mateus 3:7).

Cristão – (Depois de ter lido). E para onde hei de fugir? Evangelista – (Indicando-lhe um campo muito vasto).

Vês aquela porta estreita? (Mateus 7:13-14).

Cristão – Não vejo.

Evangelista – Não avistas além brilhar uma luz? (Salmo 119:105; II Pedro 1:19).

Cristão – Parece-me avistá-la.

Evangelista – Pois não a percas de vista; vai direito a ela, e encontrarás uma porta; bate, e lá te dirão o que hás de fazer.…” (BUNYAN, John. O peregrino, p.3). 

– O israelita, quando chegava ao altar de sacrifícios, punha a cabeça sobre o animal e como que transferia a sua culpa para ele, reconhecendo-se pecador. Este é um gesto indispensável para que possamos ter comunhão com o Senhor, para que tenhamos vida eterna. 

– O acesso ao altar de sacrifícios era franqueado a todos os israelitas. Todos podiam comparecer ao altar e pedir o perdão de seus pecados. Isto nos fala da universalidade da salvação, que Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. 

– O altar de sacrifícios lembra-nos, também, que o início da vida cristã está na cruz, no arrependimento dos pecados.

Por isso mesmo, a primeira festividade do ano religioso judaico era a Páscoa (Ex.12:1-14), que trata do sacrifício do cordeiro, cujo sangue foi derramado para que o povo de Israel se livrasse da morte e da escravidão. 

– O sacrifício de Cristo livrou-nos do pecado, porque, com o derramamento do Seu sangue, somos lavados e perdoados, podendo ter uma nova vida em Cristo. Morremos com Cristo para que com Ele ressuscitemos e tenhamos novidade de vida (Rm.6:3-11). 

– O altar de sacrifícios lembra-nos que precisamos morrer para que possamos nascer de novo, viver com Deus e viver para Deus após a nossa confissão.

Sem isso, jamais conseguiremos a vida eterna. Já estamos mortos e a nossa vida está escondida com Cristo em Deus (Cl.3:3). 

– O altar de sacrifícios lembra-nos que nosso culto a Deus é também um sacrifício. Não eram apenas feitos sacrifícios pelo pecado naquele altar.

Ali também havia sacrifícios pacíficos e ofertas de paz, ou seja, também se levavam animais e vegetais à presença do Senhor em gratidão e louvor ao Seu nome. 

– O apóstolo Paulo diz que devemos apresentar nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o culto racional (Rm.12:1,2), salientando que tal culto somente se dará se não nos conformarmos com este mundo mas nos transformarmos pela renovação do nosso entendimento, para que, assim, possamos experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. 

– Esta circunstância apontada pelo apóstolo Paulo no limiar da parte prática da epístola aos romanos é bem figurada pelo altar de sacrifícios.

Este culto racional exige, por primeiro, a apresentação do corpo e o israelita tinha de comparecer fisicamente perante o altar para oferecer algo ao Senhor. 

– Por segundo, o sacrifício tinha de ser vivo, ou seja, o israelita tinha de trazer um animal vivo para que fosse degolado ali, já no sacrifício, não podia trazer um animal morto, até porque animais mortos eram impuros (Lv.5:2; 11:35,40; 17:15; 22:8; Nm.5:2; 6:6,11). 

– De igual maneira, jamais poderemos cultuar a Deus com “obras mortas”, ou seja, as obras que foram praticadas antes de nossa salvação, as obras provenientes do pecado (Hb.9:14).

“…Da mesma forma, aquele sangue [Tomás de Aquino falava do sangue misturado com a água da separação] purificava do contato de uma pessoa morta, mas este das obras mortas, isto é, dos pecados, que tiram Deus da alma, cuja vida consiste na união da caridade.

Além disso, a limpeza do primeiro era poder participar de um culto envolto em figuras, mas o sangue de Cristo para render a Deus um dom espiritual (Sl.100).

É por isso que ele diz:

“para que possamos tributar um verdadeiro culto ao Deus vivo”.…” (AQUINO, Tomás de. Cit. Hb.9:11-28, n.33. Sobre Hebreus.  Lição 3 – Hb.9:11-14. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 06 fev. 2019) (tradução nossa de texto em espanhol).

– Por terceiro, o sacrifício tinha de ser santo, ou seja, sem defeito, conforme todas as prescrições da lei, que impedia que animal com qualquer defeito ou vegetal com qualquer impureza pudesse ser trazido para sacrifício (Lv.22:17-25). 

– De igual maneira, somente se estivermos em comunhão com o Senhor, vivermos separados do pecado é que nosso culto será aceito pelo Senhor.

Não nos esqueçamos de que é Deus quem deve prescrever como se deve cultuá-l’O e que, desde os primórdios da história da humanidade, o Senhor rejeita cultos que não sejam acompanhados de santidade, como ocorreu com Caim, que era do maligno (Gn.4:5,7; I Jo.3:12). 

– Por isso mesmo, o apóstolo Paulo diz que não podemos tomar a forma do mundo, não podemos nos conformar com ele, mas nos transformar pela renovação do nosso entendimento. 

– Por quarto, o sacrifício tinha de ser agradável a Deus, ou seja, feito de acordo com a vontade do Senhor e uma das coisas que agrada a Deus é que o sacrifício fosse feito com fé, com confiança em Deus, com reconhecimento da soberania divina.

Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6). Por isso, obedecer é melhor do que sacrificar (I Sm.15:22) e um sacrifício desacompanhado de fé nada significa para o Senhor.  

– De igual maneira, hoje, nós que cremos em Cristo Jesus e, por isso, temos livre acesso a Deus, temos de nos chegar com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé (Hb.10:22). 

– Mas o altar de sacrifícios é tão somente o início da jornada rumo à presença de Deus. O apóstolo afirma que o culto racional é necessário, mas é o primeiro passo para que possamos experimentar a vontade de Deus.

É preciso prosseguir e, depois do altar, temos a pia de cobre (ou bronze), como veremos na próxima lição.  

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://portalebd.org.br/classes/adultos/3915-licao-4-o-altar-do-holocausto-i

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